28 dezembro 2021
Ressaca literária: não importa se o livro é bom ou ruim, ela faz estragos do mesmo jeito
Será que acontece com vocês o mesmo que acontece
comigo? É o seguinte, comprar livros é um dos meus maiores prazeres - mesmo
estando com a minha lista de leituras enorme -, mas o curioso é que “volta e
meia” essa vontade incontrolável e avassaladora (exagerei um pouquinho, né –
rs) some. Verdade! Se evapora como água; mas depois de um certo período, ela
volta ‘rasgando’.
A causa dessa oscilação são os livros que estou lendo
naquele momento. Eles podem ser considerados os termômetros do meu interesse ou
não por novas obras, novas compras.
Explicando melhor. Quando estou lendo um livro cujo
enredo acaba me fisgando fazendo com que eu o leve junto comigo em todos
lugares que for, imediatamente vem a tal vontade de comprar novos livros. E
assim, lá vou eu vasculhar nas livrarias virtuais novos interesses literários.
Agora se a narrativa de uma obra não me agrada e a leitura se torna penosa e
arrastada, o interesse por novas compras desaparece.
Lulu sempre me diz na brincadeira: “Quando você quiser
economizar dinheiro durante alguns meses, dando uma folga para o seu cartão,
basta comprar uma ou duas obras bem rebinhas”. É mole essa Lulu?! (rs)
Há pouco tempo acabei de ler O Único Avião no Céu que traz depoimentos de pessoas que
conseguiram sobreviver ao ataque de 11 de setembro de 2001 às torres gêmeas no
World Trade Center. A obra apresenta ainda testemunhos de familiares das
vítimas que estavam nos aviões e também de parentes e conhecidos dos bombeiros,
policiais e paramédicos que morreram no momento em que as duas torres
desmoronaram depois do impacto das aeronaves.
Não gostei da leitura num todo, como explico nesta
postagem. A narrativa até começa bem, mas depois achei que vai se tornando
cansativa. Como não tenho o hábito de desistir de um livro tão facilmente por
mais enfadonho que seja o seu enredo, fui até o fim com a obra de Garret M.
Graff. Resultado: enquanto durou a leitura – e garanto que durou muitos dias –
o meu interesse por novos livros se evaporou. Depois, quando terminei, fiquei
ainda curtindo uma baita ressaca literária. Tinha medo de que qualquer outro
livro não conseguisse fisgar o meu interesse, e assim, resolvi esperar um
pouco. Perdi até mesmo o interesse em ficar zapeando pela Net a procura de
sugestões por novas histórias.
Pois é, entonce, de repente, surgiu o meu amigo Uhtred
e disse: “Perdeu a confiança em mim?!! Será que os meus 12 livros não te
empolgaram o suficiente para você meter o pé na bun... dessa ressaca FDP?!!!” –
Bem no linguajar do guerreiro pagão, né? Mas deixando as brincadeiras de lado,
foi assim que comecei a ler O Senhor da
Guerra, 13º e até agora, o último volume da saga Crônicas Saxônicas de Bernard Cornwell (ver a resenha de toda a
saga aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui,
aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e finalmente aqui).
Após ter chegado em casa, depois do meu serviço,
fiquei olhando para a minha estante e “namorando” os livros da saga foi quando
decidi ler O Senhor da Guerra. Disse
para mim mesmo: ‘se gostei dos outros 12 volumes, com certeza, não irei me
decepcionar com o último’. Grudei o livro, comecei a leitura e... Cara! Adorei!
E quer saber mais? A vontade de comprar novos livros
chegou ‘babando’!
Por isso, tive a ideia de escrever um post explicando
como sinto ao ler um livro bom ou ruim. Cá entre nós, galera, ressaca literária
é uma merd... quando ela ataca, de fato faz estragos para a alma ou para o
bolso. Para alma, nos deixando abatidos e desanimados ao ponto de desistirmos
do prazer de novas compras de livros; e para o bolso, nos deixando empolgados
ao ponto de estourarmos os nossos cartões de crédito e entupindo as nossas
listas de novas obras. Ainda me lembro quando li Mentirosos: senti um desejo incontrolável de sair por aí comprando um "arsenal" de livros
que pelo menos chegassem perto da narrativa da escritora E. Lockhart.
Fazer o que, né? Vida de devorador de livros tem
dessas coisas.
Abração!
24 dezembro 2021
Cinco livros de gêneros diferentes com narrativas em clima de Natal
Galera, estamos na véspera de Natal e o nosso blog, é
claro, também aproveita a oportunidade para entrar neste clima tão especial
indicando alguns livros com temas natalinos que certamente irão agradar os
nossos leitores.
Optei por uma lista de cinco obras bem eclética com
romance, suspense e policial; enfim, um recheio para agradar todos os gostos. Vamos
lá!
01
– O Natal de Poirot (Agatha Christie)
Este livro de Agatha Christie publicado em 1938 mostra mais um caso do famoso detetive belga Hercule Poirot.
No enredo, o multimilionário Simeon Lee convida os membros de sua família para passar o Natal em sua propriedade. Este convite é visto com desconfiança por vários parentes, porque Simeon nunca deu provas de que se importasse com eles.
Foram
convidados, inclusive, Harry, uma espécie de ovelha negra, e Pilar, uma neta
que ninguém conhecia. Na verdade, o objetivo de Simeon é desenvolver um jogo
sádico com seus familiares.
O encontro do grupo termina com um assassinato, em um
quarto trancado por dentro. Quando Hercule Poirot oferece ajuda para solucionar
o caso, encontra uma atmosfera que não é de luto, mas de suspeitas mútuas.
Afinal de contas, quem é o assassino?
O livro recebeu muitas críticas positivas nas redes sociais o que fez com que algumas editoras resolvem relançar a obra com um novo layout e também novas traduções.
02
– Anjos à Mesa (Debbie Macomber)
Anjos à Mesa é o último de sete livros que compõem a saga Angels Everywhere (Anjos por toda a parte, em tradução livre.) A série acompanha as aventuras de três de anjos: Goodness (bondade), Mercy (misericórdia) e Shirley ("certamente"). Subordinadas do anjo Gabriel, são "embaixadoras da oração" que, todo Natal, realizam milagres na vida de alguém necessitado.
O trio é desajeitado ─ especialmente quando lidam com
tecnologia ─ muitas vezes quebra regras, mas sempre acabam cumprindo com
sucesso sua missão: ensinar lições e mudar vidas.
Neste último volume da saga, os anjinhos vão
interferir na vida do casal Lucie Ferrara e Aren Fairchild. Lucie é uma jovem
decidida que depois de algumas desilusões afirma não ter mais tempo para o amor
e passa a focar em sua carreira como chef de cozinha. Já Aren é um jornalista
recém-chegado a Nova York e assim como Lucie carrega algumas desilusões
amorosas.
Os dois seguem suas vidas com resignação, fazendo as
escolhas que lhe parecem adequadas, até serem confrontados com o talento
incontestável dos seres celestiais para bagunçar os seus destinos.
03
– Feliz Natal, Alex Cross (James Patterson)
Este livro é para os fãs do famoso detetive e
psiquiatra forense, Alex Cross que ganhou vida nas telas em dois filmes com a ‘fera’
Morgan Freeman. Li a obra há algum tempo
- uns três ou quatro anos – mas ainda me lembro das principais partes da
narrativa. Gostei bastante.
A história se passa, é evidente, na época de Natal
quando Cross após deter um ladrão que estava roubando a caixa de doações da
igreja, tinha na cabeça somente ter uma noite feliz com sua família. Mas, para
tristeza de seus filhos, o detetive acaba sendo convocado para solucionar não
apenas um, mas dois casos no feriado.
No primeiro deles, uma família é mantida refém numa
bela mansão. Para tentar solucionar o caso, o detetive atravessa a cidade rumo a uma das regiões mais
nobres de Washington. Lá, ele encontra o causador do problema: Henry Fowler, um
famoso advogado que viu sua vida e sua carreira serem arruinadas e agora ameaça
matar os filhos, a ex-mulher e seu novo marido. Psicótico e viciado em
metanfetamina, Fowler precisa ser detido. Mas a pergunta que não sai da mente
do ‘detetive psicologopsicólogo’ é: o que faria alguém tão bem-sucedido afundar
dessa maneira?
Perto dali, a terrorista Hala Al Dossari, sua
antagonista em Ameaça mortal, é identificada pela imagem de uma das câmeras de
segurança da Union Station. Convocado pelo FBI, Alex corre para a estação e
começa uma perigosa caçada para detê-la e descobrir sua real motivação.
Acontece que alguns dos métodos do FBI levam Cross ao seu limite moral. Um
limite que, se ultrapassado, poderá afetá-lo para sempre.
04 - O Expresso Polar (Chris Van Allsburg)
Quando assisti “O Expresso Polar” fiquei em êxtase.
Para que você entenda o quanto gostei do filme, basta dizer que odeio
animações, mas apesar disso, considero a produção cinematográfica de Robert
Zemeckis, um dos melhores filmes que vi.
Após me encantar com “O Expresso Polar” nas telas não
pensei duas vezes em adquirir o livro de Chris Van Allsburg do qual a obra de
Zemeckis foi adaptada. Resultado: Me
extasiei pela segunda vez. Apesar de ter apenas 32 páginas, a obra literária
lançada em 1985 é tão boa quanto o filme.
Não tem como não se apaixonar pela história daquele
garoto que não acreditava em Papai Noel, renas, elfos, duendes e Pólo Norte,
achando tudo isso uma grande besteira. Quer dizer... até numa noite, véspera de
Natal, quando um enorme e magnífico trem, chamado Expresso Polar, para em
frente a sua casa. Então, o maquinista da composição convida o garoto a subir
no trem, dizendo que o irá levá-lo até o Pólo Norte para conhecer o papai Noel.
A princípio, ele reluta em fazer a viagem, mas depois acaba aceitando. Dentro do expresso Polar, ele se encontra com
várias crianças que logo se tornam seus amigos e também cúmplices das magias de
Natal que passarão a viver. Demaissss....
05 - Um Conto de Natal (Charles Dickens)
Encerro com este clássico da literatura inglesa
escrito em 1843 por Charles Dickens. Um
Conto de Natal já foi relançado ao longo dos anos com diversos títulos
diferentes, entre os quais: “Um Cântico de Natal”, “ O Natal do Avarento” , “Os
Fantasmas de Scrooge”, entre outros.
Considero a obra de Dickens uma verdadeira lição de
vida para todos nós e que serve de puxão de orelhas, mas daqueles bem doídos,
nas pessoas que só pensam na obtenção de lucro fáceis, ou seja, os famosos
capitalistas selvagens; pessoas sem misericórdia, egoístas e que nem durante as
festas que marcam o nascimento de Cristo abrem o seu coração para a
fraternidade natalina. Cara! Que belo puxão de orelhas Dickens deu nessas
pessoas. A história nos ensina que temos de mudar, crescer, renovar, enfim,
tornarmos novas pessoas, deixando certos valores mesquinhos de lado.
O livro narra a história de Ebenezer Scrooge, um homem
avarento, ranzinza e grosseiro que só pensa em ampliar os seus lucros. Para
ele, o amor, a fraternidade e a compaixão não significam absolutamente nada.
Falar com ele sobre partilha é o mesmo que lhe dar um tapa no rosto. E pra
variar, Scrooge detesta o Natal.
Após a morte de seu sócio, o velho ranzinza se torna
muito solitário, mas um dia ele recebe a visita de um sobrinho que o convida
para comemorar o Natal. Scrooge responde, dizendo que a data é uma grande perda
de tempo que não leva a nada, pois a época só serve para pagar dívidas.
Ao chegar em casa, Scrooge recebe três visitantes
inesperados e porque não dizer, também, sobrenaturais e que irão tentar lhe
fazer enxergar a importância do Natal.
Taí galera, um feliz Natal! Espero que essa lista
tenha ajuda aqueles leitores que estão à procura de algum livro com narrativa
em clima natalino.
19 dezembro 2021
Contos Estranhos
01 – O hóspede de Drácula
02 – A casa do juiz
03 – A índia
04 – O segredo do ouro crescente
05 – A profecia da cigana
06 – A vinda de Abel Behenna
07 – O enterro dos ratos
08 – Sonho com mãos vermelhas
09 – Crooken Sands
16 dezembro 2021
O aniversário de um devorador de livros
Hoje, 16 de dezembro, vou dar um tempo nas resenhas e listas
literárias para comemorar mais um ano de vida; comemorar ao lado de vocês que acompanham o meu trabalho neste espaço há
muito tempo. E por esse motivo, posso afirmar que já fazem parte da minha vida,
mesmo não podendo olhar em seus olhos e bater um papo legal. Não importa, na
minha concepção, a partir do momento que uma pessoa começa a seguir um blog e
acompanhar todas as informações postadas nele, ela já passa a fazer parte da vida
do blogueiro. No meu caso, as minhas postagens – mesmo “falando” sobre livros -
nada mais são do que trechos e fragmentos do meu dia a dia. Com certeza, muitos
de vocês já passaram a conhecer as
minhas manias, os meus defeitos, as minhas qualidades e até mesmo alguns dos
meus segredos. Viu só, como vocês já fazem parte da vida do menino aqui?
E hoje, eu quero dividir com essa galera, um momento
muito feliz que estou vivendo neste dia 16 de dezembro quando completo mais um
aniversário.
Pois é, vi mais 365 dias nascerem e caírem por mais
365 noites. Em cada um desses dias, eu vivi diferentes experiências.
Muitos dias foram fáceis, leves e felizes, já outros
foram pesados, complicados e até tristes, principalmente durante esse ano de
pandemia quando vi amigos irem embora para sempre por causa da Covid-19, ainda
na fase pré-vacinas. Aliás, retratei esse momento melancólico que vivi numa
postagem que escrevi em março desse ano onde relembro dos meus amigos leitores
que foram levados pela Covid. (veja aqui).
Apesar desse último ano não ter sido perfeito, e em
alguns momentos ter sentido frustração e até infelicidade, houve sempre algo
pelo que agradecer.
O que não me fez feliz, me fez crescer, e é esse
crescimento que me ajuda a buscar e reconhecer a felicidade na minha vida.
Sei também que o último ano não foi fácil. Tivemos que
nos reinventar e encontrar novas formas de comemorar as datas especiais. Mas
apesar de todos nós termos tido um ano com momentos difíceis acompanhado de um
vírus maldito – que Graças a Deus começou a ser vencido, apesar do surgimento
de novas variantes – não posso deixar que essas circunstâncias me impeçam de
celebrar a minha vida, e que eu possa enxergar as coisas boas que aconteceram
comigo nesse ano. Tenho que entender e aceitar que o nosso verbo “aglomerar” não
pode mais ser conjugado, pelo menos por enquanto.
Sim, é possível fazermos deste, um momento menos
doloroso. O afastamento exigido não precisa necessariamente nos conduzir à
solidão. Nossos melhores sentimentos seguem à disposição de quem amamos, de quem
somos saudosos, de quem guarda em nós alguma importância. O beijo, o abraço e
um aperto de mão são a materialização dos nossos sentimentos. Estes últimos são
imateriais. Os sentimentos que nos compõem seguem vivos e prontos a serem
servidos, e assim deve ser.
Mas quer saber de uma coisa? Chega de ficar
filosofando. Hoje, eu quero mesmo é agradecer e porque não, curtir a Graça de
ter mais um dia de vida pela frente, o qual espero render muitos anos. Mas isso
quem vai decidir é o nosso bom Deus.
Quero agradecer aos meus familiares que estão sempre
do meu lado. Meus irmãos: Orlando e Carlos, pessoas maravilhosas; à Lulu (esse
grande suporte em minha vida), ao Danilo (Vamos que vamos Danilão!!), as minhas
cunhadas, sobrinhas, sobrinhos, aos meus pais que, hoje, são os meus
intercessores lá em cima; obrigado ainda a minha grande intercessora Maria (Sabiam
que fui batizado em Aparecida do Norte e consagrado, ainda bebê, a Nossa
Senhora, Uhauuuu!! Que felicidade!) enfim agradeço a todos que estiveram ao meu
lado em mais um ano de vida.
E, claro, agradeço também a todos vocês que acompanham
o “Livros e Opinião”.
Valeu!!
12 dezembro 2021
O Senhor da Guerra (Crônicas Saxônicas – Livro 13)
11 dezembro 2021
Oito contos de terror assustadores escritos por autores brasileiros
Nem todos os leitores apreciam romances de terror,
muitos deles preferem os contos que são bem mais curtos. Eu, por exemplo, tenho
um amigo, o Carlinhos Pêpa, que só compra contos de terror mas foge dos enredos
do gênero mais longos. Inclusive, um outro amigo nosso fez uma charge muito
engraçada onde o antológico personagem Pennywise, criado por Stephen King,
aparece correndo atrás do Carlinhos segurando o livro “It – A Coisa” de quase
1.000 páginas gritando: ‘leia!, leia!, vamos, leia!’. O Carlinhos com aquela
cara de medo – não do palhaço mas do livro – e correndo desesperadamente’ foi a
sensação, durante muito tempo, na nossa sala de redação. Todos que entravam ali
paravam para olhar a charge e aqueles que captavam a mensagem, imediatamente,
caiam na gargalhada.
‘Entonce’, resolvi contar esse fato de maneira
resumida para que os leitores do blog entendam que nem todos os amantes do
gênero terror gostam de histórias longas, preferindo aquelas de poucas páginas.
Mas num País onde esse gênero literário começou a despontar há pouco tempo,
encontrar contos interessantes torna-se um verdadeiro trabalho de garimpeiro.
A revista Galileu explicou de maneira clara num artigo
publicado em 2017 que o Brasil por ser um País Tropical não tem muita afinidade
com o lado dark da vida optando pelo lado mais... digo, colorido. Isto também
ocorre na literatura. Portanto, o trem da nossa história está lotado de
artistas que exaltaram e exaltam as alegrias de se viver por aqui.
O fato é que, de uma forma ou de outra, nossa arte é
fortemente marcada por temas realistas, por traços que compõem a nossa
identidade nacional. Mas esses temas e traços são, quase sempre, diurnos,
vibrantes, coloridos… Enfim, esperançosos — mesmo quando não há pelo que se
esperar.
Segundo a reportagem da Galileu, diante desse cenário
ensolarado e tórrido, fica a pergunta: e nós, amantes do reverso disso tudo?
Como ficamos? Onde sentamos no trem da nossa história, nós que, sem muito
interesse pelo que é do dia, somos fascinados pelo que cabe à noite? Nós que,
ao calor do beira-mar, preferimos o frio do beira-abismo? Nós que, indiferentes
à vibração de nossas florestas ao sol, amamos a quietude dessas mesmas
florestas à lua? Simples, a única solução é garimpar bons contos de terror,
vasculhando em livrarias e sebos. Mas para a alegria geral desses leitores, o
Brasil sempre contou – em número reduzido, mas mesmo, assim, contou – com
excelentes autores clássicos e contemporâneos do gênero.
No post de hoje, selecionei oito contos de terror
imperdíveis escritos por autores brasileiros que não podem faltar em sua
estante. Vamos a eles!
01
– A causa secreta (Machado de Assis)
Onde
encontrar: “A Causa Secreta e Outros Contos de Horror “
Editora:
Boa Companhia
Machado de Assis escrevendo contos de terror?!!
Entonce galera... E você pensava que o mestre da escrita brasileira não
dominava o assunto? Pois é, enganou-se porque A Causa Secreta prova que ele também era fera no gênero.
O conto publicado originalmente em 1885 no jornal
carioca Gazeta de Notícias (1875-1942) é muito sombrio, mas sombrio demais. A
história caracteriza o extremo mal existente na sociedade.
Neste conto, Machado de Assis que retrata uma relação
entre o recém- formado médico Garcia e seu amigo Fortunato que é dono de uma
misteriosa compaixão por doentes e feridos, mas que de acordo com Garcia
esconde um mistério.
A dedicação de Fortunato aos enfermos é total, especialmente aos que se encontram em pior estado. Tudo isso impressiona e intriga sobremaneira Garcia, que não compreende o paradoxo que é o amigo: se por um lado se entrega de corpo e alma aos que sofrem, por outro é grosso e indiferente com os demais, inclusive com a esposa.
O intrigante mistério é desvendado por Garcia no momento
em que flagra o amigo fazendo algo sádico, cruel e inimaginável. A partir daí,
toda a verdade vem a tona, surpreendendo os leitores.
02
– O bebê de tarlatana rosa
Onde
encontrar: “João do Rio - Antologia de Contos”
Editora:
Lazuli
O
bebê de Tarlatana Rosa de João do Rio é outra obra-prima da
literatura de terror tupiniquim. Neste conto, o personagem Heitor de Alencar
narra um fato macabro que aconteceu com ele durante o carnaval no Rio de
Janeiro.
Heitor conta que, no carnaval, saiu com um grupo de companheiros e, depois de percorrer alguns salões, foi ao baile público do Recreio, onde conheceu uma misteriosa foliona vestida de bebê de tarlatana (um tipo de tecido leve de algodão). Na noite seguinte, os dois se reencontram num outro salão e resolvem sair e procurar um lugar mais reservado para ficarem a sós.
A partir daí, ‘o caldo engrossa’. Ao retirar a máscara
da misteriosa foliona...
03
– Crianças à venda. Tratar aqui. (Rosa Amanda Strausz)
Onde
encontrar: “Sete Ossos e Uma Maldição”
Editora: Global Editora
Como todas as coletâneas de terror, incluindo até
mesmo as do mestre Stephen King, é quase impossível manterem um nível elevado.
Quando comprei Sete Ossos e Uma Maldição
de Rosa Amanda Strausz já estava ciente disso, mas no final gostei do resultado.
Alguns contos excelentes, outros abaixo da expectativa, mas não me arrependi da
compra.
Um dos contos que mais gostei e que mete um medo danado se chama: Crianças à venda. Tratar aqui. Este é fodástico. Daqueles que provocam medo e mal estar. O final, então. Brrrrrrrrrrrr.
Caraca, me coloquei no lugar da irmã do ‘Fabiojunio’ – não é erro de grafia, o personagem se chama Fábiojunio, mesmo - e juro que quase borrei as calças. Strausz conta a história de uma mãe oportunista que, por viver na miséria, decide colocar à venda os seus filhos em busca de melhoria de vida para as crianças, mas principalmente para ela.
Cada um dos menores foi sendo comprado por
famílias ricas até que sobrou somente um, o tal do Fabiojunio que acabou
vendido para um casal muito estranho. A irmã do garoto decide investigar mais a
fundo os novos pais e descobre algo aterrorizante.
04
– Zona de abate: Matadouro 7 (César Bravo)
Onde
encontrar: “VHS: Verdadeiras histórias de sangue”
Editora:
DarkSide
César Bravo pode ser considerado um dos escritores de
terror mais talentosos do Brasil dos últimos anos. De fato, uma grata surpresa
neste gênero literário, tanto é que foi um dos indicados a 63ª edição do Prêmio
Jabuti, um dos mais conceituados da literatura brasileira. Suas narrativas são
bem viscerais e para lê-las é preciso ter nervos de aço. Ele não usa meias
palavras e vai direto ao assunto. Zona de
abate: Matadouro7 um dos contos de VHS: Verdadeiras Histórias de Sangue é... Brrrrrr.
Li com o estômago querendo sair pela boca. Aliás, recomendo somente para quem tem estômago bem forte. O detetive Pestana e seu estagiário, Derriê, vão investigar um crime, supostamente, ocorrido no matadouro da fictícia cidade de Três Rios. Chegando lá – de noite, prá variar – os dois são recebidos por um ajudante que faz questão de explicar, em detalhes, como funciona o sistema de abate de animais no matadouro. Caraca!
Durante a sua investigação, Pestana acaba descobrindo
um segredo macabro que vinha sendo guardado a sete chaves pelos donos do local.
05
– Venha ver o pôr do sol (Lygia Fagundes Telles)
Onde
encontrar: “Venha ver o pôr do sol e outros contos”
Não fiquem tão surpresos porque Lygia Fagundes Telles
também provou ter intimidade com narrativas sobrenaturais. Portanto, terror
também é a sua praia.
O cenário de Venha
ver o pôr do sol é um cemitério abandonado, para onde Ricardo leva sua
ex-namorada, Raquel, que depois de muita insistência do rapaz, decide aceitar o
convite e reencontrá-lo, mesmo estando sem vê-lo há muito tempo e de já estar
com outro.
Ricardo escolhe o cemitério porque quer mostrar a Raquel o mais belo pôr do sol que já viu na vida, mas enquanto os dois caminham pelo cemitério, o rapaz começa a abordar assuntos mórbidos, um deles, relacionado aos seus familiares que já morreram e que ali se encontram enterrados. E assim os dois vão caminhando e conversando, rumo a um final surpreendente.
06
- Sem olhos (Machado de Assis)
Onde encontrar: “Contos Macabros: 13 histórias sinistras da literatura brasileira”
Editora:
Escrita Fina
Olha a fera novamente aí. Machado de Assis foi o cara,
não tem como contestar. Ele escrevia de tudo, inclusive contos de terror e
bons. Sem olhos à exemplo de A causa secreta provoca uma mistura de
medo e mal-estar no leitor. Mais um conto que explora a maldade escondida no
âmago de algumas pessoas.
Nem mesmo o tempo, mais de um século - o conto foi escrito entre dezembro de 1876 e fevereiro de 1877 -, conseguiu amenizar a aura tenebrosa da narrativa. O autor relata a sombria história de amor de um homem em seu leito de morte. O moribundo relembra o passado de um homem muito ciumento que não admitia, de maneira alguma, que a sua mulher olhasse, literalmente, para nenhum outro homem. Certo dia ela olha, mais do que isso, flerta, então... vem o castigo. Arghhhh!!! A história pode ser encontrada na obra
07
– Bugio moqueado (Monteiro Lobato)
Onde
encontrar: “Obras primas do conto fantástico”
Editora: Livraria Martins
Pode parecer incrível, mas é verdade. Um dos maiores
autores de histórias infantis do mundo que fez a alegria de milhares de
crianças no Brasil com Narizinho, Pedrinho, Dona Benta e demais personagens do
Sítio do Pica Pau Amarelo, também escreveu um dos contos de terror mais
apavorantes que já li.
A história que está no livro que está no livro Obras Primas do Conto Fantástico me provocou calafrio tem como cenário uma fazenda localizada lá nos confins de Mato-Grosso. É narrado por um velho que recorda a terrível experiência vivida na fazenda do coronel Teotônio, onde foi comprar algumas cabeças de gado.
Ao chegar na propriedade, ele é recebido pelo coronel
que tem fama de carrasco, maldoso e sem escrúpulos. Antes de fechar o negócio,
o narrador da história é convidado a se sentar à mesa para jantar. Então é
servido o prato e o cardápio... Putz, melhor deixar quieto, não quero relembrar
isso não.
08
– O Trailler (A.Z. Cordenonsi)
Onde
encontrar: “Le Monde: O circo dos horrores”
Editora:
Estronho
Uahauuu! Que conto de terror da hora! Na minha
opinião, o melhor do livro Le MondeBizarre – O Círco dos Horrores da editora Estronho que reúne histórias
curtas do gênero tendo como “pano de fundo” os personagens de um circo
misterioso e macabro. Todos os contos foram escritos por novos autores, pouco
conhecidos, que estão debutando no gênero terror.
A.Z. Cordenonsi conta a história de Bernard que resolve
visitar sua mãe em uma outra cidade. Há quatro anos, ela decidiu aceitar um
emprego de cozinheira num circo oferecido por um homem estranho para trabalhar
junto ao pessoal.
Bernard percebe que o trailer vizinho ao de sua mãe, habitado por uma velha quase inválida, todas as madrugadas passa por uma misteriosa reforma, ficando cada dia mais bonito. Ocorre que ninguém, incluindo Bernard, conseguem descobrir quem são as misteriosas pessoas que fazem essa reforma.
Certa noite, decidido a descobrir o mistério que cerca
o trailer da velha, o garoto resolve ficar acordado até mais tarde e então...
Brrrrrrrrr!!! “Infelizmente” li o conto de Cordenonsi já bem tarde da noite;
resultado: não consegui dormi.
Contaço!!
É isto! Espero que essas indicações tenham despertado
o interesse da galera.