28 dezembro 2021

Ressaca literária: não importa se o livro é bom ou ruim, ela faz estragos do mesmo jeito

Será que acontece com vocês o mesmo que acontece comigo? É o seguinte, comprar livros é um dos meus maiores prazeres - mesmo estando com a minha lista de leituras enorme -, mas o curioso é que “volta e meia” essa vontade incontrolável e avassaladora (exagerei um pouquinho, né – rs) some. Verdade! Se evapora como água; mas depois de um certo período, ela volta ‘rasgando’.

A causa dessa oscilação são os livros que estou lendo naquele momento. Eles podem ser considerados os termômetros do meu interesse ou não por novas obras, novas compras.

Explicando melhor. Quando estou lendo um livro cujo enredo acaba me fisgando fazendo com que eu o leve junto comigo em todos lugares que for, imediatamente vem a tal vontade de comprar novos livros. E assim, lá vou eu vasculhar nas livrarias virtuais novos interesses literários. Agora se a narrativa de uma obra não me agrada e a leitura se torna penosa e arrastada, o interesse por novas compras desaparece.

Lulu sempre me diz na brincadeira: “Quando você quiser economizar dinheiro durante alguns meses, dando uma folga para o seu cartão, basta comprar uma ou duas obras bem rebinhas”. É mole essa Lulu?! (rs)

Há pouco tempo acabei de ler O Único Avião no Céu que traz depoimentos de pessoas que conseguiram sobreviver ao ataque de 11 de setembro de 2001 às torres gêmeas no World Trade Center. A obra apresenta ainda testemunhos de familiares das vítimas que estavam nos aviões e também de parentes e conhecidos dos bombeiros, policiais e paramédicos que morreram no momento em que as duas torres desmoronaram depois do impacto das aeronaves.

Não gostei da leitura num todo, como explico nesta postagem. A narrativa até começa bem, mas depois achei que vai se tornando cansativa. Como não tenho o hábito de desistir de um livro tão facilmente por mais enfadonho que seja o seu enredo, fui até o fim com a obra de Garret M. Graff. Resultado: enquanto durou a leitura – e garanto que durou muitos dias – o meu interesse por novos livros se evaporou. Depois, quando terminei, fiquei ainda curtindo uma baita ressaca literária. Tinha medo de que qualquer outro livro não conseguisse fisgar o meu interesse, e assim, resolvi esperar um pouco. Perdi até mesmo o interesse em ficar zapeando pela Net a procura de sugestões por novas histórias.

Pois é, entonce, de repente, surgiu o meu amigo Uhtred e disse: “Perdeu a confiança em mim?!! Será que os meus 12 livros não te empolgaram o suficiente para você meter o pé na bun... dessa ressaca FDP?!!!” – Bem no linguajar do guerreiro pagão, né? Mas deixando as brincadeiras de lado, foi assim que comecei a ler O Senhor da Guerra, 13º e até agora, o último volume da saga Crônicas Saxônicas de Bernard Cornwell (ver a resenha de toda a saga  aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aquiaqui e finalmente aqui).

Após ter chegado em casa, depois do meu serviço, fiquei olhando para a minha estante e “namorando” os livros da saga foi quando decidi ler O Senhor da Guerra. Disse para mim mesmo: ‘se gostei dos outros 12 volumes, com certeza, não irei me decepcionar com o último’. Grudei o livro, comecei a leitura e... Cara! Adorei!

E quer saber mais? A vontade de comprar novos livros chegou ‘babando’!

Por isso, tive a ideia de escrever um post explicando como sinto ao ler um livro bom ou ruim. Cá entre nós, galera, ressaca literária é uma merd... quando ela ataca, de fato faz estragos para a alma ou para o bolso. Para alma, nos deixando abatidos e desanimados ao ponto de desistirmos do prazer de novas compras de livros; e para o bolso, nos deixando empolgados ao ponto de estourarmos os nossos cartões de crédito e entupindo as nossas listas de novas obras. Ainda me lembro quando li Mentirosos: senti um desejo incontrolável de sair por aí comprando um "arsenal" de livros que pelo menos chegassem perto da narrativa da escritora E. Lockhart.

Fazer o que, né? Vida de devorador de livros tem dessas coisas.

Abração!

 

24 dezembro 2021

Cinco livros de gêneros diferentes com narrativas em clima de Natal

Galera, estamos na véspera de Natal e o nosso blog, é claro, também aproveita a oportunidade para entrar neste clima tão especial indicando alguns livros com temas natalinos que certamente irão agradar os nossos leitores.

Optei por uma lista de cinco obras bem eclética com romance, suspense e policial; enfim, um recheio para agradar todos os gostos. Vamos lá!

01 – O Natal de Poirot (Agatha Christie)

Este livro de Agatha Christie publicado em 1938 mostra mais um caso do famoso detetive belga Hercule Poirot. 

No enredo, o multimilionário Simeon Lee convida os membros de sua família para passar o Natal em sua propriedade. Este convite é visto com desconfiança por vários parentes, porque Simeon nunca deu provas de que se importasse com eles. 

Foram convidados, inclusive, Harry, uma espécie de ovelha negra, e Pilar, uma neta que ninguém conhecia. Na verdade, o objetivo de Simeon é desenvolver um jogo sádico com seus familiares. 

O encontro do grupo termina com um assassinato, em um quarto trancado por dentro. Quando Hercule Poirot oferece ajuda para solucionar o caso, encontra uma atmosfera que não é de luto, mas de suspeitas mútuas. Afinal de contas, quem é o assassino?

O livro recebeu muitas críticas positivas nas redes sociais o que fez com que algumas editoras resolvem relançar a obra com um novo layout e também novas traduções.

02 – Anjos à Mesa (Debbie Macomber)

Anjos à Mesa é o último de sete livros que compõem a saga Angels Everywhere (Anjos por toda a parte, em tradução livre.) A série acompanha as aventuras de três de anjos: Goodness (bondade), Mercy (misericórdia) e Shirley ("certamente"). Subordinadas do anjo Gabriel, são "embaixadoras da oração" que, todo Natal, realizam milagres na vida de alguém necessitado.

O trio é desajeitado ─ especialmente quando lidam com tecnologia ─ muitas vezes quebra regras, mas sempre acabam cumprindo com sucesso sua missão: ensinar lições e mudar vidas.

Neste último volume da saga, os anjinhos vão interferir na vida do casal Lucie Ferrara e Aren Fairchild. Lucie é uma jovem decidida que depois de algumas desilusões afirma não ter mais tempo para o amor e passa a focar em sua carreira como chef de cozinha. Já Aren é um jornalista recém-chegado a Nova York e assim como Lucie carrega algumas desilusões amorosas.

Os dois seguem suas vidas com resignação, fazendo as escolhas que lhe parecem adequadas, até serem confrontados com o talento incontestável dos seres celestiais para bagunçar os seus destinos.

03 – Feliz Natal, Alex Cross (James Patterson)

Este livro é para os fãs do famoso detetive e psiquiatra forense, Alex Cross que ganhou vida nas telas em dois filmes com a ‘fera’ Morgan Freeman. Li a obra há algum tempo  - uns três ou quatro anos – mas ainda me lembro das principais partes da narrativa. Gostei bastante. 

A história se passa, é evidente, na época de Natal quando Cross após deter um ladrão que estava roubando a caixa de doações da igreja, tinha na cabeça somente ter uma noite feliz com sua família. Mas, para tristeza de seus filhos, o detetive acaba sendo convocado para solucionar não apenas um, mas dois casos no feriado. 

No primeiro deles, uma família é mantida refém numa bela mansão. Para tentar solucionar o caso, o detetive  atravessa a cidade rumo a uma das regiões mais nobres de Washington. Lá, ele encontra o causador do problema: Henry Fowler, um famoso advogado que viu sua vida e sua carreira serem arruinadas e agora ameaça matar os filhos, a ex-mulher e seu novo marido. Psicótico e viciado em metanfetamina, Fowler precisa ser detido. Mas a pergunta que não sai da mente do ‘detetive psicologopsicólogo’ é: o que faria alguém tão bem-sucedido afundar dessa maneira?  

Perto dali, a terrorista Hala Al Dossari, sua antagonista em Ameaça mortal, é identificada pela imagem de uma das câmeras de segurança da Union Station. Convocado pelo FBI, Alex corre para a estação e começa uma perigosa caçada para detê-la e descobrir sua real motivação. Acontece que alguns dos métodos do FBI levam Cross ao seu limite moral. Um limite que, se ultrapassado, poderá afetá-lo para sempre.

04 - O Expresso Polar (Chris Van Allsburg)

Quando assisti “O Expresso Polar” fiquei em êxtase. Para que você entenda o quanto gostei do filme, basta dizer que odeio animações, mas apesar disso, considero a produção cinematográfica de Robert Zemeckis, um dos melhores filmes que vi.

Após me encantar com “O Expresso Polar” nas telas não pensei duas vezes em adquirir o livro de Chris Van Allsburg do qual a obra de Zemeckis foi adaptada. Resultado:  Me extasiei pela segunda vez. Apesar de ter apenas 32 páginas, a obra literária lançada em 1985 é tão boa quanto o filme.

Não tem como não se apaixonar pela história daquele garoto que não acreditava em Papai Noel, renas, elfos, duendes e Pólo Norte, achando tudo isso uma grande besteira. Quer dizer... até numa noite, véspera de Natal, quando um enorme e magnífico trem, chamado Expresso Polar, para em frente a sua casa. Então, o maquinista da composição convida o garoto a subir no trem, dizendo que o irá levá-lo até o Pólo Norte para conhecer o papai Noel. A princípio, ele reluta em fazer a viagem, mas depois acaba aceitando.  Dentro do expresso Polar, ele se encontra com várias crianças que logo se tornam seus amigos e também cúmplices das magias de Natal que passarão a viver. Demaissss....

05 - Um Conto de Natal (Charles Dickens)

Encerro com este clássico da literatura inglesa escrito em 1843 por Charles Dickens. Um Conto de Natal já foi relançado ao longo dos anos com diversos títulos diferentes, entre os quais: “Um Cântico de Natal”, “ O Natal do Avarento” , “Os Fantasmas de Scrooge”, entre outros.

Considero a obra de Dickens uma verdadeira lição de vida para todos nós e que serve de puxão de orelhas, mas daqueles bem doídos, nas pessoas que só pensam na obtenção de lucro fáceis, ou seja, os famosos capitalistas selvagens; pessoas sem misericórdia, egoístas e que nem durante as festas que marcam o nascimento de Cristo abrem o seu coração para a fraternidade natalina. Cara! Que belo puxão de orelhas Dickens deu nessas pessoas. A história nos ensina que temos de mudar, crescer, renovar, enfim, tornarmos novas pessoas, deixando certos valores mesquinhos de lado.

O livro narra a história de Ebenezer Scrooge, um homem avarento, ranzinza e grosseiro que só pensa em ampliar os seus lucros. Para ele, o amor, a fraternidade e a compaixão não significam absolutamente nada. Falar com ele sobre partilha é o mesmo que lhe dar um tapa no rosto. E pra variar, Scrooge detesta o Natal.

Após a morte de seu sócio, o velho ranzinza se torna muito solitário, mas um dia ele recebe a visita de um sobrinho que o convida para comemorar o Natal. Scrooge responde, dizendo que a data é uma grande perda de tempo que não leva a nada, pois a época só serve para pagar dívidas.

Ao chegar em casa, Scrooge recebe três visitantes inesperados e porque não dizer, também, sobrenaturais e que irão tentar lhe fazer enxergar a importância do Natal.

Taí galera, um feliz Natal! Espero que essa lista tenha ajuda aqueles leitores que estão à procura de algum livro com narrativa em clima natalino.

19 dezembro 2021

Contos Estranhos



Dos nove contos, devorei seis. Acredito que se tirarmos a média, Contos Estranhos de Bram Stoker passa no teste. Pelo menos no meu teste, pois pode acontecer de outros leitores detestarem as histórias das quais gostei. Mas no meu caso, achei as narrativas da hora, algumas, inclusive, com o poder de meter um medo bem incômodo na gente como “India”, “A Profecia Cigana” e “O Hóspede de Drácula”. E sabemos que uma história de terror “nível A” tem que arranhar, cutucar, raspar os nervos do leitor, e essas três incomodam, de verdade. As outras três que gostei, mesmo sendo mais amenas e sem esse poder de fogo, também prendem a atenção.

Os contos foram publicados por Florence Bram Stoker, viúva do famoso escritor. Segundo ela, alguns meses, antes da penosa morte de seu marido, ele planejava a publicação de três conjuntos de contos, Contos Estranhos é um deles e originalmente teria oito histórias e não nove. Acontece que Florence decidiu acrescentar à coletânea o conto “O Hóspede de Drácula” – episódio até então inédito de Drácula, obra prima de Bram Stoker.

O conto foi originalmente excluído devido à extensão do romance. De acordo com Florence, se o episódio fosse acrescentado à narrativa, Drácula teria um número de páginas bem aquém do planejado pelo autor. Dessa forma, o capítulo acabou sendo “rifado” do livro e engavetado.

Ao decidir lançar uma das coletâneas do marido, Florence optou por incluir “O Hóspede de Drácula”. E posso garantir que a narrativa tem todo aquele clima de mistério e medo do conhecido romance de terror que com o passar dos anos ganhou o status de antológico.

Quanto a edição em capa dura de Contos Estranhos, caráculas... que show! Vê só: capa hiper trabalhada em alto relevo e com todo aquele clima de mistério; divisórias dos contos com layout preto e título em letras góticas; folhas amareladas, de qualidade impecável; fontes em ótimo tamanho, facilitando, assim, a leitura; enfim, uma edição caprichada da editora Nova Fronteira.

A boa notícia é que incialmente, o livro só podia ser encontrado no box Grandes Obras de Bram Stoker juntamente com outros dois volumes: Os Sete Dedos da Morte / A Toca do Verme Branco e Drácula. Para isso, os interessados tinham que desembolsar perto de R$ 90,00. Agora, Contos Estranhos pode ser encontrado à venda, separadamente, na Amazon, por apenas R$ 29,90.

Confiram um breve resumo (sem spoilers) dos nove contos. Vamos lá.

01 – O hóspede de Drácula





Trata-se de um conto com as mesmas características sombrias de Drácula. Também não poderia ser diferente já que a história faria parte romance, só sendo excluída porque deixaria o livro de Stoker muito extenso. Nele, Jonathan Harker ao visitar o castelo do Conde Drácula pede ao seu cocheiro que pare a carruagem próximo a um vale abandonado para que ele possa explorá-lo. Apesar dos apelos do cocheiro para que ele não faça isso, Harker, teimosamente, segue pelo vale, então... a ‘cobra fuma’.

02 – A casa do juiz





Um jovem universitário resolve alugar uma casa abandonada numa pequena cidade com o objetivo de encontrar paz e tranquilidade para estudar, visando os exames de final de ano. Então, por indicação de um corretor, ele aluga uma casa que pertenceu, no passado, a um juiz muito maldoso que executava cruelmente todos aqueles que julgava. Já deu para perceber que esse jovem estudante vai passar por um perrengue danado.

03 – A índia




Na minha opinião, o melhor conto do livro. Apesar de adorar gatos, juro que fiquei meio que... assim... desconfiado com os bichanos. Por ser um conto curto, menos de 15 páginas, qualquer linha que eu escreva já corro o risco de imputar spoiler na resenha. Portanto, basta ‘dizer’ que um homem muito convencido e garganteador sofre horrores quando mata acidentalmente o filhote de um gato. Cara... esse conto me arrepiou. A história tem um clima daqueles seriados antigos do tipo “Galeria do Terror” e “Além da Imaginação”.

04 – O segredo do ouro crescente





Achei fraquinho. Um homem trai a sua mulher, ou seja, resolve dar aquela puladinha de cerca. Acontece que além da tal puladinha, ele resolve fazer algo pior com a esposa traída. Resultado: ele acaba pagando caro pela sua atitude.

05 – A profecia da cigana





Viche! Este incomoda! Um homem que vive maravilhosamente bem com a sua jovem esposa convida o amigo para visitar um acampamento cigano que está nas imediações. Os dois pretendem apenas passar o tempo, já que não acreditam em superstições ciganas. Ao chegarem no local, uma ciganinha pede para ler a mão do rapaz casado. A menina ao ler a mão do homem sai correndo assustado e vai chamar a matriarca do acampamento que, por sua vez, também lê a mão do homem e também se assusta. Então a cigana revela o futuro aterrador e arrepiante do pobre coitado.

06 – A vinda de Abel Behenna





Dois rapazes lutam pelo amor da mesma mulher. Então, ambos decidem fazer uma aposta para saber qual dos dois ficará com a amada. Acontece que o perdedor não aceita a derrota e tenta de todas as maneiras passar a perna no vencedor. Conto que mostra o pior lado da personalidade humana e com um final surpreendente.

07 – O enterro dos ratos





Um conto instigante capaz de fazer com que o leitor entre na pele do “pobre” personagem que sofre horrores ao tentar escapar de uma horda de perseguidores ‘muuuito’ estranhos. A tensão criada em torno do inglês que passava seus dias em Paris e que se meteu numa encrenca danada ao visitar o lado mais sombrio da cidade deixa o leitor angustiado.

08 – Sonho com mãos vermelhas






Não gostei. Confuso e morno, para não dizer frio. Um homem tem pesadelos terríveis por causa de um segredo que guarda a sete chaves; algo abominável que ele fez no passado. Durante a narrativa, ele vai revelando esse segredo a um amigo até chegar ao final que deveria ter sido surpreendente, mas na minha opinião... não foi.

09 – Crooken Sands




Outro continho chato pra dedéu. Um empresário muito bem sucedido resolve visitar a Escócia, mas usando um kilt - uma espécie de saia de lã feita de um tecido em padrões xadrez. Ao chegar no seu destino, uma força misteriosa obriga o personagem a usar sempre o traje e só tirá-lo para dormir. A sua teimosia acaba causando um clima pesado com sua mulher e filhos que não aceitam tal atitude. Achei o final muito chocho, sem medo, sem tensão, sem impacto... sem tudo.

Taí galera, apesar dessas três histórias fracas, recomendo a compra de Contos Estranhos porque as outras seis narrativas arrebentam a boca do balão e valem muito a pena.

Boa leitura!




16 dezembro 2021

O aniversário de um devorador de livros

 

Hoje, 16 de dezembro,  vou dar um tempo nas resenhas e listas literárias para comemorar mais um ano de vida; comemorar ao lado de vocês que  acompanham o meu trabalho neste espaço há muito tempo. E por esse motivo, posso afirmar que já fazem parte da minha vida, mesmo não podendo olhar em seus olhos e bater um papo legal. Não importa, na minha concepção, a partir do momento que uma pessoa começa a seguir um blog e acompanhar todas as informações postadas nele, ela já passa a fazer parte da vida do blogueiro. No meu caso, as minhas postagens – mesmo “falando” sobre livros - nada mais são do que trechos e fragmentos do meu dia a dia. Com certeza, muitos
de vocês já passaram a conhecer as minhas manias, os meus defeitos, as minhas qualidades e até mesmo alguns dos meus segredos. Viu só, como vocês já fazem parte da vida do menino aqui?

E hoje, eu quero dividir com essa galera, um momento muito feliz que estou vivendo neste dia 16 de dezembro quando completo mais um aniversário.

Pois é, vi mais 365 dias nascerem e caírem por mais 365 noites. Em cada um desses dias, eu vivi diferentes experiências.

Muitos dias foram fáceis, leves e felizes, já outros foram pesados, complicados e até tristes, principalmente durante esse ano de pandemia quando vi amigos irem embora para sempre por causa da Covid-19, ainda na fase pré-vacinas. Aliás, retratei esse momento melancólico que vivi numa postagem que escrevi em março desse ano onde relembro dos meus amigos leitores que foram levados pela Covid. (veja aqui).

Apesar desse último ano não ter sido perfeito, e em alguns momentos ter sentido frustração e até infelicidade, houve sempre algo pelo que agradecer.

O que não me fez feliz, me fez crescer, e é esse crescimento que me ajuda a buscar e reconhecer a felicidade na minha vida.

Sei também que o último ano não foi fácil. Tivemos que nos reinventar e encontrar novas formas de comemorar as datas especiais. Mas apesar de todos nós termos tido um ano com momentos difíceis acompanhado de um vírus maldito – que Graças a Deus começou a ser vencido, apesar do surgimento de novas variantes – não posso deixar que essas circunstâncias me impeçam de celebrar a minha vida, e que eu possa enxergar as coisas boas que aconteceram comigo nesse ano. Tenho que entender e aceitar que o nosso verbo “aglomerar” não pode mais ser conjugado, pelo menos por enquanto.

Sim, é possível fazermos deste, um momento menos doloroso. O afastamento exigido não precisa necessariamente nos conduzir à solidão. Nossos melhores sentimentos seguem à disposição de quem amamos, de quem somos saudosos, de quem guarda em nós alguma importância. O beijo, o abraço e um aperto de mão são a materialização dos nossos sentimentos. Estes últimos são imateriais. Os sentimentos que nos compõem seguem vivos e prontos a serem servidos, e assim deve ser.

Mas quer saber de uma coisa? Chega de ficar filosofando. Hoje, eu quero mesmo é agradecer e porque não, curtir a Graça de ter mais um dia de vida pela frente, o qual espero render muitos anos. Mas isso quem vai decidir é o nosso bom Deus.

Quero agradecer aos meus familiares que estão sempre do meu lado. Meus irmãos: Orlando e Carlos, pessoas maravilhosas; à Lulu (esse grande suporte em minha vida), ao Danilo (Vamos que vamos Danilão!!), as minhas cunhadas, sobrinhas, sobrinhos, aos meus pais que, hoje, são os meus intercessores lá em cima; obrigado ainda a minha grande intercessora Maria (Sabiam que fui batizado em Aparecida do Norte e consagrado, ainda bebê, a Nossa Senhora, Uhauuuu!! Que felicidade!) enfim agradeço a todos que estiveram ao meu lado em mais um ano de vida.

E, claro, agradeço também a todos vocês que acompanham o “Livros e Opinião”.

Valeu!!

12 dezembro 2021

O Senhor da Guerra (Crônicas Saxônicas – Livro 13)



Sou suspeito para comentar qualquer um dos 13 livros da saga “Crônicas Saxônicas” porque adorei Uhtred, da mesma forma que fiquei fã de Artur -outro personagem criado pelo escritor inglês Bernard Cornwell. Os dois são fantásticos à sua maneira. Ambos com personalidades completamente distintas – Artur: cristão, educado e um verdadeiro cavalheiro; Uthred: pagão, boca suja e arrogante – mas admiráveis, independentemente dessas particularidades.

Já resenhei a trilogia As Crônicas de Artur (ver aqui, aqui e mais aqui), mas hoje quero falar escrever sobre o último livro das Crônicas Saxônicas que fecha com chave de ouro a saga de Uthred e a sua luta para conquistar a fortaleza de Bebbanburg, tendo como pano de fundo a história da formação da Inglaterra. Cornwell foi muito feliz ao ter tido a ideia de misturar ficção com realidade inserindo personagens fictícios, no caso Uhtred e todo o seu núcleo, dentro de um contexto histórico. Por exemplo, ver Uhtred interagindo com o Rei Alfredo, “O Grande”, personagem histórico muito importante na formação da Inglaterra, é algo viciante.

Uhtred, mesmo criança, sempre foi muito questionador a respeito da religiosidade cristã a qual era cercado. Quando se torna guerreiro do Reino de Wessex, a serviço do rei Alfredo lutando contra os dinamarqueses – que também sonhavam em conquistar os reinos saxões - Uhtred se transforma num guerreiro vitorioso, impiedoso e de muita fama. Os embates ideológicos entre o guerreiro pagão e o seu rei são várias vezes antológicos. Cada um defende o seu ponto de vista com sagacidade e várias tiradas de “sarro”, mas sempre se respeitando mutuamente.

Mas o que chama a atenção na saga, de fato, é a descrição perfeita das batalhas entre saxões, dinamarqueses, noruegueses e escoceses; todos cobiçando os reinos que futuramente dariam origem à Inglaterra. Como já havia feito em As Crônicas de Artur, Cornwell descreve com maestria como era, naquela época, fazer parte de uma parede de escudos. Os desafios de Uhtred, ao longo da saga, onde enfrenta os mais perigosos adversários como os vikings Ubba, Erik, Sigifrid, Cnut – ‘O Espada Longa’, além de outros - são fantásticos e empolgam os leitores. Enfim, uma saga maravilhosa para ser devorada com prazer.

Em O Senhor da Guerra, o autor consegue fechar a saga de 13 livros com perfeição. Cornwell foi muito realista com relação a Uhtred e seus guerreiros, talvez por esse motivo a história tenha desagradado um pouco aquelas pessoas que sonhavam ver um Uhtred violento, desafiando para o combate guerreiros enormes, verdadeiros brucutus com espadas afiadas ou machados enormes. Cara, se isso acontecesse, a narrativa ficaria totalmente “fora da casinha” porque o tempo passa e nós, simples mortais, ainda não descobrimos o segredo da juventude eterna. O mesmo acontece com os personagens criados por Cornwell.

Ficaria muito estranho, por exemplo, observarmos o garoto Athelstan – que teve Uhtred como mentor e protetor ao longo da saga – crescendo e tornando-se um grande rei e ao mesmo tempo vermos Uhtred, ao seu lado, ainda jovem, forte e sem nem um fio de cabelo ou barba brancos. Mais estranhos ainda, seria ver Athelflaed - filha de “Alfredo, O Grande” - que foi uma das amantes de Uhtred, envelhecer e morrer, enquanto o nosso guerreiro continuasse belo e formoso.

Cornwell respeitou a linha do tempo em sua saga e por isso, ela se transformou num dos maiores fenômenos literários das últimas décadas. Sei que escrevendo dessa maneira, os leitores do blog podem até mesmo imaginar um Uhtred velho, inválido e sem graça em O Senhor da Guerra. Não, pelo contrário. O Uhtred desse último livro é muito mais sagaz, inteligente, um estrategista brilhante, além de continuar com a língua afiada e a coragem mais fortes do que nunca. No decorrer da narrativa ocorrem momentos em que o personagem se defronta com dilemas e dúvidas que poucas vezes vimos durante toda a série, uma delas e muito importante está relacionada com o seu primeiro filho que optou por tornar-se padre, o que fez com que o seu pai o desertasse. Prestem atenção nesse trecho: muito emocionante.

Certamente é um dos livros com menos ação dessa saga. Por isso, se você espera ver Uhtred matando inimigos à vontade vai ficar desapontado porquê dessa vez o autor focou em mostrar o que os anos de experiência deram ao guerreiro pagão. Assim, ele se mostra como ser um grande líder e como já escrevi acima: um estrategista militar brilhante. Apesar dos anos, o nome do famoso personagem ainda gera temor e respeito, tanto de seus aliados quanto dos inimigos.

Apesar dos anos terem deixando as juntas de seu corpo um pouco endurecidas, ele ainda faz questão de participar de uma parede de escudos e liderar os seus homens em batalha, mas de uma maneira real, sem aquelas estrepolias dos primeiros livros. Confesso que esses detalhes fizeram com que eu considerasse O Senhor da Guerra uma das melhores narrativas de toda a saga.

Neste 13º volume, após anos lutando para recuperar a fortaleza que era sua por direito, Uhtred retornou à Nortúmbria e a tomou de seu tio traiçoeiro. Agora, com seus guerreiros leais e uma nova companheira, a fortaleza de Bebbanburg parece em segurança. Uhtred, entretanto, está longe de gozar da mesma tranquilidade. Para além das muralhas inexpugnáveis de Bebbanburg, tem início uma disputa por poder.

Ao sul, o rei Æthelstan unificou os reinos de Wessex, da Mércia e da Ânglia Oriental, e agora tem os olhos voltados para a realização irrevogável do sonho de seu avô Alfredo: a criação de um único reino unificado na Britânia. Enquanto isso, ao norte, o rei Constantino e outros líderes escoceses e irlandeses desejam ampliar suas fronteiras, cientes da ameaça que Æthelstan representa. O jovem monarchus totius Britanniae, o monarca de toda a Britânia, ainda não conquistou a Nortúmbria, o último reino ao norte, as terras que fazem fronteira com a Escócia de Constantino.

No olho da tempestade está Uhtred. Preso por um juramento a Æthelstan, mas em busca de paz em sua querida Nortúmbria, ele se vê ameaçado e subornado pelos dois lados do conflito, enquanto precisa encarar uma escolha impossível: manter-se longe da disputa, arriscando sua liberdade e a perda da formidável Bebbanburg, ou se lançar na guerra rumo à mais terrível batalha que os reinos já enfrentaram. Só o destino dirá o resultado.

Como costumo escrever: “Livraço!” Vale a pena ser lido e devorado.


11 dezembro 2021

Oito contos de terror assustadores escritos por autores brasileiros


Nem todos os leitores apreciam romances de terror, muitos deles preferem os contos que são bem mais curtos. Eu, por exemplo, tenho um amigo, o Carlinhos Pêpa, que só compra contos de terror mas foge dos enredos do gênero mais longos. Inclusive, um outro amigo nosso fez uma charge muito engraçada onde o antológico personagem Pennywise, criado por Stephen King, aparece correndo atrás do Carlinhos segurando o livro “It – A Coisa” de quase 1.000 páginas gritando: ‘leia!, leia!, vamos, leia!’. O Carlinhos com aquela cara de medo – não do palhaço mas do livro – e correndo desesperadamente’ foi a sensação, durante muito tempo, na nossa sala de redação. Todos que entravam ali paravam para olhar a charge e aqueles que captavam a mensagem, imediatamente, caiam na gargalhada.

‘Entonce’, resolvi contar esse fato de maneira resumida para que os leitores do blog entendam que nem todos os amantes do gênero terror gostam de histórias longas, preferindo aquelas de poucas páginas. Mas num País onde esse gênero literário começou a despontar há pouco tempo, encontrar contos interessantes torna-se um verdadeiro trabalho de garimpeiro.

A revista Galileu explicou de maneira clara num artigo publicado em 2017 que o Brasil por ser um País Tropical não tem muita afinidade com o lado dark da vida optando pelo lado mais... digo, colorido. Isto também ocorre na literatura. Portanto, o trem da nossa história está lotado de artistas que exaltaram e exaltam as alegrias de se viver por aqui.

O fato é que, de uma forma ou de outra, nossa arte é fortemente marcada por temas realistas, por traços que compõem a nossa identidade nacional. Mas esses temas e traços são, quase sempre, diurnos, vibrantes, coloridos… Enfim, esperançosos — mesmo quando não há pelo que se esperar.

Segundo a reportagem da Galileu, diante desse cenário ensolarado e tórrido, fica a pergunta: e nós, amantes do reverso disso tudo? Como ficamos? Onde sentamos no trem da nossa história, nós que, sem muito interesse pelo que é do dia, somos fascinados pelo que cabe à noite? Nós que, ao calor do beira-mar, preferimos o frio do beira-abismo? Nós que, indiferentes à vibração de nossas florestas ao sol, amamos a quietude dessas mesmas florestas à lua? Simples, a única solução é garimpar bons contos de terror, vasculhando em livrarias e sebos. Mas para a alegria geral desses leitores, o Brasil sempre contou – em número reduzido, mas mesmo, assim, contou – com excelentes autores clássicos e contemporâneos do gênero.

No post de hoje, selecionei oito contos de terror imperdíveis escritos por autores brasileiros que não podem faltar em sua estante. Vamos a eles!

01 – A causa secreta (Machado de Assis)

Onde encontrar: “A Causa Secreta e Outros Contos de Horror “

Editora: Boa Companhia

Machado de Assis escrevendo contos de terror?!! Entonce galera... E você pensava que o mestre da escrita brasileira não dominava o assunto? Pois é, enganou-se porque A Causa Secreta prova que ele também era fera no gênero.

O conto publicado originalmente em 1885 no jornal carioca Gazeta de Notícias (1875-1942) é muito sombrio, mas sombrio demais. A história caracteriza o extremo mal existente na sociedade.

Neste conto, Machado de Assis que retrata uma relação entre o recém- formado médico Garcia e seu amigo Fortunato que é dono de uma misteriosa compaixão por doentes e feridos, mas que de acordo com Garcia esconde um mistério.

A dedicação de Fortunato aos enfermos é total, especialmente aos que se encontram em pior estado. Tudo isso impressiona e intriga sobremaneira Garcia, que não compreende o paradoxo que é o amigo: se por um lado se entrega de corpo e alma aos que sofrem, por outro é grosso e indiferente com os demais, inclusive com a esposa.

O intrigante mistério é desvendado por Garcia no momento em que flagra o amigo fazendo algo sádico, cruel e inimaginável. A partir daí, toda a verdade vem a tona, surpreendendo os leitores.

02 – O bebê de tarlatana rosa

Onde encontrar: “João do Rio - Antologia de Contos”

Editora: Lazuli

O bebê de Tarlatana Rosa de João do Rio é outra obra-prima da literatura de terror tupiniquim. Neste conto, o personagem Heitor de Alencar narra um fato macabro que aconteceu com ele durante o carnaval no Rio de Janeiro.

Heitor conta que, no carnaval, saiu com um grupo de companheiros e, depois de percorrer alguns salões, foi ao baile público do Recreio, onde conheceu uma misteriosa foliona vestida de bebê de tarlatana (um tipo de tecido leve de algodão). Na noite seguinte, os dois se reencontram num outro salão e resolvem sair e procurar um lugar mais reservado para ficarem a sós.

A partir daí, ‘o caldo engrossa’. Ao retirar a máscara da misteriosa foliona...

03 – Crianças à venda. Tratar aqui. (Rosa Amanda Strausz)

Onde encontrar: “Sete Ossos e Uma Maldição”

Editora: Global Editora

Como todas as coletâneas de terror, incluindo até mesmo as do mestre Stephen King, é quase impossível manterem um nível elevado. Quando comprei Sete Ossos e Uma Maldição de Rosa Amanda Strausz já estava ciente disso, mas no final gostei do resultado. Alguns contos excelentes, outros abaixo da expectativa, mas não me arrependi da compra.

Um dos contos que mais gostei e que mete um medo danado se chama: Crianças à venda. Tratar aqui. Este é fodástico. Daqueles que provocam medo e mal estar. O final, então. Brrrrrrrrrrrr. 

Caraca, me coloquei no lugar da irmã do ‘Fabiojunio’ – não é erro de grafia, o personagem se chama Fábiojunio, mesmo -  e juro que quase borrei as calças. Strausz conta a história de uma mãe oportunista que, por viver na miséria, decide colocar à venda os seus filhos em busca de melhoria de vida para as crianças, mas principalmente para ela. 

Cada um dos menores foi sendo comprado por famílias ricas até que sobrou somente um, o tal do Fabiojunio que acabou vendido para um casal muito estranho. A irmã do garoto decide investigar mais a fundo os novos pais e descobre algo aterrorizante.

04 – Zona de abate: Matadouro 7 (César Bravo)

Onde encontrar: “VHS: Verdadeiras histórias de sangue”

Editora: DarkSide

César Bravo pode ser considerado um dos escritores de terror mais talentosos do Brasil dos últimos anos. De fato, uma grata surpresa neste gênero literário, tanto é que foi um dos indicados a 63ª edição do Prêmio Jabuti, um dos mais conceituados da literatura brasileira. Suas narrativas são bem viscerais e para lê-las é preciso ter nervos de aço. Ele não usa meias palavras e vai direto ao assunto. Zona de abate: Matadouro7 um dos contos de VHS: Verdadeiras Histórias de Sangue é... Brrrrrr.

Li com o estômago querendo sair pela boca. Aliás, recomendo somente para quem tem estômago bem forte. O detetive Pestana e seu estagiário, Derriê, vão investigar um crime, supostamente, ocorrido no matadouro da fictícia cidade de Três Rios. Chegando lá – de noite, prá variar – os dois são recebidos por um ajudante que faz questão de explicar, em detalhes, como funciona o sistema de abate de animais no matadouro. Caraca!

Durante a sua investigação, Pestana acaba descobrindo um segredo macabro que vinha sendo guardado a sete chaves pelos donos do local.

05 – Venha ver o pôr do sol (Lygia Fagundes Telles)

Onde encontrar: “Venha ver o pôr do sol e outros contos”

Editora: Ática     

Não fiquem tão surpresos porque Lygia Fagundes Telles também provou ter intimidade com narrativas sobrenaturais. Portanto, terror também é a sua praia.

O cenário de Venha ver o pôr do sol é um cemitério abandonado, para onde Ricardo leva sua ex-namorada, Raquel, que depois de muita insistência do rapaz, decide aceitar o convite e reencontrá-lo, mesmo estando sem vê-lo há muito tempo e de já estar com outro.

Ricardo escolhe o cemitério porque quer mostrar a Raquel o mais belo pôr do sol que já viu na vida, mas enquanto os dois caminham pelo cemitério, o rapaz começa a abordar assuntos mórbidos, um deles, relacionado aos seus familiares que já morreram e que ali se encontram enterrados. E assim os dois vão caminhando e conversando, rumo a um final surpreendente.

06 - Sem olhos (Machado de Assis)

Onde encontrar: “Contos Macabros: 13 histórias sinistras da literatura brasileira”

Editora: Escrita Fina

Olha a fera novamente aí. Machado de Assis foi o cara, não tem como contestar. Ele escrevia de tudo, inclusive contos de terror e bons. Sem olhos à exemplo de A causa secreta provoca uma mistura de medo e mal-estar no leitor. Mais um conto que explora a maldade escondida no âmago de algumas pessoas.

Nem mesmo o tempo, mais de um século - o conto foi escrito entre dezembro de 1876 e fevereiro de 1877 -, conseguiu amenizar a aura tenebrosa da narrativa. O autor relata a sombria história de amor de um homem em seu leito de morte. O moribundo relembra o passado de um homem muito ciumento que não admitia, de maneira alguma, que a sua mulher olhasse, literalmente, para nenhum outro homem. Certo dia ela olha, mais do que isso, flerta, então... vem o castigo. Arghhhh!!! A história pode ser encontrada na obra Contos Macabros: 13 histórias sinistras da literatura brasileira.

07 – Bugio moqueado (Monteiro Lobato)

Onde encontrar: “Obras primas do conto fantástico”

Editora: Livraria Martins

Pode parecer incrível, mas é verdade. Um dos maiores autores de histórias infantis do mundo que fez a alegria de milhares de crianças no Brasil com Narizinho, Pedrinho, Dona Benta e demais personagens do Sítio do Pica Pau Amarelo, também escreveu um dos contos de terror mais apavorantes que já li.

A história que está no livro que está no livro Obras Primas do Conto Fantástico me provocou calafrio tem como cenário uma fazenda localizada lá nos confins de Mato-Grosso. É narrado por um velho que recorda a terrível experiência vivida na fazenda do coronel Teotônio, onde foi comprar algumas cabeças de gado.

Ao chegar na propriedade, ele é recebido pelo coronel que tem fama de carrasco, maldoso e sem escrúpulos. Antes de fechar o negócio, o narrador da história é convidado a se sentar à mesa para jantar. Então é servido o prato e o cardápio... Putz, melhor deixar quieto, não quero relembrar isso não.

08 – O Trailler (A.Z. Cordenonsi)

Onde encontrar: “Le Monde: O circo dos horrores”

Editora: Estronho

Uahauuu! Que conto de terror da hora! Na minha opinião, o melhor do livro Le MondeBizarre – O Círco dos Horrores da editora Estronho que reúne histórias curtas do gênero tendo como “pano de fundo” os personagens de um circo misterioso e macabro. Todos os contos foram escritos por novos autores, pouco conhecidos, que estão debutando no gênero terror.

A.Z. Cordenonsi conta a história de Bernard que resolve visitar sua mãe em uma outra cidade. Há quatro anos, ela decidiu aceitar um emprego de cozinheira num circo oferecido por um homem estranho para trabalhar junto ao pessoal.


Bernard percebe que o trailer vizinho ao de sua mãe, habitado por uma velha quase inválida, todas as madrugadas passa por uma misteriosa reforma, ficando cada dia mais bonito. Ocorre que ninguém, incluindo Bernard, conseguem descobrir quem são as misteriosas pessoas que fazem essa reforma.

Certa noite, decidido a descobrir o mistério que cerca o trailer da velha, o garoto resolve ficar acordado até mais tarde e então... Brrrrrrrrr!!! “Infelizmente” li o conto de Cordenonsi já bem tarde da noite; resultado: não consegui dormi.

Contaço!!

É isto! Espero que essas indicações tenham despertado o interesse da galera.

 


Instagram