28 julho 2018

Flores de Fogo


Recomendo demais esta obra como literatura infanto-juvenil. Às vezes não sabemos porque as nossas crianças e jovens ficam tão avessos aos livros. Imagino que como nós adultos, eles também tenham tido a infelicidade de escolher obras com enredos não muito atrativos  e após uma sequência de escolhas infelizes acabaram ficando com a sua “alma de leitor” esfriada.
Digo isto porque já presenciei tal fato. Certa vez o filho de um amigo meu disse que um colega de escola havia lhe emprestado duas obras para que ele começasse a ingressar no “Clube dos Devoradores de Livros”. E olha que esse jovem estava hiper ansioso para começar a leitura. Começou e querem saber o que houve? Um desastre total.
Os livros em questão não o atraíram em nada, pelo contrário, acabou esfriando o seu ímpeto de leitor principiante. Depois que vi os livros, percebi que não tinha nada a ver. Falava sobre cavaleiros templários, além de um monte de informações históricas e geográficas. Cruzes, um horror! Imagino o que se passou na cabeça daquele jovem que tinha uma vontade enorme de desenvolver o seu estímulo literário.
Com certeza, se este garoto tivesse lido “Flores de Fogo”, hoje ele estaria fazendo parte do nosso “Clube dos Devoradores de Livros”. Mas nunca é tarde. Pretendo, na semana que vem, emprestar a obra de Stephanie Grunheidt para tentar apagar o trauma dos ultra-chatos cavaleiros templários e as suas ramificações históricas ao longo das cruzadas. E olha que não sou de ficar emprestando livros; mas como se trata de uma causa nobre...
Flores de Fogo é um livro de fantasia e aventura sem violência, mas que prende a atenção do leitor do início ao fim. Uma fábula sedutora onde as crianças e os pré-adolescentes aprendem lições de caráter, coragem, amizade e liderança num universo fantásticos e com seres também fantásticos.
Stephanie Grunheidt
Achei a leitura o máximo, o que faz com que eu creia que muitos adultos também irão gostar do enredo e do mundo exótico criado pela autora. Afinal, quantos marmanjos apreciam os contos de Hans Christian  Andersen, La Fontaine, irmãos Grimm e tantos outros? O enredo criado por Grunheidt segue a mesma linha.
“Flores de Fogo” narra a história de um jovem pescador que após ver o seu vilarejo atingido por uma “praga” que mata todos os peixes e criaturas marinhas dos rios e mares, sai numa jornada de aventura em busca de uma solução para o problema. Na companhia de uma princesa, um tigre falante e da embaixadora de um reino, o humilde pescador tem que visitar quatro reinos diferentes – Fogo, Gelo, Ar e Água - e seus monarcas orgulhosos e de temperamentos difíceis na esperança de conseguir reverter a praga que assola o seu vilarejo e ainda de quebra evitar uma guerra entre os quatro reinos.
Apesar do nome, a autora de “Flores de Fogo” é brasileiríssima. Grunheidt nasceu em 1989 na capital paulista, mas cresceu e mora até hoje na Paraíba. No Ensino Médio ganhou a medalha de ouro na “Operação Cisne Branco” para jovens escritores concedida pela Marinha do Brasil ao escrever o melhor texto no seu estado. É formada em Arquitetura pela Universidade Federal da Paraíba. “Flores de Fogo”, publicado pela editora Chiado, é o seu primeiro livro.
Ficha Técnica
Título: Flores de Fogo
Autora: Stephanie Grunheidt
Editora: Chiado
Páginas: 130
Edição: 1ª
Formato: Brochura
Ano: 2017

25 julho 2018

Vende-se este Futuro


Com certeza, Beatriz Prata já entrou para o rol das minhas personagens femininas fodásticas da literatura. Ela se parece muito com uma Guinevere dos tempos modernos – mas a Guinevere idealizada por Bernard Cornwell em a saga “As Crônicas de  Artur” (ver aqui, aqui, aqui e mais aqui). À exemplo da personagem arturiana, Beatriz é destemida sem ser incauta, inteligente mas nem por isso arrogante, além de carismática e corajosa, aliás muito corajosa, ao ponto de romper paradigmas considerados imutáveis quando se vê acusada por algo que não cometeu.
Esta garota fantástica é a personagem principal do romance de ficção científica “Vende-se este Futuro”, livro de estréia do escritor paulista Bruno Miquelino, publicado pela editora Novo Século.
Beatriz é uma espécie de agente de viagens temporais. Explicando melhor: ela trabalha para uma agencia que promove viagens no tempo chamada Déja Vu que surgiu 2097 em São Paulo, numa época em que esse tipo de viagem era comum. A principal função da Déja Vu é transportar pessoas do passado para o futuro, para que elas  adquiram  outra identidade, longe dos holofotes, da polícia, de seus problemas, enfim, do que for. No futuro que elas escolhem, então lhes é concedida uma nova identidade e consequentemente uma nova vida.
No livro a protagonista só precisa levar o grande Charles Chaplin para o futuro, mas inúmeras coisas dão errado e ela se vê presa no início do século XX, sem ter como voltar para o tempos modernos.
“Vende-se este Futuro” consegue prender a atenção do leitor, logo de cara, já no prólogo quando Beatriz viaja para meados de 1970 com a missão de transportar para o futuro uma das personalidades mundiais mais famosas da cultura pop de todos os tempos.
Bruno Miquelino
A grande sacada do autor em sua trama foi promover uma interação entre o real e o imaginário. Achei fantástico ver, por exemplo, a agente de viagens temporais da Déja Vu se relacionando com grandes personalidades da história mundial e também da nossa cultura pop. Além dessa interação, digamos ‘diferente’, Miquelino ainda insere esses personagens fictícios em momentos importantes da História, como por exemplo no atentado da rua Tonelero, ocorrido na madrugada de 5 de agosto de 1954, considerado até hoje, um dos fatos mais importantes nos anais da política brasileira.
No que diz respeito à participação de Charles Chaplin no romance, com certeza, os leitores irão adorar os momentos de estranhamento, emoção, amizade e aventura vividos por Beatriz e o eterno Carlitos.
Nada foi jogado aleatoriamente no livro. Acredito que o autor deva ter desenvolvido um excelente trabalho de pesquisa para fazer dessa interação ‘ficção e realidade’ a mais convincente possível para leitor. No caso de Chaplin, para se ter uma idéia, ficamos sabendo inúmeros detalhes de sua vida particular. É interessante vê-lo discutindo alguns desses pormenores com Beatriz.
As reviravoltas na trama também são outros pontos positivos que valem a pena destacar. Algumas, de fato, irão pegar o leitor de surpresa, principalmente uma conspiração que mudará o destino da história, deixando o leitor muito surpreso.
Quanto ao final de “Vende-se este Futuro” é impagável, aliás, os finais porque há um exclusivamente dedicado a Charles Chaplin e ao seu filme “O Circo” e adianto que é emocionante. No outro “The End”, onde ocorre a conclusão de toda a trama, mais surpresas. Ri muito e também adorei aquele golpe do baú. Passei a gostar ainda mais de Beatriz.
O livro de Miquelino é dividido em ‘capítulos temporais’, ou seja, cada capítulo corresponde a determinado ano em que ocorre a trama. Dessa forma, ele mescla 2112 – período atual em que se desenvolve o romance - com outras épocas: 1926, 1964, 1968, 1977 e assim por diante.
Sem dúvida, um grande livro.


22 julho 2018

“As Portas de Pedra” (The Doors of Stone) de Patrick Rothfuss chega em 2019, 2021 ou...


Ontem à noite, tive um propósito. Pensei comigo: tenho que fazer isto de qualquer maneira. Então, comecei a revirar as redes sociais – blogs, sites, portais, twitters, faces e qualquer coisa que os valham -  em busca de informações sobre o novo livro de Patrick Rothfuss , “As Portas de Pedra” (The Doors of Stone). “Tenho que encontrar uma previsão de lançamento do livro, por mais simples ou imprecisa que seja” – exclamei.
Depois de duas horas ininterruptas de pesquisa, sabem o que encontrei? Nada. Querem fazer um teste? Ok. Digitem no ‘santo’ Google “As Portas de Pedra” ou “Os Portões de Pedra” juntamente com o nome do autor para ver o que acontece. As informações mais novas que irão surgir datam de meados de 2017, ou seja, nenhuma de 2018; e todas desatualizadas e incertas, trabalhando no campo da especulação. Este triste fato só nos aponta para uma certeza absoluta: Esqueçam. A vinda do novo livro de Rothfuss vai demorar muito tempo, mas muuuito tempo.
Quando estava perto de desistir, comecei a vasculhar algumas páginas de outros países e com muito custo, encontrei numa delas (kingkiller.wikia.com) a triste notícia que confirma a provável demora no lançamento do livro. Segundo o autor da postagem que se baseou em fontes (pelo que eu constatei no final do post) bem confiáveis, Rothfuss afirmou em novembro de 2017 em Vancouver, num evento que marcou o 10º aniversário de lançamento de “O Nome do Vento”, que descarta 2018 como data de lançamento de “As Portas de Pedra”, mas indicou 2019 como uma possibilidade.
Cara, juro que fiquei P da vida com essa afirmação do escritor. Vejam bem, ele disse apenas uma possibilidade. Isto significa que o livro pode sair até mesmo em 2020 ou sei lá quando.
Após dar outra vasculhada na net, recebo mais uma pedrada. Daquelas bem dadas. Entrando no site da Amazon o que vejo? Surprise! Uma data prevista para o tão aguardado lançamento. Quando vi, cai; cai na depressão. Sabem quando? 8 de julho de 2021!
Depois desse balde de água fria, descobri que a Amazon, frequentemente, coloca em sua página essas datas aleatórias porque o seu softaware ‘quer’ uma data, mas isso não significa que tenha algo a ver com a realidade. Apesar dessa explicação, juro que fiquei meio cabreiro com a data divulgada pelo portal
Patrick Rothfuss
Pois é, hoje, faz sete anos e quatro meses do lançamento de “O Temor do Sábio”. Mais dê sete anos de angústia para os fãs de Kvothe, Ambrose, Dena, Bast e Cia que certamente já releram “O Nome do Vento e “O Temor do Sábio” várias e várias vezes, sempre sonhando com o lançamento do livro no ano seguinte. E agora, após a declaração de Rothfuss no evento que se realizou em Vancouver, essa espera poderá demorar ainda mais.
Bem, se serve de consolo, o autor revelou alguns arcos do enredo numa entrevista realizada há algum tempo. Segundo ele, “The Doors of Stone” vai explicar as origens de Kvothe, ou seja, como o personagem chegou onde ele está agora. O livro também relatará de que maneira Kvothe e Bast se conheceram. Rothfuss disse ainda que o significado da palavra El'the (um posto na Universidade) será explicado.
Com certeza as revelações do autor são poucas e até ineficazes para tranqüilizar os seus milhares de leitores. Pelo contrário, só servem para aumentar ainda mais a sua ansiedade.
Inté!

19 julho 2018

Visões da Noite – Histórias de Terror Sarcástico


A impressão que tenho é que Ambrose Bierce pregou uma baita peça em seus leitores ao publicar alguns contos. Acho que ele já estava tramando tudo, tudinho; coisa do tipo: “Quero só ver a cara deles quando lerem esse conto!”
Deixe-me explicar melhor. Em muitas narrativas do autor – considerado um dos mestres da literatura de horror americana, junto com H.P. Lovecraft e Edgar Allan Poe – algum personagem sempre acaba desaparecendo sem deixar traço – ou, ainda mais horripilante, deixando para trás indícios de sua presença assombrada. Ocorre que o próprio autor desapareceu dessa mesma maneira. É verdade! No verão de 1913, aos 71 anos, velho, amargo e doente, mas ainda uma lenda viva da literatura de horror, Ambrose Gwinnet Bierce armou a cena final em que escaparia da civilização de uma forma semelhante aos seus contos. Ele partiu para o México, na época da Guerra Civil, e simplesmente, sumiu. Nunca mais se soube o que aconteceu com ele.
As especulações foram muitas, mas ficaram apenas nisso. Sabe-se apenas que um dia ele anunciou que iria para o México de Pancho Villa, mergulhado numa sangrenta guerra civil. Alguns disseram que o escritor, mal de saúde, tendo recebido a notícia de que lhe restava pouco tempo de vida, suicidara-se. Houve quem garantisse que ele teria se atirado do Grand Canyon. Outros afirmavam que ele desafiara a morte nas batalhas que aconteceram no México.
Ambrose Bierce
A verdade é que nunca se soube o que aconteceu com ele e o seu corpo nunca foi encontrado. Este sumiço misterioso pode ter sido o seu último gesto de humor negro: ‘deu a si próprio o destino de seus personagens’.
Por isso, as vezes paro para pensar se Bierce não planejou tudo isto com muita antecedência: “escrevo vários contos de terror sobre desaparecimentos misteriosos e depois de algum tempo, eu mesmo desapareço misteriosamente num ‘grande finale’ macabro”.
Heloísa Seixas
Os 14 contos do autor organizados e traduzidos pela escritora e jornalista Heloísa Seixas são ótimos e acredito que ela deva ter escolhido o melhor de Bierce. Por que eu penso assim? Simples. Todos os 14 contos são de qualidade e conseguem prender a atenção do leitor com direito a arrepios e calafrios. E sabemos, que essa virtude é muito rara num livro de contos, onde nem todos conseguem se salvar. Outro detalhe que achei interessante nesta antologia de histórias curtas é que Seixas deu preferência para aqueles contos, que apesar de gelarem a espinha do leitor, também apresentam um enredo ou final sarcástico com Bierce muitas vezes zombando ou rindo de situações tétricas e horripilantes. Isto explica o subtítulo da obra: “Histórias de terror sarcástico”.
Vamos à um pequeno resumo dos 14 contos do livro que eu adorei.
01 – Um incidente na ponte de Owl Creek
Neste conto publicado pela primeira vez em 1890 no jornal ‘The San Francisco Examiner’, somos transportados para a época da Guerra Civil Americana, onde um homem está prestes a ser enforcado na ponte de Owl Creek. Com a corda no pesco, a vítima faz um flashback de sua vida, possibilitando que o leitor conheça os  motivos de sua prisão e condenação. Mas no momento da execução, a corda se rompe e o homem cai num rio e consegue escapar. Mas será que a corda, de fato se rompeu? Será que ele, de fato, conseguiu escapar? O final é surpreendente.
02 – Naufrágio virtual
Conto curtíssimo com menos de seis páginas, mas muito impactante. Um comerciante encontra-se com uma moça muito bonita num navio a vapor. Durante a viagem, a embarcação afunda e o rapaz acaba recendo uma estranha mensagem enviada telepaticamente pela moça. Somente no final é que ele vai descobrir quem é a misteriosa personagem e o significado da mensagem recebida.
03 – Luar sobre a estrada
Narra em epístolas a história de um crime passional. Um marido decide testar a fidelidade da esposa ao desconfiar que está sendo traído e acaba matando-a. A partir daí, os personagens envolvidos na trama – marido, filho e esposa assassinada – começam a descrever os fatos envolvendo a tragédia. No final, após o depoimento da mulher morta, ficamos sabendo o quanto o seu marido estava enganado.
04 – Aparições
Seleção de seis contos curtos que abordam tema semelhante: aparições. As histórias giram em torno de pessoas que já morreram e voltaram para assombrar os seus algozes ou então avisar algum amigo de um perigo eminente.
05 – O ambiente adequado
Um leitor é desafiado a ler uma obra de terror considerada a mais assustadora já escrita por determinador autor, amigo seu. Ocorre que ele é desafiado a ler esse livro à partir da meia-noite, sózinho e numa casa considerada mal assombrada, da qual todos os moradores da região passam longe, mesmo durante o dia. O final é fantástico. Algo assim: “nada é o que parece”. Um dos melhores contos do livro.
06 – Um dos gêmeos
Por serem muito parecidos, dois irmãos gêmeos tem o hábito de pregar peças em outras pessoas, mas no momento em que conhecem uma moça excepcionalmente bela, algo não muito agradável acaba acontecendo com um deles...
07 – No limiar do irreal
Cara, confesso que esse conto me perturbou. Fiquei com medo de algumas pessoas que se dizem hipnotizadoras, magos, mágicos ou o escambau a quatro. Eu heimm! Numa noite escura, um viajante decide dar carona para um sujeito chamado Dr. Dorrimore, o tal do hipnotizador. Meu, que cara mais sinistro! Vocês nem imaginam do que ele é capaz.
08 – Casas espectrais
Mais uma seleção de contos curtos de Bierce; sete ao todo. Como o próprio título diz, os contos se referem a casas mal assombradas e as conseqüências – quase sempre nada agradáveis – para aqueles que decidem explorá-las. Apesar de todas as histórias serem boas, três me agradaram muito: “A Janela Fechada” com um final surpreendente e sarcástico bem ao estilo de Bierce; “Na casa do velho Eckert” e “A Casa Assombrada” que aborda desaparecimentos misteriosos de pessoas que se aventuram nessas casas.
09 – Os Olhos da Pantera
É, na sua essência, uma história de loucura… ou talvez algo consideravelmente mais estranho. É, de qualquer das formas, um conto misterioso, com algumas surpresas, e que cativa principalmente pelo seu tom sombrio. Um rapaz se apaixona por uma mulher que carrega uma terrível maldição. Ele não irá descansar, enquanto não descobrir o medonho segredo de sua amada.
10 – O Segredo da Ravina Macarger
Outra narrativa de casa mal assombrada. Certa noite, um caçador muito cansado decide parar para repousar em uma casa abandonada localizada numa ravina distante da cidade. Durante a madrugada ele sonha com um misterioso casal que supostamente morava na casa quando ocorreu uma tragédia. No final do conto, ao se encontrar com um amigo que conhece a ravina, ele fica sabendo, com surpresa, quem é o casal e também detalhes da tragédia que aconteceu no local.
11 – O homem saindo do nariz
O tal homem mora numa casa semelhante a cabeça de uma pessoa, onde os olhos são duas janelas circulares, o nariz é a porta e a boca uma abertura logo abaixo, no local de onde foi retirada uma tabua de madeira. Todos os dias, no mesmo horário, esse homem sai pelo nariz... quer dizer, pela porta da casa para ir até uma rua e ficar observando, durante um longo período, uma antiga construção. O conto explica o motivo dessa atitude do personagem. Não se trata de uma história de terror, mas de sofrimento do personagem, nem por isso deixa de ser boa.
12 – A morte de Halpin Frayser
Um homem chamado Halpin Frayser se descobre perdido numa floresta e após explorar o lugar se vê face a face com uma ameaça tão mais assustadora do que a própria floresta. Esta nova ameaça não pertence ao mundo dos vivos. Um conto misterioso, envolvente e com um final onde o autor não se preocupa em explicar o inexplicável, deixando para os leitores tirar as suas próprias conclusões.
13 – Cruzando o umbral
Seleção de cinco contos que abordam o tema preferido de Bierce: desaparecimentos misteriosos. Parece que o autor parecia fixar-se em alguns assuntos, escrevendo por várias vezes histórias parecidas sobre um mesmo tema. Sua obsessão sobre desaparecimentos sem explicação chegou a tal ponto que, nos últimos anos de vida, colecionava relatos de sumiços misteriosos. Nesta coletânea, alguns contos metem um ‘medaço’ danado na gente; daqueles que provocam calafrios, apesar da dose de sarcasmo.
14 – Visões da Noite
Conto interessante onde Bierce narra em detalhes alguns de seus sonhos. Caraca, cada sonho macabro que o sujeito tinha! Destaque para o conto onde ele sonha com a própria morte.
Enfim, gostei demais do livro, pena que o mesmo já esteja esgotado em todas as livrarias e só possa ser encontrado nos sebos à preços bem salgados. No portal da Estante Virtual, por exemplo, só existem dois exemplares cadastrados (R$ 70,00 e R$ 83,63).
Ok, e como geralmente sempre temos o hábito de deixar as melhores notícias para o final, lá vai: recomendo para a galera que esteja interessada em adquirir “Visões da Noite – Histórias de Terror Sarcástico” - que já começa a entrar para o ról das obras em extinção – que dê uma olhadinha no Mercado Livre. Vi um exemplar por lá, enquanto escrevia esse post, por apenas R$ 50,00.
Valeu!

16 julho 2018

J.K. Rowling lança em setembro o 4º livro da série com o detetive Cormoran Strike

J.K. Rowling ao lado da capa do novo livro

Acredito que Cormoran Strike - o famoso detetive criado pela escritora J.K. Rowling sob o pseudônimo de Robert Galbraith - pode fazer parte, tranquilamente, da galeria dos detetives mais famosos de todos os tempos da literatura policial. Strike merece esse título graças aos seus três livros – “O Chamado do Cuco”, “O Bicho da Seda” e “Vocação para o Mal” – que transformaram-se em sucesso absoluto de vendas, colocando o nome do emblemático policial na ponta da língua dos leitores do gênero.
Strike também serviu para salvar Rowling. Como assim? Ok, eu explico. Muitos leitores e críticos acreditavam, há alguns anos, que a escritora ficaria para sempre presa no “Universo Potter”, ou seja, refém do menino bruxo. Apesar de ter anunciado que a saga estava encerrada com o lançamento do sétimo livro “As Relíquias da Morte”, vários fãs tinham a convicção de que a autora prosseguiria escrevendo livros com temas voltados a Hogwarts, assim como aconteceu algumas vezes ao lançar “Animais Fantásticos e Onde Habitam”, “Quadribol Através dos Séculos” e “Os Contos de Beedle, O Bardo”. Então, surge Strike para provar o contrário e mesmo tendo sido criado sob um pseudônimo, Rowling não fez questão nenhuma de que todos soubessem que na realidade o ‘pai da criança’ era ela.
Assim, depois de ser a mentora de uma geração de leitores que cresceram lendo Harry Potter;  em 2013 ela decidiu criar um novo personagem para uma série de livros: sai o menino bruxo Harry Potter e em seu lugar, entra o detetive Cormoran Strike. Vale lembrar que um ano antes, Rowling já havia escrito um livro policial – sem a presença de Strike – chamado “Morte Súbita” que teve uma aceitação razoável.
Capas dos três livros com o detetive Cormoran Strike lançados até agora
E agora, os admiradores do já famoso policial podem vibrar porque Rowling já anunciou a data do lançamento do quarto livro da série que chega às livrarias americanas e inglesas em 18 de setembro. A obra que ainda não tem título oficial em português vai se chamar “Lethal White” (“Branco Letal” em tradução livre).
Se levarmos em conta o tempo que a editora Rocco demorou para lançar os três livros anteriores, tudo indica que “Lethal White” aterrissará bem rápido nas livrarias tupiniquins.
Confiram, agora, a sinopse do livro que já foi divulgada:
“Quando Billy, um jovem perturbado, procura a ajuda do detetive particular Cormoran Strike na investigação de um crime que acha ter testemunhado quando criança, Strike fica profundamente apreensivo. Embora Billy obviamente tenha transtornos mentais e não se lembre de detalhes concretos, há um quê de sinceridade em seu relato. Porém, antes que Strike possa questioná-lo mais a fundo, Billy sai correndo do escritório, em pânico.
Tentando desvendar a história de Billy, Strike e Robin Ellacott – antes sua assistente, agora sua parceira na agência – seguem pistas confusas que os levam pelas ruelas de Londres, para uma área reservada e escondida dentro do Parlamento e para uma mansão bela e sinistra na zona rural
Em meio a essa investigação emaranhada, a vida pessoal de Strike está longe de ser calma: sua nova fama como detetive particular o impede de operar em segredo, como antes. Além disso, seu relacionamento com a antiga assistente está mais tenso do que nunca – Robin agora tem valor inestimável para os negócios de Strike, mas a relação pessoal entre eles é muito, muito mais complicada.”
Vamos aguardar a chegada do 4º livro do famoso detetive e torcer para que seja tão bom quanto os anteriores.
Inté!

12 julho 2018

Caixa de Pássaros – Não Abra os Olhos


Comprei “Caixa de Pássaros – Não Abra os Olhos” do escritor americano Josh Malerman influenciado pela sinopse fornecida pela editora Intrínseca. Estava afim de ler uma ficção pós-apocalíptica, algo parecido com “Eu Sou a Lenda” de Richard Matheson ou “A Estrada” de Cormac McCarthy. Ah! Também não queria ter acesso a nenhuma crítica ou resenha sobre o livro. A minha intenção era ‘deflorar’ a obra, conhecer os seus defeitos e virtudes ao virar cada página Não queria saber, antecipadamente,  se o enredo era bom ou ruim; nada disso. Portanto, optei por apenas ler – bem superficialmente - a sinopse oficial da obra, fugindo dos spoilers.
E lá vou eu atrás da “Caixa de Pássaros – Não Abra os Olhos”. Comecei a ler e quando percebi estava hiper ansioso para saber o seu final. Cara, a saga daquela mãe e de seus dois filhos pequenos que saem ‘as cegas’ navegando no mar para fugir de algo abominável, me prendeu instantaneamente. Fui devorando páginas por página no maior frenesi, mas entonce... chegou o final e PQP!! Que coisa mais sem graça. Muitos fios da trama ficaram soltos, entre eles, o da misteriosa criatura. Fiquei triste e decepcionado com o final da narrativa de Malerman porque a sua escrita fluída me cativou logo nas primeiras páginas. Foi amor a primeira vista, mas o fechamento do enredo matou a história.
“Caixa de Pássaros” fala sobre uma misteriosa epidemia que assola todo o planeta Terra, impedindo os seus habitantes de sair de suas casas com o risco de ficarem loucos, após verem criaturas aterradoras e, assim, começarem a matar qualquer um que estiver por perto, inclusive filhos e maridos. Os cientistas desconhecem o vírus que causou essa histeria e consequentemente uma provável cura.
Assim, os poucos sobreviventes desse holocausto não podem se aventurar nas ruas com os olhos abertos, sendo obrigados a viver dentro de suas casas com cobertores  e panos cobrindo todas as janelas. Aqueles que resolvem sair em busca de alimentos são obrigados a vendar os olhos para não ficarem loucos quando se depararem com a horrenda e misteriosa visão.
É neste clima que uma mulher chamada Malorie junto com seus dois filhos, que vivem numa casa abandonada próximo a um rio, decidem fugir para um lugar que ainda não foi atingido pela epidemia, mas para isso a sobrevivente e as duas crianças terão que remar mais de 30 quilômetros com os olhos vendados. A angústia aumenta porque enquanto eles estão fugindo, passam a ser perseguidos por algo misterioso que autor optou por não definir. Pode ser um animal, uma criatura pós-apocalíptica, um homem ou qualquer outra coisa.
Por mais que o terror a assole, Malorie só tem uma certeza: ela jamais pode abrir os seus olhos.
Putz! Que enredo fodástico! Mas...a conclusão, de fato, deixou a desejar. Pontas e mais pontas soltas e pior: dúvidas sem respostas.
Se quiser ler o livro, leia, você terá bons momentos, mas, sinceramente, esqueça o final, melhor dizendo.... as páginas finais.
Ah! Antes que me esqueça: A Netflix não perdeu tempo e já está produzindo um filme de suspense com a Sandra Bullock baseado no livro. 
Inté!


09 julho 2018

10 capas assustadoras de livros de terror e suspense

Famosa revistinha que me fez ter ojeriza de papai Noel

Cara, que medo! Brrrrrrrrrr.... Apesar de ter vivido e sentido esse temor em minha pré-dolescência, ainda me lembro até hoje, ou seja, há mais de 40 anos. Foi o dia em que me deparei com um Papai Noel, daqueles de promoções de lojas, estendo um caixinha surpresa para mim – acho que de doces ou balas, sei lá. Quando me virei e dei de cara com ‘aquilo’.... C-a-r-a-c-a...  o ‘papi’ era meio cacunda, tinha os dentes amarelados pela nicotina do cigarro e um sorriso que tentava – eu disse tentava – ser simpático. Putz, quer medaço!! Apesar de já ter 13 anos na época, acho que o Papai Noel sinistro pensou que eu ainda era criança por causa da minha cara de bebê e do meu físico tipo frangote. Menos mal, já  que se soubesse a minha idade verdadeira, teria pensado: “Que marmanjo cagalhão”.
Há tá, o porque o do medo desse Papai Noel? Ok, eu conto. A culpada foi a capa de uma revistinha de terror da Krypta dos anos 70 que eu havia lido alguns dias antes. A tal capa trazia um Papai Noel com cara de louco segurando um machado todo ensangüentado, enquanto saía da chaminé da lareira de uma casa. Em segundo plano, víamos o corpo de uma mulher, aparentemente, morta estirado no chão da sala. Cara, pode acreditar! Foi a partir dessa foto que fiquei com ojeriza de Papai Noel.
Pode acreditar: a simples capa de uma revistinha de terror teve esse poder. Por isso, no post de hoje resolvi fazer uma homenagem para as capas de livros de terror que eu achei mais assustadoras. Afinal de contas, muitas vezes nós, leitores inveterados, acabamos comprando um livro pela capa, após sermos seduzidos por ela.
Bem, vamos às capas tenebrosas do gênero.
01 - “O Exorcista” (William Peter Blatty): A capa da edição comemorativa de 40 anos do livro “O Exorcista”, de William Peter Blatty, é assustadora. A editora Agir lançou a obra em 2013 e com certeza, a capa foi  responsável por provocar arrepios de medo em muitos leitores bem antes das páginas. Ela  reproduz uma das cenas mais apavorantes do filme: o momento em que um dos dois exorcistas – no caso, o padre Merrin – pára, durante a noite, na frente da casa da garota possuída pelo demônio pensando se entra ou não para enfrentar o ‘coisa ruim’.
02 – Insanas Elas Matam! (várias autoras): Caraca... que capa maluca é essa?! Vai me dizer que você não tremeu na base quando bateu o olho nessa mulher com a cabeça e parte do peito enfaixados e com uma expressão de raiva ou dor, sei lá? A capa produzida pela editora Estronho é tão sinistra que fiquei até mesmo com receio de ler os contos; mas depois criei coragem e adquiri a obra. Trata-se de uma coletânea de terror escrita só por mulheres e onde as personagens centrais também são mulheres. Ah! Detalhe: Todas elas más e com uma sede brutal  de sangue e maldade.
03 - 172 Horas na Lua (Johan Harstad): Ok, lá vai um resuminho básico da obra escrita por Johan Harstad: “Quase cinco décadas desde que o homem pisou na Lua pela primeira vez, três adolescentes comuns vencem um sorteio mundial promovido pela NASA. Eles vão passar uma semana na base lunar DARLAH 2 - um lugar que, até então, só era conhecido pelos altos funcionários do governo americano. Lá, eles encontram algo assustador. Brrrrr. Peguem o livro da Novo Conceito e olhem a capa bem de perto. Vocês verão no interior do olho, um astronauta ‘tentando’ correr na lua, fugindo de um ser esquisito, parecido com um homem”. Brrrrrrrrrrr, novamente.
04 - A Coisa (Stephen King): O palhaço Parcimonioso criado pelo mestre do terror e que aparece numa pintura amalucada com respingos de sangue na capa do livro lançado em 2001 pela editora Objetiva dispensa qualquer tipo de comentário. O medo, antes de ler a história, é garantido.
05 - A Mulher de Preto 2 – Anjo da Morte (Martyn Waites): Aquela criança sentada no chão, segurando um bonequinho macabro no colo e “protegida” pela sombra de uma velha mais macabra ainda é chocante. Deus me livre, que imagem perturbadora! A editora Record dessa vez “apelou” (rs). “A Mulher de Preto 2 – Anjo da Morte” é a sequência do bestseller “A Mulher de Preto” de Susan Hill.
06 - O Fortim (F.Paul Wilson): Que capa feia! Assusta mesmo. Essa criatura que se parece com um lobisomem ou uma besta enquadrada dentro de uma cruz é de arrepiar. Ler esse livro de terror durante a madrugada e sozinho, após ter olhado a capa, torna-se uma missão praticamente impossível.
07 - Goosebumps: Os mais Procurados – O Planeta dos Gnomos (R.L. Stine): Quem disse que um livro infanto juvenil não pode ter uma capa horripilante? Taí a obra de R.L. Stine que não deixa mentir. Agora, seja sincero: você iria querer ter esse dois gnominhos no jardim de sua casa?
08 – O Substituto (Brena Yovanoff): Vendo essa capa aterradora, a primeira coisa que me vem na cabeça é que o tal berço sinistro está acomodando um ser ainda mais sinistro ao invés de um bebê normal. Cara, a imagem é muito macabra. O que dizer de um berço perdido no meio da névoa e com um móbile composto por tesoura, facas e ferradura? Eu heimmm!
09 – Sete Ossos e Uma Maldição (Rosa Amanda Strausz): Não acham a capa dessa coletânea de terror arrepiante? Eu acho. E não só a capa como os contos, também (confira resenha aqui). O rosto de cera de cera dessa boneca é perturbador, principalmente o seu olhar ao mesmo tempo charmoso e maligno.
10 – Tubarão (Peter Benchley): Não vai me dizer que a bocarra dessa fera não mete medo?! A editora Darkside foi muito feliz ao escolher o layout desse relançamento, optando pela foto nua e crua de uma mandíbula escancarada de tubarão.
Espero que vocês tenham gostado dessa seleção de capas sinistras de livros de terror. Com certeza há muitas outras, mas como toda lista é pessoal, essas as minhas preferidas.

Inté!



06 julho 2018

O Vendedor de Sonhos: O Chamado


Com o passar dos anos deixei de ser um leitor adepto do gênero de auto-ajuda. Já li muito, mas hoje sinto prazer maior lendo outros tipos de livros. Apesar desse distanciamento, confesso que não resisto aos lançamentos de Augusto Cury. Sei lá, não consigo encontrar uma explicação plausível para essa mania: não gosto de auto-ajuda, mas amo as obras de Cury. Caraca, dá pra entender?!
E foi graças a essa estranha paixão que acabei comprando “O Vendedor de Sonhos”, obra lançada pela editora Academia há 10 anos. Li a obra recentemente e posso dizer que mais uma vez a escrita do cara mexeu comigo, à exemplo do que fez a coleção “Análise da Inteligência de Cristo ”.
Vou fazer aqui uma analogia para explicar melhor o que eu sinto lendo os livros do autor. Perto da minha cidade tinha um locutor de rádio que costumava declamar alguns poemas ‘em cima’ de umas trilha musicais românticas. Mêo, a voz do sujeito te hipnotizava!! Você ia ouvindo... ouvindo... ouvindo e pimba! De repente, você estava meio que em transe. Com os livros do Cury acontece a mesma coisa, pelo menos comigo. Entonce, sai o locutor, entra o escritor; sai a voz, entra a escrita. Deu pra entender?
Pois é, não foi diferente quando li “O Vendedor de Sonhos: O Chamado”. O livro traz a história de um homem misterioso -  que se intitula o vendedor de sonhos -, sem passado ou nome, que procura abrir a mente das pessoas mais desajustadas, por meio do método socrático.
Este homem lembra Jesus Cristo e as pessoas que ele consegue convencer lembram os seus apóstolos e discípulos. Cada um de seus seguidores tem um determinado problema em sua vida, mas a partir do momento que entram em contato com o protagonista da história, eles aprender a dar um valor maior para as suas vidas através dos ensinamentos do estranho personagem.
O livro me ensinou-me uma lição muito importante. A de que eu tenho de abandonar o meu lado workaholi, ou seja, parar de pensar só em trabalho e começar a me dedicar aos meus familiares, a pessoa que eu amo e também  sentir prazer nas pequenas coisas que a vida nos oferece. Fiquei assim, workaholi depois que o meu pai – o grande Touro – faleceu (aqueles que quiserem conhecer um pouco mais sobre o 'Kid Tourão' acessem aqui e aqui). A partir daí, mergulhei no trabalho, talvez como fuga para o vazio que ficou em minha vida, já que nós éramos muito ligados. Mas, poxa... nós estamos cercados de pessoas maravilhosas e momentos marcantes em nossas vidas que precisam ser agarrados e aproveitados, pois eles são muito bons e... passam. Ééé!! Vão embora! Imagine o suco da ultima das melhores frutas  existentes  no mundo  que você deixa de provar, simplesmente porque quer saber, antes,  se ninguém lhe enviou uma mensagem no WhatsApp? Então, você verifica a mensagem, percebe que se trata de algo banal e no momento que se vira para apanhar o copo de suco, percebe que alguém já o bebeu. Capiche?
Acredito que os personagens que seguem o vendedor de sonhos na obra de Cury somos nós com os nossos problemas. E para cada um, ele tem uma lição à ser dada, mesmo que seja um pequeno puxãozinho de orelha.
Um livro sensacional e que estimulou-me a ler os outros dois que completam a série: “O Vendedor de Sonhos e a Revolução dos Anônimos” e “O Semeador de Idéias”
Inté!


03 julho 2018

“Rio Sem Lei”, dos jornalistas Hudson Correa e Diana Brito, revelam os meandros da criminalidade e do poder paralelo no estado carioca


Uma das editoras que mais admiro pelas suas excelentes obras investigativas é a Geração Editoral. Obras como “HolocaustoBrasileiro” e “A Praga” podem ser consideradas verdadeiras jóias raras do jornalismo de investigação. A primeira jóia que citei retrata os maus tratos a pacientes de um dos maiores e mais conhecidos manicômios que existiu no País e  a segunda, resgata o drama enfrentado por milhares de brasileiros portadores de hanseníase que eram forçados - por lei federal -  a viverem em leprosários, longe da família e sem nenhuma esperança de cura. Daniela Arbex e Manuela Castro arrebentaram a boca do balão nesses dois livros-reportagem.
Agora, recentemente, a Geração Editorial acabou de lançar a sua terceira jóia rara do jornalismo investigativo: “Rio Sem Lei”. O subtítulo do livro - “Como o Rio de Janeiro se transformou num estado sob o domínio de organizações criminosas, da barbárie e da corrupção política”- já revela grande parte da essência de  seu conteúdo. E aqui vale frisar a coragem de Hudson Corrêa e Diana Brito que foram a fundo nas investigações. Cara para escrever um livro com essas características, rebuscando os meandros da corrupção política, dos milicianos, da máfia dos jogos e do tráfico de drogas - quebrando ao meio aquela antiga máxima de que ‘bandido não se mistura com polícia’ – é preciso ter muita coragem e determinação. Na realidade, para trazer à tona aos seus leitores as revelações bombásticas do submundo do crime no Rio, Hudson e Brito, ex-jornalistas da Folha de S.Paulo, enfiaram as mãos num verdadeiro vespeiro; o que só fez aumentar ainda mais a minha admiração profissional por eles.
A obra é um relato jornalístico do processo que levou o estado do Rio a ser tomado pela violência, por organizações criminosas e pela corrupção política, formando um  poder paralelo que  intimida e elimina quem atravessa no seu caminho. Entre as vítimas estão a juíza Patrícia Acioli, assassinada com 21 tiros na porta de casa, em 2011, e a vereadora Marielle Franco, executada com quatro tiros na cabeça, em 2018. O que já era uma guerra civil se transforma agora em conflito militar inédito na história do país. Pela primeira vez, desde a Constituição de 1988, houve intervenção das Forças Armadas na segurança pública de um estado. Ancorado em minuciosa investigação jornalística, esse livro revela como o Rio chegou a situação tão extrema.
Confesso que estou hiper-curioso para ler “Rio Sem Lei” que ao que tudo indica promete ser uma leitura fantástica. Tomara que não demore.
Torço pela oportunidade de resenhá-lo por aqui.
Inté.

Detalhes Técnicos
Título: Rio Sem Lei: Como o Rio de Janeiro se transformou num estado sob o domínio de organizações criminosas, da barbárie e da corrupção política
Editora: Geração Editorial
Páginas: 312
Acabamento: Brochura
Edição: 1ª
Ano: 2018

Instagram