31 agosto 2012

Sombras da Noite (Night Shift)



The Best. É assim que defino o livro “Sombras da Noite” que reúne uma coletânea de 20 contos do mestre do terror Stephen King. Com certeza, esse é o seu melhor livro de contos e uma das melhores obras já escrita por ele em toda a sua brilhante carreira.
Você sabe né, antologias de contos são complicadas; quase sempre tem umas historietas ruins prá caramba; e o que é pior; uns 30% dessas obras são recheadas com contos bobos ou estúpidos dos seus autores. E olha que isso é regra geral para todos os livros do gênero. Portanto, não espere comprar uma obra com 25 historias curtas escritas por um cara considerado ‘bam-bam’ pensando que as 25 serão fantásticas, de encher os olhos e a boca. Pensar dessa maneira é navegar contra a maré... é ser muito inocente, babaca, simplório e isso ou aquilo.
Bem, agora apague tudo isso que eu acabei de falar escrever, mas apague bem mesmo! Sabe por quê? Porque estou me referindo aos 20 contos de “Sombras da Noite”. Uma obra que foge totalmente do convencional, brindando os leitores com uma ‘tempestade’ de histórias incríveis, daquelas que ficam gravadas em nossa memória.
“Sombras da Noite”, simplesmente, não tem contos decepcionantes, todos eles conseguem satisfazer a legião de leitores de Stephen King. Ok, prá você não ficar pensando que estou sendo exageradamente otimista, vou dizer que dos 20 contos,  temos apenas dois medianos, mas mesmo assim, não desagradam.
Livrão, livraço, livro de aço; sei lá pessoal, definam da maneira que quiserem, o que sei é que “Sombras da Noite” é bom demais; definitivamente a melhor antologia de terror escrita por King ou... vou mais além... uma das melhores antologias de terror de todos os tempos.
Para que vocês tenham uma idéia da qualidade da obra, basta dizer que dos 20 contos, nove deles foram adaptados para o cinema: “O Ressalto” e “Ex-Fumantes Ltda, que fizeram parte do filme “Olhos de Gato”, de 1985;  “As Vezes Eles Voltam (1991), A Criatura do Cemitério (1990); O Passageiro do Futuro” (1992); Colheita Maldita (1984), adaptação do conto “As Crianças do Milharal”; Mangler – O Grito de Terror (1995); “Campo de Batalha” (na minissérie Nightmares & Dreamscapes – 2006) e Trucks – Comboio do Terror (1997).
Para que você tenha uma noção do enredo dos 20 contos do livro  resolvi publicar um pequeno resumo abaixo para ‘assanhar’ a curiosidade da moçada. Vamos lá!
01 – Jerusalem’s Lot
Conto escrito em epístolas, seguindo o mesmo exemplo de “Drácula”, de Bram Stoker. Em 1850, Charles Boone resolve se mudar para a localidade de Chapelwaite e vai morar numa casa que tem fama de mal assombra. Ele e seu criado começam a ouvir barulhos estranhos, principalmente nas paredes da casa. Boone narra, através de cartas, toda as suas experiencias  ao seu primo James, inclusive o momento em que ele decide explor o local e acaba indo parar num lugarejo chamado Jerusalém’s Lot. A partir daí o conto só vai crescendo em medo e terror até culminar com um final arrepiante... aliás, muito arrepiante... “Jerusalem’s Lot” está intimamente ligado a uma outra história famosa de King: “A Hora do Vampiro”.
02 – Turno de Cemitério
Fiquei impressionado com esse conto sobre ratos esquisitos e uma criatura maléfica que ocupam os porões de uma fábrica textil. Lembro que li o conto numa madrugada, sozinho em casa. Confesso que o negócio degringolou porque o medrosão aqui, não quis sequer se levantar da cama para ir ao banheiro fazer xixi. Ehehehe, pois é, tem contos que tem esse poder de persuassão. Na história de  King, um grupo de funcionários decide limpar os misteriosos porões da fábrica, afim de ganhar uma graninha extra. Já viu o que irá acontecer com o grupo de trabalhadores, né?
03 – Espuma Noturna
Kinga conta a história de um grupo de sobrevintes a um vírus letal que dizimou a maior parte da população mundial. Agora, eles terão de se unir para enfrentar inúmeros desafios – cada um mais perigoso que o outro – visando apenas a sua sobrevivencia neste mundo abandonado e solitário.
04 – Eu Sou o Umbral da Porta
Pretendo, brevemente, escrever um post sobre os dez contos de terror que mais me impressionaram durante toda a minha vida de leitor inveterado. Saiba que “Eu Sou o Portal” já tem presença garantida nessa lista. O conto provoca um terror visceral, daquele que prega em nosso corpo igual fumaça de churrasco e só vai sair dias depois. Creio que a história, após concluída, assustou até mesmo Stephen King. Um astronauta que voltou de uma viagem ao planeta Vênus acredita que um ser alienígencia-simbionte o está usando para sondar o planeta terra e se preparando para atacar. O tal organismo, habita o corpo do astronauta na forma de pequenos olhos em suas mãos. O homem fará de tudo para se livrar do terrível ser, nem que para isso, ele tenha que.... Bem, leia o livro é melhor!
05 – A Máquina de Passar Roupa
cartaz do filme baseado no conto de King
Ahahaha! A Marilda, empregada lá de casa, também é leitora viciada... viciada em tudo, desde Sabrina até King e passando por Nora Roberts. O motivo da graça é que certa noite em sua casa – como ela me disse – levou um baita susto quando o motor do tanquinho deu uma ‘bela’ raspada, fazendo um barulho pra lá de sinistro. Já era de noite – ela tem o hábito de lavar roupa nesse horário – e a pobre moça com o susto quebrou uma jarra novinha de cristal que escapou das suas mãos trêmulas, além de dar um grito  sufocado que mais parecia um grasnado, daqueles bem sofridos... Desculpem, mas não posso me conter ao lembrar como a Marilda me contou a sua breve aventura. É tiro e queda: caio na gargalhada! Motivo do susto da Marilda: o conto “A Máquina de Passar Roupa”. Ela tinha lido a conto no dia anterior. Mas, deixando as brincadeiras de lado, esse conto, realmente, assusta e muito! Uma máquina de passar roupa possuída decide aniquilar todos aqueles que chegam perto. Um policial descobre toda a verdade, mas ninguém acredita em sua história. Por isso, ele precisa ‘dar uma’ de Damien Karras e partir para o exorcismo contra a máquina!
06 – O Fantasma
Uma simples e inocente história de bicho-papão nas mãos de King pode provocar um medo horripilante. O conto “O Fantasma” é narrado pelo protagonista durante uma sessão com o psiquiatra. Ele procura o médico por que está atormentado pelas lembranças de um horrível monstro que se esconde de madrugada no guarda-roupa do quarto das crianças para matar os seus filhos. A história do personagem é tão absurda que o leitor pensa que o homem é louco. Todos os dias, ele se deita no divã do psiquiatra e despeja a sua história maluca. No final do conto de King, o leitor terá uma surpresa que jamais irá esperar. Algo incrível que irá gelar o sangue...
07 – Matéria Cinzenta
Inacreditávelll!!! King consegue transformar uma simples cerveja em algo assombroso, capaz de ‘botar’ medo no mais macho dos homens! Isso mesmo, aquela lourinha gelada tão desejada por todos nós, nas mãos do mestre do terror ‘vira’ uma coisa tenebrosa. PQP! O cara é bom mesmo! Nesse conto, um sujeito bebe uma cerveja num boteco, mas a dita cuja está com a data de validade vencida. O homem começa a passar mal e então vai para a sua casa, deixando para trás os amigos de bar. Ao chegar em seu lar, ele sofre uma estranha e aterradora metamorfose. É quando os seus amigos boêmios decidem sair em sua procura para saber o que aconteceu. No momento que um deles decide abrir a porta da casa do cara.... Ai... ai... ai... prepare-se para o inesperado... Depois desse conto, passei a conferir a data de validade de todas as loiras geladas que eu bebo...
08 – Campo de Batalha
Nunca me senti bem com bonequinhos homicidas. Deixe-me explicar melhor: histórias de soldadinhos, indiozinhos e o escambau a quatro que após ganharem vida saem por aí atormentado as suas vítimas de carne e osso. Esses contos me incomodam; não sei explicar o motivo, talvez porque em minha infância eu adorava brincar com esses infelizes bonequinhos e, assim, eles acabaram fazendo parte de uma fase da minha infância. Sei lá, a verdade é que essas  histórias me dão aquele friozinho na espinha. E foi isso o que aconteceu quando li “Campo de Batalha”, o oitavo conto do livro “Sombras da Noite”. Nele um assassino profissional após eliminar o seu alvo, volta para o seu apartamento e encontra um pacote com um baú de brinquedos contendo soldadinhos, tanques de guerra, mísseis, etc. O que o assassino não esperava é que esses bonecos pertenciam ao homem que ele eliminou e que agora ganham vida para vingar a morte de seu dono. O apartamento do assassino se transforma num campo de batalha e ele terá de utilizar todos os seus conhecimentos para tentar sair com vida desse pesadelo.
09 – Caminhões
`Cena do filme "Comboio do Terror"
Conto que deu origem ao filme “Comboio do Terror”, cujo roteiro para o cinema foi adaptado pelo próprio King. Imagine num belo dia, ao acordar, você descobre que o mundo dos humanos está sendo dominado por veículos! Prá ser exato: por caminhões, carretas, picapes, etc! Esses veículos ganham vida e então passam a perseguir e matar as pessoas. Em resumo esse é o tema de Caminhões. Neste conto, um grupo de pessoas fica sitiado numa loja de conveniência num posto de combustíveis, após os caminhões ganharem vida. Contexto, até certo ponto, violento, já que o autor descreve em detalhes os ‘homicídios’ cometidos pelos veículos que não perdoam e passam, literalmente, em cima de suas vítimas.
10 –As Vezes Eles Voltam
Assisti ao filme “As Vezes Eles Voltam” no início dos anos 90, em pleno advento do saudoso VHS. Êtcha nóiss! Que saudades da época da velha e boa fitona, que tínhamos de rebobinar após assistir aos filmes, já que era uma exigência da maioria das locadores de vídeo. Só fui ler o conto no qual o filme foi baseado há poucas semanas atrás. King conta a história de um professor que quando garoto ficou traumatizado ao ver o seu irmão mais velho ser espancado e morto por uma gangue. Alguns dias após o crime, todos os rapazes da gangue envolvidos no crime morreram num violento acidente. Agora, no presente, os alunos do professor começam a morrer misteriosamente e para cada aluno que morre, a vaga é preenchida por um dos assassinos do irmão do professor. O docente terá de enfrentar uma série de perigos para descobrir o mistério dessa gangue, pois só assim, terá tranqüilidade em sua vida.
11 – Primavera Vermelha
Em 1968, um assassino ataca várias garotas no campus da universidade de New Sharon, matando todas elas. Oito anos depois, o mesmo tipo de assassinato e com as mesmas características volta a acontecer no campus da escola. Tipo do conto onde o final reserva uma surpresa inesperada para o leitor. Pode conferir, vale a pena!
12 – O Ressalto
Cena de "O Ressalto", um dos contos do filme "Olhos de Gato" (1985)
O filme “Olhos de Gato” (1985), baseado em três contos de Stephen Kings, dos quais dois estão no livro “Sombras da Noite” marcou a minha geração. Assisti essa película quando era um pós-adolescente e até hoje não me esqueço das três histórias horripilantes que ainda provocam arrepios. A primeira história é sobre um grupo de fumantes anônimos que estarei comentando daqui a pouco, a segunda é sobre uma aposta completamente maluca e absurda e a última sobre um duende que todas as noites tenta roubar o ar dos pulmões de uma garotinha, mas encontra pela frente o heróico gatinho da menina que luta com garras e dentes contra o ser bestial. “O Ressalto” é a segunda história do filme “Olhos de Gato”. Um homem descobre que a sua mulher o está traindo com o seu professor de tênis. Então, ele manda o seu capanga prender o amante e levá-lo até o seu apartamento, onde oferece uma chance para o professor sair com vida. Ele terá que dar uma volta em torno de todo o 43ª andar do edifício onde o marido traído mora, se equilibrando sob o estreito ressalto do prédio. O final do conto reserva uma grande surpresa. Tipo da história, onde o leitor não consegue desgrudar os olhos das páginas.
13 – O Homem do Cortador de Grama
Achei esse conto muito bizarro, mas nem por isso, deixa de ser bom. Harold Parkette tem orgulho do jardim de sua casa e está a procura de um jardineiro que possa cuidar da área, já que a sua máquina de cortar grama está quebrada. Então, ele lê um anuncio no jornal publicado por um cidadão que se oferece para fazer esse tipo de serviço com todas as garantias. Imediatamente, ele contrata o sujeito que irá lhe deixa-lo completamente atordoado por causa do seus métodos incomuns de cortar a grama. A vida de Parkette irá se transformar num verdadeiro inferno e ele terá de lutar muito para sair com vida dessa confusão.
14 – Ex-Fumantes Ltda
James Wood (ao centro) em mais um conto do filme "Olhos de Gato"
Mais um conto que foi adaptado para o filme “Olhos de Gato”. Na minha opinião, a melhor história de “Sombras da Noite”. Um fumante inveterado resolve abandonar o vício do cigarro e para isso, procura uma agência chamada ‘Ex-Fumantes Ltda’ que utiliza métodos nada convencionais para os seus pacientes deixarem o tabagismo. Ele descobre que todos aqueles que ingressaram na agência para fazer o tratamento e acabaram tendo uma recaída sofreram conseqüências inimagináveis. Quando o vicio do desesperado fumante aperta, ele tenta ludibriar os profissionais da Ex-Fumantes Ltda, é então, que descobre o grave erro cometido.    
15 – Sei o que você precisa
Um rapaz nada atraente consegue encantar o coração de uma linda menina. Ele parece saber tudo o que a moça precisa, quais os seus gostos e os seus desejos, mas logo ela começa a desconfiar que isso não é normal, então a garota descobre o segredo do rapaz. Um segredo que faz a sua vida correr grande perigo.
16 – As Crianças do Milharal
Cen do filme "Colheita Maldita" (1984)
Conto que deu origem ao filme “Colheita Maldita”. Apesar de alguns críticos daquela época menosprezar a produção cinematográfica taxando-a de simplória, a verdade é que ela se tornou “Cult” e hoje, passou a ser encarada com outros olhos pela crítica. Estou se referindo ao filme original e não as ‘terribles’ sequencias que já devem beirar ‘umas’seis ou sete. Tanto livro quanto filme contam a história de uma cidade abandonada no meio-oeste americano, povoada por crianças psicopatas que tem como hobby eliminar todo e qualquer adulto que apareça pela frente. Nesta estranha cidade ninguém pode ultrapassar os 18 anos. Aqueles que atingem essa cidade são sacrificados. Então num belo dia, um casal em passeio de carro acaba se perdendo e vai parar na maldita cidade. Já viu o que os dois irão sofrer, não é?
17 – O Último Degrau da Escada
Conto que se enquadra melhor no gênero drama. Acho que nem poderíamos incluí-lo na categoria terror, o que prova a versatilidade de King. É a história de dois irmão que se amam e se respeitam mutuamente, mas um dia uma tragédia acaba colocando um fim nessa união. Muito bom! Gostei.
18 -  O Homem que Adorava Flores
Todos ficam admirados com um rapaz que passa pelas ruas cantarolando muito feliz e segurando um buquê de flores. Todos acreditam que ele vai ao encontro de sua amada. Será que vai mesmo??
19 – A Saideira
À exemplo de Jerusalem’s Lot, esse conto também tem ligação direta com “A Hora do Vampiro”, um dos grandes clássicos de King. Mas se Jerusalem’s acontece antes dos fatos de “A Hora do Vampiro”, funcionando muito bem como prólogo; o contexto de “A Saideira” se encaixa logo após a história do sanguessuga. Dois homens saem debaixo de uma terrível nevasca para resgatar uma família, então....
20 – A Mulher no Quarto
Esta história fecha com chave de ouro o ciclo de contos de “Sombras da Noite” e novamente, King deixa mais do que evidente toda a sua versatilidade, já que “A Mulher no Quarto” dificilmente se enquadra no gênero terror. Apesar disso, é um conto que prende o leitor da primeira a última página. Um drama agoniante. Nele, King conta o desespero de um filho que assiste a sua mãe morrer aos poucos num leito de hospital, sofrendo dores atrozes. Ele ama demais a mãe para vê-la nessa situação. Em certo ponto da história ele tem que tomar uma decisão: optar pela eutanásia ou deixar asua mãe viver...
Taí galera, um breve resumo dos 20 contos que fazem parte do livro “Sombras da Noite”. Como já disse, em minha humilde opinião, o melhor livro de contos do mestre do terror.
Você irá encontrar essa obra com facilidade em qualquer livraria, já que foi relançada pela Editora Objetiva há três anos, basta sair à caça.
Inté!

24 agosto 2012

As 10 crianças mais malvadas da literatura


Durante as minhas décadas de leitura “cruzei” com muitas crianças malvadas nas páginas de romances que foram devorados com avidez. Estes diabinhos disfarçados de anjos inocentes me despertaram sentimentos que foram do medo ao terror e da raiva a ira.
Quantos heróis e heroínas comeram o pão que o diabo amassou nas mãos dessas crianças. Alguns “mocinhos” acabaram se sucumbindo, partindo dessa para outra melhor, como foi o caso dos padres Merrin e Karras. Este último, mesmo conseguindo vencer a diabólica criança possuída por um espírito do mal, acabou pagando a sua vitória com a própria vida.
Hoje resolvi fazer uma listinha ‘meio’ atípica, ou seja, enumerar as 10 crianças mais malvadas da literatura. Vamos à ela:
01 – Damien Thorn (A Profecia)
Li esse livro nos meus 15 ou 16 anos, tão logo foi lançado em 1976. Ainda bem que a minha mãe não tinha esse lance de ficar me proibindo certos tipos de leitura; quer dizer, desde que não fossem aquelas revistinhas que se julgavam capazes de competir com a Playboy... entenderam né? Afora isso, valia tudo. Terror, literatura adulto, policial, suspense; enfim, desde que fosse o  bom e velho livro, tudo na paz.
E confesso que o livro “A Profecia” de David Seltzer me impressionou. Desde que li a história e vi o filme sobre o menino Damien Thorn, supostamente tão inocente, mas que na realidade era a incorporação do próprio anticristo, o número 666 nunca mais foi o mesmo. Hoje, sei lá, não me sinto bem com essa combinação numérica, por isso mesmo, procuro fugir dela. Segundo o romance de Seltzer, o 666 seria o número da besta ou do anticristo em hebraico. Esse número aparecia no couro cabeludo do pequeno Damien.
Seltzer conta a história de um famoso embaixador do Reino Unido, cuja mulher perdeu dois bebês e não agüentaria o choque de uma terceira perda, então Robert Thorn, ao descobrir que Katherine Thorn perdera uma terceira criança, faz um acordo com um padre numa maternidade italiana. Ele adotaria um recém-nascido cuja mãe morrera no parto e nada contaria a sua esposa. Ocorre que o bebê adotivo tem origem satânica, sendo o anticristo em pessoa.
Damien transforma a vida do casal num verdadeiro inferno, matando de uma maneira cruel todas aquelas pessoas que desconfiam de sua verdadeira personalidade. Ele tem um objetivo mais do que diabólico para todos da raça humana. Damien não é uma criança... ele é a encarnação do mal.
02 – Regan MacNeil (O Exorcista)
Uma pestinha dos infernos! Não existe definição melhor para essa menina de 12 anos, após ter sido possuída pelo demônio Pazuzu. Regan MacNeil, outrora tão inocente, acabou se transformando no próprio demônio.
Não teve, certamente, quem não sentiu aquele friozinho na espinha ao ler “O Exorcista”, de Willian Peter Blatty, onde a Regan possuída aprontou coisas horríveis e repugnantes dando um trabalho danado para os padres Merrin e Karras. Durante o ritual de exorcismo, os dois sacerdotes acabaram morrendo, mas antes de perder a vida, Karras conseguiu expulsar o demônio, a socos, do corpo da menina.
03 – Gage Creed (O Cemitério)
Gage Creed nem sempre foi um menino do mal, ao contrário, ele, juntamente com a sua irmã Ellie formavam uma dupla amorosa e até mesmo obediente aos pais. Quer dizer... até o momento em que Gage foi atropelado por um caminhão e o seu pai, ensandecido, decidiu enterrá-lo num misterioso cemitério indígena que segundo a lenda devolvia a vida aos mortos que ali fossem sepultados.
De nada adiantou o pai de Gage ser alertado por um amigo seu que já conhecia a fama do local. Lá vai o Sr. Louis Creed enterrar a criança na terra amaldiçoada. Resultado: Gage Creed volta a vida como um ser monstruoso e horripilante com corpo de criança, mas voz de adulto. Isso não é nada perto da personalidade maldosa que esse pequeno zumbi adquiriu, capaz de matar por simples prazer.
Gage Creed é o personagem principal do livro “O Cemitério”, de Stephen King, escrito em 1983 e que se transformou num dos maiores sucessos do mestre do terror, ganhando uma adaptação para o cinema em 1989 que se chamou "Cemitério Maldito".
04 - Isaac (As Crianças do Milharal)
Alguns pensam que o filme “Colheita Maldita” foi baseado num livro homônimo de Stephen King. Nada a ver. Na realidade, esse livro não existe, o que há é um conto chamado “As Crianças do Milharal” que faz parte do livro “Sombras da Noite”, uma antologia de contos fantásticos do mestre. Qualquer dia desses comentarei todas as histórias da obra nesse blog.
Em “As Crianças do Milharal”, King narra de maneira dramática o drama de um casal que vai parar numa cidade que fica lá onde o Judas perdeu as botas. Durante uma viagem, eles se perdem e acabam entrando numa misteriosa cidade onde só vivem crianças; e diga-se de passagem, apenas crianças do mal. Nem preciso dizer que o jovem casal vai comer o pão que o diabo amassou ao ficar sob o domínio desse maléfico grupo.
O exército de crianças é comandado por um garotinho de nove anos chamado Issac que tem o ‘péssimo’ hábito de sacrificar os seus colegas quando eles atingem a idade adulta. Está explicado porque, nessa cidade medonha só tem pirralhos.
05 – Eli (Deixa-me Entrar)
Adicionar legenda
Nem Owen, nem Abby... Ah! Esqueça também o filme dirigido por Matt Reeves em 2010 e que alcançou um relativo sucesso nos cinemas. No livro “Deixa-me Entrar” as coisas são bem diferentes, à começar pelo nome dos protagonistas. Na obra literária do sueco, John Ajvide Lindqvist, o garotinho que sofre bullying na escola se chama Oskar e não Owen, e a sua amiguinha sanguessuga protetora se chama Eli. O enredo filme x livro também é bem diferente, com um golzinho a mais para o livro que é bem melhor.
Mas agora não estou aqui para falar escrever sobre o enredo do livro ou filme. O foco desse post são os personagens da obra de Lindqvist; para ser mais explícito: a personagem.
Eli, apesar de ter o seu lado protetor e amigo com Oskar é uma menina má, aliás, muito má. Essa mudança em seu caráter acontece quando ela fica sedenta por sangue e então sai à caça de suas vítimas. Eli, na realidade é uma vampira, e sem aquele lance de ‘vampirinha do bem’ que acabou virando uma mania mundial após a saga Crepúsculo. A menina, quando se transforma fica má e passa a atacar as suas pobres vítimas com toda a determinação do mundo, já que é uma predadora.
Merece estar nessa galeria!
06 – Mary Bell (Gritos no Vazio)
Mary Bell difere muito dos outros cinco personagens acima: ela é real. Isso mesmo, Mary Bell existiu de fato e a sua vida acabou se transformando num livro de grande sucesso escrito pela jornalista austríaca Gitta Sereny.
Bell foi um serial killer mirin. Ela cometeu os seus assassinatos com apenas 10 anos! A menina estrangulou um garoto de 3 anos chamado Martin Brown e dois meses depois, mataria Brian Howe de 4 anos. Sabe o que ela fez com Howe? Ok, lá vai... foi você que pediu, por isso não reclame. Primeiramente, ela estrangulou a vítima, assim como fez com Brown; logo depois perfurou suas coxas e genitais, e para encerrar a barbárie com chave de ouro,  escreveu um M na barriga do garoto com uma lâmina de barbear. Krrrrrrrrrrrrr. Cara, toda essa atrocidade com apenas 10 anos!! Esses crimes aconteceram em 1968
Os psiquiatras classificaram Mary Bell como psicopata. Ela acabou sendo recolhida para uma clínica de doentes mentais, onde ficou por tempo indeterminado.
A infância de Bell provou que a garota tinha instinto assassino. Certo dia ao ver um grupo de meninas brincando, ela tentou estrangular uma delas que acabou escapando por pouco. Além disso, agrediu a enfermeira de sua escola que sofreu horrores em suas mãos.
Mary Bell foi libertada em 14 de maio de 1980, arrumou um emprego como garçonete, voltou a morar com a mãe e também se casou. Em 1984 nasceria o seu filho, criança a qual ganhou o direito de cuidar. Tudo indica que os anos de tratamento surtiram efeito, já que ela acabou se tornando uma boa mãe.
A ex-serial killer pediu na Justiça anonimato para ela e sua filha. Aos 51 anos, segundo informações, virou avó. Hoje, ninguém sabe de seu paradeiro. Em 2000, antes de “desaparecer”, concordou em contar a sua vida para a jornalista Gitta Sereny. Nasceria assim, o livro “Gritos no Vazio”, enorme sucesso de vendas na época e que certamente valeu um bom dinheiro para Bell.
Especialistas acreditam que a infância sofrida de Mary Bell tenha contribuído para o desenvolvimento de seu “lado negro”. Só para que os leitores entendam, ela era filha ilegítima de uma prostituta de 17 que sofria de transtornos mentais.  Durante a sua infância, Mary Bell era constantemente humilhada pela mãe que, inclusive, tentou matá-la, entupindo- a de remédios. Como se isso não bastasse, a sua mãe a obrigava – mesmo sendo uma criança – a se despir e fazer sexo oral com os seus clientes. Resumindo, a menina teve uma verdadeira escola para se tornar a assassina perigosa em sua infância. O livro de Sereny conta em detalhes a vida de Bell. Para leitores e leitoras fortes...
07 – Bruna (A Corrente, Passe Adiante)
Há pouco tempo escrevi, nesse blog, uma crítica sobre “A Corrente - Passe Adiante”, livro do brasileiro Estevão Ribeiro que nos apresenta uma criança infernal. Quem ainda não viu o post, recomendo que leia, pois assim, irá entender melhor do que é capaz uma menina chamada Bruna.
Este ser sobrenatural na pele de uma criança demoníaca tem como hábito enviar correntes pela internet para as suas vítimas. Caso, os desavisados que não acreditam nessas balelas, se recusem repassar a corrente para outras pessoas, eles sofrerão a fúria de Bruna que passará a perseguí-los até matá-los da forma mais horripilante e surreal possível..
08 – Voldemort (O Enigma do Príncipe)
Tom Servolo Riddle, ou simplesmente, Lord Voldemort, considerado o mais poderoso bruxo das trevas de todos os tempos. Quem acompanhou a saga do menino-bruxo Harry Potter sabe do que estou falando. Em “O Enigma do Príncipe”, 6º e penúltimo livro da série escrita por J.K. Rowling, ganhamos a oportunidade de conhecer o Voldemort ainda criança, nos seus 11 anos de idade.
Na história, Potter descobre na escola de Hogwarts um diário bem velho que teria pertencido a Tom Ridlle ou, simplesmente, Voldemort.
Neste livro, J.K. Rowling nos dá uma noção da maldade existente em Tom Riddle quando não passava de uma simples criança. Ficamos conhecendo também como o pequeno Hiddle acabou se transformando no perigoso e traiçoeiro bruxo das trevas, temido por todos.
09 – Kevin Khatchadourian (Precisamos falar sobre Kevin)
Olha, vou revelar algo. Estou criando coragem para ler a obra da escritora Lionel Schriver. Não que eu esteja com medo, mas existem livros tão densos que se não estivermos com as nossas baterias 100% carregadas, “a coisa complica’. Então bate aquela melancolia, aquela tristeza e pronto, lá se vai o nosso dia. Quero ler esse livro sem nenhuma preocupação, bem tranqüilo, afinal de contas eu não sou de ferro! A história de Schriver é braba meu amigo! E bota braba nisso! O leitor tem que ser mais forte do que truque de caminhão.
O autor nos apresenta Kevin Khatchadourian, que aos 16 anos promoveu uma chacina fictícia, liquidando numa só tacada: sete colegas, uma professora e um servente de uma escola. A história é narrada em primeira pessoa pela mãe do pequeno assassino, Eva Khatchadourian, no formato de cartas que escreve ao pai de Kevin.
Um amigo meu, também fissurado em literatura, leu a obra de Schriver e me revelou que Kevin é o mal em forma de criança/adolescente. O garoto é malcriado, dissimulado, mimado, grosso, enfim, tudo isso e muito mais.
Disse que ficou horrorizado com o trecho em que Kevin, ainda criança, de propósito, fura o olho da própria irmã como se fosse algo normal; além de realizar ‘umas’ brincadeirinhas pisicóticas com cães, gatos e ramsters. Ah! Advinhem, se eles conseguem viver... nem preciso falar...
O livro “Precisamos falar sobre Kevin” foi adaptado para o cinema em 2011 e recebeu muitos elogios da crítica.
10 – Lavinia Herbert ( A Princesinha)
Depois de tantos vilãozinhos e vilazinhas letais, decidi fechar esse post com uma “criancinha do mal” mais maneira. Ela não é um serial killer, não tem instinto assassino e muito menos está possuída por algum espírito das trevas; mas que ele é má, isso é! Estou me referindo a Lavinia Herbert, a criança que estudava no mesmo internato de Sara Crewe, a princesinha do título.
No romance de Frances Hodgson Burnett, a maldosa Lavínia tentava fazer de tudo para prejudicar Sara no internato. Lavinia, na verdade, tinha inveja. O ciúme que tinha de Sara era fora do comum. Até a chegada da nova aluna, Lavinia se sentia a menina mais importante da escola, a chefe do mundo. Dominava as crianças menores e tinha ares de importante com aquelas de seu tamanho. Lavinia era ardilosa e chegava ao ponto de inventar calunias para desmoralizar Sara.
Uma vilã dos contos infantis, que certamente deixou muitas crianças e pré-adolescentes com raiva.
Por hoje é só!

16 agosto 2012

A Essência do Mal


Talvez eu desagrade muitas pessoas que lerem esse post; pessoas que devoraram as páginas de “A Essência do Mal”, de Sebastian Faulks e... gostaram.
O livro foi cercado de “expectativas mil’ por causa das suas credenciais. Afinal de contas, depois de um verdadeiro morticínio contra 007 cometido por pseudo-autores que se auto-entitulavam os verdadeiros sucessores de Ian Fleming; familiares do escritor conseguiram dar uma bola dentro e convidaram um sujeito de peso para escrever uma nova aventura que marcasse as comemorações do nascimento de Ian Fleming. O sujeito de peso se chama Sebastian Faulks; um baita escritor! Para que você tenha uma idéia da capacidade de Faulks, basta citar que, em 2008,  ele foi considerado pela crítica especializada, o escritor britânico mais  conceituado da atualidade. Em 1995, foi nomeado Autor do Ano pelos British Book Awards com “O Canto dos Pássaros”, o seu quarto romance. Quatro anos depois, ele lançaria a sua obra prima: Charlotte Gray, que em 2001 daria origem ao filme “Charlotte Gray – Uma Paixão sem Fronteira”. Esta produção cinematográfica, impecável, com a talentosa Cate Blanchett, à exemplo do livro, arrancou elogios de público e crítica. Pois é, foi essa fera com credenciais de sobra que escreveu “A Essência do Mal”. E quer saber de uma coisa: o livro saiu uma porc... Ok, me desculpe; sendo mais ameno: foi uma grande decepção, pelo menos para mim. Olha, juro que queria escrever bem sobre o livro, queria mesmo, afinal de contas sou fã de carteirinha de 007 e vinha aguardando com ansiedade, expectativa, sofreguidão, desespero e isso e mais aquilo, o lançamento de “A Essência do Mal”. Também não era para menos, já que a obra iria marcar o centenário do nascimento de Fleming! Tinha de ser algo de primeira! Mas então, sai um James Bond amorfo, um capanga de vilão esquisito e sádico ao extremo, um vilão sem graça e uma Bond-girl... Bond girl? Onde??  Pra ser sincero, nem me lembro da personagem.
Culpa de quem? De Sebastian Faulks? Na realidade, ele é o menos culpado nesse ‘samba do crioulo doido’. A maior responsabilidade irresponsabilidade é dos herdeiros de Ian Fleming. Essa cambada de  gananciosos que não satisfeitos em concordar com a produção de filmes cada vez piores sobre o personagem, decidiram dar continuidade a publicação de livros escritos por ‘sucessores’ de Fleming.
A carnificina começou poucos anos após a morte do autor quando a Fundação Fleming, controlada por seus familiares, decidiu contratar outros escritores para seqüenciar o grande legado deixado, pensando é claro no faturamento, na mina de ouro que as histórias de Bond haviam se transformado. A partir daí foi lançado um turbilhão de livros, inclusive novelizações de filmes horrorosos que arrebentaram o agente inglês. Mas isso é assunto para um outro post. O tema agora é “A Essencia do Mal”. Essa  divagada legal que o blogueiro aqui cometeu, até que foi importante, para que você entenda a seguinte lição: em obras primas ou personagens lendários não se mexe, porque eles tem um elo de ligação muito forte com os seus criadores. Assim, a partir do momento que outros escritores decidem assumir a paternidade dessas obras primas ou personagens emblemáticos, eles estarão atirando no escuro e para todos os lados, pois os segredos da criação, composição, enfiam, da alma dessas histórias e personagens foram enterrados com os seus criadores. Resumindo foi isso que aconteceu com “A Essencia do Mal”.
Sebastian Faulks
Faulks até que tentou seguir a risca o estilo de escrita de Fleming; até que tentou criar um 007 semelhante ao original; até que tentou elaborar um vilão que se aproximasse dos emblemáticos Goldfinger, Dr. No, Rosa Klebb ou Blofeld; mas, não conseguiu.
O enredo de “A Essência do Mal” se passa na década de 60, em plena Guerra Fria. O vilão Dr. Gorner pretende iniciar um ataque terrorista contra a União Soviética, usando como arma um avião britânico seqüestrado. A culpa do ataque seria creditada à Inglaterra que, certamente, seria devastada por conta da retaliação do governo russo. Parte do plano acaba vazando e chega ao conhecimento do MI6 que envia 007 para investigar, de perto, Dr. Gorner e descobrir como o vilão pretende seqüestrar um avião em território inglês.
Dr. Gorner não é um vilão a altura do agente inglês. Deixe-me explicar melhor: ‘a altura o agente inglês criado por Fleming’; porque o 007 de Faulks é tão fraco quanto o vilão da história. Resultado: ambos se anulam, deixando o enredo sem sal e açúcar. O guarda-costas de Gorner, o chinês Chagrin não passa de um sádico, e chato ainda por cima! Devido a um experimento realizado em seu cérebro, o cara não sente dor e tem como hobby ficar enfiando espetinhos de madeira nos ouvidos de suas vítimas.
Fico pensando em Oddjob, o guarda costa de Goldfinger; aquele oriental forte e atarracado de chapéu côco com uma aba afiada e mortal.  Apesar de mudo, Oddjob tinha carisma suficiente para gerar tensão nos leitores. Quanto a Chagrin, não assusta ninguém; só gera um sentimento de repulsa e mau estar pelo seu sadismo.
Enfim, um livro que ficou devendo e muito nas comemorações do centenário de nascimento de Ian Fleming. Depois dessa frustração fiquei receoso de encarar o novo livro do agente inglês, dessa vez, escrito por  Jeffery Deaver, outro escritor muito competente, à exemplo de Faulks. Deaver é o autor de Carte Blanche..
 Enquanto o receio de uma nova decepção não me abandona, prefiro deixar de lado Carte Blanche e encarar outros livros...

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