31 outubro 2022
O Sorriso da Hiena
O
Sorriso da Hiena de Gustavo Ávila não tem o poder de curar
o leitor de uma ressaca literária, mas é um bom livro; excetuando o final. Pode
ser que até grande parte dos leitores tenha gostado da conclusão da história,
mas no meu caso, por não apreciar finais abertos ou semi-abertos, simplesmente
me decepcionou. Não quero entrar em detalhes ou então liberar os tais malditos
spoillers que estão escancaradamente presentes na contracapa do livro – aliás,
deixe-me fazer um alerta para aqueles que pretendem ler a obra: ignorem a
sobrecapa e a contracapa que trazem spoilers cavalares do enredo – mas o final
envolvendo um dos vilões quebrou todo o clima do antefinal da narrativa; sim,
porque o livros tem mais de um vilão – um acentuadamente vilão, o outro vilão
por tabela e o terceiro, vilão por contingência do destino.
Adorei o “The End” envolvendo um desses vilões. Cara,
o autor foi muito feliz! Que final inteligente! Quando o leitor acredita que o
crime já caiu no esquecimento e que um dos envolvidos conseguiu escapar impune,
eis que acontece um fato completamente inesperado e o detetive Artur Veiga (adorei esse cara) crau! Dá o bote. O problema
maior se resume ao final dos outros dois vilões que achei muito mal resolvido:
um, rápido demais, do tipo vapt-vupt, e o outro final, em aberto. Sinceramente
não gostei.
Quanto a narrativa, como já ‘disse’ no início do post
é boa mas não para lhe tirar de uma ressaca ou Depressão Pós Livro (DPL). Se
você estiver passando por isso, indico outras obras, como essas aqui. Mas
independentemente disso, O Sorriso da
Hiena cumpre o seu papel; e excetuando os finais a que me referi, é uma
leitura agradável e fluída. Do tipo para ler, curtir e depois esquecer.
Além da fluidez do texto, outro ponto positivo da obra
é o detetive Artur Veiga criado por Gustavo Ávila. Que personagem! O autor foi muito
feliz na composição do policial que trava um duelo de inteligência com os
vilões, principalmente o vilão principal que utiliza um método cruel para
mutilar as suas vítimas ainda com vida. Arghhhhh Só em pensar me dá calafrios.
Ávila saiu da mesmice ao elaborar Artur Veiga. O
detetive é um personagem com um transtorno neurológico conhecido por Síndrome
de Asperger, um tipo de autismo que não causa nenhum atraso no desenvolvimento
intelectual, mas molda a pessoa com certas peculiaridades. As características
mais comuns são uma grande dificuldade em interagir com os outros e de entender
emoções não verbais, além de movimentos desajeitados. Mas por outro lado, o
personagem tem uma habilidade de lógica acima da média, além da tendência de
falar sempre o que pensa. Artur Veiga é considerado o melhor detetive da
Divisão de Homicídios da cidade, capaz de resolver os casos mais complicados.
Me diverti muito com as suas “tiradas”. Por não perceber emoções que não sejam
verbais e por sempre falar o que pensa - sendo sincero além da conta - ele
acaba vivendo situações engraçadas e também inusitadas. Fiquei super fã do
personagem.
Agora, sem spoilers: a narrativa é sobre um serial
killer que mutila as suas vítimas ainda vivas – uma mutilação, como já tive,
horrível e cruel. Depois de eliminá-las, some com os corpos. Ele faz isso por
causa de um trauma que sofreu na infância e agora quer que os outros também
sintam na pele o que ele sentiu.
Bem, é isso. Se revelar mais algum detalhe vou acabar soltando
spoilers como fez a contracapa do livro. Aiii que raiva!! Depois que li a
apresentação da obra na sobrecapa e a sinopse da editora na contracapa, comecei
o livro sabendo “uns” 40% da trama.
Valeu galera!
28 outubro 2022
Dez best-sellers que viraram filmes antológicos nos anos 70 e 80
Nos últimos dias, venho assistindo muitos filmes dos
anos 70 e 80 e confesso que estou adorando. Aliás, na minha opinião, as
melhores produções cinematográficas – aquelas que podemos chamar de antológicas
– foram produzidas nessa época. Após ‘maratonar’ alguns filmes ‘setentistas’ e
‘oitentistas’ parei para pensar quantas daquelas produções foram baseadas em
livros; e quantos desses livros fizeram sucesso. Daí veio a ideia dessa
postagem: elaborar uma lista de livros que foram transformados em filmes
marcantes nas décadas de 1970 e 1980. Espero que gostem. Torço, também, para
que essa toplist auxilie a galera saudosista na escolha de alguns filmes ou
livros daquele período para “matar” saudades e também o tempo ocioso. Vamos
conferir:
01
– O Exorcista (William Peter Blatty)
Livro:
1971 / Filme: 1973
O livro de William Peter Blaty é por demais
assustador. Tão assustador que demorei um bom tempo para lê-lo. Sempre fui
adiando a leitura porque achava que a história era muito pesada.
Lembro-me que nos meus dias de estudante secundarista,
quando era um verdadeiro rato de biblioteca, cheguei a sacar o livro (uma
edição de bolso em folha de papel jornal) da estante, mas ao ler as primeiras
páginas acabei desistindo. Não que o livro fosse ruim. Longe disso, a criação
de Blatty é uma verdadeira obra prima; o problema era comigo mesmo. Eu
considerava O Exorcista, o monte
Everest dos livros de terror e para encará-lo tinha que estar preparado. Não
queria fazer como fiz com o filme em minha pré-adolescência, quando resolvi
assisti-lo e depois... me arrependi.
Fiquei sem dormir alguns dias pensando na personagem da Linda Blair possuída
virando o pescoço para trás num ângulo de 360 graus e descendo uma escadaria
imitando uma aranha. Sei que hoje, esses efeitos especiais são um pouco simplórios,
mas há 50 anos eram, de fato, assustadores.
Bem, resumindo, após exorcizar todos os meus fantasmas
e chegar à conclusão que estava em “ponto de bala” para encarar o livro, não
pestanejei em compra-lo num sebo. Ao terminar a leitura pude ratificar que O Exorcista ainda tem o poder de
provocar muitos sustos e calafrios.
O filme de 1973 não fica atrás em seu tempo. Na época
houve relatos na imprensa de pessoas que passaram mal nos cinemas e tiveram que
ser retiradas por causa das cenas chocantes. O filme fez tanto sucesso que
provocou filas de vários quarteirões nos cinemas. Toda essa coqueluche acabou
alavancando ainda mais as vendas do livro de Blatty.
Entre tantas cenas antológicas, três delas marcaram
muito a minha vida de cinéfilo. A primeira delas foi aquela ‘descida” de escada
horripilante da personagem de Linda Blair após ter sido possuída. A garota
parecia uma aranha! A segunda cena marca a chegada do padre Merrin na casa dos
pais da garota Regan para dar início ao rito de exorcismo. Achei por demais
sinistra e tenebrosa aquela imagem do padre, todo de preto, debaixo de um poste
com iluminação fraca observando a casa onde iria entrar para enfrentar o
demônio. E por fim, a terceira cena que mexeu muito comigo foi o exorcismo de
Regan onde os padres Merrin e Damien Karras tentam expulsar o demônio do corpo
da garota.
Livraço e filmaço dos anos 70.
02
– It (Stephen King)
Livro:
1986 / Filmes: 1990, 2017 e 2019
Livro e filmes fantásticos! Sei que muitos criticam a
produção de 1990 chamada “It – Uma Obra Prima do Medo”, mas o filme tem as suas
virtudes; inclusive, na minha opinião, achei o palhaço Pennywise interpretado
pelo ator Tim Curry bem mais sinistro e assustador do que aquele vivido por Bill
Skarsgård nas produções de 2017 e 2019.
“It Uma Obra Prima do Medo” foi concebido para passar
apenas na TV como uma minissérie, mas por causa do sucesso obtido na época,
acabou indo parar, também em VHS.
Quanto ao filme “It – A Coisa” que foi dividido em
duas partes (2017 e 2018) teve uma produção mais caprichada no que se refere
aos efeitos visuais, mesmo assim, repito, achei o Pennywise de Curry bem mais
assustador apesar dos efeitos visuais simplórios dos anos 90. Todavia, “It – A
Coisa” partes I e II recebeu muitos elogios da crítica e também do público
conseguindo uma excelente bilheteria.
Quanto ao livro de Stephen King, vejo como o mais
assustador de toda a carreira do mestre do terror. Apesar de suas quase mil
páginas devorei o enredo em poucos dias.
It
é claustrofóbico, angustiante, tenso e mete medo pra caramba. Enfim, tudo o que
uma obra de terror que se preze deve ter. O palhaço Pennywise das páginas é assustador.
De todos os vilões da literatura de terror, admito que esse palhaço maligno foi o que mais me provocou
calafrios; e nem fobia de palhaço eu não tenho. Ele é a própria essência do
mal.
03
– A Casa dos Espíritos (Isabel Allende)
Livro:
1982 / Filme: 1993
ACasa dos Espíritos narra a saga da fictícia família Trueba
no período de 1905 a 1975 e funciona como uma biografia disfarçada sobre vida
da autora - principalmente na segunda parte da saga que conta o golpe militar
ocorrido no Chile em 11 de setembro de 1973 que culminou com a deposição do
presidente Salvador Allende.
A escritora é sobrinha do ex-presidente do Chile e
relata no livro – mesclando personagens reais e fictícios - os momentos tensos
que culminaram com a eleição de Salvador Allende e logo depois com a sua
deposição e suicídio.
A obra de Isabel Allende vendeu muito em todo o mundo,
inclusive no Brasil, tornando-se um grande clássico da literatura mundial. A
adaptação cinematográfica seguiu o mesmo caminho do livro: sucesso de público e
crítica.
O diretor Billy August conseguiu reunir uma “rempa” de
atores que estavam em evidência no início dos anos 90, tais como: Meryl Streep,
Glenn Close, Jeremy Irons, Antônio Banderas e Winona Ruyder, entre outros.
04
– O Nome da Rosa (Umberto Eco)
Livro:
1980 / Filme: 1986
Ambientado num mosteiro franciscano italiano no ano de
1327, o livro de mistério histórico escrito por Umberto Eco foi publicado pela
primeira vez em 1980.
O frei Guilherme de Baskerville é enviado para
investigar os monges que estão sendo acusados de heresia, mas sua missão é
interrompida por assassinatos que lembram cenas apocalípticas. Mais que uma
história de investigação criminal, O Nome
da Rosa combina semiótica, análise bíblica, teoria literária e é, ainda,
uma preciosa crônica sobre a Idade Média.
O
Nome da Rosa foi publicado em 1980 e logo atingiu a
marca de 500 mil exemplares vendidos virando um grande Best-seller, sendo em
seguida traduzido para o alemão e o francês. Quanto a versão cinematográfica de
Jean-Jacques Annaud que chegou seis anos depois do livro de Eco, apesar de não
ter contato com o apoio da crítica, foi muito bem recebido pelo público. O
filme traz nos papéis principais o ator escocês Sean Connery e Christian
Slater.
Uma prova de que os críticos que malharam o filme
estavam errados é que “O Nome da Rosa” recebeu 17 prêmios, entre eles o César
de melhor filme estrangeiro, o BAFTA de Melhor Ator e Melhor Maquiagem, e cinco
prêmios David di Donatello, maior premiação do cinema italiano.
05
– Tubarão (Peter Benchley)
Livro:
1974 / Filme: 1975
Tubarão (aqui e aqui)é o clássico romance de Peter Benchley que deu origem ao primeiro blockbuster de Steven Spielberg. Mas, mesmo antes do sucesso nos cinemas, a obra literária converteu-se num fenômeno de vendas. O best-seller internacional foi o principal responsável em elevar os tubarões ao status de perfeitas encarnações do mal. Podem acreditar, tanto livro quanto filme conseguiram incutir essa mentalidade na maioria das pessoas.
A história se passa em Amity, um balneário ficcional
situado em Long Island, Nova York. Quando o corpo de uma turista é encontrado
na praia o chefe de polícia Martin Brody ordena o fechamento das praias da
região. Mas o prefeito Larry Vaughan, mais preocupado com o dinheiro dos
veranistas, consegue abafar a notícia e libera o banho de mar na cidade. O
banquete está servido.
O impacto dessa obra pop foi tão violento, que
gerações passaram a pensar duas vezes antes de cair no mar. O resultado foi a
perseguição desenfreada a esses peixes de dentes afiados, tanto é que Benchley
se tornou um ativista contra a matança indiscriminada dos tubarões.
O longa fez um sucesso tão grande, que superou outros
gigantes do cinema, como “O Poderoso Chefão” e no Brasil seu recorde só foi
batido mais de 20 anos depois pelo lançamento de “Titanic”.
06
– Primeiro Sangue (David Morrell)
Livro:
1972 / Filme: 1982
Rambo é um dos personagens mais icônicos de toda a
história da sétima arte, responsável por projetar a carreira de Sylvester
Stallone que ficou conhecido como um dos atores mais famosos de filmes de ação,
elevando o seu nome no topo da lista dos “brucutus” do cinema. Mas o que pouca
gente sabe é que o primeiro filme “Rambo” que abriu as portas para a franquia
do herói nas telonas foi baseada num livro de David Morrell chamado Primeiro Sangue. O filme Rambo só viria
dez anos depois do lançamento da obra literária.
Inspirado pelos sucessos de livro e filme, Morrell decidiu
escrever as novelizações de Rambo II e Rambo III.
Diferente do filme de 1982, o personagem das páginas
não pensa duas vezes em puxar o gatilho para eliminar quem entre em seu caminho;
para ele a sua única amiga é a liberdade e para alcançá-la é capaz de tudo. O
ex-combatente do Vietnã provoca várias mortes, até mesmo de pessoas inocentes,
tudo para conseguir fugir e se ver livre.
O embate entre Rambo e o xerife Teasle é eletrizante e
ao contrário do filme, o personagem não usa uma faca multifuncional, mas apenas
um rifle e isso já é o suficiente para provocar uma chacina durante a sua fuga.
Vale lembrar que o filme “Rambo” foi responsável por
impulsionar as vendas de Primeiro Sangue dez
anos depois do lançamento do livro. Hoje a obra de Morrel está quase esgotada,
sendo vendida a peso de ouro nos sebos.
07
– A Cor Púrpura (Alice Walker)
Livro:
1982 / Filme: 1985
O filme é baseado no livro homônimo da Alice Walker
(vencedor de vários prêmios, incluindo o Pulitzer) e começa no ano de 1909 no
sul dos EUA durante o período pós-abolição da escravidão, mas com algumas
regiões do País ainda resistentes às mudanças.
Walker narra a história da personagem Celie (Whoopi
Goldberg) que sofreu abuso sexual de seu pai, tendo 2 filhos com ele e o mesmo
pai a casou (de forma forçada) com o Albert Johnson (Danny Glover), que a trata
com desdém, com um comportamento análogo à escravidão. Seu único lampejo de
alegria é na convivência com a sua irmã, Nettie, mas não demora muito para que
elas sejam separadas pelo Albert.
O filme acompanha 40 anos da vida da protagonista
vivida por Goldberg que neste meio tempo conhece duas personagens que vão mudar
drasticamente a sua vida: Sofia, vivida pela Oprah Winfrey e Shug, papel da
Margaret Avery.
Livro e filme fizeram um baita sucesso e foram muito
elogiados pela crítica. Os cinéfilos e leitores também adoraram.
A produção cinematográfica dirigida por Steven
Spielberg concorreu a 11 Oscars, mas infeliuzmente não ganhou nenhum. A
indiferença foi percebida e gerou controvérsias porque muitos consideraram o
melhor filme de 1985.
08
– O Chefão (Mário Puzo)
Livro:
1969 / Filme: 1972
Lançado em março de 1969, o livro O Chefão de Mário Puzo encabeçou a lista de mais comercializados do
New York Times, relação onde permaneceu durante 67 semanas. A adaptação para o
cinema reforçou esse sucesso e, ao mesmo tempo, deu um novo impulso para que a
obra seguisse rendendo boas cifras. Contagens mais recentes indicam que “O
Chefão” vendeu, ao menos, 21 milhões de exemplares pelo mundo.
O estrondoso sucesso de vendas da obra literária de
Puzo acabou despertando interesse da Paramount Pictures que não pensou duas
vezes em produzir um filme baseado no livro. Nasceria assim uma produção
antológica que entraria para os anais da história da sétima: “O Poderoso
Chefão” com Marlon Brando e Al Pacino.
Em quase todas as listas de melhores filmes de todos
os tempos, “O Poderoso Chefão” aparece em primeiro lugar. Críticos e fãs de
cinema o idolatram.
O diretor do longa, Francis Ford Coppola comprou uma
briga enorme com a Paramount que não queria que Marlon Brando interpretasse Don
Corleone pois o ator tinha fama de indisciplinado e também não gostaram da
escalação do então desconhecido Al Pacino para o papel de Michael Corleone. Mas
graças a persistência de Coppola o filme saiu como o planejado.
Mais um filmaço e mais um livraço!
09
– O Expresso da Meia-Noite (Billy Hayes)
Livro:
1977 / Filme: 1978
Assisti “O Expresso da Meia-Noite” no cinema da minha
cidade em 1978, na data de seu lançamento. Mesmo após décadas, o filme dirigido
por Alan Parker e roteirizado por Oliver Stone não sai da minha cabeça. Uma das
produções cinematográficas mais densas que já vi. Ainda me lembro que saí do
cinema chocado com a temática explorada.
Muito tempo depois fiquei sabendo que o filme havia
sido baseado em um livro também chocante. E, agora, recentemente fui informado
que se trata de uma obra autobiográfica e por isso, uma história real.
Livro e filme contam a história do jovem Billy Hayes
(Brad Davis), que em 1970 está viajando de férias pela Turquia com sua namorada
Susan (Irene Miracle). No aeroporto de Istambul, prestes a embarcar para os
Estados Unidos, ele é detido com dois quilos de haxixe. É quando começa seu
calvário. Às voltas com ameaças terroristas, a polícia turca se mostra
especialmente intransigente.
Billy é investigado e apesar de colaborar, termina
preso. Tenta escapar, o que piora sua situação: é brutalmente espancado. Vai
parar na prisão de Sagmalcılar, que não é nada diferente daquilo que imaginamos
ser o inferno. Lá conhece Jimmy (Randy Quaid), um ladrão americano, Max (John
Hurt), um viciado inglês e Erich (Norbert Weisser), um traficante sueco.
Apesar da
intervenção de seu pai (Mike Kelin), Billy é condenado a quatro anos e passa a
viver os horrores de uma prisão onde só impera a desumanidade. Quando a justiça
turca estende sua pena para insuportáveis 30 anos, só resta a ele embarcar no
tal expresso da meia-noite, uma gíria usada pelos prisioneiros para se referir
ao plano de fuga pelos túneis subterrâneos da prisão. Mas vale ressaltar que
essa fuga não será nada fácil.
“O Expresso da Meia-Noite” se tornou um grande sucesso
nos cinemas. Também não poderia ser diferente, já que a produção contava com os
talentos Parker e Stone.
10
- Laranja Mecânica (Anthony Burgess)
Livro:
1972 / Filme: 1972
O livro de Anthony Burgess chegou ao Brasil, pela
primeira vez, em 1972 através da editora Artenova, 10 anos depois de seu
lançamento nos “States”. Na mesma data em que a obra desembarcava nas livrarias
brasileiras, também estreava nos cinemas, aqui da terrinha, o filme de Stanley
Kubrick baseado no enredo de Burgess. Tanto livro quanto filme se tornaram uma
verdadeira febre no País.
Aliás, a obra literária fez tanto sucesso que cinco
anos depois, a Artenova promoveria o seu relançamento com uma nova capa. A
partir daí, Laranja Mecânica foi
ganhando novas várias edições ao longo dos anos, sendo a mais recente aquela
lançada em 2015 pela Aleph. Três anos antes, em 2012, a editora colocou no
mercado uma edição comemorativa ‘chic nu urtimu’ alusiva aos 50 anos do livro
no Brasil.
O enredo criado por Burgess é tido como um verdadeiro
clássico da ficção científica; um marco na história da cultura pop e da
literatura distópica. Narrada pelo protagonista, o adolescente Alex, esta
brilhante e perturbadora história cria uma sociedade futurista em que a
violência atinge proporções gigantescas e provoca uma resposta igualmente
agressiva de um governo totalitário.
Ao lado de 1984,
de George Orwell, e Admirável Mundo Novo,
de Aldous Huxley, Laranja Mecânica é um dos ícones literários da alienação
pós-industrial que caracterizou o século 20.
A estranha linguagem utilizada por Alex, conhecida
como Nadsat, merece destaque na obra; criada pelo próprio Burgess, fornece ao
romance uma dimensão quase lírica.
A trama, que conta a história de uma violenta gangue
de adolescentes que sai às ruas buscando divertimento de uma maneira um tanto
controversa, incita profundas reflexões sobre temas atemporais, como o conceito
de liberdade, a violência – seja ela social física ou psicológica – e os
limites da relação entre o Estado e o Indivíduo.
Por hoje é só. Espero que leitores e cinéfilos tenham
apreciado a nossa lista.
23 outubro 2022
Dez opções de livros para você comprar na Black Friday
Resta pouco tempo para chegada da Black Friday 2022.
Cara, estou contando nos dedos as semanas que ainda faltam. E como todo
devorador de livros também estou visitando sites e mais sites, sebos e mais
sebos on line, preparando uma listinha de novos “bebês” que pretendo comprar,
torcendo para que eles estejam com descontos especiais ou pelo menos, frete
grátis no dia 25 do próximo mês.
Enquanto estava preparando a minha listinha, tive a
ideia de escrever essa postagem na esperança de poder auxiliar outros leitores
na escolha de livros nessa Black Friday. Parti do princípio de escolher as
obras mais vendidas e comentadas pela galera, independentemente de ser
lançamento ou não.
Garanto que não selecionei nenhum desses livros de
forma aleatória; conheço todos eles, mesmo não tendo lido alguns: “uns” dois ou
três. Apesar disso, aqueles que eu não li, procurei pesquisa-los nas redes
sociais. Fui atrás de comentários e críticas para fazer uma avaliação justa.
Quanto aos que eu li, se estão aqui, é porque gostei.
Mas sem mais delongas e milongas vamos a nossa toplist
da black Friday desse ano. Podem reservar algum dinheirinho extra porque essas
obras são “Dez”.
01
– O sete maridos de Evelyn Hugo (Taylor Jenkins Reid)
Quer saber o motivo da escolha desse livro para a
nossa lista? Eu conto. Apesar de Os sete maridosde Evelyn Hugo ter sido lançado há quase três anos, ele ainda continua
ocupando inúmeras listas de obras mais vendidas, entre as quais a da Revista
Veja e também da Amazon. Além do mais eu amei o enredo. Por isso, não dá para
deixar de fora a obra escrita por Taylor Jenkins Reid.
A personagem Evelyn Hugo consegue te prender do início
ao fim. A medida que detalhes e segredos de sua vida vão sendo revelados, o
leitor fica cada vez mais curiosos para saber mais e mais.
À exemplo de Daisy
Jones & The Six – outro sucesso da autora, lançado no mesmo ano – a
história de Os Sete Maridos de Evelyn
Hugo conquistou uma legião de leitores. Prova disse é que apesar do livro
ter sido lançado nos Estados Unidos em 2017 e no Brasil em 2019, ele
encontrava-se, até a semana passada, entre os 10 mais vendidos na listagem da
Amazon.
Aos setenta e nove anos, Evelyn Hugo é uma lenda do
cinema. Com seu icônico cabelo loiro e dona de uma beleza de dar inveja, seguiu
um roteiro digno dos filmes que protagonizou: deixou para trás a origem simples
para se alçar ao estrelato e se transformar na grande sensação das telas nos
anos 1960. Nos bastidores, levou uma vida igualmente agitada, incluindo sete
casamentos e muitos escândalos nos tabloides de fofocas.
Vivendo reclusa em seu apartamento no Upper East Side,
a famigerada atriz decide contar a própria história ― ou sua “verdadeira
história” ―, mas com uma condição: que Monique Grant, jornalista iniciante e
até então desconhecida, seja a entrevistadora. Ao embarcar nessa misteriosa
empreitada, a jovem repórter começa a se dar conta de que nada é por acaso ― e
que suas trajetórias podem estar profunda e irreversivelmente conectadas.
02
- Daisy Jones & The Six: Uma história de amor e música (Taylor Jenkins
Reid)
Quando você comprar Os Sete Maridos de Evelyn Hugo aproveite e também inclua no pacote Daisy Jones & The Six: Uma história de amor
e música. Garanto que a Taylor Jenkins Reid arrebentou nessas duas obras.
Os dois enredos irão propiciar uma leitura viciante. Merecem estar em nossa
lista de compras nesta Black Friday. Daisy
Jones & The Six pode ser considerado um dos romances contemporâneos
mais aclamados pelos amantes do universo literário.
Da mesma forma como acontece em Os Sete Maridos de Evelyn Hugo, os personagens de Daisy Jones são
tão carismáticos que parecem reais. A ilusão que temos ao ler a obra literária
é que o “The Six”, grupo musical fictício dos anos 70, de fato, existe. A minha
sensação foi a de que Daisy Jones, Billy Dune, Graham Dunne, Karen Sirko e os
demais integrantes do grupo eram de carne e osso. Parecia que eu estava lá no
meio da gritaria dos fãs assistindo um show da banda, vivendo o clima
contagiante de uma apresentação ao vivo; presenciando os desentendimentos,
erros e acertos do “The Six”; vendo uma Daisy Jones tão real que a minha
impressão era de que a personagem estava se abrindo comigo revelando os seus
segredos, as suas alegrias e principalmente as suas tristezas.
Cara, um livro tão bom assim só poderia ir parar no
cinema ou na TV. E assim será. A obra literária de Jenkins Reid vai ganhar uma
minissérie de 12 capítulos no Prime Video, streaming da Amazon. As gravações já
terminaram e agora é só aguardar a definição de sua data de estreia na TV.
03
– Verity (Colleen Hoover)
Verity
lançado aqui no Brasil em 2020 arrebentou em vendas, tornando um dos preferidos
de toda a galera que aprecia o gênero thriller psicológico.
Apesar de ter sido lançado há mais de dois anos, o
livro ocupa a sexta posição na lista de livros mais vendidos da Amazon.
Confesso que não sou muito adepto das obras de Colleen Hoover, mas Verity se tornou uma exceção. Gostei
muito do livro, apesar do seu final que achei meio assim e assim... mas no
geral, trata-se de um excelente thriller psicológico e merece fazer parte dessa
lista.
Finalista do prêmio Goodreads como melhor romance de 2019,
Verity narra a história envolvendo um casal apaixonado, uma intrusa e três
mentes doentias. Verity Crawford é a autora best-seller por trás de uma série
de sucesso. Ela está no auge de sua carreira, aclamada pela crítica e pelo
público, no entanto, um súbito e terrível acidente acaba interrompendo suas
atividades, deixando-a sem condições de concluir a história... E é nessa
complexa circunstância que surge Lowen Ashleigh, uma escritora à beira da
falência convidada a escrever, sob um pseudônimo, os três livros restantes da
já consolidada série. Para que consiga entender melhor o processo criativo de
Verity com relação aos livros publicados e, ainda, tentar descobrir seus
possíveis planos para os próximos, Lowen decide passar alguns dias na casa dos
Crawford, imersa no caótico escritório de Verity - e, lá... bem, digamos, que
as coisas começam a se complicar. Podem incluir em sua lista da Black Friday,
vale a pena.
04
- É assim que começa (Colleen Hoover)
Pois é, disse acima que não sou fã dos livro de
Colleen Hoover, mas não posso negar que a autora está dominando a maioria das
top lists de obras mais vendidas no País. Para que você tenha uma ideia, basta
dizer que na sondagem da Amazon, a autora ocupa as quatro primeiras posições,
além de três lambujas, no caso a sexta, décima nona e vigésima colocações.
Cara, só dá a escritora!! Portanto, eu não poderia ser hipócrita e rifá-la da
lista.
É
assim que começa ocupa a primeira posição dos mais
vendidos na Amazon. Isso prova que a galera leitora amou o livro. A narrativa é
a sequência da história do casal Lily e Atlas de É Assim Que Acaba. Caráculas... acho que vou ter que indicar uma
terceira obra de Hoover nessa lista.
Nesta sequência, a personagem Lily Bloom, agora
separada de seu ex-marido abusivo, continua administrando uma floricultura
quando acaba reencontrando um antigo namorado. Ela acredita que chegou a hora
de recomeçar a sua vida ao lado de Atlas, sua antiga paixão, mas tudo seria
perfeito se no caminho do casal não estivesse o ex-marido abusovo e ciumento.
05
– É assim que acaba (Colleen Hoover)
Vichiiii! Colleen Hoover, de novo. Não tem jeito,
vamos ter de inclui-la novamente em nossa lista de opções para a Black Friday
desse ano. O problema é que se você ler apenas É assim que começa ficará completamente perdida (o) porque o enredo
é uma sequência direta de É assim que acaba.
Capiche? Portanto, o correto é ler os dois livros sequencialmente. Resultado:
se a galera leitora optar pela compra de um deles nessa Black Friday terá de
comprar o outro.
Em É assim que acaba,
Colleen Hoover nos apresenta Lily, uma jovem que se mudou de uma cidadezinha do
Maine para Boston, se formou em marketing e abriu a própria floricultura. E é
em um dos terraços de Boston que ela conhece Ryle, um neurocirurgião confiante,
teimoso e talvez até um pouco arrogante, com uma grande aversão a
relacionamentos, mas que se sente muito atraído por ela.
Quando os dois se apaixonam, Lily se vê no meio de um
relacionamento turbulento e abusivo que não é o que ela esperava. Mas será que
ela conseguirá enxergar isso, por mais doloroso que seja?
O livro é considerado a obra mais pessoal de Hoovere e
explora as relações tóxicas, e como o amor e o abuso muitas vezes coexistem em
uma confusão de sentimentos.
06
– A biblioteca da meia-noite (Matt Haig)
Livraço! A
Biblioteca da Meia-Noite está recebendo rasgados elogios nas redes sociais.
Quem leu, gostou. Matt Haig narra a história da personagem Nora Seed que aos 35
anos é uma mulher cheia de talentos e poucas conquistas. Arrependida das
escolhas que fez no passado, ela vive se perguntando o que poderia ter
acontecido caso tivesse vivido de maneira diferente.
Após ser demitida e seu gato ser atropelado, Nora vê
pouco sentido em sua existência e decide colocar um ponto final em tudo. Porém,
quando se vê na Biblioteca da Meia-Noite, Nora ganha uma oportunidade única de
viver todas as vidas que poderia ter vivido.
Neste lugar entre a vida e a morte, e graças à ajuda
de uma velha amiga, Nora pode, finalmente, se mudar para a Austrália, reatar
relacionamentos antigos – ou começar outros –, ser uma estrela do rock, uma
glaciologista, uma nadadora olímpica... enfim, as opções são infinitas. Mas
será que alguma dessas outras vidas é realmente melhor do que a que ela já tem?
Em A Biblioteca
da Meia-Noite, Nora Seed se vê exatamente na situação pela qual todos
gostaríamos de poder passar: voltar no tempo e desfazer algo de que nos
arrependemos. Diante dessa possibilidade, Nora faz um mergulho interior
viajando pelos livros da Biblioteca da Meia-Noite até entender o que é
verdadeiramente importante na vida e o que faz, de fato, com que ela valha a
pena ser vivida.
07
– Histórias lindas de morrer (Ana Cláudia Quintana Arantes)
Como já escrevi neste post (confira aqui) que
publiquei no começo de abril, não há nem por brincadeira, nenhuma chance de
falar mal do livro de Ana Cláudia Quintana Arantes. Histórias Lindas de Morrer é muito bom, mas bom, de fato. Os
depoimentos de pacientes – através das palavras da autora - que estão em fase
terminal de determinadas doenças são por demais emocionantes e nos ensinam
muitas lições, entre elas, a importância do perdão e do amor incondicional.
Dedicada a quebrar o tabu sobre a morte no Brasil, Ana
Claudia que é médica paliativa nos traz uma coleção de emocionantes histórias
reais, colhidas em sua prática diária, em que a proximidade do fim nos revela
em toda a nossa profundidade.
São pessoas de várias idades, crenças e origens, que
deixam aos leitores verdadeiras lições de vida. Um dos capítulos que mais
despertaram o meu interesse foi aquele em que a autora abriu o seu coração ao
contar como enfrentou a perda de seu pai e de sua mãe que morreram,
respectivamente, de Colangite (uma inflamação das vias biliares) e Esclerose
Lateral Amiotrófica (a mesma doença do físico Stephen Hawking). Fiquei muito
emocionado com esses dois capítulos. Ana Cláudia explora o seu drama sob todos
os ângulos: vemos o seu comportamento como filha e também como médica e, então,
descobrimos todas as suas qualidades como profissional da área de cuidados
paliativos, a qual se tornou uma referência.
Li o livro da editora Sextante em dois dias, apesar do
grande fluxo de atividades que tinha que desenvolver em meu trabalho. A
narrativa dinâmica de Ana Cláudia deixa o leitor ligado em 220 Volts (como diz
um velho ditado popular). Mal você termina de ler um desses depoimentos, já
quer, imediatamente, embarcar na história de vida de um outro paciente.
08
– Vermelho, branco e sangue azul (Casey McQuiston)
Lançado em 2019, Vermelho,
Branco e Sangue Azul continua fazendo parte de várias listas de mais
vendidos, incluindo Amazon e Publishnews.
A trama de Casey McQuiston gira em torno do personagem
de Alex Claremont-Diaz, filho da presidente dos Estados Unidos, e seu
relacionamento com o príncipe Henry, um príncipe britânico, abordando temas de
divergências políticas e também humor.
Quando sua mãe foi eleita presidenta dos Estados
Unidos, Alex Claremont-Diaz se tornou o novo queridinho da mídia
norte-americana. Bonito, carismático e com personalidade forte, Alex tem tudo
para seguir os passos de seus pais e conquistar uma carreira na política, como
tanto deseja. Mas quando sua família é convidada para o casamento real do
príncipe britânico Philip, Alex tem que encarar o seu primeiro desafio
diplomático: lidar com Henry, irmão mais novo de Philip, o príncipe mais
adorado do mundo, com quem ele é constantemente comparado ― e que ele não
suporta.
O encontro entre os dois sai pior do que o esperado, e
no dia seguinte todos os jornais do mundo estampam fotos de Alex e Henry caídos
em cima do bolo real, insinuando uma briga séria entre os dois. Para evitar um
desastre diplomático, eles passam um fim de semana fingindo ser melhores amigos
e não demora para que essa relação evolua para algo que nenhum dos dois poderia
imaginar ― e que não tem nenhuma chance de dar certo. Ou tem?
09
– Mulheres correm com os lobos (Clarissa Pinkola Estés)
Podem acreditar! Um livro que foi lançado em 2018
ocupa, atualmente, o primeiro lugar na listagem dos mais vendidos da Revista
Veja na categoria “não-ficção”. Isso prova que a obra da analista junguiana Clarissa
Pinkola Estés é excelente, uma verdadeira joia lapidada.
Clarissa explica que os lobos quase sempre foram
pintados com um pincel negro nos contos de fada e até hoje assustam meninas
indefesas. Mas nem sempre eles foram vistos como criaturas terríveis e
violentas. Na Grécia antiga e em Roma, o animal era o consorte de Artemis, a
caçadora, e carinhosamente amamentava os heróis.
A analista junguiana acredita que na nossa sociedade
as mulheres vêm sendo tratadas de uma forma semelhante. Ao investigar o esmagamento
da natureza instintiva feminina, Clarissa descobriu a chave da sensação de
impotência da mulher moderna. Seu livro, Mulheres
que correm com os lobos aborda 19 mitos, lendas e contos de fada, como a
história do patinho feio e do Barba-Azul.
Clarissa mostra como a natureza instintiva da mulher
foi sendo domesticada ao longo dos tempos, num processo que punia todas aquelas
que se rebelavam. Segundo a analista, a exemplo das florestas virgens e dos
animais silvestres, os instintos foram devastados e os ciclos naturais
femininos transformados à força em ritmos artificiais para agradar aos outros.
Mas sua energia vital, segundo ela, pode ser restaurada
por escavações psíquico-arqueológicas' nas ruínas do mundo subterrâneo. Até o
ponto em que, emergindo das grossas camadas de condicionamento cultural,
apareça a corajosa loba que vive em cada mulher.
10
– Mentirosos (E. Lockhart)
Fecho essa lista com um dos melhores livros que já li
e que tem, por sua vez, um melhores plot twists que já vi. Aliás, existem
finais de livros que ficam guardados em nossa memória por toda a vida. Nós
podemos ficar velhos, e diga-se, muito velhos, e mesmo assim aquele final
sempre fará parte das nossas recordações. Os meus olhos ficaram úmidos com o
“The End” de Mentirosos. Estilhaçou o
meu coração e me fez entrar numa depressão pós-livro profunda.
Além do final emocionante, como já citei acima, se preparem
também para uma virada avassaladora na história, daquelas viradas que tiram o
chão do leitor. A tal virada acontece no último capítulo intitulado ‘Verdade’.
Posso garantir que é algo bombástico. É a partir daí que todos os
esclarecimentos chegam à tona. Mesmo a autora, em alguns trechos da trama,
liberando algumas pistas sobre esse final surpresa, certamente a galera nem irá
imaginar o que o último capítulo lhes reserva. É algo... sei lá, que não passa
pela cabeça de nenhum leitor. E quando você descobre a verdade, o seu queixo
cai.
Mentirosos
merece fazer parte dessa lista.
Taí galera! Espero ter ajudado. Agora é só escolher as
obras que mais despertaram o seu interesse e esperar o 25 de novembro para
confirmar a compra.
Inté!
18 outubro 2022
Realidades adaptadas
Não tenho como negar que no começo foi muito difícil
me conectar com o estilo narrativo de Philip K. Dick. Só fui... como posso
dizer... acho que o termo correto é “plugar”. Isso mesmo, só pluguei a partir
do início do segundo conto. Juro que estava para desistir da leitura logo de
cara, ao ler a história que serviu de base para a adaptação cinematográfica de
“O Vingador do Futuro” que se transformou num dos maiores sucessos de toda
carreira do brucutu Arnold Schwarzenegger. Depois, a leitura saiu do “modo
espera” e foi engrenando aos poucos; como aqueles carros que que fazem os seus
donos suarem sangue para pegar no tranco, mas depois que pegam, andam sem
nenhum problema, na ‘maciota’.
Por isso, já alerto os leitores dessa postagem que não
estão acostumados com o estilo de K. Dick para que se preparem, pois poderão
sentir a mesma sensação que eu tive. O conselho é para que não desistam, pois
os contos apesar seguirem a chamada linha “Dickniana” são muito bons.
E como posso definir essa linha que apelidei por conta
própria de “Dickniana”. Cara... olha é complicado, mas vou tentar expor o que
eu senti ao ler as histórias de Dick; vamos lá. O início das narrativas é uma
“bagunça só”. Jesus, o que é aquilo! São personagens mal aproveitados, pontas
soltas no enredo, argumentos confusos, plots bobos e etc, mais etc. Tanto é
verdade que ao começar a ler Realidades
Adaptadas tive a impressão de que o autor estava chapado enquanto escrevia
aqueles contos. E não é que eu estava certo! Depois que li o livro fiquei
sabendo que as loucura das páginas de Dick eram, de fato, um reflexo da mente conturbada
do escritor. Diagnosticado com doenças mentais e transtornos diversos como
agorafobia e paranoia, Dick não procurava acalmar a mente. Ao contrário. Escreveu
a maioria de suas obras sob o efeito de metanfetamina, uma droga potente e
viciante que conduz ao aparecimento de comportamentos psicóticos, além de
outros transtornos mentais como depressão. Além das drogas, o autor teve cinco
casamentos difíceis o que o fez se afundar ainda mais na dependência das
metanfetaminas. Resultado: internação em clinicas de reabilitação e algumas
tentativas de suicídio.
Acredito que o futuro sempre sombrio existente em suas
histórias foi o fruto desse período em que Dick estava loucaço. Suas narrativas
tem uma aura bem deprê que serve de pano de fundo para enredos que misturam
ficção científica e thriller policial sempre colocando em dúvida o que é e o
que não é real.
Mas toda essa coisa louca e sem sentido que, quase
sempre, rolam nos contos de Dick vão se esclarecendo aos poucos, ou seja, as
pontas soltas iniciais vão se amarrando com o desenrolar da narrativa até à
conclusão genial capaz de deixar os leitores, à princípio, decepcionados com a
história, com aquele Ohhhhhhh!!! de surpresa na boca. Resultado: se no início,
eles excomungavam a história, no final, eles passam a amá-la. Bem, acho que é
isso. Não sei se consegui explicar a essência das histórias escritas pelo
autor. Realidades Adaptadas deixa
muito evidente esse ponto de vista.
O livro com pouco mais de 300 páginas traz sete contos
conhecidos do autor que foram adaptados para o cinema, tornando-se filmes
conhecidos, alguns deles grandes sucessos de bilheteria como “O Vingador do
Futuro” e “Minority Report – A Nova Lei”.
Se você, infelizmente, é aquele tipo de leitor que traz
pronta na boca a frase infame: “Como já assisti ao filme não vou perder tempo
lendo o livro”, pode mudar esse conceito, pelo menos com Realidades Adaptadas, lançada pela editora Aleph. Os contos são
infinitamente diferentes dos filmes, mas diferentes ao extremo. Na minha
opinião, o único que se aproximou um pouco mais da produção cinematográfica foi
“O Pagamento” que pintou nas telas em 2003 numa superprodução de John Woo com
Ben Affleck e Uma Thurman nos papéis principais.
Confiram um pequeno resumo dos contos:
01
– Lembrando para você a preço de atacado
Adaptação
para cinema: O Vingador do Futuro
Muito, mas absurdamente diferente do filme “O Vingador
do Futuro” de 1990 com Arnold Schwarzenegger e mais diferente ainda do que o
remake de 2012 com Colin Farrell.
Neste conto escrito em 1966, Douglas Quail é um
escriturário que sonha em viajar para Marte, algo um tanto fora de suas
condições financeiras. A solução é a Recordar S.A., empresa que presta serviços
de implantes de memória, criando lembranças vívidas de eventos que não
aconteceram de fato. Ao procurar esse atendimento, Quail tem a surpresa de que
já existem memórias reprimidas em sua mente sobre uma estadia em Marte, o que
gera uma série de problemas e questionamentos sobre o que é realmente fato ou
invenção.
02
– Segunda Variedade
Adaptação
para cinema: Screamers – Assassinos Cibernéticos
O filme “Screamers – Assassinos Cibernéticos” foi
lançado em 1995 e dirigido pelo canadense Christian Duguay que cinco anos
depois faria o excelente “A Cilada” com Wesley Snipes, que muitos reputam como
o melhor filme tanto do diretor como do ator. Quanto a “Screamers – Assassinos
Cibernéticos”, apesar de ter recebido elogios da crítica, fracassou nos cinemas.
Uma pena, porque o filme é bom, apesar de ser muito diferente do conto no qual
foi inspirado.
Mas vamos ao resumo da história escrita por Dick.
Gostei muito dessa narrativa, apesar de ter descoberto o seu plot twist final ainda
no meio o conto.
Em Segunda
Variedade, esqueça os robôs bonzinhos de Isaac Asimov que seguem fielmente
as leis da robótica. Aqui, quem domina o enredo são máquinas cruéis e
sanguinárias. O homem utiliza estas máquinas para exterminar outros homens de
forma eficiente. E a estratégia que estas máquinas adotam durante a história é
covarde e cruel.
A história se passa em uma realidade distópica, em que
dois blocos, um liderado pelos Estados unidos e outro pela Rússia, estão em uma
guerra de consequências mundiais. A Rússia, por ter tomado a iniciativa, começa
em vantagem, obrigando inclusive o governo e os civis americanos a
refugiarem-se na lua. Quando tudo parece perdido para os Estados unidos, o país
cria uma nova arma que muda o rumo do confronto: os tais robôs assassinos.
03
– Impostor
Adaptação
para cinema: Impostor
Vou me abster de opinar sobre o filme lançado em 2001
já que não tive a oportunidade de assisti-lo, mas quanto ao conto, achei “da
hora”, bom mesmo. Dick põe em cheque a chamada crise ou mesmo perda de
identidade do personagem frente ao fato de ter certeza de suas próprias
memórias, mas carregando a dúvida: “serei eu um robô?”.
Este conto foi escrito em 1953 e narra a saga do
personagem Spence Olham, um cientista especialista em armas trabalhando para o
governo terrestre que tenta deter uma invasão dos alienígenas de Alfa Centauro.
Sua vida sofre uma reviravolta quando é acusado pela polícia secreta, liderada
pelo Major Hathaway, de ser um impostor - um clone cibernético perfeito do
verdadeiro Spencer Olham com uma bomba interna a ser usada para matar uma alta
autoridade do governo. Spencer não acredita ser um clone e consegue fugir das
instalações. Agora, ele tem que provar que não é um robô. Final surpresa.
04
– O Relatório Minoritário
Adaptação
para cinema: Minority Report – A Nova Lei
O conto de Dick escrito em 1956 deu origem a um dos
filmes mais elogiados do astro Tom Cruise. “Minority Report – A Nova Lei”
passou nos cinemas em 2002 e fez muito sucesso. O roteirista Scott Frank, o
mesmo de “O Nome do Jogo” e “Marley e Eu” usou poucos elementos do conto para o
filme dirigido por Steven Spielberg.
Na história escrita por Dick, Anderton (interpretado por
Tom Cruise nas telonas) é um policial fundador da Pré-Crime, agência do governo
que consegue, por meio de previsões de três precogs, antecipar futuros crimes e
prender os “infratores”. No dia em que seu novo e ambicioso assistente chega ao
departamento, porém, um relatório majoritário é expedido com o nome de
Anderton, prevendo um assassinato. Em dúvida se a acusação foi forjada ou um
erro do sistema, Anderton tem apenas uma certeza: sua salvação está no
relatório minoritário.
Este foi o conto que menos gostei do livro.
Sinceramente, não me empolgou. Etchaaa!! Bem complicadinho e além de tudo
parado. Não empolgou mesmo. Nunca pensei que um dia faria essa afirmação, mas
nesse caso vá lá: “prefiro o filme ao conto”. Putz, fiquei com peso de
consciência pela afirmação (rs).
05
– O Pagamento
Adaptação
para cinema: O Pagamento
Conto e filmaço ‘dez’. Bom mesmo. O filme só sairia
depois de um hiato de 50 anos. Isso mesmo, Dick escreveu O Pagamento em 1953 e a sua história só iria parar nas telonas em
2003.
No conto, o personagem Jennings acaba de acordar. Dois
anos atrás, ele fora contratado pela Construtora Rethrick como técnico e teve
sua memória apagada para não revelar detalhes da operação. Tudo em troca de um
bom pagamento, é claro. Ao chegar a Nova York, porém, é recompensado apenas com
sete bugigangas, entre elas uma chave e uma metade de ficha de pôquer.
Sentindo-se traído, Jennings só pensa em se vingar descobrindo a causa secreta
pela qual trabalhou, enquanto a polícia o persegue pelo mesmo segredo. Como já
escrevi no início desse post, o filme homônimo de 2003, dirigido por John Woo,
teve Ben Affleck e Uma Thurman como protagonistas. Achei a química dos dois
atores perfeita, contribuiu muito para o sucesso da produção.
06
– O Homem Dourado
Adaptação
para cinema: O Vidente
Talvez, alguns cinéfilos não concordem comigo, mas “O
Vidente” com Nicolas Cage, Julianne Moore e Jessica Biel pode ser considerado
um dos melhores filmes de suspense e ação dos últimos tempos. Com certeza, devo
estar sendo massacrado, nesse momento, por alguns críticos de cinema que leem
essa postagem já que a grande maioria considerara a produção de Cage uma bomba.
Só posso dizer: não penso assim. No meu caso, adorei “O Vidente”. Tanto é que
já assisti várias vezes.
O detalhe - para não fugir da regra, né? (rs) é que o
filme é completamente distinto do conto de Dick. Vou ser mais exato: o diretor
neozelandês Lee Tamahori (“007 – Um Novo Dia Para Morrer”) só aproveitou o nome
do personagem – Chirs Johnson, que no filme é conhecido por John Cadilac – e a
sua capacidade de prever o futuro. Quanto ao resto, esqueça: conto e filme são
muuuuito, mas muuuuito diferentes.
Na narrativa publicada em 1954, num futuro próximo, a
humanidade teme a gênese de uma raça superior. Com mutantes surgindo em todos
os cantos do planeta, as nações criam um organismo internacional, a ACD,
dedicada a eliminar qualquer indivíduo que apresente mudanças potencialmente
perigosas. Todos são varridos da face da Terra… ou quase. No interior dos EUA,
um garoto de cor dourada e poderes psíquicos é mantido escondido pela família
por 18 anos.
Já no filme, Chris Johnson (Nicolas Cage) ganha a vida
com um medíocre número de mágica em Las Vegas, mas sua habilidade de prever
alguns minutos do futuro é autêntica. Callie Ferris (Julianne Moore), uma
agente do governo, sabe disso e o convoca para ajudá-la a impedir que um grupo
terrorista detone uma bomba nuclear em pleno coração de Los Angeles.
07
– Equipe de Ajuste
Adaptação
para cinema: Os Agentes do Destino
À exemplo do que aconteceu com “Impostor” também não
assisti ao filme “Os Agentes do Destino” com Matt Damon e Emily Blunt exibido
nos cinemas em 2011. Por isso, também vou evitar comenta-lo, mas pelo o que eu
já li e ouvi sobre o assunto: ambos são infinitamente diferentes.
Na história publicada em 1954, tudo parecia um dia
como qualquer outro para Ed Spencer: acordar, beber o café que a esposa fez,
tomar um banho e sair. Por trás da monotonia da rotina, porém, uma equipe
trabalha em sintonia perfeita para garantir que o futuro saia exatamente
conforme o planejado. Uma única falha pode modificar a vida de Ed.
Não gostei do conto: estranho e tão surreal que
desanima.
Taí galera. No balanço final, gostei de Realidades Adaptadas. Os dois únicos
contos que não me agradaramu foram: O
Relatório Minoritário e Equipe de
Ajuste.
Recomendo a leitura, mas antes, friso o recado que dei
ao começar essa postagem: se você não conhece o estilo narrativo de Phillip K.
Dick, não desista logo no início da leitura; espere um pouco porque a narrativa
irá te ganhando aos poucos.