Hoje estou um pouco down e sempre que fico assim, por
algum motivo, gosto de ter alguém que eu conheça para conversar, mas... neste
domingo não dá. Não dá porque Lulu está longe, à serviço. Pois é, ela foi e eu
fiquei; fiquei na saudade (rs). Mas ainda bem que tenho vocês, seguidores do
blog, do Face e do Insta para divagar, um pouquinho, fugindo novamente da
proposta desse blog que é postar sobre livros.
Sei que já divaguei várias vezes por aqui, mas me
sinto bem “conversando” com vocês. Fico imaginando a fisionomia de cada um dos
seguidores – quero dizer, daqueles que eu conheço por fotos, jogando conversa
fora comigo. É galera, cada louco com a sua mania. A minha é essa.
Gente, nesta semana que terminou perdi várias pessoas
que eu conhecia por Covid-19, entre as quais três colegas leitores. Quando digo
leitores, estou querendo dizer que eles eram verdadeiros devoradores de livros.
Putz, foi duro o baque. Foi duro porque fico imaginando os projetos de leitura
dessas pessoas que ficaram para trás. O que estou tentando dizer é que ao
saberem que estavam em estado grave, à caminho da entubação ou então aguardando
vagas que nunca chegavam em um hospital, esse colegas ficavam pensando naquela
leitura que deixaram inconcluída, talvez para sempre; nos momentos importantes
e decisivos na vida de personagens especiais que conquistaram os seus corações
mas por causa da doença acabaram ficando para trás; sem falar naquele livro tão
sonhado, adquirido recentemente, que já tinha uma data marcada para o início da
leitura mas com a chegada sorrateira desse vírus maldito, os nossos devoradores
de livros foram obrigados a deixa-lo na estante porque tinham algo mais
importante e de última hora para fazer: lutar pela suas próprias vidas.
Marquinhos, Adão e Cláudia foram os meus três colegas
leitores que partiram. Galera, eles almoçavam, lanchavam e jantavam livros.
Pena que eram relapsos com relação aos protocolos de segurança anti-covid.
Máscaras? Dois deles, até que usavam, mas não como deveriam. Quanto ao
terceiro, esquece; ele (a) – não quero citar o nome – dizia que ficava sufocado
(a) e por isso dispensava o seu uso. Os três, tinham algo em comum: gostavam de
um bate papo com os amigos e por isso, as happy hours de final de tarde, com
direito a aglomerações, sempre aconteciam até o dia em que o vírus chegou sem
ser convidado.
Putz, fiquei com raiva dos três. Fiquei sim; muita
raiva porque gostava deles; eram pessoas boas e solidárias. Qualquer campanha
filantrópica na cidade, lá estavam eles, prontos para ajudar e o mais
importante: felizes em dar essa ajuda. Uma pena saber que nunca mais irei ver o
sorriso safado do Adão, as piadas sem graça do Marquinhos e o jeito de “Maria
Sabe Tudo” da Cláudia.
Marquinhos estava no início da Trilogia Bourne de Robert Ludlum. Antes de ficar doente me disse
que estava adorando A Identidade Bourne
e não via a hora de começar a A
Supremacia Bourne. Cara, eu via a
ansiedade nos seus olhos, mas aquela ansiedade gostava de sentir e de se ver.
Falei com a sua irmã há alguns dias e ela me disse que antes de ser internado, Marquinhos
havia dito que teria de voltar logo para a casa para concluir o primeiro livro
da trilogia. Isaura disse, então, para ele levar o livro e ler no hospital; na
lata, ele havia respondido que estava amando tanto a história que ela merecia
ser lida na tranquilidade de sua casa e não num hospital. Olha... doeu. Doeu
muito quando soube que o Marquinhos jamais iria terminar algo que ele estava
sentindo o maior prazer.
Só mesmo quem é leitor de carteirinha para entender o
que estou dizendo escrevendo. Aqueles que nunca foram tocados, em suas
vidas, pela varinha mágica da “Fada Leitura” jamais entenderão esse tipo
sentimento.
Outra leitora que fazia jus ao título de “devoradora”
era a Cláudia que chegava ao cúmulo de levar guardado em sua bolsa um livro
para ler nas festas ou nas happy hour. Certo dia, eu e Lulu, perguntamos porque
ela fazia isso já que não aproveitava nem uma coisa e nem outra. Ela nos respondeu
o seguinte: - Uma boa história deve ser lida em qualquer lugar, em qualquer
momento e em qualquer situação”. A Cláudia estava “devorando” e adorando Kindred de Octavia Butler; leitura
também inacabada, agora. Sei disso porque soube pelo Facebook que ela havia
começado a ler a obra dois dias antes de ser contaminada. ‘Pô Cláudia, porque
você tinha que ser tão festeira e tão descuidada, menina’.
Quanto ao Adão não sei qual livro ou saga estava
lendo, sei apenas que que a sua lista de leitura era enorme e cada vez que
comprava uma obra nova, ele vinha correndo contar a novidade para a tchurma da
qual eu fazia parte. No final, ele se foi e a sua lista ficou.
É isso aí pessoal, me desculpem por mais uma vez ter
fugido das resenhas e listas literárias, mas hoje eu precisava conversar com
alguém e acredito que encontrei o melhor caminho, aqui, no blog. Como já disse,
gosto de divagar com todos aqueles que acompanham o “livros e Opinião”.
Espero que essa postagem também sirva para
conscientizar muitas pessoas que amam ler, mas não estão se cuidando nestes
tempos de pandemia. Antes de ficarem doentes por descuido, pensem no livro que
vocês estão lendo e adorando ou então naquela obra literária que está acomodada
em sua estante esperando por você e lhe deixando tão ansioso para tê-la em mãos
e conhecer a sua história.
Valeu muito ‘falar’ com vocês!
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