O Último Reino (Crônicas Saxônicas – Livro I)

17 outubro 2015
Vinha enrolando ‘pacas’ para comprar o primeiro livro da saga “Crônicas Saxonicas” de Bernard Cornwell. Cara, eu estava muito temeroso. E como! Além de ser uma saga enooooorme com oito livros - pelo menos até agora, já que o 9º está a caminho e sabe-se quantos outros virão – o enredo não me atraia muito. Eu pensava que a história girava somente em torno de Alfredo, O Grande, que de fato existiu, e que livrou o território britânico dos invasores vikings. Aliás, se não fosse o monarca, hoje, a Inglaterra não existiria, já que a fúria avassaladora dos invasores dinamarqueses subjugava ao seu domínio toda força anglo-saxão opositora, quer dizer... menos, Alfredo; que conseguiu unificar os exércitos de várias regiões de seu reinado e encarar os destemidos e furiosos invasores.
- “Caraca!! Esse rei é o fodástico!” – exclamei. foi assim que acabei se interessando pela história, apesar da sua infinidade de livros. Mas como sou um cara desconfiado, antes de adquirir o primeiro volume de “Crônicas Saxonicas”, procurei dar uma investigada na vida de Alfredo. E... bem, foi aí que me decepcionei. Ok,ok que ele foi considerado o bam-bam-bam de toda a Inglaterra e o grande responsável pelo país existir nos dias de hoje, mas a vida do nosso rei era muito chata cara; aliás, chata demais. Pra começar, ele não era guerreiro. Tudo bem que o sujeito fosse astuto, inteligente, além de um estrategista incomparável, mas no campo de batalha, nada a ver. Então, pensei comigo: - “Meo! Pera aí! Os heróis mais carismáticos criados por Bernard Cornwell são guerreiros e ‘da gema’, daqueles que encaram qualquer tipo de batalha – por mais difíceis e até mesmo impossíveis que sejam -, além de assumir numa boa, sem nenhum temor, a primeira fila de uma parede de escudos”. Cara, eu não imaginava Alfredo como personagem principal num enredo desses. Capiche?
Quando já estava quase desistindo de encarar a saga, resolvi dar uma zapeada em algumas redes sociais e blogs específicos sobre as famosas crônicas e foi então que conheci Uhtred. E após conhecer esse guerreiro arrogante, convencido, sem papas na língua e nada leal – já que ora luta pelos dinamarquês e ora pelos saxões – entendi que Cornwell não iria jamais mijar foram do penico nesta nova saga. Afinal, ele é considerado o “Rei dos Escritores” quando se trata de romance medieval. Resultado: comprei o box com os cinco primeiros livros e, na semana passada, fechei a compra de mais três, restando, agora, apenas o 9º volume que ainda será lançado.
Ao misturar personagens reais com fictícios, o autor teve uma sacada de gênio, pois conseguiu contar a história real de um dos mitos da formação do povo britânico, sem torná-la enfadonha. Se temos um Alfredo cauteloso que prefere negociar com o inimigo, antes de levar a disputa para um campo de batalha; por outro lado, temos um Uhtred, cuja lei é a ponta de ‘Bafo de Serpente” (nome de sua espada). Para ele, o lugar de qualquer negociação é num campo de batalha entre duas paredes de escudos.
São dois personagens complexos que vão muito além do tradicional “me ame ou me deixe”. Algumas vezes, o leitor considera Alfredo o ‘cara dos caras’ e Uhtred um crápula. Em outras, a situação se inverte. Acredito que seja é dubiedade dos dois personagens que atrai o leitor. Mas posso garantir prá você: Uhtred superou todas as minhas expectativas neste primeiro livro; o sujeito é o máximo.
“O Último Reino” é o romance de abertura da série que conta a história de Alfredo, o Grande, e seus descendentes. Cornwell reconstrói a saga do monarca pelos olhos do órfão Uthred, um garoto nascido na aristocracia da Nortúmbria no século IX – um dos vários reinos ingleses - que aos 9 anos, após uma batalha que culminou com a morte de seu pai e de seu irmão, foi capturado e adotado por um poderoso guerreiro dinamarquês. Após viver mais de dois anos nas gélidas planícies do norte, apesar da pouca idade, Uhtred aprende a ‘maneira viking’ de sobreviver, as suas crenças e também como lutar. No entanto, seu destino está indissoluvelmente ligado a Alfredo, rei de Wessex, governante do único reino inglês a não se dobrar a fúria dos guerreiros do norte.
O primeiro volume de “Crônicas Saxônicas” dedica a maior parte de seu enredo à infância e adolescência de Uhtred entre os dinamarqueses. Mesmo seu pai e irmão sendo mortos pelo grupo de guerreiros do qual fazia parte o intrépido Ragnar, o garoto aprende a respeitar o dinamarquês, o qual, por sua vez, passa a tratá-lo como um filho.
Paralelamente, também na vida de Uhtred, seu tio Aelfric se apodera do reino de seu pai e chega a tramar a morte do sobrinho para consolidar o seu domínio. A traição do tio, serve para lembrar Uhtred de seu dever de reaver as terras da família, apesar de sentir cada vez mais dinamarquês. Isto o faz se aproximar ainda mais de Alfredo, mas a razão principal que o leva para o lado inglês é uma chacina que acontece numa fria manhã de inverno,  promovida por um dinamarquês, da qual só Uhtred e uma outra garota sobrevivem.
“O Último Reino” também serve ainda para apresentar Alfredo, o frágil, mas valente príncipe que assume o trono, após a morte de seu irmão. Alfredo é astuto, inteligente e um brilhante estrategista, além de um cristão fervoroso ao extremo e que vive cercado de padres e bispos, as vezes nada confiáveis. Já Uhtred é um pagão convicto que acredita apenas nos deuses nórdicos. Este é um dos motivos principais das brigas e desentendimentos entre os dois, mas o legal nisso tudo é que no fundo ambos se respeitam.
As cenas de lutas e as batalhas descritas por Cornwell em “O Último Reino” são fantásticas e dispensam comentários, principalmente a batalha de Cynuit que fecha o primeiro volume. O confronto entre Uhtred e Ubba que comanda os exércitos dinamarqueses é de tirar o fôlego. Ubba é considerado um lutador invencível, um verdadeiro deus para os dinamarqueses, mas adivinhe só quem é vai puxar a espada para desafiálo? Preciso dizer?
Gostei tanto de “O Último Reino” que o li em poucos dias e já comecei a encarar “Os Senhores do Norte”.

Inté pessoal!

8 comentários

  1. Sensacional! Também fui um desses que demorei para me aventurar, o catalisador da minha leitura, foi a série Vikings, que se quiser conferir também é interessante e se passa anos antes dos livros do Cornwell, focada no Ragnar. Comecei a ler em Março e hoje estou no final do sexto volume, os livros são viciantes! Reunindo coragem para começar a ler As Crônicas de Sharpe do autor.

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    1. Rafa, valeu demais pela dica! Qdo concluir "Crônicas" vou atacar a série Vikings. Ragnar - tanto pai quanto o filho - são personagens muito carismáticos.
      Thanks!

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  2. Faz vários meses que estou adiando para iniciar esta série tão conceituada. Farei o possível para iniciar este ano ainda ! E sobre a série Vikings vi por enquanto somente dois capítulos e achei de muita boa qualidade.

    bomlivro1811.blogspot.com.br

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    1. Maurilei, com relação as "Crônicas Saxônicas" posso lhe afirmar que os três primeiros livros são fantásticos!! Não tenho dúvidas de que o resto da série não decepcionará. Inicie logo a leitura :)
      Grde abraço!

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  3. amigos, leiam o livro! é muito bom! eu nunca fui de ler, meu primeiro livro foi o livro 1 das cronicas saxonicas, me arrependo por 28 anos n ter tido o habito de ler, mas nunca eh tarde. o livro eh muito bom, leitura simples, fácil de ler, o autor tem uma linguagem muito fácil de entender e sempre fica relembrando certos casos para você memorizar bem! leiam, vale muito a pena!

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    1. Valeu Unknown!
      Só posso dizer que o seu comentário foi muito feliz e pertinente.
      Abcs!

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  4. Simplesmente fantástico! faz um mês e meio que comprei um "kindle" para leitura, minhas viagens para o trabalho tanto na ida como na volta não foram mais as mesmas depois das leituras, já estou no quarto livro da saga, e não consigo parar de ler!! Já conhecia a saga do graal do mesmo autor o cara arrebenta estou assim amando as crônicas. A impressão que tenho ao ler os livros e que estou lado a lado com Uhtred nas paredes de escudos!!! kkkkk

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    1. Verdade Ezer,
      Já estou no 9º volume da saga e achei todos eles fantásticos.
      Abcs!

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