29 setembro 2017
5 livros sobre o massacre do Carandiru
Na segunda-feira, dia 02 de outubro, um dos mais
sangrentos massacres da história do sistema prisional brasileiro completa 25
anos. Uma das páginas mais tristes da história do nosso País e que repercutiu
negativamente em todo o mundo.
Ainda me lembro que no dia 02 de outubro de 1992, no
auge da minha terceira década de vida, estava trabalhando na redação da mesma
rádio onde continuo exercendo as minhas atividades quando no início da tarde o
‘bicho pegou’ na Casa de Detenção do Carandiru.
Naquela época a Rota ainda era considerada uma
espécie de tropa de elite da Policia Militar (PM) e só era convocada para atuar
em áreas de conflito em situação excepcionais, já que a sua especialidade era o
policiamento ostensivo nas ruas da capital paulista. De repente, entra um
colega na sala gritando: - Gente, a Rota vai invadir o Carandiru! – Pronto, a emissora
virou um pandemônio.
Na realidade, além da Rota estavam do lado de fora
da detenção, os policiais do Gate, Choque, Cavalaria e Corpo de Bombeiros,
totalizando aproximadamente 300 homens.
De acordo com a direção do Carandiru e o comando da
PM, houve uma tentativa de negociação, ignorada pelos presos. Ex-detentos, por
outro lado, alegaram que os presos sinalizaram a rendição antes de a polícia
entrar.
A polícia invadiu o pavilhão por volta das
16h30. Logo no primeiro andar, os policiais toparam com barricadas e um
detento morto pendurado de cabeça para baixo. De acordo com a perícia, a
agressividade policial aumentou e cerca de 30 prisioneiros foram mortos fora
das celas neste pavimento. Do terceiro andar em diante, não havia indícios de
conflito
Na versão oficial, aconteceu uma emboscada dos
detentos, equipados com armas de fogo, estiletes e facas com sangue contaminado
e sacos plásticos com fezes e urina. A polícia revidou com disparos de fuzis e
metralhadoras e 60% das vítimas foram mortas entre o primeiro e o segundo
pavimento. Cerca de 70% dos disparos certeiros dos policiais atingiram o
tórax ou a cabeça dos presos. Resultado: 111 presos foram mortos.
O coronel Ubiratan Gonçalves que comandou a invasão
foi condenado a 632 anos de prisão.
Como não poderia ser diferente, um evento dessa
intensidade e que polarizou as atenções em todo o globo acabou gerando, ao
longo dos anos, muitas obras literárias. Vamos conferir cinco delas que tiveram
grande sucesso:
01
– Estação Carandiru (Drauzio Varella)
Lançado em 1999, o livro é considerado um dos
maiores fenômenos editoriais brasileiros, com mais de 460 mil exemplares
vendidos e Prêmio Jabuti 2000 de Livro do Ano de Não-Ficção. Foi adaptado com
grande sucesso para o cinema. Público e críticos aplaudiram de pé.
“Estação Carandiru” narra o convívio entre o médico
Drauzio Varella e os presos durante dez anos de atendimento voluntário na Casa
de Detenção do Carandiru. Conta a história de presos com quem manteve contato,
a rotina deles, os dramas vividos e as crueldades cometidas no presídio.
Destaque para a narração, conforme a versão dos detentos, do dia 2 de outubro
de 1992, quando a PM invadiu o pavilhão 9 e matou mais de 100 presos.
Algumas edições, possuem fotografias das celas e
também de outras partes do presídio, além de alguns cartazes escritos pelos
presos.
02
– Pavilhão 9 – Paixão e Morte no Carandiru (Hosmany Ramos)
Hosmany Ramos era um médico famoso, intelectual
refinado, no final dos anos 70. Trabalhou com grandes nomes como Ivo Pitanguy,
fazendo fama e fortuna, mas de repente, por razões que nem ele mesmo consegue
explicar, viu-se do outro lado da lei. Acusado de vários crimes, tráfico de
drogas, contrabando, estelionato e até mesmo assassinato foi condenado há mais
de 40 de prisão. Depois de 35 anos preso, Hosmany conseguiu a liberdade. Em
2016, recuperou a autorização do Conselho Regional de Medicina para voltar a
trabalhar.
Em 2001, ele escreveu um livro de contos cortantes,
secos e duros, que revelam violentas histórias ambientadas na Casa de Detenção
do Carandiru. Na realidade, “Pavilhão 9 – Paixão e Morte no Carandiru”, não
teria sido escrito por Hosmany, mas sim por outro pessoa. Explicando melhor:
Ele teria guardado, em segredo, o relato de um bandido que conviveu com ele em
sua cela e depois veio a falecer.
03
– Carandiru – Um Depoimento Póstumo (Renato Castelani)
Esta obra escrita em 2008 é o relato de um dos
presos do Carandiru executados no fatídico dia 2 de Outubro de 1992. Trata-se
um uma obra espírita que narra a história de um rapaz que se chamava Zeca, um garoto pobre e sem esperança que
viveu na Zona Norte de São Paulo.
Após ingressar no mundo das drogas e do dinheiro fácil,
acabou se afundando num mar de lama até ser preso e encaminhado para o
Carandiru. Naquela casa de detenção passou por dias difíceis e complicados. O
lado bom de tanto sofrimento é que foi no presídio que conheceu uma moça que
passou a visitá-lo com freqüência e que se transformou no grande amor de sua vida. Por ela, poderia ter se
salvado, mas acabou desencarnando no massacre que ocorreu em 1992. A obra é um
testemunho sobre o massacre e também sobre a vida de Zeca.
Após dar uma fuçada na Net com o objetivo de
encontrar mais informações sobre o livro, todos os comentários que eu li foram
só elogios. Grande parte dos leitores derramou elogios para a obra lançada pela
editora Lachâtre.
04
– Vidas do Carandiru (Humberto Rodrigues)
O jornalista
Humberto Rodrigues, preso por um ano e meio no Carandiru, conta neste relato
como encontrou histórias de otimismo e esperança em meio ao inferno da maior
penitenciária da América Latina.
Ele foi preso e condenado no dia 23 de maio de 2000
por um crime que não havia cometido. As autoridades só reconheceram que o
jornalista era inocente um ano e meio depois. Caraca!! Que penúria! Portanto,
ele viveu todo esse período no inferno do Carandiru, sofrendo poucas e boas e
comendo o pão que o coisa ruim amassou. O livro é dividido em duas partes, na
primeira, o autor retrata a sua
realidade na casa de detenção e na segunda, ele conta a história de 12 outros
presos.
Tenho um colega de trabalho que já leu “Vidas do
Carandiru” e gostou muito, principalmente da primeira parte onde Rodrigues
narra o seu dia a dia. Pois é galera, imagine uma pessoa que nunca esteve presa
e de repente é ‘jogada’, injustamente, num mundo movido por regras
completamente diferentes daquelas que regem a nossa sociedade. Tá loko!!
O livro é isso aí; pelo menos a primeira parte.
05
– Carcereiros (Drauzio Varella)
Olha o ‘homi’ novamente aí. Drauzio Varella é fera,
meu amigo! Após
narrar o cotidiano dos presos em “Estação Carandiru”, Varella conta a vida dos
agentes penitenciários, as dificuldades enfrentadas no trabalho e as
consequências dele nos relacionamentos com amigos e parentes.
O livro começa com a narrativa de como um carcereiro
experiente impediu que a rebelião no pavilhão 9 ultrapassasse o muro e
contagiasse os presos do pavilhão 8 do Carandiru. O agente também conseguiu
fazer com que a PM não entrasse no bloco oito naquele sangrento 2 de outubro.
Digo sempre para os meus amigos: vida de agente
penitenciário é barra. E, de fato, é. Vejam só, na cidade onde moro, esses
profissionais tem fama de ganhar um ótimo salário, mas por outro lado, não
vemos o que eles sofrem atrás das muralhas. Conheço muitos agentes que ao
chegarem perto da aposentadoria estão com o seu lado psicológico em frangalhos.
Imagine, então, o que seria ser um guarda de
presídio no Carandiru? “Carcereiros” aborda
com profundidade esse assunto. Varella narra os
tormentos pessoais dos carcereiros com anos de histórias pra contar, os
problemas familiares, os acertos de contas do crime, as corrupções dentro e
fora dos presídios e outras ‘cositas mas’.
Taí galera, escolha o seu e boa leitura!
27 setembro 2017
Álbuns de figurinhas dos anos 60, 70 e 80 que deixaram muitas saudades
À exemplo do que fiz há mais de cinco anos quando
publiquei no blog esse post, hoje, novamente, vou fugir da proposta principal
do Livros e Opinião que é a de fazer postagens exclusivamente literárias, para
explorar um outro tema. Em minha opinião, acredito que valerá a pena essa
pequena ‘escapulida’ de assunto, afinal de contas, os famosos álbuns de
figurinhas não deixaram de ter, no passado, a sua função didática e de
entretenimento, iniciando na leitura muitos devoradores de livros. E o post de
hoje é dedicado, inteiramente, à eles: os álbuns de figurinhas.
Apesar de já ter tratado do assunto no post que
escrevi em 2011; no de hoje, abordarei apenas os detalhes relacionados aos álbuns
de figurinhas do passado que fizeram parte da infância de muitas pessoas que
viveram a geração dos anos 60, 70 e 80. Vale lembrar que em 2011, o post
explorava não só esses álbuns (escrevi sobre apenas sobre dois), mas também
enciclopédias e revistas.
Quer emoção maior do que ter nas mãos, álbuns que
marcaram a infância de gerações de leitores. Quem não se lembra dos saudosos
pacotinhos de figurinhas que comprávamos nas bancas, torcendo para que não
viessem cromos repetidos? Dos emblemáticos álbuns que davam prêmios? Das
figurinhas carimbadas? Dos jogos de bafo que praticávamos durante o recreio das
aulas no primário?
Os 10 álbuns da lista desse post farão muitos
leitores viajar décadas atrás, na época em que éramos crianças inocentes ou
então garotos despertando para a puberdade. Vamos à eles!
01
– Chapinhas de Ouro (1977)
Em 1977, a editora Dimensão Cultural lançou um álbum
que revolucionou todo o mercado do gênero. As figurinhas de papel cediam o seu
lugar para as chapinhas de metal redondas estampadas. Estou me referindo ao
álbum Chapinhas que era dividido em diversas categorias: Marcas Famosas da Época,
Copa do Mundo de 1930 a 1978, Desenhos Animados, Super-Heróis, Olimpíadas e
muitas outras.
Como eu estava acostumado com os álbuns
tradicionais, estranhei muito o Chapinhas de Ouro e acabei não me
familiarizando muito com ele. Na época em que foi lançado tinha os meus 16 anos
e estranhei o peso do álbum com todas aquelas chapinhas. Coisa de loko! Por
isso, preferia aqueles tradicionais com os cromos de papel. Eram mais práticos,
pelo menos para mim.
Mas tudo bem, cada pessoa com a sua opinião. Se o
Chapinhas de Ouro não fez a minha cabeça, por outro lado deve ter se tornado a
coqueluche na vida de muitas crianças e adolescentes de outrora.
02
– Perdidos no Espaço (1968)
A série “Perdidos no Espaço” lançou bordões inesquecíveis. Quem não se recorda do
antológico Robô B9 disparando o alerta: “Aviso! Aviso! Perigo! Perigo! Perigo!
Tem ainda o Dr. Smith com a frase: “Não tema, com Smith não há problema”. Mas nada
supera aquele bordão que ele soltava quando se encontrava em apuros: “Oh dor!
Oh dor!”.
No final dos episódios vinha o tradicional aviso: “Não
percam na próxima semana no mesmo horário e canal, mais um filme da série
perdidos no espaço”.
Cara, juro que estou emocionado com essas
lembranças, pois vivi o período de pura magia dos seriados de TV dos anos 60 e
70. “Perdidos no Espaço” foi um dos ases dessa época.
O seriado
contava a saga da família Robinson e da nave Júpiter 2 na exploração do espaço
em busca de novas civilizações, mas graças a um sabotador atrapalhado (advinhe
quem?), que também se encontrava a bordo da Júpiter 2, eles saíram de sua rota,
ficando 'Perdidos no Espaço'.
O sucesso da série acabou gerando um álbum lançado
no Brasil em 1968. A responsável pelo lançamento foi a Editora Verão que
já havia colocado no mercado outros produtos semelhantes com os temas de “Bonanza” e “Pra Frente Brasil”, esse, em
homenagem a conquista do tri-campeonato da nossa seleção no México em 1970.
Além das figurinhas do seriado de TV; o álbum nos
brindava com outras sessões, cujos nomes estavam relacionados com o espaço
sideral, temática principal de “Perdidos no Espaço”. Coisas do tipo: “O Homem e
o Universo”, com cromos sobre a conquista do universo pelo homem; “Galáxia da
TV”, com os artistas famosos da televisão daquela época; “Satélites do Riso”, sobre
os principais comediantes daqueles tempos; “Estrelinhas do Espaço”e por aí
afora..
“Perdidos no Espaço”, em minha humilde opinião foi
um dos melhores álbuns dos anos 60.
03
– Astros do Ringue (1979)
Os programas de luta-livre no Brasil passaram por
diversas fases e cada uma delas com um nome diferente. Tudo começou com na
extinta TV Excelsior, em 1965, com o nome de Telechat Vulcan. Dois anos depois,
o programa iria para a Rede Globo e já mudaria o nome para “Telecatch
Montilla”. Nos anos 70 seria a vez da Record adotar o já famoso show de luta
livre como “Os Reis do Ringue”. Teve ainda a fase da TV Bandeirantes; no final
dos anos 70 e início de 80 como “Astros do Ringue”.
A minha geração viveu muito mais as fases da Record
e da Bandeirantes. No meu caso, lembro perfeitamente dos Reis e também dos
Astros do Ringue. Fase que vive antes dos meus 18 anos. Após chegar em casa,
depois das peladas de futebol com os amigos, tomava um banho rápido e me
amoitava no sofá, na frente TV para assistir ao programa. Dali não saía até o
final da atração.
Os meu ídolos eram Fantomas, Mister Argentino, La
Múmia, King Kong e seu filho Renê, além de um sujeito que lutava vestido de executivo,
sempre segurando uma pasta tipo 007. Ele tinha uma secretária ‘bonitaça’ que
entrava com ele no ringue antes dos duelos. Tinha ainda os lutadores que eu
mais ‘odiava’: Homem Montanha, Michel Serdan (que tempos depois, entrou para o
time dos mocinhos), Aquiles – esse tinha o hábito de morder as orelhas dos
oponentes – e Belo, conhecido como ‘O Carrasco Português”.
Como fã incondicional do programa, não podia me
refutar de adquirir o álbum de figurinhas que teve várias edições. Particularmente,
me lembro de três edições: “Astros do Ringue” (1967), “Os Reis do Ringue”
(1970) e “Astros do Ringue Internacional” (1979). O álbum que ainda tenho
guardado é o de 1979 da editora Guarani. Ele é dividido em várias partes. Em
‘Eles Comandam o Show’, os destaques são as figurinhas do Homem Montanha, Gran
Caruso e Cangaceiro que eram os donos da Companhia de lutas, além do
apresentador do evento, Alexandre Santos. Na sessão ‘Os Grandes Ídolos’ temos,
entre outros, Michel Serdan, Sancho Pança e Senhor X. E por aí vai. O álbum tem
várias divisões.
O meu está guardadinho. Volta e meia, lá estou eu,
folheando-o e matando saudades daqueles tempos.
04
– A Turma do Paulistinha (1980)
Quem viveu os ‘loucos anos 80’vai se lembrar desse
álbum que fez a cabeça da molecada daquela época, e porque não, também dos
adultos.
“A Turma do Paulistinha” foi lançado em 1980 pela
Secretaria da Fazenda como parte de um concurso que distribuía 51.448 prêmios.
Para concorrer era preciso juntar notas fiscais simplificadas e cupons de
máquinas registradoras, no valor de qualquer compra. Os consumidores que
conseguissem juntar um total de Cr$ 500,00 em notas, ganhava o direito de
preencher uma cartela com todos os dados pessoais para trocá-la por um álbum
que vinha acompanhado por uma ficha de inscrição.
Conforme as pessoas fossem juntando mais notas ou
cupons de compras no valor de Cr$ 500,00, as trocavam por pacotinhos que
continham 10 figurinhas.
Cara, foi uma verdadeira coqueluche no início da
década de 80! Todos sonhavam em completar o álbum. Após cumprida a missão de
colar as figurinhas e preencher todo o álbum, só restava ao consumidor levá-lo
à um posto de troca e solicitar o seu cupom para concorrer a diversos prêmios,
entre os quais: 20 automóveis (4 Belinas, 4 Fiats 147, 4 Wolkswagen 1.300, 4
Dodges Polara e 4 Chevettes), 500 gravadores, 8 mil jogos de frescobol, 252
refrigeradores, 96 aparelhos de som 3 em 1 e muitos mais.
05
– Álbum de Figurinhas com Prêmios (1990)
Ahahaha!! Como nóis era ingênuu! Êta! Lembram-se
daqueles álbuns que davam prêmios? Pois é, nós gastávamos toda a nossa mesada
comprando figurinhas e o premio raramente ou muitas vezes, nunca saía.
Estes álbuns - com temas de super-heróis ou
personagens de desenhos animados da época -
por incrível que pareça acabaram tornando-se cults. Eles surgiram nos
anos 70 e duraram por aproximadamente três décadas.
Eram álbuns regionais, lançados por empresas que
ofereciam prêmios para os colecionadores que conseguissem completar cada
página. Mas, meu amigo... o problema era completar as tais páginas! Uma verdadeira
missão impossível.
Como a empresa que dava os prêmios era a mesma que
controlava de forma direta a produção das figurinhas, sempre tinha um cromo de
cada página que era produzido em pequeno número; verdadeira agulha no palheiro.
Acredito que algumas dessas ‘figurinhas difíceis’ nem sequer eram produzidas
pelas empresas. Resultado: na ânsia de completar a página para ganhar o prêmio,
você comprava um ‘caminhão’ de pacotinhos de figurinhas, ficava com um montão
delas repetidas e toda vez que olhava para a ‘marvada’ da página, via que
faltava um cromo para completá-la. Que raiva!
Quando comecei a colecionar esse tipo de álbum, a
sua produção já estava praticamente no final. Acho que até mesmo a criançada
desconfiou que se tratava de um golpe ou ‘semi-golpe’ de algumas empresas. No
meu caso, são fui descobrir perto dos 30 anos. Que vergonha para mim.
Comprei o álbum de uma empresa, não me lembro o
nome, e parei de preenchê-lo pela metade. Acho que acabei caindo na real. O
pior nisso tudo foi um ex-vizinho que vivia dizendo que havia ganhado uma
panela de pressão. Só que ele nunca mostrava a tão falada panela ou então a
página do álbum completada. Até hoje, não sei se ele estava tirando onda com a
minha cara ou se, realmente, ele tinha sido premiado.
06
– Álbum de Figurinhas Ping Pong Copa do Mundo de 82 (1982)
Se você é da geração dos anos 80, posso afirmar que
esse álbum fez parte da sua vida. Não só o álbum, mas também a famosa marca de
chiclete.
Cara, não teve um brasileiro, amante do futebol, que
não se encantou com a seleção do Telê em 1982. Por causa do carrasco Paolo
Róssi, milhares de brasileiros choraram com a tragédia do estádio Sarriá quando
a Itália despacharia do campeonato, a seleção que encantou o mundo.
A Kibon, detentora da marca Ploc, percebendo a aura
de otimismo que crescia em torno do time de Telê, bem antes da Copa, decidiu
fechar um acordo publicitário com a CBF e lançar o seu álbum de figurinhas da
Copa de 82 em terras espanholas. Foi um sucesso. Estourou em vendas. De cada 10
brasileiros, mais da metade tinha o álbum; adultos e crianças.
Figurinhas com os grandes nomes daquela competição
fizeram a alegria da galera. Quem não se lembra de Zico, Toninho Cerezo,
Sócrates, Falcão, Leandro e Valdir Perez pelo lado do Brasil? Zoff e o
famigerado Paolo Rossi pela Itália ou ainda do craque Maradona defendendo a
Argentina? Figurinhas hiper-disputadas.
Hoje, tudo isso faz parte da nossa memória,
inclusive o chiclete Ping Pong que parou de ser fabricado. ‘Culpa’ do concorrente
Ploc produzido pela Adams que era mais macio e vinha com adesivos que viravam
tatuagens.
07
– El Cid
O álbum El Cid lançado em 1965 pela editora Egide
também fez muito sucesso e hoje é vendido à peso de ouro nos sebos.
Devido a fama do filme que levou multidões aos
cinemas na década de 60, o lançamento de um álbum com os personagens da trama
seria um caminho mais do que normal.
Rodrigo Diaz de Bivar, mais conhecido por El Cid,
foi um herói espanhol do século XI que uniu os católicos e os mouros do seu
país para lutar contra um inimigo comum: o emir Ben Yussuf (Herbert Lom). Após
vários anos de cruzada pela libertação do país, o herói morreu antes da batalha
final, alvejado no peito por uma flecha moura. Mas aqui cabe uma observação
importante. Após receber a flechada fatal, El Cid em seu leito de morte, vendo
o desânimo de seu exército com a situação, exigiu aos seus generais que tão
logo, ele viesse a morrer, o seu corpo fosse amarrado firmemente na sela de seu
cavalo para que os seus comandados pensassem que ele estivesse vivo. E foi
assim, que durante a batalha final, os mouros ao verem o exército espanhol
sendo liderado pelo seu grande comandante El Cid – que julgavam estar vivo - se
colocaram em fuga.
História fantástica que gerou um álbum também
fantástico.
08
– Galeria da Disney (1976)
Há mais de 30 anos chegava nas bancas de todo o
País, o álbum Galeria da Disney. Uma edição de capa branca com o Tio Patinhas
no centro e cercado por pequenas fotos de outros personagens famosos da Disney.
Eram 256 cromos para a alegria da garotada.
O sucesso desse lançamento foi tanto que anos
depois, a mesma Editora Abril resolveu lançar uma segunda edição, dessa vez com
a capa vermelha e figurinhas autocolantes.
Segundo os colecionadores, a figurinha mais difícil
era a da Baleia Agapito do desenho do Pinóquio. Para se ter uma idéia, haviam
colecionadores que conseguiam completar todo o álbum, com exceção desse cromo.
Os garotos da época chegavam a disputar a baleia a ‘tapas’. Alguns vendiam a
figurinha a preços bem consideráveis ou então trocavam por algum outro bem de
consumo que lhes interessava.
É, pessoal, a tal Agapito fez sucesso nos anos 70.
09
– Ídolos da TV – Astros e Estrelas (1967)
O movimento da Jovem Guarda estava bombando quando a
Editora Verão colocou no mercado o álbum “Ídolos da TV – Astros e Estrelas”.
Todos aqueles que viveram a onda do ‘Iê-iê-iê’ compraram esse álbum e viveram a
febre de preenchê-lo com as figurinhas de seus ídolos.
Entre as sessões mais populares estavam: ‘Pra Você
Cantar’ que trazia a letra de três músicas, duas interpretadas pelo Roberto (A
namoradinha de um amigo meu e Negro gato) e outra pelo Erasmo (Gatinha manhosa),
ao lado de suas respectivas figurinhas; ‘Os Outros Que Fazem a Onda’ com os
cromos da Wanderléa e Eduardo Araújo, entre outros; ‘Galeria do Riso’, onde os
destaques eram Moacir Franco, Guto e Renato Corte Real; e por aí afora.
Um álbum que marcou a vida de todos que viveram os saudosos
anos 60. A época da Jovem Guarda.
10
– Mundo Animal (1976)
A Editora Abril lançou em 1976, um álbum que foi
considerado uma verdadeira enciclopédia do mundo animal, com informações sobre
animais de todos os continentes, inclusive daqueles em extinção.
Um detalhe curioso: os cromos eram semelhantes as
ilustrações da famosa enciclopédia “Os Bichos”, da também Editora Abril, lançada
no início dos anos 70.
“Mundo Animal” começava com figurinhas de animais
pré-históricos, da África, das três Américas, Ásia e Ártico. As sessões do
álbum são completadas com animais da Europa, Oceania e também domésticos.
Com 34 páginas e 246 figurinhas foi considerada uma
verdadeira biblioteca do reino animal para os estudantes primários e
secundaristas daquele ano. Talvez, até mesmo para você que está lendo este
post.
24 setembro 2017
‘O Meu Pé de Laranja Lima’ ganha edição comemorativa de 50 anos
Em 2018, o livro “O Meu Pé de Laranja Lima” do autor
José Mauro de Vasconcelos (1920-1984) completa 50 anos de lançamento e para
comemorar a data, a Melhoramentos reservou um presentaço para todos os leitores
que se emocionaram com a história de Zezé e Xururuca. Certamente, aqueles que leram
e releram a obra sabem quem é essa famosa dupla. Para os que ainda não tiveram
contato com o bestseller nacional; Zezé é um garoto pobre de apenas seis anos, inteligente
e sensível, mas carente de um afeto que não encontra na família. As surras que
lhe aplicam seu pai e sua irmã mais velha são seu suplício, a ponto de fazê-lo
querer desistir da vida. Por
isso, ele inventa para si um mundo de fantasia em que seu grande confidente é
Xururuca, o pé de laranja lima. As suas conversas com a árvore são emocionantes.
Agora, voltando ao presentaço preparado pela
Melhoramentos; a editora decidiu antecipar o lançamento de uma edição
comemorativa pelos 50 anos do livro. E que edição! A responsabilidade pelas 232
páginas da obra ficou a cargo de Luiz Antonio Aguiar, escritor e tradutor,
mestre em literatura brasileira e ganhador de dois prêmios Jabuti. Coube a
Aguiar, a missão de traduzir para o leitor de hoje alguns termos comuns na
época em que foi escrita a obra, além de elaborar um suplemento de leitura para
o livro de Vasconcelos. Neste suplemento, apresentado no final das 232 páginas,
Aguiar destaca peculiaridades desse clássico, apresentando um contexto histórico
e cultural da época em que acontece a história de Zezé (1920-1930).
Autor José Mauro de Vasconcelos |
Vale lembrar que nestes 50 anos em que a obra se
encontra no catálogo da Melhoramentos, já foram lançadas mais de 150 edições no
Brasil e 2 milhões de exemplares vendidos – o recorde foi em 1969, com 320 mil
cópias comercializadas, e, embora os números tenham perdido a força com o
passar dos anos, eles ainda impressionam. Em 2016, por exemplo, a editora diz
que vendeu nada menos de 35 mil exemplares. O livro é sucesso também na TV, no
cinema e no exterior, com tradução em 15 idiomas e presença em 23 países.
Apesar de ainda não ter escrito nenhuma resenha sobre
obra – o que farei em breve - li e reli, inúmeras vezes, a história idealizada
por Vasconcelos e, agora com o lançamento da edição comemorativa, estarei
relendo novamente.
Sobre
o autor
Mais conhecido pelo livro O Meu Pé de Laranja Lima, José Mauro de Vasconcelos (1920 – 1984) tem uma história fascinante. Ainda menino, trocou Bangu, no Rio de Janeiro, pela cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, onde foi morar com os tios. Lá treinava natação no Rio Potengi e sonhava em ser campeão. Mas a vida o levou por muitos outros caminhos. Estudou Medicina, foi jornalista, radialista, pintor, treinador de boxe, pescador, garçom e até estivador. Jovem ainda viajou com os irmãos Villas-Boas, sertanistas e indigenistas brasileiros, em expedição no sertão do Araguaia, no Centro-Oeste do país. Com seu porte de galã, teve ainda uma atuação destacada como ator em diversos filmes e novelas.
Mais conhecido pelo livro O Meu Pé de Laranja Lima, José Mauro de Vasconcelos (1920 – 1984) tem uma história fascinante. Ainda menino, trocou Bangu, no Rio de Janeiro, pela cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, onde foi morar com os tios. Lá treinava natação no Rio Potengi e sonhava em ser campeão. Mas a vida o levou por muitos outros caminhos. Estudou Medicina, foi jornalista, radialista, pintor, treinador de boxe, pescador, garçom e até estivador. Jovem ainda viajou com os irmãos Villas-Boas, sertanistas e indigenistas brasileiros, em expedição no sertão do Araguaia, no Centro-Oeste do país. Com seu porte de galã, teve ainda uma atuação destacada como ator em diversos filmes e novelas.
Ficha
técnica:
Obra: O Meu Pé de Laranja Lima
Autor: José Mauro de Vasconcelos
Formato: 13,5 X 21 cm
Número de páginas: 232
ISBN: 978-85-06-07027-7
R$ 52,00
Obra: O Meu Pé de Laranja Lima
Autor: José Mauro de Vasconcelos
Formato: 13,5 X 21 cm
Número de páginas: 232
ISBN: 978-85-06-07027-7
R$ 52,00
21 setembro 2017
Histórias Extraordinárias
Quem sou eu para cometer o sacrilégio de criticar o
gênio Edgar Allan Poe. Não sou e tampouco serei maluco para isso, mas...
Caraca! Perceberam como essa conjunção, o afamado
‘mas’, que é parente em primeiro grau do “porém”, “contudo” e do “todavia” é um
baita de um bagre ensaboado? Para não ficar em maus lençóis com alguém ou
alguma coisa que pretende criticar, ele primeiramente passa com toda a
delicadeza o algodão com o álcool para depois dar a picada. E neste texto, o
tal do ‘mas’ tem essa função e justamente com Poe.
Gente, os textos desse escritor americano
influenciaram grandes nomes da literatura contemporânea, mas não podemos negar
que eles – os textos – seguem uma dinâmica literária característica do século
XIX: linguagem rebuscada, vocabulário
culto e descrições detalhadas. Poe faz parte dessa geração.
Portanto, se você
já está acostumado ou viciado na linguagem descompromissada, leve e
direta dos autores atuais, com certeza irá estranhar “Histórias
Extraordinárias”, já que todos os 18 contos que compõem o livro foram escritos
no século XIX.
No meu caso, fiquei incomodado com o rebuscamento e
detalhismo das primeiras três histórias e juro que pensei em abandonar o livro,
mas fui persistente e prossegui com a leitura. Resultado: acabei me adaptando
com o estilo literário de Poe e daí para frente tudo fluiu normalmente. É
importante lembrar que encontrei a mesma dificuldade inicial com os livros
“Contos Fantásticos do Século XIX” e “Contos de Horror do Século XIX”.; pelo
mesmo motivo: conflitos de linguagens. Pois é, e tudo por culpa do meu vício
literário em Stephen King, César Bravo e Clive Barker (rs).
Mas isto serve como desculpa para criticar a obra de
Poe. Desde que você se adapte à linguagem daquela época, as histórias do autor,
pelo menos a maioria, são ótimas.
Gostei de “Os Crimes na Rua Morgue”, uma mistura de
suspense e investigação; “O Gato Preto”, um conto angustiante com doses
generosas de violência, o final me deixou com taquicardia; “ O Escaravelho de
Ouro” também pode ser considerado ‘trucão’, onde três personagens saem a caça
de um tesouro que poderá trazer sérias conseqüências; além de vários outros.
Um livro muito bom para os leitores contemporâneos,
desde que eles passem por um processo de adaptação para a linguagem de dois
séculos atrás.
Inté!
16 setembro 2017
Nova obra de John Green, “As tartarugas lá embaixo”, chega em outubro nas livrarias
Capa do livro que será lançado pela Intrínseca |
Alguns gostam, outros não. Alguns se emocionam,
outros nem tanto. Estou me referindo as histórias escritas por John Green.
Aquele cara que ficou famoso graças ao romance “A Culpa é das Estrelas” (2012).
Aliás, ele deve tudo e um pouco mais à esse bestseller, já que os seus livros
anteriores – “Quem é você, Alasca?” (2005), “Deixe a neve cair (2008) e
“Cidades de Papel” (2008) – só ficaram conhecidos graças a obra escrita em
2012.
Pois é galera, esse mesmo John Green estará lançando
- simultaneamente em vários países, incluindo o Brasil - um novo livro. Se você
é fã de carteirinha do cara e leu todas as suas obras, além de ter derramado
copiosas lágrimas no filme “A Culpa é das Estrelas”, com certeza deve estar
vibrando no momento em que lê esse post.
O novo livro do autor se chama “As tartarugas lá
embaixo” e será lançado pela editora Intrínseca em 10 de outubro.
A história acompanha a jornada de Aza Holmes, uma
menina de 16 anos que sai em busca de um bilionário misteriosamente
desaparecido – quem encontrá-lo receberá uma polpuda recompensa em dinheiro –
enquanto tenta lidar com o próprio transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).
A curiosidade é que o livro tem várias referencias
sobre a vida do autor, entre elas a sua tão marcada paixão pela cultura pop e o
TOC, transtorno mental que o afeta desde a infância. Isto significa que Green
decidiu emprestar à personagem principal de “As tartarugas lá embaixo” algumas
de suas características pessoais.
John Green |
O autor, inclusive, publicou no YouTube um vídeo
onde fala sobre o novo livro. Green revela que a história é inspirada em
situações que ele teve de enfrentar. "É difícil falarmos sobre as coisas
que acontecem lá no fundo da gente, provavelmente porque não dá pra ouvir as
dores da mente e é difícil falar sobre isso sem fazer analogias e
metáforas", afirma.
A última publicação de John Green foi o
best-seller “A culpa é das estrelas”, há cinco anos. Depois do sucesso e
da repercussão do livro, o autor publicou um vídeo no YouTube contando sobre a
pressão que sentiu para publicar uma sequência para a história. O título do
vídeo é "Falhando em dar continuidade para A culpa é das
estrelas". "Eu senti uma pressão intensa das pessoas como se
elas estivessem me observando enquanto eu escrevia", desabafou. "Eu
estava apavorado porque achava que jamais conseguiria acompanhar o
crescimento."
"Deixei de ser a pessoa que escreve livros,
título de trabalho no presente, para ser a pessoa que escreveu aquele único
livro, título de trabalho no passado", contou Green sobre os reflexos
de “A culpa é das estrelas” na carreira, que afirma ter escrito em um
dia que foi tomar café no Starbucks, mas que é grato pelo sucesso.
Taí galera! Se você está muito impaciente, fica o
consolo de que 10 de outubro não está tão longe.
12 setembro 2017
O Casamento
Para ser sincero, eu não pretendia ler “O Casamento”
de Nicholas Sparks. Não mesmo. A minha intenção era iniciar a releitura de “A
Sombra do Vento” de Carlos Ruiz Zafón começando, assim, a odisséia de “O
Cemitério dos Livros Esquecidos”, mas pelos motivos que já expliquei 'nesse post', acabei obrigado a adiar o meu encontro com Daniel Sempere, Julian Carax,
Fermin, Tomás Aguilar e companhia.
Se me arrependo? Não. Primeiro: gostei da história
de Sparks – fazendo analogia com um famoso comercial de TV: não é nenhuma
Brastemp, mas é bom. – e segundo: toda
vez que adiamos, por pouco tempo, um projeto acalentado por nós, a expectativa
em torno desse projeto cresce, aumentando o nosso estado de ânimo. Bem... pelo
menos acontece dessa maneira comigo.
Não posso negar que esses detalhes ajudaram muito a
gostar da história bem light escrita por Sparks. “O Casamento” é um daqueles
livros que você lê numa tacada só. A escrita fluida e sem rebuscamentos do
autor deixa o enredo ainda mais digerível. O tipo da história para você ler sem
nenhuma pretensão; simplesmente para passar o tempo. Mas nem por isso, é ruim.
Os personagens são bem compostos; o enredo, como já disse, é fluido; e o final
tem uma baita reviravolta que certamente irá surpreender os leitores.
“O Casamento” (2003) é a sequência da obra máxima de
Sparks: “Diário de Uma Paixão” (1996) e conta a história da filha, genro e
netos de Noah e Allie, casal que encantou toda uma geração de leitores há mais de 20
anos. Apesar de grande parte dos críticos literários terem derramado um mar de
elogios na obra escrita em 2003, definitivamente, ela não se comprara com
“Diário de Uma Paixão” que é uma história de amor - daquelas de arrebentar -
entre duas almas gêmeas e que nem mesmo as piores dificuldades enfrentadas na
juventude e também na velhice foram capazes de separá-los. Cara, como me
emocionei! Mas emoção daquelas de deixar os olhos úmidos de lágrimas. Costumo
dizer que Noah e Allie são fodas! Com todo o respeito, é claro.
Eles arrebentam qualquer coração de pedra. E
justamente em “O Casamento”, é o personagem de Noah que carrega a maior parte
da carga emotiva e dramática. Enganam-se aqueles que pensam que o casal
principal - Wilson e Jane – são os responsáveis por mexer com o coração e os
sentimentos dos leitores. Não. O responsável é Noah.
No enredo de “O Casamento”, após quase 30 anos de
casamento, Wilson é obrigado a encarar uma dolorosa verdade: sua esposa Jane,
parece ter deixado de amá-lo, e ele é o único culpado disso.
Viciado em trabalho, Wilson costumava passar mais
tempo no escritório do que com a família. Além disso, nunca conseguiu ser
romântico como o sogro era com a própria mulher. A história de amor dos pais de
Jane, contada em “Diário de Uma Paixão”, sempre foi um exemplo para os filhos de
como um casamento deveria ser.
Diante da incapacidade do marido de expressar suas
emoções, Jane começa a duvidar de que tenha feito a escolha certa ao se casar
com ele. Wilson, porém, sente que seu amor pela esposa só cresceu ao longo dos
anos. Agora que seu relacionamento está ameaçado, ele vai fazer o que for
necessário para se tornar o homem que Jane sempre desejou que ele fosse. É
nesse momento que Noah entra na história e a história, por sua vez, se
transforma. Wilson decide procurar o sogro para se aconselhar a recuperar o
amor de Jane.
Neste ponto do enredo, Sparks mescla o presente e o
passado, ou seja, envolve num ‘bolo só’ a história de Noah e Allie e também de
Wilson e Jane.
É interessante saber como era o relacionamento de
Wilson com o seu sogro antes de se casar com Jane ou então as passagens
emocionantes envolvendo Allie, Noah e seus filhos, a medida em que ela ia
ficando debilitada com o Mal de Alzheimer. Caraca, o trecho em que Noah e Allie
se mudam para uma casa de repouso e se despedem para sempre do seu casarão
dançando uma musica romantica é de cortar o coração. Viram só como os momentos
de maior emoção do livro estão relacionados com Noah e Allie?
Resumindo: podem ler sem medo “O Casamento”. Com
certeza irão gostar, afinal de contas, Noah está lá, novamente, marcando
presença.
Ah! Lembrando mais uma vez: atenção para o final de
derrubar o queixo. O meu caiu; acho que o de vocês também cairá.
Inté!
08 setembro 2017
Santa demora! Após quase seis anos, nada de “As Portas de Pedra”. Conclusão da saga “A Crônica do matador de rei” está parecendo novela
Antigamente, passava na TV uma novela chamada “O
Direito de Nascer” que tinha uma audiência enorme. Todo mundo ficava torcendo
para o nascimento de um bebê, só que... ele ‘nunca’ nascia. Uma diarista que
trabalhava para a minha saudosa mãe, sempre dizia: “Eta bebezinho duro de vir
pro mundo!”
Esta mesma situação de muitas décadas atrás, agora
vale para um contexto atual: o novo livro de Patrick Rothfuss. Cara, em 24
novembro de 2017 estará completando, exatos, seis anos que o autor lançou “OTemor do Sábio”, segundo livro da trilogia “A Crônica do Matador do Rei”. E
decorridos mais de meia década, até agora nem sinal de “The Doors of Stone” (As
Portas de Pedra), livro que fecha a saga do arcanista Kvothe.
Em termos de demora para lançar um livro, Rothfuss
colocou no bolso o próprio Dan Brown, que por sinal, já está com o seu “Origem”
pronto para sair do forno, aqui no Brasil.
Patrick Rothfuss |
O ‘pai’ de Kvothe só perde para
outro gênio da demora chamado Thomas Harris, criador do icônico serial killer
Hannibal Lecter. Harris, por sua vez, coloca no bolso Rothfuss, Brown e companhia.
O sujeito – aliás, um grande sujeito, admiro demais o seu trabalho - não lança
um novo livro há 11 anos! O último que saiu do prelo, em 2006, foi “Hannibal –A Origem do Mal”. Depois disso, ‘nadica’ de nada. E olha que Rothfuss está
chegando perto, porque após seis anos, não temos nenhuma notícia de “As Portas
de Pedra” e cá entre nós, acho muito difícil que nos próximos dois anos
tenhamos a alegria de ver Kvothe ‘desfilando’ em uma nova aventura. Os sites em
todo o mundo não dão, sequer, uma previsão de lançamento. As notícias
publicadas – pelo menos, as que eu vi – não passam de ‘achismos’.
Tanto Rothfuss quanto Harris são conhecidos por
serem meticulosos, ao extremo, em suas pesquisas literárias antes de criar um
novo enredo. Isto, talvez, explique em parte a grande demora para as suas obras
chegarem ao competitivo mercado literário.
Mas no caso de Rothfuss já começam a surgir algumas
críticas por causa do seu envolvimento em projetos paralelos como o lançamento
de games, série e filme sobre o personagem. Como já expliquei nesse post, a produtora
Lionsgate (“Jogos Vorazes”) confirmou a ida de Kvothe para o cinema e também
para a TV. Conforme notícia divulgada pela Variety, já foi chamado o produtor,
ator e compositor Lin-Manuel Miranda para ser o diretor criativo das
adaptações da trilogia de fantasia.
O que alguns leitores e parte da crítica literária
especializada não aceitam é que o escritor deixe de lado a conclusão de uma das
melhores sagas de fantasia já escritas nos últimos anos para ‘investir tempo’
em projetos paralelos.
Kvothe e Auri |
E para deixar os fãs do conhecido arcanista à um
passo do enfarto, gostaria de lembrar que Rothfuss anunciou o lançamento para
novembro do livro The Slow Regard of Silent Things (algo como A Lenta
Consideração de Coisas Silenciosas), protagonizado por Auri, uma personagem
secundária em “A Crônica do Matador do Rei”. Olha, pra ser sincero, fiquei P.
da Vida com o anuncio do lançamento
desse livro. “C-a-r-a-c-a!! Mêu! Vai terminar o ultimo livro dessa trilogia,
depois, sim, vai se preocupar em escrever histórias para personagens
secundários!! Acorda pra vida Rithfuss!”. Galera, desculpa aí pelo desabafo,
mas ta demorando muito, pô!
Bem, fazer o que? Se frustração, nesse caso, pagasse
imposto, eu já estaria pobrezinho de ré.
Inté!
02 setembro 2017
Um Conto do Destino
Tá bem, eu confesso. Lutei com todas as minhas forças
e energia, mas acabei perdendo esta batalha; e por goleada. Fiquei tão grogue
com a surra que levei que estou resenhando a obra somente agora. Digo isto
porque já li o livro há mais de dois anos; quero dizer... a metade do livro, já
que não consegui encará-lo por inteiro.
Tentei vencer aquele calhamaço de mais de 700
páginas de “Um Conto do Destino”, mas miei. A obra de Matk Helprin é muito
louca, mirabolante e extrapola os limites da surrealidade. Ela até começa bem,
prendendo a sua atenção, mas depois...
O autor começa contando a história de um casal
apaixonado, em seguida, quando menos se espera, ele dá um corte abrupto nessa
história e já ‘pula’ para um outro contexto com novos personagens e ‘bota’
personagens nisso! Cara, são muitos e nenhum deles com carisma suficiente para
‘laçar’ a atenção do leitor. Algumas pessoas que conseguiram ler as 720 páginas
do livro, disseram que esses personagens - que a principio não tem nenhuma
relação com o tal casal do início da história – só começam a entrar no contexto
perto do final. Sei lá se é verdade galera, preferi não esperar para conferir.
Parei, mesmo, antes da metade.
Algumas situações criadas por Helprin chegam a
atingir as raias do absurdo. Algo muito sem noção. Acredito que ele quis criar
um enredo com toques de fantasia, mas no final a ‘coisa’ degringolou e acabou
ficando, de fato, surreal.
“Um Conto do Destino” conta a história de Peter
Lake, um exímio mecânico e também larápio, que em uma noite especialmente fria
consegue invadir uma mansão que mais se parece uma fortaleza. Ele pensa que não
há ninguém em casa, mas a filha do dono o surpreende em plena ação. Assim
começa o romance entre um ladrão de meia-idade e uma moça chamada Beverly que
tem pouco tempo de vida. A partir daí começam a pipocar as passagens estranhas
na história como um gato que veste roupas, um cachorro de seis metros de altura
conhecido como “Cão do Afeganistão” e outras excentricidades das quais não me
lembro, pois já faz algum tempinho que li o livro.
Um dos motivos que me levou a comprar “Um Conto do
Destino”, na época, foi a publicidade muito chamativa do filme com Colin
Farrell baseado na obra de Helprin. O slogan: “É possível amar alguém tão
plenamente que a pessoa não pode morrer?” era o mesmo do livro. Entonce, o
gaiato aqui, foi no embalo do slogan precedido por belas imagens e comprou o
livrão de mais de 700 páginas. O que aconteceu? Você já sabe.
Taí, é o que dá ir com tanta sede ao pote.
Inté!
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