31 outubro 2017
A Escrava Isaura
Resenhar “A Escrava Isaura” de Bernardo Guimarães é
complicado... muito complicado. Com certeza se analisá-lo de uma maneira
crítica, esquecendo-me de sua veia folhetinesca, irei levar alguns açoites no
lombo – pois nem todos os leitores poderão concordar com as minhas colocações –
por outro lado, se me ater apenas as peripécias, dramas e romances envolvendo
os seus personagens, corro o risco de levar outros acoites no mesmo lombo,
agora por acharem que estou sendo superficial e ingênuo. Resumindo: as lambadas
chegarão de qualquer maneira. Portanto – como já dizia Kid Tourão, ‘perdido por
perdido, truco!’. Irei escrever sobre essas duas vertentes da obra.
Talvez o que eu exponha agora, possa chocar alguns
defensores da obra de Bernardo Guimarães. Assim, me desculpem aqueles que
consideram “A Escrava Isaura” uma obra anti-escravagista ou abolicionista. Eu
não penso dessa maneira. Vejam bem, o autor coloca como heroína em plena
campanha abolicionista - período em que os escravos negros eram maltratados e
torturados por seus senhores - uma escrava branca, bonita, educada e que ainda
toca piano e se veste bem. Em contraste, temos Rosa – uma das antagonistas de
Isaura. Ela é negra, bem menos bonita, ardilosa, vingativa e invejosa. Capiche?
Todas as virtudes ficam com a escrava branca e todos os defeitos ficam a
escrava negra.
O autor faz questão de ressaltar de maneira
exaustiva a beleza pura e branca de Isaura. Isto fica evidente em vários
trechos da obra, onde Guimarães enaltece a sua pele branca como marfim e sem
nenhum traço africano. Cara, se pensarmos bem, não havia nada em Isaura que a
denunciasse como escrava.
Outra escolha do autor foi se deter muito pouco aos
sofrimentos provocados nos negros durante o regime escravocrata. Volta e meia aparecem no
enredo algumas frases abolicionistas, mas de pouca significância. A história
tenta camuflar tudo isso com muito drama, perseguições e romances proibidos
entre os seus personagens.
Desta maneira, não posso concordar com as pessoas
que comparam “A Escrava Isaura” com “A Cabana do Pai Tomás” de Harriet Beecher
Stowe, escrito em 1851 - 24 anos antes da obra de Guimarães – quando a
escravidão ainda imperava nos Estados Unidos com o contrabando de escravos
apoiado por muitos senhores do Norte. Foi nesta época que o livro de Harriet
Stone caiu como uma bomba mandando para os ares toda e qualquer pretensão a
favor da escravidão.
“A Cabana do Pai Tomás” teve um papel relevante na
libertação dos escravos nos Estados Unidos, acordando as consciências dos americanos
para a iniquidade da escravatura. A obra é um relato nu e cru das mazelas
enfrentadas pelos negros, vítimas do regime escravocrata americano. Um
verdadeiro libelo contra a escravatura.
Já, “A Escrava Isaura” pisa em ovos. A impressão que
tive é que o autor não queria provocar a fúria de seus leitores mais
conservadores do século XIX por isso
acabou optando por apenas cutucar o regime e não dar a estocada fatal. Acredito
que Guimarães escreveu um livro com o objetivo de atingir o publico alvo daquela
época (1875) formado por mulheres e moçoilas da sociedade que raramente saíam
de suas casas desacompanhadas e por isso tinham, somente, como diversão ficar
cosendo ou lendo histórias de amor.
O livro é ruim por não ser tão crítico e ácido
quanto a “Cabana do Pai Tomás”? Jamais. “A Escrava Isaura” é um romance muito bem escrito e com diálogos
maravilhosamente construídos e que deu ao seu autor a fama merecida.
O meu conselho é que não leiam a obra como
instrumento anti-escravagista, mas simplesmente como um romance muito bem
escrito. Se olharem por essa ótica, irão apreciá-lo muito. Praticamente, irão
devorá-lo como eu devorei.
O enredo, que se passa durante os primeiros anos do
reinado de D. Pedro II, em resumo, conta a história de Isaura, escrava branca,
bonita, bem vestida e educada que é assediada por Leôncio, seu cruel senhor,
recém casado com Malvina. Como Isaura se recusa a ceder aos apelos de Leôncio,
ele a manda para a senzala trabalhar com outras escravas. Vale lembrar que a
mãe de Isaura também sofreu na pele toda a tirania da família de Leôncio, para
ser mais exato, de seu pai que por não conseguir conquistar, a força, o seu
amor acabou por submetê-la a um tratamento tão cruel que matou a pobre mulher.
Boa leitura, mas sem olhares críticos.
Inté!
27 outubro 2017
Acidente com o Fokker 100 da TAM que deixou 99 mortos em São Paulo completa 21 anos. Confira dois livros sobre a tragédia
Há exatos 21 anos, eu acompanhava aturdido pela
televisão a queda do Fokker 100 da TAM sobre oito casas no bairro do Jabaquara,
em São Paulo. A tragédia que deixou um
saldo de 99 mortos – todos os passageiros
e tripulantes da aeronave, totalizando 96 pessoas, além de outras três vitimas
que estavam em terra – chocou todo o País.
O voo 402 decolou às 8h26 do dia 31 de outubro de
1996 do Aeroporto de Congonhas com
destino ao Rio de Janeiro e caiu 24 segundos depois.
Segundo as investigações, a queda do avião foi
provocada por uma falha no reversor da turbina direita (freio aerodinâmico) que
abriu durante a decolagem, um erro cuja chance de ocorrer seria, segundo
projeções da fabricante, da ordem de um em 100 bilhões.
Ao se aproximar da rua onde caiu, a cerca de 2 km do
aeroporto, o avião esbarrou em um prédio na esquina com a Avenida Jarupari,
próximo à Escola Estadual Doutor Ângelo Mendes de Almeida.
A asa direita do avião cortou parte de um outro
prédio na esquina da Rua Luís Orsini de Castro. A aeronave ainda levou o
telhado de um sobrado, no número 40 da mesma rua, onde fez a primeira vítima em
terra. O avião caiu no lado ímpar da rua, nas oito casas entre os números 59 e
125. Duas vítimas que estavam no solo morreram no número 77.
Cara, ainda me lembro da fila de corpos cobertos com
sacos pretos, todos eles estendidos na rua numa fila macabra e ao mesmo tempo
triste. Chorei muito. Aliás, decorridas mais de duas décadas do acidente, ainda
me emociono.
Após o acidente com o avião da TAM em 1996, foram publicados dois livros sobre o assunto. Confiram:
01
– Perda Total (Ivan Sant’Anna)
O escritor, que é piloto amador e trabalhava no
mercado financeiro, passou cerca de três anos e meio pesquisando a fundo para
reconstituir passo a passo três dos maiores, e mais recentes, acidentes da
aviação nacional: o TAM 402, o GOL 1907 e o TAM 3054, que juntos interromperam
quase 450 vidas num espaço de dez anos.
Apesar de “Perda Total” não ser um livro que aborde
exclusivamente os fatos relacionados ao acidente envolvendo o vôo 402 da TAM, os
leitores interessados nessa tragédia irão encontrar muitas informações interessantes.
No livro, ele transcreve, por exemplo, o diálogo
final e as últimas ações dos pilotos, que mostra que o tempo inteiro eles
trabalharam em cima de um erro - já que tentavam solucionar um problema no
autothrottle (acelerador automático) que não existia, já que a falha foi no
reverso (uma espécie de freio). Segundo o autor, este e outros detalhes que estão
na obra, não são exatamente novidades, mas coisas que foram descobertas anos
depois dos acidentes e que muitas deixaram de ser divulgadas ou não tiveram
repercussão.
Além das gravações de caixas pretas das três aeronaves, com todas as falas das cabines e os dados técnicos dos vôos, a pesquisa realizada por Sant’Anna incluiu também os relatórios do Cenipa (Centro de Investigação e Prevensão de Acidentes Aeronáuticos, da FAB).
Além das gravações de caixas pretas das três aeronaves, com todas as falas das cabines e os dados técnicos dos vôos, a pesquisa realizada por Sant’Anna incluiu também os relatórios do Cenipa (Centro de Investigação e Prevensão de Acidentes Aeronáuticos, da FAB).
A obra foi muito elogiada por pilotos e experts em
aviação, por isso, acredito que vale a pena ser lida.
Autor:
Ivan Sant’Anna
Editora:
Objetiva
Ano
da edição: 2011
Páginas:
304
Acabamento:
Brochura
02
– O Dia Que Mudou Minha Vida (Sandra Assali)
Quando há mais de 20 anos vi pela TV a queda do Fokker
100 da TAM, o meu pensamento se voltou de maneira instantânea para os
familiares das vítimas. Putz! Como vai ficar a situação daquelas pessoas que
dependiam das vítimas para a sua sobrevivência? Elas serão indenizadas ou não?
Esta indenização vai demorar? Como elas ou eles irão fazer até lá? Enfim, como
será feito o gerenciamento das crises de tantas pessoas após a queda do avião?
O acidente com o vôo 402 da TAM provocou catástrofes
em várias famílias com filhos perdendo os pais, esposas perdendo os maridos ou
vice e versa, empresas que perderam seus líderes. Cara, foi uma cadeia de
catástrofes.
E ninguém melhor do que uma pessoa que esteve
envolvida no centro dessa catástrofe
para ‘falar’ sobre o sinistro e principalmente orientar todos os familiares das
vítimas.
Assali é uma das viúvas do vôo 402. Ela perdeu o
marido, José Rahal Abu Assali. Para superar o trauma da perda repentina, criou
a Abrapavaa (Associação Brasileira de Parentes e Amigos das Vítimas de
Acidentes Aéreos), da qual é presidente até hoje.
A associação revolucionou o sistema de indenizações
às famílias das vítimas. Na época, 64
famílias se uniram para entrar com processo na justiça dos Estados Unidos, país
do fabricante do reverso do Fokker 100 --equipamento do avião que apresentou
problema e foi um dos principais fatores do acidente.
Antes mesmo de uma decisão judicial, Sandra afirma
que as famílias assinaram acordos extra-judiciais entre US$ 800 mil e US$ 1,5
milhão (entre R$ 2,5 milhões e R$ 4,7 milhões na cotação atual).
“O Dia Que Mudou Minha Vida dá detalhes de como está
sendo realizado esse gerenciamento da crise envolvendo uma das maiores
tragédias da aviação em nosso País.
Autor:
Sandra Assali
Editora:
Independente (Sandra Assali)
Ano
da edição: 2016
Páginas:
229 (Tamanho do arquivo: 1849 KB)
Acabamento:
eBook Kindle
23 outubro 2017
DarkSide relança Creepshow, obra rara de Stephen King
Lá pelos meus 20 anos, assisti a um filme no cinema
de minha cidade que arrastou um grande numero de garotos. O Cine São Salvador
tornou-se pequeno para receber toda a galera. Anos depois, na fase dos famosos
e saudosos VHS’s, loquei o mesmo filme e deliciei-me novamente. Não satisfeito,
há pouco tempo, sai desesperadamente a procura dos quadrinhos sobre o filme
e... decepção: todos eles esgotados e assim; acabei voltando para casa de mãos vazias.
E agora, após décadas, uhauuuuu!!!! Finalmente
poderei realizar o meu desejo de consumo. A DarkSide, editora especializada no
lançamento de livros de terror já colocou no mercado uma verdadeira lenda:
Creepshow. E aí? Conhecem? Se você faz parte da minha geração, com certeza deve
se lembrar e também cultuar esta famosa
histórias em quadrinhos do mestre da literatura de terror, Stephen King.
Deixe-me contar um pouquinho da história de
Creepshow. Garanto que valerá a pena. Lá pelos idos de 1982, o grande mestre do
terror, já famosíssimo na época, propôs ao seu grande amigo George Romero -
considerado uma verdadeira lenda por causa de sua obra prima “A Hora dos Mortos
Vivos” (1968) – um projeto cinematográfico onde ele, King, escreveria o roteiro
e Romero, entraria com a direção. Resultado: o nascimento de um dos filmes de
terror mais idolatrados de todos os tempos.
Participação de Stephen King no conto "A Morte Solitária de Jordy Verrill" |
“Creepshow” chegou ao primeiro lugar de todas as
bilheterias mundiais, enfim, um estrondoso sucesso de crítica e público. A obra
cinematográfica dos dois amigos gastou poucos recursos e arrecadou muito
dinheiro. O sucesso fez com que Romero e King se unissem
novamente em uma continuação, “Creepshow 2:
Show de Horrores”, em 1987, cinco anos depois do sucesso do primeiro
filme, mas sem o mesmo impacto do projeto original.
No mesmo ano do lançamento do primeiro filme, ou
seja, 1982, King decidiu transformar o roteiro de “Creepshow” numa história em
quadrinhos. Para fazer as ilustrações, ele chamou outro amigo, mais uma fera chamado Bernie Wrighston que algum tempo
depois trabalharia em outro projeto literário do autor, o emblemático “A Hora
do Lobisomem”.
A história em quadrinhos foi lançada pela Penguin
Books e à exemplo do filme se tornou um sucesso instantâneo de vendas. O gibi
de 64 páginas trazia a segunda incursão de King ao universo dos
quadrinhos. O autor já havia feito uma experiência em Bizarre Tales,
da Marvel, em dezembro de 1981 em um conto com arte de Walt Simonson,
deixando evidente que sempre manteve ligações a grandes nomes em seus projetos,
seja nos quadrinhos ou no cinema.
A HQ “Creepshow” vendeu tanto, mas tanto que acabou
se esgotando, entrando para o rol das obras extintas, deixando com água na boca
muitos fãs do mestre do terror que, assim, tiveram de se contentar apenas com o
filme. Inclusive, vale à pena lembrar que para aqueles que já assistiram a
produção cinematográfica não haverá surpresas, já que a HQ foi adaptada
literalmente do roteiro do filme. Mas galera... confesso que nada disso
interessa. Eu quero é ter os dois!
Parte do meu sonho já foi realizado há muito tempo quando consegui
copiar o filme de um amigo, mas quanto a HQ, por estar extinta, a missão era
considerada impossível.
Vejam bem, “era”, porque agora, a DarkSide acabou de
relançar as cinco histórias de Creepshow com um layout de ‘estontear’ (no bom
sentido, é claro) qualquer leitor. Fazem parte do pacote: capa dura,
ilustrações originais de Wrighston, papel de qualidade, enfim, um design de
arrepiar, bem ao estilo da DarkSide.
George Romero e Stephen King no intervalo das filmagens de Creepshow |
Confiram o resumo das cinco histórias de
“Creepshow”:
Na primeira, chamada "Dia dos Pais", um
velho demente decide voltar a vida, após sete anos de sepultura, para comer o
bolo de Dia dos Pais e vingar-se da filha que o matou, pois não suportava mais
o seu jeito bruto.
No 2º conto, "A Morte Solitária de Jordy
Verrill", que na adaptação cinematográfica contou coma presença de Stephen
King, um pequeno agricultor vê um
meteorito cair nas suas terras. Ele pensa então em vendê-lo por 200
dólares para poder pagar as dívidas, mas ao tocar no meteorito contrai
algo que gradativamente o transforma numa planta. Além disso um líquido que sai
do meteorito faz a vegetação ao redor da sua casa crescer de forma assustadora.
No 3º conto, "Indo com a Maré", Richard
Vickers, um vingativo marido , enterra a sua esposa e o amante dela na praia. Ambos
ficam enterrados na areia até o pescoço para que sejam afogados pela maré, mas
algo de imprevisto acontece, pois os amantes voltam como mortos-vivos afogados
dispostos a se vingar na mesma moeda.
No 4º conto, "A Caixa", Mike é o segurança
de uma faculdade, que liga para o seu professor dizendo que achou uma caixa de 1834 escondida debaixo
da escada. O mestre vai ao seu encontro e, ao abrirem a caixa, surge uma
aterradora criatura que mata Mike. Apavorado com o sucedido, o professor sai a
procura de auxilio, mas o seu pesadelo está apenas começando.
Na última história, "Vingança Barata", um
intratável milionário que tem mania da limpeza, é atacado por uma infinidade de baratas.
Beleza? Então corram e comprem logo esse
presentão... para você.
Detalhes
técnicos
Autor: Stephen King
Páginas: 64
Edição: 1ª
Tipo de Capa: Capa Dura
Formato: Livro
Editora: Darkside Books
Ano: 2017
Gênero: Terror
18 outubro 2017
O Jogo do Anjo (2º volume da saga O Cemitério dos Livros Esquecidos)
Estava com um receio enorme em iniciar a leitura de
“O Jogo do Anjo”. Tinha acabado de ler “A Sombra do Vento” e acreditava que
Carlos Ruiz Zafón não iria conseguir escrever uma sequência tão boa quanto o
primeiro livro da saga “O Cemitério dos Livros Esquecidos”. E advinha? Eu
estava errado. Muito errado. Zafón conseguiu criar um enredo tão envolvente
quanto “A Sombra do Vento”.
Apesar de ter escrito uma história com elementos
sobrenaturais, fugindo das características de “A Sombra do Vento” que tinha um
clima mais realista, o autor consegue prender da atenção do leitor da primeira
a ultima página.
O sucesso de “O Jogo do Anjo” deve-se em grande
parte a elaboração fantástica de seus personagens principais. Caraca, como
Zafón é bom nisso! David Martin - o atormentado e talentoso escritor que para
fugir de seu destino nada promissor decide, supostamente, vender a sua alma ao
diabo – é o personagem mais instigante já criado por Zafón. Em determinados
momentos, você o considera um verdadeiro calhorda, em outros, o melhor dos
seres humanos. A partir do instante em que o leitor vai conhecendo a vida cheia
de agruras e rejeições do personagem, inclusive dentro de seu lar com os
próprios pais, passa a ter uma maior identificação com ele e até mesmo
compreender algumas de suas atitudes menos comuns.
A minha admiração por Zafón vem da sua capacidade em
conseguir transformar personagens pequenos em verdadeiros gigantes, como por
exemplo Dom Basílio e Victor Grandes. O primeiro, subdiretor de um jornal
decadente onde Martin começa a trabalhar e o segundo, um inspetor da polícia de
Barcelona que fica nos calcanhares do protagonista após a ocorrência de uma
onda de assassinatos estranhos na cidade.
Dom Basílio dá os ares de sua graça em poucas
páginas, mas conquista o leitor com a sua antipatia de fachada, porque na
realidade, ele é dono de um grande coração. Juro que ele com aquele inseparável
lápis vermelho rabiscando os textos de seus redatores, encontrando erros
existentes ou inexistentes, lembrou um antigo ex-editor que trabalhou comigo.
Quanto a Victor Grandes, Zafón guarda um grande Ás na manga, dando uma
reviravolta na vida do personagem, deixando o leitor de queixo caído. Ele começa
pequeno e desinteressante na trama, mas de repente: Booom!! O personagem dá uma
quinada de 360 graus, revelando um grande segredo.
Se você adorou as reviravoltas no enredo de “A
Sombra do Vento”, com certeza, irá gostar de “O Jogo do Anjo” que segue a mesma
linha. Quando tudo parece caminhar para um desfecho normal, envolvendo
determinado personagem, eis que vem a surpresa e o que você pensava ser o óbvio,
acaba se transformando em algo totalmente inesperado. Este estilo de escrita do
autor espanhol faz com que o leitor se transforme num devorador de páginas,
atravessando madrugadas lendo o livro; como eu fiz.
Em “O jogo do Anjo” você também terá a oportunidade
de conhecer, em detalhes, a vida de Isabella, a mãe de Daniel Sempere, um dos
protagonistas de “A Sombra do Vento”. Zafón resgata as origens da personagem,
mostrando como foi a sua infância e adolescência e ainda como ela conheceu
Sempere, o pai de Daniel. É prazeroso entrarmos na intimidade dos “pais
adolescentes” de Daniel Sempere. Vale lembrar que todos esses personagens
cruzam os seus destinos com o de David Martin.
A história de “O Jogo do Anjo” se passa bem antes de
“A Sombra do Vento”, no primeiro ano do século XX. O autor narra a saga do escritor David Martin
que logo ao nascer, já começou a tomar golpes da vida. Seu pai, segurança de um
jornal em Barcelona, morreu assassinado na porta da redação quando o autor
ainda era uma criança. O jeito para a escrita logo se manifestou, mas as
oportunidades nunca estiveram à altura do potencial do rapaz. As pancadas em
sua vida continuaram acontecendo com freqüência, entre as quais, a perda de seu
grande amor que foi parar nos braços de seu melhor amigo.
Aos 28 anos, cínico, habituado a vender barato o seu
talento, vivendo sozinho num casarão em ruínas, David se descobre doente e com
pouco tempo de vida. É quando resolve fazer um pacto com um misterioso personagem que surge em sua vida,
prometendo muito dinheiro e o restabelecimento de sua saúde. Este pacto terá
grandes conseqüências na vida do personagem. Boas ou más? Só lendo o livro para
saber.
O que posso dizer é que a história tem um final
inesperado.
Podem conferir, sem medo.
14 outubro 2017
Jovem escritor brasileiro lança 1º volume de trilogia infantojuvenil. “Vince – A Busca de um Caminho” tem dragões, pântanos, castelo misterioso e muita aventura
Fico imaginando quantos escritores brasileiros de
talento estão lutando para lançar o seu
primeiro livro e não conseguem. Já tive a oportunidade de ler vários originais escritos
por alguns amigos que fiz ao longo dos meus mais de seis anos de blog. Posso
afirmar que são histórias fantásticas e que segundo os seus autores foram
recusadas por várias editoras.
Cara, as vezes penso que a maioria dessas editoras, sequer lêem os
originais que recebem. Na pior das hipóteses “batem os olhos” na introdução e
param por aí. Esta é a única explicação plausível que eu encontro para tantas
porcarias – geralmente de escritores americanos ou europeus - publicadas com
grande estardalhaço e que não chegam aos pés dos originais ‘rejeitados’ que eu
li.
Fazer o que? Só resta torcer para que as nossas
grandes editoras passem a tratar com mais carinho e atenção os enredos que
recebem de novos autores, aqui da terrinha, para serem analisados. Com certeza,
esses editores estão perdendo jóias
raríssimas e de uma maneira displicente, ingênua e me desculpem a sinceridade, até
mesmo burra, deixando passar a oportunidade de ganharem muito dinheiro com as
vendas de boas histórias.
Por isso quando descubro que algum escritor tupiniquim
conseguiu romper esse preconceito, com certeza comemoro com uma bateria de
fogos.
Não poderia deixar de citar as editoras Multifoco,
Chiado e Scortecci que são, na minha opinião, as únicas que ainda procuram dar
uma chance para o novos talentos da escrita no Brasil. Pelo menos, por
enquanto, elas ainda não aderiram a febre
das publicações de s youtubers.
Vinícius Varzim Cabistany |
Torço muito por esses jovens escritores que lutam
por um lugar ao sol e procuro ajudá-los, na medida do possível. Bem, mas vamos
ao que interessa. Tem novo escritor brasileiro no pedaço que conseguiu publicar
o seu livro. Trata-se de Vinicius Varzim Cabistany. Recebi o pdf da obra e apesar
de ter parado de ler romances digitais, pois tenho que priorizar as obras
físicas que recebo, resolvi acrescentar “Vince – A Busca de um Caminho” em
minha lista de leitura. Confesso que fiz uma leitura dinâmica do pdf, mesmo
assim, gostei.
“Vince – A Busca de um Caminho” é uma obra infanto-juvenil
muito interessante. É o primeiro volume de
uma trilogia, ambientada em um mundo fantástico onde os três protagonistas, Vince, Tom e Mike, são
arrastados para uma realidade totalmente diferente do cotidiano
em que viviam, sendo obrigados a lutar pela sobrevivência
e ao mesmo tempo, encontrar um caminho de volta para casa. Os três adolescentes
precisam lidar com a realidade de viver em uma região vasta, tão bela quando perigosa
e aparentemente esquecida do resto do mundo.
O autor busca o apoio de dragões e outros animais
excêntricos, além de muitas peripécias, fugas e desafios para deixar o enredo bem mais interessante. E
consegue.
Os cenários incluem florestas densas, pântanos estéreis,
desertos
escaldantes e até um castelo misterioso. A jornada
avança motivada pela inabalável esperança de encontrar ajuda ou mesmo pistas
que possam indicar um caminho a ser seguido.
Ao final, a procura culmina no objetivo traçado,
logo nos primeiros diálogos, onde todos concordam em alcançar o ponto mais alto
do vale.
O caminho até lá reserva surpresas incríveis, de
encontros com criaturas
desconhecidas à descobertas
surpreendentes sobre o vale, mas também revela a face mais egoísta de
cada personagem.
Gostei do ritmo da narrativa e com certeza os
leitores que apreciam histórias de aventura com muita adrenalina irão aprovar o
lançamento do selo ‘Desfecho Romances’ da editora Multifoco.
Vinicius Cabistany nasceu em Rondonópolis e
atualmente reside em Campos Grande (MS). É biólogo e professor de ciências
naturais e segundo ele, viu na natureza das diferentes regiões onde viveu, os
cenários perfeitos para as narrativas de “Vince – A Busca de um Caminho”.
Boa leitura. Acredito que irão gostar.
10 outubro 2017
Stephen King escreve livro em parceria com Owen, seu filho caçula. “Belas Adormecidas” já está em pré-venda
Imagine só duas feras do gênero terror unindo forças
para lançar um livro. Pai e filho. Um mestre e o outro, aprendiz, aliás, um
ótimo aprendiz. É evidente que estou ‘falando’ de Stephen e Owen King. Os dois
decidiram escrever uma história arrepiante e que certamente irá tirar o sono de
muitos leitores.
“Belas Adormecidas” mostra uma cidade muuuito e
apavorante onde as mulheres dormem
envoltas em casulos. Se perturbadas, elas se tornam extremamente ferozes e
violentas. Entretanto, uma misteriosa mulher parece ser imune a essa condição.
A pergunta que fica no ar: Seria ela uma anomalia médica ou um demônio que deve
ser exterminado a qualquer custo? Um mote incrível, não acham?
Segundo o pai e o filho caçula, o processo de
escrever um livro a quatro mãos foi pacífico, sem nenhum tipo de conflito. Eles
se entenderam perfeitamente bem. Por exemplo, Owen escrevia cerca de 30 páginas
e depois perguntava ao pai onde ele iria a partir daquele ponto. King, por sua
vez, disse que não estranhou o processo nem um pouco, pois já tinha escrito uma
história com o seu filho mais velho Joe Hill.
Stephen e Owen King |
Mas não pense que por ser pai, o mestre do terror
teve uma atitude paternalista com Owen. Nada disso, ambos se comportaram como
dois profissionais sem vínculos familiares – pelo menos foi o que King disse em
entrevista coletiva e... Owen concordou – para que o enredo fluísse
naturalmente.
O projeto deu tão, mas tão certo que os dois já estão pensando em escrever um segundo
livro juntos.
Taí galera, “Belas Adormecidas” já está em pré-venda
nas principais livrarias virtuais, o problema é que... cada uma delas aponta
uma data de lançamento diferente, a maioria para novembro, mas prefiro seguir a
cartilha da Amazon e principalmente da Suma de Letras que é a ‘dona dos
porcos’, afinal, é a editora responsável pelos lançamentos dos livros de King
no Brasil. A data divulgada tanto pela Amazon quanto pela Suma é 16 de outubro.
Aguardemos!
07 outubro 2017
O Pequeno Príncipe
Defino “O Pequeno Príncipe’ como um livro de
cabeceira de muitas gerações. Uma obra que foi passando de pais para filhos ao
longo de décadas sem perder a sua atualidade. Também pudera, a história escrita
pelo francês Antoine de Saint-Exupéry, há mais de 70 anos, é antológica.
Tive contato com o livro através de uma professora
quando ainda estava cursando o primeiro ano do antigo ginasial. A nossa classe
tinha de fazer um trabalho baseado na obra de Saint-Exupéry, acho que um
resumo, não me lembro bem. A classe inteira amou a história; até mesmo aqueles
alunos que não eram muito chegados em literatura. Acredito que a partir daquele
momento, “O Pequeno Príncipe” injetou nas veias de vários alunos o gosto pela
leitura.
Sem querer deificar a obra, ela pode ser considerada
o clássico dos clássicos e uma das mais importantes do século, pois transcende
o tempo e o espaço em que foi criada, se perpetuando ao longo de décadas. Quem
lê “O Pequeno Príncipe” acaba descobrindo o que há de melhor nos seres humanos.
Só mesmo, você lendo as suas páginas para entender melhor o que estou tentando
explicar.
Trata-se de uma das obras literárias mais traduzidas
no mundo, tendo sido publicada em mais de 220 idiomas e dialetos. Saint-Exupéry
foi também autor das ilustrações originais de 1943. Em Portugal, O
Principezinho, como ficou conhecido, integra o conjunto de obras
sugeridas para leitura integral, na disciplina de Língua Portuguesa, no 2º
Ciclo do Ensino Básico.
Aquele menino lourinho se transformou num dos
personagens mais famosos e queridos de todos os tempos, que empolga crianças e
adultos com ensinamentos inesquecíveis. Sua história deixa marcas pela forma
simples de suas mensagens de otimismo, simplicidade e amor ao nosso
planeta.
O livro conta a história de um piloto que cai com
seu avião no deserto e ali encontra uma criança loura e frágil. Ela diz ter
vindo de um pequeno planeta distante. Naquele lugar ermo, na convivência com o
piloto perdido, os dois repensam os seus valores e encontram o sentido da
vida.
Uma obra imperdível que não pode faltar na
biblioteca de nenhum adulto e também de nenhuma criança.
Fantastic!03 outubro 2017
O Meu Pé de Laranja Lima
“O Meu Pé de Laranja Lima”, escrito por José Mauro
de Vasconcelos, lançado em 1968, foi um dos livros que me ajudou a ganhar gosto
pela leitura. Tanto é verdade, que já o li e reli por diversas vezes e pretendo
relê-lo outras vezes mais. E não
satisfeito com as leituras e releituras, ainda assisti as novelas que foram ao ar
pela Rede Bandeirantes em 1980 e 1998. Cara, a história é muito boa.
Ainda me lembro da minha fase de ‘calouro-ginasial’.
Fiquei abobado quando vi, pela primeira vez, a biblioteca da minha nova escola
que se comparada com a do grupo escolar, onde estudava, era parecida com a
antológica biblioteca de Alexandria. Foi fuçando nesse mar de livros que
localizei a história de um garoto chamado Zezé. Após folhear as primeiras
páginas acabei me interessando pelo livro e o pedi emprestado. Lí rapidinho.
Fiquei fã de carteirinha daquela criança pobre, de
seis anos, inteligente e sensível. Carente de um afeto que não encontra na
família, Zezé aprende tudo sozinho e inventa para si um mundo de fantasia em
que seu grande confidente é Xururuca, o pé de laranja lima. As suas conversas
com a árvore são emblemáticas e ao mesmo tempo emocionantes.
Acredito que um dos motivos que leva tanta gente a
gostar do livro, são as emoções que ele desperta, algumas bem fortes. No meu
caso, ainda me recordo, que parte dos sentimentos de Zezé era semelhante aos
meus. E vou mais além, o desabafo que o personagem fazia toda vez que
‘conversava’ com o seu pé de laranja lima era também o desabafo que muitas
crianças daquela época gostariam de fazer com alguém, mas não podiam - por não
terem esse alguém ou, simplesmente, não confiarem em ninguém.
O pé de laranja lima que está plantado na casa de
Zezé é o seu melhor amigo: ouve, fala, brinca, dá conselhos. Xururuca é
incrível! O amigo que todos nós, crianças daquele tempo, gostaríamos de ter.
O livro tem ainda outros personagens importantes e
cativantes como Portuga, um comerciante supimpa que faz Zezé se sentir querido
pela primeira vez na vida. Mêu! Um trecho envolvendo o Portuga é de partir o
coração.
Uma curiosidade interessante que fiquei sabendo há
pouco tempo, é que José Mauro escreveu o livro em apenas 12 dias. Acredita?!
“O Meu Pé de Laranja Lima” pode ser considerado o
livro brasileiro mais traduzido para outras línguas, deixando evidente a sua
popularidade entre crianças, adolescentes e adultos.
Foi adaptado para o cinema pela primeira vez
em 1970 por Aurélio Teixeira. Ganhou três telenovelas: em 1970, exibida pela TV
Tupi; em 1980, pela Rede Bandeirantes; e em 1998, novamente exibida pela Rede
Bandeirantes. Em 2003, O Meu Pé de Laranja Lima foi publicado na
Coréia do Sul, em forma de quadrinhos, numa edição com 224 páginas ilustradas.
Em 2012, uma nova versão cinematográfica foi dirigida por Marcos
Bernstein, um dos roteiristas da mega-produção do cinema nacional, Central do
Brasil.
Enfim, um livro que merece todo esse sucesso.
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