27 abril 2014

Livros especiais que proporcionaram momentos mágicos em minha infância



Galera, nesta manhã quando cheguei no trabalho, bateu uma saudade danada da minha infância. Saudades daquela época em que eu usava kichute amarrado na canela ou então as famigeradas conquinhas sem meia. Período em que juntava com os meus amigos – alguns deles já se foram – para jogar futebol num terreno abandonado, perto de casa, o qual carinhosamente chamávamos de ‘Datinha” ou então, íamos até a praça principal da cidade para ficarmos sentados nos bancos paquerando as ‘minas’ que passavam pelo redondinho do jardim. No cinema, então, a bagunça era geral. Antes de começar o filme ‘pintava’ aquela guerra de saquinhos de papel que em nosso fértil imaginário infantil se transformavam em bombas letais.
Mas querem saber qual a saudade que está doendo mais? Ganhando disparado das demais? Tudo bem, eu conto pra vocês. É a saudades dos livros daquela época.  Eles foram responsáveis por despertar em mim, o gosto pela leitura. Vários deles se perderam no tempo, enquanto outros estão com as lombadas corroídas, páginas amareladas e capa puída.
Pois é, ao lembrar-me dessas obras, imediatamente a minha memória traz à tona as recordações dos períodos maravilhosos que vivi graças à elas. Estes livros do passado juntamente com os momentos mágicos que me proporcionaram são tão especiais para mim, que hoje cheguei ao ponto de perder alguns minutos em meu serviço para escrever esse post. Caraca! Eu disse escrevi que perdi alguns minutos?! Pára com isso; com certeza o correto seria ter escrito que ‘ganhei alguns minutos’.
Portanto galera, neste momento eu quero homenagear Monteiro Lobato, Dona Benta e suas histórias, Alexandre Dumas e outros autores e personagens, cujas imagens ainda trago, aqui, guardadas na cabeça.
No post que escrevo agora, não quero apenas ‘falar’ dos livros em si, mas também dos momentos especiais que eles me proporcionaram. Vamos à eles.
01 – As Aventuras de Hans Staden (Monteiro Lobato)
Como a maioria das crianças, o ‘ menino’ aqui, cresceu lendo Monteiro Lobato. Com certeza, os primeiros livros de cabeceira de milhares de crianças brasileiras foram de autoria desse esse escritor taubateano. “As Aventuras de Hans Staden”, lançado pela Editora Brasiliense, em 1968, foi uma das obras de Lobato que mais marcou a minha infância. O escritor já havia publicado em 1925 o livro “Meu cativeiro entre os selvagens do Brasil”, escrito pelo europeu Hans Staden, relatando o período em que havia sido prisioneiro dos índios tupinambás, no início do século XVI. Lobato então lançou, em 1927, o livro “As aventuras de Hans Staden”, versão do mesmo livro, só que as aventuras eram narradas por Dona Benta para os seus netos.
A obra teve zilhões de edições, mas como já disse a que mais marcou – pelo menos para mim - foi a publicada pela Brasiliense que traz o desenho do personagem principal agarrado a um tronco no meio do mar. Recordo que essa edição tinha a capa dura e cada capítulo trazia uma gravura das peripécias de Staden.
Este livro tem o poder de rememorar um período marcante em minha infância. O momento em que ‘assaltava’ o baú secreto do meu irmão mais velho. O baú onde ele guardava obras de inestimável valor. Obras que tinham o poder de me enfeitiçar, seduzir, amarrar e blá-blá e mais blá-blá. Aqueles livros podiam fazer tudo isso comigo, mas eram os ovos de ouro do mano, os quais guardava com toda a paixão, não deixando ninguém se aproximar. Agora imaginem o que aconteceria se ele pegasse no flagra um moleque de 11 ou 12 anos fuçando nas suas coisas. Cara, seria morte e esquartejamento na certa!
Como, naquela época, o ‘manão véio de guerra’, trabalhava numa cidade vizinha e só voltava perto do final da tarde, eu aproveitava a brecha para invadir o seu baú secreto – que nada mais era do que um simples armário – para me deliciar com aquelas obras estonteantes e Hans Staden era uma delas. Não quero e não vou prolongar esse assunto, mesmo porque pretendo escrever, brevemente, um post específico sobre o famoso baú secreto do mano, inclusive como eu conseguia abri-lo. Bem, por enquanto, o importante é que vocês saibam que as aventuras de Hans Staden narradas por Dona Benta eram uma das preciosidades que faziam parte do baú.
Enquanto o post não vinga, aqueles que quiserem conhecer alguns poucos detalhes sobre o ‘bauzaço’ secreto, podem acessar aqui.
02 – Coleção Monteiro Lobato (Monteiro Lobato)
A coleção de oito livros com as aventuras contagiantes de Emília, Pedrinho, Narizinho, Visconde de Sabugosa, Dona Benta e Cia, lançada nos anos 70 pela editora Brasiliense, me induziu à mentir para uma vendedora ambulante de livros e depois para a minha própria mãe. Como já contei num post que escrevi há algum tempo; nos anos 70 estava “desesperadamente-desvairadamente-loucamente” morrendo de vontade de sentir em minhas mãos essa coleção de livros de capa dura, tamanho A 4 e ricamente ilustrados, escrito por Monteiro Lobato. Assim, quando uma mulher apareceu na casa de meus pais há décadas e décadas atrás, o então moleque de calças curtas e kichute – que hoje escreve esse post – soltou o mentirasso: “Pôxa vida! Que coincidência, minha mãe estava louca pra comprar essa coleção! Daria pra senhora retornar ainda hoje? Com certeza, mamãe vai comprar.” Ehehehe... Na verdade, a pobre da minha mãe não estava sabendo, absolutamente, de nada. Mas depois, acabei convencendo-a e ela me presenteou com os oito livros da “Coleção Monteiro Lobato”.
Cara! Não dá prá descrever o êxtase que senti quando a vendedora ambulante que trabalhava para a Brasiliense disse para a minha saudosa mãe que tinha a coleção para pronta entrega. Uhauuuuu!!! Mêu! Jamais vou esquecer aquele momento! Lembro-me que fiquei um bom tempo longe das peripécias com a minha tchurma de amigos. Jogos de futebol? Paqueras na praça? Matinês no cinema da cidade? Que nada! O meu passatempo preferido passou a ser devorar as aventuras maravilhosas da turma do Sítio do Pica-Pau Amarelo contidas nas páginas dos oito volumes ilustrados da Coleção Monteiro Lobato.
03 – Éramos Seis (Maria José Dupré)
Caraca! Como a história de dona Lola ‘seo’ Júlio e seus filhos: Carlos, Alfredo, Juninho e Maria Isabel mexeram comigo! Li esse livro que fez parte da série “Vagalume” quando tinha 12 ou 13 anos. Me apaixonei de cara por aquela bondosa mulher que fazia de tudo pelo seu marido e seus quatro filhos. Dona Lola foi uma das minhas heroínas de infância. Como diz o título do romance de Dupré, a batalhadora mulher foi perdendo aos poucos todos os membros de sua querida e amada família, até sobrar somente ela. Dona Lola, então, recorda a sua história numa casa de repouso, onde foi parar após a morte de seus entes queridos.
“Éramos Seis” faz com que eu me recorde dos tempos de biblioteca da minha escola. Todos os dias, após o sinal que indicava o fim das aulas no período da manhã, o blogueiro aqui, disparava pela sala de aula afora com a sua mochila pendurada nas costas, para ficar fuçando nos livros da biblioteca, escolhendo qual deles iria levar para ler em casa. O romance de Dupré foi um dos que mais marcaram essa fase da minha vida: a de rato de biblioteca de escola.
04 – Os Irmãos Corsos (Alexandre Dumas)
Mais um livro do ‘baú secreto’ do meu irmão! Putz, como esse tal baú marcou a minha infância. O romance de Dumas sobre o qual estou me referindo é aquele da editora Melhoramentos que trazia na capa a ilustração de dois esgrimistas se enfrentando, enquanto um terceiro jazia no chão. Não sei porque, mas essa capa me inspirou a ler a história de duas famílias que há várias gerações brigavam entre si: a família Franchi e a família Giudice. Muito sangue, morte e dor marcou a briga entre elas. Mas esta guerra chegaria em seu ápice quando o Conde de Franchi, sua mulher e o resto da família foram brutalmente assassinados no dia do nascimento de seus filhos pelo Barão Guido Giudice. Os dois filhos sobrevivem, porém, todos tem uma grande surpresa: são gêmeos siameses. O médico da família os separa e cada um toma um rumo diferente. O jovem Luciano continua a morar em sua terra natal, a Córsega; já Luíz ruma para Paris com uma família adotiva, e é educado finamente entre a burguesia. Quando completam a maioridade, os dois são convocados para se vingar da morte de seus pais e acabar de vez com essa guerra entre famílias.
05 – A Horta do Juquinha (Renato Sêneca Fleury)
Apesar de ter lido esse livro com oito ou nove anos, até hoje o trago guardado em meu armário. A pequena obra do educador, pedagogo e poeta Renato Sêneca Fleury, com certeza, contribuiu para criar em milhares de crianças o gosto pela leitura.
No meu caso, foi graças à estória do pequeno Juquinha e de sua famosa horta que descobri, precocemente, a magia dos livros. Apesar de curto, apenas 28 páginas, o texto de Fleury consegue seduzir qualquer criança. Além do mais, as ilustrações são fantásticas e tem o poder de mexer com o subconsciente do leitor mirim, fazendo com que ele realize uma viagem no mundo de Juquinha.
“A Horta do Juquinha” foi um presente de aniversário que ganhei da minha estimada professora do pré-primário, Dona Cecília. Portanto, ela também tem culpa de ter me transformado num devorador de livros.
É isso aí; espero que tenham gostado!
Há! Aqueles que quiserem conhecer outros livros, revistas, gibis, manuais e álbuns de figurinhas que marcaram a minha infância, basta acessar aqui para visualizar um post sobre o tema que escrevi no finalzinho de 2011.
E aguardem que logo, logo vem por aí as aventuras do baú secreto do meu mano.
Inté!

19 abril 2014

As minhas primeiras impressões sobre “O Jogo do Exterminador”



Estou lendo o "Jogo do Exterminador", de Orson Scott Card. Juro que comecei a obra com um pé atrás, meio inseguro, mas posso afirmar com todas as letras maiúsculas e garrafais que o romance é nota mil. Pra vocês terem uma idéia não estou conseguindo largá-lo um minuto sequer.
O enredo prende a atenção do leitor ao limite. A premissa parte de um ponto bem simples: o planeta Terra sofreu duas invasões alienígenas que foram rechaçadas com uma dose exagerada de sorte e também devido ao brilhantismo de um comandante que liderou as esquadras de defesa e acabou expulsando os invasores. Ocorre que o nosso planeta está prestes a sofrer uma terceira invasão pela mesma raça cruel de alienígenas, mas antes que isso ocorra, os estrategistas militares decidem atacar o planeta. Ocorre que a distância entre a Terra e o local onde vive a raça de alienígenas é enorme, assim os militares decidem treinar crianças a partir dos seis anos de idade para que se tornem soldados, pois quando chegarem ao planeta invasor já estarão com 18 ou 20 anos.
É nesse panorama que começa o sistema de brutalização de Ender, um garoto de apenas seis anos e que passa por todo um treinamento desumano numa escola de combate para se tornar o líder da esquadra que invadirá o planeta alienígena.
Livraço! Estou devorando e gostando ao máximo! Ainda bem que não assisti ao filme, acho que quebraria o encanto da leitura.
Ah! A edição da Devir traz como brinde uma introdução da obra, onde Card conta em detalhes o que o levou a escrever um romance com essas características e como foi difícil idealizá-lo.
Tão logo conclua a leitura, publico o post com a minha opinião na íntegra.
Fui!

17 abril 2014

Diário de Uma Paixão



Confesso que estava em dúvida se lia ou não “Diário de Uma Paixão”.
É verdade! Eu estava numa sinuca danada! Parece irônico, não é? Enquanto todos endeusavam a história de Noah e Allie, o chato, aqui, achava que o romance, considerado a obra prima de Nicholas Sparks poderia ser algo decepcionante. Pois é, tudo culpa do primeiro livro que li do autor: a bomba homérica chamada “O Melhor de Mim”. E que bomba! Daquelas que não deixam pedra sobre pedra. Personagens insípidos, situações previsíveis e aquele clima de calvário, onde o pobre do personagem principal só leva porrada e rasteiras da vida e ainda no final... Bem, deixe pra lá. Quem estiver interessado em saber a minha opinião sobre “O Pior de Mim”... quer dizer “O Melhor de Mim” pode acessar aqui.
Diz o antigo ditado popular que gato picado por cobra tem medo de lingüiça, e era assim que me sentia com relação aos livros de Sparks, após ter encarado “O Melhor de Mim”. Estava tão desconfiado, mas tão desconfiado que não estava a fim de arriscar novas leituras de seus livros, mas então, numa das minhas madrugadas insones comecei garimpar alguns livros que estavam em ofertas nas Americanas, Submarino, Saraiva e Cia. Tenho o hábito de ver os comentários das pessoas que já leram determinado livro que ainda não conheço. E quando ‘bati’ os olhos em “Diário de Uma Paixão”, lá estavam as opiniões dos leitores. E pasmem, não havia nenhum, absolutamente nenhum comentário negativo sobre o livro. Cara! Só eram só elogios! Pensei comigo, caraca, será que pela primeira vez, estou diante de um romance perfeito, sem espaço para críticas negativas? O supra-sumo da literatura?? Bem, a verdade é que os comentários que vi diminuíram a minha desconfiança com relação ao autor e assim, acabei comprando “Diário de Uma Paixão”. Resultado: Li o livro em dois dias, loquei o filme, chorei com as cartas de amor escritas por Noah e Allie e.... pera aí... eu escrevi chorei? É isso aí galera, chorei.
“Diário de Uma Paixão” é totalmente o oposto de “O Melhor de Mim”. Enquanto o segundo é sinistro e carregado, contando com uma dupla de personagens amorfos, o primeiro é simplesmente poético e com um casal que encanta emociona. Costumo dizer que Noah é o cara e Allie, simplesmente fantástica. Enquanto Amanda Collier de “O Melhor de Mim” é uma mulher insegura e incapaz de lutar por um amor verdadeiro, optando por conviver ao lado de um marido alcoólatra, por causa dos filhos;  Allie é decidida, corajosa e capaz de entender e seguir o seu coração.
Aqueles que leram “O Melhor de Mim” poderão defender Amanda dizendo que ela estava casada e tinha filhos, enquanto Allie era apenas noiva; mas então, porque Amanda pemitiu o flerte de Dawson Cole e foi para a cama com ele? “O Melhor de Mim”, é brabo e o seu casal de protagonistas, principalmente, Amanda, também é brabo!
Mas não estou aqui para fazer comparações entre os dois romances de Sparks, mas sim, para escrever sobre “Diário de Uma Paixão”. My God! Que livro! Se você estiver precisando chorar um pouco, derramar lágrimas, de fato, “Diário de Uma Paixão” é o livro certo. Não há como deixar de ficar com os olhos úmidos e com aquele nozinho na garganta após ler as cartas trocadas entre Noah e Allie, os poemas que os dois compartilharam e o diário que Noah lê para a sua mulher todos os dias, quando ela já está bem doente. Putz, meu, não há coração de pedra que resista à isso.
Não quero dar detalhes sobre a obra de Sparks, por menores que sejam, pois acredito que estaria cometendo uma baita sacanagem com os leitores que ainda não tiveram oportunidade de ler o livro. Basta dizer que é uma história de amor - daquelas de arrebentar - entre duas almas gêmeas e que nem mesmo as piores dificuldades enfrentadas na juventude e também na velhice foram capazes de separá-los. Pelo contrário, esses obstáculos serviram para uni-los ainda mais. Pronto! Isso basta para resumir a história de Noah e Allie.
Grande parte do romance é escrito em primeira pessoa, narrado por Noah e as cartas trocadas pelo casal foram publicadas na íntegra, passando a fazer parte do contexto do livro. A última correspondência escrita por Allie, já bem doente, e também a mais longa publicada perto do final do livro é um pra estraçalhar o mais duro dos corações.
Prestem atenção no final do livro quando o ‘velho Noah’ (esse personagem me fez lembrar do  Kid Tourão) mesmo com o corpo baqueado pela velhice e enfermidade decide sair de seu quarto – numa clínica de repouso – para ir até o quarto de Allie. Meu! Buaaaaá!!! Chorei, novamente. Sparks descreve a ‘odisséia’ de Noah de uma maneira poética, com o personagem imaginando ser um herói ou bandido revestido de toda a coragem, na esperança de encontrar forças para vencer as limitações físicas, podendo assim chegar ao seu destino: o quarto onde está a sua amada Allie.
Confira só um trechinho da ‘aventura’ de Noah: “Sigo em frente, e o movimento força o sangue para dentro de artérias esquecidas. A cada passo sinto-me mais forte. Ouço uma porta se abrindo atrás de mim, mas não escuto passos, e então continuo. Agora sou um forasteiro. Não posso ser detido”.... “Sou um bandido da meia-noite, mascarado, fugindo no lombo de um cavalo através de cidades... “Agora sou um....” E por aí afora, ou seja, para vencer a distância (enorme para ele) e ganhar o prêmio de ver Allie; Noah ‘se veste’ de vários personagens heróicos para esquecer o seu corpo já corroído. E então, no final.... acontece a magia... algo que você nunca e jamais poderá imaginar. Um final imprevisível e ao mesmo tempo emocionante.
Só resta dizer escrever pra vocês: Leiam e chorem porque o diário de Noah vai abrir um buraco em seu coração.
Para encerrar, fica aqui um conselho de ‘friend’: leia o livro, primeiro, e então, só depois assista ao filme.
E fui!

05 abril 2014

Serial Killers – Anatomia do Mal



Às vezes, à noite, fico pensando com os botões do meu pijama que as peripécias do Kid Tourão daria um livro ou, por menos, um blog só delas. A aventuras desse velhinho tão especial não ficam devendo nada para as histórias fantásticas de um tal Barão chamado de Munchhausen. No início da noite de ontem, quando estava sentado na frente do computador  para começar a redigir esse post, eis que ouço aquela  voz inconfundível do Tourão com o seu timbre meio rouco: - “Filho, vou andar um pouquinho na calçada. Vou ver se o meu ‘quartinho’ não está doendo muito”. Explicando: quando ele diz quartinho está se referindo ao fêmur da perna direita. Vale lembrar que, há alguns meses, ele caiu e só agora está começando a se locomover sem cadeiras de rodas. Alias, às vezes penso que para o Tourão, as anatomias humanas e animais são praticamente semelhantes. Há poucos anos quando ele sofreu uma pequena lesão no cóccix e reclamou: - “Êta tombo danado! Acho que machuquei o meu coranchinho!” E assim vai... mas voltando. Preocupado com uma possível nova queda resolvi acompanhá-lo na calçada, ao invés de escrever o meu texto.
Só para esclarecer a galera que o Tourão, agora no auge das suas nove décadas de vida, também tem Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, resultado dos cigarros, charutos, cachimbos e talvez até mesmo ‘paieiros’ fumados ao longo desses anos. Por isso, geralmente no final dos exercícios e caminhadas  ‘bate’ aquele cansaço no velhinho. E foi ‘entonce’ que aconteceu a comédia que eu não poderia deixar de contar.
Lá vai o Kid Tourão com a sua manjada bengalinha caminhando na calçada de casa, quando ao ‘enfrentar’ um aclive acentuado encontra-se  uma moça muito bonita que ao ver um velhinho de cabelos brancos, um pouco curvadinho, de bengala, andando devagarzinho e com um semblante de tranqüilidade, não resiste e pára dizendo: “ – Oi vovôoooo sabia que o senhor é muito fôfo!! Quer que eu lhe ajude a subir?” Cara, acontece que nesse exato momento, o sistema respiratório do Tourão já estava na ‘repimbeta da parafuseta’, resumindo: os seus pulmões estavam desesperadamente buscando ar na reserva que já não existia. E assim, ao concluir a sua proposta benemérita, a linda jovem ouviu aquela voz rouca e muito cansada dizendo: - “Assim o veio não agüenta!!”. Explicando: sempre quando o velho Touro fica com falta de ar, por causa de algum exercício mais forçado, ele solta essa frase que se tornou algo corriqueiro em casa. Portanto, a polêmica exclamação:  “Assim o véio não agüenta” não se referia a moça, mas sim a situação baqueada dos seus pulmões. E para complicar ainda mais o ‘causo’, após ter dito essa pérola, o Tourão ainda soltou um fungado excruciantemente sofrido: Brrrrrrrrrrrruuuuuuuuuuuuu!!!! Explicando, pela segunda vez:  sempre que ele sente falta de ar, o fungado chega rasgando. É dito e feito. E apesar de se parecer com algo, digamos meio... meio... sabem né? Não tem nada a ver, o fungado do Touro é um meio dos seus pulmões se revitalizarem e buscar a quantidade satisfatória de ar para desempenhar as suas funções.
Caraaaaaaaaa!!! Imagine só essa cena! Ahahahahaha!! Estou escrevendo esse texto às gargalhadas! “- Assim o veio não agüenta!!!” e na sequência  o fungadaço Brrrrrrrrrrrruuuuuuuuuuuuu!!!!. Ahahahahaha!! Depois que expliquei para a ‘linda mulher’ os motivos verdadeiros das atitudes do Tourão, ela ficou ainda mais ‘apaixonada’ por ele, mas quem é que não se apaixona por esse velhinho que só vive aprontando, apesar dos seus problemas de saúde.
Uiaaa!! Viajei nas aventuras do Tourão e acabei deixando a análise do livro “Serial Killers – Anatomia do Mal” escanteado. Com certeza, se o velhinho teimoso não decidisse ter dao aquela voltinha na calçada, esse post ficaria bem mais curto, mas... paciência.
Cuidado com a subida Tourão!!
Olha, vou ser breve no comentário sobre o livro de Harold Schechter; não por culpa das peripécias de ‘Sir Touro’ - como costuma dizer Luna, uma das seguidoras do blog – mas porque não tenho muito o que falar escrever. Pêra aí meu!! Ocê ta querendo dizer que o livro é uma bomba?!  Não, nada disso, pelo contrário. O livro é muito bom, fantasticamente fantástico, mas para as pessoas certas. Definitivamente não aconselho a leitura aos mais sensíveis e também para aqueles que não tem estômago para acompanhar notícias de assassinatos com requintes de crueldades na mídia impressa e falada. Se você se enquadra nessas categorias, só posso lhe dizer: E-S-Q-U-E-Ç-A.
Outro detalhe importante é que existem obras tão densas, tão carregadas de informações down que é praticamente impossível relê-las ou rememorá-las. “Serial Killers – Anatomia do Mal” é uma delas, à exemplo de “Hitler”, outro livro muito bom, mas que ‘não vale’ uma segunda leitura.
O subtítulo do livro de Schechter já explica a sua essência: “Entre na mente dos psicopatas”. E é, extamente, isso mesmo que os seus nove capítulos fazem. O leitor acaba mergulhando fundo na mente de predadores assassinos que ficaram famosos ao longo da história por causa das atrocidades cometidas. O autor não esconde absolutamente nada, revelando detalhes macabros de crimes horrendos e o que poderia ter levado esses serial killers a cometerem tais monstruosidades.
O livro faz um estudo minucioso da mente dos serial killers, desde a sua infância até a fase adulta, apontando as possíveis causas que poderiam ter levado uma criança normal a se transformar num assassino cruel, sanguinário e sem remorsos.
Schechter que é professor de literatura e cultura americana no Queens College, na Universidade da Cidade de Nova York, renomado por suas obras sobre crimes verídicos, aponta os principais sinais que indicam que uma criança possa vir se tornar um serial killer no futuro. Cara! Impressionante esse capítulo! Ele explica ainda a diferença das categorias de assassinatos: em “série”, “em massa” e “relâmpago”. As nuances entre psicótico e psicopata.
No capítulo “Quem São Eles’, Schechter fala sobre os psicopatas jovens e velhos, negros e brancos, hetero e homossexuais, os casais e famílias de serial killers. Há ainda um capítulo sobre os assassinos canibais que costumam guardar na geladeira pedaços de suas vítimas para serem devorados como iguarias no almoço ou jantar. Arghhhhhhhhhhhhhhhhh!!!! Mas, sem dúvida, alguma, o mais chocante no livro é a descrição em detalhes do modus operandi dos criminosso psicopatas. Mêu!! O autor não poupa nada!!! Faz um relatório completo de como o serial killer age: antes-durante e depois.
No capítulo quatro, na minha opinião, o mais pesado de todos, ele escreve sobre perversões, sadismo, dominação, fetichismo, travestismo, vampirismo, canibalismo, necrofilia e chega né... Há também a “Galeria do Mal”, onde Schechter indica os dez piores serial killers de todos os tempos, entre eles: Ed Gein, John Wayne Gacy, Jeffrey Dahmer, Albert Fish, entre outros.
Para os interessados nos lendários psicopatas: “Jack, o Estripador” e o “Assassino do Zodíaco”, há detalhes preciosos na obra.
Todas as informações contidas em “Serial Killers – Anatomia do Mal” foram baseadas em relatórios de famosos profilers do FBI que fundaram o departamento que ficou conhecido como “Caçadores de Mente”, especializado na criação e descrição de perfis de criminosos em série americanos. Por isso, enganam-se aqueles que pensam que a obra não passa de um ‘livrinho espreme sangue’. Nada disso. Como já escrevi, trata-se de um livraço, mas denso ao limite e que não dá pra ser lido numa tacada só.
Boa leitura... se puderem (rs).
OBS: Aqui, vale um adendo, parabéns à editora DarSide: Tanto pela capa, quanto pelas ilustrações da obra. Que produção caprichada!!  

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