31 janeiro 2015

As origens do Kid Tourão


Aqueles que acompanham o blog "Livros e Opinião" já há alguns anos, com certeza, acabaram conhecendo o grande "Kid Tourão” que viveu as mais engraçadas e também emocionantes peripécias neste espaço. Um personagem que foi criado, assim, sem nenhuma pretensão e que de repente se tornou uma figura quase que indispensável nos posts.
Anteontem recebi um e-mail de um internauta que acompanha o blog. Na mensagem, o Oswaldo (deu-me autorização para usar o seu nome) escreveu que o Kid havia se tornado tão marcante, mas tão marcante, que ele havia tomado a decisão de selecionar todos os posts com a sua participação para que fossem lidos durante os momentos ‘down’. Cara, juro que fiquei curioso, mas tão curioso que escrevi de volta para o internauta. E sabem o que ele me respondeu? Isso aqui ó: “É que eu me sinto bem lendo essas aventuras. Não importa que tenham sido apenas pequenas introduções em seus posts, mas você não imagina como elas são especiais”. Cara, juro que me emocionei com a resposta. Oswaldo, valeu cara; mas valeu, mesmo!
Após ler esse e-mail parei prá pensar: “Poxa, quantos leitores não sentiram o mesmo por esse velhinho especial?” Então fui recordando de todas as manifestações carinhosas que recebi após a morte do grande “El Kid” quando ele fez o duelo final com o seu temível arqui-inimigo, o “Senior. Destino”. Pessoas que fizeram correntes de orações pela sua recuperação ou então choraram como eu chorei a sua partida. Emocionei-me, também, com a mensagem que o Augusto Salles postou no texto “O Combate final do velho Kid”, onde escreveu que apesar de não conhecer pessoalmente o nosso ‘herói’, fazia questão de acompanhar os boletins médicos. Esses “boletins médicos”, na realidade, não passavam de informações sobre a sua saúde que eu postava no facebook na época em que o Kid estava muito doente e internado  no Hospital da Unimed em Bauru.
Neste período me surpreendi com tantas mensagens carinhosas que recebi no blog e foram essas mensagens que me ajudaram a superar um dos momentos mais tristes de minha vida: a fatídica madrugada de um domingo, quando uma voz fria – acho que da assistente social ou de alguma enfermeira - me comunicou por telefone que o Kid Tourão havia ido embora para sempre.   
Pois é galera, no post de hoje gostaria que vocês conhecessem um pouco mais a origem desse valente e destemido ‘cowboy’ que marcou presença nas páginas do “Livros e  Opinião” porque apesar da galera curtir as suas aventuras, por aqui, desconhecem  quem foi, na realidade, o Kid Tourão ou ‘Torão’, como a maioria o chamava.
Waldemar, isso mesmo. Esse era o seu nome. Nada parecido com os “Billi’s”, os “The Kids”, os “Joes” ou os “Bill’s” do velho oeste. Até nisso, o Torão era original. Ele foi valente e otimista não só nos posts, mas também na vida real, demonstrando ser um homem de fé e de coragem como no dia em que a sua casa pegou fogo e ele perdeu tudo, só ficando com as roupas do corpo. O Kid, naquela época, havia acabado de se casar com a minha mãe “Lázara” – à quem carinhosamente chamávamos de ‘Toura’ ou ‘Tourinha’ - e com muito sacrifício tinham construído o seu lar.
Quem viveu aquela época recorda que o incêndio foi rápido e impiedoso e suas chamas ‘comeram’ tudo vorazmente em pouco tempo. Mesmo assim, ao chegar no local, o Kid Torão enfrentou as chamas para salvar o seu cachorro de estimação que estava preso dentro de casa e também alguns documentos pessoais.
Este foi o primeiro duelo que o nosso Kid travava com o temível ‘Senior Destino’. Somente com a roupa do corpo, o seu cachorro, alguns documentos e o amor de sua amada ‘Tourinha’, conseguiu juntar dinheiro para comprar uma nova casa e recomeçar.
Com o tempo, esse casal especial foi juntando dinheiro – trabalhando dia e noite - e conseguiram comprar um bar que chegou a ser considerado um dos mais famosos da região. Nos momentos de folga – quando não estava trabalhando como ferreiro numa Destilaria de Álcool, o Kid e sua inseparável companheira ‘trampavam’ e suavam a camisa no bar.
Mêo, dizem que naqueles tempos a ‘coisa’ era ‘meio’ que complicada com relação a valentia dos homens. Um “Olhar 43” já era motivo para que um dos valentões sacasse a sua peixeira para duelar. O Tourão e o seu cão fiel chamado ‘Suingue’ conseguiram evitar várias tragédias. Dizem que o Torão escoltado pelo grande pastor-alemão chegava na maior, pedia para que os dois valentões entregassem as facas e depois dizia algo parecido: “Agora vocês podem rolar na grama à vontade, mas armas aqui no meu bar nunca! Se bem que dois homens barbados se agarrando... já viu né?” Pronto, ao dizer isso, quase sempre as brigas terminavam e cada um dos valentões ia para o seu lado.
Outra boa... O Torão nunca dirigiu em sua vida, mas sempre gostou de carros. Curioso, né? Há muito tempo atrás, ele comprou um Opala que era o seu xodó. Quem dirigia o carro eram os meus dois irmãos, mas eles “sofriam”, porque o Torão fazia questão de estar no banco da frente. Apesar dos manos serem motoristas experientes, eles ficavam nervosos com o Kid ali na frente e que à tudo observava. Cara, um risquinho na lataria do possante... ai, ai, ai!! Já viu né?! Os dois motoristas medrosos nem sequer piscavam. Certo dia, um dos manos, ao dar ré para estacionar o carro bateu a traseira num poste. O Torão, apenas olhou de lado e soltou a pérola com a boca meia torta: “Qué que eu desço pra tirar o poste da calçada pra você estacionar??”. Meu irmão diz que o Tourão soltou a frase emblemática num rosnado, como um cão raivoso, mas só ficou nisso.
Meus pais sempre foram pessoas de muita fé e o Kid Torão fazia questão de todos os anos visitar o Santuário Nacional de Aparecida do Norte para ver a “sua mãezinha” como ele se referia à Nossa Senhora. Antes, ele passava com a família por São Paulo para visitar suas irmãs, carregando uma batelada de malas. Reza a lenda que no momento de atravessar uma rua de muito movimento, o Torão erguia os braços para que os carros parassem e assim, ele e todos nós pudessemos passar. Em seguida, o Kid ainda agradecia a educação dos motoristas, saudando-os com um gesto. Fico imaginando se alguém ‘inventa’ fazer isso, nos dias de hoje, no trânsito paranóico de São Paulo. Acho que não sobraria nenhuma célula do corpo da pessoa.
Cara, e assim, foi a vida do velho Kid; repleta de aventuras... e algumas, eu quis dividir com vocês para que conhecessem um pouco mais as origens do herói do “Livros e Opinião”.
Para ilustrar o post, pedi ao meu sobrinho, Julio Cesar que desenvolvesse uma arte do Kid Torão. E o Julio que é um design gráfico de primeira atendeu ao meu pedido. Gostei pacas! E vocês, o que acharam?
Até daqui à pouco, galera!


25 janeiro 2015

Chega em março no Brasil “Os Deuses Gregos”, novo livro de Percy Jackson



Os fãs de Percy Jackson e de quebra os amantes da mitologia grega devem estar soltando uma bateria de fogos neste momento. Sem contar, é claro, a ansiedade de ver o mais rápido possível nas prateleiras das livrarias o novo livro de Rick Riordan, considerado o ‘pai’ do famoso semideus. De antemão, já aviso os ansiosos que “Percy Jackson e os Deuses Gregos” só aterrissará por terras tupiniquins em 06 de março vindouro.
Neste livro o herói que conquistou um batalhão de fãs pelo mundo afora explica a versão da mitologia grega para a criação do mundo e dá aos leitores sua visão pessoal sobre quem é quem na Grécia Antiga, de Apollo a Zeus.
Em março, quando você começar a ler o novo livro de Riordan, esqueça totalmente os anteriores, pelo menos no que diz respeito a ordem seqüêncial, já que “Percy Jackson e os Deuses Gregos” não se trata de uma nova aventura do olimpiano, além de não pertencer a nenhuma coleção. Como o próprio nome da obra já diz, ela trata especificamente de histórias sobre mitologia grega, mas somente aquelas relacionadas aos deuses do Olimpo. Assim, esqueçam Jasão, Perseu, Teseu e outros semideuses.
Riordan confessou numa entrevista que sempre sonhou escrever um livro sobre mitologia grega, mas daquelas obras tradicionais, sem personagens fora do contexto mitológico clássico dando as caras por lá. Mas vejam só como é... Quis o “Senhor Destino” que Percy Jackson aparecesse em sua vida, então, lá se foram as idéias sobre mitologia clássica. Quer dizer: com o sucesso da série de livros sobre os Olimpianos, as tais idéias acabaram indo embora, mas não tão longe. Culpa de um editor de Nova York que pediu para que o autor escrevesse tudo o que sabia sobre os deuses gregos. Riordan não pestanejou e concordou na hora, mas com uma condição: que os mitos sobre os deuses gregos fossem narrados por Percy Jackson. Certíssimo ele! Não poderia ser diferente, já que o autor deve todo o seu sucesso e toda a sua fortuna ao garoto semideus. Bem, nascia assim, “Percy Jackson e os Deuses Gregos”.

O rapto de Perséfone (John Rocco)
Como um amante inveterado da mitologia grega, fiquei feliz ao saber que Riordan não pretende deturpar essas histórias. Ele afirmou que o principal desafio ao escrever o livro foi descobrir como fazer “aquelas velhas histórias se encaixarem de uma forma que as crianças e os adolescentes as achassem interessantes, emocionantes e engraçadas”. E completou: “Tudo isso sem perder a sua essência”.
No livro você vai ficar sabendo, por exemplo, como os desus gregos nasceram, cresceram, além é claro das aventuras e confusões em que se meteram.
E como não existe livros sobre mitologia grega sem ilustrações sobre esses mitos; “Percy Jackson e os Deuses Gregos” está recheado de ilustrações. Em cada uma de suas 336 páginas, você encontra ilustrações de derrubar o queixo, feitas por ninguém menos do que o conhecido John Rocco, responsável pelas capas de toda a coleção de Percy Jackson.
Taí galera! Agora é só aguardar  a chegada de 06 de março para começar a devorar o novo livro de Riordan. Lembrando que caberá à editora Intrínseca a honra de presentear os fãs do semideus com a obra.
Inté!



19 janeiro 2015

13 Histórias Que Até A Mim Assustaram



Putz galera... estou escrevendo esse post, ainda, com o com coração em frangalhos pela partida do Kid Tourão. Alguns de vocês podem questionar: - “Pôxa vida, já era hora do sujeito ter superado esse momento, afinal de contas já faz mais de uma semana que tudo aconteceu”. Cara, ocorre que a minha ligação com o Kid era algo muito especial. Imagine o relacionamento pai e filho calcado no amor e multiplicado por ‘sei lá quantas vezes mais’. Era assim a minha relação com o velho.
Vejam bem, não estou deprê e muito menos revoltado com Deus, não, nada disso. Estou simplesmente triste. Saio, curto os amigos, as noitadas, os chopinhos, mas... bem... aquela certeza de que jamais verei – em vida – meu herói, o grande Kid, continua judiando. E quem está me dando uma força muito grande nessa hora é o meu anjo da guarda de carne e osso chamada Lulu. Caraca, que mulher! Bem que o saudoso Kid a admirava de montão, tendo um carinho especial por ela. Ah! Não posso me esquecer também do apoio de meus irmãos que está sendo fundamental. Nós três, ainda nos amparamos em muletas e nos consolamos mutuamente. E assim, vamos levando a vida.
Mas a vida prossegue e assim, vamos tocando em frente. Com certeza, lá no “Paraíso dos Kids” o grande Tourão estará torcendo para que eu não perca jamais a minha alegria de viver. Uma alegria tão grande, mas tão grande que se resume naquele tradicional grito de guerra que os seguidores do “Livros e Opinião” já aprenderam a conhecer: “Iahuuuuuuuuuuuuuuuu!!!!
Belê? Mas vamos falar escrever sobre livros que, afinal de contas, é o sentido desse blog.
O meu contato com “13 Histórias Que Até A Mim Assustaram” aconteceu na chamada “Fase Tourão”. Quando terminei a leitura da coletânea de contos organizada e  aprovada pelo mestre do suspense Alfred Hitchcock, a saúde do Kid começou a degringolar escadaria abaixo, por isso demorei para fazer a resenha. Agora, com a cabeça um pouco mais leve resolvi encarar o computer para escrever o post. Vamos á ele.
A coletânea de Hitchocock serviu para confirmar a grande máxima: “Jamais compre um livro de contos – mesmo o seu autor sendo uma lenda viva ou morta – acreditando que todas as histórias serão boas”. Isto é impossível. Mesmo assim, adquiri “13 Histórias Que Até A Mim Assustaram” com a feliz convicção de que todos os contos do livro se salvariam. Afinal, o responsável pela seleção havia sido ninguém mais que o mestre do suspense, o gênio Alfred Hitchocock. Quando li a primeira história, a minha inocente convicção já começou a cair por terra abaixo. No terceiro, compreendi como havia sido inocente. Pêra aí, inocente não; um tonto mesmo. Na oitava história , cheguei a conclusão de que não existe e jamais existirá uma coletânea de contos perfeita.  
O livro que leva o aval de Hitchcock tem duas histórias medonhas, uma ruim da ‘muléstia’ e outra meia boca. Dessa forma, entre mortos e feridos, conseguiram se salvar nove; o que considero um bom saldo.
Bem, o primeiro é brabíssimo: “Uma Morte em Família”, que não merece sequer ser mencionado. Medíocre ao extremo. È a história de um agente funerário solitário que decide formar uma família bem sui generis: com defuntos. Um dia, ele descobre - na porta de sua casa, dentro de um cesto - o cadáver de uma criança que havia sido seqüestrada. Adivinhem só se ele não irá pegar o corpo da falecida, embalsamá-lo e juntá-lo a sua “família”. Conto chocho e com final mais chocho ainda.
“Os Homens sem Ossos”, de Gerald Kersh, compensa a ruindade do conto anterior. Gostei muito. Lembra em gênero, número e graus, a antológica série “Além da Imaginação”. Nele um explorador revela que descobriu num lugar isolado, no fim do mundo, uma raça de estranhos seres sem ossos e gelatinosos, ‘uns’ homenzinhos feios ‘pra dedéu’ e que atacam os desprevenidos, chupando todo o seu sangue. A grande sacada do conto de Kersh está no final quando é revelado o segredo dos tais homenzinhos. Surpreendente!
O terceiro conto, “A Batalha das Ruas” de Fritz Leiber é bem fraquinho e não empolga, apesar do tema interessante. Sei lá, a narrativa empaca, não evolui, deixando o leitor desanimado. Num futuro apocalíptico, os pedestres vivem uma batalha de vida ou morte contra os motorizados que nada mais são do que aquelas pessoas que possuem carros.
“As Duas Solteironas” se encaixam no gênero terror psicológico, daqueles que trocam miolos e sangue espalhados pelas paredes por medo e tensão. Daquelas que vão crescendo conforme a leitura vai evoluindo. Um detetive particular, após seu carro quebrar numa estrada abandonada, vai parar numa casa sinistra habitada por duas mulheres solteironas mais sinistras ainda. Elas dão abrigo ao homem, mas as suas intenções não serão nada boas.
“A Faca” de Robert Arthur, é meia boquíssima. Passou no teste raspando. É a história de uma faca maldita que é descoberta por um sujeito que estava fuçando algumas tranqueiras no meio do mato.  Rapaz, a faca é braba! Ela estraga a vida daqueles que ouçam tocá-la. Como já disse, a história apenas quebra o galho e olha lá!
Apesar da narrativa tresloucada e tenebrosa; gostei de “A Estrada para Mictlantecutli”.O autor Adobe James aborda o incansável tema da luta do bem contra o mal. Um velho padre, muito esquisito e as vezes meio sinistro, disputa com uma mulher de beleza estonteante e que galopa de maneira sensual um lindo cavalo negro, a alma de um impiedoso assassino que foge da polícia. Um deles é enviado de Deus  e  o outro do demônio. Quem será quem?
Em “O Estuário”, um espertalhão tem o hábito de invadir velhos navios da 2ª Guerra Mundial que ficam abandonados num porto, em busca de quinquilharias que possam render-lhe algum dinheiro. As suas incursões acontecem durante as madrugadas quando as patrulhas no porto, praticamente deixam de acontecer. Para que os seus furtos rendam mais, o sujeito resolve contratar um ladrãozinho barato que passa a lhe ajudar nas investidas noturnas. Alguns dias depois, o rapaz avisa que ouviu barulhos estranhos nos navios, como se alguém o estivesse seguindo. Então, acontece o inevitável. A história conseguiu me prender até o final.
My God!! O oitavo conto “Cidade Difícil”, à exemplo do primeiro,  nem merece ser mencionado. É a ruindade das ruindades. Cara, não entendi as razões dos moradores da tal cidade e muito menos a cidade em si. Narrativa artificial e com um final violento e sem sentido. Uma bos.... Bem, melhor esquecer. Não sei onde Hitchcock estava com a cabeça ao selecionar algo tão ruim para a sua coletânea.
O conto seguinte denominado “O Ente Sobrenatural” atendeu à todas as minhas expectativas. O texto dinâmico de T.H.White prende a nossa atenção do início ao fim. O ente sobrenatural do conto é um troll que só é visto pelo pai do narrador da história, um pescador que decide passar as férias num hotel na Lapônia. Lá, o pescador dá de cara com o monstro, mas por algum motivo desconhecido, só ele consegue ver o troll sem nenhum disfarce. Já os outros hóspedes enxergam o monstrengo como um distinto professor. Como fazer para convencer todas essas pessoas sem ‘passar-se’ por um louco?
Já os leitores que apreciam o gênero thriller psicológico irão amar “A Noite da Vingança”. Na minha opinião um dos melhores contos do livro, só perdendo para “A Ameaça do Fundo do Mar”, esse imbatível. Robert Somerlott escreve sobre um fugitivo nazista, responsável pela execução de vários judeus durante a 2ª Guerra Mundial. É o tipo do conto que não dá para comentar muito, pois corremos o risco de estragar as surpresas impagáveis que acontecem ao longo da narrativa. O final é de derrubar o queixo de qualquer um. Fiquei de boca aberta, pois jamais imaginava que seria aquele o final do personagem.
“O Fantasma do Enforcado” é outro conto com final surpreendente, daqueles de gelar o sangue. Um casal decide construir uma casa num terreno bem espaçoso e aconchegante, sem saber que ali aconteceu o enforcamento de um fazendeiro, cujo fantasma passará a atormentá-los. Prestem atenção no momento em que um dos amigos desse casal vai visitar o filho num sanatório. Brrrrr... A descrição da criança é apavorante.  Aliás, a ‘criança-mostro’ tem relação direta com o fantasma do título da história. O autor William Wood deixou para explicar tudo nas últimas linhas e com uma grande dose de calafrios.
A penúltima história se chama “Jornada para a Morte” e ao lê-la me veio à mente o antológico conto “O Sobrevivente” de Stephen King, onde um náufrago faminto começa a devorar partes de seu próprio corpo. Será que King encontrou inspiração nesse antigo conto de Donald E. Westlake, escrito em 1959?
A coletânea organizada por Hitchcock termina com “A Ameaça do Fundo do Mar”, o melhor e também o mais comprido dos 13 contos. Talvez, muitos considerem a narrativa de John Wyndham arrastada e cansativa, além de comprida, já que o conto tem mais de 140 páginas; mas na minha modesta opinião, simplesmente adorei. A história vai prendendo a sua atenção página por página e não vemos a hora de saber quem vencerá a batalha: seres humanos ou os alienígenas que querem dominar o nosso planeta.
A descrição do primeiro ataque dos invasores que se escondem no fundo do mar é de tirar o fôlego. Eu não conseguia desgrudar as mãos do livro. Uma leitura angustiante, mas prazerosa.
Posso dizer que “13 Histórias Que Até A Mim Assustaram” passou no teste, já que a quantidade de contos bons superou os ruins e por uma boa margem.

12 janeiro 2015

O combate final do velho Kid



Olha, juro que não quero ser down ou então um atirador de baixo astral, mas infelizmente, a Morte à quem apelidei em meus posts de “Sênior Destino” nos deixa assim. Prometo que irei fazer de tudo para não estragar esse texto com linhas lamentosas, melodramáticas e chorosas, mas cara, vai ser muito difícil porque, afinal de contas perdi meu querido, meu velho, meu herói: o grande Kid Tourão que ao longo desse quatro anos de existência do “Livros e Opinião”, alegrou tantos posts.
O Kid já vinha duelando contra o temível “Sênior Destino” há vários anos e nesse período sempre levou a melhor. Foram lutas homéricas e que valeram várias balas sem seu corpo, algumas de raspão e outras quase certeiras, mas ele também deu o troco, com tiros doídos no inimigo, conseguindo assim, ludibriá-lo, pelo menos, até ontem quando o Kid Touro acabou sendo atingido mortalmente, não sem antes ter pregado uma boa peça no “Sênior Destino”.
Nosso herói começou a passar mal em casa de onde foi encaminhado praticamente nas últimas para o Hospital da Unimed em Bauru – cujo atendimento, principalmente no que se refere a chamada rede de informações “médico/enfermagem-familiares de paciente” deixou muito a desejar, um verdadeiro desastre – e depois disso, apesar dos esporádicos períodos de melhoria, a sua saúde só foi declinando.
Certa noite, antes de partir para os braços do Pai, ele disse que tinha praticamente morrido antes de dar entrada no hospital, mas havia voltado -ao menos um pouquinho - pelo amor que ele tinha em seus três filhos. Ele revelou no ouvido de minha sobrinha: “Carla, eu já tinha ido, mas voltei para ficar um pouco mais ao lado dos meus filhos. Sei que eles ainda precisam de mim por perto; pelo menos por alguns instantes”. Caramba!! Que drible no Senior Destino!!
Depois disso, no dia seguinte, ele se foi para sempre... partiu dormindo após uma luta de tantos anos contra o seu inimigo pistoleiro que o perseguiu durante muito tempo.
E como todo cowboy do ‘velho oeste da vida’ ele também foi um galanteador, mesmo delirando por causa do sofrimento de sua doença. Certa noite ao receber a visita de uma bonita enfermeira para checar os seus sinais vitais, ele soltou a pérola: “Quer tomar um vinho?”. Então, minha cunhada que estava cuidando dele falou: -” E eu? O senhor não vai convidar?”. Ele respondeu: - “Assim que acabar de tomar o vinho com ela, eu beberei um trago com você”.
- “Touro!!! Cachaça?!! Isso é convite que se faça para uma mulher!”
Todos riram. Foi um momento da mais pura descontração, algo típido do velho.
Mas a nossa vida tem aquele vicioso ciclo chamado: “nascer-viver-morrer” que deve ser cumprido; e o ciclo do nosso herói chegou ao fim.
Ficam agora as boas lembranças que marcaram a sua vida ao meu lado e também os posts desse blog que contaram com a sua presença.
Vaya com Dios El Kid!

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