29 abril 2015
Escritores fazem ‘vaquinha virtual’ para publicar “As Crônicas de Miramar – O Segredo do Camafeu de Prata”
Ao abrir os emails do meu blog – como faço todas as noites
ou madrugadas – deparei-me com uma ‘carta virtual’ muito atípica, mas também
interessante e que chamou a minha atenção. Ela havia sido enviada por dois
escritores paranaenses que tiveram duas idéias muito malucas, cara... Malucas
não; doidas mesmo, mas pra lá de doidas. Quando terminei de ler o e-mail fiquei
assim meio que pasmado, mas depois, aos poucos, fui analisando a proposta dos
caras e percebi que atrás daquela maluquice toda havia um toque de gênio.
Flávio St James e Wemerson Damásio decidiram escrever um
livro onde os personagens centrais são jovens com super poderes, ou falando
escrevendo abertamente: um romance com super-heróis brasileiros! Do tipo
mutantes! Aliás o fio condutor da história lembra muito a saga dos X-Men.
Confiram só um pequeno trecho e respondam se estou ou não com a razão: “Miramar é um lugar que ninguém sabe exatamente onde
fica. Perdido entre as montanhas, com uma entrada escondida e aparentemente sem
saída, o lugar é comandado por uma mulher misteriosa e abriga uma escola de
treinamento para jovens com habilidades especiais”. Diz aí; lembra ou não os
famosos mutantes dos quadrinhos da Marvel Comics?
Cara, sabemos que a vida de super-herói
brazuca não é fácil. E olha que temos muitos: Raio Negro, Meteoro, Capitão
Brasil, Quebra-Queixo, Judoka, entre outros. Essa galera come o pão que o diabo
amassou, porque afinal de contas é muito difícil competir com Superman, Capitão
América, Homem de Ferro, Batman e companhia Ltda. Resultado: os brazucões acabaram
caindo no esquecimento.
Este é, portanto, o primeiro desafio
‘malucaço’ de James e Damásio: criar personagens tupiniquins com super-poderes
que tenham carisma suficiente para fazer frente à concorrência dos pesos
pesados da Terra do Tio Sam e com isso conquistar a simpatia dos leitores
brasileiros adeptos desse tipo de aventura.
O segundo desafio, também malucaço, mas ao
mesmo tempo genial, é conseguir grana suficiente para publicar a obra. Para
isso, eles lançaram uma campanha que ficou conhecida nas redes sociais como
“Vaquinha Virtual”. Esta tal “vaquinha” é um projeto colaborativo lançado no
site Catarse.me onde qualquer pessoa pode contribuir com o valor que quiser
para a publicação do livro. Caso concretizado, a obra será publicada e
distribuída nas principais livrarias do Brasil e de Portugal, contando com
edições impressas e digitais. Cada um que colaborar receberá algo em troca,
como cópias autografadas ou produtos oficiais e caso o valor necessário para a
publicação não seja alcançado, todas as contribuições serão devolvidas aos
doadores.
Não há como negar que James e Damásio
tiveram uma “super-idéia”. E tomara que dê certo! Afinal de contas, eles são escritores,
aqui, da nossa terrinha.
Falei, falei; escrevi, escrevi e acabei me
omitindo com relação aos detalhes do enredo.
Os autores Flávio St James e Wemerson Damásio |
Cinco adolescentes com habilidades
sobre-humanas deverão dar o melhor de si e colocar suas próprias vidas em risco
para desvendar os segredos de Miramar,
onde pessoas somem misteriosamente.
Quanto aos autores, Flávio St Jayme
é jornalista de cinema e entretenimento e empresário. Fã de cinema e seriados,
também escreve para um site de Curitiba e mantém o Pausa Dramática, seu próprio
site com notícias de cinema, televisão, música e comportamento. Formado em
pedagogia e com pós graduação em História da Arte, tem o hábito de ler desde
criança.
Já Wemerson
Damasio é professor de crianças e adolescentes na rede municipal e
estadual de Curitiba. Formado em Letras com pós graduação em Metodologia de
Ensino da Língua Inglesa.
Agora, leiam o primeiro capítulo de “As
Crônicas de Miramar – O Segredo do Camafeu de Prata” e respondam em seus
comentários o que acharam do ‘aperitivo’. Se a galera gostar do primeiro capítulo, não custa
nada participar da “Vaquinha Virtual” (acesse aqui) e ajudar essa dupla a
angariar recursos para o lançamento de seu livro.
Capítulo
1 - Elizabeth
“Vai ser bom pra ela”. Era o que mais martelava em sua cabeça desde
aquele dia da reunião do diretor da escola com seu pai. Ela tinha sido convidada
a se retirar da sala enquanto a autoridade maior dentro da escola
explicava a situação. “Vai ser bom pra ela”. O que diabos aquilo queria
dizer? Depois, sob o olhar repreensivo de uma inspetora (que ela tinha
certeza, não gostava dela), ainda ouviu o diretor dizer mais alguma coisa
pela fresta da ventarola da porta: “Lá, ela vai ter amigos como ela”. Como
assim? O que ela tinha de diferente?
Era o que Elizabeth mais se perguntava desde
aquele dia, uma semana atrás, quando a transferiram. Não só de escola, mas
de cidade. Umas pessoas estranhas apareceram em sua casa e conversaram com
seu pai. Ela ouviu a conversa toda da cozinha, enquanto fazia bastante
barulho para fingir que lavava a louça. Aquele casal, todo vestido de preto,
estava na sala conversando com ele. Ela não tinha mãe desde os sete anos.
Agora com quinze, o pai decidira virar suas vidas do avesso, aparentemente
só porque o diretor disse que “Vai ser bom pra ela”. O casal assegurou que
seu pai teria todo o apoio necessário com a mudança. Não precisava se
preocupar em levar móveis, pois teria uma casa perfeitamente equipada, tão
boa ou ainda melhor que esta. Era para eles empacotarem roupas, coisas
pessoais (como sua coleção de seriados em DVD, por exemplo) e deixar tudo
em caixas marcadas que eles se encarregariam do transporte e quando ela e
seu pai chegassem em Miramar tudo já estaria lá.
“Mas e meu emprego?”, seu pai, preocupado, perguntava. Novamente eles asseguraram que tudo estaria resolvido. Ele teria um cargo e um salário melhores na mesma área que trabalhava. Ele era contador, administrador ou algo assim, Elizabeth nunca entendeu muito bem. Assim que eles saíram, ela tratou de colocar seus fones de ouvido e por para tocar uma música qualquer em seu iPhone para deixar bem claro que não tinha ouvido nada. Mas tinha. Tinha ouvido a mulher dizer a mesma coisa do diretor: “Vai ser bom pra ela, lá ela terá companhia de jovens como ela.” Ela não entendia o que eles queriam dizer. Eles estavam dizendo que era diferente? É isso? Mas, diferente como? Ela não se via diferente de ninguém. Pelo menos não de ninguém da sua idade, já que achava seus seios um pouco pequenos demais. O que ela tinha de diferente?
Elizabeth se lembrava das ordens do pai, carinhoso mas autoritário, como só ele sabia: era para ela empacotar tudo o que achasse necessário para se mudarem. Não, a cama não estava inclusa. Sim, podia levar seus bichos de pelúcia e seus DVDs. Sim, suas roupas também. Não, o pai achava que ventilador não era necessário.Mas onde, afinal de contas, era Miramar? O que tinha lá que fazia deste um lugar tão especial?
Por que ela e o pai deveriam abandonar a vida que tinham ali, tranquila e sossegada, para se mudar para uma cidade estranha aceitando tudo tão calmamente? O pai em momento algum se rebelou com a ideia. Acatou as sugestões de bom grado com um ar ligeiramente cansado. Ela sabia que desde a morte da mãe as coisas não tinham sido exatamente fáceis. Lembrou-se de um dia que precisou encaminhar um bilhete de uma professora e leu antes de entregar ao pai. Em linhas gerais ele dizia que “a escola não tinha meios para lidar com uma criança como ela”. Foi naquele momento que ela começou a notar coisas diferentes e que algumas pessoas se afastavam dela. Será que era isso que o diretor queria dizer? “Amigos como ela”... mas, por que ela não podia continuar com esses amigos?
Ela e os amigos prometeram não perder contato, se falar por Skype, Whatsapp, Facebook ou qualquer outra engenhoca moderna sempre que possível, mas ela sabia que a vida tomava rumos diferentes. Que pessoas se perdiam no caminho. Que a distância era cruel e acabaria por perder contato com eles. Mas também, tinha ficado tão pouco tempo em cada escola por onde passou que nunca teve tempo de se aprofundar muito nas amizades. E, imaginava, que em Miramar faria novas amizades, já que lá teriam outros “jovens como ela”.
Essa informação era o que mais lhe incomodava. Ali, sentada no banco do passageiro enquanto o pai dirigia cantando uma música antiga do Queen (uma vez ela chegou a questionar a sexualidade do pai por causa de sua fixação por Fred Mercury), ela com seus fones de ouvido pensava sobre tudo aquilo. Olhando as plantações de trigo, ao menos ela achava que era trigo, Elizabeth tentava entender o que significava ser “como ela”.
_ O que você sabe sobre Miramar, pai? – resolveu perguntar.
_ Poxa, não sei muita coisa não... pra dizer a verdade, we are the champions...... nunca tinha ouvido falar até semana passada.
O pai tinha essa mania, que ela aprendeu a gostar, de cantar junto com a música que estava ouvindo mesmo no meio de uma frase qualquer.
_ Miramar... será que isso quer dizer que tem praia?
_ Hum, pode ser. Faz um certo sentido...
Elizabeth achava que poderia até gostar do lugar. Sempre fora muito cordata. Quando ouvia ou via aquelas histórias de adolescentes revoltados não entendia. Seu pai nunca a tratara como uma criança (talvez pela falta da mãe) e ela nunca tinha visto motivos para se revoltar. Ele a deixava sair, desde que respeitasse a hora de voltar. Se não respeitasse, não sairia da próxima vez. Ela achava um acordo simples. Tinha tarefas para fazer em casa, como pôr a roupa para lavar, estender e recolher ou lavar a louça do almoço (o pai lavava a do jantar). Achava justo ajudar, já que eram só ela e o pai.
_ Acho que devíamos ter trazido o ventilador então, pai...
_ Lá deve ter onde comprar. E não é porque tem mar que será quente necessariamente, né?
_ É... também faz certo sentido. Você está curioso?Ele estava. Não com Miramar. Mas com a calma com que a filha estava aceitando tudo aquilo.
Sim, as mudanças de escola não eram raras. As de cidade eram um pouco mais. Mas mesmo assim. Um lugar desconhecido, com alguém levando as bagagens, e ela só agora começava a questionar. Tá certo que Elizabeth não era exatamente perguntadeira (e ele bem sabia porquê), mas mesmo assim, era inusitado: tudo era muito diferente das outras vezes.
_ ... da praia?
Ele foi acordado dos devaneios pela pergunta.
_ O quê?
_ Eu perguntei se nossa casa é perto da praia – ela repetiu, ignorando a falta de resposta para a pergunta anterior.
_ Ah, não sei... a gente ainda nem sabe se tem praia mesmo, esqueceu?
_ É mesmo. Mas você não viu a casa que a gente vai morar?
_ Não – agora ele começava a reparar como aquilo poderia soar estranho.
_ Nem pela internet??
Ainda mais estranho.
_ Não...
O pai começava a se questionar a legitimidade daquela oferta. Até então tinha acatado tudo muito calmamente. A conversa com o diretor, o casal de agentes, a mudança, o transporte, as alegações sobre a filha... Porém, só agora começava a pensar como tudo estava estranho. Ele sabia que seria melhor para Elizabeth, claro, ou pelo menos se convencia disso. Mas aceitara tudo muito de bom grado, sem fazer muitas perguntas. Que cidade era aquela? Como era essa casa que lhe arrumaram? E o emprego? E se não gostassem? Os agentes asseguraram que não era uma mudança definitiva, que eles poderiam sair da cidade quando quisessem, mas que ninguém nunca tinha decidido sair. Mesmo assim, tudo parecia irreal demais. E os vizinhos, como seriam? Teriam vizinhos? E essa história de praia agora? Ele não era muito fã de morar no litoral não. Já tinha ouvido muito história de como a maresia estragava os móveis e os aparelhos eletrônicos. Falando em aparelhos eletrônicos lembrou que pediu especial atenção à transportadora (ao menos escreveu na caixa) com seus equipamentos de home cinema. Sabe lá o que encontrariam naquela cidade e se ele conseguiria ver um filme de forma decente se não os levasse.
Ela começou a se lembrar de quando empacotava as coisas. Guardando lembranças, separando coisas como o porta retrato com a foto da mãe para levar na mochila consigo. Olhou a foto da mãe. Tinha herdado dela os cabelos lisos e ruivos. E do pai os traços fortes no rosto. Sua mãe era magra e alta. Até onde ela se lembrava, carinhosa. Ela tinha só três anos quando a mãe morreu. Era estranho como as memórias reais se misturavam com coisas inventadas por nossa cabeça e deixávamos de saber o que tinha realmente acontecido ou não. O dia da morte da mãe, por exemplo, era um grande emaranhado de gente, falação e luzes que ela ainda não conseguia se lembrar muito bem.
Enquanto dirigia o pai pensava em como eles tinham segurado as pontas até ali. Como tinha sido obrigado a terminar de criar a filha depois do que tinha acontecido e como carregava um enorme fardo desde aquele último telefonema. Ela era tão pequena e ali o pai já teve que impor uma importante regra: nunca mentiriam um para o outro. Comprometeu-se a falar somente a verdade para a filha. Ainda que fosse a partir daquele momento. Sabia que, como qualquer adolescente, Elizabeth tinha e teria seus segredos, mas novas mentiras estavam proibidas para ambos.
Estavam se aproximando de um posto de gasolina e ele ainda não sabia quanto tempo de viagem teriam (ninguém parecia saber com exatidão onde ficava a cidade e seu GPS tinha parado de funcionar fazia cerca de uma hora). Sugeriu uma parada, Elizabeth aceitou.
Alegando que precisava esticar as pernas, a garota desceu do sedã preto do pai (que ela considerava extremamente cafona, preferia um carro “sem bunda”), amarrou os cabelos compridos com um elástico e começou a, literalmente, se esticar ao lado do carro. Esticou braços acima da cabeça, puxou as pernas para trás, o pescoço. E o pai a olhava.
_ O que foi? – ela perguntou.
_ Nada, às vezes só acho que nunca mais vou ter minha menina de novo...
O pai parecia triste com a inevitável constatação. Ela sorriu.
_ Para pai. Pode parar. Fica aí ouvindo essas músicas deprê e vem com esse papo agora. (estavam no meio de How Can I Go On, ainda com Fred Mercury nos vocais, quando pararam) Vou sempre ser sua menininha tá? – ela disse com um gracejo que lembrava a careta mostrando a língua que mandava para o pai por mensagem de celular – E ainda vou precisar muito de colo.
Quando ela terminou os alongamentos o pai desceu do carro (ela achou que ele secava os olhos com as costas da mão, mas não tinha certeza), travou as portas e eles foram para a loja de conveniência. Compraram alguns salgadinhos e refrigerantes, o pai comprou uma caixinha de Tic-Tac, e saíram. Ela precisava ir ao banheiro, então ele deixou as compras no carro e também foi.
Achando mais limpo do que esperava, Elizabetn fez o que precisava e segurava já fazia um tempo, e quando estava lavando as mãos uma outra garota, parecendo um pouco mais nova que ela, entrou e parou ao seu lado para usar a pia.
No banheiro masculino o pai também lavava as mãos. Secou e saiu. Fora, um casal esperava por alguém para seguir viagem. Ele decidiu perguntar:
_ Desculpa, com licença, vocês sabem se falta muito pra chegar em Miramar?
O casal se entreolhou e com um sorriso meio de canto e sem jeito o homem respondeu,enquanto a mulher batia a cinza do cigarro:_ A gente ia adorar saber...
Será que ele tinha captado a mensagem certa?
_ Vocês também estão indo pra lá? – arriscou.
_ Sim. Foi indicação do diretor da escola onde nossa filha estudava. Ele disse que lá seria bom pra ela. – respondeu a mãe, não sem demonstrar certo tremor na mão que segurava o cigarro.
No banheiro feminino a menina tentava não olhar para Elizabeth. E também tremia um pouco.
_ Tá tudo bem? – ela perguntou.
_ Tá sim – a garota mais nova respondeu, ainda demonstrando certo nervosismo. – É que estou meio assustada, sabe?
_ Aconteceu alguma coisa?
_ Meus pais resolveram se mudar de repente. Tiveram uma reunião com o diretor da minha escola e no dia seguinte empacotaram tudo.
Elizabeth começou a ficar com medo das coincidências. A garota continuou, sem tirar as mãos debaixo da torneira que mantinha aberta:
_ Agora a gente está indo pra uma cidade que nunca ouvimos falar, um lugar chamado Miramar.
Não podia ser... era coincidência demais, mas Elizabeth resolveu que era melhor aliviar aquela
tensão:
_ Puxa, sério? Eu também estou indo pra lá com meu pai. – tentou dizer no tom mais alegre que conseguiu debaixo daquele nervosismo.
_ E o que eles disseram pra você? – a menina perguntou. – que seria bom pra você?
O nervosismo de Elizabeth começou a aumentar e ela começou a achar que algo poderia não estar certo naquela história.
_ É... e disseram que...
A outra interrompeu:
_ Que você encontraria gente como você – ela deu ênfase nesta última parte.
_ Sim, foi isso que disseram... – Elizabeth ficava cada vez mais nervosa.
_ E por acaso você tem alguma ideia do que isso significa?
O nervosismo só aumentava. Mas agora ela não sabia mais se era pelo que a garota tinha dito ou por causa daquela água que não parava de cair da torneira. Custava a garota fechar a torneira para falar?_ Não... não tenho muita ideia não... – Elizabeth respondeu.
_ Pois eu tenho. Estão nos enfiando num lugar com um bando de freaks. – a menina respondeu, se alterando um pouco.
_ Como assim freaks? – Elizabeth sabia o que a palavra significava, gente estranha, esquisita (ao menos na cabeça de quem as classificava), mas não entendeu o que a menina quis dizer. Começou a notar um pequeno vapor preenchendo o banheiro lentamente.
_ Quer dizer que estão mandando a gente pra um lugar onde só tem anormal. E pior, estão querendo dizer que a gente também é! – a menina se alterava cada vez mais. E o vapor aumentava conforme o tom de voz dela subia.
_ Calma, eu acho que não é nada disso. – Elizabeth tentou dizer.
_ Sei lá o que vão fazer com a gente nessa cidade! E se começarem a usar a gente pra experimentos genéticos? – por mais que parecesse mais nova, a menina parecia inteligente. E cada vez mais alterada, é importante lembrar.
As duas quase não conseguiam se ver agora, tamanho era o vapor dentro do banheiro. Os espelhos já estavam completamente embaçados. A menina pareceu trocar a irritação pelo desespero:
_ Eu estou com medo do que vão fazer com a gente....
Novamente Elizabeth tentou acalmá-la:
_ Escuta, eu também estou indo pra lá, prometo que vou te proteger.
Quando ia se aproximar para abraçar a criança, a porta se abriu e o ar mais frio da rua entrou no banheiro.
_ Vamos embora daqui! – uma mão puxou a menina para fora. Foi só então que Elizabeth percebeu como estava quente ali dentro. E percebeu que a água ainda corria solta na torneira. Ao tentar fechá-la, sem querer molhou a mão e sentiu a pele queimar com a temperatura da água que escorria na pia.
“Mas e meu emprego?”, seu pai, preocupado, perguntava. Novamente eles asseguraram que tudo estaria resolvido. Ele teria um cargo e um salário melhores na mesma área que trabalhava. Ele era contador, administrador ou algo assim, Elizabeth nunca entendeu muito bem. Assim que eles saíram, ela tratou de colocar seus fones de ouvido e por para tocar uma música qualquer em seu iPhone para deixar bem claro que não tinha ouvido nada. Mas tinha. Tinha ouvido a mulher dizer a mesma coisa do diretor: “Vai ser bom pra ela, lá ela terá companhia de jovens como ela.” Ela não entendia o que eles queriam dizer. Eles estavam dizendo que era diferente? É isso? Mas, diferente como? Ela não se via diferente de ninguém. Pelo menos não de ninguém da sua idade, já que achava seus seios um pouco pequenos demais. O que ela tinha de diferente?
Elizabeth se lembrava das ordens do pai, carinhoso mas autoritário, como só ele sabia: era para ela empacotar tudo o que achasse necessário para se mudarem. Não, a cama não estava inclusa. Sim, podia levar seus bichos de pelúcia e seus DVDs. Sim, suas roupas também. Não, o pai achava que ventilador não era necessário.Mas onde, afinal de contas, era Miramar? O que tinha lá que fazia deste um lugar tão especial?
Por que ela e o pai deveriam abandonar a vida que tinham ali, tranquila e sossegada, para se mudar para uma cidade estranha aceitando tudo tão calmamente? O pai em momento algum se rebelou com a ideia. Acatou as sugestões de bom grado com um ar ligeiramente cansado. Ela sabia que desde a morte da mãe as coisas não tinham sido exatamente fáceis. Lembrou-se de um dia que precisou encaminhar um bilhete de uma professora e leu antes de entregar ao pai. Em linhas gerais ele dizia que “a escola não tinha meios para lidar com uma criança como ela”. Foi naquele momento que ela começou a notar coisas diferentes e que algumas pessoas se afastavam dela. Será que era isso que o diretor queria dizer? “Amigos como ela”... mas, por que ela não podia continuar com esses amigos?
Ela e os amigos prometeram não perder contato, se falar por Skype, Whatsapp, Facebook ou qualquer outra engenhoca moderna sempre que possível, mas ela sabia que a vida tomava rumos diferentes. Que pessoas se perdiam no caminho. Que a distância era cruel e acabaria por perder contato com eles. Mas também, tinha ficado tão pouco tempo em cada escola por onde passou que nunca teve tempo de se aprofundar muito nas amizades. E, imaginava, que em Miramar faria novas amizades, já que lá teriam outros “jovens como ela”.
Essa informação era o que mais lhe incomodava. Ali, sentada no banco do passageiro enquanto o pai dirigia cantando uma música antiga do Queen (uma vez ela chegou a questionar a sexualidade do pai por causa de sua fixação por Fred Mercury), ela com seus fones de ouvido pensava sobre tudo aquilo. Olhando as plantações de trigo, ao menos ela achava que era trigo, Elizabeth tentava entender o que significava ser “como ela”.
_ O que você sabe sobre Miramar, pai? – resolveu perguntar.
_ Poxa, não sei muita coisa não... pra dizer a verdade, we are the champions...... nunca tinha ouvido falar até semana passada.
O pai tinha essa mania, que ela aprendeu a gostar, de cantar junto com a música que estava ouvindo mesmo no meio de uma frase qualquer.
_ Miramar... será que isso quer dizer que tem praia?
_ Hum, pode ser. Faz um certo sentido...
Elizabeth achava que poderia até gostar do lugar. Sempre fora muito cordata. Quando ouvia ou via aquelas histórias de adolescentes revoltados não entendia. Seu pai nunca a tratara como uma criança (talvez pela falta da mãe) e ela nunca tinha visto motivos para se revoltar. Ele a deixava sair, desde que respeitasse a hora de voltar. Se não respeitasse, não sairia da próxima vez. Ela achava um acordo simples. Tinha tarefas para fazer em casa, como pôr a roupa para lavar, estender e recolher ou lavar a louça do almoço (o pai lavava a do jantar). Achava justo ajudar, já que eram só ela e o pai.
_ Acho que devíamos ter trazido o ventilador então, pai...
_ Lá deve ter onde comprar. E não é porque tem mar que será quente necessariamente, né?
_ É... também faz certo sentido. Você está curioso?Ele estava. Não com Miramar. Mas com a calma com que a filha estava aceitando tudo aquilo.
Sim, as mudanças de escola não eram raras. As de cidade eram um pouco mais. Mas mesmo assim. Um lugar desconhecido, com alguém levando as bagagens, e ela só agora começava a questionar. Tá certo que Elizabeth não era exatamente perguntadeira (e ele bem sabia porquê), mas mesmo assim, era inusitado: tudo era muito diferente das outras vezes.
_ ... da praia?
Ele foi acordado dos devaneios pela pergunta.
_ O quê?
_ Eu perguntei se nossa casa é perto da praia – ela repetiu, ignorando a falta de resposta para a pergunta anterior.
_ Ah, não sei... a gente ainda nem sabe se tem praia mesmo, esqueceu?
_ É mesmo. Mas você não viu a casa que a gente vai morar?
_ Não – agora ele começava a reparar como aquilo poderia soar estranho.
_ Nem pela internet??
Ainda mais estranho.
_ Não...
O pai começava a se questionar a legitimidade daquela oferta. Até então tinha acatado tudo muito calmamente. A conversa com o diretor, o casal de agentes, a mudança, o transporte, as alegações sobre a filha... Porém, só agora começava a pensar como tudo estava estranho. Ele sabia que seria melhor para Elizabeth, claro, ou pelo menos se convencia disso. Mas aceitara tudo muito de bom grado, sem fazer muitas perguntas. Que cidade era aquela? Como era essa casa que lhe arrumaram? E o emprego? E se não gostassem? Os agentes asseguraram que não era uma mudança definitiva, que eles poderiam sair da cidade quando quisessem, mas que ninguém nunca tinha decidido sair. Mesmo assim, tudo parecia irreal demais. E os vizinhos, como seriam? Teriam vizinhos? E essa história de praia agora? Ele não era muito fã de morar no litoral não. Já tinha ouvido muito história de como a maresia estragava os móveis e os aparelhos eletrônicos. Falando em aparelhos eletrônicos lembrou que pediu especial atenção à transportadora (ao menos escreveu na caixa) com seus equipamentos de home cinema. Sabe lá o que encontrariam naquela cidade e se ele conseguiria ver um filme de forma decente se não os levasse.
Ela começou a se lembrar de quando empacotava as coisas. Guardando lembranças, separando coisas como o porta retrato com a foto da mãe para levar na mochila consigo. Olhou a foto da mãe. Tinha herdado dela os cabelos lisos e ruivos. E do pai os traços fortes no rosto. Sua mãe era magra e alta. Até onde ela se lembrava, carinhosa. Ela tinha só três anos quando a mãe morreu. Era estranho como as memórias reais se misturavam com coisas inventadas por nossa cabeça e deixávamos de saber o que tinha realmente acontecido ou não. O dia da morte da mãe, por exemplo, era um grande emaranhado de gente, falação e luzes que ela ainda não conseguia se lembrar muito bem.
Enquanto dirigia o pai pensava em como eles tinham segurado as pontas até ali. Como tinha sido obrigado a terminar de criar a filha depois do que tinha acontecido e como carregava um enorme fardo desde aquele último telefonema. Ela era tão pequena e ali o pai já teve que impor uma importante regra: nunca mentiriam um para o outro. Comprometeu-se a falar somente a verdade para a filha. Ainda que fosse a partir daquele momento. Sabia que, como qualquer adolescente, Elizabeth tinha e teria seus segredos, mas novas mentiras estavam proibidas para ambos.
Estavam se aproximando de um posto de gasolina e ele ainda não sabia quanto tempo de viagem teriam (ninguém parecia saber com exatidão onde ficava a cidade e seu GPS tinha parado de funcionar fazia cerca de uma hora). Sugeriu uma parada, Elizabeth aceitou.
Alegando que precisava esticar as pernas, a garota desceu do sedã preto do pai (que ela considerava extremamente cafona, preferia um carro “sem bunda”), amarrou os cabelos compridos com um elástico e começou a, literalmente, se esticar ao lado do carro. Esticou braços acima da cabeça, puxou as pernas para trás, o pescoço. E o pai a olhava.
_ O que foi? – ela perguntou.
_ Nada, às vezes só acho que nunca mais vou ter minha menina de novo...
O pai parecia triste com a inevitável constatação. Ela sorriu.
_ Para pai. Pode parar. Fica aí ouvindo essas músicas deprê e vem com esse papo agora. (estavam no meio de How Can I Go On, ainda com Fred Mercury nos vocais, quando pararam) Vou sempre ser sua menininha tá? – ela disse com um gracejo que lembrava a careta mostrando a língua que mandava para o pai por mensagem de celular – E ainda vou precisar muito de colo.
Quando ela terminou os alongamentos o pai desceu do carro (ela achou que ele secava os olhos com as costas da mão, mas não tinha certeza), travou as portas e eles foram para a loja de conveniência. Compraram alguns salgadinhos e refrigerantes, o pai comprou uma caixinha de Tic-Tac, e saíram. Ela precisava ir ao banheiro, então ele deixou as compras no carro e também foi.
Achando mais limpo do que esperava, Elizabetn fez o que precisava e segurava já fazia um tempo, e quando estava lavando as mãos uma outra garota, parecendo um pouco mais nova que ela, entrou e parou ao seu lado para usar a pia.
No banheiro masculino o pai também lavava as mãos. Secou e saiu. Fora, um casal esperava por alguém para seguir viagem. Ele decidiu perguntar:
_ Desculpa, com licença, vocês sabem se falta muito pra chegar em Miramar?
O casal se entreolhou e com um sorriso meio de canto e sem jeito o homem respondeu,enquanto a mulher batia a cinza do cigarro:_ A gente ia adorar saber...
Será que ele tinha captado a mensagem certa?
_ Vocês também estão indo pra lá? – arriscou.
_ Sim. Foi indicação do diretor da escola onde nossa filha estudava. Ele disse que lá seria bom pra ela. – respondeu a mãe, não sem demonstrar certo tremor na mão que segurava o cigarro.
No banheiro feminino a menina tentava não olhar para Elizabeth. E também tremia um pouco.
_ Tá tudo bem? – ela perguntou.
_ Tá sim – a garota mais nova respondeu, ainda demonstrando certo nervosismo. – É que estou meio assustada, sabe?
_ Aconteceu alguma coisa?
_ Meus pais resolveram se mudar de repente. Tiveram uma reunião com o diretor da minha escola e no dia seguinte empacotaram tudo.
Elizabeth começou a ficar com medo das coincidências. A garota continuou, sem tirar as mãos debaixo da torneira que mantinha aberta:
_ Agora a gente está indo pra uma cidade que nunca ouvimos falar, um lugar chamado Miramar.
Não podia ser... era coincidência demais, mas Elizabeth resolveu que era melhor aliviar aquela
tensão:
_ Puxa, sério? Eu também estou indo pra lá com meu pai. – tentou dizer no tom mais alegre que conseguiu debaixo daquele nervosismo.
_ E o que eles disseram pra você? – a menina perguntou. – que seria bom pra você?
O nervosismo de Elizabeth começou a aumentar e ela começou a achar que algo poderia não estar certo naquela história.
_ É... e disseram que...
A outra interrompeu:
_ Que você encontraria gente como você – ela deu ênfase nesta última parte.
_ Sim, foi isso que disseram... – Elizabeth ficava cada vez mais nervosa.
_ E por acaso você tem alguma ideia do que isso significa?
O nervosismo só aumentava. Mas agora ela não sabia mais se era pelo que a garota tinha dito ou por causa daquela água que não parava de cair da torneira. Custava a garota fechar a torneira para falar?_ Não... não tenho muita ideia não... – Elizabeth respondeu.
_ Pois eu tenho. Estão nos enfiando num lugar com um bando de freaks. – a menina respondeu, se alterando um pouco.
_ Como assim freaks? – Elizabeth sabia o que a palavra significava, gente estranha, esquisita (ao menos na cabeça de quem as classificava), mas não entendeu o que a menina quis dizer. Começou a notar um pequeno vapor preenchendo o banheiro lentamente.
_ Quer dizer que estão mandando a gente pra um lugar onde só tem anormal. E pior, estão querendo dizer que a gente também é! – a menina se alterava cada vez mais. E o vapor aumentava conforme o tom de voz dela subia.
_ Calma, eu acho que não é nada disso. – Elizabeth tentou dizer.
_ Sei lá o que vão fazer com a gente nessa cidade! E se começarem a usar a gente pra experimentos genéticos? – por mais que parecesse mais nova, a menina parecia inteligente. E cada vez mais alterada, é importante lembrar.
As duas quase não conseguiam se ver agora, tamanho era o vapor dentro do banheiro. Os espelhos já estavam completamente embaçados. A menina pareceu trocar a irritação pelo desespero:
_ Eu estou com medo do que vão fazer com a gente....
Novamente Elizabeth tentou acalmá-la:
_ Escuta, eu também estou indo pra lá, prometo que vou te proteger.
Quando ia se aproximar para abraçar a criança, a porta se abriu e o ar mais frio da rua entrou no banheiro.
_ Vamos embora daqui! – uma mão puxou a menina para fora. Foi só então que Elizabeth percebeu como estava quente ali dentro. E percebeu que a água ainda corria solta na torneira. Ao tentar fechá-la, sem querer molhou a mão e sentiu a pele queimar com a temperatura da água que escorria na pia.
27 abril 2015
Panini relança “Harry Potter – A Magia do Cinema – Edição Definitiva”
Com certeza todo fã de
Harry Potter que se preze já deve ter assistido aos oito filmes da franquia do
menino-bruxo, sem ter pulado nenhum. E também, com certeza, esses fãs devem ter várias
perguntas sobre muitas coisas que ‘rolaram’ nos bastidores das filmagens.
Para atender essa
galera de ‘Pottermaníacos’, a Panini Comics lançou em 2010 o livro “Harry
Potter – A Magia do Cinema” que trazia um mundo de informações sobre os filmes
que lotaram os cinemas pelo mundo afora durante os 10 anos que durou a saga nas
telonas.
No ano passado, a
editora lançou “Harry Potter – A Mágia do Cinema – Edição Definitiva” com
muitos detalhes que não faziam parte do livro publicado em 2010. Quer saber o
que aconteceu? Simples: o famoso livro da capa vermelha (o de 2010 tinha a capa
azul) se esgotou num piscar de olhos, deixando os fãs mais lentos a ver navios.
Milhares de pessoas saíram frustradas das livrarias sem o tão sonhado livro.
Agora, para atender aos
“Pottermaníacos” atrasadinhos, a Panini decidiu relançar a obra. A editora
anunciou recentemente que colocaria a obra à venda a partir de 30 de abril, mas
o estranho é que nenhuma livraria virtual está anunciando a pré-venda. Mais
estranho ainda é que em algumas dessas livrarias, o livro de capa vermelha
aparece; mas com a edição esgotada. Caraca! Quero acreditar que a obra esgotada
seja a de 2014.
Bem, então, decidi ir “falar
direto com os donos dos porcos”, ou seja, a Panini. Acessei o site da editora e
vi escrito por lá: “Data do início das vendas: 06/04/2015. Pera aí Zé! Tem
alguma coisa errada porque no dia em que escrevo esse post, o calendário do meu
computador – que diga-se de passagem, está correto – marca 27/04/2015.
Só chego a uma
conclusão: a editora decidiu antecipar as vendas; mas então... por que o livro
não aparece à vendas nas grandes livrarias virtuais?? Confusion! Confusion! Deixando
a enrolação de lado, se você quiser adquirir “Harry Potter – A Magia do Cinema –
Edição Definitiva acesse esta página da Panini (http://www.paninicomics.com.br/web/guest/productDetail?viewItem=756965)
e compre o livro. Pronto! Acredito que ele, estará lá, todo bonitinho,
esperando por você. Simulei uma compra e correu tudo bem.
Mas vamos deixar de
lado essa questão de logística de vendas e vamos falar escrever um pouco
sobre a obra. “Harry Potter – A Magia do Cinema Edição Definitiva” é um item obrigatório
para os fãs de carteirinha do menino bruxo. O
livro de 164 páginas tem capa dura e está repleto de informações
de cada um dos filmes da franquia, com artes e fotos inéditas, além de
entrevistas
exclusivas com elenco e equipe técnica. Pensou que acabou? Não, não, tem
muito mais! Anote aí: carta de admissão de Harry em Hogwarts, o mapa do
Maroto, um convite para o Baile de Inverno, catálogo de produtos da
loja de Genialidades Weasley e um programa da Copa do Mundo de
Quadribol. Ufa!! Quanta coisa!
Taí, fãs de Harry Potter, divirtam-se!
25 abril 2015
Eram Os Deuses Astronautas?
Existem livros que parecem verdadeiras máquinas do
tempo. Daqueles que ao tocarmos em suas capas e conteúdos nos transportam para décadas
e mais décadas no passado. Então, de repente, começamos a recordar com clareza
a nossa infância ou adolescência no período em que o tal livro se fez presente.
Cara! E que viagem gostosa! Uhauuuuu!! Incomparável!
Na semana passada tive a oportunidade de realizar
uma dessas viagens especiais no momento em que limpava a minha estante e,
então, dei de cara com “Eram os Deuses Astronautas Astronautas?” do escritor
suíço Erich von Daniken. Quase que imediatamente, antigas recordações escondidas
há “milênios” em meu subconsciente vieram com tudo à tona: minhas antigas
professoras, meu uniforme escolar, os saudosos amigos que sumiram pelo mundo
afora e principalmente a minha fase de ‘rato de biblioteca’ quando passava
horas enterrado numa sala abarrotada de livros nos fundos da minha escola.
Depois dessa viagem cheguei a conclusão de que havia
cometido uma baita injustiça. “Putz! Em mais de três anos de blog não fiz
nenhuma resenha de um dos livros mais marcantes de minha pré-adolescência, há
não ser uma pequena menção!”, exclamei tomado pelo arrependimento.
Mas como diz um velho e surrado ditado popular: “antes
tarde do que nunca”.
“Eram Os Deuses Astronautas?” foi um livro que
marcou os leitores da minha geração. Os seus questionamentos bombásticos e até
mesmo ensandecidos para aquela época – a obra foi lançada em 1968 – quando o
homem nem sequer havia pisado na lua, deixaram as comunidades científicas e
religiosas mais fundamentalistas com os cabelos em pé. E quando digo
escrevo com os cabelos em pé vale também para os carecas do final dos anos 60.
Por outro lado, as pessoas que integravam as alas de vanguarda de quatro
décadas e meia atrás, simplesmente, vibraram com as teorias de Daniken.
No meu caso, só lembro que devorei e devorei com
muita avidez as suas páginas. O livro que li pela primeira vez, há muitos anos,
no silêncio da biblioteca da minha saudosa escola de segundo grau era da
Editora Melhoramentos, lançado em 1970. Ele tinha a capa preta e dois astronautas
sentados (um de costas para outro) num objeto parecido com um totem.
O controverso escritor suíço lançou em sua obra
idéias que continuam sendo revolucionárias para os tempos atuais. Imagine,
então naquela época!!
Segundo ele, uma raça alienígena muito superior
habitou o planeta Terra e para que o processo de evolução da raça humana
ocorresse com maior rapidez, eles optaram por inseminar a população local com o
seu DNA. Isto significa que os nós, aqui do planeta Terra, temos sangue
híbrido. Ke Ké isso!! Pois é, esta é apenas uma das muitas especulações sobre o
desenvolvimento da raça humana que o autor revela em seu livro.
Daniken insiste também na idéia de que um homem
daquela época sem recursos, jamais teriam condições de construir pirâmides com
milhões de toneladas de blocos de pedra. Como eles iriam cortar, moldar e
encaixar esses blocos gigantescos de pedras?
Como poderiam seres atrasados tecnologicamente erguer monumentos enormes
sem o auxílio de máquinas?
“Eram Os Deuses Astronautas” aborda ainda o mistério
das estátuas gigantes localizadas na ilha de Páscoa; o enigma dos atlas de Piri
Reis, dois atlas que descrevem com perfeição as ilhas e a costa do Mediterrâneo,
além do Mar Morto e que pelo seu formato só poderiam ter sido desenhados do
alto.
Quando todas essas teorias foram despejadas de ‘sopetão’
nos neurônios inocentes da minha pré-adolescência, lembro-me que fiquei meio
que, digamos...desnorteado? Não... acho que pasmado! Isso! Pasmado porque a
maneira com que Daniken expõe as suas idéias é cativante, mesmo que você não
acredite em nem uma vírgula do que ele escreve. Agora, imagine um pirralho que
mal tinha saído das calças curtas lendo tudo aquilo?!
Hoje, ao ler o livro com outros olhos, cheguei a conclusão
que ele perdeu muito de seu impacto, principalmente com relação a teoria
envolvendo a construção das pirâmides egípcias. Ao escrever a sua obra, o autor
via as civilizações antigas como totalmente ignorantes prá não dizer idiotas. Atualmente,
à luz da ciência, descobrimos que esses povos eram muito inteligentes e capazes
de construir verdadeiras obras de arte sem a ajuda de ninguém.
O que achei interessante nesta releitura de “Eram Os
Deuses Astronautas” é que o autor instiga o leitor a chegar em suas próprias
conclusões ou seja, ele ‘joga’ o tema, dá uma apimentada no dito cujo e diz: - “O
que você acha?”.
Mesmo após tantos anos de seu lançamento, “Eram Os
Deuses Astronautas”, continua influenciando gerações. Prova disso é que vários
filmes, livros, minisséries e etc, se inspiraram nas propostas de Daniken para
desenvolver os seus projetos ou será que você não chegou a assistir nos cinemas
o polêmico “Prometheus” de Ridley Scott?
Inté galera!
22 abril 2015
As temíveis parcerias entre blogs literários e editoras
Sei não... mas talvez ao escrever esse post, eu esteja
mexendo num verdadeiro vespeiro e por isso, acabe ficando queimado com alguns
colegas blogueiros e também com várias editoras. Quem sabe, me torne uma ovelha
negra na lista mais negra ainda dessas editoras, enterrando qualquer
possibilidade de uma futura parceria, mas prefiro correr o risco do que ser
omisso em minhas opiniões.
Sempre fiz questão de afirmar que o mais importante na vida
do “Livros e Opinião” são os seus seguidores, além dos internautas que
diariamente vasculham dezenas de posts para se informar dos lançamentos,
relíquias literárias ou então sobre aquela tradicional listinha de
curiosidades. Aprendi a respeitar muito essa galera e não teria coragem de
mentir ao publicar uma resenha. Cara, se eu gosto de um livro; eu gosto e
pronto! Vou até o meu computador de mesa ou notebook e ressalto os seus pontos
positivos; mas por outro lado, se a história me decepcionou, também tenho que
ser sincero e escrever o que senti. Tenho arrepios só de imaginar escrever uma
resenha que não condiz com aquilo que estou sentindo, tentando empurrar pelas
goelas abaixo dos seguidores do meu blog verdadeiras bagaceiras literárias. Bem, como diria mo saudoso Kid Tourão: “vendendo
gato por lebre”.
Pois é, ‘embromei’ um pouquinho, mas cheguei onde queria: a
proliferação desenfreada das temíveis parcerias entre editoras e blogs.
Recentemente, as grandes editoras descobriram o mapa da mina para vender cada
vez mais livros, sejam eles bons, ruins ou péssimos. Um mapa da mina preciosíssimo
chamado blogs literários. Ao descobrirem o poder de fogo desses ‘espaços
mágicos’ na internet, elas procuraram de todas as maneiras encontrar meios de ‘capturá-los’,
prendê-los ou se preferirem um termo mais direto e franco: domesticá-los.
A fórmula encontrada para isso ficou conhecida como ‘parceria’.
Um ‘golpaço’ de mestre! Afinal de contas quem não gosta de ganhar livros,
aliás, muitos livros e... lançamentos! Assim, as editoras começaram a brindar
os blogs parceiros com livros e mais livros para o deleite dessa galera; mas
como tudo tem um preço, elas exigiam algo em troca: uma resenha opinativa dos
livros doados. Fiuuuuuuuuuuuu!! Estas parcerias se tornaram um verdadeiro rabo
de foguete para a maioria dos blogueiros que se viram num mato sem cachorro. As
indagações são muitas: - “ Mêo! E se eu não gostar do livro? Será falta de
educação criticá-lo? ou então – “E se eu criticar a obra e depois perder a
parceria?!”. Entenderam, a sinuca de bico que esse acordo amigável entre blogs
e editoras acabou gerando?
Infelizmente, muitos blogs – eu disse muitos, não todos –
acabaram sucumbindo a tentação e ‘venderam as suas almas’ para as editoras.
Isto fica evidente na mudança de comportamento dessas mídias sociais antes e
depois das parcerias.
No momento em que escrevia esse post, reservei alguns dias
para zapear na net alguns blogs que trabalham com o sistema de parcerias. Cara,
é triste escrever isso, mas uma maioria esmagadora não tece nenhuma crítica aos
livros das editoras das quais são parceiros. E o pior é que sabemos que algumas
dessas obras são verdadeiros fiascos, com um índice de rejeição avassalador nas redes sociais. Mas ‘entre mortos e
feridos’, salvaram-se alguns porque nem
tudo foi uma decepção nessas zapeadas pelas madrugadas afora. Após garimpar
bastante, consegui localizar blogs – poucos, mas consegui – que apesar de
manter esse tipo de parceria não deixaram de se sinceros ao expressar a sua
opinião sobre livros que julgavam bem fraquinhos. Caraca! Quando descobri a
existência desses blogs, me deu uma vontade louca de comemorar com champanhe,
cerveja, vodka, vinho ou até mesmo com aquela cachaça braba da muléstia!
Considero essas mídias sociais verdadeiros diamantes lapidados e que merecem
todo o respeito de nós, leitores.
É evidente que irei revelar os nomes desses quatro blogs que
descobri em minhas zapeadas noturnas, pois não quero causar problemas para os
seus donos, ‘melando’ as suas parcerias. ‘Vai que’ algum editor parceiro desses
blogs, acabe lendo esse post e depois decida dar um ‘gêlo’ no blogueiro. Por
isso, basta dizer que salvei essas páginas em meus favoritos, já que elas se
tornaram para mim importantes referenciais na hora de comprar um livro.
Você deve estar pensando que sou ‘pinéu’ da cabeça, já que
acabei de assinar a minha sentença de morte com relação à parcerias com
editoras. Posso lhe responder, com toda certeza, que estou tranqüilo e que
continuarei preenchendo os formulários de adesões dessas editoras, mas não fazendo
disso a minha prioridade. Como já disse no início do post, o mais importante
são as pessoas que acompanham o “Livros e Opinião” e a melhor parceria nesse
caso se chama sinceridade: sinceridade nos meus comentários e sinceridade nos
comentários dos meus leitores. Depois, tudo o que vier é lucro.
E se um dia ‘pintar’ uma parceria, não irei mudar a minha
atitude. Se gostar da obra, gostei; se não gostar, não gostei. Simples, não?
Caso, me decepcione com o enredo, não ficarei constrangido de opinar sobre o
conteúdo e perder a parceria. Se acontecer, paciência.
Aliás, antes que me esqueça, sonho com um tipo diferente de
parceria entre blogs literários e editoras, onde o blogueiro possa emitir as
suas opiniões livremente, sem cabresto de nenhuma espécie. Neste caso, compraríamos
os livros das editoras, que seriam nossos e dessa maneira, poderíamos opinar da
forma que quiséssemos. Estas empresas literárias, por sua vez, ao invés de
doarem livros, passariam a conceder descontos especiais ao blogueiro. Sei lá, algo
em torno de 50% ou 70% por livro. Pelo menos, ele compraria o livro com o seu
dinheiro, tendo maior liberdade para escrever a sua resenha.
Quem sabe um dia, teremos essa mudança de comportamento por
parte das grandes editoras brasileiras, mudando, assim, toda a dinâmica de
resenhas dos blogs... e para melhor.
Fui!
18 abril 2015
Caim e Abel
Não quero estragar esse post com spoilers porque o
livro de Jeffrey Archer não merece. “Caim e Abel” é bom demais. Tão bom, como
um vinho de safra especial que deve ser degustado com a alma e não com o
paladar. Se eu estou exagerando? Não. Estou sendo sincero. Leiam o livro e
depois me digam se estou errado. Archer caprichou; o sujeito, de fato, acertou
a mão.
A prova de que “Caim e Abel” tem um enredo ‘Top” é a
de que na época de seu lançamento, em 1979, chegou a ser traduzido para 21
idiomas e publicado em 61 países Quer mais? Ok, eu conto mais. A história dos
dois personagens criados por Archer que lutam para preservar as suas conquistas
e que se empenham até a velhice em destruir-se mutuamente, conquistou os
leitores de uma tal maneira que o clamor para uma continuação foi quase unânime.
Resultado: Archer que não tinha planos de escrever uma sequencia envolvendo os
dois adversários - tanto é que matou essa possibilidade no final romance - teve
que se virar para criar um enredo derivado
do original, aproveitando personagens secundários da trama. Nascia
assim, três anos depois, “A Filha Pródiga”, outro sucesso do autor, mas isso é
assunto para um outro post. Aqui, vamos falar de “Caim e Abel”.
Imagine dois homens poderosos que nutrem, entre
eles, um ódio mortal. Mas um ódio sem limites, capaz levar ambos a destruir-se
mutuamente sem medir nenhuma conseqüência. Pois é, assim é a saga de Abel
Rosnovski, polonês, filho ilegítimo, e de William Kane, americano, de uma
tradicional família de banqueiros de Boston.
Depois de sobreviver aos horrores da guerra, Abel
emigra para os Estados Unidos, onde faz fortuna e torna-se proprietário de uma
poderosa cadeia de hotéis. Kane, por sua vez, herda do pai a fortuna e a
presidência do banco, e procura fazer dele uma das mais fortes instituições
financeiras do país. Após uma sucessão de acontecimentos – muito bem engendrados
por Archer – os dois homens encontram-se finalmente para se transformarem em
obcecados inimigos, cada qual decidido a destruir o outro.
O romance de 575 páginas é dividido em sete livros.
O primeiro conta os detalhes sobre os nascimentos de William e Abel. No segundo
livro, vemos o desenvolvimentos dos dois personagens até ficarem adultos, na
casa dos 20 anos, mas ainda sem se conhecerem, o que só acontece a partir do
terceiro livro quando, então, iremos descobrir o motivo do ódio entre os dois personagens. O
autor também mostra nesta parte, como William e Abel foram construindo os seus
impérios, um no setor bancário e outro no hoteleiro. A participação dos dois
homens na 2ª Guerra Mundial como soldados dos Estados Unidos é o assunto das 13
páginas que formam o quarto livro. Novamente a imaginação fértil de Archer cria
uma situação onde um deles acaba salvando a vida do outro, durante o conflito,
mas sem saber à quem está salvando. O ódio e a disputa sem limites entre o
banqueiro e o hoteleiro atingem o ápice no quinto livro, quando eles chegam ao
ponto de tomar atitudes inconseqüentes em seus negócios e que podem levar a
autodestruição de ambos. O contraponto ao rancor e a raiva envolvendo os dois
personagens é o amor e a paixão avassaladora que surge entre os seus filhos:
Florentyna e Richard. Vejam só, William e Abel estavam tão preocupados em se
atacarem que nem perceberam que os seus queridos filhos haviam se apaixonado e
estavam vivendo uma paixão avassaladora debaixo de seus narizes. Bem... quando
os dois descobrem isso... Ai... ai... ai... sai de baixo.
E finalmente no sexto e sétimo livros ocorrem o desfecho
da história de William, Abel e também de seus filhos.
Um dia desses, ao ter terminando de ler “Caim e Abel”,
me perguntaram quem era o vilão do romance escrito por Archer. Eu respondi que
não havia vilão e tampouco mocinho. Na realidade, em certos momentos eu odiava
Abel e amava William; mas em outras passagens esse sentimento se invertia. As atitudes
boas e desprezíveis dos personagens principais se equivalem no decorrer do
enredo.
Mas, sem dúvida nenhuma, o golpe de mestre de Archer
foi a revelação final, na forma de uma carta, que cai nas mãos de um dos dois
inimigos e que muda tudo aquilo que você leu antes. Cara! Meu queixo,
literalmente, caiu! Aliás, continua caído até agora, devido ao impacto da
revelação.
Enfim, um livro imperdível.
14 abril 2015
A Firma
Nos meus trinta e poucos anos – isso há alguns milênios atrás
(rs) – me recordo de um advogado, já velhinho naquela época, que tratava John
Grisham como um Deus. Enquanto quase todos os outros advogados ficavam
engolindo livros técnicos ou então, estudando processos complicados antes de se
digladiarem nas audiências, o seu Joaquim – a quem eu e a maioria de seus
clientes tinham o hábito de chamá-lo de Dr. Quinzinho – passavs horas e horas
devorando os livros de Grisham.
O Dr. Quinzinho não esquentava a cabeça, não! Ele lia os seus
romances até mesmo na sala de audiências, antes do início do chamado ‘péga pra
capá’ com promotores e juizes. Ele não ‘tava’ nem aí para o que os outros
falassem ou pensassem.
E olha galera, o cara era competente demais naquilo que
fazia. Certo dia – lembro-me como se fosse hoje – um desses advogados metidos a
executivos de Wall Street que olhava à todos que cruzavam o seu caminho, com ar
de superioridade, como se fosse um deus, pegou o Dr. Quinzinho lendo “A Firma”
de Grisham e não conseguiu segurar aquele risinho sarcástico, como que dizendo:
“É esse pobre coitado que vou ter de dobrar para beneficiar o meu cliente??”.
Bem, resumindo a história: no final da audiência, o advogadinho metido à besta
saiu desnorteado da sala do juiz. O Dr. Quinzinho ‘engoliu’ o cara.
Ao encontrá-lo no saguão do fórum, onde estava fazendo uma
reportagem,
lhe disse brincando: “Dr. Qiuinzinho, parece que o livro que
o senhor estava lendo antes da audiência, deixou-lhe muito inspirado”. Ele me
deu um sorriso, tirou “A Firma” de dentro de sua pasta tipo 007 e me entregou exclamando:
“Tome, é seu!” Surpreso e assustado lhe perguntei se ele tinha detestado o
livro e por isso estava querendo se desfazer dele. – “De maneira alguma, já acabei de ler e
além do mais, quero que você conheça esse autor e veja como ele é bom”.
Pronto! Foi dessa maneira insólita que começou a minha
relação com John Grisham. Fui para a casa, encarar “A Firma”, influenciado pelo
Dr. Quinzinho.
Cara, o livro é fantástico! Coloca o filme de Sidney Pollack,
de 1993, no bolso. E olha que a produção cinematográfica com o Tom Cruise,
ainda garotão, é excelente. O final
romântico, onde tudo se ajeita, bem ao estilo do ‘Cinemão Hollywoodiano’ não se
aplica ao livro, onde Grisham optou por um final mais realista e compatível com
o enredo desenvolvido por ele.
“A Firma” narra a história de um jovem e ambicioso advogado
chamado Mitch que acha ter ganho a sorte grande ao ser convidado para trabalhar numa
gigantesca empresa de advocacia que lhe dá diversas regalias e um salário
altíssimo. Entonces, ele percebe que a referida firma esconde segredos
sinistros e exige dele sua alma, a qual fará de tudo para não entregar.
Como gostei muito de “A Firma” acabei adquirindo outros
livros de Grisham, mas pra ser sincero, achei-os densos demais, com muitos termos
jurídicos e aquele ‘climão’ de Fórum, tribunais, apelações e o escambau a
quatro. Mas o valioso presente que ganhei do Dr. Quinzinho foge desse padrão.
Por isso costumo dizer que “A Firma” não é ‘denso’, mas ‘tenso’.
Não há como o leitor ficar imune a saga de Mitch que vai
ficando cada vez mais paranóico e desesperado ao ir desvendando os segredos
diabólicos da empresa onde trabalha, como por exemplo: negócios ilícitos,
lavagem de dinheiro e até mesmo envolvimento com a máfia. A situação do
advogado ambicioso se complica quando ele passa a sofrer pressão de um agente
do FBI para ajudá-lo a desmascarar a empresa. Ocorre que a Firma sabe tudo
sobre os seus funcionários, pois os seus diretores tudo vêem, tudo descobrem,
até o mais arraigado segredo daqueles que lhe são subordinados.
Pois é, como Mitch vai conseguir sair ileso dessa sinuca de
bico?
Meu amigo... livraço!!
10 abril 2015
Arnold Schwarzenegger ganha biografia revelando detalhes interessantes de sua vida
Cara, a febre das biografias ta braba! Caraca,
qualquer “Zé Mané” quer lançar um livro contando detalhes de sua vida, mas
acontece que a tal vida do tal Zé Mané é desinteressante demais. E quer saber
de uma coisa? O sujeito acaba ganhando horrores, mesmo sem ter nada para
contar. Culpa de sua legião de fãs que toma de assalto as livrarias para
conhecer coisas inócuas sobre o cara. ‘Com quem será que ele transou antes de
se casar?’ ‘Traiu a mulher com quem ou com quantas?’ ‘Será que brigou com fulano
ou cicrano nos bastidores daquela novela ou filme?’ E por aí se vão as
perguntas de altos QI’s. Descobriram
porque essas biografias furadas acabam se tornando campeãs de vendas?
Recentemente, a Sextante lançou o livro “Arnold
Schwarzenegger: A Inacreditável História da Minha Vida”, escrito pelo próprio
brucutu.
Você que leu esse post até aqui, com certeza, deve
estar pensando que irei debulhar o livro do grandalhão com críticas ferrenhas;
mas não.
Olha, tudo bem que Schwarzenegger seja arrogante,
megalomaníaco, capitalista-predador, sistemático, dominador e como não
bastasse, um ‘pulador de cerca’ FDP que traiu a sua mulher com a empregada,
debaixo do teto do casal.
Mêo! Com todas essas credenciais, você ainda acha
que o ‘Mister Brucutu’ merece um livro contando detalhes de sua vida?! Acredite se quiser: merece e muito!
Schwarzenegger conseguiu romper todas as barreiras
do preconceito e foi vencedor em todas as áreas em que resolveu atuar. Senão
vejamos. Iniciou seus treinamentos físicos com 14 anos de idade e já na
adolescência conquistou fama internacional na área do fisiculturismo, colocando
no bolso nomes de peso daquela época. Com apenas 20 anos arrebatou o título de
Mister Universo e venceu o concurso Mister Olympia por sete vezes. Foi para os
Estados Unidos sem saber uma única palavra em inglês e aprendeu o idioma em
tempo recorde; como não bastasse, ainda conseguiu o diploma universitário.
Permaneceu uma personalidade proeminente no
fisiculturismo, mesmo após sua aposentadoria, e escreveu vários livros e
inúmeros artigos sobre o esporte que se tornaram verdadeiros ‘alcorões’ do
gênero.
Quando todos pensavam que o cara iria ficar na dele,
levantando pesos e exibindo o corpo, eis que o Sr. Schwarzenegger resolve se
aventurar na sétima arte, desconhecendo qualquer técnica de atuação na frente
das câmeras. Resultado: se transformou num ícone dos filmes de ação na Meca do
cinema, ou seja, Hollywood.
Quer mais? Ok, eu tenho mais. Em 2003, conseguiu se eleger,
pela primeira vez, governador da Califórnia e alguns anos depois, repetiu a
dose, conquistando a sua reeleição.
Agora, pára e raciocina: um cara como esse não
merece uma biografia? Eu acredito que sim. A Sextante também pensou da mesma
forma e lançou o livro “Arnold Schwarzenegger: A Inacreditável História da
Minha Vida”.
A obra é narrada em 1ª pessoa, uma vez que o próprio
Schwarzenegger a escreveu com a ajuda de colaboradores.
O início do livro fala de sua infância na Áustria,
já que o ator nasceu naquele País e também da educação rígida que recebeu de
seus pais. Depois, a obra aborda o início de sua carreira de fisiculturista,
ainda adolescente, e como surgiu a oportunidade de ingressar no concorrido
mercado cinematográfico de Hollywood.
Ele foi casado por mais de 20 anos com a jornalista
Maria Shriver - sobrinha do ex-presidente John Fitzgerald Kennedy -, com quem
teve quatro filhos. ‘Entonces’... Schwarzenegger conta em detalhes o escândalo extraconjugal
com uma empregada da família. O caso que aconteceu em 2011 culminou com a
separação de Shriver, com quem teve quatro filhos.
Para os fãs dos filmes de ação: “O Exterminador do
Futuro” e “Conan- O Bárbaro”, o ator e escritor revela muitas informações de
bastidores.
Taí galera! À primeira vista, pode parecer que
ganhar uma biografia seria algo impensável para Arnold Schwarzenegger, mas aqueles
que conhecem a história do ator, sabem que ele merece... e muito.
04 abril 2015
Canibais: Paixão e Morte na Rua do Arvoredo
O principal motivo que me instigou a ler o livro do
escritor gaucho, David Coimbra foi a curiosidade despertada por um fato que
aconteceu em 1864 na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e que ficou
conhecido nos meios policiais da época como “Os Crimes da Rua do Arvoredo”.
O caso foi tão macabro, mas tão macabro que apesar
de ter ocorrido no século 19, quando Porto Alegre ainda estava engatinhando –
contando com menos de 20 mil habitantes – nem mesmo a aura de tecnologia ultra
moderna do século 21 conseguiu apagar.
O crime que intrigou as autoridades policiais ocorreu
em 18 de abril de 1864. Neste dia, a polícia de Porto Alegre deparou-se com uma
cena horripilante: no porão da casa de José Ramos e Catharina Palse, na Rua do
Arvoredo, onde também funcionava o açougue do casal, estavam enterrados os
pedaços de um corpo humano, já em avançado estado de decomposição. O cadáver
havia sido retalhado, com a cabeça e membros separados do tronco, e este, por
sua vez, repartido em vários pedaços. A vítima identificada era o alemão Carlos
Claussner, antigo dono do açougue da Rua Arvoredo. Ao examinar um poço
desativado, no terreno dos fundos da casa, a polícia encontrou os corpos do taverneiro
Januário Martins Ramos da Silva e de seu caixeiro, José Ignacio de Souza Ávila,
de apenas 14 anos, igualmente esquartejados. As buscas no poço prosseguiram,
tendo a polícia encontrado ainda o cadáver de um cachorrinho preto, rasgado da
garganta ao ventre. A motivação dos crimes era evidente: Ramos e Palse mataram
para se apossar dos bens de suas vítimas, com exceção do caixeiro e do
cãozinho, que foram mortos como queima de arquivo.
Os crimes causaram repugnância, especialmente depois
que uma série de boatos davam conta de que o casal assassino fazia lingüiça com
a carne das vitimas e vendia o produto em seu açougue. A polêmica sobre a
veracidade da lingüiça de carne humana até hoje divide os gaúchos.
Reza a lenda que o açougueiro Ramos degolava, esquartejava,
descarnava, fatiava e guardava as vítimas em baús, moendo-as aos poucos e
transformando-as nas famosas linguiças, que eram vendidas em seu açougue. Os
gaúchos faziam fila para comprá-las e nem desconfiavam de que estavam
praticando canibalismo ‘por tabela’.
Ramos foi condenado à forca. Catarina foi internada
em um hospício, onde morreu louca.
Cara, esta história não saiu mais da minha cabeça.
Fiquei curioso para descobrir mais detalhes dos crimes da Rua do Arvoredo. E
foi nessa época que comecei a pesquisar na Net os nomes de alguns livros que
tratavam sobre o assunto, mas eles não acrescentavam nada do que eu já sabia. A
abordagem era excessivamente técnica o que o tornava as suas leituras
cansativas. Eu procurava algo diferente. Foi então que num lance de pura sorte,
quando zapeava a esmo na Net, acabei encontrando o livro “Canibais: Paixão e
Morte na Rua do Arvoredo” escrito pelo colunista esportivo do jornal Zero Hora,
David Coimbra.
A obra do autor foge inteiramente do convencional, à
começar que não se trata de um livro técnico, pelo contrário, Coimbra optou por
transformar a história do linguiceiro da Rua do Arvoredo num romance. Isto
mesmo! Numa história de ficção, mas nem por isso, menos interessante; pelo
contrário, o livro prende a atenção do leitor com facilidade.
Após pesquisar aproximadamente 18 obras sobre os referidos
crimes, Coimbra conseguiu construir uma narrativa simplesmente empolgante, que
tem como cenário uma Porto Alegre de escravos fugidos, imigrantes desgarrados,
enfim, bandidos de todos os tipos.
“Canibais: Paixão e Morte na Rua do Arvoredo” é um
livro de ficção baseado numa história real. A maioria dos personagens do livro,
de fato, existiram.
O enredo nos mostra um José Ramos culto, sensível,
amante da música clássica e da poesia, apesar de seu porte físico bruto. Ele
conseguiu transformar pacatos habitantes da então pequena Porto Alegre em
inconscientes canibais.
O livro tem cenas muito fortes e que poderão
impressionar os leitores mais sugestíveis como as passagens em que Catarina seduz
as vítimas, levando-a para a sua cama como se fossem gados à serem abatidos.
Após a inesquecível noite de sexo e orgias com a bela mulher, mal sabiam as
pobres vítimas que seriam mortas à machadas por Ramos e depois degoladas,
esquartejadas e descarnadas.
As cenas fortes de violência são amenizadas com a
reconstituição social da Porto Alegre do século 19, bem como os hábitos da
população daquela época.
Coimbra mescla com maestria personagens reais e
fictícios para contar em detalhes o caso que de tão macabro acabou se
transformando numa lenda urbana.
Enfim, um livro supimpa, daqueles que recomendo a
leitura, principalmente para os leitores que quiserem conhecer mais detalhes
sobre um dos casos mais macabros da história policial de nosso país.
01 abril 2015
Box “Percy Jackson e os Olimpianos” chega nas livrarias no dia 18 de abril
Se você já leu todos os livros da saga Percy Jackson
escrita por Rick Riordan, literalmente esqueça esse post, mas se nas suas veias
corre o sangue de colecionador – daqueles que fica lustrando a capa dos livros
a cada minuto – não pense duas vezes, compre logo o box “Percy Jackson e os Olimpianos”
que já está em pré-venda nas principais livrarias virtuais.
São cinco volumes (O Ladrão de Raios, O Mar de
Monstros, A Maldição do Titã, A Batalha do Labirinto e O Último Olimpiano) sobre
o semi-deus criado por Riordan. E olha galera, nunca o cara foi tão feliz na
elaboração de um personagem. O Percy Jackson das páginas é o “cara”, diferente
de seu “eu” dos cinemas. O semi-deus da adaptação cinematográfica é um ‘cu de
boi’, chato ao extremo. Aliás, os produtores de Hollywood ‘moeram’ a história de Riordan, fazendo um
herói medonho e uma adaptação de enredo mais medonha ainda. Por isso, esqueça o
Jackson das telas e mergulhe de corpo e alma no enredo fantástico das páginas.
É uma delícia ver os grandes heróis, deuses e titãs consagrados da mitologia
grega inseridos em aventuras que acontecem em nossa época, em nosso mundo.
Bem, deixando as divagações de lado e retornando ao
tema proposto desse post, a editora Intrínseca resolveu lançar um box ultra
luxuoso – de dar água na boca - com os cinco livros de Riordan. Cara, o box é
coisa do outro mundo! As novas capas dos livros, então... nem te conto. Elas
foram redesenhadas pela fera John Rocco, responsável pela ilustração de todas
as histórias escritas por Riordan. Se colocadas uma
ao lado da outra, as capas das novas edições formam um mural panorâmico que
conta a inesquecível saga do semideus.
Vale lembrar que esses cinco livros com
as novas capas ilustradas por Rocco foram lançados em agosto de 2014, mas
separadamente e por um preço, digamos que meio salgadinho. Talvez, por isso,
tenham passados despercebidos pela maioria dos fãs. Agora, a Intrínseca decidiu
relançar a coleção no formato de box e por um preço bem convidativo.
A galera já conhece a minha opinião sobre relançamentos de livros
que não sejam raros. Sou contra esse esquema de marketing, mas também não posso
ser hipócrita ao ponto de afirmar que a maioria dos leitores pensa como eu.
Tenho que admitir que muitas pessoas – inclusive, aquelas que já estão
familiarizadas com a história – estão contando nos dedos o dia do lançamento do
box. Fazer o que, não é mesmo?
Bem, pra esse pessoal ansioso, aviso que o box “Percy
Jackson e os Olimpianos” chegará nas livrarias no dia 18 de abril próximo, mas
como já expliquei acima, os mais apressadinhos poderão reservar a novidade a partir
de hoje, já que se encontra em pré-venda. Segue o resumo dos cinco livros
enviado pela editora: “Combinando mitologia grega e muita aventura, a saga do
menino Percy Jackson, que aos 12 anos descobre que é um semideus, filho de
Poseidon, tornou-se um fenômeno mundial. Foram mais de 15 milhões de livros
vendidos em todo o mundo e quase um milhão no Brasil, além da adaptação para o
cinema que atraiu 1,8 milhão de espectadores no país. Agora, os fãs da
série podem ter, reunidos em umBox Especial, com edição limitada e design exclusivo, os cinco
livros da saga que consagrou o autor Rick Riordan: O Ladrão de Raios, em
que Percy descobre sua ligação com os deuses do Olimpo e precisa impedir uma
guerra entre eles, que acabaria com toda a civilização ocidental; O Mar
de Monstros, quando ele e seus amigos se envolvem numa perigosa aventura
para defender o Acampamento Meio-Sangue; A Maldição do Titã, em que
nosso herói descobre que Cronos, o Senhor dos Titãs, despertou e está disposto
a destruir toda a humanidade; A Batalha do Labirinto, em que Percy,
Tyson, Annabeth e Grover são destacados para combater o perigoso Titã nos
corredores do temido Labirinto de Dédalo; e O Último Olimpiano,
quando o confronto toma as ruas de Nova York e Percy tem de lidar não só com o
exército de Cronos, mas também com a chegada de seu 16º aniversário e, com ele,
com a profecia que determinará seu destino”
Inté
galera!
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