29 julho 2012

Stephen King e Sidney Sheldon: competentes nas páginas e azarados no cinema

Stephen King
Sabe, às vezes tento entender como um livro lançado por um escritor ‘meia boca’ e com uma história ‘mais meia boca ainda’ consegue se transformar num grande sucesso cinematográfico. Enquanto isso, vejo verdadeiras obras primas de Stephen King e Sidney Sheldon, que venderam milhares de cópias e fizeram o deleite de uma multidão de leitores, dando origem a bagaceiras homéricas no cinema e na TV.
No caso de King e Sheldon, tento imaginar o que foi que deu errado nessa engrenagem das adaptações cinematográficas de bestsellers.
Com certeza, os principais culpados foram os diretores e roteiristas que não souberam transpor para as telonas toda a magia existente nas páginas dos livros. Mas também, não podemos poupar King e Sheldon que tem as suas parcelas de culpa nesse desastre. E parcelas consideráveis, já que concordaram com a escolha dos açougueiros que iriam dirigir e roteirizar os filmes baseados em suas obras. E assim, deu no que deu.
Como é triste ver um livro como “O Concorrente”, em que King escreveu sob o pseudônimo de Richard Bachman, ser transformado numa verdadeira pantomina com o brutamonte Arnold Schwarzenegger. Enquanto a obra literária é uma autentica jóia rara, o filme com o ex-governador da Califórnia é um chute no.... onde você quiser. A cena daquele “caçador” gordo com uma roupa de árvore de Natal - metido a cantor de ópera - perdendo as calças, enquanto tentava estuprar a personagem da Maria Conchita Alonso é para enterrar qualquer filme. Quando vi a bunda branca e perebenta do sujeito não sabia se ria ou se chorava.
Aqueles que enaltecem a produção dirigida por Paul Michael Glaser, com certeza desconhecem o livro de Bachman, cuja história é totalmente diferente, a começar pelos caçadores que não tem nada da comicidade dos personagens do filme. No livro, eles realmente metem meto e são como verdadeiros pitbulls em busca de suas presas. Esqueça o cantor de ópera de bunda branca e com roupa de árvore de Natal; o fogueteiro voador (um homem que voa com um lança-chamas pendurado nas costas); o japonês balofo, vestido de jogador de hóquei e um professor de fisiculturismo com um jeitinho meio “assim e meio assado”. Nas páginas de “O Concorrente”, a conversa é outra. Lá, os caçadores impõem respeito. Prova disso é o chefe do grupo, Evan McCone, descendente direto de J. Edgard Hoover, dos quais, durante os seis anos de programa, nenhum competidor conseguiu escapar com vida.
A árvore de Natal ambulante do risível "O Sobrevivente"
“O Concorrente” é apenas um pequeno exemplo de obras do autor que foram “destripadas” por diretores e roteiristas açougueiros. Poderia encher um post com estórias e contos geniais que sairam da cabeça de King, mas que ao serem transpostos para a tela se transformaram em lixo.
Para os fãs de King que gostam de números, vale lembrar que cerca de 50 livros ou contos do escritor já foram levados para o cinema. Os roteiros e direções risíveis dos filmes só serviram para aumentar a fama de “pé frio” do grande mestre do terror, que segundo a maioria dos críticos não tem sorte em suas adaptações para a sétima arte.
Apesar dessa fama de pé frio, o autor ainda conseguiu se sair melhor do que Sidney Sheldon que também teve as suas excelentes histórias trucidadas por roteiristas e diretores incompetentes. King teve muita “bagaceira” no cinema, mas no caso de Sheldon, foi pior, já que nenhum filme ou minissérie adaptados de seus livros tiveram a atenção que mereciam. Resultado: um genocídio total com a sua obra.
Nem mesmo “O Outro Lado da Meia Noite”, que na época de seu lançamento nos cinemas (1977) ganhou status de super-produção, escapou. Diretor ultrapassado e elenco de terceira contribuíram para afundar um bom roteiro adaptado pelo próprio Sidney Sheldon. Assisti esse filme na minha adolescência e depois o revi recentemente. Olha, juro que doeu presenciar personagens tão carismáticos como Noelle Page, Larry Douglas e Constantin Demiris sendo vividos por atores tão sem brilho. A exceção fica para Susan Sarandon que fez uma Catherine Alexander mais do que competente. Mas o resto... bem, melhor ficar quieto.
Sidney Sheldon
Como estava falando escrevendo anteriormente, Stephen King ainda teve algumas histórias adaptadas com sucesso para o cinema, algumas até mesmo com maestria, como é o caso de “À Espera de Um Milagre” que recebeu quatro indicações para o Oscar de 2000, uma delas de roteiro adaptado; “Um Sonho de Liberdade” com Tim Robbins e Morgan Freeman, que ‘arrancou’ elogios da crítica especializada e é, claro, o ótimo “O Iluminado”, de Stanley Kubrick. Mas, por outro lado, o que ‘aprontaram’ com as obras de Sheldon foi sacanagem. Cara, não escapou nenhum livro do fracasso no cinema ou na TV!! Como castigo, esses diretores, produtores e roteiristas teriam de ser banidos do mundo da sétima arte. Se bem, que alguns deles acabaram se afundando por si mesmos, já que nunca mais se ouviu falar em seus nomes... ainda bem.
Nos meu devaneios, fico imaginando ver obras como “O Reverso da Medalha”, “Se Houver Amanhã”, “Nada Dura para Sempre” e é claro “O Outro Lado da Meia Noite” sendo produzidas com requintes semelhantes aqueles dispensados as super-produções hollywoodianas atuais.
Quanto a King que tal dar uma ‘viajada’ e imaginar uma adaptação descente dos romances “A Coisa” e “O Sobrevivente”? Pois é, esperança é a última que morre, ainda mais agora nessa onda de reboots que o cinemão de Hollywood mergulhou de cabeça.
Alguns fracassos de Stephen King no cinema: “Cujo, O Cão Assassino” (1983), “Colheita Maldita” (1984), “Chamas da Vingança” (1984), “Comboio do Terror” (1985), “Sonâmbulos” (1992), “Trocas Macabras”(1993) e “Mangler – O Grito de Terror” (1994).
Alguns fracassos de Sidney Sheldon no cinema e TV: “Um Estranho no Espelho” (1992), “A Herdeira (1979), “Se Houver Amanhã” (1976), “Lembranças da Meia Noite” (1991) e “Nada Dura para Sempre” (1995).

25 julho 2012

Médico de homens e de almas


(Contém spoilers) Para que você tenha uma idéia da qualidade da obra de Taylor Caldwell, basta dizer escrever que ontem eu me encontrava num verdadeiro inferno astral onde tudo dava errado. Logo pela manhã levei uma “sapatada” do meu ‘chefe-mor’, mas juro que o incidente que originou a tal ‘sapatada’ não foi minha culpa; depois, meu pai perde três pivôs que foram implantados recentemente em sua boca, lembrando que ele tem nevralgia do nervo trigêmio que provoca uma das dores mais atrozes que o ser humano pode sentir; à tarde, vejo um motociclista perder o controle de sua moto e, literalmente, pranchar a poucos metros de mim. Bancando o bom samaritano, parei o meu carro no estacionamento de um supermercado para ligar ao SAMU, já que o motoqueiro “caiu e apagou”; então chega um FDP bem perto de mim e diz: “Tira logo esse carro daí que eu to querendo sair!! Se mexe mêo!!”. Pode acreditar, o infeliz viu a pobre vítima apagada no chão, viu o tumulto na frente do estacionamento e o mais importante, me viu no telefone falando com o atendente do SAMU e mesmo assim ainda me esculacha! Viram só que dia !
Mas apesar de todos esses problemas que alimentaram a minha segunda-feira, eu estava feliz, aliás muito feliz, como se fosse uma sexta-feira, véspera de feriado prolongado. O motivo desse misto de felicidade com euforia era o livro “Médico de Homens e de Almas”. Naquela segunda-feira, à noite, na tranqüilidade da minha sala de leitura pretendia devorar os capítulos finais da obra de Caldwell. Não via a hora de ler o momento em que Lucano (apelido do evangelista São Lucas – assim, ele era chamado pelos seus familiares e amigos) se encontraria com Maria, mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo. Como seria esse encontro? O que Maria iria revelar sobre a infância do Menino Deus?
O encontro de Lucano e Maria acontece nas últimas páginas de “Médicos de Homens e de Almas” e é o momento mais emocionante da obra, que por sua vez, tem muitas outras passagens capazes de quebrar o mais duro dos corações. Defino o romance de Caldwell como um poço de emoções; sendo mais claro: ‘das mais belas emoções’. Um livro capaz de fazer com que eu me esquecesse do “dia de cão” que estava vivendo. É isso aí.
Mas vamos ao que interessa: São Lucas, Lucas ou simplesmente Lucano – autor de um dos quatro Evangelhos da Bíblia e também dos Atos dos Apóstolos – foi o único apóstolo que não era judeu, nunca viu Cristo e tudo o que está escrito em seu Evangelho foi adquirido por meio de pesquisas e do testemunho da mãe de Cristo, dos discípulos e dos apóstolos.
Mesmo não tendo a oportunidade de conhecer Cristo, pessoalmente, São Lucas, que ao que tudo indica teria nascido na Antioquia, se tornou o maior defensor da fé cristã e, como Saulo de Tarso (mais tarde Paulo, o apóstolo dos gentios), não acreditava que Nossos Senhor Jesus Cristo tinha vindo para salvar apenas os judeus.
Antes de se tornar um dos maiores apóstolos de Cristo, Lucas foi um grande médico que viajou para vários países do mundo sempre com o firme propósito de cuidar da saúde dos mais pobres e miseráveis, que não tinham condições de pagar por um médico particular.
Taylor Caldwell levou 46 anos para escrever “Médico de Homens e de Almas”, mas todo esse período valeu à pena já que o livro se transformou num fenômeno de vendas através dos tempos, entrando para a lista das obras mais importantes dos últimos 100 anos.
A obra trata de Nosso Senhor Jesus Cristo apenas indiretamente, pois segundo a autora, não há romance e nem livro histórico que possam transmitir a história de Sua vida tão bem quanto a Santa Bíblia. Portanto, “Médico de Homens e de Almas” é um livro sobre a vida de São Lucas, desde a sua infância até a fase adulta. Talvez, o maior segredo do sucesso do romance de Caldwell é que a vida do apóstolo é o espelho da nossa vida no que diz respeito ao relacionamento com Deus.
Quando criança, Lucano amava o Deus Desconhecido – como era chamado pelos gregos – de corpo e alma, chegando a ficar em estado de graça após as suas orações e meditações. Mas foi só acontecer algo ruim em sua vida para que ele passasse a culpar esse mesmo Deus. Ao perder o seu grande amor, Lucano mudou a sua postura com Deus – como nós fazemos muitas vezes – e começou a culpá-lo por todas as desgraças que aconteciam com as pessoas. “Se Deus é tão bom porque não pune apenas os maus? Porque as pessoas boas que o louvam sofrem tanto?” Essas eram algumas das indagações feitas por Lucas que só vai começar a acreditar no Pai novamente, num dos trechos mais emocionantes do livro, quando Deus faz com que ele encontre uma pessoa, a qual vinha procurando há muitos anos.
E quer queiram ou não, todos nós seres humanos somos assim, parecidos com São Lucas. Amamos e louvamos à Deus diariamente; até o momento em que enfrentamos dores atrozes em nossas vidas. Então, nossa fé sofre um abalo e passamos a questionar o nosso Pai e até mesmo culpá-lo por estarmos vivendo determinada provação. Após o seu reencontro com o Deus, Lucano ensina-nos que esse Deus é o Deus do amor e não da vingança e que até o fatos negativos e tristes que acontecem em nossas vidas acabam sendo importantes para o nosso crescimento como seres humanos. E bem lá na frente, esses mesmos fatos que sangraram o nosso coração, acabarão propiciando momentos felizes em nossas vidas.
É a partir desse reencontro muito especial que São Lucas começa a escrever o seu evangelho baseado no que ouvira dos apóstolos e discípulos de Jesus. Ele deixaria a primeira parte do seu livro reservado para o relato de Maria, a mulher que carregou Deus em seu ventre.
Lucano passa vários meses à procura de Maria e quando ele a localiza... agüenta coração!!! O encontro de Maria com o apóstolo é uma avalanche de emoção.
Maria relata detalhes da infância de Jesus; do amor de seu esposo José pelo Menino Deus e dos brinquedos que fazia para Ele quando garoto; do embate entre Jesus e Satanás que ao tentar seduzi-lo a esquecer a humanidade, fugindo assim da crucificação, acaba sendo refutado e expulso pelo Cristo. Maria narra para São Lucas os detalhes desse encontro do seu filho com o anjo do mal e que teria sido presenciado por ela. A Virgem  conta, ainda, de maneira minuciosa como foi o momento da aparição do Arcanjo Gabriel que anunciou que ela seria a mãe de Jesus. Revela também detalhes de seu encontro com a prima Isabel e da origem do canto Magnificat.
Escritora Taylor Caldwell
Além da emocionante narrativa de Maria, a obra de Caldwell prende o leitor por explorar detalhes interessantes da vida de vários personagens bíblicos que aparecem apenas discretamente nos quatro evangelhos, apesar de terem vividos momentos decisivos com o Mestre. É o caso, por exemplo, de Hillel bem Hamram, o rico judeu que ao ver Jesus pregar, se aproximou e perguntou: - “Bom Mestre, o que devo fazer para merecer a vida eterna?”. Ao que Jesus, respondeu: - “Conheces os mandamentos, não deves matar, roubar, dar falso testemunho ou cometer adultério. Deves honrar teu pai e tua mãe. O rico judeu respondeu: - “Desde a minha juventude respeito os mandamentos”. Então, Jesus finalizou dizendo: - “Falta-te uma coisa: vende o que tens, pois é rico, e dá o resultados disso aos pobres. Então, terás os tesouros do céu”. Ao ouvir essas palavras, o homem rico ficou muito triste porque não queria dispor de seus bens, então, virou as cotas e foi embora.
Em “Médicos de Homens e de Almas”, Lucano encontra Hillel em profunda depressão, desejando apenas a morte, arrependido de não ter seguido Jesus. Agora é tarde demais porque o Cristo já fora crucificado. Cabe à Lucano acalmar o espírito atormentado do homem, dando-lhe a paz que tanto procurava. Após ouvir as palavras reconfortantes do apóstolo, Hillel se recupera e narra com pormenores como foi o seu encontro com Jesus naquele dia, inclusive a passagem em que Ele repreende os seus apóstolos dizendo: “Deixai vir à mim as crianças, pois é dela o reino dos céus”.
Durante o romance, Hillel vem a se tornar um dos melhores amigos de São Lucas, ajudando-o, inclusive, a localizar o paradeiro de Maria.
Outra passagem que merece ser lembrada é o encontro de Lucano com o seu irmão Prisco, o soldado romano que ficou incumbido da crucificação de Jesus. Segundo a autora, os homens que fixaram os cravos que rasgaram as mãos e os pés de Jesus durante a sua crucificação estavam sob o comando de Prisco. Antes desse momento de dor, os olhares do soldado e de Jesus se cruzam e então algo acontece...
Pouco tempo após a crucificação, Prisco também se entrega ao remorso e em seu leito conta toda a sua história para o seu irmão. Este seria o Evangelho da crucificação escrito por São Lucas.
Muitos outros personagens importantes cruzam o caminho de Lucas e assim o apóstolo vai ouvindo os testemunhos dessas pessoas e escrevendo o seu Evangelho. É o caso de Pilatos; Heródes; o centurião romano chamado Antônio que teve um amigo curado por Jesus naquela famosa passagem bíblica: “Senhor diga só uma palavra e ele será curado”, se lembram?. E mais: Ramo, o liberto de Lucano que presenciou Jesus devolver a vida ao filho único de uma viúva que chorava a sua morte; o soldado romano Aulo que se converteu ao ver Jesus criando a oração do “Pai Nosso”; enfim todos esses personagens ajudaram São Lucas a escrever o seu Evangelho.
Enfim, “Médicos de Homens e de Almas” é um livro cativante e emocionante... Tudo isso e muito mais.
Para ler, reler e se emocionar.

17 julho 2012

“Octopussy” e “Goldfinger” serão relançados pela editora Record


Atualmente, se você pretende encontrar qualquer livro da série James Bond escrito por Ian Fleming esqueça as livrarias convencionais, tanto as físicas quanto as virtuais. A única solução é apelar para os sebos e torcer para localizar alguns exemplares. Com muita sorte, talvez, no portal da Estante Virtual (www.estantevirtual.com.br), que agrega centenas e mais centenas de sebos, você consiga se inteirar de todos os livros escritos por Fleming, ganhando assim, a oportunidade de completar a sua coleção.
Não sei porque, a Editora Record parou de relançar as obras escritas por Fleming. Lembro-me que há oito anos, essa mesma editora pretendia relançar os 12 livros do autor com nova capa, tradução atualizada, títulos em alto relevo, enfim, um “projetaço”, mas a idéia não vingou e o tal do projetaço acabou morrendo no segundo livro. Realmente, uma pena, pois a idéia tinha tudo para dar certo, mas por motivos desconhecidos só acabou saindo do prelo as obras: “Moscou contra 007” e “007 contra o Satânico Dr. No”. Dois excelentes livros que estarei comentando brevemente neste blog.
Depois do fracasso da Record em tentar reeditar a obra do escritor britânico, nenhuma outra editora tentou proeza semelhante e assim, ficou enterrada a esperança de muitos fãs do agente secreto inglês em ver as suas histórias originais relançadas com uma nova roupagem.
Doía no coração e na alma presenciarmos os lançamentos em abundância de  coleções de DVds em box ultra-luxuosos contendo todos os filmes de 007, de Sean Connery a  Pierce Brosnan ou então CDs com encartes “xique nu úrtimo” com a trilha sonora de toda a série cinematográfica. Digo que doía no coração porque nós leitores sempre éramos protelados a um segundo, terceiro, quarto ou quinto plano... melhor dizendo escrevendo: éramos esquecidos e humilhados, pois enquanto os cinéfilos e amantes da boa música se lambuzavam com as suas coleções recém saídas do forno; nós, leitores, tínhamos de nos transformar em ratos de sebos e vasculharmos aqui e acolá para encontrarmos o livro sobre 007 que queríamos ter. E muitas vezes quando encontrávamos tínhamos de apelar para os durex e fitas adesivas para os remendos de praxe, pois a obra tão sonhada estava se desmantelando ao ser folheada ou então com a capa má conservada.
Mas agora, após tantos anos, parece que essa situação vai começar a mudar, pois poderemos ter o relançamento das estórias originais de James Bond escritas por Ian Fleming. Digo Escrevo que “vai começar a mudar” e não que “mudou” porque trata-se apenas de um ‘pequeno início’, já que serão publicadas apenas duas edições de bolsos, também conhecidas por “Pocket”.
A Record – novamente ela – anunciou, através de seu departamento de marketing – que pretende colocar no mercado ainda este ano os ‘Pockets’: “Goldfinger” e “Octopussy”.
Olha, juro que eu preferia ver esses dois títulos serem lançados em tamanho standard e com todo o requinte que merecem e não num simples e xôxo formato Pocket. Aliás, esperava muito mais do que isso; esperava ver o relançamento da obra completa de Fleming sobre o imbatível agente à serviço de Sua Majestade. Todos os 12 livrinhos, ali, ‘bunitinhus’ num Box de fazer inveja. Mas, paciência... antes ter duas histórias de 007 relançadas no formato “Pocket” do que não ter nenhuma.
Mas falando agora, bem rapidamente, sobre os dois “livrinhos”(rs) que serão lançados até o final do ano pela Record; é importante frisar que, à exemplo da maioria dos livros escritos por Fleming, diferem muito dos filmes. Posso afirmar que são tão diferente como a água e o vinho. O contraste maior fica com a personagem Pussy Galore, do livro e do filme “Goldfinger”. Enquanto no cinema, Galore acaba sendo seduzida por James Bond caindo em seus abraços, amassos e beijos; no livro, a personagem é declaradamente lésbica chefe de uma gangue de ladras, preferindo se manter bem longe do carinho dos homens. Esqueça também o embate entre James Bond e o capanga de Goldfinger, aquele chinês de chapéu côco com uma aba capaz de cortar qualquer coisa, inclusive cabeças de pessoas. No filme, Bond enfrenta o brutamontes chinês no interior do Fort Knox; já no filme, a luta ocorre dentro de um avião. Enquanto no filme, o capanga de Goldfinger morre eletrocutado ao tentar pegar o seu chapéu que ficou preso numa haste de metal; no livro, ele morre, digamos que de uma forma bem diferente. É claro que não vou estragar a surpresa daqueles que ainda não leram o livro de Fleming.
Quanto a “Octopussy”, as diferenças são ainda mais acentuadas. A personagem das páginas não vive numa mansão cercada por um exército de mulheres; mais do que isso, ela não existe no enredo que se resume extritamente ao Major Dexter Smythe, acusado de roubar ouro nazista.
O livro “Octopussy and The Living Daylights” foi lançado originalmente no Brasil como “Encontro em Berlim” e é o 14º livro sobre James Bond. Escrito por Fleming em 1966 é na realidade um livro de contos com quatro histórias curtas: “Octopussy” (na tradução original: “James Bond Acusa”), “The Living Daylights”(na tradução original: “Encontro em Berlim”), “The Property of a Lady”(na tradução original: “A Propriedade de uma Senhora”) e “007 in New York”(na tradução original: “007 em Nova York”)
“Encontro em Berlim” foi lançado após a morte de Fleming e dos quatro contos presentes no livro, apenas dois (“Octopussy” e “The Living Daylights”) viraram filmes.
Suei muito para encontrar esse livro; só consegui depois de procurar muito, mas muito mesmo. Outra obra que me deu uma baita dor de cabeça foi “O Homem do revólver de Ouro”. Encontrá-lo foi uma missão quase impossível, mas também consegui. Hoje, tenho a coleção completa de livros sobre 007 escritos por Fleming. Mas confesso que se alguma editora resolvesse lançar um box luxuoso com a obra completa do pai de 007, não pestanejaria em comprá-la... Quanto aos Pokets “Goldfinger” e “Octopussy”, já decidi que não vou adquiri-los...prefiro ficar com os meus velhinhos.
Abraços e até já!  

12 julho 2012

Finalmente, Carte Blanche chega ao Brasil

Você conhece aquela música que ficou inconfundível na voz da Bethânia? O refrão é mais ou menos assim: “Não dá mais prá segurar, explode coração...” Pois é caríssimos..... vou mudar um pouquinho a letra: “Não dá mais prá segurar, estou caindo de sono em cima do teclado...” É assim que me encontro nesse momento, ou seja, “acabadasso”; literalmente “acabadasso”, moído, estropiado, esbagaçado, sei lá, entendam como quiserem. Estou lutando com unhas, dentes e cabeçadas com Morfeu. E por acaso se sair no ‘muque’ não resolver, estou disposto a negociar qualquer coisa com o filho de Hipnos para que ele me deixe em paz para que possa escrever esse post.
Esperei tanto tempo para dar essa notícia aos meus leitores que já se tornaram adeptos do blog e agora chegou a hora.
Finalmente chegou as livrarias do País o novo livro de 007!! Iahuuuu!! IpiiiiUhurrra!! Está bem, está bem, para aqueles que pensam que estou sendo exagerado, com certeza não fazem parte do chamado “universo bondiano”; mas por outro lado, aqueles que nesse momento estão comemorando comigo, sabem o que significa o lançamento de um novo livro sobre o famoso agente inglês à serviço de Sua Majestade.
Por isso, estou lutando contra o sono para dar essa “boa nova” para a galera.
Quando cheguei em minha casa nesta quinta à noite, após concluir uma reportagem estafante com direito a safanões, empurrões e cara feia do entrevistado depois de uma pergunta indiscreta mas essencial, o que eu mais queria na vida era apenas verificar os meus e-mails, tomar um banho, comer alguma coisa bem leve e por fim, cair nos braços de Morfeu. Então, após verificar minhas mensagens eletrônicas, resolvi dar uma ‘zapeada’ nas livras virtuais para saber se havia algum lançamento que me interessava. Não sei por que, acabei acessando o site da Livraria Cultura, o qual não tenho o hábito de visitar e por isso raramente acesso. Então o que é que eu vejo lá ‘bonitinhu’ e à venda. Isso mesmo: Carte Blanche, de Jeffery Deaver.
Cara! Não acreditei! Logo eu; que vasculhei horas e horas na Internet na esperança de encontrar uma notícia confirmando a data do lançamento da obra em nosso país?!
Após algumas sondadas na Rede, descobri que o livro de Jeffery foi lançado oficialmente no último dia do mês de junho. A minha ‘comida de bronha’ tem uma explicação. É que após vasculhar – sem resultados - tantas vezes na rede em busca de informações sobre a chegada da nova aventura literária de 007 no Brasil, acabei desanimando. Comecei a pensar com os meus botões que Carte Blanche só chegaria em terras tupiniquins em 2013 e olha lá. Então, de repente, ele aparece, sem mais e nem menos para a surpresa de todos.
E olha que o lançamento da obra de Jeffery Deaver no Brasil, pela Editora Record, foi em clima de gala, com direito a sósia de James Bond e tudo o mais!
Sei que muitos fãs do agente secreto estão um pouco ou muito desconfiados com o novo livro de Deaver, principalmente após o fiasco “Essencia da Maldade” escrito por Sebastian Faulks. Gente, calma... acho que o novo livro de Bond agradará em cheios os fãs mais ardorosos de suas aventuras. Pelo menos, há muitos motivos para isso, afinal de contas, a aventura foi escrita pelo mesmo autor do mega-sucesso “O Colecionador de Ossos”. Um autor que já escreveu 28 livros e vendeu mais de 20 milhões de cópias em todo Brasil.
Como estou caindo de sono, não vou dar mais informações sobre a nova história de Bond. Aqueles que quiserem conhecer detalhes de “Carte Blanche” podem acessar o post “Novo livro de 007 será lançado no final do ano no Brasil”.  Lá vocês encontrarão, todas as informações atinentes à obra, inclusive um resumo da história.
Innnté...
Zzzzzzzzzzzzzzz....

08 julho 2012

Círculo do Livro: um período que deixou saudades



Ontem, por culpa da minha estante de livros empoeirada, me tornei – por alguns momentos – um saudosista de “brechó”. Não cheguei a derramar lágrimas, mas admito que o coração do “menino”, aqui, deu uma acelerada de emoção.
Ao espanar os meus queridos 305 livrinhos, percebi que uma grande parte deles pertenceu a áurea fase do Círculo do Livro. Pronto! Bastou ver algumas dessas capas para me lembrar do período em que fiquei sócio do Círculo e, então, passei a receber pelo correio um catálogo com várias opções literárias, a maioria romances, à preços módicos.
A regra para se manter como associado era adquirir um livro por mês. Recordo-me  que sempre comprava dois e quando sobrava um dinheirinho extra, não pestanejava em comprar três ou até quatro volumes. Minha mãe dizia: Menino! Um é suficiente ou será que você vai querer ler os quatro ao mesmo tempo? É claro que mamãe – que saudades do meu anjo... – falava tudo isso brincando e com um sorriso zombeteiro no canto da boca, já que ela sempre me estimulou e incentivou à leitura.
Bem, só sei que as várias capas dos livros de minha estante me fizeram viajar para esse período inesquecível. Posso afirmar que sou um leitor realizado, pois tive a oportunidade de viver a época do “Círculo do Livro”. E se você, que lê esse post agora, é tão ou até mais balzaquiano do que eu, também pode bater no peito e dizer gritar: “Eu vivi a época de ouro da literatura romanceada!”.
Para aqueles que pensam que estou exagerando, quero dizer escrever... que o Círculo do Livro abriu as portas do mundo mágico da leitura para muitas pessoas – que assim como eu, naquela época – não tinham condições de visitar uma livraria para comprar várias obras que adorariam ler. Por culpa do apertadíssimo orçamento mensal, elas eram obrigadas apenas a observar os tão sonhados romances, ali encostadinhos (descansando) nas prateleiras.

O Círculo do Livro chegou para quebrar o paradigma de que apenas pessoas de posse tinham acesso à literatura. Foi graças a esse projeto que muitos ávidos leitores, de camadas sociais mais humildes, deixaram de se sujeitar aos prazos apertados de empréstimos de livros das bibliotecas, podendo, assim, concretizar o sonho de montar o seu próprio acervo cultural.

Por isso, hoje, resolvi prestar a minha homenagem aos criadores dessa fábrica de sonhos chamada Círculo do Livro. Repito: Tudo culpa da minha estante de livros empoeirada.
Conforme pesquisei na Internet, a editora Círculo do Livro surgiu em 1973, ou seja, há quase 40 anos, através de um acordo firmado entre o Grupo Abril e uma editora alemã chamada Bertelsmann. O Grupo Abril tinha 51% das ações, enquanto à Bertelsmann cabia a fatia de 49%. A recém fundada editora vendia livros por um "sistema de clube", onde a pessoa era indicada por algum sócio e, a partir disso, recebia uma revista quinzenal com dezenas de títulos a serem escolhidos. O novo sócio teria então a obrigação de comprar ao menos um livro no período.
E por incrível que possa parecer, o Círculo do Livro, ou melhor, “a” Círculo do Livro, já que se tratava de “uma” editora, trabalhou no vermelho nos cinco primeiros anos, apesar de na época, o inovador sistema de “sócios leitores” ter agrado em cheio os amantes da literatura romanceada que não viam a hora da famosa “revistinha” da editora ser entregue para poder escolher os seus livros preferidos.
Para que você tenha uma idéia de como a Círculo do Livro se tornou uma coqueluche, logo de cara, basta dizer escrever, que após dois anos de funcionamento, em 1975, já reunia cinquenta mil sócios. Esse número dobraria três anos depois. Em 1982, as vendas alcançaram cinco milhões de exemplares, totalizando dezessete milhões nos primeiros dez anos de existência da Círculo.
Em 1983, aconteceria algo inédito no mercado editorial; algo fenomenal, jamais alcançado por uma outra editora na face da terra: a Círculo do Livro anunciaria publicamente um quadro de oitocentos mil sócios espalhados por 2.850 municípios brasileiros!! Para atender todo esse “oceano” de leitores, a editora também inovaria e além das vendas via catálogo, a Bertelsmann e o Grupo Abril optariam pela contratação de mais de dois mil vendedores de “porta em porta”.
Cara! Não sou nenhuma esfinge, mas quero propor um enigma cruel: “Como uma editora formada por dois gigantes do mundo editorial - Bertelsmann e Grupo Abril – e tendo à seu favor números astronômicos de vendas conseguiu decretar falência???!!
Decifra-me ou devoro-te! Ehehehe... brincadeirinha... Mas falando escrevendo sério: não dá para entender o que aconteceu.... Confesso que passei horas e mais horas ‘grudado’ na tela do computador, fuçando e fuçando em sites e mais sites tentando descobrir os motivos que levaram a Círculo do Livro a decretar falência. O que consegui desnudar foi, apenas, de que a ‘gigante’ Bertelsman ao perceber uma ligeira queda no número de vendas da Círculo, simplesmente caiu fora do negócio, vendendo a sua parte para o sócio brasileiro: o Grupo Abril. Em minha opinião, a Bertelsman se acovardou e quando viu o barco naufragar, caiu fora, deixando toda a responsabilidade para o Grupo Abril que, por sua vez, não teve fôlego para segurar o “rojão” sozinho. Resultado: a morte de um projeto editorial maravilhoso.
Na realidade, os verdadeiros motivos que levaram a suspensão das atividades da Círculo do Livro continuam sendo um verdadeiro mistério.
Em minhas pesquisas noturnas e solitárias na Net, garimpei o depoimento de uma pessoa que trabalhou como representante da Círculo. Ela disse que, de repente, num belo dia, ao chegar na empresa para participar da tradicional reunião mensal, onde eram expostos os planos de vendas para os próximos 30 dias, foi informada que os executivos da editora não precisavam mais do trabalho dos vendedores. Ela revelou que foi um dos dias mais tristes de sua vida.
Este depoimento deixa evidente que nem mesmo aqueles que trabalhavam na Círculo do Livro ficaram sabendo o que provocou a falência da editora.
Mas esquecendo todos os mistérios, esse humilde blogueiro não pode deixar de afirmar que a Círculo do Livro fez parte da vida da maioria dos leitores brasileiros, se tornando um ícone no mundo editorial brasileiro, colocando no mercado obras, outrora, inacessíveis para muitas pessoas que tinham a volúpia de ler, mas não possuíam recursos para isso. Realmente deixou saudades... muitas saudades...

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