31 dezembro 2017

10 livros que irão parar nas telas dos cinemas em 2018



Todo final de ano cresce a expectativa de leitores e cinéfilos com relação as adaptações cinematográficas, ou seja, os livros que estarão emprestando os seus enredos para as telonas. Prá ser sincero, estou temeroso com alguns roteiros. Explicando melhor: às vezes, o livro chega a ser tão bom, mas tão bom que é melhor deixá-lo ali, em seu canto, quietinho sem mexê-lo. É verdade! Mas então, chegam alguns roteiristas malucos e transformam aquela obra prima numa bagaceira.
Mas deixando esse ‘medo particular’ de lado, vamos conferir os livros que serão adaptados para os cinemas em 2018. Todos eles confirmadíssimos, salvo algum ‘desastre’ de ultima hora.
Anotem aí:
01 – A Garota na Teia de Aranha (David Lagercrantz)
Claire Foy (Lisbeth) e Sverrir Gudnason (Mikael)
O livro de David Lagercrantiz – que assumiu a saga Millennium após a morte de Stieg Larsson – vai de fato parar nas telonas. Segundo a Sony, “A Garota na Teia de Aranha”, quarto livro da estréia em 5 de outubro de 2018.
A novidade que deve deixar apreensivos os fãs de Millennium que adoraram o filme “O Homem que Não amava as Mulheres” – que abrangeu os três primeiros livros da série -  será a ausência dos atores Daniel Craig e Rooney Mara, que fizeram os papéis do jornalista Mikael Blomkvist e da hacker Lisbeth Salander. Eles serão substituídos respectivamente por Sverrir Gudnason e Claire Foy. O primeiro é um ator sueco de 39 anos que viveu recentemente o tenista Bjorn Borg no filme Borg/McEnroe, quanto a Foy vem recebendo muitos elogios como a rainha Elizabeth II na série televisiva da Netflix “The Crown”.
“Em A Garota na Teia de Aranha”, Lisbeth e Mikael precisam juntar forças para enfrentar uma nova e terrível ameaça.
Vamos aguardar para ver como se comportará nova dupla de Millennium escolhida pela Sony.
02 – Roleta Russa (Jason Matthews)
Jennifer Lawrence
Uma ex-bailarina russa que é forçada a tornar-se uma espiã e super agente, e acaba se descobrindo a melhor assassina da Rússia. Porém, quando desenvolve uma paixão proibida por um oficial da CIA que era seu principal alvo, o futuro e a vida dos dois acabam sendo colocados em risco. O enredo desenvolvido pelo escritor Jason Mattews em Roleta Russa é muito bom, tão bom que a toda poderosa Hollywood decidiu levá-lo para as telonas, mas com um nome diferente do livro. O filme que estréia no Brasil em 2 de março se chamará “Operação Red Sparrow”.
No papel da agente russa Dominika Egorova, teremos a beleza sedutora da atriz Jennifer Lawrence. Se vocês são fãs de carteirinha da trilogia “Jogos Vorazes” sabem de quem estou falando. Aliás, a dobradinha ‘A La Jogos Vorazes” tornará a se repetir, já que além de Lawrence como protagonista, teremos ainda Frances Lawrence na direção; a mesma que dirigiu “Jogos Vorazes: A Esperança – O Final)
03 – Todo Dia (David Levithan)
Para aqueles que gostam de histórias de amor que fogem do “cardápio convencional”, “Todo Dia” é um prato cheio e muito saboroso. David Levithan idealizou um romance com toque de magia e surrealismo.  O autor narra a história sob o ponto de vista de Rhiannon. A jovem, presa em um relacionamento abusivo, conhece A (isso mesmo, simplesmente A), por quem se apaixona. Só que A, acorda todo dia em um corpo diferente. Não importa o lugar, o gênero ou a personalidade, A precisa se adaptar ao novo corpo, mesmo que só por um dia. Quando decide embarcar nesse relacionamento, Rhiannon terá de enfrentar inúmeros desafios.
A será interpretado nos cinemas por vários atores diferentes, como Justice Smith (The Get Down), Lucas Jade Zumann (A Entidade 2) e Katie Douglas. Rhiannon será vivida por Angourie Rice de “Dois Caras Legais“.
O filme estréia dia 23 de fevereiro nos Estados Unidos e ainda não tem data definida para o Brasil.
04 - O Jogador Nº 1 (Ernest Cline)
O que vocês acham de um filme dirigido por Steven Spielberg?  Pois é galera, esta fera estará comandando o show na adaptação cinematográfica: “O Jogador Nº 1”.
O sucesso do livro de Ernest Cline lançado em 2011 foi instantâneo e conquistou um grande numero de leitores que se amarraram na história de um adolescente que em 2044 acaba ficando preso num universo virtual.
Neste futuro não muito distante, as pessoas abriram mão da vida real para viver em uma plataforma chamada Oasis. Neste mundo distópico, pistas são deixadas pelo criador do programa e quem achá-las herdará toda a sua fortuna.
Tudo indica que Spielberg leu o livro de Cline e se interessou pela trama e decidiu produzir e dirigir a sua adaptação.
“ O Jogador Nº 1” estréia nos cinemas do País no dia 5 de abril..
05 – Aniquilação (Jeff Vandermeer)
O diretor Alex Garland, responsável pelo filme “Ex-Machina: Instinto Artificial”, ganhador do Oscar de Melhor Roteiro, terá a partir de agora uma baita responsabilidade: conduzir a adaptação cinematográfica de “Aniquilação”, obra de ficção científica escrita por Jeff Vandermeer e que ganhou o prêmio Nebula Award de melhor romance de sci-fi em 2014. O livro é a primeira parte de uma trilogia.
No filme, uma bióloga (Natalie Portman) embarca numa expedição com outras quatro mulheres (uma Antropóloga, uma psicóloga e uma topógrafa) para um local chamado de ‘Área X’, que é totalmente isolado da civilização. Lá, elas precisam enfrentar numa misteriosa contaminação, o desaparecimento de colegas e um animal mortal chamado de Crawler.
A estréia acontece em 23 de fevereiro.
06 – Maze Runner – A Cura Mortal (James Dashner)
Maze Runner de James Dashner é uma das sagas mais rentáveis da literatura e também dos cinemas. Tanto livros quanto filmes venderam como água no deserto. E surprise; quem pensava que a crítica especializada iria cair de pau em cima de livros e filmes se enganou. Os críticos, pelo menos a maioria, derramaram elogios para os cinco livros (Correr ou Morrer, Prova de Fogo, A Cura Mortal, Ordem de Exterminio e O Código da Febre) e os dois filmes (Correr ou Morrer e Prova de Fogo). E com toda a certeza, tanto os críticos quanto os cinéfilos também irão aprovar o filme “A Cura Mortal” que encerra a trilogia nos cinemas.
O motivo de tanta certeza? Ok, eu digo. O livro foi hiper elogiado e ‘super-hiper’ vendido. Seguindo o mesmo exemplo, o trailer do terceiro filmes foi hiper e hiper também.
Em “Maze Runner – A Cura Mortal” que estréia nos cinemas em 25 de janeiro, Thomas (Dylan O' Brien) embarca em uma missão para encontrar a cura para uma doença mortal e descobre que os planos da C.R.U.E.L podem trazer consequências catastróficas para a humanidade. Agora, ele tem que decidir se vai se entregar para a C.R.U.E.L e confiar na promessa da organização de que esse será seu último experimento.
Para quem não está a par do “Universo Maze Runner”, C.R.U.E.L é uma organização formada com o objetivo de encontrar a cura para FULGOR. FULGOR??  Olha, antes que eu detone o post com spoillers tentando explicar esse outro termo, melhor seria você ler os livros e depois assistir aos filmes.
Pronto falei (rs)
07 – Uma Dobra no Tempo (Madeleine L’Engle)

Um elenco estelar para uma adaptação cinematográfica que promete. Pelo menos se seguir o mesmo rumo do livro de Madeleine L’Engled que faleceu em 2007. Até mesmo uma das personalidades mais influentes da TV americana, a apresentadora Oprah Winfrey, fará parte do time de atores. Querem mais alguns? Então, anotem: Chris Pine (o capitão Kirk da nova franquia Star Trek) e Reese Witherspoon (vencedora do Oscar em 2005 pela sua atuação no filme Johnny e June).
A autora lançou “Uma Dobra no Tempo” em 1962. O livro fez tanto sucesso que acabou ganhando, recentemente, uma edição comemorativa da editora Harper Collins.
O livro escrito por L'Engle conta a história da família Murry, cujo pai pesquisava a possibilidade de viajar no tempo quando desapareceu misteriosamente. Assim, Meg, seu amigo Calvin e seu irmão Charles precisarão viajar para outros pontos do tempo e do espaço para que Meg resgate seu pai. Na aventura, o trio enfrenta forças do mal, conhece novos seres e planetas e descobre o que é tesseracto - a tal dobra no tempo.
A produção dos estúdios Disney estréia nas terras tupiniquins logo no início de março.
08 – Mentes Sombrias (Alexandra Bracker)

“Mentes Sombrias” foi outro livro de sucesso que vem recebendo rasgados elogios desde o ano de seu lançamento, 2013. E pra variar trata-se de uma trilogia. Aliás, por que será que escrever ‘livros de três’ se tornou uma verdadeira febre entre a maioria dos autores?
O livro de Alexandra Bracker retrata um mundo em que a maioria das crianças e adolescentes dos EUA foram dizimadas por uma pandemia. Quando os poucos sobreviventes começam a desenvolver poderes, eles são todos aprisionados em um local provido pelo governo.  
O primeiro volume da trilogia  apresenta a protagonista Ruby, uma menina de 16 anos com poderes telecinéticos (mover objetos com a mente) que escapa de uma dessas prisões e entra para um grupo de adolescentes que fogem do governo.
Quanto ao filme, a novidade é que será rodado em live-action, tecnologia que  possibilita a interação entre atores reais e elementos criados por meio de animações. Dois trabalhos notáveis que utilizaram  essa técnica foram: “Uma Cilada para Roger Rabbit” (1988) e “Space Jam: O Jogo do Século” (1996).
A diretora escolhida é Jennifer Yuh Nelson, a mesma dos dois filmes Kung Fu Panda. “Mentes Sombrias” será o primeiro filme live-action que ela dirigirá. Vamos ver como a moça da Coréia do Sul se sairá nessa nova empreitada cinematográfica que tem estréia prevista para 14 de setembro de 2018.
09 – Cinquenta Tons de Liberdade (E L James)
A pergunta que todos os fãs da saga “Cinquenta Tons” faz  é a seguinte: - Será que o final do filme é o mesmo do livro de E L James? Só mesmo assistindo para saber. Talvez, tenhamos até um The End bem diferente dos parâmetros da obra literária.
“Cinquenta Tons de Liberdade”, produzido pela Universal Pictures, que estréia nos cinemas no dia 09 de fevereiro, retrata o casamento de Anastasia Steele (Dakota Johnson) com Christian Grey (Jamie Dornan). Mas como toda união matrimonial passa por testes de fidelidade, a do casal de “Cinquenta Tons” não será diferente. Pouco tempo após o casamento, Grey passa a ser o centro das atenções da abusada arquiteta Gia (Arielle Kebbel). Porém, esse não será o único problema do casal... Afinal Jack Hyde (Eric Johnson) – novo chefe de Anastasia e seu futuro pretendente – e Elena Lincoln (Kim Basinger) – uma das mulheres do passado de Grey –chegam para deixar a trama ainda mais apimentada.
10 – Cadê você, Bernadette (Maria Semple)
Cate Blanchett será a Bernadette do título
E finalizando a nossa lista, temos a adaptação do livro “Cadê você, Bernadette” da escritora americana Maria Semple. O best-seller conta a história de Bee, uma menina de 15 anos, que está à procura de sua mãe desaparecida, Bernadette.  Para encontrá-la, Bee compila e-mails, documentos oficiais e correspondências secretas, buscando entender quem é essa mulher que ela acreditava conhecer tão bem e o motivo de seu desaparecimento.
 Para viver a mãe de Bee foi escolhida uma atriz do primeiro time de Hollywood: a australiana Cate Blanchett que fez a vilã Hela em “Thor Ragnarok”. Fantástico, não acham?
O roteiro da adaptação cinematográfica está nas mãos de Scott Neustadter and Michael H. Weber, de “500 Dias com ela”. 
A previsão é que o filme aterrisse por aqui no mês de maio.
Bem galera, agora só resta aguardar a chegada das datas de lançamento desses 10 filmes. Enquanto isso fica a dica para que vocês leiam ou releiam as obras que serão adaptadas para depois compará-las com as produções cinematográficas.
Inté!

26 dezembro 2017

São Lucas e a Virgem Maria: um encontro emocionante em “Médico de Homens e de Almas”

O livro de Taylor Caldwell me encantou tanto, me emocionou tanto que acabei quebrando algumas regras do blog, entre as quais, resenhar o mesmo livro pela segunda vez. Já ‘falei’ sobre “Médico de Homens e de Almas” aqui, mas o capítulo em que a autora narra o encontro de São Lucas com a Virgem Maria, a Mãe de Cristo, é de arrepiar. Cara, o leitor embarca nessa narrativa e não quer voltar mais. Fantastic!
Se você sempre teve a curiosidade, assim como eu, de conhecer um pouco mais sobre a infância e a adolescência de Maria, além de detalhes sobre a juventude de Jesus Cristo - que não constam nas leituras bíblicas e em nenhum evangelho apócrifo - o texto perfeito de Caldwell é o caminho.
A autora britânica que faleceu em 1985, aos 84 anos,  demorou quatro décadas e meia para escrever o seu romance o que deixa evidente a sua minuciosidade com relação as pesquisas históricas envolvendo a vida de Lucas ou Lucano – como o evangelista era conhecido pelos gregos.
A autora fez questão de afirmar, há tempos, que apesar de sua obra ser tratada por

alguns como ficção, a maioria dos fatos envolvendo São Lucas, de fato aconteceram. Ela explica que não iria demorar 45 anos para escrever uma simples obra de ficção. Não faria sentido.
Portanto se levarmos em conta as colocações da autora, o encontro de Lucas com Maria realmente ocorreu e foi descrito no livro tendo por base documentos  e pergaminhos antigos descobertos por Caldwell.
Por não ter conhecido Jesus, vale lembrar que para escrever seu Evangelho, São Lucas teve que fazer uma pesquisa apurada, além de entrevistar aqueles que estiveram mais próximos ao Cristo: seus apóstolos e sua mãe Maria. Até mesmo alguns exegetas levantaram a hipótese de que foi ela mesma quem ditou o “Magnificat” ao evangelista.
Caldwell consegue, através de sua obra, fazer com que o leitor sinta a mesma emoção que São Lucas sentiu ao ver em carne e osso, pela primeira vez, ali na sua frente, a Mãe de Deus. 
Taylor Caldwell
O evangelista que havia percorrido continentes para ouvir o testemunho de Maria, quando a vê, fica sem palavras. O texto inebriante da autora tem o dom de transportar o leitor para aquele momento emocionante. É como você estivesse se encontrando com a Mãe de Deus. Uhauuu!! Caramba! Cara, fiquei com um nó na garganta, juro.
Quando Maria começa a revelar detalhes de sua vida e de Jesus Cristo, você pára de ler o livro e então, começa a devorá-lo. São muitas passagens:  a visita do arcanjo Gabriel que anunciou que a Virgem havia sido escolhida por Deus para conceber o seu filho Jesus; a viagem da jovem Maria até a casa de sua prima Isabel que apesar da idade avançada daria a luz a um menino, João Batista; a infância e adolescência de Jesus Cristo. Tudo isso é narrado em detalhes por Maria durante o encontro com o evangelista.
Reli “Médico de Homens e de Almas” três vezes, mas o capítulo referente ao encontro de São Lucas e Maria, bem...  reli... perdi as contas.
Marcante, ao máximo.

23 dezembro 2017

Os livros que ganhei durante as visitas do Papai Noel em minha infância

Aquele velhinho pançudo, de roupas vermelhas, cinto e botas pretas, esbanjando simpatia também fez parte da minha infância. Eu pensava que o Papai Noel cruzava os céus num trenó lotado de presentes e puxado por renas mágicas. Ah! E tem mais! Como na casa de meus pais não tinha lareira e muito menos chaminé, em minha cabeça de molecote, ele entrava pela porta da sala ou da cozinha. Por isso, era um Deus nos acuda! Culpa desse pirralho de outrora que ficava levantando várias vezes durante a madrugada para conferir se os meus pais haviam, de fato, deixado as portas abertas para que o emblemático idoso do Pólo Norte pudesse entrar.
Minha mãe, muito inteligente, dizia para que a ‘magia dos presentes’ funcionasse, as crianças não podiam de maneira alguma ver o bom velhinho, pois, caso esse ‘desastre’ acontecesse, Papai Noel ficaria tão triste, mas tão triste que iria embora e o encanto se romperia. Entonce, só essa mentirinha fazia com que eu ficasse na cama.
No dia seguinte, já bem cedinho, pulava do meu leito e ia correndo até a árvore de natal, armada no canto da sala, para ver o que o Noel tinha me deixado.
Meu pai, por sua vez, tinha o hábito de desenhar algumas pegadas no chão de casa para simular que o papai Noel tinha passado por ali – não me pergunte como ele conseguia fazer essa arte durante a madrugada sem que eu percebesse. Talvez o medo de que o velhinho de roupas vermelhas me visse e depois fosse embora triste ou zangado, fazia com que eu ficasse ‘preso’ em minha cama. Enquanto isso, o saudoso Tourão aproveitava para ‘esculpir’, bem rusticamente, as pegadas do Noel no piso da sala.
Hoje, resolvi escrever esse post para relembrar os presentes que ganhei naquela época e que me proporcionaram tanta alegria. Mas qual a relação desse post com literatura que é o tema principal abordado pelo blog. É simples galera. Os livros eram os presentes do Papai Noel que eu aguardava com tanta expectativa. E como acreditei nesse velhinho famoso até os meus 11ou 12 anos, certamente, tenho uma relação considerável de obras infantis para publicar nesse espaço. Resolvi fazer um top list com 5 livros que acreditei terem sido dados pelo bom e simpático Noel. Naquele tempo, mal sabia, que se não fosse a grana de meus pais, essas obras literárias jamais teriam sido deixadas aos pés da saudosa árvore de Natal. Mas valeu pela magia que eu vivi naquela época.
E vamos aos livros!
01 – Peter Pan (J.M.Barrie)
Cara, este marcou a minha infância. Apesar dos anos e décadas que ficaram para trás ainda me lembro dessa preciosidade. O tempo não conseguiu apagar a imagem do livro, capa dura e inteiramente ilustrado, com as aventuras de Peter Pan, Sininho, Wendy e toda a galera da Terra do Nunca.
Juntamente com o livro vinha um jogo de dados chamado – se não me engano – ‘Viagem à Terra do Nunca’ que tinha um tabuleiro enorme (ocupava quase toda a mesa da sala) que acabou se transformando na minha principal fonte de lazer no final das tardes. Eu e meu vizinho, Gabriel, grande de amigo de infância, passávamos horas e horas jogando os dadinhos e mergulhando de cabeça nas aventuras daquele tabuleiro mágico.
Quanto ao livro, devo ter lido rapidinho.
02 – O Saci (Monteiro Lobato)
No Natal dos meus seis ou sete anos que também poderia ter sido dos meus oito ou nove, sei lá, faz tanto tempo que não me lembro, ganhei dois livros numa tacada só: “O Saci” e “Pinóquio”. Vou escrever, primeiramente, sobre a obra de Monteiro Lobato.
Acredito que o famoso sacizinho foi idéia de minha mãe, pois ela sabia que eu adorava as histórias de Monteiro Lobato. E assim, decidiu me presentear com um de seus livros que eu ainda não tinha tido contato. Cara, devo ter adorado, dado piruetas, plantado bananeira, tudo isso e muito mais. Apesar dos anos, ainda me recordo vagamente do livro, ali, debaixo da árvore de Natal. Acho que tinha uma capa dura da cor amarela. Hoje, infelizmente não o tenho mais. Não sei onde foi parar. Putz, que pecado!
03 – As Aventuras de Pinóquio (Carlo Collodi)
Pois é galera, ‘presente duplo, alegria dupla’. Juntamente com o moleque de uma perna só e cachimbo, desembarcou também em minha árvore de Natal, o boneco de pau de nariz comprido.
A nossa mente é fantástica. Ela consegue guardar eventos que ocorreram há ‘anos-luz’ em nossas vidas. No meu caso, um desses eventos foi uma longínqua noite de véspera de Natal em que ganhei esses dois livros. Não sei por qual motivo, mas bati os olhos primeiramente em “As Aventuras de Pinóquio”. Após vários meses, volta e meia, lá estava eu relendo o livro ou então simplesmente vendo as suas gravuras.
Apesar de eu ter citado Carlo Collodi como o autor da história, não me recordo se o livro que ganhei dos meus pais foi escrito por ele ou adaptado por Walt Disney. A  versão mais conhecida foi realizada por Walt Disney, em 1940, e conta uma história muito diferente daquela escrita por Collodi. 
Independente desse detalhe, o que interessa é que eu amei o presente daquele distante Natal.
04 – O Trópico (Enciclopédia)
Esta enciclopédia de 10 volumes encerraria o ciclo de Papai Noel em minha vida. Foi o último presente que acreditei ter sido entregue pelo bom velhinho. Nesta época a magia da arvore de Natal, das pegadas do Noel  produzidas pelo meu pai, além de outras lendas já começavam a deixar de fazer parte da minha ideologia infantil. Certamente, ‘O Trópico’ foi o presente que concluiu esse... digamos, fim de ciclo.
Lembro-me ainda das palavras de minha mãe: - Como você passou de ano, Papai Noel disse que pode escolher um presente. – Imediatamente respondi -  aquela enciclopédia ilustrada do vendedor que passou em casa!
Lembro que uma semana antes, um vendedor de ‘porta em porta’ havia passado na casa de meus pais fazendo propaganda do “Trópico”.
As histórias sobre o anel dos nibelungos e a queda de Tróia, respectivamente mitologia nórdica e grega, foram as que mais marcaram a minha infância na época inesquecível do Trópico. 
A Enciclopédia O Trópico foi publicada no Brasil em 1957 pela Editora Martins S.A, tendo como diretor José Giuseppe Maltese e reunia 10 volumes abordando assuntos gerais. 
05 – Contos de Fadas (Charles Perrault)
A coletânea de contos escritos por Perrault e traduzidos por Monteiro Lobato foi outra obra que marcou a minha infancia. Foi outro livro que encontrei embrulhadinho na já icônica árvore de Natal que era armada todo final de ano na sala - perto da mesa onde ficava um vitrolão de vinil dos meus irmãos.
Os contos "A capinha vermelha", "As fadas", "Barba azul", "O gato de botas", "Pele de asno", "A gata borralheira", "Riquet topetudo", "A bela adormecida" e "O pequeno polegar" proporcionaram-me viagens inesquecíveis para o mundo mágico da leitura.
Minha mãe sempre admirou Monteiro Lobato, para ela o escritor de Taubaté era muito mais do que um autor, era um educador. Por isso, não fazia questão de gastar o seu minguado dinheirinho na compra de seus livros para presentear-me. Acredito que ao ver a edição de “Contos de Fadas” com o nome de Monteiro Lobaro mais destacado do que o do próprio autor, no caso Perrault, ela imediatamente comprou o livro pensando ser do escritor brasileiro.
Taí galera, espero que tenham gostado dessa viagem no tempo.
Inté!

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