Uhtred, sempre Uhtred. Digo isso porque mesmo quando o
livro não atende as suas expectativas, lá está o famoso guerreiro pagão para
salvar a história. E “A Guerra do Lobo”, 11º volume da saga “Crônicas
Saxônicas” do escritor britânico Bernard Cornwell, infelizmente, não decola. Na
minha opinião o autor deveria ter fechado a saga no momento em que Uhtred
conquistou a ancestral fortaleza de Bebbanburg, a qual ele vinha lutando para
conseguir desde os primeiros livros.
Se eu fosse o responsável pela saga e, claro, tivesse
a capacidade e o dom da escrita de Cornwell, teria arrematado o enredo no 10°
volume com a grande conquista de Uhtred, ao invés de ter a pretensão de contar
a história completa do surgimento da Inglaterra. Pois é, mas pelo ‘andar da
carruagem’, o autor pensa diferente. Por isso, certamente, teremos muitos mais
“Crônicas Saxônicas” vindo por aí. Se estou exagerando? Acho que não. O
escritor britânico deixou essa intenção bem claro nas notas históricas, no
final de “A Guerra do Lobo”, onde ele diz: “A Inglaterra ainda não existe, mas
seu nascimento, com sangue, matança e horror, está próximo. Mas isso também é
história para outro romance”. O que você entende por isso? Está na cara que o
autor deixou evidente que o arco principal de sua narrativa é o surgimento da
Inglaterra, ou seja, como os vários reinos anglo-saxões transformaram-se no
país britânico; quero dizer, suas lutas, intrigas e escaramuças, tendo Uhtred à
frente para segurar a atenção dos leitores. Caso contrário, se o enredo
excluísse Uhtred e focasse apenas no aspecto histórico, pelo menos para mim,
seria muito monótono, sem nenhum interesse.
Quanto a conclusão envolvendo a transformação da
Inglaterra Anglo-Saxã num País de uma só língua, Cornwell poderia arrematá-la
neste mesmo volume com a ajuda de algumas notas históricas.
Mas tudo bem, foi uma opção sua, e deve ser
respeitada. Apenas, não concordo.
Em “A Guerra do Lobo”, a história se arrasta na maior
parte do enredo. Com a morte de Aethelflaed, rainha da Mércia, esse reino passa
a ser cobiçado por seu irmão, Eduardo, rei da Mércia. Sua intenção é juntar
esse reino aos demais, ocorre que nem todos concordam, principalmente os
seguidores de Aethelflaed. Resultado: o surgimento de um conflito interno.
Os invasores noruegueses, agora, comandado por um
temível e sanguinário viking chamado Skoll Grimmarson, aproveitam o momento de
instabilidade da região para ocupar novas terras do reino, incluindo a
Nortúmbia, local onde se encontra a fortaleza de Bebbanburg, de Uhtred.
O enredo tem muitos diálogos sem interesse, além de
poucas batalhas. O leitor também verá um Uhtred bem mais fragilizado, distante
da imagem do temível guerreiro de histórias anteriores. Isto fica evidente por
meio da proteção excessiva imposta à ele pelos seus guerreiros, principalmente,
Finan. Coisa do tipo: “O senhor já não é mais jovem, deixe que nós fazemos
isso”. Cara, confesso, que tal atitude foi me enchendo o saco, e se nesses
momentos, não fossem as tiradas sarcásticas e mordazes do guerreiro pagão,
certamente, eu teria atirado o livro na parede.
Toda vez que o vilão Skoll escarnecia de Uhtred
chamando-o de velho e covarde... PQP!!!!!! Juro que eu xingava Cornwell de
todos os palavrões conhecidos, afinal um personagem tão icônico não precisaria
estar passando por toda essa humilhação.
A minha esperança durante a leitura era de que alguma reviravolta
acontecesse nas próximas páginas; sei lá, até mesmo uma redenção do nosso
estimado Uhtred. Foi com essa esperança que me permiti continuar lendo “A
Guerra do Lobo”. E cara... perto do final, essa reviravolta chegou; e chegou
rasgando. Quando Uhtred foi obrigado a encarar o seu mais temível desafio, ele
voltou a ser o guerreiro que todos nós respeitamos. Neste momento não consegui
me conter e dei um grito de guerra, um grito de desabafo, de alívio, sei lá.
Soltei um gostoso Iahuuuuuuuuuuu!!!!!
Pois é... Uhtred conseguiu salvar a história. Resta
saber, agora, se ele ainda terá fôlego para salvar os próximos volumes de
“Crônicas Saxônicas” que certamente virão por aí.
7 comentários
1 - Das Crônicas Saxônicas, qual é considerado o melhor livro?
ResponderExcluirAcho os melhores o 7, 3, e 1.
ExcluirHá algum tempo, acho que ainda não tinham lançado o 10º volume das 'Crônicas Saxônicas', as redes sociais e grande parte dos blogueiros literários fãs da saga, foram unânimes em apontar o 4º livro ("A Canção da Espada") como o melhor. Veja bem, apesar de ter gostado da história, na minha opinião, "Os Senhores do Norte" (3º Volume) continua sendo o melhor de toda a saga escrita por Cornwell.
ExcluirCornwell arrebentou no terceiro livro. O enredo tem aventura, intrigas, traições e romance. Juntos, esses ingredientes, tecem uma teia de aranha que consegue prender em seus fios o mais disperso dos leitores.
Por isso, concordo com o Maurilei que também citou em sua lista esse 3º volume das Crônicas; mas se você quiser aproveitar, de fato, a leitura e conhecer profundamente a personalidade e as motivações dos personagens comece pelo primeiro livro: "O Último Reino" que mostra as origens de Uthred.
Espero ter ajudado!
Abcs!!
Olá,
ResponderExcluirO autor já está lançando o 12º livro com o título "Sword Of Kings". Estará nas livrarias britânicas no dia 03/10/2019 e nas livrarias americanas a partir de 26/11/2019. Como sempre, sem previsão de lançamento aqui no Brasil. Fonte: Site do autor.
Abraços,
Sergio Mazzotti Neto
Caramba, já?!
ExcluirJuro que não estava sabendo.
Olá José Antônio,
ResponderExcluirVamos atualizar. O Autor anunciou o 13º livro da saga, com o título de War Lord, e com previsão de lançamento para outubro/2020 no Reino Unido. Pelo que eu entendi, será o último livro da saga.
Enquanto isso, esperamos o 12º livro que ainda não tem previsão aqui no Brasil.
Abraços,
Sergio Mazzotti
Sérgio, valeu pela atualização!
ExcluirAbraços!