26 janeiro 2025
1822 (2º Volume da Trilogia Família Real no Brasil)
Pois é, oito dias sem nenhuma postagem. Galera, não
esqueci do blog, não. Os motivos do “menino”, aqui, ter ficado mais de uma
semana sem postar nada foram dois: o primeiro diz respeito a uma cirurgia que
serei obrigado a fazer. Isso mesmo, obrigado, porque não tenho mais
escapatória, não tenho mais onde me agarrar, portanto é agora ou agora. E os
exames preparatórios para essa cirurgia demandam muito tempo e energia, já que
o meu médico é muito meticuloso e graças a Deus por sê-lo. O segundo motivo está
relacionado com o Projeto de Lei 5332 que, de maneira surpreendente e
inesperada, foi vetado pelo Sr. Lula que desferiu um verdadeiro tapa na cara de
todos os aposentados por invalidez permanente. Como os congressistas estarão se
reunindo, provavelmente, em fevereiro para analisar se derrubam ou não o Veto
38, passo grande parte do meu tempo escrevendo para deputados e senadores,
telefonando para os seus assessores pedindo apoio para a derrubada desse veto.
Agora se você juntar esses dois motivos, garanto-lhes que toma muito do meu
tempo. Espero ter justificado esses oito dias sem ter postado nada. Mas, com
certeza, essa maré vai passar e no final de março voltarei ao esquema normal de
publicações de posts. Não estou “dizendo”
que até lá não publicarei nada. Longe disso. Sempre estarei por aqui e também
nas minhas redes sociais comentando, resenhando, divagando ou publicando as
minhas listas literárias. Com menos frequência, mas estarei. Mas depois, no mês
de março, tudo voltará ao normal, se Deus quiser e com certeza Ele quer.
Mas agora, vamos ao que interessa, vamos escrever
sobre livros. Galera, há mais ou menos uma semana, conclui a leitura de 1822, segundo volume da trilogia Família Real no Brasil, premiada saga do
jornalista Laurentino Gomes com mais de 4 milhões de exemplares vendidos e
vencedora do prêmio Jabuti. A saga formada pelos livros 1808, 1822 e 1889 que contam de uma maneira divertida
mas real a história da construção do Estado brasileiro no século XIX é
considerada um dos maiores fenômenos do mercado editorial brasileiro.
Adorei a leitura de 1808 que narra a chegada da família real ao Rio de Janeiro que sai
praticamente fugida de Portugal após ser acossada pelas tropas do imperador
francês Napoleão Bonaparte. O livro aborda também as transformações feitas por
D. João VI no Brasil colonial e a criação do Reino Unido de Brasil, Portugal e
Algarves, que colocou um ponto final no período colonial brasileiro, dando
início ao processo de independência do País. Como “disse” acima, amei a obra
(veja resenha aqui).
É uma pena afirmar que não posso expor o mesmo de 1822, segundo volume da saga. Não que o
livro seja ruim, não é isso. 1822 é
bom, mas falta a leveza e o ritmo de 1808.
Enquanto que no primeiro volume da trilogia, o autor foge da chamada linguagem acadêmica,
quase sempre cansativa e desinteressante, optando por uma abordagem leve e
divertida – são narradas várias curiosidades interessantes e até mesmo engraçadas
sobre a Família Real em nosso País e também como se deu o início da formação do
Estado Brasileiro - em 1822, a linguagem acadêmica chega com tudo enquanto que
aquelas curiosidades tão interessantes e ao mesmo tempo divertidas ficam mais
escassas.
1822
compara diferentes relatos sobre o Sete de Setembro e a proclamação da
independência e analisa como D. Pedro I conseguiu, apesar de todas as
dificuldades, fazer do Brasil uma nação soberana.
Neste segundo volume de Família Real no Brasil o leitor fica sabendo que a independência do
nosso País não terminou com o chamado ‘Grito do Ipiranga”. Ali, foi apenas o
início. Para se tornar uma nação independente de Portugal o caminho foi longo,
pois nem todos os estados (capitanias) concordavam com a independência e
preferiam que o Brasil continuasse como colônia de Portugal. Dentro desse
contexto, por muito pouco Pernambuco não se desvinculou do Brasil para se
transformar em uma nação independente. Outras capitanias também tiveram essa
mesma ideia.
Laurentino explica como Dom Pedro I, José Bonifácio e
outros baluartes tiveram que se desdobrar para unir o Brasil e transformá-lo num
País independente após o famoso grito: “Independência ou Morte”.
Laurentino Gomes, auto da trilogia "Família Real no Brasil"
Achei essa abordagem cansativa e me senti como um
estudante num banco escolar participando de uma aula tradicional de História do
Brasil num ritmo bem maçante.
A narrativa melhora muito, tornando-se bem interessante,
quando o autor explora detalhes de figuras importantes da História do Brasil
como a Princesa Leopoldina, a Marquesa de Santos, José Bonifácio e o próprio Dom
Pedro I que ganham capítulos exclusivos no livro.
Ficamos sabendo o quanto a Princesa Leopoldina –
mulher de Dom Pedro I – foi importante para a Independência do Brasil, além de
detalhes do seu relacionamento conturbado com marido. Aprendemos a ver, também,
um Dom Pedro desmistificado, com todos os seus defeitos – e olha que eram
muitos – mas em contrapartida, um grande líder e um comandante sem igual. E já
que estou “falando” em desmistificação, o autor desconstrói totalmente o “Grito
do Ipiranga”, mostrando aos leitores como, de fato, aconteceu um dos momentos
mais importantes da história do Brasil.
Aprendemos também a ver a verdadeira faceta da
Marquesa de Santos, cujo nome verdadeiro era Domitila de Castro e que chegou a
ter 14 filhos entre os quais, cinco com Dom Pedro I com o qual mantinha um
romance secreto na época em que o Príncipe Regente era casado com a Princesa
Leopoldina.
Todas essas narrativas prendem a atenção do leitor, o
problema é que elas são intercaladas com as cansativas lições de História do
Brasil, envolvendo os conflitos entre as capitanias; as diversas batalhas
oriundas desses conflitos, entre as quais, a Batalha do Jenipapo, dos Mascates
(envolvendo Olinda e Recife), além de uma longa explicação sobre as Cortes de
Portugal que era algo parecido com uma Câmara dos Deputados, atualmente, onde
eram tomadas decisões importantes envolvendo o Brasil. Enfim, quando a leitura
engatava uma quinta marcha, de repente, ela era, abruptamente, reduzida para
uma primeira, e bem forçada.
Quando terminei 1808
estava ansioso para ler 1822, mas
agora que conclui a leitura do segundo volume da trilogia, aquele “fogo” deu
uma ‘apagadinha”, tanto é verdade que optei por ler uma obra de ficção para somente
depois encarar 1889 o qual espero tenha uma narrativa mais interessante e sem
tantos altos e baixos.
Valeu galera!
29 dezembro 2024
1808 (1º volume da trilogia Família Real no Brasil)
Um baita livro-reportagem sobre a história do Brasil.
É assim que defino 1808 do jornalista
Laurentino Gomes. Que livraço! Todos nós
sabemos que aprender História do Brasil seguindo métodos acadêmicos não é lá
muito atrativo e quase sempre os assuntos acabam se tornando enfadonhos. Agora,
em 1808 você aprende História do
Brasil de uma maneira fluida, bem longe do academismo, e o mais importante: se
divertindo. Isso mesmo; o autor recheia o seu texto de tantas curiosidades
interessantes, algumas delas, muito engraçadas - como por exemplo, os momentos
íntimos de dom João que na realidade não tinham nada de íntimos – que faz com
que os leitores não leiam, mas devorem o enredo.
Outro ponto importante a ser destacado na obra – acredito
também que seja uma característica comum nos outros dois livros (1822 e 1889)
que fecham a trilogia Família Real no
Brasil – é o seu lado desmistificador que mostra como personagens importantes
da história como o Príncipe Regente D. João VI, a princesa Carlota Joaquina e
até mesmo Napoleão Bonaparte eram na realidade ou como diz o velho ditado
popular: como eram “entre quatro paredes”.
1808 narra
a fuga da família real portuguesa para o Brasil. Nunca algo semelhante havia
acontecido na história de Portugal ou de qualquer outro país europeu. Em tempos
de guerra, reis e rainhas haviam sido destronados ou obrigados a se refugiar em
territórios alheios, mas nenhum deles foi tão longe quanto o príncipe regente
dom João, forçado a cruzar um oceano com toda a família real portuguesa para
viver e reinar do outro lado do mundo, enquanto as tropas do imperador francês
Napoleão Bonaparte marchavam sobre Lisboa.
Podemos afirmar que a chegada da família real de dom
João ao Rio de Janeiro, acossada pelas tropas de Napoleão marcou o início da
rápida e profunda transformação do Brasil colonial, cujo resultado seria a
Independência, em 1822, tema esse abordado no segundo livro da trilogia.
Ao chegar ao Brasil, dom João determinou, entre outras
medidas, a abertura dos portos, fundou escolas, mandou construir estradas e
fábricas, autorizou a publicação de livros e jornais, incentivou a ciência e as
artes. Ao retornar para Portugal, em 1821, deixava para trás um país
transformado e pronto para a independência.
Laurentino Gomes descreve em detalhes como foi a fuga
da corte para o Brasil, em 1808, em um dos momentos mais apaixonantes e
transformadores da história da humanidade. Milhares de pessoas acompanharam dom
João na viagem. Foram cem dias entre o céu e o mar até chegarem ao Brasil
colônia. Uma viagem que se transformou numa verdadeira aventura e ao mesmo
tempo num verdadeiro suplício e sofrimento. A corte portuguesa fugiu para o
Brasil em navios improvisados, abarrotados, infestados de pragas e piolhos,
comida estragada, enfim, sem conforto algum.
A obra também conta com ilustrações fantásticas dos
principais momentos da chegada da corte ao Brasil, além de gravuras representando
o cotidiano da época do Brasil colônia.
Depois de 1808
já iniciei a leitura de 1822 que
narra os fatos relacionados a independência do Brasil. Espero que seja uma “viagem”
tão apaixonante como foi ao ter lido o primeiro livro da trilogia.
24 novembro 2024
“1808”, “1822” e “1889”, uma trilogia que me convenceu esquecer a situação agonizante do meu cartão
“Leitor de carteirinha”, “devorador de livros”, “rato
de biblioteca”, só mesmo quem se enquadra em qualquer uma dessas categorias –
assim como eu – sabe como é difícil para um leitor contumaz segurar a onda
quando vê uma promoção literária imperdível em qualquer um desses sites da
vida, quase sempre na Amazon.
O leitor pode estar com o cartão estourado; com a
lista de leituras exageradamente atrasada; se for blogueiro piorou, porque além
das resenhas empacadas pode estar,
também, com as leituras empacadas. Mas quando a leitura está no sangue nenhum
desses “problemas” importam, o que interessa no exato momento em que você bate
os olhos na “danada” da promoçao é o que o seu coração está sentindo; esqueça a
razão. E o que o seu coração quase sempre diz é mais ou menos isso: “Eu tenho
que comprar esses livros de qualquer maneira!!!!”. Resultado: mais um soco na
boca do estômago do seu cartão de crédito que já está lutando pela vida na UTI;
além da visita de mais um livro em sua “sala” de leitura entupida até o limite
dos limites.
Foi o que aconteceu comigo ao ver o box Família Real no Brasil em promoção na
Amazon. Veja só que tentação e depois confessa se você seria capaz de resistir.
Vamos lá: cada livro da trilogia escrita pelo jornalista Laurentino Gomes, vendido
separadamente, custa em média R$ 57,00 (1808
– R$ 57,39, 1822 – R$ 54,75 e 1889 – 56,37) já com preços
promocionais. A promoção a qual acabei me sucumbindo mostrava na tela do meu
notebook um box maravilhosamente trabalhado em alto relevo por R$ 135,92. Juro
que ainda tentei resistir, principalmente após se lembrar do sofrimento do meu
cartão que se encontrava em situação agonizante na UTI, sobrevivendo somente
com a ajuda de aparelhos; mas... a senhora Amazon não estava para brincadeiras
naquele dia e resolveu esticar ainda mais a corda oferecendo frete grátis (uma
das políticas do Portal é oferecer frete grátis nas compras acima de R$ 100,00
para produtos elegíveis). Ok, foi tremendamente difícil, mas ainda consegui
segurar o tranco, pois novamente bateu na memória a situação agonizante do meu
combalido cartão, já nas últimas na UTI, mas aí, a Srª Amazon decidiu dar o
golpe de misericórdia me entregando de bandeja um cupom de desconto no valor de
R$ 20,00!
Foi assim que acabei traindo o meu querido cartão de
crédito. Espero que ele sobreviva, mas com certeza, nunca mais irá me perdoar
por essa traição. Culpa da Srª Amazon.
Resumindo: com o desconto de R$ 30,90, o box Família Real no Brasil acabou saindo por
R$ 115,92. Vamos supor que eu não tivesse sido presenteado com o cupom de R$
20,00 e ainda arcasse com o valor do frete, o total da compra seria, então, de
R$ 146,82.
Por tudo isso acredito que fiz um excelente negócio.
Acho que serei perdoado pelo meu cartão (rs).
Os três livros escritos por Laurentino Gomes estão
recebendo rasgados elogios da crítica especializada e também dos leitores em
geral. Todos são unânimes em afirmar que a obra é uma forma de aprender um
pouco mais sobre a história do nosso País de uma maneira fluida e divertida, bem
longe daquela narrativa técnica e cansativa ministrada na maioria das escolas.
A prova de que essa trilogia se tornou um verdadeiro
fenômeno literário foram os três “Jabutis” faturados pelo autor - considerado um dos prêmios mais
importantes da literatura brasileira. O que estou querendo “dizer” é que todos
os livros da trilogia foram premiados.
O motivo da boa aceitação entre os leitores,
Laurentino atribui à maneira como conta os fatos, seguindo o modelo das grandes
reportagens. 1808 narra a chegada da
corte portuguesa ao Brasil; 1822,
explora os fatos e as curiosidades que culminaram com a independência do Brasil
e 1889 aborda a proclamação da
República.
Agora, é só ler a trilogia e aprender um pouco mais
sobre história do Brasil, mas aprender de uma maneira leve e divertida.
24 março 2024
Cinco livros que falam sobre ataques terroristas
Juro que estou estarrecido desde anteontem; e ainda
continuarei estarrecido por um bom
tempo, com o ataque terrorista de sexta-feira (22) que deixou 115 mortos numa
casa de shows localizada na região de Moscou.
O atentado, reivindicado por um braço do grupo
terrorista Estado Islâmico, aconteceu na casa de shows Crocus City Hall e é o
pior dos últimos 20 anos na Rússia. Segundo autoridades russas, ao menos cinco
homens com armas de fogo invadiram o local e começaram a atirar indiscriminadamente
contra o público, que gritava e tentava fugir. O massacre aconteceu antes da
apresentação de um grupo de rock.
As cenas chocantes que vi nos noticiários da TV fez
com que eu recordasse, além do ataque às torres gêmeas no fatídico 11 de
setembro, os atentados terroristas que aconteceram em Madri no dia 11 de março
de 2004 e que deixou 191 mortos e 1.900 feridos; na Noruega que ocorreu em 22
de julho de 2011 com um rastro de 77 mortos e também ao ataque terrorista
ocorrido na Alemanha durante os Jogos Olímpicos de Munique em 1972.
Fico imaginando os familiares dessas vítimas e as
cicatrizes que para muitos até hoje continuam abertas. Cara, é muito triste.
Atualmente, os atentados terroristas estão na lista
das principais ameaças e riscos contra a vida em uma sociedade em diversos
países. Religião, política e ideologias distintas são alguns dos motivos que
levam grupos a cometerem atos violentos.
Especialistas em antiterrorismo acreditam que hoje em
dia está cada vez mais difícil detectar ações de grupos, uma vez que o
terrorismo tem sido levado à individualização por meio dos “lobos solitários”,
ou seja, terroristas que agem sozinhos, a qualquer momento e em qualquer lugar
que o mesmo julga propício. Outra preocupação diz respeito as chamadas células
de grupos terroristas que estão espalhadas e camufladas em vários países.
Para aqueles leitores que quiserem saber mais sobre o
assunto, selecionei cinco livros sobre o tema. Vamos conferir?
01
– Planos de Ataque - A História dos Voos
de 11 de Setembro (Ivan Sant’Anna)
O 11 de setembro de 2001 é uma data que está guardada
na mente de todos nós. Data em que aconteceu o maior ataque terrorista do
planeta onde 2.997 pessoas perderam a vida. Mas como foi planejado esse
atentado? Como os pilotos suicidas foram recrutados, e que treinamento
receberam, nas montanhas do Afeganistão? Como viveram secretamente nos Estados
Unidos, nos meses anteriores ao ataque? E o que aconteceu durante os voos
daquela manhã que o mundo não vai esquecer? Piloto amador e fascinado por
aviões, o escritor Ivan Sant'anna, autor do best-seller Caixa Preta, resolveu dedicar três anos de sua vida para pesquisar
minuciosamente tudo o que aconteceu nos voos de 11 de setembro.
O autor relata a trajetória dos homens que planejaram
o atentado e daqueles que sequestraram os quatro aviões – reconstituindo
episódios ainda pouco conhecidos do drama humano dos terroristas e também das
suas vítimas.
Editora:
Objetiva
Capa:
Brochura
Ano:
2014
Páginas:
270
02
– O único Avião no Céu (Garrett M. Graff)
Taí mais um livro sobre o ataque terrorista às Torres
Gêmeas do World Trade Center que aconteceu em 11 de setembro de 2002.
O Único Avião no Céu de Garret M. Graff é um livro de depoimentos
de pessoas que conseguiram sobreviver ao ataque de 11 de setembro. A obra traz
ainda testemunhos de familiares das vítimas que estavam nos aviões e também de
parentes e conhecidos dos bombeiros, policiais e paramédicos que morreram no
momento em que as duas torres desmoronaram pouco tempo depois do impacto dos
aviões.
São mais de 500 páginas seguindo o formato: “nome do
depoente” – “função que o depoente desempenhava em 11 de setembro” –
“depoimento”. Antes de cada capítulo, Graff faz uma pequena introdução – não
mais de meia página – contextualizando as informações das testemunhas. E
depois... tome relatos e mais relatos de sobreviventes ou então de familiares
das vítimas.
Editora:
Todavia
Capa:
Brochura
Ano:
2021
Páginas:
560
03
– Estado Islâmico: Desvendando o Exército do Terror (Michael Wess e Hassan
Hassan)
O recente atentado em Moscou colocou novamente o
Estado Islâmico no centro das atenções da mídia, o que aumenta o interesse dos
livros sobre esse grupo extremista lançados no Brasil.
O livro do jornalista americano Michael Weiss e do
cientista político sírio Hassan Hassan se concentra no processo de crescimento
do exército jihadista e seu apelo para voluntários internacionais (estima-se um
contingente de dezenas de milhares), com base em entrevistas exclusivas com
militares americanos e combatentes do Estado Islâmico.
Os dois autores explicam quem são os protagonistas do
Estado Islâmico, de onde vêm, como conquistaram tanto apoio local e global e
como eles operam. Mostram também como a organização surgiu das cinzas da
Al-Qaeda no Iraque, construindo pacientemente células “adormecidas”, comprando
lealdade e intimidando comunidades locais, eliminando assim qualquer
possibilidade de resistência interna.
Editora:
Seoman
Capa:
Brochura
Ano:
2011
Páginas:
272
04
– Contra-Ataque (Aaron J. Klein)
O ataque aos Jogos Olímpicos de Munique de 1972 é
considerado o maior ato terrorista cometido durante um evento esportivo. O caso
ocorreu 15 dias após o início da competição, disputada em Munique que fazia
parte da Alemanha Ocidental.
Na ocasião, oito membros do grupo Setembro Negro
invadiram a vila dos atletas e se dirigiram ao prédio que abrigava os
competidores israelenses. A organização terrorista fez 11 deles reféns. Para
liberá-los, foi exigido o pagamento de 250 presos palestinos, algo negado pelo
governo de Israel.
Cerca de 24 horas depois, três helicópteros chegaram à
Vila Olímpica para levar os terroristas e os reféns para o aeroporto de
Fuerstenfeldbruck; de onde seriam encaminhados para a Tunísia — como parte do
acordo feito nas negociações.
Após os helicópteros alçarem voo, porém, atiradores de
elite do Exército alemão entraram em ação e um tiroteio começou. Pouco depois,
uma explosão aconteceu em um dos helicópteros. A troca de tiros culminou com a
morte de todos os reféns.
O livro de Aaron J. Klein dá detalhes sobre esse
atentado, além de relatar o contra-ataque israelense a esse ataque terrorista.
O relato é baseado no contato com personagens-chave e que até agora jamais
tinham falado a respeito do Massacre de Munique e da reação de Israel: uma
campanha antiterrorista de trinta anos mortal e supersecreta visando caçar os
assassinos.
Editora:
Ediouro
Capa:
Brochura
Ano:
2006
Páginas:
230
05
– Um de Nós (Asne Seierstad)
Um
de Nós de Asne Seierstade traz a história do mais chocante
atentado terrorista da Noruega. A autora, além de escritora é uma correspondente
internacional consagrada, Åsne passou anos escrevendo sobre as pessoas
envolvidas em conflitos violentos ao redor do mundo. Agora, pela primeira vez,
a autora se dedica a reportar o terror dentro de seu próprio país – e o fez por
meio de pesquisas, entrevistas e depoimentos.
O livro reconstrói o maior atentado da história da
Noruega, aquele que, em 22 de julho de 2011, vitimou 77 pessoas e impôs as
questões fundamentais: Como isso pôde acontecer? Por quê? E quem era Anders
Behring Breivik, o assassino?
Em 22 de julho de 2011, Breivik explodiu uma bomba
perto da sede do governo em Oslo, matando oito pessoas, e, enquanto a polícia
estava mobilizada pelo atentado, o terrorista matou outras 69 pessoas, a
maioria adolescentes, em um acampamento de verão na ilha de Utøya.
Editora:
Record
Capa:
Brochura
Ano:
2016
Páginas:
560
23 fevereiro 2024
Descobri somente agora que a trilogia “Mulheres Assassinas” foi relançada em 2023 num box luxuoso
Como jornalista acompanhei, mesmo à distância, três
casos policiais que chocaram o País; crimes que envolveram três mulheres que
acabaram sendo julgadas e condenadas. Tenho certeza que a maioria dos leitores
viram a exaustão nos meios de comunicação de massa – não importa seja jornal,
rádio, TV ou redes sociais – matérias sobre os assassinatos do casal Manfred e
Marísia von Richthofen; do CEO da Yoki, uma das maiores companhias de alimentos
do Brasil, Marcos Kitano Matsunaga; e do pastor Anderson do Carmo de Souza.
Todos esses assassinatos planejados e executados por três mulheres: Suzane von
Richthofen, Elize Matsunaga e Flordelis dos Santos de Souza, respectivamente. A
primeira, filha do casal Richthofen; a segunda, esposa de Marcos; e a terceira,
também esposa do pastor Anderson.
Acompanhei a distância porque não estava no local dos
fatos para ouvir os envolvidos. Ficava sabendo das novidades, através das agências
de notícias que são parceiras da empresa de comunicação onde trabalho ou então,
como vocês, através da TV e dos jornais.
Não há como negar que foram três crimes que chocaram o
País, tanto é verdade que ao longo dos anos surgiram livros, filmes e até
séries de TV sobre esses três casos. ‘Falando’ especificamente dos livros,
confesso que até há pouco tempo, nenhum deles havia chamado a minha atenção; por
isso mesmo, não os comprei. Mas na semana passada, enquanto vasculhava a “Dona
Internet” a procura de informações complementares para uma reportagem que
estava preparando, me deparei com uma trilogia de livros sobre o assunto que
despertou em mim aquele comichãozinho. Sabem aquele comichãozinho característicos
de nós leitores quando surge repentinamente o impulso de comprar mais um livro?
Pois é, é esse aí. Foi “ele” que me deixou em dúvida quanto a adquirir essa
trilogia mesmo estando com o meu cartão de crédito na UTI.
Quando o meu “radar” acendeu o interesse por esses
três livros resolvi sondar algumas opiniões nas redes sociais – de críticos
literários e também de leitores – e os resultados foram animadores porque a
maioria das críticas eram positivas.
Esta trilogia de livros tem o título de Mulheres Assassinas. Publicada pela
editora Matrix, em 2023, é composta pelos best-sellers Suzane — Assassina e manipuladora; Elize Matsunaga — A mulher que esquartejou o marido; e Flordelis — A pastora do diabo. A série
de livros foi escrita pelo jornalista Ulisses Campbell.
As três obras contando a vida das criminosas foram
atualizadas. Entre as novidades estão detalhes sobre a recente gravidez de
Suzane von Richthofen, que planejou o assassinato dos pais, em 2002. A nova
edição também apresenta uma entrevista com Daniel Cravinhos, um dos cúmplices
de Suzane no crime.
No livro sobre Matsunaga, o autor mostra que, após
cumprir sua pena, a assassina do marido, Marcos Matsunaga, chegou a falsificar
atestado de antecedentes criminais e hoje dirige transporte de aplicativo.
Campbell atualizou a parte de Flordelis com uma entrevista com a pastora, presa
em 2021 pela morte do marido.
Vale lembrar que a publicação original do livro sobre
Suzane von Richthofen aconteceu em janeiro de 2020. O sucesso da obra fez com
que o jornalista lançasse mais dois títulos, Elize Matsunaga: A mulher que esquartejou o marido, em 2021 e Flordelis, a pastora do diabo, em 2022.
Em 2023, a trilogia ganhou uma nova edição, com um box
especial e novas informações sobre os três casos. Coleção Mulheres Assassinas: Suzane, Flordelis e Elize Matsunaga
figura como a obra mais vendida em Crimes Reais Biografia e Memórias da Amazon.
Campbell que se tornou um dos autores que mais se
destaca no cenário do true crime brasileiro explica que que
todas as três mulheres tiveram mudanças muito grandes em suas vidas nestes
últimos anos e por isso propôs uma atualização de seus livros o que acabou
sendo aceita pela editora. A importância que a Matrix deu a esse relançamento
fica evidente na proposta de transformar a trilogia num box ultra luxuoso.
Olha o meu radar me alertando que a minha lista de
leituras já está perto do limite (rs).
14 fevereiro 2024
Livros e filmes sobre o avião que caiu nos Andes em 1972
Em 13 de outubro de 1972, o avião que transportava a
equipe de rúgbi uruguaia 'Old Christians Club' colidiu tragicamente contra uma
montanha na Cordilheira dos Andes com 45 pessoas a bordo, entre jogadores,
familiares e amigos. Os sobreviventes, confrontados inicialmente com o impacto
brutal da aeronave, logo se viram diante de adversidades implacáveis, como o
frio intenso, isolamento severo, ausência de perspectiva de resgate e fome.
Para não morrer, os sobreviventes concordaram em
recorrer a uma medida extrema: praticar o canibalismo, consumindo os corpos das
vítimas da tragédia. No desfecho dessa narrativa, 16 pessoas foram
eventualmente resgatadas, marcando o fim de uma jornada de sofrimento e
resiliência.
Quatro anos depois da tragédia seria lançado o filme
“Os Sobreviventes dos Andes”, uma produção mexicana bem modesta e com efeitos
especiais de quinta categoria – para não dizer de sexta categoria. Mas apesar
disso, a estreia do longa foi marcada por polêmicas envolvendo o canibalismo
retratado de forma realista e a exposição de cadáveres.
Lembro-me muito bem dessa polêmica. Tinha 16 ou 17
anos quando assisti ao filme no cinema da minha cidade. Não me pergunte como
consegui entrar na sala de exibição apesar da minha pouca idade; só sei que...
consegui, não me lembro como.
Uma das cenas que me marcou - tanto é verdade que
ainda me recordo dela, apesar de tantos anos decorridos – acontece no momento
em que o avião cai e um sobrevivente, estudante de medicina, tenta empurrar para
dentro da barriga de um moribundo parte do seu intestino que ficou exposto.
Brrrrrrr! A partir daquela cena, percebi que o filme ia ser trucão e o Jam,
“garoto de ontem”, sexagenário de hoje; teria de ser forte para aguentar o
repuxo. As próximas cenas não aliviaram e junto com elas vieram os momentos de
canibalismo. Hoje, ainda me lembro, que no momento dessas cenas quase que
explícitas, um silêncio total invadiu a sala de exibição.
Se hoje, o que chama a atenção dos cinéfilos nessa
produção mexicana de 1976 são os seus efeitos visuais risíveis, há
aproximadamente 48 anos, esses mesmo efeitos tinham o poder de impactar os
espectadores.
Nos livros, a tragédia nos Andes chegou três anos
antes do cinema. Em 1973, o escritor e jornalista inglês Piers Paul Read lançou
Os Sobreviventes que só iria parar
nas telonas vinte anos depois numa produção que contou com Ethan Hawke e
narração de John Malkovich.
Após ter assistido, recentemente, um filme sobre o
assunto na Netflix, decidi escrever essa postagem sobre os livros e as
produções cinematográficas que abordaram um dos acidentes mais graves da
aviação em todo o mundo. Selecionei quatro filmes e três livros para os nossos
seguidores que estão interessados em saber mais detalhes sobre esse acidente
que ficou conhecido como a “tragédia dos Andes”. Começando pelos livros.
Livros
Os
Sobreviventes (Piers Paul Read)
O livro de Piers Paul Read se tornou uma obra
raríssima e difícil de ser encontrada; apesar disso, o seu preço não valorizou.
Após zapear na Net descobri alguns poucos exemplares com preço médio de R$
30,00, o que para uma obra que está perto da extinção, sai praticamente de
graça.
Para compor a sua obra, Read entrevistou todos os
sobreviventes que narram detalhes sobre a tragédia e o que fizeram para
sobreviver. Por isso, alguns críticos reputam o livro do autor como o mais
completo de todos.
Os
Sobreviventes é um relato cru, sincero e visceral,
detalhado a um ponto de fazer o livro ser difícil de ler, mostrando o ambiente
isolado e inóspito dos Andes que levou um grupo de pessoas a optar pelo
canibalismo para tentar sobreviver, rompendo conceitos sociais e normas morais.
Ao longo da leitura, o relato ganha a forma de um romance de não-ficção. Foi
adaptada para os cinemas em 1993.
02
– Milagre nos Andes – 72 dias na montanha e minha longa volta para casa (Nando
Parrado)
Milagre nos Andes – 72 Dias na Montanha e Minha Longa Volta para Casa,
é um livro para leitores de estômago e nervos bem fortes. Nesta obra, o autor
Nando Parrado – que é um dos sobreviventes do grave acidente aéreo nas
profundezas dos Andes – exorciza todos os seus medos e angustias, fazendo um
relato detalhado dos 72 dias de sofrimento nas geladas e isoladas montanhas
andinas. Parrado não usa meias palavras e tão pouco esconde fatos ou segredos
que ocorreram no acidente, nem os mais traumáticos e chocantes. Costumo dizer
que ele “vomita” tudo o que aconteceu naquele fatídico dia em que o um time de
rugby do Uruguai decidiu emprestar um Fairchild F-227 da Força Aérea Uruguaia
para fazer uma partida amistosa no Chile.
Os sobreviventes dos Andes se alimentaram de carne
humana por um período de aproximadamente dois meses. No início, segundo
Parrado, apenas de pedaços superficiais do músculo do antebraço dos mortos, mas
quando o “alimento” começou a faltar, eles tiveram de comer também pulmões,
rins, cérebro e até coágulos de artérias. Ele dá detalhes de tudo isso sem
meias palavras.
03
– A Sociedade da Neve (Pablo Vierci)
A Sociedade da Neve de Pablo Verci intercala as narrativas
dos sobreviventes com relatos do autor que, por sua vez, dá detalhes sobre os
fatos relacionados ao acidente. Cada capítulo é iniciado com descrições de
Vierci sobre a tragédia, desde os momentos descontraídos que marcaram o
embarque dos jovens no avião da Força Aérea Uruguaia até o instante do resgate,
passando pela provação dos 72 dias que definiram a sobrevivência dos 16 jovens,
na época. Logo depois desses preâmbulos vem as narrativas com as experiências
pessoais de cada sobrevivente. O livro dedica um capítulo inteiro para cada um
dos sobreviventes contarem as suas sagas.
A
Sociedade da Neve mostra ainda como foi a reinserção dessas
16 pessoas na sociedade, as dificuldades que elas sofreram para voltar a ter,
novamente, uma vida normal; os momentos emocionantes que marcaram o resgate
após os 72 dias perdidos nos Andes; a reação de seus familiares quando souberem
que eles tiveram de praticar canibalismo para sobreviver; além de outros
assuntos.
Filmes
01
– Os Sobreviventes dos Andes (1976)
O filme mexicano foi a primeira adaptação a narrar o
desastre dos Andes no cinema. Poucos anos após o acidente, em 1976, a estreia
do longa foi marcada por polêmicas envolvendo o canibalismo retratado de forma
realista e a exposição de cadáveres. Por essa espetacularização do drama
enfrentando pelo grupo de sobreviventes, a produção cinematográfica recebeu
fortes críticas pela maneira como abordou.
O filme não tem boa performance no IMDb, obtendo nota
5.6, com base em 631 avaliações, mas teve bom retorno no Google, com 73% de
aprovação do público.
Com Direção René Cardona, o elenco é protagonizado por
Pablo Ferrel, ,, Hugo Stiglitz, Norma Lazareno, entre outros.
Onde
assistir: Plex TV
02
– Vivos (1993)
O filme “Vivos” baseado no livro homônimo de Piers
Paul Read, é a segunda versão lançada no cinema sobre a trágica história da
equipe de rúgbi uruguaia nas montanhas dos Andes. É por muitos considerado mais
fiel à realidade que a obra anterior, de 1976. Um dos sobreviventes do
desastre, Nando Parrado (interpretado por Hawke no filme), atuou como consultor
técnico do filme.
Os nomes das pessoas que morreram no acidente foram
alterados no filme. Havia três exceções principais: Eugenia e Susana Parrado
(mãe e irmã de Nando Parrado, respectivamente), e Liliana Methol (esposa de
Javier Methol).
Com direção de Frank Marshall (O Curioso Caso de
Benjamin Button), o longa de ficção é estrelado por Ethan Hawke, Vincent Spano,
Josh Hamilton, Bruce Ramsay entre outros nomes. “Alive” está disponível para
assistir na Apple TV+.
Onde
assistir: Aple TV+
03
– A Sociedade da Neve (2007)
Ao contrário da produção homônima da Netflix, este
filme de 2007 é um documentário que mostra o testemunho dos dezesseis
sobreviventes do acidente aéreo na Cordilheira dos Andes. Na obra, eles relatam
detalhes desde como foi a fuga, a decisão de se alimentar dos corpos dos
companheiros, até o resgate.
Dirigido pelo uruguaio Gonzalo Arijón (Battle for Rio),
o documentário “A Sociedade da Neve” foi sucesso de crítica. A produção obteve
nota 8.0 no IMDb e 93% de aprovação da audiência no Rotten Tomatoes.
Participam do documentário os sobreviventes José Pedro
Algorta, Roberto Canessa Alfredo Delgado, Daniel Fernández Bobby François, Roy
Harley, Coche Inciarte, Álvaro Mangino, Javier Methol, Carlos Páez, Nando
Parrado, Moncho Sabella, Fito Strauch, Eduardo Strauch, Tintín Vizintín e
Gustavo Zerbino.
Onde
assistir: Pluto Tv.
04
– A Sociedade da Neve (2023)
“A Sociedade Da Neve”, em cartaz na Netflix, é
dirigido pelo espanhol J.A. Bayona que ganhou respeito com produções
inteligentes, profundas e impactantes, tais como: “O Orfanato” (2007) e “Sete
Minutos Depois da Meia-Noite” (2016).
Em formato de ficção baseada em fatos reais, o filme
traz como um dos protagonistas Numa Turcatti (Vogrincic), uma vítima fatal,
como forma de dar voz àqueles que não voltaram da montanha.
Bayona quis focar no aspecto humano da tragédia e
optou por não tratar explicitamente dos atos de canibalismo. Assim, ele diz que
houve uma generosidade entre os sobreviventes — em referência a um acordo de
que, se morressem, eles podiam comer a carne dos corpos.
A crítica do jornal britânico The Guardian feita por
Peter Bradshaw analisa que “o próprio filme minimiza a repulsa explícita pelo
que estava acontecendo, em favor de destacar a agonia e a dura resiliência nas
condições extenuantes”.
A produção inspirada no livro de Pablo Vierci, amigo de
infância de algumas vítimas, foi indicado ao prêmio Oscar na categoria de "Melhor Filme Estrangeiro".
14 outubro 2023
10 livros sobre true crimes para você ter em sua estante
O chamado “true crime” está catapultando as vendas de
livros em todo o mundo, principalmente no Brasil. Uma reportagem que li - em
meados de 2022 – não me lembro em qual jornal, revista ou site, afirmava que
esse gênero literário passou a ser o mais vendido aqui na terrinha, superando
os tradicionais romances policiais, thrillers psicológicos, biografias e
autobiografias, além das melosas histórias de amor que tem em Nicholas Sparks o
seu melhor e maior representante.
O gênero “true crime” envolve as narrativas que contam
crimes reais. Os livros, podcasts ou séries de TV trazem informações sobre a
investigação e reconstrução dos fatos envolvendo esses crimes. As histórias
tratam da psicologia dos criminosos, bem como da forma como os crimes
aconteceram, depoimentos de testemunhas e sobreviventes e o processo de
investigação policial. O conteúdo dessas obras é, em sua maioria,
jornalísticos: entrevistas, áudios de processos, gravações feitas em tribunais,
imagens da cobertura da imprensa dos crimes e diversos outros.
O crime mais comumente retratado é o de assassinato,
com uma boa parte dos títulos focando em um assassino em série. A abordagem
varia entre análise do perfil do criminoso, o desenrolar do caso – com detalhes
sobre as investigações –, explicação do modus operandi (o método do criminoso),
e até mesmo equívocos que possam ter acontecido no processo de análise do
crime.
Este gênero ganhou cada vez mais espaço nos diferentes
tipos de mídia, principalmente nos livros e na televisão. Séries que abordaram
os assassinatos da atriz Daniela Perez (Pacto mortal) ou a ascensão e queda da
deputada e pastora Floderlis, acusada e condenada pelo assassinato de seu
marido em 2019 (Em nome da mãe) explodiram nos streamings alavancando as
audiências da Globay e da HBO, respectivamente. O mesmo fenômeno, mas com temas
diferentes também vingaram nos livros fazendo com que a maioria das editoras
explorassem esse filão ao máximo. Prova disso, foi a DarkSide que chegou até
mesmo a criar uma marca relacionada ao tema batizada de “Crime Scene” e que se
tornou uma das mais rentáveis da editora carioca.
Resumindo: nunca um gênero literário esteve tão em
alta como o true crimes. Por isso, o “Livros e Opinião” também decidiu embarcar
nessa onda e elaborar uma postagem direcionada, especialmente, aos leitores que
apreciam essa categoria de livros. Neste post, escolhi 10 obras de “true
crimes” que ganharam a cabeça da galera. Eles fazem ou fizeram parte de
qualquer lista de mais vendidos. Seus temas são intrigantes e certamente irão
agradar em cheio. Vamos a eles:
01
– Lady killers (Tori Telfer)
Lady Killers foi inspirado na coluna homônima da escritora Tori
Telfer no site Jezebel.com. O livro é um dossiê de histórias sobre assassinas
em série e seus crimes ao longo dos últimos séculos.
Telfer caprichou. Acredito que ela gastou muito tempo
em suas pesquisas para montar o seu enredo. Escrever sobre assassinas em série,
de um modo geral, já é difícil devido a falta de material sobre o assunto, o
que não acontece quando o tema diz respeito à assassinos. Por algum motivo, o
material sobre homens que matam em série é muito mais amplo do que aqueles que
se referem sobre o mesmo tema, mas tendo o sexo oposto sob os holofotes. Apesar
disso, a autora conseguiu escrever um livraço.
Com um texto informativo, mas também ao mesmo tempo
fluido, Telfer recapitula a vida de catorze mulheres com apetite para
destruição, suas atrocidades e o legado de dor deixado por cada uma delas.
Em Lady Killers você vai conhecer, por exemplo, a Vovó
Sorriso, que dominou as páginas dos jornais norte- americanos em 1950 por seu
carisma e piadas mórbidas. Ela teria matado quatro maridos! Outro destaque é
para Kate Bender que recebia viajantes em sua hospedaria e tinha o hábito de
assassinar todos que ousavam flertar com ela! Uma verdadeira viúva negra.
O que levou essas e outras Lady Killers do livro a
cometerem esses crimes? Como era o seu modus operandi? Como a polícia chegou
até elas? Você irá conseguir desvendar
esses mistérios após ler a obra de Tori Telfer.
02
– Serial killers – Anatomia do mal (Harold Schechter)
O subtítulo do livro de Harold Schechter já explica a
sua essência: “Entre na mente dos psicopatas”. E é, exatamente, isso que os
seus nove capítulos fazem. O leitor acaba mergulhando fundo na mente de
predadores assassinos que ficaram famosos ao longo da história por causa das
atrocidades cometidas. O autor não esconde absolutamente nada, revelando
detalhes macabros de crimes horrendos e os motivos que poderiam ter levado
esses serial killers a cometerem tais monstruosidades.
Serial Killers – Anatomia do Mal faz um estudo minucioso da mente dos
serial killers, desde a sua infância até a fase adulta, apontando as possíveis
causas que poderiam ter levado uma criança normal a se transformar num
assassino cruel, sanguinário e sem remorsos.
Schechter que é professor de literatura e cultura
americana no Queens College, na Universidade da Cidade de Nova York, renomado
por suas obras sobre crimes verídicos, aponta os principais sinais que indicam
que uma criança possa vir se tornar um serial killer no futuro. Cara!
Impressionante esse capítulo! Ele explica ainda a diferença das categorias de
assassinatos: em “série”, “em massa” e “relâmpago”. As nuances entre psicótico
e psicopata.
03
– Modus Operandi: Guia de true crimes (Carol Moreira e Mabê Bonafé)
Carol Moreira e Mabê Bonafé tem um podcast chamado
Modus Operandi que apesar do pouco tempo em atividade (nasceu em janeiro de
2020) já angariou uma audiência gigantesca.
Agora, as duas trazem para o papel toda a experiência
que acumularam em mais de cem episódios em um livro para quem quer saber tudo sobre
“true crimes”, um universo que conquista cada vez mais fãs.
Em
Modus Operandi: Guia de true crime, as autoras abordam as
principais bases do gênero de maneira simples, objetiva e bem-humorada. Entre
capítulos sobre sistema de justiça, polícia, investigação, casos arquivados,
serial killers e outros, a dupla descreve dezenas de crimes que impactaram o
Brasil e o mundo, conta a história de assassinos em série e traz diversas
curiosidades e fontes para quem quiser saber mais sobre o assunto.
Com referência a casos célebres, muitos deles contados
no podcast do Globoplay, e a filmes e séries, Modus Operandi passeia pela história do gênero, listam os tipos de
crime, os passos de uma investigação e como funcionam os sistemas judicial e
carcerário.
O famoso Bope carioca ganha um espaço especial quando
falam do sequestro do ônibus 174, em 2000, uma tragédia que exemplifica como o
“sistema falhou”, de acordo com Mabê. Elas discorrem também sobre como as
penitenciárias brasileiras refletem o racismo estrutural.
Tanto o podcast quanto o livro continuam sendo muito
elogiados por críticos e leitores.
04
– O Caso Evandro (Ivan Mizanzeck)
No início da década de 90, várias crianças
desapareceram no Paraná. Em 6 de abril de 1992, na cidade de Guaratuba, litoral
do estado, foi a vez do menino Evandro Ramos Caetano, de 6 anos. Poucos dias
depois, seu corpo foi encontrado sem mãos, cabelos e vísceras, o que levou à
suspeita de que ele fora sacrificado num ritual satânico. Passados três meses,
numa reviravolta que deixou até os investigadores atônitos, sete pessoas —
incluindo a esposa e a filha do prefeito da cidade — foram presas e confessaram
o crime. O caso, que ficou conhecido como "As bruxas de Guaratuba",
teve imensa repercussão.
Especulações sobre o crime diabólico preencheram
páginas e mais páginas de jornais, e ocuparam a programação televisiva. Os
desdobramentos judiciais se estenderam por cerca de três décadas.
Neste livro reportagem, criado a partir da pesquisa
feita para a quarta temporada do podcast “Projeto Humanos”, Ivan Mizanzuk conta
como procedimentos investigativos contestáveis e denúncias de tortura puseram
em xeque a validade não apenas do trabalho policial, mas também das confissões
dos supostos culpados.
05
– Mindhunter: O primeiro caçador de serial killers americano (John Douglas e
Mark Olshaker)
Mindhunter:
O primeiro caçador de serial killers americano se tornou o livro mais vendido da editora Intrínseca em
2017. A obra arrebentou em vendas naquele ano e, agora, nos tempos atuais,
ainda continua conquistando novos leitores. O livro fez tanto sucesso que
acabou virando uma série na Netflix.
Mindhunter:
O primeiro caçador de serial killers americano mostra
os bastidores de alguns dos casos mais terríveis, fascinantes e desafiadores do
FBI.
Durante as mais de duas décadas em que atuou no FBI, o
agente especial John Douglas tornou-se uma figura lendária. Em uma época em que
a expressão serial killer, assassino em série, nem existia, Douglas foi um
oficial exemplar na aplicação da lei e na perseguição aos mais conhecidos e
sádicos homicidas de nossos tempos. Como Jack Crawford em O Silêncio dos Inocentes, Douglas confrontou, entrevistou e estudou
dezenas de serial killers e assassinos, incluindo Charles Manson, Ted Bundy e
Ed Gein.
Com uma habilidade fantástica de se colocar no lugar
tanto da vítima quando no do criminoso, Douglas analisa cada cena de crime,
revivendo as ações de um e de outro, definindo seus perfis, descrevendo seus
hábitos e, sobretudo, prevendo seus próximos passos.
O livro é um fascinante relato da vida de um agente
especial do FBI e da mente dos mais perturbados assassinos em série que ele
perseguiu.
06
– A Sangue frio (Truman Capote)
Nos anos 60, Truman Capote, revolucionou a literatura
com a obra A Sangue Frio. O livro,
que narra desde o brutal assassinato de uma conhecida família de Kansas até a
execução dos assassinos, é até hoje um marco na história do jornalismo
investigativo e, referência para qualquer um que queira escrever um romance de
não-ficção.
Mesmo que a obra de Capote fuja um pouco das vertentes
do “true crime” já que o autor romantizou os fatos reais, não posso negar que A Sangue Frio foi um divisor de águas,
ou seja, foi a partir dele que outros autores começaram a escrever romances
policiais baseados em fatos reais, mas não deixando de lado as características
principais do gênero “true crimes” onde o autor examina um crime real e detalha
as ações de pessoas reais apesar da chamada "romantização da verdade”.
Capote narra os detalhes de um crime que chocou o
estado de Kansas, nos Estados Unidos, em 15 de novembro de 1959 quando a
respeitada família Clutter foi encontrada morta em sua fazenda na cidade de
Holcomb. Os quatro membros: o pai Herbert, de 48 anos; a mãe Bonnie, de 45
anos; a filha de 16 anos, Nancy, e o filho mais novo, Kenyon de 15 anos, foram
amordaçados e baleados por Richard Eugene “Dick” Hickock e Perry Edward Smith.
O crime teve ampla cobertura da imprensa local, por se
tratar de uma família conhecida e pela gravidade, até então, não explicada das
ações. Assim que soube da notícia, Capote resolveu viajar até o Kansas para
cobrir a história, levou consigo a também escritora, e amiga de infância, Nelle
Harper Lee. Juntos entrevistaram os assassinos e revelaram detalhes da chacina.
O livro foi lançado em 1965, acompanhou Dick e Perry
até o dia da execução. O lançamento foi um sucesso instantâneo e, hoje é o
segundo livro de crime mais vendido na história.
A narrativa vai muito além da cobertura de um crime,
com razões e consequência para a brutalidade. Capote consegue nos fazer imergir
na história. Entendendo o que motivou o crime, e os diversos ângulos que ele
engloba.
07
– Columbine (Dave Cullen)
Quando falamos de massacres em escolas, o primeiro
pensamento na mente de qualquer um é o (infelizmente) conhecido ‘Massacre de
Columbine’. Ocorrido no dia 20 de abril de 1999, o caso entrou para a história
dos Estados Unidos depois que dois estudantes do Columbine High School entraram
no colégio armados e, depois de assassinarem brutalmente 13 pessoas — 12
estudantes e um professor — e ferirem outros 21, se suicidaram.
O trágico episódio — realizado por Eric Harris e Dylan
Klebold — teve um impacto significativo na cultura americana e levou a debates
sobre controle de armas, bullying nas escolas e saúde mental.
Dave Cullen foi um dos primeiros repórteres a chegar à
cena e passou dez anos escrevendo Columbine,
livro que hoje é considerado a obra definitiva sobre o tema. Os episódios
recontados são uma mistura das reportagens que Cullen publicou na época com
anos de pesquisa ― incluindo centenas de entrevistas com a maioria dos
diretores envolvidos, a análise de mais de 25 mil páginas de evidências
policiais, incontáveis horas de vídeo e áudio, e o trabalho extenso de outros
jornalistas de confiança.
Columbine ganhou
vários prêmios e honras, incluindo o Edgar Allan Poe Award (2010), o Barnes
& Noble’s Discover Award (2009) e o Goodreads Choice Award (2009. Columbine
também foi indicado em mais de vinte listas de melhores livros de 2009,
incluindo The New York Times, Los Angeles Times, Publishers Weekly, e foi
eleito como uma das melhores obras da década de 2000 pelo American School Board
Journal.
08
– BTK Profile: Máscara da maldade (Roy Wenzl)
Ao longo de três décadas, um monstro aterrorizou os
moradores de Wichita, Kansas. Um assassino em série que amarrava, torturava e
matava mulheres, homens e crianças, iludiu a polícia por anos a fio enquanto se
vangloriava de suas terríveis façanhas para a mídia. A nação ficou chocada
quando os crimes de BTK — a sigla para os termos em inglês bind, torture, kill,
que eram sua assinatura criminosa — foram enfim associados a Dennis Rader, um
vizinho amigável, marido devoto e respeitado presidente da congregação de uma
igreja local.
Este livro é fruto da intensa colaboração entre
polícia e imprensa local. Os dois resolveram se unir e trabalhar em conjunto
pois entendiam que para manter a cidade informada e a salvo, imprensa – no caso
jornal – e polícia precisavam colaborar e já que o BTK queria a atenção da
mídia e se comunicava com os jornais locais, por isso, nada melhor do que
dividir isso com a polícia.
O autor de BTK
Profile: Máscara da maldade é repórter do jornal Wichita Eagle e tinha
conhecimento dos crimes do BTK ao longo dos anos. A intenção com este livro era
corrigir os erros de edições que falavam dos assassinatos e escrever a versão
definitivas sobre o que de fato aconteceu.
09
– Caso Henry: Morte anunciada (Paolla Serra)
Na madrugada de 8 de março de 2021, o menino Henry
Borel chegou à emergência de um hospital do Rio sem respirar e com o corpo
gelado. Foi levado pela mãe, Monique Medeiros, e seu companheiro, o vereador em
quinto mandato Dr. Jairinho. Um mês depois, os dois eram presos, acusados pela
morte da criança.
A investigação da morte do menino de apenas 4 anos
tinha tudo para ser arquivada por falta de provas e sepultada nos escaninhos da
burocracia oficial. Mas o poder e o prestígio de Jairinho esbarraram em médicos
comprometidos com a vida, em policiais focados em descobrir a verdade e na
determinação de Paolla Serra, jornalista de “O Globo” que foi a responsável por
fazer o caso se tornar conhecido publicamente e teve papel fundamental na
investigação da morte de Henry Borel.
Nos últimos oito meses a jornalista se dedicou ao caso
e ao livro que relata os bastidores de mais um homicídio infantil que chocou o
país. Em “Caso Henry: Morte anunciada”, a autora conta informações exclusivas e
inéditas que levaram à prisão do casal. Além disso, o público também poderá ver
o perfil de um dos protagonistas dessa trama.
10
– Elize Matsunaga – A mulher que esquartejou o marido (Ullisses Campbell)
Foi em 19 de maio de 2012 que Elize Matsunaga matou o
marido Marcos com um tiro na cabeça. Em seguida, esquartejou o corpo por cerca
de seis horas, distribuindo os pedaços em malas e desovando em uma mata. Como
em um filme, Matsunaga tinha planejado passo a passo após o crime. Visitou os
sogros e os mostrou um e-mail falso, do qual o texto havia sido escrito por
ela, que se passava pelo marido morto, dizendo que estava tudo bem. Enquanto
mostrava a mensagem eletrônica aos pais de Marcos, Elize chorava afirmando que
ele havia fugido com uma amante.
Dez anos após o assassinato, muitos se perguntam qual
a razão de Elize ter matado seu marido. Neste livro, Ullisses Campbell narra a juventude
conturbada de Elize Matsunaga, o relacionamento problemático de seus pais, o estupro
na adolescência e muitas outras marcas que afetaram, e provavelmente a afetam
até hoje.
Quem é Elize? Por que Elize matou seu marido? Como ela
está após anos na prisão? Essa e muitas outras respostas em uma obra de Ulisses
Campbell, lançada pela editora Matrix.
As opções estão aí para você que gosta do gênero true
crime fazer a sua escolha. Espero ter ajudado.
Por hoje é só galera.