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26 janeiro 2025

1822 (2º Volume da Trilogia Família Real no Brasil)

Pois é, oito dias sem nenhuma postagem. Galera, não esqueci do blog, não. Os motivos do “menino”, aqui, ter ficado mais de uma semana sem postar nada foram dois: o primeiro diz respeito a uma cirurgia que serei obrigado a fazer. Isso mesmo, obrigado, porque não tenho mais escapatória, não tenho mais onde me agarrar, portanto é agora ou agora. E os exames preparatórios para essa cirurgia demandam muito tempo e energia, já que o meu médico é muito meticuloso e graças a Deus por sê-lo. O segundo motivo está relacionado com o Projeto de Lei 5332 que, de maneira surpreendente e inesperada, foi vetado pelo Sr. Lula que desferiu um verdadeiro tapa na cara de todos os aposentados por invalidez permanente. Como os congressistas estarão se reunindo, provavelmente, em fevereiro para analisar se derrubam ou não o Veto 38, passo grande parte do meu tempo escrevendo para deputados e senadores, telefonando para os seus assessores pedindo apoio para a derrubada desse veto. Agora se você juntar esses dois motivos, garanto-lhes que toma muito do meu tempo. Espero ter justificado esses oito dias sem ter postado nada. Mas, com certeza, essa maré vai passar e no final de março voltarei ao esquema normal de publicações de posts.  Não estou “dizendo” que até lá não publicarei nada. Longe disso. Sempre estarei por aqui e também nas minhas redes sociais comentando, resenhando, divagando ou publicando as minhas listas literárias. Com menos frequência, mas estarei. Mas depois, no mês de março, tudo voltará ao normal, se Deus quiser e com certeza Ele quer.

Mas agora, vamos ao que interessa, vamos escrever sobre livros. Galera, há mais ou menos uma semana, conclui a leitura de 1822, segundo volume da trilogia Família Real no Brasil, premiada saga do jornalista Laurentino Gomes com mais de 4 milhões de exemplares vendidos e vencedora do prêmio Jabuti. A saga formada pelos livros 1808, 1822 e 1889 que contam de uma maneira divertida mas real a história da construção do Estado brasileiro no século XIX é considerada um dos maiores fenômenos do mercado editorial brasileiro.

Adorei a leitura de 1808 que narra a chegada da família real ao Rio de Janeiro que sai praticamente fugida de Portugal após ser acossada pelas tropas do imperador francês Napoleão Bonaparte. O livro aborda também as transformações feitas por D. João VI no Brasil colonial e a criação do Reino Unido de Brasil, Portugal e Algarves, que colocou um ponto final no período colonial brasileiro, dando início ao processo de independência do País. Como “disse” acima, amei a obra (veja resenha aqui).

É uma pena afirmar que não posso expor o mesmo de 1822, segundo volume da saga. Não que o livro seja ruim, não é isso. 1822 é bom, mas falta a leveza e o ritmo de 1808. Enquanto que no primeiro volume da trilogia, o autor foge da chamada linguagem acadêmica, quase sempre cansativa e desinteressante, optando por uma abordagem leve e divertida – são narradas várias curiosidades interessantes e até mesmo engraçadas sobre a Família Real em nosso País e também como se deu o início da formação do Estado Brasileiro - em 1822, a linguagem acadêmica chega com tudo enquanto que aquelas curiosidades tão interessantes e ao mesmo tempo divertidas ficam mais escassas.

1822 compara diferentes relatos sobre o Sete de Setembro e a proclamação da independência e analisa como D. Pedro I conseguiu, apesar de todas as dificuldades, fazer do Brasil uma nação soberana.

Neste segundo volume de Família Real no Brasil o leitor fica sabendo que a independência do nosso País não terminou com o chamado ‘Grito do Ipiranga”. Ali, foi apenas o início. Para se tornar uma nação independente de Portugal o caminho foi longo, pois nem todos os estados (capitanias) concordavam com a independência e preferiam que o Brasil continuasse como colônia de Portugal. Dentro desse contexto, por muito pouco Pernambuco não se desvinculou do Brasil para se transformar em uma nação independente. Outras capitanias também tiveram essa mesma ideia.

Laurentino explica como Dom Pedro I, José Bonifácio e outros baluartes tiveram que se desdobrar para unir o Brasil e transformá-lo num País independente após o famoso grito: “Independência ou Morte”.

Laurentino Gomes, auto da trilogia "Família Real no Brasil"

Achei essa abordagem cansativa e me senti como um estudante num banco escolar participando de uma aula tradicional de História do Brasil num ritmo bem maçante.

A narrativa melhora muito, tornando-se bem interessante, quando o autor explora detalhes de figuras importantes da História do Brasil como a Princesa Leopoldina, a Marquesa de Santos, José Bonifácio e o próprio Dom Pedro I que ganham capítulos exclusivos no livro.

Ficamos sabendo o quanto a Princesa Leopoldina – mulher de Dom Pedro I – foi importante para a Independência do Brasil, além de detalhes do seu relacionamento conturbado com marido. Aprendemos a ver, também, um Dom Pedro desmistificado, com todos os seus defeitos – e olha que eram muitos – mas em contrapartida, um grande líder e um comandante sem igual. E já que estou “falando” em desmistificação, o autor desconstrói totalmente o “Grito do Ipiranga”, mostrando aos leitores como, de fato, aconteceu um dos momentos mais importantes da história do Brasil.

Aprendemos também a ver a verdadeira faceta da Marquesa de Santos, cujo nome verdadeiro era Domitila de Castro e que chegou a ter 14 filhos entre os quais, cinco com Dom Pedro I com o qual mantinha um romance secreto na época em que o Príncipe Regente era casado com a Princesa Leopoldina.

Todas essas narrativas prendem a atenção do leitor, o problema é que elas são intercaladas com as cansativas lições de História do Brasil, envolvendo os conflitos entre as capitanias; as diversas batalhas oriundas desses conflitos, entre as quais, a Batalha do Jenipapo, dos Mascates (envolvendo Olinda e Recife), além de uma longa explicação sobre as Cortes de Portugal que era algo parecido com uma Câmara dos Deputados, atualmente, onde eram tomadas decisões importantes envolvendo o Brasil. Enfim, quando a leitura engatava uma quinta marcha, de repente, ela era, abruptamente, reduzida para uma primeira, e bem forçada.

Quando terminei 1808 estava ansioso para ler 1822, mas agora que conclui a leitura do segundo volume da trilogia, aquele “fogo” deu uma ‘apagadinha”, tanto é verdade que optei por ler uma obra de ficção para somente depois encarar 1889 o qual espero tenha uma narrativa mais interessante e sem tantos altos e baixos.

Valeu galera!

29 dezembro 2024

1808 (1º volume da trilogia Família Real no Brasil)

Um baita livro-reportagem sobre a história do Brasil. É assim que defino 1808 do jornalista Laurentino Gomes. Que livraço!  Todos nós sabemos que aprender História do Brasil seguindo métodos acadêmicos não é lá muito atrativo e quase sempre os assuntos acabam se tornando enfadonhos. Agora, em 1808 você aprende História do Brasil de uma maneira fluida, bem longe do academismo, e o mais importante: se divertindo. Isso mesmo; o autor recheia o seu texto de tantas curiosidades interessantes, algumas delas, muito engraçadas - como por exemplo, os momentos íntimos de dom João que na realidade não tinham nada de íntimos – que faz com que os leitores não leiam, mas devorem o enredo.

Outro ponto importante a ser destacado na obra – acredito também que seja uma característica comum nos outros dois livros (1822 e 1889) que fecham a trilogia Família Real no Brasil – é o seu lado desmistificador que mostra como personagens importantes da história como o Príncipe Regente D. João VI, a princesa Carlota Joaquina e até mesmo Napoleão Bonaparte eram na realidade ou como diz o velho ditado popular: como eram “entre quatro paredes”.

1808 narra a fuga da família real portuguesa para o Brasil. Nunca algo semelhante havia acontecido na história de Portugal ou de qualquer outro país europeu. Em tempos de guerra, reis e rainhas haviam sido destronados ou obrigados a se refugiar em territórios alheios, mas nenhum deles foi tão longe quanto o príncipe regente dom João, forçado a cruzar um oceano com toda a família real portuguesa para viver e reinar do outro lado do mundo, enquanto as tropas do imperador francês Napoleão Bonaparte marchavam sobre Lisboa.

Podemos afirmar que a chegada da família real de dom João ao Rio de Janeiro, acossada pelas tropas de Napoleão marcou o início da rápida e profunda transformação do Brasil colonial, cujo resultado seria a Independência, em 1822, tema esse abordado no segundo livro da trilogia.

Ao chegar ao Brasil, dom João determinou, entre outras medidas, a abertura dos portos, fundou escolas, mandou construir estradas e fábricas, autorizou a publicação de livros e jornais, incentivou a ciência e as artes. Ao retornar para Portugal, em 1821, deixava para trás um país transformado e pronto para a independência.

Laurentino Gomes descreve em detalhes como foi a fuga da corte para o Brasil, em 1808, em um dos momentos mais apaixonantes e transformadores da história da humanidade. Milhares de pessoas acompanharam dom João na viagem. Foram cem dias entre o céu e o mar até chegarem ao Brasil colônia. Uma viagem que se transformou numa verdadeira aventura e ao mesmo tempo num verdadeiro suplício e sofrimento. A corte portuguesa fugiu para o Brasil em navios improvisados, abarrotados, infestados de pragas e piolhos, comida estragada, enfim, sem conforto algum.

A obra também conta com ilustrações fantásticas dos principais momentos da chegada da corte ao Brasil, além de gravuras representando o cotidiano da época do Brasil colônia.

Depois de 1808 já iniciei a leitura de 1822 que narra os fatos relacionados a independência do Brasil. Espero que seja uma “viagem” tão apaixonante como foi ao ter lido o primeiro livro da trilogia.

24 novembro 2024

“1808”, “1822” e “1889”, uma trilogia que me convenceu esquecer a situação agonizante do meu cartão

“Leitor de carteirinha”, “devorador de livros”, “rato de biblioteca”, só mesmo quem se enquadra em qualquer uma dessas categorias – assim como eu – sabe como é difícil para um leitor contumaz segurar a onda quando vê uma promoção literária imperdível em qualquer um desses sites da vida, quase sempre na Amazon.

O leitor pode estar com o cartão estourado; com a lista de leituras exageradamente atrasada; se for blogueiro piorou, porque além das  resenhas empacadas pode estar, também, com as leituras empacadas. Mas quando a leitura está no sangue nenhum desses “problemas” importam, o que interessa no exato momento em que você bate os olhos na “danada” da promoçao é o que o seu coração está sentindo; esqueça a razão. E o que o seu coração quase sempre diz é mais ou menos isso: “Eu tenho que comprar esses livros de qualquer maneira!!!!”. Resultado: mais um soco na boca do estômago do seu cartão de crédito que já está lutando pela vida na UTI; além da visita de mais um livro em sua “sala” de leitura entupida até o limite dos limites.

Foi o que aconteceu comigo ao ver o box Família Real no Brasil em promoção na Amazon. Veja só que tentação e depois confessa se você seria capaz de resistir. Vamos lá: cada livro da trilogia escrita pelo jornalista Laurentino Gomes, vendido separadamente, custa em média R$ 57,00 (1808 – R$ 57,39, 1822 – R$ 54,75 e 1889 – 56,37) já com preços promocionais. A promoção a qual acabei me sucumbindo mostrava na tela do meu notebook um box maravilhosamente trabalhado em alto relevo por R$ 135,92. Juro que ainda tentei resistir, principalmente após se lembrar do sofrimento do meu cartão que se encontrava em situação agonizante na UTI, sobrevivendo somente com a ajuda de aparelhos; mas... a senhora Amazon não estava para brincadeiras naquele dia e resolveu esticar ainda mais a corda oferecendo frete grátis (uma das políticas do Portal é oferecer frete grátis nas compras acima de R$ 100,00 para produtos elegíveis). Ok, foi tremendamente difícil, mas ainda consegui segurar o tranco, pois novamente bateu na memória a situação agonizante do meu combalido cartão, já nas últimas na UTI, mas aí, a Srª Amazon decidiu dar o golpe de misericórdia me entregando de bandeja um cupom de desconto no valor de R$ 20,00! 

Foi assim que acabei traindo o meu querido cartão de crédito. Espero que ele sobreviva, mas com certeza, nunca mais irá me perdoar por essa traição. Culpa da Srª Amazon.

Resumindo: com o desconto de R$ 30,90, o box Família Real no Brasil acabou saindo por R$ 115,92. Vamos supor que eu não tivesse sido presenteado com o cupom de R$ 20,00 e ainda arcasse com o valor do frete, o total da compra seria, então, de R$ 146,82.

Laurentino Gomes

Por tudo isso acredito que fiz um excelente negócio. Acho que serei perdoado pelo meu cartão (rs).

Os três livros escritos por Laurentino Gomes estão recebendo rasgados elogios da crítica especializada e também dos leitores em geral. Todos são unânimes em afirmar que a obra é uma forma de aprender um pouco mais sobre a história do nosso País de uma maneira fluida e divertida, bem longe daquela narrativa técnica e cansativa ministrada na maioria das escolas.

A prova de que essa trilogia se tornou um verdadeiro fenômeno literário foram os três “Jabutis” faturados  pelo autor - considerado um dos prêmios mais importantes da literatura brasileira. O que estou querendo “dizer” é que todos os livros da trilogia foram premiados.

O motivo da boa aceitação entre os leitores, Laurentino atribui à maneira como conta os fatos, seguindo o modelo das grandes reportagens. 1808 narra a chegada da corte portuguesa ao Brasil; 1822, explora os fatos e as curiosidades que culminaram com a independência do Brasil e 1889 aborda a proclamação da República.

Agora, é só ler a trilogia e aprender um pouco mais sobre história do Brasil, mas aprender de uma maneira leve e divertida.

 

 

24 março 2024

Cinco livros que falam sobre ataques terroristas

Juro que estou estarrecido desde anteontem; e ainda continuarei estarrecido  por um bom tempo, com o ataque terrorista de sexta-feira (22) que deixou 115 mortos numa casa de shows localizada na região de Moscou.

O atentado, reivindicado por um braço do grupo terrorista Estado Islâmico, aconteceu na casa de shows Crocus City Hall e é o pior dos últimos 20 anos na Rússia. Segundo autoridades russas, ao menos cinco homens com armas de fogo invadiram o local e começaram a atirar indiscriminadamente contra o público, que gritava e tentava fugir. O massacre aconteceu antes da apresentação de um grupo de rock.

As cenas chocantes que vi nos noticiários da TV fez com que eu recordasse, além do ataque às torres gêmeas no fatídico 11 de setembro, os atentados terroristas que aconteceram em Madri no dia 11 de março de 2004 e que deixou 191 mortos e 1.900 feridos; na Noruega que ocorreu em 22 de julho de 2011 com um rastro de 77 mortos e também ao ataque terrorista ocorrido na Alemanha durante os Jogos Olímpicos de Munique em 1972.

Fico imaginando os familiares dessas vítimas e as cicatrizes que para muitos até hoje continuam abertas. Cara, é muito triste.

Atualmente, os atentados terroristas estão na lista das principais ameaças e riscos contra a vida em uma sociedade em diversos países. Religião, política e ideologias distintas são alguns dos motivos que levam grupos a cometerem atos violentos.

Especialistas em antiterrorismo acreditam que hoje em dia está cada vez mais difícil detectar ações de grupos, uma vez que o terrorismo tem sido levado à individualização por meio dos “lobos solitários”, ou seja, terroristas que agem sozinhos, a qualquer momento e em qualquer lugar que o mesmo julga propício. Outra preocupação diz respeito as chamadas células de grupos terroristas que estão espalhadas e camufladas em vários países.

Para aqueles leitores que quiserem saber mais sobre o assunto, selecionei cinco livros sobre o tema. Vamos conferir?

01 – Planos de Ataque -  A História dos Voos de 11 de Setembro (Ivan Sant’Anna)

O 11 de setembro de 2001 é uma data que está guardada na mente de todos nós. Data em que aconteceu o maior ataque terrorista do planeta onde 2.997 pessoas perderam a vida. Mas como foi planejado esse atentado? Como os pilotos suicidas foram recrutados, e que treinamento receberam, nas montanhas do Afeganistão? Como viveram secretamente nos Estados Unidos, nos meses anteriores ao ataque? E o que aconteceu durante os voos daquela manhã que o mundo não vai esquecer? Piloto amador e fascinado por aviões, o escritor Ivan Sant'anna, autor do best-seller Caixa Preta, resolveu dedicar três anos de sua vida para pesquisar minuciosamente tudo o que aconteceu nos voos de 11 de setembro.

O autor relata a trajetória dos homens que planejaram o atentado e daqueles que sequestraram os quatro aviões – reconstituindo episódios ainda pouco conhecidos do drama humano dos terroristas e também das suas vítimas.

Editora: ‎Objetiva

Capa: Brochura

Ano: 2014

Páginas: ‎270

02 – O único Avião no Céu (Garrett M. Graff)

Taí mais um livro sobre o ataque terrorista às Torres Gêmeas do World Trade Center que aconteceu em 11 de setembro de 2002.

O Único Avião no Céu de Garret M. Graff é um livro de depoimentos de pessoas que conseguiram sobreviver ao ataque de 11 de setembro. A obra traz ainda testemunhos de familiares das vítimas que estavam nos aviões e também de parentes e conhecidos dos bombeiros, policiais e paramédicos que morreram no momento em que as duas torres desmoronaram pouco tempo depois do impacto dos aviões.

São mais de 500 páginas seguindo o formato: “nome do depoente” – “função que o depoente desempenhava em 11 de setembro” – “depoimento”. Antes de cada capítulo, Graff faz uma pequena introdução – não mais de meia página – contextualizando as informações das testemunhas. E depois... tome relatos e mais relatos de sobreviventes ou então de familiares das vítimas.

Editora: ‎Todavia

Capa: Brochura

Ano: 2021

Páginas: ‎560

03 – Estado Islâmico: Desvendando o Exército do Terror (Michael Wess e Hassan Hassan)

O recente atentado em Moscou colocou novamente o Estado Islâmico no centro das atenções da mídia, o que aumenta o interesse dos livros sobre esse grupo extremista lançados no Brasil.

O livro do jornalista americano Michael Weiss e do cientista político sírio Hassan Hassan se concentra no processo de crescimento do exército jihadista e seu apelo para voluntários internacionais (estima-se um contingente de dezenas de milhares), com base em entrevistas exclusivas com militares americanos e combatentes do Estado Islâmico.

Os dois autores explicam quem são os protagonistas do Estado Islâmico, de onde vêm, como conquistaram tanto apoio local e global e como eles operam. Mostram também como a organização surgiu das cinzas da Al-Qaeda no Iraque, construindo pacientemente células “adormecidas”, comprando lealdade e intimidando comunidades locais, eliminando assim qualquer possibilidade de resistência interna.

Editora: ‎Seoman

Capa: Brochura

Ano: 2011

Páginas: ‎272

04 – Contra-Ataque (Aaron J. Klein)

O ataque aos Jogos Olímpicos de Munique de 1972 é considerado o maior ato terrorista cometido durante um evento esportivo. O caso ocorreu 15 dias após o início da competição, disputada em Munique que fazia parte da Alemanha Ocidental.

Na ocasião, oito membros do grupo Setembro Negro invadiram a vila dos atletas e se dirigiram ao prédio que abrigava os competidores israelenses. A organização terrorista fez 11 deles reféns. Para liberá-los, foi exigido o pagamento de 250 presos palestinos, algo negado pelo governo de Israel.

Cerca de 24 horas depois, três helicópteros chegaram à Vila Olímpica para levar os terroristas e os reféns para o aeroporto de Fuerstenfeldbruck; de onde seriam encaminhados para a Tunísia — como parte do acordo feito nas negociações.

Após os helicópteros alçarem voo, porém, atiradores de elite do Exército alemão entraram em ação e um tiroteio começou. Pouco depois, uma explosão aconteceu em um dos helicópteros. A troca de tiros culminou com a morte de todos os reféns.

O livro de Aaron J. Klein dá detalhes sobre esse atentado, além de relatar o contra-ataque israelense a esse ataque terrorista. O relato é baseado no contato com personagens-chave e que até agora jamais tinham falado a respeito do Massacre de Munique e da reação de Israel: uma campanha antiterrorista de trinta anos mortal e supersecreta visando caçar os assassinos.

Editora: ‎Ediouro

Capa: Brochura

Ano: 2006

Páginas: ‎230

05 – Um de Nós (Asne Seierstad)

Um de Nós de Asne Seierstade traz a história do mais chocante atentado terrorista da Noruega. A autora, além de escritora é uma correspondente internacional consagrada, Åsne passou anos escrevendo sobre as pessoas envolvidas em conflitos violentos ao redor do mundo. Agora, pela primeira vez, a autora se dedica a reportar o terror dentro de seu próprio país – e o fez por meio de pesquisas, entrevistas e depoimentos. 

O livro reconstrói o maior atentado da história da Noruega, aquele que, em 22 de julho de 2011, vitimou 77 pessoas e impôs as questões fundamentais: Como isso pôde acontecer? Por quê? E quem era Anders Behring Breivik, o assassino?

Em 22 de julho de 2011, Breivik explodiu uma bomba perto da sede do governo em Oslo, matando oito pessoas, e, enquanto a polícia estava mobilizada pelo atentado, o terrorista matou outras 69 pessoas, a maioria adolescentes, em um acampamento de verão na ilha de Utøya.

Editora: ‎Record

Capa: Brochura

Ano: 2016

Páginas: ‎560

23 fevereiro 2024

Descobri somente agora que a trilogia “Mulheres Assassinas” foi relançada em 2023 num box luxuoso

Como jornalista acompanhei, mesmo à distância, três casos policiais que chocaram o País; crimes que envolveram três mulheres que acabaram sendo julgadas e condenadas. Tenho certeza que a maioria dos leitores viram a exaustão nos meios de comunicação de massa – não importa seja jornal, rádio, TV ou redes sociais – matérias sobre os assassinatos do casal Manfred e Marísia von Richthofen; do CEO da Yoki, uma das maiores companhias de alimentos do Brasil, Marcos Kitano Matsunaga; e do pastor Anderson do Carmo de Souza. Todos esses assassinatos planejados e executados por três mulheres: Suzane von Richthofen, Elize Matsunaga e Flordelis dos Santos de Souza, respectivamente. A primeira, filha do casal Richthofen; a segunda, esposa de Marcos; e a terceira, também esposa do pastor Anderson. 

Acompanhei a distância porque não estava no local dos fatos para ouvir os envolvidos. Ficava sabendo das novidades, através das agências de notícias que são parceiras da empresa de comunicação onde trabalho ou então, como vocês, através da TV e dos jornais.

Não há como negar que foram três crimes que chocaram o País, tanto é verdade que ao longo dos anos surgiram livros, filmes e até séries de TV sobre esses três casos. ‘Falando’ especificamente dos livros, confesso que até há pouco tempo, nenhum deles havia chamado a minha atenção; por isso mesmo, não os comprei. Mas na semana passada, enquanto vasculhava a “Dona Internet” a procura de informações complementares para uma reportagem que estava preparando, me deparei com uma trilogia de livros sobre o assunto que despertou em mim aquele comichãozinho. Sabem aquele comichãozinho característicos de nós leitores quando surge repentinamente o impulso de comprar mais um livro? Pois é, é esse aí. Foi “ele” que me deixou em dúvida quanto a adquirir essa trilogia mesmo estando com o meu cartão de crédito na UTI.

Quando o meu “radar” acendeu o interesse por esses três livros resolvi sondar algumas opiniões nas redes sociais – de críticos literários e também de leitores – e os resultados foram animadores porque a maioria das críticas eram positivas.

Esta trilogia de livros tem o título de Mulheres Assassinas. Publicada pela editora Matrix, em 2023, é composta pelos best-sellers Suzane — Assassina e manipuladora; Elize Matsunaga — A mulher que esquartejou o marido; e Flordelis — A pastora do diabo. A série de livros foi escrita pelo jornalista Ulisses Campbell.

Ulisses Campbell

As três obras contando a vida das criminosas foram atualizadas. Entre as novidades estão detalhes sobre a recente gravidez de Suzane von Richthofen, que planejou o assassinato dos pais, em 2002. A nova edição também apresenta uma entrevista com Daniel Cravinhos, um dos cúmplices de Suzane no crime.

No livro sobre Matsunaga, o autor mostra que, após cumprir sua pena, a assassina do marido, Marcos Matsunaga, chegou a falsificar atestado de antecedentes criminais e hoje dirige transporte de aplicativo. Campbell atualizou a parte de Flordelis com uma entrevista com a pastora, presa em 2021 pela morte do marido.

Vale lembrar que a publicação original do livro sobre Suzane von Richthofen aconteceu em janeiro de 2020. O sucesso da obra fez com que o jornalista lançasse mais dois títulos, Elize Matsunaga: A mulher que esquartejou o marido, em 2021 e Flordelis, a pastora do diabo, em 2022.

Em 2023, a trilogia ganhou uma nova edição, com um box especial e novas informações sobre os três casos. Coleção Mulheres Assassinas: Suzane, Flordelis e Elize Matsunaga figura como a obra mais vendida em Crimes Reais Biografia e Memórias da Amazon.

Campbell que se tornou um dos autores que mais se destaca no cenário do true crime brasileiro explica que que todas as três mulheres tiveram mudanças muito grandes em suas vidas nestes últimos anos e por isso propôs uma atualização de seus livros o que acabou sendo aceita pela editora. A importância que a Matrix deu a esse relançamento fica evidente na proposta de transformar a trilogia num box ultra luxuoso.

Olha o meu radar me alertando que a minha lista de leituras já está perto do limite (rs).

14 fevereiro 2024

Livros e filmes sobre o avião que caiu nos Andes em 1972

Em 13 de outubro de 1972, o avião que transportava a equipe de rúgbi uruguaia 'Old Christians Club' colidiu tragicamente contra uma montanha na Cordilheira dos Andes com 45 pessoas a bordo, entre jogadores, familiares e amigos. Os sobreviventes, confrontados inicialmente com o impacto brutal da aeronave, logo se viram diante de adversidades implacáveis, como o frio intenso, isolamento severo, ausência de perspectiva de resgate e fome.

Para não morrer, os sobreviventes concordaram em recorrer a uma medida extrema: praticar o canibalismo, consumindo os corpos das vítimas da tragédia. No desfecho dessa narrativa, 16 pessoas foram eventualmente resgatadas, marcando o fim de uma jornada de sofrimento e resiliência.

Quatro anos depois da tragédia seria lançado o filme “Os Sobreviventes dos Andes”, uma produção mexicana bem modesta e com efeitos especiais de quinta categoria – para não dizer de sexta categoria. Mas apesar disso, a estreia do longa foi marcada por polêmicas envolvendo o canibalismo retratado de forma realista e a exposição de cadáveres.

Lembro-me muito bem dessa polêmica. Tinha 16 ou 17 anos quando assisti ao filme no cinema da minha cidade. Não me pergunte como consegui entrar na sala de exibição apesar da minha pouca idade; só sei que... consegui, não me lembro como.

Uma das cenas que me marcou - tanto é verdade que ainda me recordo dela, apesar de tantos anos decorridos – acontece no momento em que o avião cai e um sobrevivente, estudante de medicina, tenta empurrar para dentro da barriga de um moribundo parte do seu intestino que ficou exposto. Brrrrrrr! A partir daquela cena, percebi que o filme ia ser trucão e o Jam, “garoto de ontem”, sexagenário de hoje; teria de ser forte para aguentar o repuxo. As próximas cenas não aliviaram e junto com elas vieram os momentos de canibalismo. Hoje, ainda me lembro, que no momento dessas cenas quase que explícitas, um silêncio total invadiu a sala de exibição.

Se hoje, o que chama a atenção dos cinéfilos nessa produção mexicana de 1976 são os seus efeitos visuais risíveis, há aproximadamente 48 anos, esses mesmo efeitos tinham o poder de impactar os espectadores.

Nos livros, a tragédia nos Andes chegou três anos antes do cinema. Em 1973, o escritor e jornalista inglês Piers Paul Read lançou Os Sobreviventes que só iria parar nas telonas vinte anos depois numa produção que contou com Ethan Hawke e narração de John Malkovich.

Após ter assistido, recentemente, um filme sobre o assunto na Netflix, decidi escrever essa postagem sobre os livros e as produções cinematográficas que abordaram um dos acidentes mais graves da aviação em todo o mundo. Selecionei quatro filmes e três livros para os nossos seguidores que estão interessados em saber mais detalhes sobre esse acidente que ficou conhecido como a “tragédia dos Andes”. Começando pelos livros.

Livros

Os Sobreviventes (Piers Paul Read)

O livro de Piers Paul Read se tornou uma obra raríssima e difícil de ser encontrada; apesar disso, o seu preço não valorizou. Após zapear na Net descobri alguns poucos exemplares com preço médio de R$ 30,00, o que para uma obra que está perto da extinção, sai praticamente de graça. 

Para compor a sua obra, Read entrevistou todos os sobreviventes que narram detalhes sobre a tragédia e o que fizeram para sobreviver. Por isso, alguns críticos reputam o livro do autor como o mais completo de todos.

Os Sobreviventes é um relato cru, sincero e visceral, detalhado a um ponto de fazer o livro ser difícil de ler, mostrando o ambiente isolado e inóspito dos Andes que levou um grupo de pessoas a optar pelo canibalismo para tentar sobreviver, rompendo conceitos sociais e normas morais. Ao longo da leitura, o relato ganha a forma de um romance de não-ficção. Foi adaptada para os cinemas em 1993.

02 – Milagre nos Andes – 72 dias na montanha e minha longa volta para casa (Nando Parrado)

Milagre nos Andes – 72 Dias na Montanha e Minha Longa Volta para Casa, é um livro para leitores de estômago e nervos bem fortes. Nesta obra, o autor Nando Parrado – que é um dos sobreviventes do grave acidente aéreo nas profundezas dos Andes – exorciza todos os seus medos e angustias, fazendo um relato detalhado dos 72 dias de sofrimento nas geladas e isoladas montanhas andinas. Parrado não usa meias palavras e tão pouco esconde fatos ou segredos que ocorreram no acidente, nem os mais traumáticos e chocantes. Costumo dizer que ele “vomita” tudo o que aconteceu naquele fatídico dia em que o um time de rugby do Uruguai decidiu emprestar um Fairchild F-227 da Força Aérea Uruguaia para fazer uma partida amistosa no Chile.

Os sobreviventes dos Andes se alimentaram de carne humana por um período de aproximadamente dois meses. No início, segundo Parrado, apenas de pedaços superficiais do músculo do antebraço dos mortos, mas quando o “alimento” começou a faltar, eles tiveram de comer também pulmões, rins, cérebro e até coágulos de artérias. Ele dá detalhes de tudo isso sem meias palavras.

03 – A Sociedade da Neve (Pablo Vierci)

A Sociedade da Neve de Pablo Verci intercala as narrativas dos sobreviventes com relatos do autor que, por sua vez, dá detalhes sobre os fatos relacionados ao acidente. Cada capítulo é iniciado com descrições de Vierci sobre a tragédia, desde os momentos descontraídos que marcaram o embarque dos jovens no avião da Força Aérea Uruguaia até o instante do resgate, passando pela provação dos 72 dias que definiram a sobrevivência dos 16 jovens, na época. Logo depois desses preâmbulos vem as narrativas com as experiências pessoais de cada sobrevivente. O livro dedica um capítulo inteiro para cada um dos sobreviventes contarem as suas sagas.

A Sociedade da Neve mostra ainda como foi a reinserção dessas 16 pessoas na sociedade, as dificuldades que elas sofreram para voltar a ter, novamente, uma vida normal; os momentos emocionantes que marcaram o resgate após os 72 dias perdidos nos Andes; a reação de seus familiares quando souberem que eles tiveram de praticar canibalismo para sobreviver; além de outros assuntos.

Filmes

01 – Os Sobreviventes dos Andes (1976)

O filme mexicano foi a primeira adaptação a narrar o desastre dos Andes no cinema. Poucos anos após o acidente, em 1976, a estreia do longa foi marcada por polêmicas envolvendo o canibalismo retratado de forma realista e a exposição de cadáveres. Por essa espetacularização do drama enfrentando pelo grupo de sobreviventes, a produção cinematográfica recebeu fortes críticas pela maneira como abordou.

O filme não tem boa performance no IMDb, obtendo nota 5.6, com base em 631 avaliações, mas teve bom retorno no Google, com 73% de aprovação do público.

Com Direção René Cardona, o elenco é protagonizado por Pablo Ferrel, ,, Hugo Stiglitz, Norma Lazareno, entre outros.

Onde assistir: Plex TV

02 – Vivos (1993)

O filme “Vivos” baseado no livro homônimo de Piers Paul Read, é a segunda versão lançada no cinema sobre a trágica história da equipe de rúgbi uruguaia nas montanhas dos Andes. É por muitos considerado mais fiel à realidade que a obra anterior, de 1976. Um dos sobreviventes do desastre, Nando Parrado (interpretado por Hawke no filme), atuou como consultor técnico do filme.

Os nomes das pessoas que morreram no acidente foram alterados no filme. Havia três exceções principais: Eugenia e Susana Parrado (mãe e irmã de Nando Parrado, respectivamente), e Liliana Methol (esposa de Javier Methol).

Com direção de Frank Marshall (O Curioso Caso de Benjamin Button), o longa de ficção é estrelado por Ethan Hawke, Vincent Spano, Josh Hamilton, Bruce Ramsay entre outros nomes. “Alive” está disponível para assistir na Apple TV+.

Onde assistir: Aple TV+

03 – A Sociedade da Neve (2007)

Ao contrário da produção homônima da Netflix, este filme de 2007 é um documentário que mostra o testemunho dos dezesseis sobreviventes do acidente aéreo na Cordilheira dos Andes. Na obra, eles relatam detalhes desde como foi a fuga, a decisão de se alimentar dos corpos dos companheiros, até o resgate. 

Dirigido pelo uruguaio Gonzalo Arijón (Battle for Rio), o documentário “A Sociedade da Neve” foi sucesso de crítica. A produção obteve nota 8.0 no IMDb e 93% de aprovação da audiência no Rotten Tomatoes.

Participam do documentário os sobreviventes José Pedro Algorta, Roberto Canessa Alfredo Delgado, Daniel Fernández Bobby François, Roy Harley, Coche Inciarte, Álvaro Mangino, Javier Methol, Carlos Páez, Nando Parrado, Moncho Sabella, Fito Strauch, Eduardo Strauch, Tintín Vizintín e Gustavo Zerbino.

Onde assistir: Pluto Tv.

04 – A Sociedade da Neve (2023)

“A Sociedade Da Neve”, em cartaz na Netflix, é dirigido pelo espanhol J.A. Bayona que ganhou respeito com produções inteligentes, profundas e impactantes, tais como: “O Orfanato” (2007) e “Sete Minutos Depois da Meia-Noite” (2016).  

Em formato de ficção baseada em fatos reais, o filme traz como um dos protagonistas Numa Turcatti (Vogrincic), uma vítima fatal, como forma de dar voz àqueles que não voltaram da montanha.

Bayona quis focar no aspecto humano da tragédia e optou por não tratar explicitamente dos atos de canibalismo. Assim, ele diz que houve uma generosidade entre os sobreviventes — em referência a um acordo de que, se morressem, eles podiam comer a carne dos corpos.

A crítica do jornal britânico The Guardian feita por Peter Bradshaw analisa que “o próprio filme minimiza a repulsa explícita pelo que estava acontecendo, em favor de destacar a agonia e a dura resiliência nas condições extenuantes”.

A produção inspirada no livro de Pablo Vierci, amigo de infância de algumas vítimas, foi indicado ao prêmio Oscar na categoria de "Melhor Filme Estrangeiro".

14 outubro 2023

10 livros sobre true crimes para você ter em sua estante

O chamado “true crime” está catapultando as vendas de livros em todo o mundo, principalmente no Brasil. Uma reportagem que li - em meados de 2022 – não me lembro em qual jornal, revista ou site, afirmava que esse gênero literário passou a ser o mais vendido aqui na terrinha, superando os tradicionais romances policiais, thrillers psicológicos, biografias e autobiografias, além das melosas histórias de amor que tem em Nicholas Sparks o seu melhor e maior representante.

O gênero “true crime” envolve as narrativas que contam crimes reais. Os livros, podcasts ou séries de TV trazem informações sobre a investigação e reconstrução dos fatos envolvendo esses crimes. As histórias tratam da psicologia dos criminosos, bem como da forma como os crimes aconteceram, depoimentos de testemunhas e sobreviventes e o processo de investigação policial. O conteúdo dessas obras é, em sua maioria, jornalísticos: entrevistas, áudios de processos, gravações feitas em tribunais, imagens da cobertura da imprensa dos crimes e diversos outros.

O crime mais comumente retratado é o de assassinato, com uma boa parte dos títulos focando em um assassino em série. A abordagem varia entre análise do perfil do criminoso, o desenrolar do caso – com detalhes sobre as investigações –, explicação do modus operandi (o método do criminoso), e até mesmo equívocos que possam ter acontecido no processo de análise do crime.

Este gênero ganhou cada vez mais espaço nos diferentes tipos de mídia, principalmente nos livros e na televisão. Séries que abordaram os assassinatos da atriz Daniela Perez (Pacto mortal) ou a ascensão e queda da deputada e pastora Floderlis, acusada e condenada pelo assassinato de seu marido em 2019 (Em nome da mãe) explodiram nos streamings alavancando as audiências da Globay e da HBO, respectivamente. O mesmo fenômeno, mas com temas diferentes também vingaram nos livros fazendo com que a maioria das editoras explorassem esse filão ao máximo. Prova disso, foi a DarkSide que chegou até mesmo a criar uma marca relacionada ao tema batizada de “Crime Scene” e que se tornou uma das mais rentáveis da editora carioca.

Resumindo: nunca um gênero literário esteve tão em alta como o true crimes. Por isso, o “Livros e Opinião” também decidiu embarcar nessa onda e elaborar uma postagem direcionada, especialmente, aos leitores que apreciam essa categoria de livros. Neste post, escolhi 10 obras de “true crimes” que ganharam a cabeça da galera. Eles fazem ou fizeram parte de qualquer lista de mais vendidos. Seus temas são intrigantes e certamente irão agradar em cheio. Vamos a eles:

01 – Lady killers (Tori Telfer)

Lady Killers foi inspirado na coluna homônima da escritora Tori Telfer no site Jezebel.com. O livro é um dossiê de histórias sobre assassinas em série e seus crimes ao longo dos últimos séculos.

Telfer caprichou. Acredito que ela gastou muito tempo em suas pesquisas para montar o seu enredo. Escrever sobre assassinas em série, de um modo geral, já é difícil devido a falta de material sobre o assunto, o que não acontece quando o tema diz respeito à assassinos. Por algum motivo, o material sobre homens que matam em série é muito mais amplo do que aqueles que se referem sobre o mesmo tema, mas tendo o sexo oposto sob os holofotes. Apesar disso, a autora conseguiu escrever um livraço.

Com um texto informativo, mas também ao mesmo tempo fluido, Telfer recapitula a vida de catorze mulheres com apetite para destruição, suas atrocidades e o legado de dor deixado por cada uma delas.

Em Lady Killers você vai conhecer, por exemplo, a Vovó Sorriso, que dominou as páginas dos jornais norte- americanos em 1950 por seu carisma e piadas mórbidas. Ela teria matado quatro maridos! Outro destaque é para Kate Bender que recebia viajantes em sua hospedaria e tinha o hábito de assassinar todos que ousavam flertar com ela! Uma verdadeira viúva negra.

O que levou essas e outras Lady Killers do livro a cometerem esses crimes? Como era o seu modus operandi? Como a polícia chegou até elas?  Você irá conseguir desvendar esses mistérios após ler a obra de Tori Telfer.

02 – Serial killers – Anatomia do mal (Harold Schechter)

O subtítulo do livro de Harold Schechter já explica a sua essência: “Entre na mente dos psicopatas”. E é, exatamente, isso que os seus nove capítulos fazem. O leitor acaba mergulhando fundo na mente de predadores assassinos que ficaram famosos ao longo da história por causa das atrocidades cometidas. O autor não esconde absolutamente nada, revelando detalhes macabros de crimes horrendos e os motivos que poderiam ter levado esses serial killers a cometerem tais monstruosidades.

Serial Killers – Anatomia do Mal faz um estudo minucioso da mente dos serial killers, desde a sua infância até a fase adulta, apontando as possíveis causas que poderiam ter levado uma criança normal a se transformar num assassino cruel, sanguinário e sem remorsos.

Schechter que é professor de literatura e cultura americana no Queens College, na Universidade da Cidade de Nova York, renomado por suas obras sobre crimes verídicos, aponta os principais sinais que indicam que uma criança possa vir se tornar um serial killer no futuro. Cara! Impressionante esse capítulo! Ele explica ainda a diferença das categorias de assassinatos: em “série”, “em massa” e “relâmpago”. As nuances entre psicótico e psicopata.

03 – Modus Operandi: Guia de true crimes (Carol Moreira e Mabê Bonafé)

Carol Moreira e Mabê Bonafé tem um podcast chamado Modus Operandi que apesar do pouco tempo em atividade (nasceu em janeiro de 2020) já angariou uma audiência gigantesca.

Agora, as duas trazem para o papel toda a experiência que acumularam em mais de cem episódios em um livro para quem quer saber tudo sobre “true crimes”, um universo que conquista cada vez mais fãs.

Em Modus Operandi: Guia de true crime, as autoras abordam as principais bases do gênero de maneira simples, objetiva e bem-humorada. Entre capítulos sobre sistema de justiça, polícia, investigação, casos arquivados, serial killers e outros, a dupla descreve dezenas de crimes que impactaram o Brasil e o mundo, conta a história de assassinos em série e traz diversas curiosidades e fontes para quem quiser saber mais sobre o assunto.

Com referência a casos célebres, muitos deles contados no podcast do Globoplay, e a filmes e séries, Modus Operandi passeia pela história do gênero, listam os tipos de crime, os passos de uma investigação e como funcionam os sistemas judicial e carcerário.

O famoso Bope carioca ganha um espaço especial quando falam do sequestro do ônibus 174, em 2000, uma tragédia que exemplifica como o “sistema falhou”, de acordo com Mabê. Elas discorrem também sobre como as penitenciárias brasileiras refletem o racismo estrutural.

Tanto o podcast quanto o livro continuam sendo muito elogiados por críticos e leitores.

04 – O Caso Evandro (Ivan Mizanzeck)

No início da década de 90, várias crianças desapareceram no Paraná. Em 6 de abril de 1992, na cidade de Guaratuba, litoral do estado, foi a vez do menino Evandro Ramos Caetano, de 6 anos. Poucos dias depois, seu corpo foi encontrado sem mãos, cabelos e vísceras, o que levou à suspeita de que ele fora sacrificado num ritual satânico. Passados três meses, numa reviravolta que deixou até os investigadores atônitos, sete pessoas — incluindo a esposa e a filha do prefeito da cidade — foram presas e confessaram o crime. O caso, que ficou conhecido como "As bruxas de Guaratuba", teve imensa repercussão. 

Especulações sobre o crime diabólico preencheram páginas e mais páginas de jornais, e ocuparam a programação televisiva. Os desdobramentos judiciais se estenderam por cerca de três décadas.

Neste livro reportagem, criado a partir da pesquisa feita para a quarta temporada do podcast “Projeto Humanos”, Ivan Mizanzuk conta como procedimentos investigativos contestáveis e denúncias de tortura puseram em xeque a validade não apenas do trabalho policial, mas também das confissões dos supostos culpados.

05 – Mindhunter: O primeiro caçador de serial killers americano (John Douglas e Mark Olshaker)

Mindhunter: O primeiro caçador de serial killers americano se tornou o livro mais vendido da editora Intrínseca em 2017. A obra arrebentou em vendas naquele ano e, agora, nos tempos atuais, ainda continua conquistando novos leitores. O livro fez tanto sucesso que acabou virando uma série na Netflix.

Mindhunter: O primeiro caçador de serial killers americano mostra os bastidores de alguns dos casos mais terríveis, fascinantes e desafiadores do FBI.

Durante as mais de duas décadas em que atuou no FBI, o agente especial John Douglas tornou-se uma figura lendária. Em uma época em que a expressão serial killer, assassino em série, nem existia, Douglas foi um oficial exemplar na aplicação da lei e na perseguição aos mais conhecidos e sádicos homicidas de nossos tempos. Como Jack Crawford em O Silêncio dos Inocentes, Douglas confrontou, entrevistou e estudou dezenas de serial killers e assassinos, incluindo Charles Manson, Ted Bundy e Ed Gein.

Com uma habilidade fantástica de se colocar no lugar tanto da vítima quando no do criminoso, Douglas analisa cada cena de crime, revivendo as ações de um e de outro, definindo seus perfis, descrevendo seus hábitos e, sobretudo, prevendo seus próximos passos.

O livro é um fascinante relato da vida de um agente especial do FBI e da mente dos mais perturbados assassinos em série que ele perseguiu.

06 – A Sangue frio (Truman Capote)

Nos anos 60, Truman Capote, revolucionou a literatura com a obra A Sangue Frio. O livro, que narra desde o brutal assassinato de uma conhecida família de Kansas até a execução dos assassinos, é até hoje um marco na história do jornalismo investigativo e, referência para qualquer um que queira escrever um romance de não-ficção.

Mesmo que a obra de Capote fuja um pouco das vertentes do “true crime” já que o autor romantizou os fatos reais, não posso negar que A Sangue Frio foi um divisor de águas, ou seja, foi a partir dele que outros autores começaram a escrever romances policiais baseados em fatos reais, mas não deixando de lado as características principais do gênero “true crimes” onde o autor examina um crime real e detalha as ações de pessoas reais apesar da chamada "romantização da verdade”.

Capote narra os detalhes de um crime que chocou o estado de Kansas, nos Estados Unidos, em 15 de novembro de 1959 quando a respeitada família Clutter foi encontrada morta em sua fazenda na cidade de Holcomb. Os quatro membros: o pai Herbert, de 48 anos; a mãe Bonnie, de 45 anos; a filha de 16 anos, Nancy, e o filho mais novo, Kenyon de 15 anos, foram amordaçados e baleados por Richard Eugene “Dick” Hickock e Perry Edward Smith.

O crime teve ampla cobertura da imprensa local, por se tratar de uma família conhecida e pela gravidade, até então, não explicada das ações. Assim que soube da notícia, Capote resolveu viajar até o Kansas para cobrir a história, levou consigo a também escritora, e amiga de infância, Nelle Harper Lee. Juntos entrevistaram os assassinos e revelaram detalhes da chacina.

O livro foi lançado em 1965, acompanhou Dick e Perry até o dia da execução. O lançamento foi um sucesso instantâneo e, hoje é o segundo livro de crime mais vendido na história.

A narrativa vai muito além da cobertura de um crime, com razões e consequência para a brutalidade. Capote consegue nos fazer imergir na história. Entendendo o que motivou o crime, e os diversos ângulos que ele engloba.

07 – Columbine (Dave Cullen)

Quando falamos de massacres em escolas, o primeiro pensamento na mente de qualquer um é o (infelizmente) conhecido ‘Massacre de Columbine’. Ocorrido no dia 20 de abril de 1999, o caso entrou para a história dos Estados Unidos depois que dois estudantes do Columbine High School entraram no colégio armados e, depois de assassinarem brutalmente 13 pessoas — 12 estudantes e um professor — e ferirem outros 21, se suicidaram.

O trágico episódio — realizado por Eric Harris e Dylan Klebold — teve um impacto significativo na cultura americana e levou a debates sobre controle de armas, bullying nas escolas e saúde mental.

Dave Cullen foi um dos primeiros repórteres a chegar à cena e passou dez anos escrevendo Columbine, livro que hoje é considerado a obra definitiva sobre o tema. Os episódios recontados são uma mistura das reportagens que Cullen publicou na época com anos de pesquisa ― incluindo centenas de entrevistas com a maioria dos diretores envolvidos, a análise de mais de 25 mil páginas de evidências policiais, incontáveis horas de vídeo e áudio, e o trabalho extenso de outros jornalistas de confiança.

Columbine ganhou vários prêmios e honras, incluindo o Edgar Allan Poe Award (2010), o Barnes & Noble’s Discover Award (2009) e o Goodreads Choice Award (2009. Columbine também foi indicado em mais de vinte listas de melhores livros de 2009, incluindo The New York Times, Los Angeles Times, Publishers Weekly, e foi eleito como uma das melhores obras da década de 2000 pelo American School Board Journal.

08 – BTK Profile: Máscara da maldade (Roy Wenzl)

Ao longo de três décadas, um monstro aterrorizou os moradores de Wichita, Kansas. Um assassino em série que amarrava, torturava e matava mulheres, homens e crianças, iludiu a polícia por anos a fio enquanto se vangloriava de suas terríveis façanhas para a mídia. A nação ficou chocada quando os crimes de BTK — a sigla para os termos em inglês bind, torture, kill, que eram sua assinatura criminosa — foram enfim associados a Dennis Rader, um vizinho amigável, marido devoto e respeitado presidente da congregação de uma igreja local.

Este livro é fruto da intensa colaboração entre polícia e imprensa local. Os dois resolveram se unir e trabalhar em conjunto pois entendiam que para manter a cidade informada e a salvo, imprensa – no caso jornal – e polícia precisavam colaborar e já que o BTK queria a atenção da mídia e se comunicava com os jornais locais, por isso, nada melhor do que dividir isso com a polícia.

O autor de BTK Profile: Máscara da maldade é repórter do jornal Wichita Eagle e tinha conhecimento dos crimes do BTK ao longo dos anos. A intenção com este livro era corrigir os erros de edições que falavam dos assassinatos e escrever a versão definitivas sobre o que de fato aconteceu.

09 – Caso Henry: Morte anunciada (Paolla Serra)

Na madrugada de 8 de março de 2021, o menino Henry Borel chegou à emergência de um hospital do Rio sem respirar e com o corpo gelado. Foi levado pela mãe, Monique Medeiros, e seu companheiro, o vereador em quinto mandato Dr. Jairinho. Um mês depois, os dois eram presos, acusados pela morte da criança. 

A investigação da morte do menino de apenas 4 anos tinha tudo para ser arquivada por falta de provas e sepultada nos escaninhos da burocracia oficial. Mas o poder e o prestígio de Jairinho esbarraram em médicos comprometidos com a vida, em policiais focados em descobrir a verdade e na determinação de Paolla Serra, jornalista de “O Globo” que foi a responsável por fazer o caso se tornar conhecido publicamente e teve papel fundamental na investigação da morte de Henry Borel.

Nos últimos oito meses a jornalista se dedicou ao caso e ao livro que relata os bastidores de mais um homicídio infantil que chocou o país. Em “Caso Henry: Morte anunciada”, a autora conta informações exclusivas e inéditas que levaram à prisão do casal. Além disso, o público também poderá ver o perfil de um dos protagonistas dessa trama.

10 – Elize Matsunaga – A mulher que esquartejou o marido (Ullisses Campbell)

Foi em 19 de maio de 2012 que Elize Matsunaga matou o marido Marcos com um tiro na cabeça. Em seguida, esquartejou o corpo por cerca de seis horas, distribuindo os pedaços em malas e desovando em uma mata. Como em um filme, Matsunaga tinha planejado passo a passo após o crime. Visitou os sogros e os mostrou um e-mail falso, do qual o texto havia sido escrito por ela, que se passava pelo marido morto, dizendo que estava tudo bem. Enquanto mostrava a mensagem eletrônica aos pais de Marcos, Elize chorava afirmando que ele havia fugido com uma amante.

Dez anos após o assassinato, muitos se perguntam qual a razão de Elize ter matado seu marido. Neste livro, Ullisses Campbell narra a juventude conturbada de Elize Matsunaga, o relacionamento problemático de seus pais, o estupro na adolescência e muitas outras marcas que afetaram, e provavelmente a afetam até hoje.

Quem é Elize? Por que Elize matou seu marido? Como ela está após anos na prisão? Essa e muitas outras respostas em uma obra de Ulisses Campbell, lançada pela editora Matrix.

As opções estão aí para você que gosta do gênero true crime fazer a sua escolha. Espero ter ajudado.

Por hoje é só galera.

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