26 fevereiro 2015
Análise da Inteligência de Cristo
Hoje em dia ser ateu ou agnóstico é a bola da vez. Você
chega para o sujeito e lhe pergunta: - “Cara, ‘cê’ acredita em Deus?”. Na lata
vem a resposta: - “Mêo sou agnóstico, só acredito vendo!”
Não pêra aí... Você é agnóstico e mesmo assim usou a
expressão de um santo?! É, um santo, cara! São Tomé. Conhece? Aquele que antes de conferir as chagas no
corpo do Cristo ressuscitado, soltou a frase famosa: - “Só acredito vendo!”.
Aí não dá né galera? Se o cara é agnóstico do tipo
casca grosa, ateísta mesmo; não pode ficar emprestando para o seu vocabulário
expressões de santos, senão vai dar na cara que... ele acredita em santo, oras!
E acreditando em santo, ele deixa de ser agnóstico ou então vai passar a ser um
agnóstico ateísta fajuto. Putz... que confusão!
Tem um taxista na minha cidade que é ‘ateu da gema’
e como não bastasse, ainda abomina os católicos ou evangélicos que defendem as
suas convicções religiosas. Dia desses, o cara exclamou após ‘ouvir e ver’ na
TV uma notícia nada agradável: - “Valha-me Deus!!” Vai entender um tróço
desses!
Após ver o tal taxista soltar essa exclamação fiquei
pensando com os meus botões, quantos ateus e agnósticos já exclamaram na hora
do aperto ou do susto aquela expressão popular: - “Meu Deus!!” ou então no ‘cúmulo
do cúmulo e mais um pouco do cúmulo da distração: “Nossa Senhora!!”.
Agora falando escrevendo sério pessoal: ou o
cara é ou não é. Não vem com essa de ficar todo enrustido com medo de que os
outros o discriminem por causa de suas ideologias.
No meu caso, acredito ainda que o bom e velho Moisés
estirou o seu ‘cajadaço’, berrou alguma coisa ao nosso bom Deus lá nas nuvens e
na mesma hora o Mar Vermelho se dividiu em dois. Cara, eu penso dessa maneira e
não vou mudar por causa das outras pessoas, com medo de levar na orelha aquela
frase que derruba o ego de qualquer “Einstein”: - “PQP, como tú é burro!!”
Autor Augusto Jorge Cury |
Galera... essa mesma convicção na religião, no
esporte, na política, etc, deve ser adotada quando o assunto é literatura.
Conheço muitas pessoas que devoram obras de auto-ajuda, escondidinhos em sua
casa ou então no trono em que todos os reis e plebeus se sentam, mas depois
saem por aí criticando esse gênero de livro.
Escrevi todo esse preâmbulo para dizer que
muiiiiitas pessoas leram em segredo a coleção “Análise da Inteligência de
Cristo” com medo de que os seus amigos o menosprezassem. E pior: depois de
terem lido e gostado saíram por aí esculachando a obra, simplesmente porque os
pseudo-intelectuais sentem ojeriza por esse tipo de livro.
Eu adorei a coleção de Augusto Cury. Li os cinco
livros que formam a obra em apenas um mês. São espetaculares, quer você goste
ou não de livros de auto ajuda.
Cury que além de escritor é um conceituado
psiquiatra promove em sua coletânea uma abordagem do lado psicológico e
comportamental de Jesus com aplicação nas diversas áreas do conhecimento
humano. Em outras palavras: ele analisa a mente de Jesus à partir das atitudes
tomadas pelo Cristo durante a sua jornada de vida até o momento de sua
crucificação.
A coleção é formada pelos livros: “O Mestre dos
Mestres”, “O Mestre da Sensibilidade”, “O Mestre da Vida”, “O Mestre do Amor” e
“O Mestre Inesquecível”. Eles nos proporcionam uma perspectiva filosófica e
psicológica do comportamento de Jesus.
Após a obra passei a admirar e respeitar ainda mais
essa fera (no bom sentido) chamada Jesus. Ele conseguiu liderar e modificar as
atitudes de 12 pessoas complicadíssimas ou será que você acreditava que os 12
apóstolos de Cristo eram todos anjinhos? Vamos tomar Pedro, como um dos exemplos.
Ele era impulsivo, impetuoso e vacilante, indo de um extremo a outro com a maior facilidade. Certa ocasião
recusou que Jesus lavasse os seus pés, mas ao ouvir a resposta de seu Mestre,
pediu, então, para que o lavasse por
inteiro.
Quanto a Tiago....
Olha... acho que o Cristo teve trabalho. O sujeito era colérico, ficando
arrebatado quando a sua indignação chegava ao auge. estava
sempre habituado a justificar-se e a desculpar-se da sua raiva sob o pretexto
de que era uma manifestação de justa indignação. Resumindo: ele se desculpava,
mas nunca admitia que a culpa era sua.
João? Era vaidoso e intolerante. Bartolomeu? Orgulhoso até a gota.
Mateus? Materialista. Antes de conhecer Jesus, gostava de levar vantagens sobre
as pessoas. Quanto aos outros apóstolos?
Seguiam a mesma toada.
E o que Jesus fez? Em sua natureza humana, conseguiu mudar o
comportamento de todos esses homens, transformando-os em seres humanos de qualidades
múltiplas, verdadeiros exemplos para todos nós.
Utilizando-se de uma minuciosa pesquisa, Cury procura explicar como
Jesus conseguiu mudar o comportamento de seus apóstolos.
O autor investiga, também, as etapas do julgamento
de Jesus diante das dramáticas situações de tortura e de humilhação
experimentadas, ressaltando o fato de que, através de seu silêncio, Ele
conseguiu gerar uma enorme perplexidade nas pessoas através de olhares e de
pequenas frases.
Cury diz, ainda, que Jesus teria tido todos os
motivos para ter desenvolvido uma depressão ou ter sofrido de ansiedade. Porém,
o autor busca explicar como que o Filho de Deus conseguiu ser uma pessoa
alegre, livre e segura.
Estas são apenas algumas nuances que me lembro da
coleção “Análise da Inteligência de Cristo”. Faz muitos anos que li os cinco
livros e não tenho constrangimento nenhum em afirmar que aprendi muito com eles
e mais... utilizei alguns desses ensinamentos no dia a dia de minhas atividades
profissionais. E acredite se quiser: deu certo.
E Zéfini!!
23 fevereiro 2015
Cinco sequências literárias desastrosas que jamais deveriam ter sido lançadas
O Mauro, um colega dos meus tempos de universidade, era um
manguaceiro de mão de cheia. O cara chutava todas pra dentro. Com ele não tinha
esse lance de bebida destilada ou fermentada. Ele encarava – de peito aberto e
de bem com a vida – todas elas, sejam as branquinhas, as amarelinhas ou as
vermelhinhas. Mas acontece que nos momentos em que ele entra em ‘alfa’ por
causa do álcool, acabava ‘soltando’ umas frases pra lá de filosóficas. Sabe
daquelas frases que você não dá nenhuma importância ao ouvi-las pela primeira
vez, mas depois, com mais tranqüilidade, descobre que o que entrou pelos seus
ouvidos foi uma verdadeira pérola? Pois é, as famosas frases do Maurão eram
desse tipo.
E uma delas acabou me inspirando a escrever esse post sobre
livros tão bons, considerados verdadeiras obras primas, mas que tiveram a
infelicidade de terem continuações desastrosas.
Ah! Vocês devem estar aguardando a frase do ‘Mauro
Manguaça’. Ok, lá vai: “Não existe nada além do perfeito”. Cara, é verdade! As
vezes exageramos nos pleonasmos e nem percebemos. Por exemplo, quantas vezes
você já deve ter ouvido um amigo ou uma amiga dizer: “- Aquela pessoa é mais do
que perfeita”. Mêo, o perfeito é o ponto máximo da criação! Não existe nada
além disso. Capiche?
Acontece que muitos escritores famosos por não terem
entendido a antológica frase do Maurão, optaram por escrever malfadadas sequências
de obras com início, meio e fim perfeitos. Nestas horas, O desejo de ter
milhares de dólares nos bolsos ‘falou’ mais alto e eles ou elas acabaram sendo
seduzidos à, literalmente, matar uma obra prima. Guardada as devidas
proporções, imagine um lunático invadindo o Museu do Louvre, em Paris,
driblando todo o esquema de segurança e pichando a Mona Lisa original de
Leonardo da Vinci. Taí galera; foi mais ou menos isso que alguns autores ou
familiares desses autores metidos à besta fizeram. Bem, entenda-se familiares
como sendo filhos, mulheres ou parentes de 1º grau, considerados herdeiros do
espólio do escritor falecido, que decidiram chamar um ‘açougueiro’ para
descarnar e esquartejar a obra original.
Saibam neste post quais foram as tais obras. Vamos à elas!
01 –
Scarlett (Alexandra Ripley)
Sequência
de “E O Vento Levou”
Pode ser que eu esteja errado, mas Margareth Mitchell ao
terminar “E O Vento Levou” já alimentava a intenção de escrever uma sequência
para a sua obra máxima. Digo Escrevo isso porque o final envolvendo a
heroína Scarlett O’Hara ficou em
aberto. O mesmo aconteceu com outros personagens importantes
como Mammy e Ashley. Mas então, um táxi conduzido por um motorista distraído
acabou colocando um ponto final no sonho de uma possível continuação. Como
assim, um táxi?! É verdade galera. Mitchel morreu atropelada em 1949 por um
táxi ao tentar atravessar uma rua próxima a sua residência.
Mas, mesmo com os finais em aberto de alguns personagens
importantes, “E O Vento Levou” é o tipo do livro que só merecia uma sequência
se ela fosse escrita pela própria autora. Depois do lunático que invadiu o
Louvre, vamos com uma outra comparação: pense num autor inexperiente escrevendo
a continuação de uma história de Stephen King? Que tal se essa continuação
estivesse relacionada com a sua criação máxima “A Coisa”? Pois é, essa
comparação caberia perfeitamente no contexto de “E O Vento Levou” na época de
seu lançamento em 1936.
Galera, o enredo desenvolvido por Mitchel é uma verdadeira
obra de arte e nem mesmo o final do tipo: “o leitor é quem decide” atrapalhou a
obra. Pare e pense quantos livros ótimos você leu nos últimos anos com final de
‘quero mais’? Nem por isso, eles tiveram uma sequência.
Mas o filhos de Mtchell não pensaram dessa maneira e
acabaram ‘entregando’ de bandeja “E O Vento Levou” para Alexandra Ripley que
lançaria o fiasco “Scarlett” em 1991.
Apesar do fracasso da obra, alguns produtores gananciosos
pensando em espremer mais alguns dólares da sequência decidiram lançar em 1994
“E O Vento Levou 2” ,
minissérie de quatro capítulos baseada na obra de Ripley. Resultado: a
minissérie televisa repetiu o fracasso de “Scarlett” chegando perto de ganhar o
status nada desejado de “bizarra”.
Hô, hô, hô... penseou que terminou a via crúcis de “E O Vento
Levou”? No, no,no... logo após os dois retumbantes fracassos, tanto nas páginas
quanto na TV, viria ainda outra bomba homérica, um verdadeiro subproduto do
livro original: “O Clã de Rhett Butler”. No livro um escritor o qual me recuso
a citar o seu nome decide escrever (com o aval dos herdeiros de Mitchell) uma
paródia – isso mesmo, uma paródia!!! -
onde Scarlett ganha uma meia irmã. A história é contada a partir do
diário dessa meia irmã em termos mais do que apimentados.
Cara, olha... melhor parar por aqui.
02 – A
Volta do Poderoso Chefão (Mark Winegardner)
Sequência
de “O Poderoso Chefão”
Não vou me alongar muito nos comentários desse livro, mesmo
porque, ele já foi tema de dois posts, aqui, no blog (esse e mais esse). Por
isso, serei breve. Basta dizer que Winegardner trucidou os personagens criados
por Mário Puzo.
Que dó do Michael Corleone dessa obra; perdeu todo o seu
carisma, transformando-se num assassino simplório, burro e inocente. Fredo?
Melhor esquecer. Virou um homossexual pervertido que transpira prazer ao matar
as suas vítimas. Tom Hagen e Francesca Corleone caíram no limbo, já que
poderiam ser melhores explorados nessa sequência.
Outro pé no saco é o numero excessivo de personagens.
Imagine um romance com quatro famílias mafiosas e cada uma delas com 13
integrantes que insistem em ficar aparecendo toda hora na trama!! Não dá né?!
Com certeza, os leitores terão de consultar a cada minuto o índice com os nomes
dos personagens!
Mas Mário Puzo continuou se contorcendo e espumando de raiva
na cova ao saber que os seus familiares tinham autorizado uma nova continuação
de “O Poderosos Chefão”. Desta vez, um terceiro livro, escrito novamente por
Winegardner, chamado “A Vingança do Poderoso Chefão”, o qual, de verdade, eu
prefeito esquecer.
03 – A
Senhora do Jogo (Tilly Bagshawe)
Sequência
de “O Reverso da Medalha”
Caraca, estou pensando com os meus botões como seria uma
continuação de “O Reverso da Medalha” escrita pelo próprio Sidney Sheldon. Acredito
que não seria a ‘catástrofe pornô’ que foi “A Senhora do Jogo”. Mas, à exemplo
dos dois livros comentados acima, os milhares de dólares falaram mais alto do
que o bom senso e dessa maneira, os donos do espólio de Sheldon, ou seja, seus
familiares, aceitaram que uma escritora inexperiente e desconhecida
seqüenciasse um livro que encantou gerações de leitores. E como toda ação tem
uma reação: a ganância somada a irresponsabilidade de alguns herdeiros resultou
numa bomba homérica que foi a história de Tilly Bagshawe.
A personagem principal Lexi Templeton, filha de Alexandra
(neta da inesquecível Kate Blackwell) faz coisas que até Deus duvida quando o
assunto é sexo. Olha pessoal... não pensem que sou um puritano que acha o sexo
algo pecaminoso e imundo ou então um pastor fanático que condena ao inferno
todos aqueles que decidem se aproveitar das delícias de Eros na cama, no mato
ou no carro; mas é que Bagshawe transformou Lexi numa rameira de quinta
categoria.
Recordando as páginas que li de “A Senhora do Jogo”, juro
que sinto saudades da maestria de Sheldon em descrever as cenas de sexo
envolvendo os seus personagens.
Além das sessões pornográficas, não gostei da construção da
personagem. Enquanto em o “Reverso da Medalha”, Sheldon compôs uma Kate
Blackwell calcada na ambiguidade, fazendo com que os leitores a amassem em
determinados momentos e em outros a odiassem; em “A Senhora do Jogo”, Bagshawe
criou uma Lexi egoísta, vingativa, interesseira e “piranhaça” ao extremo. Por
isso, fica difícil simpatizar-se com uma personagem com essas características.
E o pior de tudo é que o chamado ‘final sem fim’ de “A
Senhora do Jogo” indica que teremos uma nova provável sequência por aí. Ai...
ai... ai!!
04 – O
Espírito do Mal (William Peter Blatty)
Sequência
de “O Exorcista”
Fugindo um pouco do padrão dos três livros citados neste
post, a sequência de “O Exorcista” foi escrita pelo próprio autor da história
original, sem a desastrada intervenção de herdeiros, mesmo porque Peter Blatty,
pelo que eu sei, ainda estava vivo. Apesar disso, a continuação saiu uma b....
“O Exorcista” é o tipo da obra perfeita com início, meio e
fim; sem espaço para nenhuma sequência; os personagens principais tiveram os
seus destinos todos definidos da melhor maneira. Aqueles que tinham que morrer
morreram e aqueles que tinham que viver viveram. Por isso não sobrou nenhum
resquício para continuações, mesmo porque os personagens que restaram não eram
tão importantes ao ponto de valer uma “segunda parte”.
Como já escrevi no post sobre o livro (acessar aqui) Não dá
para ter uma nova história de “O Exorcista” depois da morte do padre Damien
Karras. O sacerdote, simplesmente, deixou de existir naquele capítulo
antológico em que conseguiu expulsar “a socos” o demônio Pazuzu do corpo da
pequena Reagan. Os dois personagens
principais - os padres Merrin e Karras - morreram; quanto a Reagan, ficou
liberta e Pazuzu, dançou; sobrou quem para uma sequencia??? Ninguém! Pera aí...
ninguém não! Sobrou o chato do Kinderman, aquele inspetor amorfo que no livro
“O Exorcista” foi o responsável pela investigação dos casos de violações e
mortes provocados pela pequena Reagan possuída. E o maior erro de Peter Blatty
foi, justamente, acreditar que o tal inspetor teria fôlego para ‘segurar’ uma
nova sequencia da história.
“O Espírito do Mal” tem um enredo confuso, cansativo e sem
graça. Nada à ver com brilhantismo de “O Exorcista”.
05 – 60
Anos Depois, Do Outro Lado do Campo de Centeio (Fredrik Colting)
Sequencia
de “O Apanhador do Campo de Centeio”
Cara, a sequencia de “O Apanhador do Campo de Centeio” foi
tão ruim, mas tão ruim que o autor do livro original, J.D. Salinger entrou com
uma ação proibindo a venda nos Estados Unidos de “60 Anos Depois, Do Outro Lado
do Campo de Centeio”.
Quem leu “O Apanhador no Campo de Centeio”, obra antológica
de Salinger lançada em 1951, com certeza se apaixonou pelo personagem Holden
Caufield, aquele adolescente rebelde e desbocado que desprezava características da
vida adulta. O ‘moleque Caufield’ como muitos leitores tinham o hábito de
chamá-lo conquistou várias gerações de leitores.
Então, em 2009, o escritor sueco Fredrik Colting decidiu publicar uma
sequencia não autorizada da obra de Salinger. Pronto! Nascia assim, o fiasco “60 Anos
Depois, Do Outro Lado do Campo de Centeio”. Colting teve a audácia de
transformar aquele adolescente rebelde, desbocado e que detestava, um dia, se
tornar adulto numa versão idosa, chata e arrogante. Isso mesmo, um Holden
Caufield com 76 anos.
É claro que Salinger surtou e mandou que os livros não
fossem lançados. A briga judicial foi ferrenha, mas no final, a Editora Verus
acabou conseguindo colocar a obra no mercado... Infelizmente.
Taí galera, nem todas as continuações convencem.
Eh!Eh!Eh!... To parecendo o Maurão falando (rs)
Inté!
20 fevereiro 2015
“O escaravelho do diabo” sai das páginas para invadir os cinemas. Estréia do filme deve acontecer no meio do ano
Galera, não sei se já escrevi isso em outros posts,
mas em todo caso, vale à pena repetir e refletir: “há sempre uma primeira vez
boa e outra primeira vez ruim em nossas vidas. O primeiro beijo, a primeira
transa, a primeira mesada, o primeiro carro e por aí vai; mas também existe a
primeira vez “treva’ que o destino insiste em colocar no nosso caminho: o
primeiro fora da namorada, a primeira brochada (no caso dos homens, já que as
mulheres estão livres dessa ‘facada’ no cerne do espírito), a primeira
reprovação no exame para retirar CNH e mais isso e mais aquilo.
Cara, um antigo professor universitário meio hippie
já dizia para a nossa classe: - “Bicho, a primeira vez é fód...” Se bem que
pela sua linha de raciocínio – bem baixo astral – “as primeiras vezes” de sua
vida não devem ter sido nada animadoras.
Bem, o que estou tentando explicar com toda essa enrolação
é que a primeira vez em nossas vidas– seja ela boa ou ruim – marca a memória, o
coração, a alma, o espírito, o corpo e tudo o que você possa imaginar, mas
marca de fato, como um ferro em brasa, até o fim da nossa lucidez, prá não
dizer até o fim de nossas vidas.
A antológica coleção literária “Vagalume” se encaixa
perfeitamente em tudo isso que escrevi acima porque os seus livros habitaram o
imaginário de várias gerações de leitores. E quando falamos da “Vagalume” não
podemos esquecer de maneira nenhuma de “O escaravelho do diabo” que eu
considero a alma de toda a coleção. Acredito que esse livro foi a ‘primeira vez
especial’ de muitos leitores que o consideram a chave que lhes abriram o gosto
pela literatura.
Escrito pela mineira Lúcia Machado de Almeida - que faleceu em 2005 aos
95 anos de idade - o livro de suspense juvenil foi lançado pela coleção
Vaga-Lume, da editora Ática, em 1972, e tem sido tão popular entre os jovens de
várias gerações que já chegou à 27ª edição.
A obra da autora é daquelas que vivemos questionando porque ‘cargas d’água’
não ‘virou’ filme até agora. Eu mesmo
não entendo a demora exagerada para
fazer uma adaptação cinematográfica desse ícone da literatura infanto-juvenil
tupiniquim.
Mas agora, finalmente, parece que alguns produtores e executivos ligados
à sétima arte brasileira acordaram para vida e resolveram transpor para as
telonas a famosa história policial.
A direção será de Carlo Milani, a produção da Dezenove Som e Imagens e a
co-produção da Globo Filmes. Para a adaptação, atores e equipe estão desde 12
de janeiro e ficarão até 26 de fevereiro entre os municípios de Amparo,
Holambra, Campinas e Jaguariúna, tudo para recriar o clima de mistério da trama
em que vítimas ruivas recebem um escaravelho antes de serem assassinadas.
Para quem não sabe, Carlo Milani é filho do saudoso ator Francisco
Milani que morreu em 2005. Carlo tem em seu currículo a direção das novelas “Terra
Nostra”, “América” e “Bang-Bang”, todas exibidas pela Rede Globo de Televisão. “O
Escaravelho do Diabo” será o seu longa-metragem, ou seja, a sua estréia no
cinema. Pois é, tudo bem que Milani tenha feito um excelente trabalho em “Terra
Nostra” e “América” – excetuado “Bang-Bang” que foi um fiasco – mas acho que um
livro emblemático como
“O escaravelho do diabo” merecia um diretor que tivesse
o cinema nacional correndo em suas veias, alguém com experiência no ramo, mas
vamos aguardar.
O personagem Pimentel será vivido pelo ator Marcos Caruso |
Na adaptação do texto de Lúcia Machado de Almeida, algumas situações
foram modificadas para que a trama fosse mais bem compreendida no cinema. Na
obra original, o protagonista Alberto, rapaz que tem o irmão assassinado com
uma espada atravessada no peito e sai em busca de pistas do criminoso, é um
estudante de medicina de 20 e poucos anos. Agora, na nova versão, Alberto será
um menino de 11 anos, vivido pelo jovem ator Thiago Rosseti.
Quanto a Pimentel (policial que auxilia Alberto na investigação dos
assassinatos) não muda absolutamente nada; ele continuará no filme o mesmo que
é no livro. O personagem será vivido pelo ator Marcos Caruso.
O lançamento de “O escaravelho do diabo” está previsto para o meio do
ano, época de férias, com o objetivo de atrair um público jovem.
Adivinhe só se eu não estou contando nos dedos a chegada do meio do
ano?!
Inté!
13 fevereiro 2015
Boxes de contos e romances de Sherlock Holmes é a pedida do momento
Considero Sherlock
Holmes o “pai” de todos os detetives contemporâneos, até mesmo dos mais
brucutus que gostam de sair por aí resolvendo tudo na porrada; porque até mesmo
eles, antes de aplicarem seus golpes de karatê, jiu-jitsu, muay thai,
kickboxing, rabo de arraia e o ‘resto que os parta’, usam pelo menos 0,5 por
cento de sua massa encefálica para ‘tentar’ encontrar uma solução para o caso
em que estão trabalhando. Nem que essa solução seja a tal da porrada.
Em quem vocês acham que
Bob Kane se inspirou para criar o seu Batman? Tudo bem que ele negasse até o
final de seus tempos, mas o grande detetive dos quadrinhos pode ser considerado
aluno de Holmes, pelo menos no que se refere ao seu grande poder dedução.
Aliás, considero o morcegão, um Sherlock mascarado e fantasiado que sai durante
a noite à caça de criminosos.
Acho também que Robert
Ludlum, pelo menos deu uma sonhadinha com o personagem de Sir Arthur Conan
Doyle, antes de compor Jason Bourne.
Ian Fleming? Tudo bem
que ele afirmasse que o seu James Bond fosse inspirado em suas aventuras
detetivescas reais, mas cá entre nós; não vai me dizer que você não acredita
que nesse ‘angu’ teve o DNA de Holmes?
Não adianta galera, o
lendário investigador do final do século XIX é o cara. E por isso, nada mais
justo do que ele ganhar uma coleção de livros à altura do seu nome. E foi isso
que a editora Zahar prometeu e cumpriu. E vamos ser sinceros; cumpriu a
promessa em grande estilo: lançando não uma, mas duas coleções!! Aliás, vamos
trocar a palavra ‘coleção’ por ‘box”, acho que cai melhor para os dias de hoje.
A editora caprichou e
mandou ver, colocando no mercado um box com 56 contos e outro com os quatro
romances protagonizados por Holmes e escritos pelo seu criador Conan Doyle.
Cara, confesso que a
única queixa que tenho é contra eu mesmo. É verdade! Contra a minha ‘lerdeza’
em descobrir esse p... ‘achado’. A coleção foi lançada há mais três anos e só
agora fui tomar ciência de sua existência, após fuçar nas páginas de uma
livraria virtual. Mas tudo bem; antes tarde do que nunca. E justiça seja feita,
os dois boxes fizeram tanto sucesso em 2011 que as principais livrarias
virtuais do País decidiram ‘ressuscitá-los’ e colocá-los, novamente, em destaque
em suas páginas eletrônicas.
Mas deixe-me comentar
alguma coisinha sobre os dois boxes extraordinários da Zahar.
Os fãs de carteirinha
de Conan Doyle sabem de cor e salteado que o autor escreveu em toda a sua vida,
um total de 60 histórias sobre o detetive de boina de caçador,
capa xadrez, cachimbo curvado e olhar empolado,
sendo 56 contos e quatro romances. A Zahar conseguiu a proeza de reunir essas
60 histórias em dois boxes ultra luxuosos: um com cinco livros contendo os 56
contos e outro com os quatro romances.
O primeiro box lançado
foi o de contos com as histórias: “As Aventuras de Sherlock Holmes” (Livro 1),
“As Memórias de Sherlock Holmes” (Livro 2), “A Volta de Sherlock Holmes” (Livro
3), “O Último Adeus de Sherlock Holmes” (Livro 4) e “Histórias de Sherlock
Holmes (Livro 5). Na sequência, sem perda de tempo, a editora lançou no mesmo
ano (2011) o box contendo apenas os romances sobre a fera: “Um Estudo em
Vermelho” (Livro 6), “O Signo dos Quatro” (Livro 7), “O Cão dos Barkesville”
(Livro 8) e “O Vale do Medo” (Livro 9).
O box de contos, conta com cerca de de 2.000 notas,
muitas de fontes recentemente descobertas; cerca de 600 ilustrações originais;
introdução clássica de John Le Carré; biografias de Arthur Conan Doyle,
Sherlock Holmes e Watson; quadro cronológico da vida e época de Sherlock
Holmes; lista das sociedades sherlockianas em funcionamento; além de
bibliografia selecionada sobre o universo dos contos. Já o box de romance, os
leitores terão a disposição 880
notas, mais de 240 ilustrações originais e bibliografia sobre o universo dos
romances do antológico detetive.
Não sei por vocês, mas
no meu caso o que pesou na balança para adquirir o box
de contos de Holmes (o de romances vou comprar depois) foi o livro 2 sobre as
memórias do famoso detetive. Caraca, ele é simplesmente antológico!
Esse livro possui onze contos, originalmente publicados por Conan Doyle
no ano de 1892 e 1893 na revista Strand
Magazine. A coletânea foi publicada em 1894, quando o escritor decidiu dar fim ao seu principal
personagem. Isso mesmo, quando Cona Doyle optou por despachar Homes para o
além.
Outra novidade que dá ao livro o status de antológico é que alguns dos
contos são narrados por Watson, não contando com a sua participação,
colocando-o apenas como um mero ouvinte de Holmes.
“As Memórias de Sherlock Holmes” mostra ainda como nem sempre o detetive
consegue acertar, provando que ele não é infalível. Temos ainda um conto que
não é um caso resolvido por Holmes, mas simplesmente uma estória à qual ele
presenciou, não tendo participação alguma na “descoberta” do mistério. Este
conto, inclusive, foi o acontecimento que despertou o interesse de Holmes para
a profissão de detetive, mas não constitui um caso resolvido por ele próprio.
Caraca, viu só quantas nuances tem esse livro do box?! Imagine, então,
os outros!
Taí, fãs de Sherlock Holmes, não durmam no ponto e comprem logo os dois
boxes para não se arrependerem depois.
Informações técnicas
Box de
contos
Livro 1: As Aventuras de Sherlock Holmes
Livro 2: As Memórias de Sherlock Holmes
Livro 3: A Volta de Sherlock Holmes
Livro 4: O Último Adeus de Sherlock Holmes
Livro 5: Histórias de Sherlock Holmes
Livro 2: As Memórias de Sherlock Holmes
Livro 3: A Volta de Sherlock Holmes
Livro 4: O Último Adeus de Sherlock Holmes
Livro 5: Histórias de Sherlock Holmes
Editora: Jorge Zahar
Páginas: 1.100
Tipo de capa: Brochura
Ano: 2011
Box de romances
Livro 6: Um Estudo em Vermelho
Livro 7: O Signo dos Quatro
Livro 8: O Cão dos Baskerville
Livro 9: O Vale do Medo
Livro 7: O Signo dos Quatro
Livro 8: O Cão dos Baskerville
Livro 9: O Vale do Medo
Editora: Jorge Zahar
Páginas: 1.100
Tipo de capa: Brochura
Ano: 2011
10 fevereiro 2015
Cinco livros sobre carnaval para ler no carnaval
Cara, você já parou pra pensar como todos nós somos
uma metamorfose ambulante, como já dizia o velho Raul? Estava, aqui na solidão
do meu quarto, nesta terça de madruga, pensando em tudo o que eu gostava de
fazer na minha infância e hoje, literalmente, detesto. Vejam bem, não estou
falando de forte-apaches, joguinhos de botão com a foto de jogadores,
brincadeiras de esconde-esconde ou pula-pula. Não, nada disso. Estou me
referindo a coisas que podem ser comuns em qualquer momento de nossas vidas, ou
seja, algo que você curtiu demais em sua infância, mas também pode continuar
curtindo na adolescência, na fase adulta e finalmente na terceira idade. E nada
melhor do que carnaval e comida para explicar a metamorfose ambulante que
somos. Ok, vou explicar melhor, senão vocês vão pensar que eu ‘surtei legal’.
Aliás, vou explicar perguntando à vocês. Vamos lá. Me respondam os nomes de
alguns pratos que vocês adoravam na infância e até mesmo na adolescência, mas agora,
ao atingir a fase adulta não podem nem ver? Com relação ao carnaval, quantos
marmanjões ou ingressantes da terceira idade – assim, como eu – na época dos
seus 13, 14 ou 15 anos ficavam contavam nos dedos os dias que faltavam para a
chegada da festa de momo, mas agora... bem, desenvolveram tanta ojeriza a tal
‘bagunça’ verde e amarela que passaram a contar nos dedos os dias que restam
para a festa terminar.
No meu caso, com relação a comida, adorava ovo frito
com a gema molinha para poder pintar de amarelo o meu prato de arroz. Hoje,
fujo de ovo frito. Já o carnaval foi a minha grande paixão em duas fases de
minha vida: infância e adolescência, mas atualmente, não ‘desce’.
E foi graças à esse pensamento meio surreal que
pintou a idéia de preparar esse post. Pensei com os meus botões: “Talvez
existam muitos leitores que deixaram de curtir o carnaval de rua ou de salão,
mas não perderam o gosto pelos livros que ‘falem’ sobre a festa mais popular no
Brasil”.
Dessa maneira, decidi selecionar cinco livros sobre
o tema. Não li nenhum deles, por isso vou me eximir de fazer comentários
pessoais. Os meus critérios de escolha se basearam em comentários de
internautas que aprovaram as obras, além de algumas sinopses que achei...
digamos que sugestivas. Se bem que existem livros horrorosos e com sinopses
belíssimas, mas vamos pensar positivamente, pelo menos no caso dos livros
sugeridos nesse post. Vamos à eles.
01
– Ao Som do Samba – Uma Leitura do Carnaval Carioca (Walnice Nogueira Galvão)
Sinopse:
Pouco mais de um século antes de Oscar Niemeyer assinar o projeto arquitetônico
e urbanístico do sambódromo, o Carnaval já era a grande festa do Rio de
Janeiro. Era o grande êxtase anual, só que, imagine, ainda nem havia o samba, o
que tocara era o choro, a valsa e outros ritmos. Como atesta a professora
titular da USP e colunista do Estadão, Walnice Nogueira Galvão, 'de
divertimento proibido pela polícia no passado, a marca de identidade nacional
(...) muito chão foi palmilhado'. E toda essa trajetória do carnaval, com foco
na capital carioca, Walnice reconta com maestria em Ao som do samba - Uma
leitura do Carnaval carioca. No livro não faltam curiosidades, como o fato do
primeiro disco de samba ter sido gravado no mesmo ano que o primeiro disco de
jazz foi lançado: em 1917. De acordo com a autora, o surgimento da indústria fonográfica
foi essencial para a disseminação de músicas até então marginalizadas, como o
Tango de Buenos Aires, o jazz de New Orleans e o próprio samba. Com o
surgimento do disco, tais estilos caíram nas graças da cultura de massa e
conquistaram as classes dominantes.No caso do samba no Brasil, a voz, os
anseios, os amores e, sobretudo, a crítica social dos pobres, negros e mulatos
passaram a ser ouvidos pela classe média branca. A partir do momento que virou
hino do carnaval carioca, o gênero teve papel fundamental na convivência
saudável entre classes sociais distintas. Tanto que as escolas de samba
passaram a aceitar, em seus quadros, brancos e pessoas de fora da comunidade.
Os principais compositores de sambas e, inclusive, de marchinhas, também ganham
destaque na publicação: Noel Rosa, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth, Carmem
Miranda, Lamartine Babo, entre outros. Walnice narra toda a história com
detalhe, da fase mais romântica até virar uma grande indústria de mercado - com
players polêmicos, como os bicheiros-, passando pela Cidade Nova, Rua do
Ouvidor, rodas de samba, a oficialização dos concursos das escolas de samba em
1935, entre informações que poucos brasileiros conhecem sobre a grande festa. O
livro também inclui letras dos grandes clássicos, como 'O Samba de minha
Terra', composto por Dorival Caymmi em 1940, eternizada pelo trecho: 'quem não
gosta de samba, bom sujeito não é. É ruim da cabeça ou doente do pé '...
Comentário:
Vi ótimas referências sobre esse livro nas redes sociais, por isso resolvi
abrir o post com ele. A obra escrita por Walnice Nogueira Galvão - crítica
literária, professora da Universidade de São Paulo (USP) e colunista do Estadão
– deve ser muito interessante porque conta toda a trajetória do carnaval
carioca, do seu nascimento aos tempos atuais. Os leitores terão a oportunidade
de descobrir como surgiu a primeira escola de samba carioca ou então, a origem
dos blocos carnavalescos, além de muitas curiosidades sobre a festa de momo no
Rio.
Informações
técnicas
Autora:
Walnice Nogueira Galvão
Editora:
Perseu Abramo
Páginas:
190
Tipo
de capa: brochura
Ano:
2009
02
– Almanaque do Carnaval (André Diniz)
Sinopse:
Quando Dodô e Osmar resolveram colocar caixas de som em cima de uma caminhonete
velha e sair pelas ruas de Salvador tocando uma espécie de frevo abaianado,
temperado com os acordes elétricos de suas guitarras, não imaginavam estar
inaugurando uma tradição no Carnaval da
Bahia. O trio elétrico arrasta hoje milhões de foliões. E não foi só em
Salvador que a festa de rua nos dias de Carnaval ganhou proporções tão gigantescas.
No Recife, o Galo da Madrugada atrai mais de um milhão e meio de pessoas, e está no livro dos recordes como o maior bloco carnavalesco do mundo. No Rio de Janeiro, o desfile no Sambódromo é televisionado para mais de 180 países - um espetáculo de alcance global.
No Almanaque do Carnaval, o historiador André Diniz conta como isso tudo começou, conduzindo o leitor em uma viagem no tempo. Mais do que uma história do Carnaval, o livro é uma história dos gêneros musicais identificados com essa festa: o samba, a marchinha, o frevo e o axé.
O leitor vai se deparar com canções, compositores e intérpretes que marcaram época e com os que ganham destaque na atualidade. São pequenas biografias, casos curiosos e informações sobre o contexto político, social e cultural de cada período. E o autor ainda aborda fenômenos de mercado como Ivete Sangalo e É o Tchan, rompendo as barreiras impostas pela crítica tradicional.
No Recife, o Galo da Madrugada atrai mais de um milhão e meio de pessoas, e está no livro dos recordes como o maior bloco carnavalesco do mundo. No Rio de Janeiro, o desfile no Sambódromo é televisionado para mais de 180 países - um espetáculo de alcance global.
No Almanaque do Carnaval, o historiador André Diniz conta como isso tudo começou, conduzindo o leitor em uma viagem no tempo. Mais do que uma história do Carnaval, o livro é uma história dos gêneros musicais identificados com essa festa: o samba, a marchinha, o frevo e o axé.
O leitor vai se deparar com canções, compositores e intérpretes que marcaram época e com os que ganham destaque na atualidade. São pequenas biografias, casos curiosos e informações sobre o contexto político, social e cultural de cada período. E o autor ainda aborda fenômenos de mercado como Ivete Sangalo e É o Tchan, rompendo as barreiras impostas pela crítica tradicional.
Comentário:
Cara, tem almanaque prá tudo nesta vida, não é mesmo? Pois é, e você ainda
acreditava que não iriam inventar um almanaque para o carnaval?? Vendo a
sinopse da editora Zahar, o que achei interessante nessa obra do historiador
André Diniz é que ela explica a origem dos trios elétricos que tornaram-se a
essência do tradicional carnaval de Salvador. Outro detalhe interessante é que
o livro traz mais de 120 imagens,
uma breve discografia comentada, indicações de livros e filmes sobre carnaval,
além de uma pequena cronologia da festa de momo. O ponto negativo fica para a
desatualização de alguns temas tratados, como aquele em que o autor aborda os
grandes fenômenos do mercado fonográfico, revelando curiosidades interessantes sobre
cantores de axé. Como o livro foi escrito em 2008, vários cantores e grupos do
gênero que fizeram sucesso naquela época, hoje nem mais existem ou então estão
fora da mídia; exemplo disso é o Tchan.
Informações
técnicas
Autor:
André Diniz
Editora:
Zahar
Páginas:
272
Tipo
de capa: brochura
Ano:
2008
03
– Livro de Ouro do Carnaval Brasileiro (Felipe Ferreira)
Sinopse: Anotem a sinopse fornecida pela Ediouro,
responsável pela publicação do livro; mas fiquem espertos porque até agora não
vi nenhuma editora na face da terra falar mal de um livro que está saindo de
seu prelo. Portanto, fiquem escaldados com tanta ‘derramação’ de seda. Em todo
o caso, segura aí: ‘Quando confetes e serpentinas colorem ruas e salões e a
bateria arrepia até quem não é muito de samba, está em cena a maior festa
popular do mundo. Assim o Carnaval brasileiro é conhecido nos quatro cantos do
planeta. Entretanto, paralelamente à alegria e à descontração dessa festança,
existe uma bela história até então pouco abordada pelo mercado editorial
brasileiro. Para preencher essa lacuna, chega às livrarias, pela Ediouro, O
Livro de Ouro do Carnaval Brasileiro, de Felipe Ferreira – um dos mais
renomados pesquisadores da cultura popular brasileira e autor de diversos
artigos sobre Carnaval. Produto de anos de pesquisa, a obra é uma visão inédita
e contemporânea do Carnaval brasileiro, capaz de expressar muito do que fomos,
somos e seremos. "Painel primoroso sobre a festa que, apesar de usar e
abusar dos tons dourados, até hoje não tinha um livro de ouro", afirma a
estudiosa da sociologia do Carnaval Marília Trindade Barboza. Além das centenas
de fotos e ilustrações, o que faz de O Livro de Ouro do Carnaval Brasileiro um
grande lançamento é a ousadia de seu autor. Felipe Ferreira apresenta uma
abordagem bastante original da história do Carnaval brasileiro, sem repetir os
lugares-comuns de um roteiro de datas e acontecimentos lineares. Os dados
factuais deixam de ser o eixo da narrativa, para servirem de exemplos das
intrincadas relações de interesse envolvidos na elaboração da idéia de Carnaval
no país. "Usando a técnica de movimentar a história dialeticamente entre o
passado e o presente, o texto flui com leveza e não deixa o leitor perder o fio
dos fatos e dos acontecimentos, tão bem encadeados que estão", diz Hiram
Araújo no prefácio. Na primeira parte do livro, que traça a rota das festas carnavalescas
anteriores ao Carnaval brasileiro, Felipe Ferreira situa as celebrações dos
povos antigos como acontecimentos independentes do que hoje conhecemos como
Carnaval. Procurando captar a história do Carnaval brasileiro em uma versão
ainda não vista, o autor chega ao final da década de 1930 demonstrando que a
festa está em constante mutação e explicando como as escolas de samba assumiram
o lugar de principais protagonistas. A abordagem da folia contemporânea retoma
a idéia de um Carnaval plural, aberto a influências e a novas tendências, tais
quais as novas mídias e a fragmentação pós-moderna. Quando surgiu o Carnaval? O
samba nasceu no Rio de Janeiro ou na Bahia? Por que o morro da Mangueira ficou
tão famoso? Como foram os primeiros bailes no Brasil? O frevo pernambucano é
negro ou branco? Os trios elétricos vieram do Recife ou de Salvador? As
respostas para essas e outras perguntas estão em O Livro de Ouro do Carnaval
Brasileiro. Ao terminar a leitura, ficará mais fácil concordar com Dorival
Caymmi, que eternizou os versos "Quem não gosta de samba, bom sujeito não
é’.
Comentário:
Viu
só quanto blá-blá-blá na sinopse fornecida pela editora? Bem, foi por causa
desse blá-blá-blá subliminar - que acaba hipnotizando os leitores - que optei
por fazer uma pesquisa mais profunda sobre esse livro. Prá começar, ele faz
parte daquela ‘hiper-popular’ coleção denominada “Livros de Ouro” lançadas pelo
Ediouro. Olha galera, prá ser sincero tem livro de ouro que fala até de
campeonato de bolinha de gude. Muitas dessas obras são puro lixo que nem
merecem uma leitura. Juro que excomunguei a Ediouro muitas vezes por causa
dessa coleção – O “Livro de Ouro Mistérios da Antiguidade” que me mil vezes me
valha, mas também tive orgasmos literários maravilhosos com outros livros, entre
os quais, “O Livro de Ouro da Mitologia: História de Deuses e Heróis”, de
Thomas Bulfinch.
Portanto, a aquisição de livros dessa coleção é uma
verdadeira caixinha de surpresas. Tanto pode ‘cair’ em suas mãos um ‘bagulhaço’
como, também, uma obra-prima. Quanto ao “O Livro de Ouro do Carnaval
Brasileiro”, vai saber em qual categoria se encaixa... No meu caso, não estou
com muita disposição pra descobrir, já que tenho outras leituras preferenciais
na minha exagerada listinha literária.
Informações
técnicas
Autor:
Felipe Ferreira
Editora:
Ediouro
Páginas:
424
Tipo
de capa: brochura
Ano:
2005
04
– Carnaval (João Gabriel de Lima)
Sinopse:
Pedro, um paulista cansado de sua monótona rotina como dono de locadora de
DVDs, decide passar o carnaval no Rio atrás da amante, uam chef famosa. Ao
caminhar pela cidade ensolarada, misturar-se aos blocos de uma Zona Sul em
festa e descobrir os personagens de uma Lapa renascida, Pedro acaba encontrando
também um novo roteiro para sua vida.
A jornada carnavalesca de Pedro evoca a vertigem de Depois
de Horas, filme de Martin Scorsese. Num estilo que remete à prosa de
Borges, João Gabriel de Lima faz de Carnaval um romance sobre
encontros, desencontros, mas, antes de tudo, sobre o poder mágico da criação. O
leitor vê-se convidado para um instigante jogo: afinal, o que é fruto da
imaginação desse narrador viciado em filmes e o que é realidade?
Comentário:
Caraca, porque a editora tinha que citar nessa sinopse o filme “Depois de
Horas”?!! Mêo! A produção cinematográfica do Scorsese é fantasticamente genial!
Marcou toda a minha geração. Até hoje me lembro do primeiro nome do personagem
– pelo menos do primeiro nome – Paul “Qualquer Coisa”, o sobrenome,
desculpe-me, mas não me recordo. Na época em que o filme foi produzido (1985),
o lance de internet, e-mail, facebook, twitter e Cia Ltda ainda estavam longe
de ‘vingarem’, então numa noite solitária – meio que sem ter o que fazer, Paul
resolve dar uma voltinha noturna para se encontrar com uma garota num bairro
distante onde as pessoas não parecem ser o que são. Resultado: o protagonista
vê-se encurralado no tal bairro, hiper distante do centro, sem ninguém com quem
contar, visto que todas as pessoas que conhecem se revelam outra pessoa
completamente diferente. Ooh! Ooh! Ooh! O final então é ‘surrealisticamente’
inesquecível.
Bem, só posso dizer que se a odisséia de Pedro for,
pelo menos, ‘uns’ 10 por cento semelhante a de Paul, já valerá a leitura da
obra de Lima.
Depois de tudo isso, estou pensando seriamente em
arriscar e compra o livro.
Vamos ver...
Informações
técnicas
Autor:
João Gabriel de Lima
Editora:
Objetiva
Páginas:
132
Tipo
de capa: brochura
Ano:
2006
05
– Histórias do Samba – De João da Baiana a Zeca Pagodinho (Marcos Alvito)
Sinopse:
O
livro apresenta a história do samba, suas personalidades mais marcantes e
curiosidades de uma forma bem-humorada e com várias surpresas!
Dividida em cem histórias variadas, que não estão em
ordem cronológicas – assim o leitor pode ler como preferir -, a obra busca
envolver o leitor contando a vida de personalidades renomadas do samba e a
origem de seus grandes clássicos.
Comentário:
Pelo o que eu pesquisei, o livro de Alvito conta curiosidades engraçadas
envolvendo grandes sambistas; todas elas relacionadas com o carnaval. Acho que
o Zeca Pagodinho deve ter várias passagens (rs).
O livro agradou grande parte da crítica literária
que aprovou a obra. Prova disso foi uma matéria especial publicada pelo Jornal
O Globo, do Rio, em 2013, colocando “História do Samba” no céu.
Mas o livro não fica enroscado apenas nas histórias
engraçadas envolvendo sambistas conhecidos. Ele também traz momentos curiosos
sobre esse estilo musical, como a história envolvendo o Barão de Rio Branco que
morreu
nas vésperas da folia e o governo, por isso, chamou todos os presidentes de
blocos para informar da decisão tomada de transferir a festa para abril. A
notícia foi bem recebida por todos e não se falou mais nisso. Até que na
sexta-feira que originalmente antecederia o carnaval todos os blocos ignoraram
a mudança de data e saíram para as ruas festejar. Como o governo já tinha
armado tudo para a folia ocorrer em abril, naquele ano a população pulou
carnaval duas vezes.
E aí? Quer arriscar dar uma ‘lidinha’?
Informações
técnicas
Autor:
Marcos Alvito
Editora:
Matrix
Páginas:
136
Tipo
de capa: brochura
Ano:
2012
Por hoje é só. Espero que tenham gostado!
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