31 julho 2013

"Sobrevivente": um conto de Stephen King que merece um post só dele



Foto/ fonte: baudostephenking.wordpress.com

Já vou logo alertando que esse post está cheio de spoilers. Minto. Cheio, não. Ele está contaminado, abarrotado, empesteado, enfim, descaradamente insuflado de spoilers. Portanto, se você tem intenção de ler o conto “Sobrevivente” que faz parte da coletânea do excelente “Tripulação de Esqueletos”, esqueça essas linhas. Esqueça mesmo! Mas se o amigo ‘leitor-internauta’ não liga para spoilers, pelo contrário, até gosta de ficar inteirado sobre as revelações  “profundas” do enredo; tudo bem... tudo bom, fique à vontade.
O motivo que me fez criar um post sobre um único conto é simples: a história é fantasticamente boa! Boa demais! O mestre do terror e suspense, Stephen King estava inspiradíssimo quando escreveu “Sobrevivente”. Fiquei muito impressionado com o tema. Não com medo, mas impressionado. Sinceramente não sei como explicar. Sei lá, medo é quando você tem aquele calafrio  na espinha no momento em que lê algo perturbador que lhe impede de se levantar da cama durante a madrugada para ir até o banheiro fazer xixi. Agora, existem histórias ou contos que lhe fazem sentir... sentir.... Caraca! Não consigo encontrar a palavra certa. Juro, é verdade! Vamos ver... talvez inquieto, desconfortável... Tipo está exclamação: “Caramba! E se esse fato surreal ou fantástico, mas possível, acontecesse comigo? Será que eu teria coragem de fazer o que o personagem do conto fêz?!” Pronto! É isso, Desculpe aí galera, mas esta foi a melhor definição que encontrei para o conto “Sobrevinte”.
Li a história há mais ou menos três anos e ainda não consegui retirá-la da minha cabeça. Ela é muito forte, impressionável.
Bem, vamos ao âmago do assunto. Me responda uma coisa: “Até que ponto um paciente suporta um trauma?” Vou ser mais claro. “Até que ponto uma pessoa consegue suportar uma sequência de amputações em seu corpo?” Detalhe: sem... – arghhhhhhhhhhhh – anestesia! Isto significa à sangue frio!! Malemá tomando uma morfininha vencida...
Pronto pessoal; esta é a essência do conto de King que está no livro “Tripulação de Esqueletos”, lançado originalmente em 1986.
É o que acontece com um médico cirurgião, único sobrevivente de um naufrágio, que vai parar numa ilha deserta. E quando digo deserta, estou dizendo deserta meeeeesmo!! Completamente estéril, sem nada que possa aliviar a sua fome. ‘Entonce’ para não morrer à míngua e faminto, ele começa a comer pedaços do próprio corpo!
E é aí que entra o gênio de King. A descrição meticulosa das amputações feitas pelo médico em si mesmo chega a ser repulsiva, fazendo com que o leitor se sinta escabrosamente mal... péssimo. O impacto é maior porque o conto é escrito na forma de um diário, com o personagem narrando o seu drama para os leitores.
Lembro agora que um dos livros que me tirou a fome por vários dias foi “Primeiro Sangue” de David Morrell; tudo por culpa daquele trecho em que o personagem Rambo, refugiado numa mata fechada, no auge de sua fome resolve devorar uma coruja crua e com algumas peninhas extras. Morrel faz questão de narrar de maneira sádica os detalhes sobre o preparo da ‘deliciosa’ guloseima e também o que o herói de guerra sentiu ao morder o bicho. Mil vezes Ecaaaaaaa!!!! Agora, vou dizer uma coisa, as passagens do conto “Sobrevivente” colocam no bolso a tal “coruja do Rambo”.
Para escrever o conto, King consultou um médico aposentado – vizinho seu – chamado Ralph Drews que lhe deu todas as informações sobre o assunto. Por isso mesmo, as cenas de amputações do cirurgião perdido numa ilha deserta, são por demais realistas, tendo todo o embasamento médico. King diz que levou mais de uma hora conversando com Ralph Drews. E embora, ele ficasse receoso a princípio, finalmente concordou em assessorá-lo no conto. O médico esclareceu que – se necessário – um indivíduo poderia subsistir durante um bom período, vivendo à custa do próprio corpo. King, então, teria perguntando ao amigo: “E quanto ao choque repetido das amputações? Até que ponto o paciente pode suportar o trauma” O médico aposentado teria respondido com uma outra pergunta: “Até que ponto o paciente deseja sobreviver?”.
E posso garantir que o desejo de sobrevivência do personagem do conto, Dr. Richard Pine, é enorme. Portanto, você não precisa ser nenhum bidú para adivinhar o que o cirurgião vai aprontar. Cara! Ele, simplesmente, vai transformar o seu corpo numa mesa de frios!!!
O festival de ‘auto-mutilações’ começa, por acaso, quando o náufrago, completamente alucinado pela fome, torce o tornozelo ao tentar subir num monte na esperança de sinalizar para um avião que sobrevoava o local. O pé de Pine vai inchando, inchando, até ficar vermelho. Temendo que o membro machucado evolua para uma gangrena, ele decide “se operar” e extirpar o pé. Sente só o drama descrito em seu diário: “O inchaço e a vermelhidão estão piores. Vou esperar até amanhã. Se a operação se tornar necessária, acho que conseguirei levá-la a cabo. Tenho fósforo para esterelizar a faca amolada, além de agulha e linha do estojo de costura...” Quer mais? Segura aí: “Decidi amputar o meu pé. Há quatro dias que não como. Se esperar mais tempo, corro o risco de desmaiar de choque e de fome no meio da operação, e sangrar até morrer. E mesmo estando um trapo, eu quero viver...” Ehehehehe.... Adivinhe o que ele fez depois de amputar o referido membro? Tá bem, eu conto: Pegou o pé inchado, inflamado, doente e.extirpado e glub, glub, glub...deglutiu.
Olha, não vou descrever os detalhes narrados pelo médico durante e após a cirurgia porque não sei o que você, caro internauta, que lê essse post está fazendo agorao. Sei lá, talvez você esteja comendo um delicioso X-Burguer” ou então beliscando uma tabuinha de frios acompanhada de uma loira gelada... então é melhor esquecer. Apesar dos spoilers, aconselho ler o conto. É melhor... prá você e principalmente para mim que não serei obrigado a reler aqueles trechos r-e-p-u-l-s-iv-o-s, mas escritos com tanta maestria pelo mestre King.
Bem, resumindo, o Dr. Pine foi ‘se comendo’, ‘se comendo’ até que... Chega vai! Vou parar por aqui porque a grande sacada da história está reservada para o final. E... tudo bem que eu possa ser sacana de rechear esse post de spoilers, mas revelar o fim da história, jamais. Isto seria descaramento total.
Taí! “Sobrevivente” foi, um conto que mexeu muito comigo e por isso mereceu um post só dele.

21 julho 2013

Vaga-lume; a série que revolucionou gerações de leitores



Imagine  um respeitado magistrado - conhecido em todo Estado de São Paulo pelo seu trabalho de combate ao narcotráfico - afirmar que uma das séries de livros mais importantes em toda a sua vida foi a infanto-juvenil “Vaga-lume”. Pense agora, num advogado com mestrado em Harvard e que tem por essa mesma série um sentimento perto do endeusamento.
Pois é pessoal, esses dois personagens são reais e eu tive a  oportunidade de ouvir essa revelação antes de entrevistá-los. Para as duas ‘feras’, a série de livros Vaga-lume teve um papel preponderante em seu sucesso profissional.
Foi após esse encontro que decidi escrever um post sobre a inesquecível série lançada no início da década de 70 pela Editora Ática e que ao longo de seus 40 anos de existência ‘fez a cabeça’ de gerações de leitores.
Cara, você pensa que é fácil para um sujeito com mestrado, doutorado ou MIT estufar o peito e dizer com orgulho patriótico que o livro mais importante de sua vida foi um título infantil ou infanto-juvenil?  Este sujeito tem que ser um baita de um corajoso ou “saco-roxo”, como diz um velho provérbio popular do Kid Tourão. O cara tem que ter mais saco roxo ainda ao afirmar que continua lendo vários livros da sua infância ou pré-adolescência.
"Luminoso": o logotipo da série
Galera, eu tenho certeza que os livros da série Vaga-lume”  tem esse poder. Muitos adultos se orgulham em dizer sem medo, vergonha ou receio, que autores como Lúcia Machado de Almeida, Maria José Dupré e José Rezende Filho continuam sendo importantes em suas vidas de leitor ou então que “O Escaravelho do Diabo” foi um dos melhores enredos policiais já lidos. Acreditem! As obras daquele vagaluminho simpático de boina, cavanhaque, calça boca-de-sino e medalhão presente no logotipo da série tinham esse poder.
Por isso, confesso, estou muito feliz em escrever um post sobre essa série que como já disse encantou gerações de leitores, inclusive esse blogueiro que “vos escreve” agora. Que o diga “Éramos Seis”, um dos livros mais encantadores que já li em toda a minha vida. Afinal de contas, como não se emocionar com Dona Lola, ‘seo’ Júlio, Carlos, Alfredo, Julinho e Maria Isabel?
Por ser um post especial, queria iniciá-lo com uma informação... sei lá... digamos que diferente. Isso mesmo diferente! Que fugisse um pouco daquela rotina de que “tudo teve início no comecinho dos anos 70” ou então da importância dos livros da Vaga-lume para a formação escolar de milhares de alunos. Queria algo que retratasse os primórdios dos primórdios da série ou seja, a chamada pedra filosofal ou angular que deu início à ‘tudo’. Então, fui vasculhando na Net, ouvindo antigos leitores, passando algumas noites em claro que descobri que tudo começou em 1950 e não na virada de 1972 a 1973. A Editora Ática – idealizadora desses vagaluminhos queridos – não se tornou especializada em livros didáticos e paradidáticos da noite para o dia. Explicando melhor: Em 1956, dois irmãos, os professores idealistas: Anderson Fernandes Dias e Vasco Fernandes Dias Filho, juntamente com um amigo Narvaes Filho tiveram a idéia de criar um curso que possibilitasse adultos e jovens a concluírem os seus estudos, os quais tinham sido obrigados a abandonar por inúmeros motivos. Foi fundado, assim, o Curso Madureza Santa Inês, responsável por um tipo de em sino conhecido naquela época por “Supletivo” e que hoje ganhou o status de EJA (Educação de Jovens e Adultos).
O Madureza Santa Inês se tornou tão famoso e conhecido na época que Anderson, Vasco e Narvaes tiveram de criar um departamento de publicações batizado de Sociedade Editora do Santa Inês ou simplesmente Sesil, com o objetivo de imprimir apostilhas fabricadas por professores do cursinho. As apostilhas traziam, geralmente, um conjunto de textos de vários autores que eram vendidas aos alunos e utilizadas como material didático no Madureza Santa Inês.
Após a fundação da Sesil, Anderson, que além do curso de magistério, também havia acabado de conquistar o diploma de medicina, decidiu transformar a Sesil numa ‘editora de verdade’. Sendo assim, saía de cena o mimeógrafo utilizado nas impressões de ‘resumões’ de outros livros para ceder espaço à criatividade, à elaboração de histórias inéditas. Falando escrevendo bem claramente: à criação de livros de verdade! Com isso, nascia assim, no dia 3 de junho de 1965, no bairro da Liberdade, em São Paulo, a Editora Ática.
Os primeiros livros editados pela, então, recém-inaugurada Ática foram os dos próprios professores do Madureza Santa Inês. Os ‘teachers’ de matemática, português, ciências, química e história confeccionavam suas próprias obras, tornando assim, mais acessível o ensino aos alunos do curso de Madureza. Mas devido ao alto nível dos textos publicados, em pouco tempo, essas obras passaram a ser adotadas também por outras escolas. Num curto período, a Ática se tornaria referencia na edição de livros didáticos e paradidáticos.
A implantação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) que surgiu nos anos 60 com o objetivo de democratizar o ensino, dando ênfase à leitura nos currículos de 1º e 2º graus, também acabou beneficiando a Ática que na época era uma das poucas editoras de livros didáticos e paradidáticos de qualidade. A chegada da LDB fez com que a demanda  de livros do gênero aumentasse e consequentemente, também, a produção da Ática.
No final de 1972, a editora que já havia se tornado conhecida e respeitada em todo Brasil, decidiu dar mais um salto: criar uma série de livros policiais e de aventuras direcionada aos jovens leitores. Pronto! Nasceria a antológica série “Vaga-lume”. Mas antes do grilinho Luminoso entrar em cena, a editora colocaria também no mercado outra série famosa: a “Bom Livro”, surgida em 1970 inaugurando o setor dos paradidáticos na área de literatura.
Entenderam porque achei essencial contar essa historinha dos primórdios da Editora Ática antes de começar, propriamente, a escrever sobre o assunto principal desse post? Cara... Vê se entende um negócio: se aqueles dois irmãos, juntamente com o seu amigo, não tivessem tido a idéia de abrir um curso supletivo na década de 50, hoje não teríamos o privilégio de contar com uma das séries de livros mais importantes do país e que contribuiu para estimular a leitura de milhares de brasileiros.
Seria o mesmo se o diretor Stanley Kubrick do filme “2001 – Uma Odisséia no Espaço” cortasse aquela cena inicial do filme, considerada antológica, em que um bando de macacos descobre que pode usar ossos como armas para afastar grupos rivais. Então no momento em que o chefe do bando joga um osso para cima, ele se transforma numa nave em pleno espaço sideral.

Vai, seja sincero. Você consegue imaginar a produção cinematográfica de Kubrick sem essa cena? Entonce; o mesmo acontece com a série Vaga-lume e os primórdios da Ática. ‘Eles’ são carne e unha.
A série “Vaga-lume” foi criada em 1973 para responder às necessidades dos paradidáticos  para os estudantes do 1º grau. Diferente da coleção “Bom Livro”, tinha um texto direto e simples e os seus autores não eram verdadeiras lendas vivas da literatura brasileira; ao contrário, muitos deles não passavam de simples desconhecidos no contexto literário nacional, enquanto outros, nem sequer eram escritores. Já a “Bom Livro”, ao contrário da “Vaga-lume”, tinha em seu bojo autores consagrados da literatura brasileira e portuguesa, como Luís de Camões, Éça de Queirós, Castro Alves, Machado de Assis, Olavo Bilac e outros. Foi uma série direcionada para os alunos do segundo grau. Caraca!! Imagina só, o nível do segundo grau daquela época!!
Mas, no comecinho de 1973, o dono da Ática, Anderson Fernandes Dias, propôs  à um dos editores da empresa que pensasse na possibilidade de se criar uma coleção também para jovens, mas que fosse totalmente o oposto da “Bom Livro”. Ao invés de autores consagrados; novos e de preferência desconhecidos. No lugar de textos complexos, de difícil compreensão e muitas vezes enfadonhos; enredos simples, de fácil entendimento e com muita carga dramática, suspense e ação. Pronto! Esta foi a receita do sucesso da “Vaga-lume”.
Para que os leitores desse post tenham uma noção do quanto os autores da série eram desconhecidos, basta citar o caso de Marçal Aquino que no final dos anos 80 era repórter do "Jornal da Tarde" e "não tinha a menor idéia do que era  escrever um livro e muito menos do que era  literatura juvenil. Aquino diz que topou o desafio  e resolveu contar uma história de turma de rua numa cidade do interior. Nascia assim, um dos títulos de maior sucesso da série “Vaga-lume: “A Turma da Rua Quinze” (1989). Ele viria escrever ainda mais três volumes e após “pegar o jeito da coisa”, abandonaria a literatura juvenil para se dedicar – com sucesso – à escrita adulta.
É bom frisar que a Ática abriria depois, espaço para os escritores da velha guarda, mas desde que se enquadrassem no perfil exigido.
 Sei que muitos que acompanham esse post, agora, estão curiosos para saber qual foi o livro que inaugurou a série. Então lá vai, anote aí: O marco inicial foi a obra de Maria José Dupré, “A Ilha Perdida”, publicada em 1973. Na realidade, o lançamento da Ática, era uma terceira edição da obra, publicada originalmente em 1944.
Outras obras que fizeram parte dos primeiros títulos da “Vaga-lume” também eram consagradas do grande público, como “Éramos Seis” (1943) da mesma Maria José Dupré  e “O Feijão e o Sonho” (1949) de Orígenes Lessa. Após as reedições desses livros da fase inicial da Vaga-lume, viriam, então, as obras inéditas escritas pelos novos autores ou aqueles escritores ‘reciclados’ da velha guarda.
Autora de O Escaravelho do Diabo que morreu aos 94 anos
Muitos leitores da série - jovens de ontem e adultos hoje – tem como tema principal em suas rodas de discussão a polêmica sobre qual foi o maior sucesso entre todos os livros lançados pela Vaga-lume. E olha que a lista de candidatos é enorme; mas se formos fazer  uma pesquisa entre os fãs da série, com certeza “O Escaravelho do Diabo”, de Lúcia Machado de Almeida ganharia a enquete.
‘A exemplo de “A Ilha Perdida” e “Éramos Seis”, a obra de Lúcia Machado de Almeida também foi uma das primeiras a ser publicada. A história de suspense e que se tornou um ícone dos romances policiais surgiu pela primeira vez na revista “O Cruzeiro” e teve a sua segunda edição em 1974, já na série.
Outro escritor consagrado que fez parte do selo do Luminoso foi Marcos Rey que escrevia romances adultos. Certo dia, ele foi convidado por Anderson Fernandes Dias (se lembram dele?) e também pelo editor  Jiro Takahashi a escrever algumas obras para a “Vaga-lume”. Graças à esse convite, surgiriam três grandes sucessos literários infanto-juvenis: “O Mistério do Cinco Estrelas” (1981), “O Rapto do Garoto de Ouro” (1982) e “Um Cadáver Ouve Rádio (1973).
A boa notícia é que no ano passado, os direitos destas três obras para o cinema foram compradas pela produtora RT Features e começam a ser filmadas no final de 2013. Sabe o que isso significa? Que no primeiro semestre de 2014 teremos a estréia de três filmes baseados em obras literárias da famosa série da Ática . Agora me respondam: será que essa novidade não vale um gostoso Iahuuuuuu!!
Vale lembrar que esses três títulos de Marcos Rey  que serão adaptados para as telonas não integram mais a “Vagalume”, e agora, estão na editora Global. Tudo bem... tudo bem, mas o que importa é que eles nasceram no berço do Luminoso.
Para que vocês entendam a importância dessa série, basta lembrar que nem mesmo quando a Editora Ática foi adquirida pelo Grupo Abril, em 1999, os livros do grilinho hiper-conhecido deixaram de ser editados. Aliás, como suspender uma série que havia se tornado um ícone da educação inafanto-juvenil no Brasil? Elogiada por todos, sejam docentes ou alunos? Não havia como!
E a boa notícia para aqueles que conseguiram ler esse post até o final é dada Fabrício Waltrick, gerente editorial de literatura juvenil da Ática. Ele diz que a editora pretende comemorar os 40 anos da “Vaga-lume”, no final desse ano, trazendo novas linhas visuais para a série, além do lançamento em formato digital. É mole ou quer mais?!! Portanto, a “Vaga-lume” continua mais viva do que nunca!
Cara, só mesmo parando por aqui.

15 julho 2013

O Incêndio de Tróia



Existem professores que marcam demais as nossas vidas. Uhauu! E como marcam! No meu caso foram os “teacher's” do antigo segundo grau; hoje ensino médio. Caramba, cada “peça”! E que saudades dessas “peças” tão especiais. Sabem de uma coisa? Eu sinto mais saudades desses professores do que daqueles que lecionaram em minha época de universitário. Sei lá, talvez, por ter sido uma fase mais ‘irresponsável’ de minha vida, onde podia aprontar poucas e boas com a minha ‘tchurminha’ – da qual me lembro até hoje – do que daquele período mais sério, tão característico do terceiro grau.
A pressão dos meus queridos velhos era enorme. Coisa do tipo: “Carinha eu estou lhe ajudando a pagar os estudos, mas vê se leva a ‘coisa’ séria pô!! Ehehehe. Imagine só, o Kid Tourão me chamando de ‘carinha’ naquela época. Não é ‘de morrer de rir’?! Pois é, então no meu caso, por causa das cobranças, passava a ver os estudos com mais seriedade. O que me interessava eram os livros, as lições e as aulas práticas nos estúdios de rádio e TV; quanto aos ‘teachers’ daquele tempo, sinceramente não me atraiam. Eram sérios demais, Caxias demais, enfim, chatos demais.
Putz! Verdade! Bateu uma saudades ‘enormemente enorme’ do meu segundo grau, caraca...
Tinha um professor de Química que se chamava Herintos. O sujeito – aliás, muito bom sujeito – era louquinho de pedra. Ele não permitia que ninguém colasse em sua aula. “Aluno que não tem capacidade de guardar na cabeça o que eu ensino não merece passar de ano”, dizia o mestre. Então, adivinhe o que ele fazia para evitar que os mais saidinhos evitassem transformar as suas provas no ‘Dia Mundial da Cola’? Vai diz aí. Pense numa coisa bem absurda. Já pensou? Então ‘sente o drama’: Ele colocava uma cadeira em cima de sua mesa de professor, sentava todo folgadão e ficava observando, lá de cima, todos nós, meros mortais (rs). Até um dia em que o ‘sumido’ teacher (nunca mais o vi) se descuidou e caiu um tombaço de cima do seu “Monte Olimpo” particular. Madre de Dios! E que tombo ridículo! Tudo bem que foi um tombo feio, mas não deixou de ser ridículo ao extremo. E prá completar a cena dantesca, o Bandeira, filho de um conhecido boiadeiro da cidade, soltou o peito gritando lá do fundo da sala de aula: “Seguuuuuuura peãooo!!!! Agarra o boi que ele é mansoooo!!!”. Cara, palavra que não estou conseguindo segurar as gargalhadas enquanto digito essas linhas. Que recordação! E o tal Herintos que era baixinho, gordinho,  sem pescoço e atarracado, de fato, se parecia um boizinho. Enquanto o Bandeira narrava a queda, a pobre vítima se levantou de ‘cata-cavaco’ e fulminando a classe com um olhar assassino soltou: “Seus bando de disgramados – disgramados mesmo e não desgraçados – vão rir da PQP!!”. Que cena... que cena... Não posso deixar de rir!
Havia outro professor; esse sim relacionado ao post que escrevo agora e que também detestava o chamado aluno colão. O professor Luizinho era estrábico. Pêra aí, estrábico não. Ele era vesgo mesmo!! E daqueles vesgos enviezados que nem mesmo os óculos grossíssimos conseguiam disfarçar. Acho que o saudoso Luizinho – já faleceu – era o único professor que conseguia dominar a nossa classe nos dias de prova. Com ele não dava prá arriscar, já que todas as táticas de guerra colantes se tornavam falíveis. Imagine aquele sujeito que você que tem a certeza absoluta que está olhando para você, mas na verdade está observando o seu amigo que está do outro lado do salão. Pois é, o Luzinho era assim. E foi com esse querido professor de literatura (pode acreditar amigo, no bom e velho segundo grau tínhamos tínhamos aula de literatura) com os seus olhos tortos que aprendi uma máxima: “Mitos não devem ser mexidos; mas se um dia a curiosidade for grande demais e você quiser ‘vasculhá-los’, procure se municiar de todas as informações possíveis e impossíveis para não pagar mico”. Etcha vesguinho filósofo! Tá certo que um filósofo meio baratinho, mas venhamos e convenhamos, essa sua teoria tem tudo à ver com o assunto desse post.
Então, à partir de agora, entro no assunto “O Incêndio de Tróia”, aproveitando essa ‘teoria’ do inesquecível mestre vesgo. Há escritores – poucos, mas há – especializados em publicar obras, digamos que desmistificadoras. Mas é aí que mora o perigo. Há mitos que já estão arraigados no imaginário popular e que dificilmente serão rompidos ou mudados. A chamada Guerra de Tróia é um deles.
Agora me perdoem os fãs de Marion Zimmer Bradley, mas em minha opinião ela quis ir além da desmitisficação o mito; acredito que ela quis ‘brincar’ (no bom sentido) com esse mito, fazendo uma adaptação livre da Guerra de Tróia. E foi aí que a coisa pegou e pegou mal.
Quem leu “Ilíada” (Homero), “Tróia – O Romance de Uma Guerra” (Claudio Moreno) e “Ilíada: A Guerra de Tróia” (Menelaos Stephanides) sabe do que estou falando escrevendo. Quem aprendeu a conviver, ao longo dos anos, com esses personagens gregos e troainos fantásticos que foram até mesmo temas de trabalhos escolares em nossas vidas de estudantes ginasiais, sente uma “facada”  no peito ao vê-los completamente modificados no livro de Bradley. Nele vemos um Aquiles louco, homicida e estuprador de cadáver. E tudo isso com apenas 17 anos! Aliás, ao contrário dos outros livros sobre mitologia grega, em “O Incêndio de Tróia”, o guerreiro, filho de Tétis e Peleu, participa do conflito ainda adolescente. Vemos também uma Cassandra ou Kassandra (como a autora prefere chamar), originalmente sacerdotisa de Apolo, transformada numa guerreira amazona, destoando inteiramente do mito popular. Odisseu ou Ulisses é amigo chegadíssimo de Príamo e também não é o autor da brilhante idéia que derrubou Tróia: o cavalo de madeira. No romance não é o tal cavalo recheado de soldados gregos, o responsável pela queda da cidade com as suas muralhas intransponíveis, mas sim um terromoto. Bradley aproveitou para engatar, também, um romance entre Kassandra e Enéas, outro personagem famoso da guerra. Páris, por sua vez, é um completo idiota e brigão que só serve para ficar trocando  farpas com Kassandra.
Quanto ao embate entre troianos e gregos é tratado com superficialidade, com a autora optando por centralizar a sua história nos conflitos pessoais de Kassandra, o que torna o livro cansativo na maior parte de suas 517 páginas. Sei lá pessoal, para mim, faltou um melhor equilibro entre aventura e drama. Quase tudo é centralizado em Kassandra, transformando os outros personagens em meros coadjuvantes.
A luta entre Heitor e Aquiles que é um dos pontos altos da épica história acontece de uma maneira simplória demais: tipo pá-buf e pronto, acabou. O mesmo ocorre com o embate entre Enéias e Diomedes e assim por diante. Como disse as mais de 500 páginas de “O Incêndio de Tróia” são dedicadas as brigas entre Kassandra e seu pai, Príamo; as tentativas de Krises (um dos sacerdotes de Apolo) em ‘traçar’ Kassandra, o que diga-se de passagem, enche o saco do leitor; as viagens da moça até a Cólquida onde vai conhecer os segredos de manusear serpentes; os conflitos com a sua mãe Hécuba; os desabafos com sua tia, a amazona Pentesiléia e etc e mais etc. De fato, essa dose cavalar de drama, recheada de personagens completamente destoantes daqueles da mitologia grega, os quais aprendemos a conhecer ao longo de nossas vidas, deixa o livro muito enfadonho e estranho..
Quanto ao Aquiles idealizado por Bradley foi um chute no saco, daqueles dados com uma bota bicuda e com uma chapa de metal na ponta. O cara é um louco homicida. Tão louco, vil e tarado,  que após matar uma amazona, ainda decide estuprar o seu cadáver publicamente, no meio do campo de batalha!!!
Helena, mesmo sendo – juntamente com Páris – a causa da guerra e consequentemente do sítio de Tróia, acaba conquistando a confiança e o respeito de todos os troianos. No livro vemos apenas o lado bom da personagem, sem as suas fraquezas e dúvidas.
Concordo que Bradley acertou a mão em “As Brumas de Avalon”, mas em “O Incêndio de Tróia” errou feio. Tenho a impressão de que a autora quis brincar com um verdadeiro símbolo da mitologia grega e infelizmente se deu mal.

07 julho 2013

10 momentos tensos de 10 livros que eu li



A Dalvinha era fod... Não tinha paciência nenhuma  na hora de ler um romance. Já atacava de cara o final do livro para saber “quem morria e quem vivia”. Somente depois de matar a sua curiosidade é que essa amiga dos tempos de universidade conseguia ter tranqüilidade para “iniciar” a sua leitura. Ler o final do livro era um ritual sagrado jamais abandonado por ela. Já o Bandeira, seu namorado, não se amarrava muito em livros. O seu forte eram os filmes de ação. E a exemplo de Dalvinha, ele também tinha uma mania bem... digamos... sui generis: se nos primeiros cinco ou dez minutos não rolassem algumas mortes, tiros, explosões, cabeças ou braços decepados, ele procedia de imediato a troca do filme em seu DVD. “- “Mano, tem que ter ação! Tem que ter movimento!”, dizia ele.
Ontem, enquanto revia um filme do Bruce Willis, lembrei-me desses dois grandes amigos que não vejo há décadas. Aliás, que saudades deles e da minha galera universitária que, literalmente, sumiram. Bem, foi pensando na Dalvinha e no Bandeira que acabei ganhando inspiração para escrever esse post.
Galera, todos os livros tem os momentos tensos. Aqueles trechos de puro clímax que impedem os leitores de pararem a leitura. Pode ser o momento que antecede o confronto entre heróis e vilões ou então o instante em que o mocinho ou mocinha está perto de descobrir alguma trama ardilosa engendrada pelos seus inimigos.
Acredito que se o Bandeira fosse um leitor inveterado, com certeza – ao contrário da Dalvinha que sempre ‘atacava’  o final de uma história – ele iria folhear o livro até localizar o ‘pega pra capar’ do enredo e depois quem sabe, abandonaria a obra, pois já teria satisfeito a sua curiosidade.
Neste post, selecionei os momentos mais tensos de dez livros que li. Momentos que confesso, sabotaram o meu jantar e o meu sono, além de contribuir para alguns atrasos em meu serviço. Nada  mais me importava; a não ser terminar a leitura desses trechos eletrizantes.
Pois bem. Vamos à eles!
01 – O primeiro encontro da agente Starling com o Dr. Hannibal Lecter (O Silêncio dos Inocentes)
O corredor, a cela do Canibal e cadeira de Starling
O trecho do livro de Thomas Harris em que a agente Clarice Starling desce um corredor lúgubre e mal iluminado que a leva diretamente onde o Dr. Lecter está encarcerado é muito angustiante. Aliás, angustiante aos extremos. “Clarice Starling encolheu-se quando a primeira das pesadas portas metálicas se fechou as suas costas com um estrondo”. Cara, é como se estivéssemos ao lado da agente do FBI que recebe a triste incumbência de entrevistar um dos maiores psicopatas que o mundo já conheceu e que se encontra encarcerado numa prisão de segurança máxima.
A cena do tão esperado encontro entre Starling e Lecter não acontece de uma hora para outra. Pelo contrário, esse momento é antecedido por uma narrativa tensa e recheada de expectativa, onde Harris aos poucos vai moldando a personalidade complexa e intrigante de Hannibal, “O Canibal”.
Dr. Shilton, diretor da prisão onde Lecter se encontra, é o responsável por criar esse clima para os leitores. Enquanto ele acompanha Starling pelo corredor da prisão, vai tecendo comentários à respeito do psicopata, fazendo uma série de recomendações à agente. Recomendações que segundo ele, poderão salvar a sua vida durante essa entrevista.
Confira só que trecho tenso da narrativa: “Então lembre-se das regras: não enfie as mãos pelas barras, nem toque nelas. Não entregue nada à ele, exceto papel macio. Nada de caneta ou lápis. Qualquer coisa só pode chegar as mãos dele pelo transportador deslizante de comida. Não aceite nada que ele tente lhe empurrar através das grades”.
Shilton ainda diz à moça que Lecter nunca sai de sua cela sem uma mordaça, além de roupas que restringem o seus movimentos. Quando ela pergunta o porque, o diretor do presídio lhe mostra a foto de uma enfermeira com o rosto todo deformado. “... os médicos conseguiram salvar um de seus olhos, mesmo assim, Lecter ainda conseguiu lhe quebrar a mandíbula para arrancar a língua”..... Arghhhhhhhhhhhh!!!
Bem... após ler esses preparativos, o leitor já está com ‘o dito cujo’ na mão, aguardando com uma tremedeira medonha, o encontro da “Bela e a Fera”.
02 – Extração de estômago, rins, fígado e isso e mais aquilo (Os Coletores)
O livro de Eric Garcia é para aquelas pessoas que tem estômagos fortes. A história que se passa no futuro, é sobre um grupo de coletores que tem a missão de retirar órgãos artificiais do corpo de pacientes inadimplentes. Explico melhor. Com o avanço da tecnologia que conseguiu romper barreiras, outrora intransponíveis, as pessoas podem ter acesso a quaisquer órgãos artificiais de que o seu corpo precise. Praticamente indestrutíveis, essas pequenas maravilhas de metal e plástico são muito mais confiáveis e eficientes do que os rins e pulmões originais sujeitos a câncer e outras doenças. Só tem um detalhe. Os fregueses da Credit Union que atrasarem as mensalidades são obrigados a devolver os órgãos transplantados. Aqueles que se negarem caem na mira dos coletores que são pagos para perseguir os caloteiros, captura-los e depois extrair os referidos órgãos que estão com a mensalidade em atraso.
Os leitores que quiserem conhecer mais detalhes da obra do Eric Garcia, bastam acessar aqui e conferir um post que escrevi sobre o livro.
Cada vez que os tais coletores inventam de extrair um órgão, olha.... a coisa é braba.... judia muito de quem lê. O autor faz questão de descrever os detalhes da extração. Arghhhhhhhhh...Ocê ta duvidando?? Então confere só o trecho do diário de um coletor e veja se não estou com a razão: “As duas primeiras extrações foram de fígados, a moleza de sempre. O serviço foi rápido e não houve necessidade de limpeza. Mas o terceiro era uma coleta de estômago e, como eu sabia que seria a maior sujeira, trouxe alguns baldes a mais, só para garantir: dois para o sangue e um” .... Cara, é melhor eu parar por aqui. Se quiserem saber como foi essa extração e muitas outras, leiam o livro do Eric Garcia, que excluindo esses excessos é muito bom. A obra tem um humor bem ferino e foi indicada ao Prêmio Philip K. Dick, para autores de ficção científica.
03 – O duelo entre Rei Artur e Mordred (Excalibur)
Já li várias histórias arturianas, mas a saga escrita por Bernard Cornwell é imbatível. Sem dúvida nenhuma, a melhor das melhores no gênero. Se você quiser conhecer um pouco mais sobre os três livros que compõem a fantástica trilogia, leia aqui, aqui e mais aqui.
Um dos momentos de maior tensão da saga – já que são muitos – é o combate final entre o Rei Artur e o vilão Mordred. A luta que acontece numa praia é de tirar o fôlego. De um lado vemos um Artur já velho e cansado e do outro, um Mordred jovem e no melhor de sua forma física, apesar do pé torto.
Esta cena final de Excalibur que fecha com chave de ouro a trilogia “As Crônicas de Artur” é de prender a respiração. Parece que estamos presenciando pessoalmente o combate entre os dois antagonistas e ouvindo o barulho das espadas se tocando. Quem conhece o estilo narrativo de Cornwell sabe que não existe ninguém melhor do que ele para descrever um combate medieval.
O trecho de “Excalibur”  é tão fantasticamente fantástico que volta e meia, retiro o livro da minha estante, somente para relê-lo. É mole?!
04 – Bullying quase mortal na piscina (Deixa Ela Entrar)
Enquanto escrevia esse post estava em dúvida quanto a dois momentos tensos do livro "Deixa Ela Entrar" de John Ajvide Lindqvist: o bullying do qual Oskar é vítima na piscina da escola ou o pacto de sangue que o garoto propõe à Eli. No final acabei escolhendo os momentos de sufoco que Oskar passou nas mãos de uma gang comandada por Jimmy, um marginal metido a valentão e irmão de um dos desafetos de Oskar.
A crueldade do grupo fica evidente quando eles obrigam o garoto a ficar submerso na piscina durante cinco minutos. Se ele conseguir essa façanha, ganha apenas uma cicatriz no rosto provocada pela faca de Jimmy. Agora se a pobre vítima pedir arrego antes dos cinco minutos, tem um dos olhos furados pela gang.
Cara! Os momentos de tensão vividos por Oskar fazem com que o leitor não tenha forças para largar a leitura. Ficamos torcendo para que ele consiga se safar daquela situação complicada. Olha, mais do que nunca, torci como um louco em desespero para que Eli – a amiga vampira de Oskar – surgisse do nada para salvar o menino e trucidar aquele bando de marginais.
Etcha trechinho angustiante que judiou do menino aqui!!
05 – Criaturas horripilantes no nevoeiro (O Nevoeiro)
“O Nevoeiro” de Stephen King, que abre o livro de contos “Tripulação de Esqueletos” é ‘truck pesado’, mas daqueles trucões que afunda o asfalto. Deus me livre! Êta continho angustiante; medonho (no bom sentido) até a última gota. Lembro que li essa história de madrugada, no meu serviço. Enquanto aguardava a liberação do sinal de satélite para despachar uma reportagem que já estava pronta, decidi ‘sacar’ o livro da mochila e matar o tempo, lendo um conto. O escolhido foi “O Nevoeiro”. Bem, prá variar, o menino aqui estava sozinho na empresa. Não tinha uma alma viva por lá. Parte da equipe só chegava depois de uma hora.
Cara! Que cagaço! O conto é angustiante aos extremos. A história de um nevoeiro que surge misteriosamente ‘engolindo’ uma pequena cidade e trazendo junto consigo criaturas estranhas e monstruosas é terror de primeira qualidade. O conto centra-se num grupo de pessoas presa no interior de um supermercado e que fica dividido entre aqueles que querem sair para investigar o que está acontecendo e aqueles que preferem ficar escondidos no local aguardando a chegada de socorro.
O momento mais cruel da história de King é o ataque de uma lula gigante que vive escondida nas profundezas do nevoeiro.Ai! Ai! Ai! Sente só: “Um tentáculo rastejou da orla oposta da plataforma cimentada do descarregamento e agarrou Norm em volta da barriga... havia filas de ventosas no lado de baixo, movendo-se e encolhendo como centenas de pequeninas bocas enrugadas”... My God! Vou parar por aqui! Quero lembrar mais disso não!
Mêo! Sabe o que é agüentar o ataque dessa criatura asquerosa por mais de duas páginas?! Sabe o que é suportar o King detalhar esse ataque de uma maneira que só ele sabe?
Pois é... é isso aí.
06 – O ataque da lula gigante ao submergível com um grupo de cientistas (A Besta)
Com certeza, muitos de vocês que conseguiram chegar até aqui estão pensando que sou um  P... de um masoquista. E ainda tarado por lulas gigantes! Ehehehehe....
Mas brincadeiras à parte; olha galera, a tal da besta do livro de Peter Benchley é assombrosa. A forma como Benchley descreve o monstro das profundezas oceânicas é incomparável. Durante a sua descrição, ele vai acrescentando, aos poucos, detalhes apavorantes do animal.
Quando alguns cientistas resolvem caçar a lula num submergível, já começamos a imaginar o pior para todo o grupo.
Os momentos que antecedem a entrada do submersível no mar são angustiantes porque já pressentimos, de antemão, que a tripulação será morta pelo monstro.
O ataque da lula ao submersível é foda! Desculpe-me pelo palavrão, mas ele cabe muito bem à situação. O monstro marinho, primeiramente estuda o estranho objeto que se encontra nas profundezas do oceano e depois Grinchhh! Creekkk! Massacra e abre a engenhoca como se fosse uma lata de sardinha. Costumo dizer que Benchley descreve esse ataque de uma maneira sádica, relatando em detalhes o pavor de toda a tripulação que já se considera condenada. Olha gente, a coisa é braba! Aliás, o livro "A Besta" é brabo (no bom sentido).
07  – A vingança de um fantasma demoníaco (A Corrente – Passe Adiante)
Meu amigo, "A Corrente - Passe Adiante", do Estevão Ribeiro é para aqueles cabras da peste que não tem medo de nada;  mas aqueles cabras machos, encasquetados, marrentos e destemidos. E olha que mesmo assim, alguns ainda vão molhar as calças quando conhecerem a personagem Bruna desenvolvida pelo autor. Caraca! E depois ainda tem gente descarada que afirma que brasileiro não sabe escrever livros de terror!!
Bruna é um fantasma demoníaco que sente prazer em matar as suas vítimas da maneira mais cruel possível. Ela vive dentro dos computadores e juro que após ler o livro fiquei com receio de ligar o meu PC e principalmente verificar as minhas mensagens eletrônicas, temendo encontrar alguma daquelas famigeradas correntes.
Bruna tem o hábito de enviar uma corrente maligna nos e-mails de suas vítimas. Aqueles que se negam a passar a passar a mensagem maldita, morrem, além de ficarem amaldiçoados, já os que passam acabam condenando outras pessoas. Enquanto a corrente não for quebrada, o fantasma demoníaco de Bruna sempre continuará ativo e atormentando outras pessoas.
Um dos trechos mais impactantes do romance de Ribeiro e que mantém o leitor acesso é o capítulo final quando Lídia, a namorada de Roberto, personagem principal do romance, fica no dilema se passa ou não a corrente. Vale lembrar que ela é a última das sete pessoas que receberam a mensagem enviada pelo seu próprio namorado. Ao descobrir a furada que deu, Roberta tenta de todas as formas salvar a vida de Lídia, mas as possibilidades são mínimas. Esta corrida de Roberto em busca de uma solução para evitar a morte da namorada e ao mesmo tempo mandar para o inferno o fantasma demoníaco de Bruna, realmente prende o leitor. É como se estivéssemos dentro da história, juntos com os personagens.
08 – Bourne contra Bourne (A Supremacia Bourne)
Quando comecei a ler o segundo volume da chamada “Trilogia Bourne”, escrita por Robert Ludlum, fiquei ansioso pela chegada do momento em que Jason Bourne enfrentaria Jason Bourne. Explico melhor, na história de Ludlum, um impostor que se passa pelo Bourne verdadeiro pretende desencadear um conflito entre os Estados Unidos e a China. O clima fica tenso quando um conhecido diplomata chinês é assassinado pelo falso Bourne. Agora a missão do verdadeiro agente é encontrar o impostor antes que o conflito dentre americanos e chineses acabe desencadeando uma guerra.
O falso Bourne tem habilidades semelhantes ao verdadeiro, já que recebeu treinamento semelhante. Este ‘mote’ criado por Ludlum cria uma expectativa enorme no leitor que não vê a hora do confronto entre os dois ‘Bournes’. Cara! Lembro que na época em que li o livro fui engolindo as páginas num verdadeiro frenesi. Não via a hora em que chagasse o tal ‘enfrentamento’ entre os dois agentes: o original e o falsificado. Quem levaria a melhor? Jason Bourne encontraria alguma dificuldade para eliminar o seu rival? Quem estaria por detrás desse plano?
Expectativas, expectativas e mais expectativas... Leiam o livro e depois me contem.
09 – A luta final entre Harry Potter e Lord Voldemort (Harry Potter e As Relíquias da Morte)
Este embate foi de tirar o fôlego! Do tipo “agarro o livro e só largo quando terminar”. E foi assim que fiz no momento em que Harry decidiu encarar de frente o rei dos bruxos, o maléfico e traiçoeiro Lord Voldemort.
Acredito que a expectativa em torno do confronto dos dois personagens principais do mundo bruxo deveu-se, em grande parte, aos comentários de que Harry Potter morreria no final da história. Isto fez com que todos os fãs do personagem passassem a contar nos dedos os dias que restavam para o lançamento do livro.
O duelo de Potter com Voldemort foi de “fechar o comércio” - como costuma dizer o Kid Tourão – de fato, eletrizante. O aprendiz de blogueiro aqui, não piscava de jeito nenhum. E quando Potter caiu durinho no meio da selva fulminado por um feitiço de Voldemort... pensei comigo: - “Já era!” Ledo engano, o menino bruxo voltou e... Chega vai! Senão vou acabar contando o final do livro e estragando a surpresa daqueles que ainda não leram a saga de J.K. Rowling..
10 – O ataque da vespa (Micro)
Ecaaaa!! Por causa desse post, terei de ‘rebuscar’ em minha mente uma lembrança que vinha tentando enterrar de maneira definitiva: o ataque de uma vespa em um cientista. Ok.... Ok... Esta cena não seria motivo de espanto se o pobre do pesquisador não tivesse passado por um processo de miniaturização e encolhido, ficando menor do que um grão de areia.
No bestseller “Micro”, de Michael Crichton e Richard Preston, um grupo de entomologistas, após terem o seu tamanho reduzido, vão parar numa floresta tropical, ficando a mercê de perigosos insetos e outros ‘bichinhos’, outrora tão inofensivos, agora, letais.
O ataque da vespa que após imobilizar, com o seu veneno, um incauto cientista, o arrasta para o seu ninho, é de estremecer a coragem do mais durão dos leitores. A intenção do inseto é alimentar as suas larvas. Então, uma colega da pobre vítima, munida de toda a coragem que lhe resta, decide invadir o ninho da vespa e salvar o rapaz que está perto de virar comida de larva. Neste momento é impossível abandonar a leitura. Simplesmente não dá...
Taí galera! Realmente, momentos tensos que eu li!!

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