30 outubro 2011

O Fã Clube

Fez, pisou e sentou em cima. Com certeza essa é a definição que caberia melhor para a “brilhante” idéia do escritor Irving Wallace em escrever um romance como o “O Fã Clube”, publicado em 1974.
Não faz o meu gênero ficar “descendo o pau” em obras literárias, afinal de contas, escrever um livro não é fácil, demanda pesquisas e mais pesquisas, viagens para outros países ou regiões distantes, manter contato com culturas diferentes, sem contar as horas de sono perdidas. No final, o livro é tratado como um filho para o escritor. Por tudo isso, prefiro elogiar ao invés de criticar. Já deu pra você perceber aqui no blog, né? Na maioria dos meus posts, procuro comentar obras que li e gostei. Entendo que é duro uma pessoa gastar grande parte de sua vida num trabalho e depois ver a sua obra ser massacrada. Mas no caso do livro de Irving Wallace não tem como fugir ou pelo menos mascarar a crítica. “O Fã Clube” é repugnante. Uma obra verdadeiramente asquerosa. Imagine uma mulher famosa sendo seqüestrada por quatro homens que a mantém como sua escrava sexual. A pobre vítima fica presa num quarto, onde passa a ser estuprada com freqüência. Pronto! Esta é a essência do romance escrito por Wallace.
Vou ser mais detalhista: o livro conta a história fictícia de uma famosa atriz de Hollywood chamada Sharon Fields, conhecida como a “Deusa do Sexo” por causa de sua grande sensualidade. Quando aparece em seus filmes, a loira estonteante e de corpo escultural é capaz de levar os seus fãs à loucura. Ela é a estrela de cinema mais comentada do momento e alvo da imprensa em todo o mundo.
Ao vê-la na TV, quatro amigos resolvem tornar realidade o mais impossível e arriscado dos sonhos: ter a “Deusa do Sexo” inteira só para eles e mais ninguém. Então, os quatro aventureiros elaboram um plano para seqüestrar a atriz nas proximidades de sua mansão. A ação acaba dando certo mais pela segurança falha de Sharon Fields do que pelos méritos dos seqüestradores. A partir daí começa o drama da pobre moça. Em resumo, esse é o enredo do livro de Wallace.
O autor mescla os momentos de sodomização praticados pelos algozes da atriz com os trabalhos de investigação da polícia que tenta encontrar as pistas do esconderijo para onde a vítima foi levada. Os investigadores só ficam sabendo quem é o líder dos seqüestradores perto do final do romance. Posso garantir que nas 527 páginas de “O Fã Clube”, Wallace se preocupou quase exclusivamente em mostrar os momentos de perversão sexual praticados contra Sharon. E quando digo perversões, ainda estou sendo bem ameno, porque os quatro torturadores da atriz revelam o lado mais sórdido de suas personalidades, obrigando-a a fazer coisas doentias.
No início, Sharon chora, tenta se matar, se humilha, esperneia, etc; mas quando vê que nada disso resolve e após sofrer as mais terríveis humilhações por parte dos seus quatro verdugos, ela decide entrar no jogo, ou seja, se transformar em sua famosa personagem do cinema. Assim, ela usa a sua sensualidade para instigar os quatro homens, jogando uns contra os outros. O leitor percebe que Sharon Fields faz de tudo para controlar  o asco de manter relações sexuais e fingir que sente prazer com homens que a torturam sem piedade, tratando-a como um verdadeiro animal. Mas para ela, a liberdade vale qualquer preço... até esse que resolve pagar.
O interessante nisso tudo, é que Sharon Fields não tem nada do personagem que representa nos cinemas. Na realidade é uma mulher, até certo ponto, recatada e com relacionamentos estáveis. Ela só se transforma quando veste a pele de sua personagem atrás das câmaras.
Acredito que se não fosse o exagero na descrição das cenas de sodomia, fazendo jus aquele ditado: em termos de sexo vale tudo, o livro “O Fã Clube” até que poderia ser classificado como uma obra razoável. O filme de Chris Columbs, “Uma Noite com o Rei do Rock” (1988) – guardada as devidas diferenças – é uma prova cabal disso. Neste filme, um garoto resolve ajudar sua mãe a realizar seu grande sonho: conhecer Elvis Presley. Então, ele pega o cadillac cor-de-rosa dela, arquiteta um plano com os seus amigos,  e rapta o rei do rock, para que sua mãe o veja de perto. No início, Elvis fica P. da vida, demonstrando toda a sua arrogância, mas depois vai se transformando porque descobre que esse lado mais simples da vida, longe de pessoas influentes e do estresse dos palcos, é na realidade o que sempre quis viver. O filme foi um grande sucesso em sua década. Perceberam como o enredo de Columbus tem alguma coisa parecida com o de Wallace.
Mas infelizmente, o escritor de “O Fã Clube” transformou a sua obra numa leitura pesada e repugnante.
Li esse livro há muitos anos atrás, influenciado por outra obra de Wallace: “Os Sete Minutos”, esta sim, um verdadeiro clássico da literatura mundial; um dos melhores livros que li em toda a minha vida e que brevemente estarei comentando por aqui. Mas , ao contrário de “Os Sete Minutos”, Wallace errou a mão – e feio – em “O Fã Clube”.

28 outubro 2011

A Tormenta: A história real de uma luta de homens contra o mar

Se você esta louco para  ler “A Tormenta: A história real de uma luta de homens contra o mar” pensando se tratar de um livro que aborde apenas o drama dos tripulantes do barco de pesca Andrea Gail que naufragou na costa da Nova Escócia, após enfrentar uma violenta tempestade com ondas de mais de 30 metros, esqueça. O livro do jornalista Sebastian Junger é muito mais do que isso. A história do naufrágio do Andrea Gail ocupa uma boa parte da obra, mas não toda ela. “A Tormenta”, como o próprio título aponta, é a história de vários homens e mulheres que em outubro de 1991 enfrentaram uma tempestade criada por uma combinação de fatores que os meteorologistas a consideraram a “tempestade perfeita” ou a “tempestade do século”. A tormenta atingiu várias cidades de Massachusetts, mas a pior parte ficou reservada para os pescadores de espadarte do porto de Gloucester, principalmente aqueles que no momento do fenômeno se encontravam com os seus barcos em alto mar. É a história desses heróis e heroínas que Junger oferece – num cardápio de primeira – para os seus leitores. Neste contexto, o drama dos pescadores acaba se fundindo com a história dos paraquedistas de resgate, conhecidos por PRs, que muitas vezes são obrigados a driblar o terror de enfrentar ondas da altura de um edifício de 10 andares para poderem salvar vidas que estão por um fio no mar bravio.
Posso garantir que a partir do momento que você embarca nessa aventura jornalística não há como parar. Nem mesmo algumas explicações técnicas e cansativas sobre como se formam as grandes tempestades conseguem quebrar o ritmo da obra.
Junger inicia “A Tormenta: A história real de uma luta de homens contra o mar” nos apresentando a tripulação do Andrea Gail. Mais do que mostrar algumas características desses pescadores, o autor brinda os seus leitores com a rotina do dia a dia desses homens que entraram para a história de Gloucester. Passamos a conhecer Bobby Shatford, o rebelde com espírito de criança que mesmo tendo um pressentimento “agourento” com relação a viagem em alto mar, resolve encarar o desafio porque precisa do dinheiro para pagar os valores em atraso da pensão que deve para a sua ex-mulher. Só assim, ele poderá recomeçar a sua vida ao lado de Chris Cotton, o verdadeiro amor de sua vida. Um dos momentos mais emocionantes do livro é quando Bobby, antes do embarque no Andrea Gail começa a chorar no ombro de Chris dizendo que está fazendo aquela viagem por eles, mas que tem o pressentimento de que não tornará à vê-la nunca mais.
O gigante Murph, que apesar de suas maneiras rudes, quando vê o filho se transforma na maior das crianças, sendo capaz de atender qualquer pedido do garoto.
O tranqüilo e pragmático capitão do Andrea Gail, Billy Tyne que não acredita nas crendices naturais dos pescadores de Gloucester e trata a pesca profissional sem nenhum resquício de superstição.
À Bobby, Murph e Tyne somam-se os outros tripulantes do barco pesqueiro: Pierre, Moran e Kosco. Todos eles com personalidades distintas, mas com um pensamento em comum: conseguir muito dinheiro com a pesca de espadarte nesses 30 dias em que ficarão em alto mar.
Cena do filme "Mar em Fúria"
Ainda fazendo parte do núcleo da história relacionado ao Andrea Gail ficamos conhecendo o dono do barco, Bob Brown, empresário egoísta que só pensa em ganhar cada vez mais dinheiro à custa dos pescadores, dos quais faz questão de explorar até  a última gota. Brown prefere deixar de implantar melhorias no Andrea Gail, o que deixaria o barco mais seguro e menos propenso a acidentes, para embolsar o dinheiro pensando apenas em engrossar cada vez mais os seus lucros.
As mulheres também aparecem com destaque, como é o caso de Ethel, mãe de Bobby e também considerada a “mãezona” e conselheira de todos os pescadores de Gloucester; e Chris, amante de Bobby Shatford, mulher que não perde as esperanças de reencontrar o seu amado, mesmo após o desaparecimento do barco pesqueiro.
Sebastian Junger reconstitui através de depoimentos de outros pescadores, capitães de barco, familiares das vítimas e  especialistas em navegação marítima, os últimos momentos da tripulação do Andrea Gail quando eles enfrentaram o “olho” da “tempestade perfeita”. A narrativa de Junger é tão espontânea que ele consegue transportar o leitor para o suposto clima enfrentado pelos seis bravos pescadores. É como se estivéssemos no mesmo barco daqueles homens, lutando com ondas do tamanho de edifícios arranha-céus.
O livro apresenta várias hipóteses que podem ter contribuído para o naufrágio do Andréa Gail, desde falta de equipamentos de segurança até a infelicidade do capitão do barco ter apanhado acidentalmente a crista de uma onda gigante e assim, ter ficado sem “chão”, como os marinheiros costumam dizer. Mas nada se iguala a descrição do terror que os seis tripulantes devem ter sentido na eminência do naufrágio. Imagine você num barco pesqueiro, de madrugada, em completa escuridão, enfrentando ondas tão grandes que chegavam a cobrir as estrelas do céu! E mais, sabendo que o naufrágio de sua embarcação seria apenas uma questão de minutos. Pois é, muito provavelmente foi assim que aqueles seis bravos pescadores se sentiram em 27 de outubro de 1991. Junger vai fundo demais, chegando ao ponto de descrever como teria sido a morte por afogamento de Tyne, Shatford, Murph, Moran, Pierre e Kosco. Quando li essa parte de “A Tormenta”, juro que fiquei prá baixo, completamente “down”. Por isso, você que pretende encarar “A Tormenta” prepara-se para esse capítulo, pois vai precisar de muito sangue frio.
Sebastian Junger
Deixando agora de lado o Andrea Gail, vamos nos apegar a um outro núcleo do livro de Junger: os outros barcos que também enfrentaram a “tempestade do século” em alto mar. Junger conta como foi o “trabalho de leão” da tripulação e dos capitães dos barcos Hanna Boden, O Mary T,  Eishin Maru e Satori que lutaram contra a mesma tempestade que levou a pique o Andrea Gail, mas com a sorte de não terem dado de frente com o olho da tormenta. O ponto alto desse capítulo é a curiosa história do barco Satori que tinha apenas três tripulantes: um homem (capitão) e duas mulheres. No momento em que o “calo apertou” e o barco estava próximo de ir à pique quem assumiu o comando foram as mulheres, já que o capitão literalmente travou – física e mentalmente – no momento em que viu ondas com mais de 20 metros. Foi graças a coragem de Sue e Karen Stimson que tanto elas quanto o medroso capitão Leonard conseguiram se salvar do afogamento.
Em “A Tormenta”, Junger descreve ainda com riqueza de detalhes o trabalho de salvamento das tripulações dos barcos atingidos pela “tempestade do século”.  Ao tomar conhecimento que há barcos em alto mar correndo risco de naufragar, a Guarda Aérea Americana envia os seus modernos helicópteros de salvamento com paraquedistas de resgate, além de um jato Falcon. Por sua vez, a Guarda Costeira envia escunas e navios especializados em salvamento em situações críticas.
O livro descreve em profusão de detalhes a ação dos paraquedistas de resgate, homens da força de elite da Guarda Aérea Americana, capazes de pular da crista de uma onda com mais de 30 metros de altura para executar um salvamento em mar revolto. Junger conta como é a seleção e o treinamento desses nadadores de elite, como por exemplo, a obrigação – em determinada etapa do curso – do recruta ser amarrado nas pás de pouso de um helicóptero, com os olhos vendados, enquanto a aeronave amerissa no mar. Aqueles que conseguirem se soltar das cordas que os prendem ao protótipo de um helicóptero, antes de se afogarem, passam para a próxima fase do curso.
Portanto, como vocês puderam perceber,  “A Tormenta: A história real de uma luta de homens contra o mar’ não se resume apenas ao relato do naufrágio do Andrea Gail, mas sim a um contexto muito maior. É um relato de coragem e heroísmo de seres humanos que foram obrigados a vencer os seus mais terríveis medos para sobreviverem à fúria do mar. Culpa da “tempestade do século”.
Ah! Antes que me esqueça; em 2000, a Warner Bros comprou os direitos do livro de Junger para transformá-lo em filme. Nascia assim: “Mar em Fúria”, do diretor alemão Wolfgang Petersen. George Clooney viveu o capitão do Andrea Gail, Billy Tyne; Mark Wahlberg foi o rebelde e ao mesmo tempo sensível, Bobby Shatford e Diane Lane interpretou Chris Cotton. O filme não foi muito bem recebido pela crítica, mas mesmo assim, teve um sucesso razoável nas salas exibidoras. Mas cá entre nós: esqueça o filme; o livro é muito melhor.

22 outubro 2011

10 livros que serão adaptados para o cinema com garantia de sucesso

Quase sempre digo para os meus amigos: “O que seria do cinema se não fossem os livros!”. A quantidade de roteiros adaptados das páginas para as telonas supera de maneira assustadora os roteiros originais, ou seja, aquelas histórias que saem direto da cabeça de pessoas contratadas pelos grandes estúdios para criar enredos.
Não seria exagero se afirmasse que de cada 10 filmes, pelo menos sete são baseados em livros. E acredite se quiser: há casos de obras literárias que nem sequer foram lançadas e que já tiveram os direitos de filmagem adquiridos pelos produtores hollywoodianos.
No post de hoje, cito dez livros de grande sucesso que já estão confirmados para invadir os cinemas a partir de 2012. Vamos lá!
01 – “Zorro: Começa a lenda” (Isabel Allende)
O livro que Isabel Allende escreveu em 2005 detalhando os “primórdios” do herói mascarado será levado às telas dos cinemas, iniciando assim, uma nova franquia do Zorro. Aliás, está na moda esse lance de criar franquias novas em cima de franquias velhas. Que o diga J.J. Abrams, Christopher Nolan e Marc Webb, respectivamente, os mentores de Star Treek, Batman e Homem Aranha.
O livro de Allende é dividido em seis partes, cada uma contando um período diferente da vida do herói. Esqueça o enredo cheio de ação e duelos de esgrima criado pelo “pai do Zorro”, o escritor Johnston McCulley que escreveu o mega sucesso “A Maldição de Capistrano”, em 1919 e que posteriormente – numa nova edição – viria a se chamar “A Marca do Zorro”.
Sai a aventura e entra as origens do justiceiro mascarado. Isto não significa que o romance de Allende é desprovido de emoção. Zorro até chega a enfrentar alguns adversários na ponta da espada, mas 90% do enredo opta por explicar a origem do mito.
Como já disse num post sobre o livro; Isabel Allende esclarece todas essas dúvidas sobre Don Diego de la Vega e o seu alter ego. Posso afirmar com convicção que Allende deu um passado ao Zorro.
Os seis capítulos do livro apresentarão aos leitores a infância e a adolescencia de Don Diego, além de explicar em detalhes que levou o jovem fidalgo a usar uma máscara para combater os malfeitores de sua época. Allende diz ainda tim tim por tim como Don Diego se tornou um mestre da esgrima. Ah! Antes que me esqueça, não leve em consideração o primeiro filme de Antônio Banderas e Anthony Hopkins que, em sua introdução, descreve aos trancos e barrancos a infância do herói.
Os direitos de filmagens da obra de Allende foram adquiridos pela Sony Pictures. Ainda não há diretor, nem atores definidos.
02 – O Pacto (Joe Hill)
Capa americana de "O Pacto"

Joe Hill, filho do mestre do terror Stephen King, terá duas de suas obras adaptadas para o cinema, provando que o seu talento de escritor tem algo a ver com genética. Apesar de jovem e com um estilo completamente diferente do pai, Hill escreve tão bem quanto o “Mestre King”. Enquanto King, procura criar aos poucos um clima para as suas histórias, fazendo o medo ir crescendo gradativamente em seus leitores; com Hill o negócio é direto e reto. Percebi essa característica no livro “Estrada da Noite”, onde logo de cara, o vilão Craddock Mc Dermott já começou a aprontar das suas, transformando a vida do roqueiro Judas Coyne, que também não é flor que se cheire, num verdadeiro inferno. Mas vou deixar para escrever sobre “Estrada da Noite” mais adiante. O assunto predominante agora é “O Pacto”, um outro livro de Hill que também será adaptado para o cinema. Digo também, porque “Estrada da Noite” é outra obra confirmada para invadir as telas em 2012.
Shia LaBeouf confirmado como protagonista
de "O Pacto"

Ainda não tive a oportunidade de ler “O Pacto”, mas de acordo com a resenha publicada pela Editora Sextante, trata-se da história de Ignatius Perrish que sempre foi considerado um homem bom. Ele tinha uma família unida e privilegiada, um irmão que era seu grande companheiro, um amigo inseparável e, muito cedo, conheceu Merrin, o amor de sua vida. Até que uma tragédia põe fim a toda essa felicidade: Merrin é estuprada e morta e ele passa a ser o principal suspeito. Embora não haja evidências que o incrimine, também não há nada que prove sua inocência. Todos na cidade acreditam que ele é um monstro. Um ano depois, Ignatius, ou Ig, acorda de uma bebedeira com uma dor de cabeça infernal e chifres crescendo em suas têmporas. Descobre também algo assustador: ao vê-lo, as pessoas não reagem com espanto e horror, como seria de esperar.
Em vez disso, entram numa espécie de transe e revelam seus pecados mais inconfessáveis. Um médico, o padre, seus pais e até sua querida avó, ninguém está imune a Ig. E todos estão contra ele. Porém, a mais dolorosa das confissões é a de seu irmão, que sempre soube quem era o assassino de Merrin, mas não podia contar a verdade. Até agora. Sozinho, sem ter aonde ir ou a quem recorrer, Ig vai descobrir que, quando as pessoas que você ama lhe viram as costas e sua vida se torna um inferno, ser o diabo não é tão mau assim.
Shia LaBeouf, o astro da franquia Transformers já foi confirmado para viver o personagem Ignatius Perrish. Ele também será um dos produtores do filme ao lado do próprio Joe Hill. O roteirista será Keith Bunin (série Em Terapia). Só falta agora definir o elenco de apoio e o diretor.
03 – A Estrada da Noite (Joe Hill)
Escritor Joe Hill

Cara! Só em me lembrar do tal Craddock  já me borro inteiro. Não tenho vergonha de dizer que esse “velhinho do cão” foi um dos personagens da literatura de terror que mais me assustou. Como li o livro à noite, não arriscava me levantar durante a madrugada. Ah! Mais uma coisa; sempre tive o hábito de olhar embaixo da cama antes de dormir (rsss). Aprendi com mamãe (mais rsssss). E quem disse que depois da leitura, eu me arriscava espiar embaixo da caminha? Por aí já deu prá ver como aquele horrível “véinho” – parecido com o pastor diabólico do filme Poltergeist – mexeu comigo.
E tudo indica que o tal Craddock Mc Dermott juntamente com a sua vítima preferida, o roqueiro Judas Coyne, do qual atazana a vida, devem mesmo chegar às telonas. Pois é, depois de assustar milhares de leitores, chegou a vez da obra de Joe Hill ser transposta para a sétima arte e provocar uma onda de calafrios numa multidão de cinéfilos. 
Capa original do livro "A Estrada da Noite"

Estou hiper curioso para saber quem interpretará o personagem Judas Coyne, uma lenda do rock, que tem a mania de colecionar objetos macabros. Faz parte da sua coleção, objetos dos mais esquisitos: uma confissão de uma bruxa feita há 300 anos atrás; um laço usado num enforcamento, uma fita com cenas reais de assassinatos, e por aí afora. Então, um dia, ele fica sabendo através da internet que uma mulher pretende vender um terno mal assombrado. Coyne não pensa duas vezes e acaba comprando o objeto mórbido. A partir daí começa o seu drama porque o fantasma (Craddock) que veio como brinde no paletó não entrou em sua vida por acaso. Ele foi o padrasto de uma fã do roqueiro que cometeu suicídio após ser rejeitada pelo cantor. Agora, Craddock está sedento de ódio e quer se vingar daquele que foi o responsável pela morte da enteada. Acredito que para interpretar Judas Coyne, o diretor Neil Jordan (Entrevista com o Vampiro) – já definido para comandar as filmagens – terá de escolher um ator experiente na interpretação de papéis trágicos, mas que também tenha uma veia cômica. Quanto a Craddock, tomara que escolham um ator de carne e osso e não a tão famigerada computação gráfica.
04 – A Dança da Morte (Stephen King)
Com certeza em 2012, a família King vai faturar horrores no cinema. Joe Hill, o filho do mestre, já tem garantidos os dólares da venda dos direitos de filmagens de duas de suas obras (O Pacto e A Estrada da Noite); enquanto que o pai, Stephen King já confirmou que o seu livro “A Dança da Morte” vai mesmo para as telonas; Stephen, estará envolvidos no projeto, provavelmente como produtor.
A confirmação da compra dos direitos da adaptação cinematográfica de “A Dança da Morte” pela Warner Bross e a CBS Films ameniza, de certo modo, a decepção da grande legião de fãs do mestre do terror que estava aguardando ansiosamente o início das filmagens de “A Torre Negra”. Convém lembrar que o projeto “A Torre Negra”, baseado em mais uma obra de King, que envolvia a realização de três filmes e duas minisséries de TV, foi cancelado devido aos valores incomensuráveis envolvidos.
“A Dança da Morte” deve invadir os cinemas no final de 2012 sob a direção de David Yates e roteirização de Steve Kloves, a mesma dupla responsável pelo sucesso de Harry Potter e As Relíquias da Morte, Partes I e II.
O livro de Setphen King foi lançado originalmente em 1978 e depois, relançado em 1990 com a inclusão de novos elementos, chegando a um total de 944 páginas.
Na história, um vírus letal escapa, acidentalmente, de um laboratório militar e dizima cerca de 80 por cento da população mundial. Sobram dois grupos de sobreviventes que optam por seguir caminhos diferentes: um deles tem como líder o vilão Randall Flagg, um homem misterioso e demoníaco que quer reconstruir o mundo a sua imagem sombria, e o outro segue Mãe Abgail, uma mulher negra que se transforma na grande líder do grupo. A disputa entre os integrantes dos dois bandos é uma preliminar para o enfrentamento entre o bem e o mal, representados na obra por Mãe Abgail e Randall Flagg, respectivamente.
A Warner e a CBS Films ainda não sabe se transforma “A Dança da Morte” em longa metragem ou trilogia. Quanto a atores e direção, mesmo a produção cinematográfica sendo prometida para 2012, não há nada definido, nem mesmo boatos sobre alguns prováveis nomes.
05 – Viagem Fantástica (Isaac Asimov)
Cena de Viagem Fantástica de 1966

Já escrevi em um post anterior como esse filme foi importante para mim. Foi através de “Viagem Fantástica” que o gênero ficção científica entrou em minha vida. Isso a partir dos meus 10 anos! Confesso que a estonteante Raquel Welch, considerada um símbolo sexual em 1966 – data de lançamento do filme nos cinemas – teve a sua parcela de culpa para que eu me apaixonasse, ainda criança, por esse gênero de filme. Ela viveu a personagem Cora Peterson, assistente do Dr. Peter Duval, vivido pelo excelente ator Arthur Kennedy. No enredo, ela acaba se apaixonando pelo personagem de Stephen Boyd (Dr. Grant).
A estonteante (na época), Raquel Welch,
na pele da personagem Cora Petersen

Algo que poucas pessoas conhecem é que o livro “Viagem Fantástica”, escrito pelo famoso autor Isaac Asimov, foi praticamente uma cópia do roteiro da produção cinematográfica de Richard Fletcher. E eu que acreditava ter acontecido o inverso! Pensar que Asimov – considerado um dos mestres da escrita de ficção científica – concordasse escrever, um dia, uma história que não tivesse saído de sua brilhante cabeça é demais para os meus conceitos. Mas esse detalhe, que mais se parece com uma daquelas teorias conspiratórias, de fato, aconteceu.
Tanto no livro quanto no filme, cujas histórias são semelhantes, uma equipe de cientistas é miniaturizada e injetada em uma viagem submarina através do corpo humano em direção ao cérebro para a realização de uma delicada cirurgia. Eles tem como missão destruir um coágulo no cérebro de um político que guarda uma informação valiosa para os Estados Unidos... mas para revelar esse segredo, obviamente, ele tem que estar vivo. Por isso o grupo de corajosos cientistas se encolhe ao tamanho de uma bactéria para tentar operar o tumor do lado de dentro da cabeça.
Duas cenas antológicas que ficaram marcadas em minha mente: a primeira delas envolve a personagem de Raquel Welch que é atacada por várias células do sistema imunológico do paciente que grudam em seu corpo para devorá-la. A outra cena do filme de 1966, também impressionante, é a morte de um dos conceituados cientistas que tenta fugir com o submarino, sozinho, abandonando toda a tribulação dentro do corpo humano do político. Quando tenta ir embora, ele e o submergível são literalmente engolidos por leucócitos que são células do sistema linfático que asseguram a defesa do organismo contra micróbios e corpos estranhos – faz muito tempo que assisti ao filme, mas até hoje, essas cenas me marcaram muito.
Capa original do livro de Isaac Asimov
lançado no mesmo ano do filme (1966)

Só espero que elas não sejam podadas na nova versão de “Viagem Fantástica”
Três diretores disputavam o direito de dirigir o remake: Paul Greengrass (“A Identidade Bourne”), Louis Leterrir (“Fúria de Titãs) e Shawn Levy (“Uma Noite no Museu”). Eu disse “disputavam”, porque com as desistências de Greengrass  e Leterrir, tudo indica que a cadeira de diretor será mesmo assumida por Levy. O ator preferido do diretor para assumir o papel principal de “Viagem Fantástica”, que em 1966 foi vivido por Stephen Boyd, seria” Hugh Jackman, que por sua vez, acabou pedindo para ser dispensado do projeto já que estaria envolvido com as filmagens da sequencia de “Wolverine”, que à exemplo de “Viagem Fantástica”caminha a passos de tartaruga. A segunda opção natural de Levy é o ator Will Smith. Segundo informações de tablóides britânicos, se Wil Smith recusar o convite, Levy também desistiria de dirigir o remake. Dessa forma, sem um diretor e um ator de peso, uma nova versão de “Viagem Fantástica”, considerada o “bam-bam-bam” dos filmes de ficção científica correria o risco de ser engavetado. Que pena! Vamos torcer para que Will Smith aceite o convite.
06 – O Símbolo Perdido (Dawn Brown)
Me diz uma coisa... Você achava que após os dois mega-sucessos: “O Código da Vinci” e “Anjos e Demônios”, Hollywood iria deixar passar em branco a adaptação de uma nova obra de Dawn Brown? Ainda mais, uma que explorasse os mistérios da “Maçonaria”? Pois é, e não deu outra. “O Símbolo Perdido” vai mesmo sair das páginas para as telas dos cinemas. Prova disso é que a Sony Pictures já encontrou um diretor para comandar as filmagens da nova aventura do professor de simbologia Robert Landgon. Trata-se de Mark Romanek (“Não Me Abandone Jamais”). Ele irá substituir Ron Howard que dirigiu os dois filmes baseados em livros de Dan Brown.
A boa notícia para os fãs do escritor de “O Código da Vinci”é que o próprio Dan Brown estaria escrevendo a adaptação de sua obra para o cinema. Quer outra boa notícia? Ok, vamos lá. Tom Hanks também já teria acertado para voltar a viver o famoso professor de simbologia Robert Landgon. A Sony Pictures pretende estrear o filme em 2013.
Li o livro de Dawn Borwn e gostei, mas é o tipo da obra passatempo, leia-me e esqueça-me. Não compre o livro pensando que irá desvendar segredos e mais segredos sobre a maçonaria. O que é revelado já é do conhecimento de todos.
Em “O Símbolo Perdido”, Robert Landgon é convidado por um velho amigo maçon chamado Peter Solomon para dar uma palestra no Capitólio, em Washington. Ao chegar à capital descobre que o seu amigo foi seqüestrado e corre sério perigo de vida. O seqüestrador se mostra um adversário inteligente, astucioso e cruel. Ele consegue invadir o Capitólio sem ser visto e colocar no centro da Casa, a mão decepada de Solomon com o anel – símbolo da maçonaria – em um dos dedos.
O seqüestrador está atrás do símbolo perdido, título do livro, que segundo uma lenda maçon daria um poder incomensurável para quem o encontrasse.
07 – Sangue Quente (Isaac Marion)
Ainda não tive a oportunidade de ler o livro de Isaac Marion lançado no Brasil pela editora LeYa, por isso mesmo, vou me abster de fazer qualquer comentário sobre a obra. O que eu posso dizer é que pelos comentários que vi na Rede, grande parte dos leitores aprovaram a obra de Marion.
E acredito que o livro deva ter pelo menos alguns atributos, já que teve os seus direitos adquiridos pela Summit Entertainment que pretende transformá-lo em filme brevemente. Parte do elenco da produção já estaria fechado, entre os quais: Rob Corddry, Nicholas Hoult, Teresa Palmer e John Malkovich. A adaptação e direção estariam a cargo de Jonathan Levine.
“Sangue Quente” conta a história de R, um jovem que vive uma crise existencial - ele é um zumbi. Ele perambula por uma América destruída pela guerra, colapso social e a fome voraz de seus companheiros mortos-vivos, mas ele busca mais do que sangue e cérebros. Ele consegue pronunciar apenas algumas sílabas, mas mesmo assim, é um “sujeito-zumbi” profundo, cheio de pensamentos e saudade. Ele não tem recordações, nem identidade, nem pulso, mas ele tem sonhos. Após vivenciar as memórias de um adolescente enquanto devorava seu cérebro, R faz uma escolha inesperada, que começa com uma relação tensa, desajeitada e estranhamente doce com a namorada de sua vítima. Julie é uma explosão de cores na paisagem triste e cinzenta que envolve a 'vida' de R e sua decisão de protegê-la irá transformar não só ele, mas também seus companheiros mortos-vivos, e talvez o mundo inteiro. Interessante não é? Tem tudo para dar uma história nada convencional sobre zumbis, fugindo assim, da mesmice sanguinolenta do tema.
08 – A Hospedeira (Stephenie Meyer)
A adaptação de “A Hospedeira” será lançada em março de 2013 e terá como protagonista a atriz Saoirse Ronan com um papel duplo: será Melanie Stryder e Peregrina (Wanderer). Na história, a Terra foi invadida por um espécie alienígena que tem por característica entrar na mente humana e roubar todas as suas lembranças. Melanie é o último ser vivo a resistir. Quando Wanderer entra em sua mente, ela começa a bombardeá-la com lembranças de seu namorado, Jared. Quando finalmente o encontra, a alien acaba se apaixonando por ele também.
Acho que podemos definir “A Hospedeira” como um romance sobre um triângulo amoroso, mas com apenas dois corpos! No final, a ficção científica fica relegada a um segundo plano. Talvez tenha sido por isso, que a obra de Stephenie Meyer fez tanto sucesso, despertando a atenção do público.
09 – O Evangelho Segundo Jesus Cristo (José Saramago)
Depois de “Ensaio para a cegueira”, uma nova obra de Saramago acaba de ganhar uma adaptação para os cinemas: “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”.
Publicado em 1991, “O Evangelho Segundo Jesus Cristo” apresenta um Cristo que se revolta contra o seu destino, questionando Deus e o cristianismo. Saramago foi duramente criticado por evangélicos e católicos por causa desse livro.
Vale lembrar que o autor que morreu no ano passado era ateu. O mesmo acontece com o cineasta português, Miguel Gonçalves Mendes que decidiu transformar o livro em filme. Segundo Mendes, a versão da obra literária que chegará aos cinemas, provavelmente em meados de 2012, será uma leitura sua, mas o filme terá a essência do romance: "a desconstrução da imagem de Jesus”, a questão da culpa, do livre arbítrio, do Bem e do Mal, etc.
Ainda não há nenhum ator confirmado para trabalhar no filme de Miguel Gonçalves Mendes, nem mesmo especulações.
10 – O Céu é de Verdade (Todd Burpo)
No outro extremo de “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, está o livro de Todd Burpo, “O Céu é de Verdade” que já emocionou milhares de pessoas em todo o mundo, inclusive no Brasil.
Todd Burpo é um pastor metodista de uma pequena cidade no Nebraska. Um dia, seu filho, Colton Burpo, de quatro anos, quase morreu durante uma cirurgia de emergência de apêndice. Após a sua recuperação, a criança contou que foi até o céu e revelou tudo o que viu por lá, inclusive Jesus. Então, seu pai, Todd Burpo decidiu colocar o relato do pequeno Colton em um livro que vendeu mais de 2 milhões de cópias. Um dos trunfos da obra é que a experiência vivida pela criança de quatro anos é contada por ela mesma, com as suas próprias palavras. Todd, apenas corrigiu algumas imperfeições gramaticais, no mais, é Colton quem abre o seu coração nas páginas de “O Céu de Verdade”.
Todd Burpo e seu filho Colton
Os direitos do livro foram comprados pela Sony Pictures. O produtor, Joe Roth vai se reunir em breve com a família Burpo para definir alguns pequenos detalhes sobre as filmagens.
Para quem não sabe, Roth produziu o sucesso “Alice no País das Maravilhas” que passou a pouco tempo nos cinemas.
“O Céu de Verdade” deve chegar nas telonas no início de 2013 e com certeza vai atrair um grande número de pessoas: adultos e crianças.

15 outubro 2011

Após mais um adiamento, sequência de “O Nome do Vento – A Crônica do Matador do Rei” deve sair no final do ano


Capa americana da sequencia de
"O Nome do Vento"

As duras penas estou chegando a uma triste conclusão: escrever sobre um livro antes de seu lançamento é fria... e bota fria nisso. A maioria das vezes que resolvi escrever artigos em jornais de minha cidade sobre uma obra que ainda estava por ser lançada, infelizmente, acabei criando falsas expectativas nos leitores. Quando chegava o suposto dia do Avant-premiere: nada de livro lançado, nada de tarde ou noite de autógrafos, nada de notícia de meia página ou página inteira nos jornais; enfim, nada de absolutamente nada. Resultado óbvio: o pobre coitado, aqui, se passava por desinformado ou até mesmo mentiroso.
Então resolvi fazer um juramento para mim mesmo: jamais escrever sobre “livros do futuro”, mesmo que o autor confirmasse o lançamento de sua obra para determinado dia, mês ou ano. Livro no prelo? Nem pensar!
Mas... um dia resolvi criar esse blog e quando percebi, no entusiasmo da novidade acabei quebrando a minha promessa. Dei por mim e já tinha postado um texto sobre o pré-lançamento do novo livro de James Bond, “Carte Blanche”, escrito por Jeffery Deaver. No post escrevi que a obra seria lançada no final do ano no Brasil. Anteontem, vi uma notícia na Internet que a Record, editora responsável pela distribuição da nova história de 007 aqui na terrinha, adiou o seu lançamento para o início de 2012. Postei também uma nota sobre o lançamento da seqüência de “O Nome do Vento”, obra de Patrick Rothfuss, mais do que aguardada pela galera. Na oportunidade escrevi que a seqüência do enredo envolvendo o misterioso e carismático personagem Kote seria lançada em junho deste ano. Nem preciso dizer que junho já passou e nada do livro.
E para confirmar a quebra do meu juramento, cá estou eu, novamente, para escrever outro post sobre uma promessa de lançamento de livro. E como não bastasse, um livro que já me derrubou recentemente, fazendo-me passar por cascateiro. Mas, quer saber de uma coisa? Sinceramente, valeu a pena ter engolido esse sapo, porque o post, em questão, é sobre a seqüência de uma obra fenomenal e arrebatadora: “O Nome do Vento – A Crônica do Matador do Rei”, de Patrick Rothfuss.
“O Nome do vento” é um livro tão fenomenal que me fez chegar ao ponto de escrever sobre ele antes de lê-lo! Só para lembrar, o primeiro volume da obra de Rothfuss está guardadinho na minha estante, desde o seu lançamento, esperando para ser “sorvido” em êxtase total, como se fosse um vinho de safra especial encontrado na adega de um galeão espanhol.
O enredo de um menino órfão que cresceu com o sonho de se tornar o maior dos magos de seu tempo, já lembra de cara Harry Potter, saga que conquistou adultos e crianças pelo mundo afora, inclusive eu. Outro detalhe que aumentou a minha expectativa pela obra foi o seu enredo adulto no qual está inserido o nosso “Harry Potter Arcanista”. Segundo os comentários de revistas “on line” especializadas em literatura, Kote – ao contrário do menino mago criado por J.K. Rowling – é um personagem ambíguo, ou seja, às vezes vilão e as vezes herói; em alguns momentos o amamos, e em outros, o odiamos. Mas no meio de toda essa ambigüidade, o interessante – segundo os críticos literários – é que o  músico tocador de alaúde e também mago arcanista consegue conquistar todos os leitores com o seu carisma.
A groso modo, apenas para que o leitor tenha uma noção do enredo de “ O Nome do Vento”, Rothfuss conta a história de Kvothe ou simplesmente Kote, um rapaz pertencente a um grupo de artistas itinerantes que promove shows em vários povoados. Um dia, ele vê a sua família ser inteiramente dizimada por um misterioso grupo chamado Chandriano, formado por sete membros e comandado por uma entidade maligna: Haliax. Kote é um músico talentoso e passa por tempos difíceis, mas mesmo assim consegue ingressar na Universidade de magia, onde muitos desafios esperam por ele. Mas o rapaz nunca se esquece de seu principal objetivo: descobrir tudo sobre o maligno Chandriano e desvendar o motivo da morte de seus pais e de todos os seus amigos de trupe.
Quanto ao segundo livro da série “O Matador de Rei”, lançado em março nos Estados Unidos, o título nacional já está definido e vai se chamar “O Temor do Sábio”. Confira um breve resumo do livro traduzido e publicado na página do “Sobre Livros”: “Uma rivalidade crescente com um membro poderoso da nobreza, Kvothe é forçado a sair da universidade e tentar a sorte no exterior. À deriva, sem um tostão, e sozinho, ele viaja para Vintas, onde rapidamente se vê envolvido na política da sociedade cortesã. 
Ao tentar agradar com um poderoso nobre, Kvothe descobre uma tentativa de assassinato, entra em conflito com um rival arcanista, e lidera um grupo de mercenários, na tentativa de resolver o mistério de quem (ou o que) está viajando nas estradas do rei. Ao mesmo tempo, Kvothe busca por respostas, tentando descobrir a verdade sobre o Chandriano, e a morte de seus pais. 
Ao longo do caminho, Kvothe é levado a julgamento pelos mercenários lendário de Adem, obrigado a recuperar a honra do Edena Ruth, viaja para o reino Fae. Lá ele encontra Felurian, a mulher das fadas que ninguém pode resistir, e que nenhum homem jamais sobreviveu. Sob sua tutela, Kvothe aprende muito sobre a verdadeira magia e as formas das mulheres.
 Em “The Wise Mean’s Fear“ (O Temor do Sábio), Kvothe dá seus primeiros passos a caminho do heroismo e descobre como é difícil a vida quando um homem torna-se uma lenda em seu próprio tempo''  (Tradução
www.sobrelivros.com.br).
A obra lançada em março nos Estados Unidos tem aproximadamente 1.000 páginas!! Cara! O que isso?! Que calhamaço!
Ah! Vamos lá; a data de lançamento no Brasil. Dizem que agora já está definido; a sequência de “O Nome do Vento – A Crônica do Matador do Rei” será lançada em nosso País entre novembro e dezembro de 2011. Será mesmo?? Vamos aguardar.


13 outubro 2011

O homem invisível

6ª edição do livro de Wellls lançado
pela Ediouro em 1997
Existem livros de ficção científica verossímeis e inverossímeis. Quer exemplos? Vamos lá! Uma obra inverossímil: “Tropas Estelares”; outra verossímil: “O Homem Invisível”. Não estou querendo, aqui, enaltecer H.G. Wells e por outro lado, descer a paulada em Robert Anson Heinlein. Nada disso! Simplesmente estou afirmando que o enredo elaborado por Wells tem subsídios suficientes para convencer o leitor de que é possível criar uma fórmula para a invisibilidade do corpo humano. Por outro lado, a história de Heinlen possui elementos por deveras fantásticos e jamais fará com que o leitor – em seu perfeito juízo – acredite ser possível, um dia, soldados do exército usarem trajes especiais que lhe aufiram super-poderes como dar saltos enormes, esmagar o que encontrar pela frente, além de carregar nas costas armas nucleares, capazes de devastar uma cidade inteira, como se estivessem carregando uma bomba relógio. Mais difícil ainda acreditar que esses soldados - vestindo exoesqueletos poderosos - tenham como adversários comuns uma raça de insetos gigantes com a capacidade de expressar pensaamentos.
Quero deixar claro que sou um dos admiradores da obra de Robert Anson Heilein pela sua coragem em tocar em assuntos de cunho político e social tão delicados em nossos tempo democráticos. Imagine, então, o impacto em 1959, época em que foi lançado o livro “Tropas Estelares”. Logo de cara, já dá para entender a mensagem ácida do autor contra o exército, o qual chama de irracional, funcionando como um inimigo declarado da democracia, já que na história, quem não faz o serviço militar é considerado cidadão de segunda classe, um ser inferior, sem direito a voto e a expressar as suas opiniões na sociedade.
Parabéns pela ousadia em criticar as falhas de algumas instituições consideradas infalíveis pela maioria, mas que acabam tolhendo o livre arbítrio do cidadão; mesmo que essa crítica esteja embutida num enredo fantástico; mas daí afirmar que “Tropas Estelares” é uma obra verossímil, devagar com o andor.
H.G Wells
“O Homem Invisível”, ao contrário, se enquadra perfeitamente no contexto da verossimilhança, já que H.G. Wells consegue convencer o leitor – até mesmo o mais cético que não é fã do gênero ficção científica - que é possível descobrir a fórmula da invisibilidade. Veja se ao ler o diálogo dos cientistas Griffin e Kemp – personagens principais do livro “O Homem Invisível” - sobre alguns conceitos científicos, você não consegue dar um chute em seu ceticismo: “Considere que a visibilidade de um corpo depende de sua ação em relação à luz. Um corpo pode absorver a luz, pode refleti-la, pode refratá-la, ou pode fazer uma combinação dessas três coisas. Se não faz nenhuma das três, ele não é visível.” Viu só? Bem convincente, não é mesmo?! Wells ainda apresenta outras teorias baseadas em princípios científicos que faz com que o leitor comece a acreditar que não é difícil encontrar um meio do corpo humano parar de refletir ou refratar a luz. Resultado: Wells conseguiu imprimir realidade em seu romance, criando um enredo plausível mesmo dentro do gênero ficção científica.
Tai! Primeiro ponto para “O Homem Invisível”: a plausibilidade. Como é bom ler uma história fantástica, mas ao mesmo tempo ficar com uma pontinha de dúvida se aquilo que você julgava inadmissível possa, de fato, acontecer um dia. H.G. Wells conseguiu essa proeza em 1897! É por isso que muitos o consideram o “pai da ficção científica”, o verdadeiro e único criador do gênero no mundo.
Outro ponto positivo de “O Homem Invisível” é alertar a comunidade científica dos perigos de tratar a ciência sem nenhuma responsabilidade. Um aviso que cabe bem nos dias atuais, onde vemos cientistas e pesquisadores brincando de “bancar” Deus, preocupados apenas em romper os limites imaginários da ciência, sem dar atenção as conseqüências de suas descobertas. O que importa para esse pesquisador é ser o primeiro a romper determinado paradigma científico, mesmo desconhecendo se terá o controle do resultado final de sua criação.
O personagem Griffin do romance de H.G. Wells deixa bem claro esse detalhe ao sonhar se tornar invisível, um dia, sem dar a devida atenção aos problemas e dificuldades que essa descoberta geraria para si próprio. Na ânsia de concretizar o seu sonho, o obcecado cientista estuda durante seis anos, centenas e mais centenas de fórmulas, além de efetuar uns cem números de cálculos até descobrir uma droga capaz de tornar invisível os seus tecidos, células, ossos; enfim, o seu corpo.
Neste momento, Griffin se sente mais poderoso do que o próprio Deus, acreditando ser capaz de fazer coisas que nenhum ser humano jamais conseguiria. E então... vem a decepção, pois ele descobre que a realidade é muito diferente. Para se fazer valer de sua invisibilidade, Griffin tem de se livrar de todas as roupas do corpo, em outras palavras, ficar peladinho da Silva. Imagine, o pobre coitado sem roupa no rigoroso inverno londrino. Triste, não? Outro probleminha, ou... problemão é que.... Bem, vou deixar que o próprio personagem explique: “Eu não poderia andar ao ar livre quando estivesse nevando, pois os flocos se acumulariam sobre mim, denunciando minha presença. A chuva também iria me cobrir com uma camada úmida, uma silhueta tridimensional de um homem como uma bolha reluzente. O mesmo quanto ao nevoeiro.”
O que a natureza fez com que Griffin entendesse, tardiamente, é que a invisibilidade lhe traria mais desvantagens do que vantagens. Só que, então, já era tarde de mais para se arrepender e voltar atrás, pois o dom da invisibilidade era irreversível, e assim, ele seria obrigado a conviver com a sua maldição.
“O Homem Invisível” também tem momentos de humor e descontração. É impossível que o leitor não ache engraçado a relação conflituosa de Griffin com os hóspedes do hotel “Coches e Cavalos”, onde se encontra recluso para conclusão de suas pesquisas. A dona da pensão, a Srª Hall, bisbilhoteira e curiosa até o limite do limite também tem boas sacadas de humor.
Esta obra de Herbert George Wells foi uma das primeiras adquiridas por mim, ainda na minha fase pré-adolescente; e por causa da história interessante e da empatia dos personagens, a mais lida, também.
Um verdadeiro clássico da ficção científica!

01 outubro 2011

A besta

Li o livro de Peter Benchley, se não me engano, em dezembro de 2009; e um dos motivos que me incentivou a leitura foi o nostalgismo de uma minissérie de TV – nem me lembro do canal – exibida no início da década de 90. A minissérie também se chamava “A Besta”, o mesmo título do livro.
Anos depois, ao dar uma “fuçada” nos sebos virtuais – uma de minhas manias pelas madrugadas, quando não estou escrevendo – vi um livro do mesmo autor de “Tubarão” com a foto de um tentáculo enorme, cheio de ventosas saindo do mar. O título, em letras ‘garrafais’, estava lá, todo em vermelho: “A Besta”. Foi então que tive um insight, do tipo, “já vi isso em algum lugar antes”. A mente clareou e acabei me lembrando da minissérie que passava todas as noites na TV, por volta das 22 horas. Uma minissérie, aliás, que deve ter passado despercebida pela maioria das pessoas, já que nem pela internet consegui obter informações satisfatórias sobre ela. Mas no meu caso, aquele seriado marcou, ficou na minha mente.
Após algumas pesquisas virtuais descobri, com muito custo, que a minissérie tinha sido baseada numa obra de Peter Benchley, lançada 17 anos depois do bestseller “Tubarão”. Não tive dúvidas e assim, confirmei a compra do livro para recordar aquela minissérie que na minha fase “trintona” (tinha acabado de me tornar balzaqueano) conseguia fazer com que ficasse acordado até tarde da noite para assisti-la.
E à exemplo do mini-seriado de TV, gostei muito do livro. Posso dizer, com certeza, que se você curtiu página por página de “Tubarão”, também irá se prender na narrativa de “A Besta”. Os princípios básicos são os mesmos: Uma fera feroz que surge dos abismos do oceano levando medo e pânico para os moradores de alguma cidade costeira, outrora tranqüila. E como não poderia faltar: o grupo de homens destemidos que saem na captura da fera – geralmente um pescador experiente, um pesquisador especialista em ‘monstros marinhos’, além de um membro da comunidade, de preferência um xerife, prefeito ou empresário corrupto. Todos esses clichês temperados com um final emocionante, onde geralmente um integrante do grupo de caçadores consegue derrotar o bicho, não sem antes sofrer os diabos para isso. Resumindo: tudo o que você encontrou em “Tubarão”, também irá encontrar em “A Besta”.
A diferença entre as duas obras é que em “Tubarão”, Benchley desenvolveu os personagens mais profundamente e deixou o chamado “pega pra capar” da ação para o final do livro, onde o xerife Brody, o pescador Quint e o oceanógrafo Matt Hopper suam a camisa para matar o peixe assassino, que por sua vez, ainda consegue tirar a vida de um dos três heróis. Antes do clímax das páginas finais, o enredo da trama dá ênfase para os relacionamentos conflituosos dos seus personagens, entre eles o triangulo amoroso formado por Brody, sua mulher Ellen e o oceanógrafo garanhão Hopper. Já em “A Besta”, Peter Benchley, optou por desenvolver de maneira superficial os personagens principais e explorar ao máximo a ação e o suspense no mar.
A besta que empresta o nome ao título do livro é uma Architeuthis dux, ou seja, uma lula gigante que devido ao desequilíbrio ecológico provocado pelo homem, começa a atacar e matar banhistas de uma cidade praiana localizada nas costas das Bermudas. Após uma sucessão de ataques fatais, Whip Darling, um pescador especialista em vida marítima, que quer apenas levar uma vida normal ao lado de sua esposa e filha, acaba sendo forçado a caçar o mostro marinho. O pai de uma das vítimas, um poderoso banqueiro, promete 200 mil dólares se Darling aceitar a empreitada de sair em alto mar num barco ultra-equipado juntamente com ele e um professor de oceanografia. Somente os três, num embate de vida ou morte contra a lula gigante. Como Whip Darling recusa a oferta, o banqueiro acaba por ameaçá-lo com um argumento infalível e que não deixa outra opção ao experiente pescador, senão acompanhá-los. E é nesta parte da obra que o negócio pega. No meu caso, não consegui largar o livro de maneira alguma e quando percebi, já eram quase 5 horas da manhã! Mas valeu à pena as horas de sono perdidas. Ação e suspense mesclam a caçada do trio a Architeuthis dux, acredito que bem mais do que em “Tubarão”.
O combate final entre Darling e a lula é eletrizante. O pescador enfrenta a besta, em seu barco, armado com uma serra elétrica, deixando o leitor com a adrenalina nas últimas. Quem conhece o estilo de Benchley sabe que ele era detalhista aos extremos em seus livros. Em “A Besta” não é diferente. O duelo final, homem versus monstro é por demais minucioso; tão minucioso que em algumas cenas, o leitor chega a ficar com o estômago embrulhado. Confira a compilação da narrativa de alguns trechos desse embate: “Darling não pensou, não hesitou, não calculou. Agarrou a serra e puxou o cabo de partida...” “...um dos braços da besta passou na frente de seu rosto e Darling enfiou a serra nele. Os dentes de aço entraram na carne e Darling recebeu um banho de amoníaco...”... uma chuva de pedaços de carne explodiu em sua volta e ele estava ensopado de gosma verde e tinta negra”. Acho que chega né? E olha que não revelei nem um milésimo desse combate. Deixei o mais emocionante para aqueles que pretendem ler o livro, principalmente o trecho em que a criatura se aproxima de Whip Darling para engoli-lo com o seu bico.
Mas o livro de Peter Benchley tem outras passagens tão tensas e emocionantes como esta que acabei de descrever, como por exemplo, o ataque da lula gigante à uma cápsula, do tipo Voyager, de uma revista especializada na cobertura de matérias marinhas. O mini-submarino é totalmente destroçado pelo monstro, e para variar, Benchley faz questão de narrar em detalhes o ataque. Cara! Me deu uma agonia ler esse capítulo, pois o autor explora de maneira detalhista, como se fosse um “voyeur”, o terror enfrentado pelos tripulantes da sonda aquática em seus últimos momentos. “Só podiam ver uma parte da enorme lula, pois era maior do que a portinhola, muito maior. Um bico curvo afiado como uma foice cor-de-âmbar, com a ponta fina e aguçada fazendo pressão no vidro da Voyager”. Deu prá imaginar o terror dos tripulantes da cápsula? O pior veio depois... só lendo para sentir.
Há ainda o ataque monstro à uma baleia assassina, a qual parte em pedaços com a maior facilidade; a destruição de um barco de pesquisa; além de muitas outras cenas de ação distribuídas ao longo do livro. Foi por isso que escrevi no início deste post, que “A Besta” é uma obra com muito mais ação e cenas de suspense do que “Tubarão”, que como já citei, optou por aprofundar melhor os seus personagens.
A besta de Peter Bentchley também é bem mais assustadora do que o seu turbarão. Vejam bem: O que falar de um monstro marinho com um corpo imenso, arredondado e bulboso que termina numa cauda em forma de ponta de flecha, com oito braços sinuosos, dois tentáculos duas vezes mais longos do que o corpo, um bico curvo cor-de-âmbar capaz de fazer estragos imensuráveis e dois olhos gigantescos. Quer mais? Então vamos lá: os seus tentáculos são cobertos por ventosas que não param de mexer como bocas famintas e no meio de cada uma delas há uma lâmina brilhante curva mais afiada do que uma navalha.
Agora, me responda uma coisa; será que os aficionados por livros de aventura e suspense terão como resistir à uma história com todos esses ingredientes?
Então, só resta dizer: torçam para encontrar a edição da Rocco, de 1992, em algum sebo... e boa leitura!

Instagram