26 fevereiro 2022

A Sociedade da Neve



Viche! Quase uma semana sem postar nada no blog! Apesar de perceber que os acessos na minha página estavam sofrendo uma queda – afinal, qual seguidor não quer ler artigos novos? – decidi priorizar a conclusão da leitura de A Sociedade da Neve de Pablo Vierci. A narrativa estava tão interessante que resolvi seguir em frente. Portanto, taí, o motivo da demora de quase sete dias nas postagens. Me desculpem aí galera, mas cá entre nós, foi por um motivo justo. O livro é incrível!

A Sociedade da Neve aborda um dos acidentes aéreos mais trágicos da história da aviação mundial. Um acontecimento, aliás, que mexeu com o mundo todo devido as circunstâncias em que os seus 16 sobreviventes conseguiram driblar a morte durante os 72 dias em que ficaram perdidos no meio de uma geleira sem fim.

No dia 13 de outubro de 1972, o time de rugby de uma universidade do Uruguai estava a caminho de Santiago do Chile quando a aeronave da Força Aérea caiu na Cordilheira dos Andes, a mais de 4 mil metros de altitude. O avião transportava 45 pessoas. Durante a queda, 12 pessoas faleceram e 17 morreram com o passar dos dias, por conta do frio extremo e escassez de alimento. A Tragédia dos Andes, como ficou conhecida, foi pauta para diversos debates sobre os limites da sobrevivência humana.

No começo o grupo sobreviveu se alimentando de barrinhas de chocolate e doces que encontraram nas malas. O problema veio após alguns dias, quando a comida se esgotou. Então, eles tiveram de tomar uma decisão radical para continuarem vivos na esperança de um resgate: se alimentar dos corpos dos passageiros e tripulantes que haviam morrido na queda do avião.





O autor de A Sociedade da Neve revela que, após o resgate, autoridades do governo uruguaio aconselharam os jovens a não contar como tinham sobrevivido, “que a verdade, se pública, os assombraria para sempre”. Na época, Nando Parrado e Roberto Canessa, os expedicionários que conseguiram atravessar os Andes e pedir socorro a um montanhista, se negaram a esconder os fatos.

O livro de Vierci conta em detalhes toda essa tragédia, mas com um diferencial muito importante se comparado a outras obras que exploraram o assunto: a saga foi narrada pelos próprios sobreviventes da tragédia, ou seja, cada um deles contou em detalhes o que fez para se manter vivo naqueles 72 dias fatídicos que tiveram início em 13 outubro de 1972.

A obra intercala as narrativas dos sobreviventes com o relato objetivo do autor que dá detalhes sobre os fatos relacionados ao acidente. Cada capítulo é iniciado com descrições de Vierci sobre a tragédia, desde os momentos descontraídos que marcaram o embarque dos jovens no avião da Força Aérea Uruguaia até o instante do resgate, passando pela provação dos 72 dias que definiram a sobrevivência dos 16 jovens, na época. Logo depois desses preâmbulos vem as narrativas. O livro dedica um capítulo inteiro para cada um dos sobreviventes contarem as suas sagas.


Sobreviventes sendo atendidos após o resgate, depois de 72 dias de sofrimento


Confesso que todas as 16 narrativas mexeram comigo. Como por exemplo, o momento em que ouviram pelo rádio que as buscas haviam sido encerradas já que as autoridades uruguaias acreditavam que todos haviam morrido na cordilheira. Mesmo assim, eles nunca perderam as esperanças, tanto é verdade que decidiram por conta própria se salvarem. Mais ou menos assim: “Já que esqueceram da gente, vamos provar a eles que estamos vivos”. A partir desse momento, decidiram começar a fazer expedições exploratórias, todas fracassadas, até culminar com a expedição final de Nando Parrado e Roberto Canessa que resultou no salvamento do grupo. Mas para continuarem vivos, os 16 sobreviventes tiveram de tomar uma decisão que marcaria as suas vidas: se alimentar dos corpos dos seus amigos que haviam morrido no acidente.

O livro mostra ainda como foi a reinserção dessas 16 pessoas na sociedade, as dificuldades que elas sofreram para voltar a ter, novamente, uma vida normal; os momentos emocionantes que marcaram o resgate após os 72 dias perdidos nos Andes; a reação de seus familiares quando souberem que eles tiveram de praticar canibalismo para sobreviver; como esses sobreviventes vivem atualmente; e principalmente como foram os mais de dois meses perdidos nos Andes, a rotina para sobreviver naquelas circunstâncias. Tudo isso narrado por conceitos diferentes com cada um dos integrantes da chamada “Sociedade da Neve” dando o seu ponto de vista sobre a situação.

Já tinha lido há algum tempo o livro de um outro sobrevivente dos Andes, Nando Parrado, que escreveu o também ótimo Milagre nos Andes: 72 dias na montanha e minha longa volta para casa, mas enquanto nesse livro temos apenas a visão de uma das 16 pessoas que conseguiram escapar com vida da tragédia, em A Sociedade da Neve, todos os 16 sobreviventes narram como foi a sua saga, com alguns deles, encontrando o espaço ideal para exorcizar os seus fantasmas.

Livraço!

20 fevereiro 2022

"Flores da Morte" chega ao Brasil no começo de março com um plot que tem tudo para fisgar a atenção dos leitores

Hoje pela manhã, durante as minhas zapeadas de praxe pelas livrarias virtuais em busca de novidades, me deparei com um livro que chamou a atenção. Antes, deixe-me avisar que sou um grande devorador de trhrillers policiais e de suspense, o que explica o meu interesse por “Dog Rose Dirt” – já lançado nos States – e que chegará ao Brasil em 1º de março pela editora Trama com o título de Flores da Morte

O estranho é que vi comentários em alguns sites e blogs de que o livro já havia sido lançado por aqui em janeiro, mas de acordo com as grandes livrarias como Amazon, Travessa e outras, além do próprio site da Trama, Flores da Morte só chega ao Brasil, de fato, no começo de março. Além do mais, ainda não há nenhum comentário sobre o livro no portal do Skoob; portanto, acho que ele ainda não desembarcou em terras tupiniquins ou quem sabe, alguns blogueiros mais sortudos - que tenham parcerias com a editora - já receberam o presentão.

Mas vamos ao que interessa, ou seja, dar maiores detalhes sobre o livro da escritora Jen Williams. Cara, achei o plot interessantíssimo, daqueles que tem grandes chances de prender a atenção do leitor da primeira à ùltima página, desde que a autora não tenha errado a mão.

Confiram o plot liberado pela editora e depois vejam se não concordam comigo: “Após o inexplicável suicídio da mãe, a ex-jornalista Heather Evans precisa retornar à casa de sua infância e acaba descobrindo algo aterrador: centenas de cartas trocadas entre sua mãe e o famoso assassino em série Michael Reave. O Lobo Vermelho, como é chamado pela imprensa, está preso há mais de vinte anos pelas mortes brutais e ritualísticas de inúmeras mulheres, embora sempre tenha alegado inocência. Quando o corpo de uma jovem é encontrado decorado com flores, exatamente da mesma forma como Reave deixava suas vítimas, ele é a única pessoa que pode colaborar com a investigação. Depois de anos de silêncio, Michael Reave enfim está disposto a falar… apenas com Heather. Para descobrir a verdade sobre a morte da mãe e impedir que o sangue de outras vítimas seja derramado, Heather vai precisar enfrentar o Lobo ― e este é apenas o início da caçada. Até que ponto conhecemos de verdade nossos familiares? Até que ponto conhecemos de verdade a nós mesmos?

Na minha opinião não dá para negar que se trata de um plot ‘da hora’ e que se bem desenvolvido, com certeza, se transformará numa narrativa com o poder de fisgar o leitor que aprecia esse gênero de romance.

De acordo com alguns sites gringos, especificamente da terra do Tio Sam – que estão elogiando muito a obra de Williams - embora a ficção policial sobre serial killers seja relativamente comum, a autora consegue dar um ângulo novo e original a esse gênero com algumas reviravoltas inesperadas. A narrativa alterna entre a história de Heather no presente e uma narrativa passada que alude ao passado de Michael Reave, o ‘Lobo Vermelho’.

Segundo critica publicada na NB Magazine, a tensão e o humor do romance são capturados de forma brilhante, e Williams mantém uma atmosfera completamente tensa e inquietante por toda parte.

Bem, galera, resumindo: Flores da Morte tem todas as chances de se tornar um grande best-seller no Brasil. Lembrando que o livro já está em pré-venda nas principais livrarias virtuais.

17 fevereiro 2022

Amigo Imaginário

Antes de tudo, é um absurdo comparar o livro de Stepehn Chbosky com It de Stephen King. O motivo é bem simples: enquanto você devora com avidez as mais de 1.000 páginas de It, em Amigo Imaginário, você empaca e se não for persistente, acaba desistindo da leitura.

De fato, é uma pena, porque o plot da obra de Chobosky é muito bom. Expondo de uma maneira bem resumida, é a história de uma criança que tem o poder de vagar entre o mundo real e o mundo imaginário. Neste último, ele acaba encontrando um amigo – o tal ‘amigo imaginário’ - que o alerta de uma grande catástrofe que poderá ocorrer no mundo real caso, o garoto, não consiga impedir uma trama diabólica que vem sendo engendrada por uma entidade maligna que vive no mundo imaginário.

O problema é que o autor enche o enredo de linguiça; enrola muito, mas muito mesmo. Na minha opinião, se ele tivesse reduzido as mais de 750 para 350 ou 400, teria em mãos uma história incrível, perto da unanimidade e não um divisor de águas com uma parte dos leitores detestando e a outra adorando.

Além da história excessivamente longa, um outro problema ao qual ‘batizei’ de “poda de narrativa” contribui para deixar o enredo ainda mais cansativo, além de fazer com que o leitor vá perdendo, aos poucos, a paciência. “Poda de narrativa” – termo criado por mim – é aquele momento em que o enredo está perto do clímax e o autor opta por cortar abruptamente esse clímax pulando para um novo capítulo, diga-se de passagem, um capítulo bem morno. Esse capítulo do clímax que acendeu a curiosidade do leitor só volta depois de ‘uns’ três ou quatro capítulos desinteressantes, isso por causa da grande quantidade de personagens que fazem parte do enredo. Agora imagine só enfrentar toda essa agonia em mais de 750 páginas. Aliás, o enredo tem tantos desses capítulos anti-climax que a leitura entra numa espiral desgastante. 

É uma pena que o excesso de páginas de Amigo Imaginário matou a narrativa que tinha todos os elementos necessários para compor um plot fantástico, ou seja: ‘enredo-raiz’ e personagens muito bons, recheados com reviravoltas interessantes. Na minha opinião, até mesmo as referências religiosas que fazem parte da narrativa e que incomodaram alguns leitores, acabaram dando um toque especial ao livro. A reviravolta, perto do final, envolvendo um personagem importante do mundo imaginário é a prova disso.

Chbosky, poxa vida, bem que você poderia ter optado por uma narrativa mais enxuta.

 


13 fevereiro 2022

Seis livros didáticos antigos de Português, História e Geografia que deixaram saudades

Volta e meia lá estou eu com a minha nostalgia. Ela chega assim, meio que...  sem avisar. Nostalgia dos filmes que assistia no cinema em minha cidade e que hoje está fechado; nostalgia das peraltices que vivia com os meus amigos de infância; nostalgia das brincadeiras dançantes à base dos saudosos vitrolões e por aí afora. Neste final de semana bateu uma nostalgia danada dos meus tempos de infância quando frequentava o antigo Primeiro Grau. Assim, acabei me lembrando dos saudosos boletins em papel; daqueles em cartolina onde os professores colocavam as nossas notas em azul (ufa!!) ou em vermelho (vichiii!!) para que levássemos para casa com a promessa de mostrarmos aos nossos pais. 

Pois é, mas a nostalgia maior que bateu fundo foi aquela relacionada com os livros e cartilhas didáticas daquele tempo, ou seja, dos anos 60 e 70. Inclusive, já escrevi, no passado, uma postagem sobre elas (ver aqui), mas hoje quero postar algo mais seletivo, abordando apenas os materiais didáticos referentes à Língua Portuguesa, História e Geografia. Tive a ideia porque eu era um péssimo aluno em matemática, mas por outro lado, adorava Português, Geografia e História, fosse ela Geral ou do Brasil. Daí, a minha opção em fazer esse post direcionado apenas para esses livros.

E aí? Preparados para ingressar em nossa máquina do tempo? Então, se você viveu a sua infância ou adolescência nos anos 70 e adorava os livros didáticos daquela época, com certeza, irá adorar essa viagem.

01 - Método ABC– Ensino prático para aprender a ler

Começo a nossa lista com esta cartilha que deixou saudades em grande partes dos cinquentões ou sessentões de hoje. Método ABC – Ensino prático para aprender a ler foi uma cartilha destinada tanto às crianças, quanto aos adultos “analfabetos”, era um material de leitura, como o próprio nome esclarece, em que os alunos eram levados a decorar o alfabeto e cada página da cartilha, que era constantemente “tomada”, de acordo com uma sistematizada rotina.

A obra, apesar de compacta, com apenas 16 páginas, buscava levar os alfabetizandos à memorização do alfabeto, de sílabas e de algumas palavras. Era um material introdutório ou utilizado paralelamente a outros livros nas salas de alfabetização e propunha o ensino prático para o aprendizado da leitura.

Estava baseado no método alfabético, isto é, iniciava-se das partes menores (as letras), até se chegar às palavras. Desse modo, a obra era dividida em nove cartas que apresentavam uma sequência, supostamente, linear, inicialmente com reflexões simples, que tornavam-se mais complexas com o decorrer das lições. No entanto, antes de iniciar a primeira carta, as quatro páginas iniciais apresentavam o alfabeto em letra de imprensa maiúscula e em letra cursiva, as vogais e as consoantes minúsculas.

02 – Caminho Suave

Esta cartilha pode ser considerada antológica. Caminho Suave fez a cabeça de uma geração de professores e alunos dos anos 60 e comecinho da década de 70. 

Aprovado pela Comissão do Livro Didático do Departamento de Educação do Estado de São Paulo. A cartilha de Leitura era usada, geralmente, a partir do segundo ano primário. Aprovado pela Comissão Nacional do Livro didático. Caminho Suave foi um fenômeno de vendas no Brasil: calcula-se que todas edições, até a década de 1990, venderam 40 milhões de exemplares. Há um exemplar de edição bem posterior, dos anos de 1980, quando a cartilha foi modificada e vários exercícios foram incluídos.

Apesar de não ser mais o método "oficial" de alfabetização dos brasileiros, a cartilha idealizada pela educadora Branca Alves de Lima virou uma verdadeira coqueluche no ambiente escolar dos anos 60 e 70.

Foi observando a dificuldade de seus alunos, a maioria oriundos da zona rural, que a autora criou o método que ela própria denominou "alfabetização pela imagem". A letra "a" está inserida no corpo de uma abelha, a letra "b", na barriga de um bebê, o "f" fica instalado no corpo de uma faca, a letra "o", dentro de um ovo e assim por diante.

03 – Cartilha Sodré

A Cartilha de Alfabetização Sodré, criada por Benedicta Sthal Sodré, chegou a vender mais de 6 milhões de exemplares em suas 273 edições e, à exemplo de Caminho Suave, marcou uma geração de ‘leitores-estudantes’. 

Posso imaginar a nostalgia que todos aqueles que estão lendo essa postagem estão sentindo nesse momento. Principalmente você que teve a oportunidade de utilizar tal cartilha memorável que hoje em dia passou a valer muitos reais nos sebos.

A Cartilha Sodré era meio quadrada, mais curta e mais larga do que um livro-padrão. Na capa fosca e esverdeada, uma menina de tranças sorria pra gente e nos convidava à ventura das primeiras letras. Com poucas páginas, tinha o tamanho parecido ao das cadernetas que os donos de armazém marcavam as compras feitas no fiado pelos nossos pais ou então daqueles conhecidos almanaques de farmácia.

A autora, Benedicta Stahl Sodré, aparecia com letras miúdas na capa. Essa cartilha alcançou quase 300 edições e milhares de exemplares vendidos.

04 – Geografia do Brasil

A década de 60 foi marcada por uma forte presença dos livros de Aroldo  de Azevedo  produzidos  pela  companhia  Editora  Nacional.  Esse autor foi o responsável  por  uma  vasta  obra  didática de geografia, publicando  livros  pelas  décadas de  1940  1950  e  1960. Alguns desses livros foram considerados tão importantes que continuaram fazendo parte do currículo escolar na década de 70. Várias de suas obras didáticas, como Geografia do Brasil, chegaram à centésima edição.

O geografo Aroldo de Azevedo (1910-174) se formou pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da USP. Ele foi um dos primeiros professores de Geografia em nosso País, além de renomado autor de livros didáticos.

05 – História do Brasil

Este livro escrito por Roberto Jorge Haddock Lobo fez parte da vida escolar de muitos alunos que cursaram o antigo ginasial no início dos anos 60. Há algum tempo atrás, fuçando uma velha estante que pertencia ao meu irmão mais velho descobri a publicação História do Brasil que traz a foto de um personagem histórico. 

A grande produção didática de Haddock Lobo pode ser explicada pela sua atuação como professor, tendo em vista que ele lecionou em faculdades particulares como o Mackenzie e foi, também, um dos fundadores da Faculdade de Economia, Finanças e Administração de São Paulo.

06 – Geografia Ativa – Estudos Sociais

Cara, que saudades dessa época. Eram os anos 70 quando eu cursava o antigo Primeiro Grau na saudosa Escola Industrial. Putz que saudades! Este livro didático fazia parte da grade curricular de Geografia com a professora Maria Ângela. Apesar do tempo, ainda me lembro muito bem.

O livro trazia impresso na capa o desenho de três garotos sobre uma espécie de plataforma - que na realidade, é o Palácio do Planalto - e que sobrevoava uma região do Brasil onde algumas máquinas trabalhavam na abertura de uma estrada. Esta obra escrita pela educadora Zoraide Victorello Beltrame  era uma das minhas preferidas.

A autora escreveu ainda em 1982, outro livro para o 2º Grau com os mesmos personagens chamado Geografia Ativa – As Regiões Brasileiras, mas o que marcou época, pelo menos pra mim, foi o livro do 1º Grau.

Taí pessoal; espero que essa viagem no tempo tenha agradado a todos os leitores que tiveram a felicidade de ter em mãos – nos seus tempos de estudantes – qualquer um desses livros didáticos.

 


09 fevereiro 2022

Flores para Algernon



Não espere um livro com grandes plot twists, aliás, Flores para Algermnon não tem nenhuma reviravolta bombástica na história. Tanto é verdade que logo no início da trama, eu já imaginava qual seria o final e adivinhem? Acertei em cheio! Começando a resenha dessa forma, fica a impressão de que o livro de Daniel Keys é algo sem sal e sem açúcar, enfim uma leitura nada atraente. Mero engano. Na realidade, Flores para Algernon é maravilhoso, uma leitura cativante e emocionante. Aliás, para uma obra literária ser boa não é preciso que ela esteja recheada de plot twists. Conheço várias narrativas ruins que tem inúmeras reviravoltas, por outro lado, conheço muitas narrativas excelentes e sem nenhum twist. Flores para Algernon se encaixa nessa segunda categoria.

Além de ter me emocionado muito, a história de Charlie Gordon fez com que a minha empatia por pessoas com deficiências intelectuais crescesse ainda mais. A narrativa de Keys é um tapa na cara de muitas pessoas que não dão a devida atenção para adultos ou crianças portadoras desse tipo de transtorno, transformando-os em vítimas de bullying ou simplesmente ignorando-as. A minha vontade, quando terminei a leitura, era a de esfregar o livro na cara dessas pessoas. Verdade! A história, de tão profunda e emocionante, mexe muito, mas muito com a gente.

A história é escrita em primeira pessoa, na forma de epístolas pelo personagem Charlie Gordon que sofre de retardo mental. Ele trabalha em uma padaria onde é um bom funcionário. Apesar de ter amigos no ambiente de trabalho, quase sempre acaba sendo vítima de brincadeiras de mau gosto por esses supostos “amigos”.

Depois de algum tempo, Charlie é selecionado para ser o primeiro humano a passar por uma cirurgia revolucionária que promete aumentar o QI do paciente transformando-o num ser humano com uma capacidade intelectual espantosa. Em um avanço científico sem precedentes, a inteligência do personagem aumenta tanto que ultrapassa a dos médicos que planejaram o experimento. Entretanto, Charlie passa a ter novas percepções da realidade e começa a refletir sobre suas relações sociais e até sobre o papel de sua existência.

Os trechos do livro que mostram o relacionamento de Charlie com Alice, a sua professora da escola de alunos com deficiência mental, são os mais fortes e emocionantes da narrativa, principalmente depois que ele atinge o limite de seu QI, tornando-se uma pessoa extraordinariamente inteligente. Esta mudança acaba interferindo até mesmo em sua interação com as pessoas que tem um QI elevado – os chamados gênios – e muito mais ainda com aquelas de QI normal. Isto porque a sua inteligência, após a operação, chega a ultrapassar todos os limites.

Outro momento forte do livro e que desperta um sentimento de raiva no leitor é relacionamento de Charlie com a sua mãe e com a sua irmã quando ainda sofria de retardo mental. Cara, abusivo demais! Que ódio dessas duas mulheres!

A conclusão do enredo, mesmo não sendo nenhuma novidade e até mesmo obvio, emociona pra caramba.

O autor foi muito criativo ao optar por desenvolver a sua narrativa em primeira pessoa na forma de um diário onde Charlie vai escrevendo passagens de sua vida. No início, a sua escrita é cheia de erros crassos de português, mas depois conforme a sua inteligência vai avançando, esses erros também vão desaparecendo e o seu texto ganha uma escrita perfeita. Achei um lance bem inovador por parte de Keys.

Flores para Algernon foi escrito na forma de conto e publicado pela primeira vez em 1958 numa revista de fantasia e ficção científica, ganhando o Prêmio Hugo de Melhor Conto em 1960. O romance foi publicado em 1966 e foi co-vencedor do mesmo ano do Prêmio Nebula para Melhor Novela.

A ideia de Keys em escrever a história surgiu durante um momento crucial, em 1957, enquanto Keyes ensinava inglês a alunos com necessidades especiais. Um desses alunos perguntou-lhe se seria possível ser colocado em uma classe comum (regular) se ele trabalhasse muito e se tornasse inteligente. Esse foi o gatilho para escrever Flores para Algernon.



O livro fez tanto sucesso no decorrer dos anos que ganhou várias adaptações para a TV e o cinema, sendo a mais famosa delas “Os Dois Mundos de Charly” de 1968 e que rendeu o Oscar de ‘Melhor Ator’ para Cliff Robertson.

Antes de encerrar essa resenha gostaria de revelar quem é o Algernon do título do romance de Keys. Tudo bem, fique despreocupado porque não darei spoilers. Vamos lá. Algernon é um rato de laboratório que serviu de cobaia no experimento científico. O animal foi o primeiro a passar pela cirurgia para aumentar a inteligência. Quanto as “Flores” que também fazem parte do título, bem... só lendo a história para compreender.

A leitura valeu muito a pena.



05 fevereiro 2022

10 livros de sucesso escritos por mulheres

A cada dia que passa cresce o número de mulheres escritoras que estão dominando os top lists literários. Prova de que a mulher está se saindo muito bem neste setor, escrevendo enredos que em pouco tempo acabam se transformando em verdadeiros best-sellers. Mas não é de hoje que elas marcam presença no mercado literário. Isto já é ‘coisa’ antiga. Basta voltarmos décadas no tempo para vermos verdadeiras obras primas escritas por mulheres.

Escritoras contemporâneas como Chimamanda Ngozi Adichie, Jojo Moyes, Jenny Han e outras seguiram o legado de Jane Austen, Emily Bronthe e Clarice Lispector que no passado escreveram obras consagradas e que venderam milhares de exemplares. Cada uma com o seu estilo: clássico ou popular, não importa, o que interessa é que elas conquistaram e ainda conquistam uma legião de fãs ávidos por uma boa história.

Confiram dez livros escritos por mulheres e que se tornaram verdadeiros best-sellers. Obras que não podem faltar em sua estante.

01 – O Morro dos Ventos Uivantes (Emily Bronthe)

Abrimos a nossa top list com esse romance clássico escrito por Emily Bronthe em 1847. Foi o único livro da escritora britânica. 

No enredo criado por Bronthe, sai de cena a mocinha frágil e amorosa, e em seu lugar, entra a mocinha forte e com personalidade indomável, inclusive no amor. O galã atencioso, conquistador e de bom coração é descartado para ceder espaço ao amante bruto e vingativo.

Por tudo isso, O Morro dos Ventos Uivantes não foi bem aceito numa época acostumada a histórias de amor convencionais e estereotipadas. Bronthë rompeu todos esses arquétipos, mandando-os para a PQP. Infelizmente, a sua obra só começaria a conquistar o respeito merecido após a sua morte.  Pena que a escritora britânica morreu ainda jovem, aos 30 anos (1818-1848), e assim, não pode ver o sucesso de sua criação, nem teve tempo de escrever novos livros.

A história é muito densa e tensa, recheada de vinganças, amores mal resolvidos, raiva, cólera, ofensas, xingamentos, seres humanos destruídos em seu amor próprio, mortes e etc. Não há como negar que Heathcliff e Catherine Earnshaw formam um casal romântico completamente diferente de todos aqueles que você já viu nos livros de romance.

02 – Americanah (Chimamanda Ngozi Adichie)

Chimamanda Ngozi Adichie é uma das autoras mais celebradas atualmente. Nasceu em Enugu, na Nigéria, em 1977, e vive entre seu país natal e os Estados Unidos. Escreveu os romances Meio sol amarelo, que ganhou o National Book Critics Circle Award e o Orange Prize de ficção em 2007, Hibisco roxo, e o hiper elogiado Americanah escrito em 2013.

Em Americanah podemos acompanhar a trajetória de Ifemelu, uma jovem nigeriana que vive o idílio do primeiro amor com Obinze. O romance do casal sobrevive ao tempo, ao silêncio e aos deslocamentos.

Enquanto Ifemelu e Obinze vivem essa paixão, a Nigéria enfrenta tempos sombrios sob um governo militar. Em busca de alternativas às universidades nacionais, paralisadas por sucessivas greves, a jovem Ifemelu muda-se para os Estados Unidos. Ao mesmo tempo que se destaca no meio acadêmico, ela depara pela primeira vez com a questão racial e com as agruras da vida de imigrante, mulher e negra.

Quinze anos mais tarde, Ifemelu é uma blogueira aclamada nos Estados Unidos, mas o tempo e o sucesso não atenuaram o apego à sua terra natal, tampouco anularam sua ligação com Obinze. Quando ela volta para a Nigéria, terá de encontrar seu lugar num país muito diferente do que deixou e na vida de seu companheiro de adolescência.

Apesar de ter crescido em uma família nigeriana conservadora, Ifem (como é carinhosamente apelidada) recusa esse lugar esperado às mulheres. Ela não se prende aos padrões de feminilidade, apresenta opiniões fortes e demonstra desconforto com as relações familiares fincadas no patriarcado.

Um livro muito elogiado pelos leitores e também pela crítica.

03 – Como Eu Era Antes de Você (Jojo Moyes)

Antes que alguns torçam o nariz para essa escolha ou digam como Jojo Moyes pode estar numa lista com nomes consagrados como Jane Austen, Emily Bronthe, Mary Shelley e outras, basta dizer que a escritora britânica foi uma das poucas autoras que ganharam o Prémio de Romance do Ano da Associação de Romancistas duas vezes. Ela ganhou o prêmio em 2004, por A Casa das Marés e, em 2011, por A Última Carta de Amor. E olha que temos muitos ‘monstros sagrados’ da literatura que ainda não conseguiram papar esse importante prêmio.

Além do mais, Moyes que também é jornalista já foi a autora mais vendida no Brasil e dois de seus livros (Como Eu Era Antes de Você e A Última carta de Amor) ganharam adaptação para os cinemas tamanho o sucesso de suas obras. O filme decorrente de uma de suas narrativas (Como Eu Era Antes de Você) foi sucesso de bilheteria, consagrando a história como best-seller e sucesso nas telas. Por isso escolhi esse livro – que considero o seu maior  sucesso – para fazer parte dessa top list.

Como Eu Era Antes de Você fez tanto sucesso que acabou virando uma trilogia – os outros dois livros são: Depois de Você e Ainda Sou. A excêntrica personagem Lou Clark conquistou milhares de corações, inclusive o meu. Ela vive vive no interior da Inglaterra e de repente se depara com um grande desafio: ser cuidadora e acompanhante de Will Traynor depois que ele sofreu um acidente que o deixou preso à uma cadeira de rodas. Will, que tem tudo o que o dinheiro pode comprar, parece ter desistido da vida. Isto é... até Lou se determinar a convencê-lo de que a vida vale muito a pena ser vivida.

Juntos em uma série de aventuras, tanto Lou quanto Will acabam conquistando muito mais do que esperavam em suas vidas.

04 – O Conto da Aia (Margaret Atwood)

Nesta obra lançada em 1985 e que ‘volta e meia’ retorna às listas de livros mais vendidos, foi adaptado para uma bem-sucedida série de televisão. O Conto da Aia da escritora canadense Margaret Atwood é uma distopia em que as mulheres perdem totalmente seus direitos e se tornam propriedades dos homens.

Na época da sua primeira publicação, o livro refletiu a aderência americana ao conservadorismo com a eleição de Ronald Reagan como presidente, assim como o crescente aumento da direita cristã e suas organizações lobistas poderosas, como Maioridade Moral, Foco na Família e a Coalizão Cristã - sem mencionar o aumento do televangelismo (o uso da televisão para transmitir a fé cristã).

A personagem de Serena Joy em O Conto da Aia é uma ex-televangelista que sugeriu políticas teocráticas que agora a obrigam, assim como todas as mulheres, a uma vida dedicada inteiramente ao lar.

Como escrevi, O Conto da Aia fez tanto sucesso ao longo dos anos que mesmo após três décadas e meia ainda continua despertando o interesse dos leitores.

05 – Zorro: Começa a Lenda (Isabel Allende)

Eu já conhecia Isabel Allende dos livros Eva Luna, Meu País Inventado e A Casa dos Espíritos; obras fortes que eu li há vários anos e que me marcaram muito. Obras dramáticas, introspectivas e até mesmo um pouco filosóficas. Então eu parei para pensar. Espera aí?! Uma autora acostumada a escrever livros com essas características, de repente resolve reescrever uma obra prima do gênero capa e espada?! Não vai dar certo. Mas o menino, aqui, estava completamente enganado porque a escritora chilena criou um livro antológico que explica as origens do personagem mais famoso do gênero capa e espada.

Por essa ousadia de Allende, eu preferi escolher Zorro: Começa A Lenda para fazer parte dessa top list em detrimento de A Casa dos Espíritos considerada uma das sagas mais respeitadas da literatura mundial.

Li e amei a versão de Allende que foge totalmente da história original A Marca do Zorro escrita na década de 20 por Johnston MacCulley.

O livro de MacCulley, apesar de muito bem escrito foca apenas nas aventuras do herói mascarado e de seu alter-ego Don Diego De La Vega. Já o de Allende explora a fundo a origem do Zorro, desde o seu nascimento, passando pela sua infância e adolescência, chegando até o momento em que ele decidiu usar a famosa capa e máscara preta.

Isabel que nasceu no Peru, mas tem nacionalidade chilena, é considerada uma das principais revelações da literatura latino-americana da década de 1980. É filha de Tomás Allende, funcionário diplomático e primo-irmão de Salvador Allende que foi presidente do Chile no período de 1970 a 1973.

06 – A Hora da Estrela (Clarice Lispector)

Clarice Lispector é um dos grandes ícones da literatura brasileira. A escritora chegou ao Brasil nos braços dos pais em 1922, fugindo da perseguição aos judeus na Ucrânia. Clarice dizia não ter nenhuma ligação com a Ucrânia - "Naquela terra eu literalmente nunca pisei: fui carregada de colo" - e que sua verdadeira pátria era o Brasil.

Apesar de seus pais terem desembarcado em Maceió, a escritora considerava como sua cidade natal o Recife, onde morou dos 4 aos 15 anos.

Sua obra está repleta de mergulhos psicológicos profundos a partir de cenas do cotidiano. Além de romances, escreveu uma série de contos e crônicas e passou pelas redações de jornais como A Noite e Correio da Manhã.

A Hora da Estrela lançado pouco antes do falecimento da escritora em 1977 é um de seus livros mais conhecidos. O romance narra a história da datilógrafa alagoana, Macabéa, que migra para o Rio de Janeiro, tendo sua rotina narrada por um escritor fictício chamado Rodrigo S.M. Desprovida de atrativos, Macabéa passa as horas vagas ouvindo o rádio e namora o metalúrgico nordestino Olímpico, que acaba a deixando para ficar com Glória. A protagonista continua sozinha até que um dia, seguindo uma recomendação de Glória, visita uma cartomante que revela toda a inutilidade de sua vida, mas também prevê o casamento com um estrangeiro rico.

É talvez o seu romance mais famoso, por trazer uma narrativa diferenciada da que costuma apresentar em suas obras, muitas vezes considerada hermética e intimista ao extremo. A Hora da Estrela ainda traz consigo as questões filosóficas e existenciais que dão o tom característico da autora no romance. Foi adaptada para o cinema com o mesmo título por Suzana Amaral em 1985.

07 – Assassinato no Expresso Oriente (Agatha Christie)

Segundo o Guiness Book, Christie é a romancista mais bem sucedida da história da literatura popular mundial em número total de livros vendidos, uma vez que suas obras, juntas, atingiram a marca de quatro bilhões de cópias ao longo dos séculos XX e XXI. Esses números totais só ficam atrás das obras vendidas do dramaturgo e poeta William Shakespeare e da Bíblia.

É claro que uma escritora com esses atributos jamais poderia ficar fora dessa lista. Assassinatono Expresso Oriente foi o livro da autora que escolhi para integrar esse top list. Na minha opinião, a melhor história protagonizada pelo famoso detetive Hercule Poirot criado pela ‘Rainha do Crime’.

No enredo, em meio a uma viagem, Hercule Poirot é surpreendido por um telegrama solicitando seu retorno a Londres. Então, o famoso detetive belga embarca no Expresso do Oriente, que está inesperadamente cheio para aquela época do ano. Pouco tempo após a meia-noite, o excesso de neve nos trilhos obriga o trem a parar. Na manhã seguinte, o corpo de um dos passageiros é encontrado, golpeado por múltiplas facadas. Com os passageiros isolados por conta da neve, e tendo um assassino entre eles, a única solução é que Poirot inicie uma investigação para descobrir quem é o criminoso ― antes que se faça mais uma vítima.

O livro foi publicado pela primeira vez no Reino Unido em janeiro de 1934 e ganhou ao longo dos anos traduções na maioria dos países.

08 – Orgulho e Preconceito (Jane Austen)

Orgulho e Preconceito, publicado originalmente em 1813, é a obra prima da escritora inglesa Jane Austen. Apesar de um grande número de leitores acreditarem que esse posto pertence ao livro Razão e Sensibilidade, na verdade, foi Orgulho e Preconceito que fez de Fitzwilliam Darcy ou simplesmente “Sr. Darcy” um dos personagens masculinos da literatura mais conhecidos no mundo.

Em sua obra, Austen nos apresenta Elizabeth Bennet como heroína irresistível e seu pretendente aristocrático, o sr. Darcy. Nesse livro, aspectos diferentes são abordados: orgulho encontra preconceito, ascendência social confronta desprezo social, equívocos e julgamentos antecipados conduzem alguns personagens ao sofrimento e ao escândalo.

A personagem Elizabeth vive com sua mãe, pai e irmãs no campo, na Inglaterra. Por ser a irmã mais velha, ela lida com diversos problemas que estão relacionados à educação, cultura, moral e o casamento na sociedade.

A personagem é a segunda de cinco filhas, seus pais colocam uma pressão grande na mesma para que haja logo um casamento, mas ela tem outros planos, como viajar o mundo, conhecer diversos lugares. Sendo assim, casamento não é uma de suas prioridades.

As coisas começam a mudar quando Elizabeth é apresentada ao rico Sr. Darcy. Embora seja perceptível a química que surge entre eles, os objetivos de ambos e até mesmo o jeito reservado de Sr. Darcy é algo que impede de se declararem.

09 – Ciranda de Pedra (Lygia Fagundes Telles)

Lygia Fagundes Telles ficou conhecida como "a dama da literatura brasileira" e "a maior escritora brasileira viva”. Lygia Fagundes Telles é considerada por acadêmicos, críticos e leitores uma das mais importantes e notáveis escritoras brasileiras do século XX e da história da literatura brasileira.

Lygia tem grande representação no pós-modernismo, e suas obras retratam temas clássicos e universais como a morte, o amor, o medo e a loucura, além da fantasia.

A obra lygiana já foi elogiada por renomados escritores da literatura nacional e internacional, os quais se renderam à sua elegante escrita. Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade, Caio Fernando Abreu, José J. Veiga, José Saramago, entre outros, já expuseram opiniões importantes e fizeram parte do público de admiradores da obra da escritora.

Ciranda de Pedra publicado pela primeira vez em 1954 é uma de suas principais obras. O romance foi utilizado como base de duas telenovelas homônimas da Rede Globo, em 1981 e em 2008. A história acontece aproximadamente entre as décadas de 1940/1950, em São Paulo, e explora as características psicológicas dos personagens.

No enredo, quando um casal de classe média se separa, a caçula, Virgínia, é a única das três filhas que vai morar com a mãe. É do ponto de vista dessa menina deslocada e solitária que se narram os dramas ocultos sob a superfície polida da família. Loucura, traição e morte são as forças perversas que animam esse singular romance de formação, que já na época de seu lançamento, em 1954, chamou a atenção para o talento e a originalidade da literatura da escritora.

Ciranda de Pedra mantém-se há meio século como um dos livros mais amados da autora.

10 – Frankenstein (Mary Shelley)

Fecho a nossa top list com esse clássico do gênero terror escrito por Mary Shelley. Frankenstein é considerada a primeira obra de ficção científica da história. O romance relata a história de Victor Frankenstein, um estudante de ciências naturais que constrói um monstro em seu laboratório. Shelley escreveu a história quando tinha apenas 19 anos, entre 1816 e 1817.

O romance obteve grande sucesso e gerou todo um novo gênero de horror, tendo grande influência na literatura e cultura popular ocidental. O aclamado autor de literatura de terror Stephen King considerou Frankenstein um dos três grandes clássicos do gênero, sendo os outros dois Drácula e O estranho caso do Dr. Jekyll e Sr. Hyde.

O romance foi primeiramente adaptado para o teatro, e posteriormente para um grande número de mídias, incluindo rádio, televisão e cinema, além de quadrinhos.

Agora, ao completar 203 anos da publicação, Frankenstein permanece como uma das maiores obras literárias de que se tem notícia. Até hoje reverberam os trovões da “noite pavorosa de novembro”, quando Victor Frankenstein concluiu seu trabalho e, por meio de uma combinação entre matemática e alquimia, insuflou a vida na remendada criatura que tinha diante de si (na versão revisada de 1831, Mary Shelley alterou esse método para a eletricidade).

Um verdadeiro clássico da literatura mundial com presença obrigatória em qualquer estante de livros.

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