25 junho 2014

O Hobbit



É difícil acreditar que até agora não tenha escrito um post sobre “O Hobbit”.  Com certeza, foi uma grande ‘marcação’ da minha parte, pois já deveria ter feito isso há muito tempo. Mas antes tarde do que nunca.
Olha, simplesmente, não dá para criticar esse livro. Tudo bem, até concordo que podemos esculhambar os dois filmes de Peter Jackson que foram horríveis e terríveis, mas o livro, não dá. Tolkien, quando o escreveu, estava no auge da sua inspiração. E olha que ele criou essa história especialmente para os seus filhos. Por isso eu costumo dizer: “Obrigado por existirem filhos de Tolkien!”
“O Hobbit” é aventura pura, daquelas que prendem o leitor de uma tal maneira que os incapacita de dormir, se alimentar e ainda contribui para atrapalhar o serviço. Cara, eu senti tudo isso na pele! Lembro-me que sempre ia dormir por volta de 2H30m ou 3H00 há madrugada porque não conseguia parar de ler a aventura Tolkiniana. Ia devorando as páginas e quando ‘caia na real’ já eram altas horas da noite. No dia seguinte – quer dizer, no mesmo dia (rs) – colocava o livro debaixo do braço e o levava para o serviço com a intenção de lê-lo nos momentos de folga. Resultado: noites mal dormidas e trabalho empacado. Mas apesar desses contra-tempos conclui a leitura de “O Hobbit” em menos de três dias.
Apesar de ser tão descritivo quanto a “Trilogia do Anel” (A Sociedade do Anel, As Duas Torres e O Retorno do Rei), “O Hobbit” não se torna cansativo em nenhum de seus capítulos, pelo contrário, a cada página virada você quer mais e mais.
A história começa com o hobbit Bilbo Bolseiro recebendo a visita do mago Gandalf que lhe propõe participar de uma verdadeira epopéia que o tornaria muito rico: roubar o tesouro do lendário e letal dragão Samug que vive na Montanha Solitária. Esse tesouro, na realidade pertence há um grupo de 13 anões que agora querem recuperá-lo mas não sabem de que maneira. Bilbo, portanto, seria o ladrão da expedição, mas para realizar a sua tarefa, é evidente que receberia uma parte do tesouro. No início, o Hobbit reluta e até mesmo se recusa a fazer parte do grupo, mas quando os espertos anões ridicularizam a sua atitude, deixando ‘meio que no ar’ que Bilbo não tem coragem suficiente para participar da empreitada, o Hobbit fica puto da vida e concorda com a proposta. Mal sabe ele, que tudo não passa de um plano engendrado pelos anões para recuperar o seu valioso tesouro que agora está em poder do dragão Samug. Ah! Voces devem estar se perguntando porque eles querem tanto que Bilbo participe da expedição? Bem, no livro vocês encontrarão essa explicação.
E assim, o grupo parte para as terras selvagens. A partir daí a aventura começa; e que aventura! Bilbo e os anões enfrentam toda espécie de perigo: aranhas gigantes, orcs e outras coisas, mas sem dúvida nenhuma, o clímax do romance é a Batalha dos Cinco Exércitos quando anões, homens e elfos se unem para enfrentar um exército de orcs. Quando tudo parece perdido, eis que surge... Bem... leiam o livro, é melhor.
“O Hobbit” ainda brinda os leitores com a cena mais antológica de todos os livros do autor: o encontro de Bilbo com Gollun.  Em uma caverna escura o hobbit se depara com uma criatura estranha e amargurada, ninguém menos do que Gollun. É nesse encontro icônico que temos a primeira referência ao anel do poder, que deverá ser destruído em Mordor, alguns anos mais tarde na trilogia “O Senhor dos Anéis”.
Considero “O Hobbit” a porta de entrada para as aventuras subseqüentes de Frodo, Sam e sua turma. Apesar de alguns afirmarem que se trata de uma obra independente, considero “O Hobbit” leitura obrigatória antes de se encarar os três livros da Trilogia do Anel. Não dá para pular essa história; temos de ler primeiramente a magia, a beleza, o encantamento e a aventura embutidas nas páginas de “O Hobbit”.  Somente depois partiremos para “A Sociedade do Anel”, “As Duas Torres” e “O Retorno do Rei”.
Pelo menos, é dessa maneira que penso.

23 junho 2014

“Doctor Sleep”, de Stephen King, desembarca no Brasil no início de novembro



A febre da hora se chama “Doctor Sleep”. Febre, onda, babado, novidade, bam-bam-bam, entendam como quiserem. Basta dizer que o novo livro de Stephen King – o Kinga, como diz o Kid Tourão – implodiu todos os top lists americanos, atingindo o primeiros lugares. E agora, galera, a surpresa é que o novo livro do mestre do terror desembarca nas livrarias brasileiras no dia 1º de novembro próximo. Pelo menos, é essa a data tida como oficial pela Suma de Letras, editora responsável pelos lançamentos literários de King no Brasil.
Portanto, você que tremeu na base com os fantasmas que habitavam o terrível Overlook Hotel, no Colorado, e que enlouqueceram Jack Torrance, se prepare porque vem por aí mais carga pesada com “Doctor Sleep”.
O livro é a sequência direta de “O Iluminado”. Nele King conta que após os acontecimentos macabros que ‘rolaram’ no Overlook Hotel, quando Jack Torrance e seu famoso machado espalharam o terror por onde passavam, o seu filho Danny acabou ficando psicologicamente traumatizado. Quanto a sua mãe Wendy que escapou da morte por muito pouco, ainda se recupera lentamente de seus ferimentos.

Como Danny conseguiu sair com vida dessa empreitada, os fantasmas do sinistro hotel, irritados, deram início a uma caçada impiedosa e agora, querem encontra-lo de qualquer maneira. Nesse momento delicado, um antigo chef do Overlook ensina Danny, já crescido, a criar caixas em seu subsconciente para prender esses espectros do mal. Achei interessante essa sacada do autor, muito parecida com parte do roteiro de “O Apanhador de Sonhos”, onde um dos personagens tinha esse poder que criar ‘caixas’ em seu cérebro para prender o ‘monstro’ da história.
Após décadas da tragédia no Overlook Hotel, Danny Torrance acabou se transformando em “Doctor Sleep”, um adulto com problemas alcoólicos e sem residência fixa que vive atormentado por suas visões e os fantasmas de sua infância. Ele agora conta com estranhos poderes psíquicos, capaz de fazer os pacientes terminais de um hospital onde trabalha, morrerem em paz, livres de seus fantasmas e medos.
O livro conta ainda com outros personagens interessantes como uma criança superdotada, chamada Abra, que ainda bebê, sem seu berço, previu a tragédia de 11 de setembro que abalou os Estados Unidos. Além de um gato muito estranho, capaz de prever quando uma pessoa irá morrer. Agrhhhh! Eu, heinnn!
Pois é, esses dois personagens irão cruzar o caminho de Danny e terão papéis importantes no enredo desenvolvido por King.
Lembro-me que numa entrevista de lançamento de “Doctor Sleep” nos states, King frisou que a obra é um pedaço de sua vida, já que é grande a sua identificação com Danny Torrence. Ele lembrou que a exemplo do personagem, ele também sofreu com o vício da bebida o que se transformou numa porta de entrada para um outro vício maior e mais perigoso: a cocaina. Hoje, ele conseguiu se livar desses dois vícios. Outro detalhe é como Danny, ele também – no início de carreira – não tinha casa para morar, sendo obrigado a conviver num trailler. Tanto é que foi a sua vizinha que lhe deu o recado de que uma editora havia telefonado, interessada em publicar o seu primeiro romance. Como King não tinha telefone, optou por deixar o número da vizinha para recados.
Enfim, uma obra com a ‘cara’ das origens do mestre do terror. Agora, é só aguardar 1º de novembro para comemorar a chegada da sequencia de “O Iluminado”, mas antes, em agosto, tem um aperitivo – e que apertitivo!! – o relançamento em edição de luxo de “A Coisa”.
Tantas notícias boas valem um Iahuuuuuuú caprichado, não é mesmo?

19 junho 2014

“A Bibliotecária de Auschwitz”, que chega às livrarias nos próximos dias, explora os horrores do Holocausto



Eu, mais do que ninguém, torço para que sejam lançados livros com histórias de qualidade. Digo isso porque a ‘coisa’ tá braba, meus amigos. Hoje em dia, aumentou-se a quantidade e diminuiu-se a qualidade. Cara, a cada dia vejo nas redes sociais dezenas e mais dezenas de lançamentos de autores desconhecidos e que do dia para a noite alcançam status de ‘lendas vivas da literatura’. São tantos bagulhos tendo por base distopias, erotismo e vampirismo ‘a la Romeu e Julieta’ que me deixam triste, decepcionado e também saudoso.
É verdade galera! Tenho saudades daquelas histórias de qualidade de Sidney Sheldon, Stephen King, Thomas Harris, Carlos Ruiz Zafon, Michael Crichton, Bernard Corwell e outros. Acontece que vários desses autores morreram; outros estão muito velhos, perto da aposentadoria e outros mais tem o hábito de lançar um livro a cada dois anos, não menos que isso, ao contrário da nova safra de autores teens que ‘vomitam’ trilogias a cada seis meses.
Portanto, quando surge um novo escritor com uma história Classe A, temos mais é que comemorar. E comemorar com um baita barulho, com direito a baterias de fogos pirotécnicos. Torço para que John Green, Khaled Hosseini e Sara Gruen (que por sinal está um pouco sumida depois da jóia rara ‘Agua para Elefantes’) não fiquem apenas na promessa.
Ainda ontem, ‘fuçando’ na Net vi várias matérias em blogs, sites e jornais virtuais enaltecendo o livro de um escritor espanhol chamado Antonio Iturbe. Juro que fiquei muito feliz, pois Zafon, como sabemos, é daquele país e então passou pela minha cabeça: “Puxa vida, será que está nascendo um escritor de peso?” Graças a essa analogia, me interessei pelo livro de Iturbe que será lançado em 25 de junho, mas já está em pré-venda nas principais livrarias virtuais.
O que me chamou a atenção e consequentemente me levou a escrever esse post foi a unanimidade dos críticos com relação à obra. Pelo menos dos artigos que li – e foram muitos – todos foram unânimes em afirmar que “A Bibliotecária de Auschwitz” é o fino da bossa – como costuma dizer o Kid Tourão. Choveram elogios e mais elogios. E venhamos e convenhamos: é difícil um livro atingir o status de unanimidade, mas Antonio G. Iturbe conseguiu essa proeza.
“A Bibliotecária de Auschwitz” é uma obra sobre o Holocausto. Conta a história real de uma criança checa-judia - chamada Dita Kraus - que aos 14 anos, acaba sendo enviada  com os pais para o campo de extermínio de Auchwitz, na Polônia. Ela ficou no campo de 1944 a 1945, quando foi enviada para a Alemanha, que desistiu de matá-las (Dita e sua mãe), e a outros judeus, porque precisava de mão de obra escrava. O pai morreu em Auschwitz, ao lado de Treblinka, um dos campos mais letais do regime nazista de Adolf Hitler. Num pavilhão do campo (o bloco 31), os judeus, entre eles um professor, formaram uma biblioteca de poucos livros — Iturbe menciona oito, mas eram um pouco mais — e Dita Kraus foi escolhida para ser sua guardiã e distribuidora.  Num campo onde o terror e o medo dominavam, os poucos livros da biblioteca clandestina do bloco 31 – que permaneceu camuflada dos alemães nazistas – eram a única maneira daquelas pobres almas, principalmente as crianças, voarem para longe da prisão nazista.
Dita e Fredy Hirsch, professor que teve a idéia de montar a biblioteca, se tornam verdadeiros símbolos da luta da resistência contra o regime nazista. Dita é apenas uma adolescente, mas a sua coragem e perseverança em ajudar aquelas crianças sitiadas no campo de concentração nazista a superar a dor e o sofrimento através do mundo da leitura acabam se tornam exemplos de coragem e solidariedade.
Segundo Dita, os livros chegavam ao Bloco 31 do campo de concentração por intermédio de prisioneiros poloneses que separavam os objetos das malas dos judeus que eram levados para as câmaras de gás. Eles separavam os objetos de acordo com a sua função. Na rampa de embarque, depois que o trem saía, ficavam as malas vazias, e pilhas de roupas, comida, sapatos, óculos. Como o pavilhão no qual Dita ficava estava bem na entrada de Auschwitz, assistia a cena todos os dias. Quando eles achavam um livro traziam camufladamente para a “biblioteca”.
Olha, confesso que me interessei pela sinopse. Pode ser que eu me arrependa, mas estou quase adquirindo a obra de Iturbe... quase... Vamos ver.
Inté galera!

17 junho 2014

10 livros sobre futebol para ler durante a Copa no Brasil



Neste período de Copa do Mundo em que os jogos estão rolando em campos brasileiros, é normal crescer o interesse por livros sobre o tema. Cara, ta uma febre só! É livro sobre a fatídica Copa de 1950 que calou o Maracanã, é livro sobre a seleção do Felipão que está correndo atrás do “Hexa” e claro, os livros sobre Neymar que não podem faltar.
Portanto, seguindo uma sugestão do Kid Tourão (quem ainda não conhece esse velhinho famoso e querido, basta acessar aqui, aqui, aqui e mais aqui), decidi fazer uma lista de 10 livros sobre o tema Copa do Mundo e futebol. Alguns bons, outros regulares. Vamos à eles:
01 – O Drible (Sérgio Rodrigues)
Este livro vem sendo considerado o ‘bam-bam-bam’ do gênero; uma verdadeira febre nacional beirando o que eu chamo de ‘unanimidade do bem’. Até agora só vi gente falando bem da obra, gente conhecida e também não conhecida. A super conceituada atriz Fernanda Torres é uma delas. Taí, elogio é o que não falta para o livro de Sérgio Rodrigues.
Em sua obra lançada pela Companhia das Letras, o autor decide juntar numa só receita a era de ouro do nosso futebol e cultura pop. “O Drible” conta a história fictícia de Murilo Filho, um dos maiores cronistas esportistas do País que aos 80 anos e desenganado pelos médicos tenta se reaproximar de seu filho Neto com quem brigou a um quarto de século. Neto culpa o pai pela morte de sua mãe, enquanto Murilo sonha ver o filho se tornar um craque de futebol, ocorre que o rapaz não leva jeito para a ‘coisa’. Na verdade, o seu negócio é sentir e viver a cultura pop dos anos 80. Essa diferença contribui ainda mais para aumentar o abismo existente entre pai e filho.
Toda semana, em pescarias dominicais, Murilo Filho preenche com saborosas histórias dos craques do passado o abismo que o separa de Neto.
Revisor de livros de autoajuda, Neto leva uma vida medíocre colecionando quinquilharias dos anos 1970 e conquistando moças que trabalham no comércio perto de sua casa, no bairro carioca da Gávea. Desde os cinco anos, quando a mãe se suicidou, sente-se desprezado pelo pai famoso.
Como nos romances anteriores de Sérgio Rodrigues, há um contraponto de vozes narrativas. Entremeado com o relato principal, transcorre o livro que Murilo escreve sobre um extraordinário jogador do ano de 1960 chamado Peralvo, dotado de poderes sobrenaturais e que teria sido “maior que Pelé” se não tivesse encontrado um fim trágico. Quem já leu o livro garante que as páginas que narram o duelo de titãs entre o fictício Peralvo e Pelé estão entre as melhores do romance.
Apesar da minha lista de leituras já estar entupida, estou pensando seriamente em adquirir o livro de Sérgio Rodrigues.
02 – Anatomia de Uma Derrota (Paulo Perdigão)
Outro livraço, segundo a crítica especializada. Daqueles que não podem faltar na estante de nenhum amante do futebol, seja ele torcedor, jornalista, pesquisador, técnico ou jogador. Anatomia de uma Derrota”, lançado em 1986 pela Editora L&PM é considerado por muitos como a mais completa obra sobre a fatídica derrota brasileira, na primeira Copa disputada no país, em 1950.
Para que os leitores compreendam a importância desse livro, basta dizer que a obra de Paulo Perdigão que faleceu em 2006, está esgotada e só pode ser encontrada em sebos por preços absurdos, que beiram os R$ 400,00!! Bem, com esse lance de Copa do Mundo 'rolando' no Brasil, a L&PM relançou o livro apenas no formato e-book, por um preço módico de R$ 20,25. Quer saber o que aconteceu? OK, eu conto. A versão digital da história de Perdigão não deu pra quem quis! Os pedidos foram tantos que o e-book se esgotou das livarias. Ontem, antes de escrever esse post, dei uma verificada no portal da Estante Virtual – que reúne 1.300 sebos e livreiros de todo o país e um acervo de aproximadamente 12 milhões de livros - e constatei que sobraram apenas três exemplares à preços assustadores.
Perdigão foi uma das testemunhas do 16 de julho de 1950 quando a seleção brasileira – mais do que favorita para a conquista do título – acabou perdendo a final da Copa para a zebraça Uruguai. O Kid Tourão me disse, certo dia, que não é possível entender as dimensões daquela “tragédia brasileira” sem ter vivido a época. E ele viveu. Quando se lembra do gol sofrido por Barbosa, ainda percebo um certo ar de tristeza em seu semblante. A conquista daquela taça de ouro representava tudo para os brasileiros que viveram naquele período. Era o seu momento de afirmação como povo e como nação. Por tudo isso, o país inteiro chorou. É evidente que vibramos com cada uma das quatro taças que ganharíamos depois. E que o riso é bem mais prazeroso que o pranto, mas a ferida de 1950 foi daquelas que sangrou muito, mesmo porque naquela época o povo brasileiro ainda não tinha noção de que ganhar ou perder uma Copa do Mundo não melhora e nem piora as nossas vidas.
Em seu livro, o autor responde ao jovem torcedor de hoje todos os porquês da tragédia de 1950. Um amigo meu de outra cidade que já leu a obra na versão digital, me disse que o texto do autor é uma verdadeira aula de pesquisa, um exemplo de como se fazer jornalismo esportivo.
03 – O Negro no Futebol Brasileiro (Mário Filho)
Para que vocês entendam a grandeza da obra de Mário Filho é importante citar que ao lado de “Casa Grande e Senzala” , de Gilberto Freyre e “Raízes do Brasil”, de Sérgio Buarque de Hollanda, ela é considerada um dos grande ensaios de interpretação, formação e identidade do povo brasileiro.
É o tipo de livro que podemos classificá-lo como antológico. Exemplo disso é que “O Negro no Futebol Brasileiro’ ganhou uma edição em inglês que foi distribuída para Chefes de Estado e jornalistas estrangeiros nesta Copa do Mundo que acontece no Brasil, como parte da campanha do governo contra o racismo nos estádios.
O livro de 344 páginas publicado pela editora Mauad já está em sua quinta edição e com certeza foi lido por várias gerações de leitores, já que foi publicado pela primeira vez em 1947. O autor, nem se fale. É uma verdadeira lenda. Mário Filho foi o criador do jornalismo esportivo como conhecemos hoje, concebeu e nomeou o Estádio Municipal do Maracanã, inaugurou o clássico Fla-Flu e criou o Torneio Rio-São Paulo, que se tornaria o Torneio Roberto Gomes Pedrosa (vulgo “Robertão”), embrião do Campeonato Brasileiro.
Em seu livro, ele faz inúmeras revelações, como por exemplo: o primeiro clube a aceitar um jogador negro foi o Bangu, e o carioca Vasco da Gama foi o precursor a colocar um time racialmente misto em campo. Pode parecer mentira, mas no começo, os negros, mesmo sendo craques, não podiam jogar nos grandes clubes que lhes fechavam as portas. Para poderem mostra a sua arte, eles eram obrigados a usar toucas para esconder o cabelo crespo e se maquiar com pó-de-arroz para clarear a pele. Para entrarem pela porta da frente, eles tinham que se passar por pessoas brancas. Terrível, não é?!
O livro traz ainda como brinde aos seus leitores as fotos de alguns dos primeiros craques negros e mulatos do futebol nacional, com seus perfis assinados pelo historiador Gilberto Agostino.  
E aí? Se interessou pelo livro? Então escute um conselho de amigo. Não durma no ponto e adquira logo o seu exemplar. Ele não está esgotado – por enquanto – em apenas três livrarias: Saraiva (R$ 46,92), Travessa.com.br (R$ 54,52) e Levi Livros (R$ 48,03). Esqueça Submarino, Americanas, Shop Time, a livraria da sua cidade, etc e etc. O livro sumiu!!
04 – Neymar – O Último Poeta do Futebol (Luca Caioli)
Tá certo. E você ainda acreditava que um tal Neymar não seria tema de nenhuma biografia nessa copa? Santa inocência(rs)! Para quem quiser conhecer mais a fundo o atual camisa 10 da seleção, os biógrafos lançaram quatro livros. Anotem aí: “Neymar – Conversa entre Pai e  Filho”, de Ivan Moré e Mauro Beting; “Neymar – O Sonho Brasileiro, de Peter Banker; “O Planeta Neymar – Um Perfil”, de Paulo Vinícius Coelho, lançado em edição bilíngüe e finalmente a obra, tema desse post, escrita pelo escritor e jornalista italiano que vive na Espanha, Luca Caioli.
O jornalista assina também biografias de Messi (“O Garoto que Virou Lenda”) e Ronaldinho Gaúcho (O Sorriso do Futebol). Parece que o italiano é chegado numa biografia de jogadores famosos. Ele já ‘mandou ver’ em Cristiano Ronaldo, Fernando Torres e atualmente trabalha na biografia do uruguaio Luiz Suárez.
Sei lá galera, fico sempre com um pé atrás nessas biografias direcionadas a pessoas públicas que estão 'bombando' na mídia em determinado momento. Fica sempre a impressão de oportunismo por parte do biógrafo. Já viram o número de livros lançados nos últimos dois anos sobre o Papa Francisco e Bento XVI?? Portanto, todo cuidado é pouco. Sabemos que Neymar é o cara da hora e isso estimulou a batelada de livros sobre a sua vida. Resta saber quais são os bons e os ruins.
No caso da obra de Caioli,  ele mergulhou nas origens do camisa 11 do Barcelona que, de acordo com o autor, está a caminho de ocupar o posto de maior ídolo do esporte brasileiro, uma "poltrona vazia" desde a morte de Ayrton Senna.
Caioli revela em sua obra que o lado mais "publicitário" de Neymar começou a aparecer em 2010. Diante de uma oferta de 30 milhões de euros do Chelsea, o Santos reagiu com um contrato milionário que associou a figura do jogador a 12 patrocinadores diferentes. No livro, o autor dá detalhes dessa tensa negociação, além de explorar as raízes humildes do atleta.
Aqueles que quiserem arriscar terão de desembolsar em média R$ 30,00 pela obra que ainda pode ser encontrada por preços promocionais na Saraiva, Americanas e Submarino.
05 – Quando é Dia de Futebol (Carlos Drumond de Andrade)
As crônicas e poemas do livro “Quando é Dia de Futebol”, foram publicadas, ao longo dos anos, nos jornais Correio da Manhã e Jornal do Brasil, nos quais Drumond de Andrade ocupou cadeira cativa durante muito tempo. Elas foram escritas a partir da observação do autor sobre campeonatos, Copas do Mundo, rivalidades entre grandes times e lances geniais de Pelé, Mané Garrincha e outros.
Selecionados por Luis Mauricio e Pedro Augusto Graña Drummond, netos do poeta, os textos oferecem um passeio  por nove Copas do Mundo: de 1954, na Suíça, até a última testemunhada pelo autor, em 1986, no México. De acordo com release da editora Companhia das letras, não se tratam de resenhas de certames nem tentativas de análise futebolística. Vão além, em seu aparente descompromisso, pois capturam no futebol aquilo que mais interessava ao autor: a capacidade que o bate-bola tem de estilizar, durante os noventa minutos de duração de uma partida, as grandes paixões humanas.
Pelé e Garrincha ganharam capítulos especiais com crônicas e poemas caprichados.
Para quem curte poemas e crônicas, a obra é recomendadíssima; afinal de contas, tudo o que está ali foi escrito por um dos gênios da literatura.
06 – O País da Bola (Betty Milan)
O livro retrata o Brasil através do futebol. A autora explica o que fez o “footbal” se transformar em "futebol" e como os nossos jogadores se transformaram em figuras lendárias. Mostra que há uma relação entre a cultura popular brasileira – a cultura do brincar – e o jogo inventivo de que somos capazes. Para ela, nós, brasileiros, somos treinados para a improvisação desde a infância, e o brincar é o elemento-chave da nossa cultura.
A primeira edição do livro, em 1989, teve grande repercussão na imprensa, mas só foi distribuída como livro-brinde. Teve lançamento no salão nobre do Estádio do Pacaembú. Foi traduzido para o francês e lançado, em formato de bolso, no Salão do Livro de Paris, pela éditions de l'aube. No mesmo ano, a Record publicou uma edição de livraria revista e corrigida pela autora. Em 2014, ano da Copa do Mundo no Brasil, o livro foi reeditado com novo prefácio escrito pela autora. Antes de escrevê-lo, Betty Milan entrevistou Platini e ouviu dele que o Brasil é mesmo o país da bola  pois "é tão importante para os torcedores do mundo inteiro irem para o Brasil quanto para os muçulmanos irem à Meca".
Confira um trecho da obra de Milan: “A cultura francesa privilegia o droit; a inglesa o fair play e a espanhola el honor. Nós, brasileiros, privilegiamos o brincar. Aconteça o que acontecer, nós brincamos, porque para isso podemos prescindir de tudo, só precisamos da imaginação. O samba que o diga: Com pandeiro ou sem pandeiro
ê, ê, ê, ê, eu brinco. Com dinheiro ou sem dinheiro…ê, ê, ê, ê, eu brinc. (Pedro Caetano e Claudionor Cruz, 1944)
Tanto podemos abrir mão do pandeiro quanto do dinheiro por sermos capazes de improvisar o que desejamos, valendo-nos do que estiver ao alcance da mão. Os brasileiros de todas as classes são escolados na improvisação, que pode mesmo ser considerado um traço cultura.
Se você está na dúvida se adquire ou não o livro de Milan; vai aqui uma ajudazinha: o saudoso Jorge Amado adorou a obra.Vejam só nas suas próprias palavras: "Gostei muito de ter olhado e lido o livro, as imagens são belas e o texto é excelente."
Taí galera, decidam.
07 – Uma Histórias das Copas do Mundo – Futebol e Sociedade (Airton de Farias)
O objetivo da  obra de Airton Farias dividida em dois volumes que contam juntos mil páginas é muito audacioso: "entender a História da humanidade, entre o final do século 19 e o começo do 21, através da modalidade esportiva mais popular do planeta".
Pelo que eu pude pesquisar nas redes sociais, tudo indica que Farias demorou três anos somente para pesquisar os fatos que fariam parte de seu livro. Outro ponto positivo é que ele usou toda a sua didática de professor de pré-vestibular para prender a atenção de seus ‘alunos’. Oops! Quis dizer 'leitores' (rs). Os 23 capítulos dos dois volumes que podem ser lidos de maneira independente relacionam diferentes processos históricos ao futebol. Ele destaca dois exemplos recentes. Um deles foi a participação das torcidas organizadas de times do Cairo no enfrentamento da polícia, o que acabou por levar à queda o ditador egípcio Hosni Mubarak. No Brasil, lembra o autor, os protestos do ano passado e deste "evidenciam como é questionável a associação mecânica futebol-ópio do povo".
A quem possa interessar, o livro foi apontado pelo jornalisa Juca Kfouri, autor do prefácio, como “a melhor história das Copas do Mundo jamais escrita em língua portuguesa”. Em coluna no jornal Folha de S.Paulo, Kfouri escreveu: “Uma História do Futebol, Copas do Mundo e Sociedade surpreende pela profundidade da pesquisa, pela riqueza de remissões e contextualizações e pela visão social/futebolística inteligentemente coerente”. 
08 – O Lado Sujo do Futebol (Amaury Ribeiro Jr., Leandro Cipoloni, Luiz Carlos Azenha, Tony Chastinet)
O livro de autoria dos jornalistas Luiz Carlos Azenha, Amaury Ribeiro Jr., Leandro Cipoloni e Tony Chastinet tem como ponto de partida uma série de reportagens da TV Record sobre irregularidades na CBF, que ajudou a precipitar a renúncia do ex-presidente da entidade, Ricardo Teixeira. Os quatro jornalistas se aprofundaram ainda mais na investigação e desvendaram uma trama que tinha como alicerce o então presidente da Fifa, João Havelange, ex-genro de Teixeira.
A obra relata com detalhes o esquema montado pelo ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e do ex-presidente da Fifa, João Havelange, baseado em propinas, negócios escusos, traições e escândalos durante o período em que ambos comandaram as entidades.  
Segundo release promocional da Editora Planeta, “O Lado Sujo do Futebol” é o retrato definitivo do que acontece além das quatro linhas. Um dos livros mais corajosos da história da literatura esportiva. Será verdade? Como ainda não li o livro, não posso responder. Comprem por conta e risco.
09 – Entre as Quatro Linhas (Luiz Ruffato)
Luiz Ruffato (“Eles eram muito cavalos”) na realidade não escreveu o livro, ele apenas organizou os 15 contos escritos por diversos autores. Como também não li o livro, estou sem subsídios para comentá-lo e não vou fazer isso por tabela, ou seja, copiar e colar a sinopse da editora – que coloca a obra nas alturas – como se o texto fosse meu. No e No; isso não faz o meu gênero. O que eu posso dizer é que o time de contistas divulgado pela editora DSOP é muito bom. Fazem parte da relação, as feras: Fernando Bonassi, escritor, dramaturgo e autor de roteiro cinematográficos e André Sant’Anna, conhecido e respeitado escritor mineiro.
Em minhas ‘andanças’ pela Net, encontrei um texto muito esclarecedor sobre a obra organizada por Ruffato. O post encontra-se no site “Estamos em Obra” (nome sugestivo né?!). Podem conferir aqui.
10 – 1950: O Preço de Uma Copa (Beatriz Farrugia, Diego Salgado, Gustavo Zucchi e Murilo Ximenez)
Taí mais um livro sobre a tragédia futebolística brasileira que ficou conhecida como “Maracanaço”. Sei que é arriscado avaliarmos uma obra pela sinopse fornecida por uma editora, mas lendo as informações editorias de “1950: O Preço de Uma Copa” confesso que me interessei pelo livro. Pode ser que me arrependa se, de fato, vier a compra-lo, mas achei as informações bem interessantes.
Segundo a editora Letras do Brasil, os autores fazem uma analise da tragédia que foi aquela copa dentro e fora do Maracanã. Eles iniciam dizendo que no futebol, o Brasil, que ainda não conhecia Pelé nem Garrincha, choraria aquela Copa para sempre pelos pés de um tal Giggia. Se fora de campo as batalhas foram árduas, duras e por vezes quase impossíveis, dentro das quatro linhas a ferida jamais cicatrizaria. Depois de tantos esforços para receber uma Copa do Mundo, o país que ainda era pouco conhecido e quase sem relevância diante das potências europeias, quase todas em fase de reconstrução após a Segunda Guerra Mundial, não admitia que pudesse sucumbir diante do vizinho Uruguai, embora todos reconhecessem na Celeste uma equipe forte e perigosa.
O desafio maior, como se propõe o título, foi quantificar cada tostão investido em terrenos, construção de estádios e melhorias de infraestrutura das próprias cidades-sedes (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e Recife) para cumprir as exigências da Fifa e, mais que isso, dos homens que se comprometeram com a competição.
Estádios foram reformados e outros erguidos do nada, como o Maracanã, palco da final de Brasil e Uruguai, num processo que mexeu com a vida das pessoas e do Rio, e cujo resultado, o Maracanã, se perpetuou por décadas.
Interessante, não?
Espero ter ajudado os internautas-leitores que desejam conhecer um pouco mais à fundo os bastidores do nosso futebol ou então ‘esfriar’ a cabeça lendo uma ficção tendo por tem o esporte mais popular do país.
Inté!

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