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16 agosto 2025

Seis antologias de ficção científica para combater a sua Depressão Pós Leitura

Se alguém me perguntasse se existe um antídoto para ressaca literária, eu responderia: leia uma antologia de contos. Acredito que por serem mais curtos, eles tornam a leitura fluida, porque cá entre nós: “após levarmos uma bordoada nos neurônios por causa de um enredo que amamos ou odiamos, a nossa cabeça não tem forças para encarar, logo depois, um enredo de 300 páginas ou mais. Temos que dar um refresco. É aí que entram os contos.

Além do mais, podemos ter sorte de encontrarmos histórias tão boas quanto aquela que acabamos de ler ou então melhores do que a bomba que nos levou a uma DPL (Depressão Pós Leitura).

Nesta postagem selecionei seis antologias de contos de ficção científica muito elogiadas tanto por leitores quanto por críticos. Se você aprecia o gênero, certamente, eles irão lhe proporcionar viagens incríveis. E se você, também, estiver enfrentando uma DPL, garanto que essas antologias farão com vocês melhore muito, ficando apto para encarar novos romances.

E vamos para as nossas oito antologias de histórias curtas de Sci-fi. Livraços hein galera; garanto.

01 – Sonhos Elétricos (Philip K. Dick)

Sonhos Elétricos reúne 10 contos de Philip K. Dick que inspiraram a série “Electric Dreams”, da Amazon Prime e que conquistou o público e a crítica.

Philip K. Dick é um dos nomes mais importantes da ficção científica e um dos autores com mais textos adaptados para o cinema. Suas obras inspiraram filmes como “Blade Runner”, “Minority Report”, “O Vingador do Futuro”, “Agentes do Destino”, “O Pagamento”, entre outros.

Dick publicou seus primeiros contos no início dos anos 1950, e neles já se notava a natureza inquietante de toda a sua obra. Ao questionar incessantemente o que está por trás das aparências e o que nos define como seres humanos, o autor sobrepôs realidades, subverteu o tempo, vislumbrou autômatos e mundos extraterrestres enquanto mergulhava a fundo na mente humana.

Dessa perturbadora mistura nasceram textos incríveis e cheios complexidade, que há décadas vêm inspirando o universo do cinema e da tevê. Os textos publicados em Sonhos Elétricos abordam realidades paralelas e distópicas, a relação entre homens e máquinas, além de outras temáticas ao gosto desse mestre da ficção científica. Um reflexo da maneira muito pessoal e desconfiada que Dick tinha de ver o mundo.

02 – Mundos Apocalípticos (Vários autores)

A antologia selecionada por John Joseph Adams e que reúne grandes “feras” da ficção científica reúne 22 histórias pós-apocalípticas. São narrativas sobre o fim dos tempos, explorando o científico, o psicológico e o filosófico do que é permanecer humano diante do Armagedom.

A obra reúne autores consagrados do gênero tais como: Octavia E. Butler (Kindred), Stephen King (O iluminado, It: a coisa), George R.R. Martin (As crônicas de gelo e fogo) e outros.

Fome, Morte, Guerra e Peste: os Quatro Cavaleiros do Apocalipse, o presságio do Fim dos Dias. Esses são os pilares das histórias contidas nesta coletânea. Desde “Blade Runner” a “Mad Max”, passando por Um Cântico para Leibowitz e “Black Mirror”, escritores e roteiristas de todos os cantos se dedicaram a especular a respeito do fim do mundo. Ao longo de muitos anos, imaginaram cenários catastróficos, onde imperam o caos, o desespero e a calamidade. “Mundos Apocalípticos” explora com perfeição esse gênero.

Sem dúvidas, Joseph Adams selecionou uma grande seleção de histórias que remontam a 1973, mas também outras que foram publicadas nos últimos cinco anos. Ele também oferece um índice super útil de histórias e livros pós-apocalípticos para leitura adicional, caso os leitores comecem a querer mais. Os destaques ficam para O povo da areia e da escória de Paolo Bacigalupi, Quando os Sysadmins dominaram a terra de Cory Doctorow, Depois do juizo final de Jerry Oltion, Inercia de Nancy Kress, Sons da fala de Octavia E. Butler e O Fim do Mundo como nós o Conhecemos de Dale Bailey.

03 – Eu, Robô (Isaac Asimov)

Pensem num clássico da literatura de ficção científica; mas pensem num dos maiores clássicos daqueles com capacidade para abalar todas as estruturas do gênero. Ok, se você pensou no livro Eu, Robô de Isaac Asimov, pensou certo. 

A obra foi publicada originalmente em 1950. O livro serviu como base para o roteiro do filme homônimo de 2004, no qual Will Smith interpretou o protagonista, um detetive chamado Del Spooner. Porém, a obra é bastante diferente da história apresentada nas telonas.

Eu, Robô é um conjunto de nove contos que relatam a evolução dos autômatos através do tempo. É neste livro que são apresentadas as célebres Três Leis da Robótica: os princípios que regem o comportamento dos robôs e que mudaram definitivamente a percepção que se tem sobre eles na própria ciência. A história inicia-se com uma entrevista com a Dra. Susan Calvin, uma psicóloga roboticista da U.S Robots & Mechanical. Ela é o fio condutor da obra, responsável por contar os relatos de seu trabalho e também da evolução dos autômatos. Algumas histórias são mais leves e emocionantes como Robbie, o robô baba, outras, como Razão, levam o leitor a refletir sobre religião e até sobre sua condição humana.

Eu, Robô é composto de 10 contos e traz um posfácio escrito pelo próprio autor sobre sua história de amor com os robôs, tão comuns em sua obra.

04 - Os Melhores Contos de Ficção Científica Brasileira (Vários autores)

E quem disse que brasileiro não sabe escrever ficção científica? Saibam que temos escritores incríveis de Sci-fi, não só contemporâneos, mas também de décadas passadas. Aliás, a ficção científica faz parte do cardápio dos escritores tupiniquins desde a época de Machado de Assis. Verdade! O próprio Joaquim Maria Machado de Assis escreveu alguns contos excelentes do gênero. Podemos conferir isso no livro Os Melhores Contos de Ficção Científica Brasileira lançado pela editora Devir em 2008. Lembrando que a exemplo de Mundos Apocalípticos, essa coletânea de historietas com autores, aqui da terrinha, foi lançada em dois volumes.

O volume 1 que muitos leitores acreditam ser o melhor estão onze histórias, de Machado de Assis, o maior nome da literatura nacional, até o desconhecido Ricardo Teixeira. São contos variados em tom e atmosfera, que dão conta da diversidade temática e de estilos da ficção científica, e do seu potencial para combinar-se com outras formas literárias. Apesar da diversidade que marca a antologia, o medo da guerra atômica e do pós-holocausto formam um certo núcleo temático, definindo um dos aspectos centrais da ficção científica brasileira da década de 1960, no auge da Guerra Fria.

A ficção científica espacial também está presente, assim como histórias de contatos com alienígenas, mostrando que nossos autores não se furtaram a escrever uma Sci-fi mais característica. A postura pacifista, a crítica ao consumismo, o comentário sobre o próprio ato da escrita e a sátira dos clichês, a fusão com outras tradições brasileiras, estão presentes nos onze contos da antologia.

05 – As Crônicas Marcianas (Ray Bradbury)

Taí outro clássico dos clássicos da ficção científica mundial. A obra de Ray Bradbury foi publicada originalmente em 1950. A partir daí vem ganhando sucessivas reedições deixando evidente o seu enorme sucesso através dos tempos.

O tem central de As Crônicas Marcianas é a colonização de Marte por humanos com problemas e eventualmente vindos de uma Terra sob a iminência de ser devastada pela Guerra Atômica. Há também conflitos entre aborígenes marcianos com os novos colonizadores.

O estilo do livro varia de contos a novela episódica, com histórias de Bradbury originariamente publicadas nos anos de 1940 em revistas de ficção científica. A obra é similar em sua estrutura a outro livro de contos de Bradbury, chamado O Homem Ilustrado que também usa uma história para ligar várias outras entrelaçadas.

Os leitores vão encontrar de tudo um pouco. Por exemplo, há algumas crônicas se passam em Marte e outras na Terra, em algumas o sonho de partir, em outras o desejo de voltar e a espera e a capacidade do ser humano de se superar e surpreender tanto pelo lado bom como pelo mal. Temos alguns personagens que aparecem em mais de um conto, mas o protagonista da história é o próprio planeta Marte.

06 – Realidades Adaptadas (Philip K. Dick)

Abrimos e também fechamos a nossa lista de Sci-fi com o gênio Philip K. Dick. Realidades Adaptadas é uma edição inédita que apresenta ao grande público os contos originais de Philip K. Dick que serviram de base a filmes como “O Vingador do Futuro”, “Minority Report” e “O Pagamento”. Com certeza, poucos leram os contos e novelas que deram origem a esses filmes, campeões de bilheteria.

Realidades Adaptadas contém sete contos que, como escrevi acima, foram adaptados para as telonas, abordando questões interessantes e instigantes, como a ideia do tempo e da realidade, o livre-arbítrio, o bem e o mal.

Dick nunca chegou a ver nenhum dos filmes baseados em sua obra. Ele faleceu três meses antes da estreia de “Blade Runner – O Caçador de Androides”, que foi o primeiro de vários filmes inspirados em suas histórias.

Entre os destaques da obra estão Lembramos para você a preço de atacado escrito em 1966 e que deu origem ao filme “O Vingador do Futuro” (1990),  O Relatório Minoritário de 1956 que originou a produção cinematográfica com Tom Cruise chamada “Minority Report – A Nova Lei” (2002) e O Homem Dourado (1954) que foi parar nos cinemas em 2007 com o título: “O Vidente” tendo Nicolas Cage e Jéssica Biel nos papéis principais.

Taí galera, escolham a sua antologia para combater aquela horrível DLP.

14 setembro 2024

Uma saga e mais dois livros de ficção científica com o poder de fazer com que os leitores atravessem madrugadas lendo


Considero ficção científica um gênero literário sui generis porque grande parte dos autores, sejam eles novos ou já consagrados, optam por uma linguagem mais descritiva ou introspectiva deixando a aventura ou o suspense para um segundo plano. Taí 2001, Uma Odisseia no Espaço e Fahrenheit 451 de Arthur C. Clarke e Ray Bradbury, respectivamente, que não me deixam mentir. Essas duas obras são verdadeiros clássicos do gênero, mas o estilo narrativo lento adotado pelos seus autores vai agradar somente aqueles que são verdadeiros amantes da ficção científica. Já os leitores que estão iniciando agora no gênero ou então aqueles mais ecléticos – que apreciam vários gêneros literários – poderão achar a narrativa um pouco cansativa e menos fluida.

De fato, são narrativas mais lentas e que exploram temas como o impacto da tecnologia nas relações humanas, o controle da informação e como seria o nosso mundo após um contato de terceiro grau, ou seja, com seres alienígenas. São assuntos interessantes, mas na maioria das vezes um pouco cansativos. Claro que há exceções. Há livros de ficção científica que são verdadeiras montanhas russas onde a ação se funde com o suspense e até mesmo o thriller psicológico.

Apesar dessas particularidades, eu amo o gênero e os livros que eu li proporcionaram viagens inesquecíveis.

Hoje, enquanto observava a minha estante já planejando a mudança de posição de alguns livros, parei no gênero dedicado à ficção científica e fiquei observando uma saga formada por três livros, além de outras duas obras de um mesmo autor. A trilogia que me refiro foi escrita por John Scalzi, enquanto os dois outros livros são de Michael Crichton. Posso afirmar, sem medo de errar, que a trilogia A Guerra do Velho de Scalzi, além de Presa e Micro foram os melhores livros de ficção científica que já li. Me perdoem aqueles que amaram verdadeiros clássicos do gênero que entraram para o cânone da ficção científica, obras bem mais famosas do que as minhas preferidas escritas por Scalzi e Crichton, mas no meu caso, esses cinco livros foram os melhores.

Considere a postagem de hoje como um lobby, mas um lobby merecido porque A Guerra do Velho, Presa e Micro são muito bons e merecem serem lidos e relidos.

Saga “A Guerra do Velho”

No primeiro volume que leva o nome da saga acompanhamos a vida de John Perry, um homem viúvo que, aos 75 anos, decide se alistar para um programa de defesa espacial da Terra. As Forças Coloniais de Defesa (FCD) são responsáveis por manter a segurança do planeta livre de ataques alienígenas, além de procurar outros planetas habitáveis.

O interessante é que esse programa militar só permite o recrutamento de idosos. John Perry, com sete décadas e meia “nas costas”, acaba aceitando esse desafio, após a morte de sua esposa, mesmo tendo apenas uma vaga ideia do que pode esperar.

Scalzi  trata de temas comuns, mas ao mesmo tempo polêmicos que fazem parte do nosso dia a dia, como militarismo, ética, envelhecimento e amor.

Guerra do Velho foi lançado originalmente em 2005 e faz parte de uma saga de seis livros, dos quais li apenas a primeira trilogia (A Guerra do Velho, As Brigadas Fantasma e A Última Colônia). Ainda não tive a oportunidade de ler a segunda trilogia (O Conto de Zoe, A Humanidade Dividida e O Fim de Todas as Coisas). As duas trilogias foram publicadas pela editora Aleph no Brasil entre 2016 e 2023.

O segundo livro da saga – As Brigadas Fantasmas - não é uma sequência direta de A Guerra do Velho. Para que o leitor tenha uma ideia, o nome de John Perry, personagem principal do primeiro livro,  é citado apenas duas ou três vezes no enredo, com ênfase maior no final da história; no mais, Scalzi preferiu ignorar o personagem marcante de A Guerra do Velho, apesar isso, trata-se de livraço, uma baita sequência.

Se você se interessou pelas tropas de elite das Forças Coloniais de Defesa – as famosas Brigadas Fantasma - que arrasaram em A Guerra do Velho, pode se preparar porque esse segundo volume da saga é dedicado com honras e glórias a essa “tropa de elite”.

Sai John Perry e seus companheiros de pelotão das Forças Coloniais de Defesa e entram Jared Dirac e a galera explosiva das Brigadas Fantasma.

Planejados para serem mais fortes, espertos e inteligentes, os soldados que integram as Brigadas Fantasma são convocados para tentar evitar um extermínio em massa da humanidade por seres alienígenas sanguinários.

A Última Colônia é uma sequência direta dos outros dois livros da série, por isso se a galera resolver ler a obra sem dominar o universo da ‘União Colonial (UC)’ e das ‘Forças Coloniais de Defesa’ (FCD) criado pelo autor, sinto muito, mas vocês ficarão desorientados. Os três livros são interligados e precisam ser ‘devorados’ na sequência para que se tenha uma leitura da saga mais prazerosa.

Se você seguir esse conselho, certamente gostará muito de A Última Colônia que fecha com chave de ouro e de uma maneira emocionante a “Saga do Velho” como ficou conhecida por alguns leitores.

Presa e Micro (Michael Crichton)

Vamos agora aos livros: outras duas joias lapidadas em minha estante. Aqueles que acompanham o blog há bastante tempo sabem o quanto sou fã de Michael Crichton. Sabem também que considero Presa e Micro dois de seus melhores livros.

Presa é imbatível, insuperável. Cara, que livro! Você não consegue larga-lo um minuto sequer. Costumo dizer para os meus amigos leitores que a medida que vamos nos aprofundando na trama entramos no modo “leitura frenética”. Neste livro, Crichton mistura ficção científica hard com suspense, presenteando os seus leitores com um excelente techno-thriller. O enredo envolve nanotecnologia: um microorganismo artificial capaz de se mover em nuvens, como um enxame de abelhas, e ainda de evoluir sozinho como um ser vivo. Logo essa nuvem de nanopartículas se torna uma ameaça, desenvolvendo inteligência e aprendendo até mesmo a mimetizar seres humanos. Cabe a um programador chamado Jack marido de Julia, uma das cientistas do projeto, buscar uma solução para o problema.

Uma das poucas obras literárias me fez atravessar madrugadas.

Quanto a Micro é um livro póstumo de Michael Crichton. Há rumores de que Crichton teria escrito apenas 73% da obra antes de morrer.  O restante da história foi completado por Richard Preston.

Bem resumidamente, o enredo estilo montanha-russa de Micro descreve a aventura de sete promissores estudantes, cada um deles, graduado em determinado campo da ciência (aracnologia, entomologia, bioquímica, envenenamento, etc) que são miniaturizados a proporções microscópicas e enviados ao chamado ‘micro-mundo’ habitado por  insetos, bactérias e outros “animaizinhos” peçonhentos e perigosos para recolher amostras que podem ser utilizadas na fabricação de medicamentos. Outro livraço com o poder de fazer com que você atravesse madrugadas lendo.

Espero ter colaborados com algumas sugestões de leituras para os amantes de ficção científica.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

28 março 2023

Relendo “Presa” de Michael Crichton, novamente. Um techno-thriller que merece ser devorado várias vezes

Vai entender o nosso cérebro, né galera? Lemos algo, portanto já sabemos o que aconteceu, passamos a conhecer as manias e trejeitos dos personagens de cabo a rabo, mas... queremos passar por tudo isso novamente e novamente e... ufa! Novamente! Não adianta dizer que fazemos isso porque esquecemos do enredo e queremos revive-lo. Não esquecemos não; pelo menos em parte. Basta iniciarmos a releitura de um livro para começar a pipocar em nossa mente momentos marcantes da história ou então aquele personagem que deixou tanta saudade no passado.

Por isso, reler um livro é algo especial; e esse privilégio também só cabe a obras especiais, ou seja, livros que marcaram a nossa vida de uma tal maneira chegando ao ponto de fazer com que queiramos sentir tudo aquilo que já sentimos uma, duas, três ou mais vezes no passado. Presa de Michael Crichton é um desses livros. É difícil mensurar, mas talvez chegue a superar até mesmo Mentirosos de E. Lockhat que me rendeu uma ressaca literária dos infernos, a qual ainda não consegui superar. A ressaca causada por Presa foi maior. 

Dessa vez, Crichton mistura ficção científica hard com suspense brindando os seus leitores com um excelente techno-thriller. O enredo envolve nanotecnologia: um microorganismo artificial capaz de se mover em nuvens, como um enxame de abelhas, e capaz de evoluir sozinho como um ser vivo. Logo a tecnologia se torna uma ameaça, desenvolvendo inteligência e aprendendo até mesmo a mimetizar seres humanos, e cabe a um programador chamado Jack marido de Julia, uma das cientistas do projeto, buscar uma solução para o problema.

A primeira parte da história é marcada pela tensão no relacionamento do casal que se amam mas devido a chegada de alguns fatores externos, essa união acaba dando uma balançada. O drama familiar enfrentado por Jack e Julia prende muito o leitor, mas é na segunda parte do romance que o bicho pega.

Quando Jack é convidado pelo seu ex-patrão para dar assessoria na empresa onde sua mulher ocupa um cargo de destaque, ele descobre que a companhia está trabalhando num projeto ultrassecreto de nanotecnologia criando micro-robôs invisíveis à olho nu, com objetivos militares e comerciais. Quando essa nuvem de nanopartículas sai do controle de seus criadores, ela deixa um rastro de morte e destruição, além de sitiar o laboratório da empresa que está localizado no meio do deserto. É a partir daí que começa a luta de um grupo de cientistas orientados por Jack para tentar conter os micro-robôs assassinos, que passam a reproduzir e pensar por conta própria.

Presa é eletrizante e merece ser lido e relido muitas e muitas vezes.

 

18 outubro 2022

Realidades adaptadas

Não tenho como negar que no começo foi muito difícil me conectar com o estilo narrativo de Philip K. Dick. Só fui... como posso dizer... acho que o termo correto é “plugar”. Isso mesmo, só pluguei a partir do início do segundo conto. Juro que estava para desistir da leitura logo de cara, ao ler a história que serviu de base para a adaptação cinematográfica de “O Vingador do Futuro” que se transformou num dos maiores sucessos de toda carreira do brucutu Arnold Schwarzenegger. Depois, a leitura saiu do “modo espera” e foi engrenando aos poucos; como aqueles carros que que fazem os seus donos suarem sangue para pegar no tranco, mas depois que pegam, andam sem nenhum problema, na ‘maciota’.

Por isso, já alerto os leitores dessa postagem que não estão acostumados com o estilo de K. Dick para que se preparem, pois poderão sentir a mesma sensação que eu tive. O conselho é para que não desistam, pois os contos apesar seguirem a chamada linha “Dickniana” são muito bons.

E como posso definir essa linha que apelidei por conta própria de “Dickniana”. Cara... olha é complicado, mas vou tentar expor o que eu senti ao ler as histórias de Dick; vamos lá. O início das narrativas é uma “bagunça só”. Jesus, o que é aquilo! São personagens mal aproveitados, pontas soltas no enredo, argumentos confusos, plots bobos e etc, mais etc. Tanto é verdade que ao começar a ler Realidades Adaptadas tive a impressão de que o autor estava chapado enquanto escrevia aqueles contos. E não é que eu estava certo! Depois que li o livro fiquei sabendo que as loucura das páginas de Dick eram, de fato, um reflexo da mente conturbada do escritor. Diagnosticado com doenças mentais e transtornos diversos como agorafobia e paranoia, Dick não procurava acalmar a mente. Ao contrário. Escreveu a maioria de suas obras sob o efeito de metanfetamina, uma droga potente e viciante que conduz ao aparecimento de comportamentos psicóticos, além de outros transtornos mentais como depressão. Além das drogas, o autor teve cinco casamentos difíceis o que o fez se afundar ainda mais na dependência das metanfetaminas. Resultado: internação em clinicas de reabilitação e algumas tentativas de suicídio.

Acredito que o futuro sempre sombrio existente em suas histórias foi o fruto desse período em que Dick estava loucaço. Suas narrativas tem uma aura bem deprê que serve de pano de fundo para enredos que misturam ficção científica e thriller policial sempre colocando em dúvida o que é e o que não é real.

Mas toda essa coisa louca e sem sentido que, quase sempre, rolam nos contos de Dick vão se esclarecendo aos poucos, ou seja, as pontas soltas iniciais vão se amarrando com o desenrolar da narrativa até à conclusão genial capaz de deixar os leitores, à princípio, decepcionados com a história, com aquele Ohhhhhhh!!! de surpresa na boca. Resultado: se no início, eles excomungavam a história, no final, eles passam a amá-la. Bem, acho que é isso. Não sei se consegui explicar a essência das histórias escritas pelo autor. Realidades Adaptadas deixa muito evidente esse ponto de vista.

O livro com pouco mais de 300 páginas traz sete contos conhecidos do autor que foram adaptados para o cinema, tornando-se filmes conhecidos, alguns deles grandes sucessos de bilheteria como “O Vingador do Futuro” e “Minority Report – A Nova Lei”.

Se você, infelizmente, é aquele tipo de leitor que traz pronta na boca a frase infame: “Como já assisti ao filme não vou perder tempo lendo o livro”, pode mudar esse conceito, pelo menos com Realidades Adaptadas, lançada pela editora Aleph. Os contos são infinitamente diferentes dos filmes, mas diferentes ao extremo. Na minha opinião, o único que se aproximou um pouco mais da produção cinematográfica foi “O Pagamento” que pintou nas telas em 2003 numa superprodução de John Woo com Ben Affleck e Uma Thurman nos papéis principais.

Confiram um pequeno resumo dos contos:

01 – Lembrando para você a preço de atacado

Adaptação para cinema: O Vingador do Futuro

Muito, mas absurdamente diferente do filme “O Vingador do Futuro” de 1990 com Arnold Schwarzenegger e mais diferente ainda do que o remake de 2012 com Colin Farrell.

Neste conto escrito em 1966, Douglas Quail é um escriturário que sonha em viajar para Marte, algo um tanto fora de suas condições financeiras. A solução é a Recordar S.A., empresa que presta serviços de implantes de memória, criando lembranças vívidas de eventos que não aconteceram de fato. Ao procurar esse atendimento, Quail tem a surpresa de que já existem memórias reprimidas em sua mente sobre uma estadia em Marte, o que gera uma série de problemas e questionamentos sobre o que é realmente fato ou invenção.

02 – Segunda Variedade

Adaptação para cinema: Screamers – Assassinos Cibernéticos

O filme “Screamers – Assassinos Cibernéticos” foi lançado em 1995 e dirigido pelo canadense Christian Duguay que cinco anos depois faria o excelente “A Cilada” com Wesley Snipes, que muitos reputam como o melhor filme tanto do diretor como do ator. Quanto a “Screamers – Assassinos Cibernéticos”, apesar de ter recebido elogios da crítica, fracassou nos cinemas. Uma pena, porque o filme é bom, apesar de ser muito diferente do conto no qual foi inspirado.

Mas vamos ao resumo da história escrita por Dick. Gostei muito dessa narrativa, apesar de ter descoberto o seu plot twist final ainda no meio o conto.

Em Segunda Variedade, esqueça os robôs bonzinhos de Isaac Asimov que seguem fielmente as leis da robótica. Aqui, quem domina o enredo são máquinas cruéis e sanguinárias. O homem utiliza estas máquinas para exterminar outros homens de forma eficiente. E a estratégia que estas máquinas adotam durante a história é covarde e cruel.

A história se passa em uma realidade distópica, em que dois blocos, um liderado pelos Estados unidos e outro pela Rússia, estão em uma guerra de consequências mundiais. A Rússia, por ter tomado a iniciativa, começa em vantagem, obrigando inclusive o governo e os civis americanos a refugiarem-se na lua. Quando tudo parece perdido para os Estados unidos, o país cria uma nova arma que muda o rumo do confronto: os tais robôs assassinos.

03 – Impostor

Adaptação para cinema: Impostor

Vou me abster de opinar sobre o filme lançado em 2001 já que não tive a oportunidade de assisti-lo, mas quanto ao conto, achei “da hora”, bom mesmo. Dick põe em cheque a chamada crise ou mesmo perda de identidade do personagem frente ao fato de ter certeza de suas próprias memórias, mas carregando a dúvida: “serei eu um robô?”.

Este conto foi escrito em 1953 e narra a saga do personagem Spence Olham, um cientista especialista em armas trabalhando para o governo terrestre que tenta deter uma invasão dos alienígenas de Alfa Centauro. Sua vida sofre uma reviravolta quando é acusado pela polícia secreta, liderada pelo Major Hathaway, de ser um impostor - um clone cibernético perfeito do verdadeiro Spencer Olham com uma bomba interna a ser usada para matar uma alta autoridade do governo. Spencer não acredita ser um clone e consegue fugir das instalações. Agora, ele tem que provar que não é um robô. Final surpresa.

04 – O Relatório Minoritário

Adaptação para cinema: Minority Report – A Nova Lei

O conto de Dick escrito em 1956 deu origem a um dos filmes mais elogiados do astro Tom Cruise. “Minority Report – A Nova Lei” passou nos cinemas em 2002 e fez muito sucesso. O roteirista Scott Frank, o mesmo de “O Nome do Jogo” e “Marley e Eu” usou poucos elementos do conto para o filme dirigido por Steven Spielberg. 

Na história escrita por Dick, Anderton (interpretado por Tom Cruise nas telonas) é um policial fundador da Pré-Crime, agência do governo que consegue, por meio de previsões de três precogs, antecipar futuros crimes e prender os “infratores”. No dia em que seu novo e ambicioso assistente chega ao departamento, porém, um relatório majoritário é expedido com o nome de Anderton, prevendo um assassinato. Em dúvida se a acusação foi forjada ou um erro do sistema, Anderton tem apenas uma certeza: sua salvação está no relatório minoritário.

Este foi o conto que menos gostei do livro. Sinceramente, não me empolgou. Etchaaa!! Bem complicadinho e além de tudo parado. Não empolgou mesmo. Nunca pensei que um dia faria essa afirmação, mas nesse caso vá lá: “prefiro o filme ao conto”. Putz, fiquei com peso de consciência pela afirmação (rs).

05 – O Pagamento

Adaptação para cinema: O Pagamento

Conto e filmaço ‘dez’. Bom mesmo. O filme só sairia depois de um hiato de 50 anos. Isso mesmo, Dick escreveu O Pagamento em 1953 e a sua história só iria parar nas telonas em 2003.

No conto, o personagem Jennings acaba de acordar. Dois anos atrás, ele fora contratado pela Construtora Rethrick como técnico e teve sua memória apagada para não revelar detalhes da operação. Tudo em troca de um bom pagamento, é claro. Ao chegar a Nova York, porém, é recompensado apenas com sete bugigangas, entre elas uma chave e uma metade de ficha de pôquer. Sentindo-se traído, Jennings só pensa em se vingar descobrindo a causa secreta pela qual trabalhou, enquanto a polícia o persegue pelo mesmo segredo. Como já escrevi no início desse post, o filme homônimo de 2003, dirigido por John Woo, teve Ben Affleck e Uma Thurman como protagonistas. Achei a química dos dois atores perfeita, contribuiu muito para o sucesso da produção.

06 – O Homem Dourado

Adaptação para cinema: O Vidente

Talvez, alguns cinéfilos não concordem comigo, mas “O Vidente” com Nicolas Cage, Julianne Moore e Jessica Biel pode ser considerado um dos melhores filmes de suspense e ação dos últimos tempos. Com certeza, devo estar sendo massacrado, nesse momento, por alguns críticos de cinema que leem essa postagem já que a grande maioria considerara a produção de Cage uma bomba. Só posso dizer: não penso assim. No meu caso, adorei “O Vidente”. Tanto é que já assisti várias vezes.

O detalhe - para não fugir da regra, né? (rs) é que o filme é completamente distinto do conto de Dick. Vou ser mais exato: o diretor neozelandês Lee Tamahori (“007 – Um Novo Dia Para Morrer”) só aproveitou o nome do personagem – Chirs Johnson, que no filme é conhecido por John Cadilac – e a sua capacidade de prever o futuro. Quanto ao resto, esqueça: conto e filme são muuuuito, mas muuuuito diferentes.

Na narrativa publicada em 1954, num futuro próximo, a humanidade teme a gênese de uma raça superior. Com mutantes surgindo em todos os cantos do planeta, as nações criam um organismo internacional, a ACD, dedicada a eliminar qualquer indivíduo que apresente mudanças potencialmente perigosas. Todos são varridos da face da Terra… ou quase. No interior dos EUA, um garoto de cor dourada e poderes psíquicos é mantido escondido pela família por 18 anos.

Já no filme, Chris Johnson (Nicolas Cage) ganha a vida com um medíocre número de mágica em Las Vegas, mas sua habilidade de prever alguns minutos do futuro é autêntica. Callie Ferris (Julianne Moore), uma agente do governo, sabe disso e o convoca para ajudá-la a impedir que um grupo terrorista detone uma bomba nuclear em pleno coração de Los Angeles.

07 – Equipe de Ajuste

Adaptação para cinema: Os Agentes do Destino

À exemplo do que aconteceu com “Impostor” também não assisti ao filme “Os Agentes do Destino” com Matt Damon e Emily Blunt exibido nos cinemas em 2011. Por isso, também vou evitar comenta-lo, mas pelo o que eu já li e ouvi sobre o assunto: ambos são infinitamente diferentes.

Na história publicada em 1954, tudo parecia um dia como qualquer outro para Ed Spencer: acordar, beber o café que a esposa fez, tomar um banho e sair. Por trás da monotonia da rotina, porém, uma equipe trabalha em sintonia perfeita para garantir que o futuro saia exatamente conforme o planejado. Uma única falha pode modificar a vida de Ed.

Não gostei do conto: estranho e tão surreal que desanima.

Taí galera. No balanço final, gostei de Realidades Adaptadas. Os dois únicos contos que não me agradaramu foram: O Relatório Minoritário e Equipe de Ajuste.

Recomendo a leitura, mas antes, friso o recado que dei ao começar essa postagem: se você não conhece o estilo narrativo de Phillip K. Dick, não desista logo no início da leitura; espere um pouco porque a narrativa irá te ganhando aos poucos.

09 fevereiro 2022

Flores para Algernon



Não espere um livro com grandes plot twists, aliás, Flores para Algermnon não tem nenhuma reviravolta bombástica na história. Tanto é verdade que logo no início da trama, eu já imaginava qual seria o final e adivinhem? Acertei em cheio! Começando a resenha dessa forma, fica a impressão de que o livro de Daniel Keys é algo sem sal e sem açúcar, enfim uma leitura nada atraente. Mero engano. Na realidade, Flores para Algernon é maravilhoso, uma leitura cativante e emocionante. Aliás, para uma obra literária ser boa não é preciso que ela esteja recheada de plot twists. Conheço várias narrativas ruins que tem inúmeras reviravoltas, por outro lado, conheço muitas narrativas excelentes e sem nenhum twist. Flores para Algernon se encaixa nessa segunda categoria.

Além de ter me emocionado muito, a história de Charlie Gordon fez com que a minha empatia por pessoas com deficiências intelectuais crescesse ainda mais. A narrativa de Keys é um tapa na cara de muitas pessoas que não dão a devida atenção para adultos ou crianças portadoras desse tipo de transtorno, transformando-os em vítimas de bullying ou simplesmente ignorando-as. A minha vontade, quando terminei a leitura, era a de esfregar o livro na cara dessas pessoas. Verdade! A história, de tão profunda e emocionante, mexe muito, mas muito com a gente.

A história é escrita em primeira pessoa, na forma de epístolas pelo personagem Charlie Gordon que sofre de retardo mental. Ele trabalha em uma padaria onde é um bom funcionário. Apesar de ter amigos no ambiente de trabalho, quase sempre acaba sendo vítima de brincadeiras de mau gosto por esses supostos “amigos”.

Depois de algum tempo, Charlie é selecionado para ser o primeiro humano a passar por uma cirurgia revolucionária que promete aumentar o QI do paciente transformando-o num ser humano com uma capacidade intelectual espantosa. Em um avanço científico sem precedentes, a inteligência do personagem aumenta tanto que ultrapassa a dos médicos que planejaram o experimento. Entretanto, Charlie passa a ter novas percepções da realidade e começa a refletir sobre suas relações sociais e até sobre o papel de sua existência.

Os trechos do livro que mostram o relacionamento de Charlie com Alice, a sua professora da escola de alunos com deficiência mental, são os mais fortes e emocionantes da narrativa, principalmente depois que ele atinge o limite de seu QI, tornando-se uma pessoa extraordinariamente inteligente. Esta mudança acaba interferindo até mesmo em sua interação com as pessoas que tem um QI elevado – os chamados gênios – e muito mais ainda com aquelas de QI normal. Isto porque a sua inteligência, após a operação, chega a ultrapassar todos os limites.

Outro momento forte do livro e que desperta um sentimento de raiva no leitor é relacionamento de Charlie com a sua mãe e com a sua irmã quando ainda sofria de retardo mental. Cara, abusivo demais! Que ódio dessas duas mulheres!

A conclusão do enredo, mesmo não sendo nenhuma novidade e até mesmo obvio, emociona pra caramba.

O autor foi muito criativo ao optar por desenvolver a sua narrativa em primeira pessoa na forma de um diário onde Charlie vai escrevendo passagens de sua vida. No início, a sua escrita é cheia de erros crassos de português, mas depois conforme a sua inteligência vai avançando, esses erros também vão desaparecendo e o seu texto ganha uma escrita perfeita. Achei um lance bem inovador por parte de Keys.

Flores para Algernon foi escrito na forma de conto e publicado pela primeira vez em 1958 numa revista de fantasia e ficção científica, ganhando o Prêmio Hugo de Melhor Conto em 1960. O romance foi publicado em 1966 e foi co-vencedor do mesmo ano do Prêmio Nebula para Melhor Novela.

A ideia de Keys em escrever a história surgiu durante um momento crucial, em 1957, enquanto Keyes ensinava inglês a alunos com necessidades especiais. Um desses alunos perguntou-lhe se seria possível ser colocado em uma classe comum (regular) se ele trabalhasse muito e se tornasse inteligente. Esse foi o gatilho para escrever Flores para Algernon.



O livro fez tanto sucesso no decorrer dos anos que ganhou várias adaptações para a TV e o cinema, sendo a mais famosa delas “Os Dois Mundos de Charly” de 1968 e que rendeu o Oscar de ‘Melhor Ator’ para Cliff Robertson.

Antes de encerrar essa resenha gostaria de revelar quem é o Algernon do título do romance de Keys. Tudo bem, fique despreocupado porque não darei spoilers. Vamos lá. Algernon é um rato de laboratório que serviu de cobaia no experimento científico. O animal foi o primeiro a passar pela cirurgia para aumentar a inteligência. Quanto as “Flores” que também fazem parte do título, bem... só lendo a história para compreender.

A leitura valeu muito a pena.



07 agosto 2020

Uma Sombra Passou por Aqui


Na minha opinião existem dois gêneros de ficção científica: raiz e poético. O primeiro é representado por uma miscelânea de naves espaciais, seres alienígenas, guerras interestelares, disputas por planetas, poderosas armas laser, etc. Já o segundo, procura inserir num futuro bem distante situações cotidianas vividas em nosso dia a dia, mas com pouca ou quase nenhuma pirotecnia espacial, excetuando algumas poucas naves e foguetes.
“Guerra do Velho” (John Scalzi), “Tropas Estelares” (Robert A. Heinlein) e “O Jogo do Exterminador” (Orson Scott Card) são exemplos latentes de ficção raiz. Quanto ao poético, considero Ray Bradbury o seu representante máximo; do tipo: “não tem prá mais ninguém”. O cara é fera.
Por isso, quando você ler qualquer enredo escrito por Bradbury não espere muita ação, mas histórias para refletir sobre vários problemas e situações que sempre afligiram os seres humanos ao longo de sua história. Algumas dessas situações, inclusive, bem contemporâneas, apesar do período em que foram escritas.
O próprio Bradbury dizia ser um “escritor de ideias”, não de ficção científica, como ficou conhecido após criar sucessos como Crônicas Marcianas (1950), O Homem Ilustrado (1951), ou o romance Farenheit 451 (1953). Seu método consistia em associar palavras a ponto de lhes dar uma história inteira, algo assemelhado ao da poesia. Por isso que ficou conhecido no meio literário como o “Poeta da Ficção Científica”.
Uma Sombra Passou por Aqui ou O Homem Ilustrado é o exemplo mais claro desse gênero dentro da ficção científica criado por Bradbury. As histórias, apesar dos discretos foguetes e avanços científicos, parte de situações cotidianas do nosso dia a dia e criam situações assustadoras e inquietantes. Várias delas, com certeza, já enfrentadas por alguns de nós.

23 novembro 2019

10 livros de ficção científica que li e adorei


Gosto muito de ficção científica, tanto nas telonas quanto nas páginas. E quer saber o que dói? É ter a certeza de que o seu autor preferido do gênero jamais irá escrever um livro novamente porque morreu. Pois é, imagine como eu fiquei quando recebi a notícia da morte de Michael Crichton em 2008. Como eu adorava os enredos do cara! Tanto é que cheguei a escrever um post especial, apenas com as suas obras (ver aqui).
Fiquei muito triste em saber que ele jamais voltaria a escrever um novo livro. Foi um baita baque. Depois de sua morte passei a me interessar por outros gêneros literários como por exemplo: terror e suspense. Foi nesses últimos dez anos que aprendi a admirar também Stephen King que, digamos... substituiu essa lacuna deixada por Crichton.
Acredito que foi através dos livros do idealizador de “Jurassic Park” que aprendi a gostar de ficção científica, gênero que continuo lendo, mas menos do que antes.
Ontem, observando a minha estante comecei a ‘viajar’ com os vários livros de sci-fi que adquiri no decorrer da minha vida de leitor inveterado. Histórias fantásticas que me deixaram tenso, curioso, surpreso e emocionado. ‘Entonce’ pintou aquele insight: “Que tal escrever um post sobre os livros de sci-fi que você leu e mais gostou?”. E assim, cá estou eu mandando ver no meu editor de textos cercado de 10 joias raras que li e que, agora, pretendo indica-las para a tchurma que segue esse espaço.

28 outubro 2019

A Última Colônia


Vou dar dois conselhos antes de você ler “A Última Colônia” de John Scalzi: primeiro, jamais encare o novo livro sem antes ter lido “Guerra do Velho” e “As Brigadas Fantasma” e, segundo, esteja pronto para uma leitura mais introspectiva e conspiratória, sem as emocionantes batalhas presentes nos dois primeiros livros da saga. E aproveitando o embalo, já que estou me referindo à batalhas, em “A Última Colônia”, os leitores encontrarão apenas duas e bem menos intensas do que aquelas que John Perry e Jane Sagan lutaram em “Guerra do Velho” e “As Brigadas Fantasma”.
“A Última Colônia” é uma sequência direta dos outros dois livros da série, por isso se a galera resolver ler a obra sem dominar o universo da ‘União Colonial (UC)’ e das ‘Forças Coloniais de Defesa’ (FCD) criado pelo autor, sinto muito, mas vocês ficarão desorientados. Os três livros são interligados e precisam ser ‘devorados’ na ordem para uma leitura da saga mais prazerosa.
Se você seguir esse conselho, certamente gostará muito de “A Última Colônia” que fecha com chave de ouro e de uma maneira emocionante a “Saga do Velho” como ficou conhecida por alguns leitores.

19 maio 2019

10 livros sobre viagens no tempo que não podem faltar em sua estante


Sempre fui fissurado em enredos sobre viagens no tempo. Confesso que não dá pra resistir aos enredos sobre grupos de aventureiros corajosos que embarcam numa máquina do tempo para explorar épocas aquém ou além daquelas na qual estão acostumados viver. Conhecer novos ou antigos povos, encarar hábitos desconhecidos e assim por diante. Cara, simplesmente, adoro essas histórias!
Por isso hoje, comecei o domingo inspirado para escrever um post sobre o assunto. Estarei indicando 10 livros que envolvem viagens no tempo e que com certeza também fizeram muitos leitores viajarem no mundo da fantasia. Vamos a eles.

17 abril 2019

Eu Sou a Lenda

Capa do livro lançado pela Novo Século

Eu já havia lido “Eu Sou a Lenda” há alguns anos. Sabe aquela edição lançada pela Novo Século que tinha a capa do filme? Pois é, foi essa aí. Tenho o livro na minha estante e na época em que li acabei resenhando apenas os outros contos que completavam a obra. Quanto ao conto principal, não sei porque acabei deixando de lado. Grande falha minha. Digo isso porque “Eu Sou a Lenda”, de Richard Matheson é fantástico. Um verdadeiro livraço.
No carnaval desse ano tive um novo contato com a história escrita por Matheson quando um antigo amigo de universidade que eu não já via há muito tempo, me presenteou com um exemplar da coleção “Mestres do Horror e da Fantasia” da editora Francisco Alves lançado em 1981. Estava numa lanchonete em Bauru, quando o Marcos ao me ver, sacou “Eu Sou a Lenda” de uma mochila que carregava nas costas e me deu, dizendo que eu iria gostar. Foi isso. Simples, assim.
Como fazia muito tempo que eu já havia lido a história – bem antes da edição da Novo Século -  e não me lembrava de várias passagens, inclusive do final, decidi fazer uma releitura.

14 janeiro 2019

6 livros de ficção científica estrangeiros que serão lançados no Brasil em 2019


E aí amantes da ficção científica? Hoje tem postagem especial para vocês que curtem esse gênero literário, assim como eu. Ontem de madrugada, de repente, bateu-me uma insônia danada. Cara! Nunca me aconteceu isso antes, sabia? Sempre dormi como uma pedra, mas ontem, parece que Morfeu não me queria em seus braços, ‘entonce’ decidi ligar o meu computador de mesa  e dar uma vasculhada nas livrarias virtuais para ver se ‘pingava’ alguma novidade, foi então que tive a idéia de fazer essa postagem. A inspiração veio pela Amazon. Lá, em seu portal vi em pré-venda a “Trilogia da Fundação” de Isaac Asimov que será relançado em volume único. C-a-r-a-m-b-a! Livraço, com aço, meu! E em pré-venda. Acredita?!
Depois de impacto positivo, pensei com os botões do meu pijama: “Acho que um post sobre livros de ficção científica que serão lançados em 2019 – incluindo a “Trilogia da Fundação”, é claro - seria uma boa pedida”. Pois é, mas o tal bichinho da dúvida chegou de repente e colocou em xeque mate a minha idéia: “Ficção científica nada! Faça uma postagem sobre desse tipo, mas falando sobre livros de terror”. Ahahaha!! Só que na esperança de semear a confusão em minha cabeça, esse ‘bichinho da dúvida’ acabou me dando outra uma idéia... extra. Eu disse: “Ué? Por que cargas d’água não escrever dois posts do gênero: um sobre ficção e outro sobre terror?”
E assim, estou aqui, na frente do computer, por volta das 2H30m da madrugada, redigindo, primeiramente, a postagem sobre os livros de ficção científica que serão lançados neste ano de 2019. Quanto aos de terror, com certeza, virão, mas... num outro dia. E vamos a listagem.

06 dezembro 2018

Mentes sombrias


O livro é apenas meia boca; o filme, uma verdadeira bomba. Desculpem-me aqueles que gostaram de um ou de outro, ou então, dos dois, mas é assim que vejo o livro de Alexandra Bracken e o filme de Jennifer Yuh Nelson que estreou nos cinemas recentemente.
Vou deixar o filme de lado e me ater a obra literária para não fugir da proposta do blog, que como vocês sabem se encaixa no gênero literário. Comprei o livro de Bracken influenciado pelos comentários positivos da maioria dos leitores cadastrados no portal Skoob. Não pensei duas vezes e pimba! Efetivei a compra da distopia.
Confesso que a história começou por cima,  prendendo muito a atenção, tanto é que achei o mote da autora incrível:  “Num mundo apocalíptico, uma pandemia mata a maioria das crianças e adolescentes. Aqueles que conseguem escapar, estranhamente, adquirirem habilidades psíquicas assustadoras. Por esse motivo o governo desse mundo distópico decide criar uma força tarefa para tirar esses jovens de suas famílias e enviá-los para campos de custódia, semelhantes aos campos de concentração nazistas.”

28 setembro 2018

A Cor Que Caiu do Céu


Como havia lido e gostado de  “O Caso de Charles Dexter”, aproveitei e já engatei um segundo livro de H.P. Lovecraft,  torcendo para que fosse tão bom quanto a obra citada acima. A torcida deu certo. “A Cor Que Caiu do Céu” é fantástico. Você não consegue desgrudar do livro, tanto é que o li em menos de dois dias, mesmo estando com a minha vida completamente atarefada e bagunçada. O enredo engendrado  por Lovecraft é muito bom e consegue te prender como uma teia de aranha.
Sabem aqueles livros que você vai lendo, vai lendo e aos poucos se desliga de tudo ao seu redor? “A Cor Que Caiu do Céu” tem esse poder. A história já começa tensa quando um representante de uma empresa de reservatórios  chega a uma pequena e misteriosa cidade com a intenção de construir uma represa. Ao descobrir fatos ao mesmo tempo pitorescos e macabros relacionados ao local, o sujeito se assusta e vai embora ‘voando’, abandonando até mesmo a idéia da obra.

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