30 junho 2024
Como eram as escolas de antigamente. Saudades dos livros didáticos, materiais escolares, professores e do sinal de recreio
Hoje, acordei com muitas saudades da minha época de
estudante primário e também do antigo ginasial. Não me perguntem o motivo
porque, simplesmente, não conseguiria responder. Sabem aqueles insights que
surgem de repente? Acho que foi isso. Talvez possa ter havido um gatilho, aliás,
acredito que sempre exista um gatilho para as nossas lembranças mais distantes,
aquelas que se encontram guardadas nos compartimentos mais profundos da nossa
memória. É como se esse gatilho fosse uma chave capaz de abrir esse
compartimento. E o meu gatilho, a minha chave, foi um bate papo durante o café
da manhã que estava tendo com Lulu sobre uma professora do primário, mãe de um
amigo nosso, que já havia falecido há algum tempo. Ela tinha lecionado numa
escola onde futuramente pretendo fazer uma reportagem para o meio de
comunicação onde trabalho. Dona Cecília e a tal escola tinham muito em comum
comigo: ela foi minha professora no primário nessa mesma escola que será o tema
da minha matéria. Pronto; bimba! Dois gatilhos, duas chaves numa pancada só.
Estas duas chaves abriram as portas de lembranças
deliciosas que estavam guardadas nessa caixa secreta escondida em minhas
memórias. Lembrei-me de alguns livros, entre eles o famoso Desenho Cop,
considerado o “bam-bam” daquela época, Caminho Suave, Atlas do Brasil e tantos
outros. Lembrei do meu saboroso misto-quente com pão, presunto e queijo e também
da limonada preparados com todo o carinho pela minha mãe e acondicionados na
minha lancheira que levava pendurada no ombro. Depois, mais para frente, no
Ginasial, lembrei-me do compasso, da velha carteira escolar de madeira, da
caixa de lápis coloridos, da tabuada e etc, mais etc.
Este insight gostosíssimo que tive foi o ponto de
partida para a criação desse post onde gostaria de recordar alguns desses
materiais, livros e cartilhas escolares.
Se você foi uma criança dos anos 70, certamente vai se
lembrar que leva o seu material para a escola em pastas ou então naquelas
malinhas de couro marrom. As mochilas de rodinhas ou até mesmo aquelas de alças
cruzadas que, hoje, os estudantes levam atreladas às suas costas, ainda eram um
sonho muito distante.
Quanto a lista do material escolar, basicamente era
composta de lápis, preferencialmente, da marca Fritz Johansen; borracha; caneta
tinteiro; régua de madeira; estojo de lata ou madeira; caderno tipo brochura,
daqueles que você não podia nem pensar em retirar uma folha senão o caderno se
desmontava inteiro; cadernos de caligrafia, de desenho e de linguagem; folhas
de papel ao maço pautadas; vidrinho com cola Goma Arábica e mata borrão.
O lápis era um item fundamental para escrever e
desenhar, e as borrachas eram geralmente de borracha branca e simples. Quanto
as canetas esferográficas, embora já existissem na década de 60, elas começaram
a se popularizar na década de 70 como uma alternativa mais durável às
canetas-tinteiro.
E por acaso, vocês se lembram das aulas de geometria?
Se vocês se lembram, naturalmente também irão se recordar de dois materiais que
eram considerados indispensáveis para essas aulas: o transferidor e o compasso.
Ah! Não podemos esquecer, também, de dois parentes próximos do transferidor e
do compasso: a régua e o esquadro, outros itens essenciais para desenho técnico
e medição.
Antes de “falarmos” sobre livros didáticos (tema mais
chegado a proposta desse blog) vamos recordar como era a estrutura organizacional
das escolas de décadas passadas, para ser mais exato, dos anos 60 e 70. O
primeiro detalhe que gostaria de ressaltar é que naquela época havia um
respeito mútuo entre professores, colegas e alunos. Esqueça os casos de agressões
verbais ou físicas de estudantes em professores, hoje tão comum nas escolas.
Não; naquela época, essa atitude seria algo impensável, até mesmo surreal.
Toda classe tinha um líder que geralmente ficava com a
chave da porta da sala de aula durante o recreio, além do bedel (fiscal) que ficava
no corredor para ajudar em alguma necessidade por parte dos alunos. Havia
disciplina e hierarquia.
As matérias escolares também eram muito diferentes das
disciplinas de hoje. Vamos ver se me recordo de algumas, vamos lá: no antigo
Científico – hoje, Ensino Médio – tínhamos OSPB (Organização Social Política
Brasileira), onde os alunos aprendiam tudo sobre política (não partidária),
cultura e curiosidades sobre as regiões brasileiras. Tínhamos ainda nessa época
aulas de Educação, Moral e Cívica, quase que semelhantes a OSPB; Desenho;
Matemática que era chamada pelos alunos de Aritmética; Religião; Linguagem e
mais uma que certamente a galera não conseguirá se lembrar. Ok, lá vai: Canto
Orfeônico, E aí? Se lembrou (rs). Pois é, acredite; pode ser que você tenha
estudado essa disciplina e nem se lembre.
De acordo com o site Mônica Alma de Viajante (www.monicaalmadeviajante.com)
que encontrei durante as minhas zapeadas; no final dos anos 1960, os
professores de escola pública tinham salários equiparados aos dos professores
universitários. Os professores do ginásio (hoje ensino fundamental) trabalhavam
também em outras instituições como Banco do Nordeste, Tribunal de Justiça (um
desembargador que era o presidente do Tribunal), UECE (Universidade Estadual do
Ceará), Colégio Militar etc.
No início dos anos 1970, ainda havia banca examinadora
para a cátedra do “professor Tal” ou para a cadeira de latim, língua
portuguesa, dentre outras. Em relação ao aluno, podia ser aprovado ou
reprovado. Existia a “segunda época” (prova escrita), realizada quinze dias
antes de começar o ano letivo do ano seguinte, de modo a dar chance ao discente
de ainda passar de ano. Se não se dedicasse aos estudos, não passaria.
Mas vamos nos ater agora, aos livros didáticos
utilizados pelos estudantes naqueles saudosos tempos. Aliás, já escrevi um
post, anteriormente, sobre esse tema (ver aqui e mais aqui) mas mesmo assim, vou rememorar
mais alguns livros e cartilhas que deixaram saudades.
Um desses livros didáticos considerados obrigatórios
nos anos 60 e 70 se chamava Admissão no
Ginásio. A obra teve sua primeira edição publicada em 1943, pela Editora do
Brasil e em 1970 já havia ultrapassado mais de 550 edições. Sua publicação e
circulação se deram no contexto dos exames de admissão ao ginásio. Nos anos 60
e 70 para que um aluno chegasse a frequentar um Ginásio do Ensino Público (os 4
anos após o primário, hoje as 5a, 6a, 7a
e 8as séries) era necessário que passasse pelo Exame de Admissão ao Ginásio,
um vestibular seletivo, devido ao número insuficiente de escolas. Por isso o
livro Admissão ao Ginásio era muito
famoso naqueles idos tempos.
Mas, cá entre nós, se há um livro didático ou cartilha
escolar que pode receber o título de antológica, essa obra se chama Caminho Suave. Esta publicação fez a
cabeça de uma geração de professores e alunos dos anos 60 e comecinho da década
de 70.
Aprovado pela Comissão do Livro Didático do
Departamento de Educação do Estado de São Paulo. A cartilha de Leitura era
usada, geralmente, a partir do segundo ano primário. Aprovado pela Comissão
Nacional do Livro didático. Caminho Suave foi um fenômeno de vendas no Brasil:
calcula-se que todas edições, até a década de 1990, venderam 40 milhões de
exemplares.
Outra cartilha que imperou no final dos anos 60 e
início da década de 70 foi o Desenhocop
que era utilizado nas saudosas aulas de Desenho. O Desenhocop tinha um conjunto de folhas finas de papel vegetal com
desenhos que abrangiam grande variedade de temas escolares e também do nosso
dia a dia. Bastava o aluno passar o lápis no contorno do desenho para que ele
fosse reproduzido no caderno ou no papel almaço. Depois, a cópia do desenho
estava pronta para encarar a fase de pintura.
Os livros de História e de Português também deixaram
uma baita saudade em todos os estudantes que viveram aquela geração. Os livros
de História do Brasil geralmente traziam a imagem de Pedro Alvarez Cabral ou
então de alguns índios na época do descobrimento ou Bandeirantes como destaque
na capa; já nos de Português era comum vermos imagens de Camões.
Não podemos esquecer, também, do famoso Atlas
Geográfico. Aproveitando esse assunto, por qual motivo esse livro didático se
chamava Atlas? ‘Entonce”, acredita-se que o nome Atlas tenha origem na lenda
grega em que a figura mitológica Atlas foi castigada pelos deuses, que o
obrigaram a segurar a Terra e os céus em seus ombros. O Atlas geográfico não
chega a “segurar” céus e a Terra, mas, muitas vezes, contém a representação da
Terra em diversos formatos e temas. Interessante essa explicação, não acham?
E agora que estou chegando perto do fim dessa
postagem, seria uma grande injustiça se me esquecesse de duas “cositas” que
marcaram a vida de nós, estudantes do ginasial dos anos 60 e 70. A primeira
delas foi a saudosa máquina de mimeógrafo ou será que você nunca sentiu aquele
cheirinho de álcool ao receber a prova do bimestre? O mimeógrafo era uma
espécie de “impressora manual” que funciona à base de tinta e álcool.
A outra ‘cosita’ era o “Google” dos estudantes daquela
geração - a qual tive a alegria de fazer parte. O nosso “Google” se chamava
“Barsa”. Pesquisar antigamente não era uma tarefa fácil. Qualquer trabalho
escolar exigia uma visita a uma biblioteca, horas e horas de pesquisa e depois,
tudo escrito a mão, geralmente numa folha de papel almaço. Para facilitar a
vida dos estudantes, existiam as enciclopédias: coleções de livros enormes,
geralmente abrangendo uma grande gama de conhecimentos gerais.
Lançada em 1964, a Barsa foi a primeira enciclopédia
feita especialmente para o Brasil. Seus dezesseis volumes se tornaram uma
referência em conhecimentos gerais para todos nós, alunos, que vivemos aquele
saudoso período.
Encerro esse post recordando do barulho do sinal. Parece
que estou ouvindo ‘ele’ tocar. Como era gostoso aquele barulhinho do sinal do
recreio. Quando tocava, saíamos correndo das salas, direto para o pátio comer
um lanche, comprado na cantina ou preparado pelas nossas mães e que vinha
guardadinho em nossa lancheira embrulhado em papel alumínio, acompanhado de uma
garrafa de limonada ou QSuco. E no final, quando chegava a hora de ir pra casa,
novamente o bedel batia o sinal e então, saíamos correndo para os braços de
nossas mães que estavam esperando por nós na porta da escola. Ainda me lembro
que o sinal da minha escola era um sino de mão. Antes de o bedel - que se
chamava Servilho - chacoalhar o “bichão” já sabíamos que viria aquele
“bleim-bleim-bleim-bleim”... era o sinal aguardado por todos nós.
Putz! Que saudades daquela época.
25 junho 2024
Meu Nome é Ninguém – O Regresso (Volume II)
Grande parte dos comentários que li sobre “O Regresso”
– segundo e último volume da duologia “Meu Nome é Ninguém” – diziam que o autor
Valerio Massimo Manfredi aumentou a história desnecessariamente quebrando toda
a magia que envolve a saga de Ulisses ou Odisseu. Concordo em gênero, número e
grau. Vou mais além e afirmo que o autor escreveu mais do que devia e se
enrolou todo no final. Quando acabei de ler o livro disse para Lulu que
Manfredi foi guloso; comeu mais do que devia, se empanturrou e depois, passou
mal.
A maioria daqueles que leram as versões romanceadas de
a “Odisseia” de Homero ou então, assistiram aos filmes baseados na obra sabem
que a saga de Ulisses termina tão logo após o seu retorno a Ítaca quando ele,
juntamente com o seu filho Telêmaco e alguns aliados, exterminam todos os
guerreiros que haviam invadido o seu palácio com a intenção de desposar a sua
esposa Penélope, acreditando que o herói havia morrido.
O que Manfredi fez? Ele quis ir mais a fundo e narrar
o que aconteceu depois disso; e foi aí que ele se embananou todo. Antes desse
acréscimo na saga, por parte do autor, a narrativa estava fluida e agradável
capaz de prender a atenção do leitor. Como escrevi na resenha de “O Juramento”
(primeiro volume da duologia Meu Nome é Ninguém) ler todos os acontecimentos
envolvendo a Guerra de Tróia e o retorno de Ulisses a sua Terra Natal narrados
em primeira pessoa pelo próprio herói torna a história muito mais palatável e
saborosa fazendo com os leitores devorem as páginas.
Acredito que ao autor ao escrever essa duologia, tinha
como proposta narrar fatos desconhecidos sobre a vida do herói da mitologia
grega, ou seja, fatos além daqueles que conhecemos lendo o poema de Homero ou
então, as suas versões romanceadas. Dessa maneira, no primeiro volume
conhecemos curiosidades interessantes sobre a infância de Odisseu; como ele
conheceu o seu avô; a origem de seu nome; como ele se tornou um guerreiro e,
também; como ele conheceu Penélope e como por pouco, Helena de Tróia não o
desposou; além de muitos outros detalhes, posso ‘dizer’... “indédito” da
conhecida saga.
Esta proposta de Manfredi caiu como uma luva em toda a
narrativa de “O Juramento”, mas por outro lado, apenas em parte de “O
Regresso”. Na minha opinião, se o autor tivesse encerrado a narrativa logo após
a sua vingança contra os pretendentes de Penélope, a duologia seria encerrada ,
com chave de ouro, mas o problema foi que ele quis mais e com isso, acabou
estragando o encerramento da história.
Comentei com algumas pessoas que também leram a duologia
que tudo o que deveria ser acresentado a mais na saga de Odisseu foi feito em
“O juramento”, restando muito pouco ou quase nada a ser acrescentado em “O
Regresso”. Esse pouco foi acrescentado nos trechos envolvendo as interações de
Ulisses com Calipso, Circe e a princesa Nausicaam, filha do rei Alcino que o
ajudou o herói a regressar a Ítaca. Bastavam esses acrescimentos no enredo para
deixa-lo agradável porque já tínhamos a deliciosa narrativa de Ulisses em
primeira pessoa.
Mas o autor não entendeu dessa maneira e optou por
incluir uma nova viagem para Odisseu após o seu retorno a Ítaca. Nesta nova
peripécia, ele deveria ir até uma terra muito distante onde cumpriria uma
promessa para acalmar Poseidon, deus dos mares e pai do ciclope Polifemo, morto
çpelo herói. E foi aí que o caldou engrossou demais ou ficou ralo de mais, como
queiram. Achei essa segunda aventura de Ulisses muito chata, insípida e muito
metafórica. Resumindo: chata e confusa.
Se quiserem um conselho, leiam “O Regresso” até o
capítulo em que Odisseu mata os usurpadores de seu palácio que pretendiam
desposar Penélope e esqueçam a última viagem, sem sentido, do herói. Já aqueles
que quiserem encará-la, desejo boa sorte.
22 junho 2024
Uma analogia: Ulisses e os aposentados por invalidez com menos de 55 anos
Ontem, quando li uma reportagem nas redes sociais – o
assunto foi publicado em diversos portais – fiquei descrente, desgostoso e
porque não, um pouco revoltado com o nosso governo. Antes que me rotulem de
lulista ou bolsonarista quero esclarecer que sou apartidário e quando uso o
termo “governo” me refiro ao conjunto de parlamentares que cuida de nosso País,
ou seja, dos nossos três presidentes: da República, do Senado e da Câmara. Uma
lei antes de ser implantada tem que passar pela chancela das três “figuras” que
ocupam essas cadeiras. Sendo assim, um não vive sem o outro. Vou mais além,
quando ‘digo’ decepcionado com o governo, me reporto a um sentido mais amplo da
palavra ‘governo’ que atinge aproximadamente 12 anos ou três sucessões. Esta
decepção se restringe a duas palavrinhas ou melhor, três: “Reforma da
Previdência”. Três palavrinhas que ferraram de cabo a rabo a vida dos
aposentados, principalmente dos aposentados por invalidez e mais principalmente
ainda, dos aposentados por invalidez com menos de 55 anos.
Cara, o sujeito já está aposentado; o médico perito,
seja ele administrativo ou judicial, constatou que o segurado não tem mais
condições de voltar ao trabalho. Não dá, isso é definitivo. Se voltar, ele
morre ou coloca a sua segurança e a de outras pessoas em risco. Não se trata de
um auxilio doença, mas de aposentadoria. Então, chega o Sr. Michel Temer com a
sua “famosa” reforma e cria um termo chamado aposentadoria por incapacidade
permanente que obriga esse aposentado a passar por perícias médicas periódicas e
também enfrentar temíveis pentes finos do INSS. Na sequência, chega o Sr.
Bolsonaro e sacramenta a proposta de Temer. E, por último, quando a maioria
acreditava que após a chegada de Lula ao Poder, os aposentados com menos de 55
anos poderiam, enfim, respirar; ele joga a pá de cal em cima da categoria
convocando para o mês de julho, um novo pente fino com o objetivo de economizar
cerca de R$ 30 bilhões no orçamento público como se esse grupo de aposentados
tivesse culpa do déficit. E, assim, lá vai os aposentados por invalidez novamente
para a forca. Portanto a culpa não é só de um governo, mas de todos eles, como
se eles estivessem agindo em conjunto. Eu, pelo menos, entendo dessa maneira.
E como esse espaço se trata de um blog literário
gostaria de fazer uma analogia dos aposentados por invalidez que tenham menos
de 55 anos com o famoso herói da mitologia grega Ulisses, conhecido também por
Odisseu. Ele é o herói que domina o poema “Odisséia” de Homero, com sua figura
corajosa e ao mesmo tempo sofredora.
Os deuses do Olimpo, especificamente, Poseidon –
conhecido na mitologia grega como o deus dos mares - fez com que Ulisses
sofresse horrores em seu retorno a Ítaca, sua Terra Natal. O herói enfrentou
todos os tipos de dissabores: sereias mortais, monstros marinhos, selvagens
carnívoros, feiticeiras dissimuladas, um ciclope antropófago e finalmente um
grupo de guerreiros glutões que queriam roubar a sua esposa, a bela Penélope.
Na minha analogia, Ulisses representa os aposentados
por invalidez; Poseidon é o governo; e finalmente, os adversários do herói - sereias,
ciclopes, monstros e o escambau a quatro - são os parlamentares que apoiaram no
passado e continuam apoiando, hoje, a tal reforma previdenciária. Incluo também
nesse rol, alguns médicos peritos que se consideram donos da verdade e deixam
de analisar os exames e demais provas apresentadas pelo periciado, simplesmente,
indeferindo o seu pedido de maneira aleatória e irresponsável.
Em sua Odisseia, somente dois personagens ajudaram
Ulisses em seu sofrimento: a deusa Atena e também Alcino, rei dos Feácios e pai
da princesa Nausicaa. A primeira sempre encontrava meios de socorrer o herói
grego dos ataques de Poseidon e de seus inimigos. O segundo, ajudou Ulisses a
regressar a Ítaca.
Na semana passada, eu até pensava que o senador
petista Rogério Carvalho representasse uma fusão desses dois personagens
considerados aliados de Ulisses mas há poucos dias, mudei a minha opinião
quando o parlamentar que é o relator do Projeto de Lei 5332 – que acaba com as
perícias revisionais e pentes finos de todos os segurados que já são
aposentados por invalidez – simplesmente faltou na sessão do Senado onde
deveria ler e defender o seu relatório em prol dessa categoria.
Agora, enquanto escrevo esse post, fico pensando com
os meus botões se nos próximos dias, semanas ou meses surgirá alguma deusa
Atena ou rei Alcino na vida dos aposentados por invalidez, principalmente
daqueles com menos de 55 anos.
A pá de cal foi jogada em cima desses aposentados –
muitos deles, certamente, votaram no atual governo acreditando em suas
promessas – vamos torcer, agora, para que algum aliado venha salvar Ulisses,
novamente.
Ah! E por “falar” em Ulisses, acabei de ler O Regresso, segundo e último volume da
duologia Meu Nome é Ninguém que
retrata as peripécias de Odisseu. No próximo post, prometo que publico a
resenha da obra
Até lá.
17 junho 2024
Carro possuído e motorista assassino: King e Spielberg arrebentaram em “Christine” e “Encurralado”
Tudo bem, entendo perfeitamente que tenho um blog
literário e por isso tenho o dever de escrever assuntos relacionados à livros e
não à filmes, mas a galera há de concordar comigo que todas as vezes que abordei
temas ligados a produções cinematográficas, eles estiveram diretamente ligados
a obras literárias; assim, acho, que estou cumprindo o meu juramento (rs). Como,
por exemplo, nesta postagem em que estarei “falando” de dois filmes que
marcaram a minha infância e também a minha adolescência. Estes dois filmes
estão associados diretamente a um dos meus escritores favoritos: Stephen King.
Por isso, creio que não estarei fugindo tanto do tema livros/escritores.
Os nomes dessas duas pérolas cinematográficas, pelo
menos para mim, são: “Encurralado” e “Christine, O Carro Assassino”. Não sei
porque, hoje pela manhã, acordei com esses dois filmes na cabeça e graças a
eles consegui fazer uma gostosa viagem ao tempo da minha infância/adolescência,
dois períodos mágicos de minha vida. Estas duas pérolas fizeram com que eu me
recordasse dos meus amigos de juventude – muitos dos quais já não estão mais
aqui – das nossas farras, peraltices, papos e também do saudoso Cine São
Salvador, hoje fechado e abandonado, onde assisti a esses dois filmes.
Depois fiquei sabendo que tanto “Encurralado” quanto
“Christine, O Carro Assassino”, estão intimamente ligados ao mestre do terror
Stephen King. Tio King classificou o primeiro como um dos melhores filmes que
já assistiu em toda a sua vida; e olha que ele tem várias adaptações de seus
livros para o cinema que se tornaram verdadeiros clássicos. Quanto ao segundo,
nem é preciso dizer que foi uma adaptação de uma obra sua lançada no mesmo ano
do filme, em 1983.
Assisti “Encurralado” quando tinha 11 ou 12 anos de
idade no Cine São Salvador. Meu irmão mais velho era um cinéfilo de primeira
mão e geralmente sempre me levava para assistir alguns filmes dos quais
gostava. “Encurralado” foi um deles. Apesar do enredo um tanto pesado para a
minha idade, eu conseguia “driblar” o porteiro com a ajuda do mano. Cara,
adorei o filme! Tenso, tenso e tenso. Filmaço. Fiquei sabendo que “Encurralado”
foi feito originalmente para a televisão e além do mais o filme foi
surpreendentemente produzido em somente 13 dias! O mesmo número de dias que
algumas produções cinematográficas de hoje levam para gravar apenas uma cena.
Apesar disso, o filme dirigido por Steven Spielberg –
um cineasta ainda desconhecido, na época - foi considerado um baita sucesso,
obtendo nota máxima concedida pela maioria dos críticos. Entre o público geral,
o Rotten Tomatoes o classificou com quatro estrelas e meia de um total de cinco
estrelas. Já o IMDB o classificou como quatro de cinco estrelas, com a votação
de quase 60 mil membros. Fez tanto sucesso que menos de um ano depois foi lançado
também nos cinemas. O filme é considerado o primeiro longa-metragem dirigido
por Spielberg.
“Encurralado” conta a história de um simples motorista
vivido por Dennis Weaver que está dirigindo seu carro pelas estradas da
Califórnia, quando começa a ser perseguido por um caminhão gigantesco, dirigido
por um homem não identificado, que parece querer brincar com ele perigosamente
na estrada. No decorrer do trajeto, o personagem de Weaver começa a perceber
que a perseguição não trata-se, apenas, de uma mera brincadeira. A medida em
que as provocações do misterioso caminhoneiro atingem níveis mortais, o pacato
motorista procura desesperadamente despistar o seu torturador, que parece não
ter nenhum compromisso naquele dia a não ser matá-lo. Caráculas com o torci por
esse pobre motorista interpretado por Dennis Weaver!
Até hoje não sai da minha cabeça que esse filme daria
um excelente livro escrito por Stephen King, quem sabe, talvez, se não foi por
isso, que ele gostou tanto dessa produção.
Ah! Lembrando que “Encurralado” se passa totalmente
numa estrada sem outras tomadas.
Doze anos depois, já nos meus 21 ou 22 anos, fui
premiado com “Christine: O Carro Assassino”, outro filme ligado a King e que
foi adaptado de um livro seu lançado também 1983, mesmo ano do filme. Assisti a
produção também no saudoso “Cine São Salvador”, da Empresa Teatral Pedutti, de
Botucatu, hoje transformado num depósito abandonado. Na época, pensei como uma
história tão simplória e ao mesmo tempo tão inverossímil de um adolescente
tímido que consegue comprar o seu primeiro carro e descobre que ele age como um
ser humano, diga-se, um ser “ser-humano mulher” e do mal, poderia se
transformar num filme tão comentado e assistido. Hoje entendo o motivo: quando
dois gênios se juntam, o resultado só pode ser ‘sucesso’ em qualquer setor; e
“Christine: O Carro Assassino” conseguiu juntar dois gênios, já naquela época,
um da escrita e outro do cinema: Stephen King e John Carpenter. Dessa união de
gênios nasceu o filme Christine. Um enredo esquisito que nãos mãos de outras
pessoas poderia transformar a história desse jovem e sua estranha aquisição em
algo risível ou xôxo, mas graças a união dessas duas feras, acabou resultando
num filme claustrofóbico e assustador.
Agora pare e pense de que maneira um livro ou um filme
sobre um personagem, tímido e sem muitos atrativos que “se apaixona” à primeira
vista por um Plymouth Fury 1958 vermelho que está à venda, esquecido no jardim
de uma casa, poderia “virar” alguma coisa aproveitável? Acrescentando o mote absurdo
de que esse carro também poderia se apaixonar pela tal rapaz tímido e sem
atrativos? Pois é, King e Carpenter conseguiram fazer com que esse enredo
absurdo se tornasse um livro e um filme de terror antológicos.
Se você leu esse post até o final, acredito que tenha
se interessado por esse livro de King e pelos filmes de Spielberg e Carpenter.
Assim... mãos a obra!
13 junho 2024
Mulheres de médicos
Gostei tanto de Médicos em Perigo de Frank G. Slaughter que resolvi ler Mulheres de Médicos do mesmo autor. O livro chegou até mim junto
com muitos outros num lote de obras literárias que ganhei de um colega dos
tempos de universidade. Lembrando que este lote chegou até as minhas mãos
também nos tempos de universidade.
O Marcos César gostava muito de livros de ficção
científica do Ray Bradbury e certo dia, há ‘muuuuitos’ anos, me deu uma caixa
com várias obras de ficção, a maioria de Bradbury, mas entre elas haviam alguns
livros de Slaughter, entre os quais Mulheres
de Médicos, ou seja, um estranho no ninho.
Li alguns do Bradbury, entre os quais F de Foguete e E de Espaço (aliás, estou em dívida com essas duas resenhas) e há
algumas semanas, enquanto (adivinhem... limpava as minhas estantes) vi num
cantinho onde coloco alguns livros, cujos enredos não me despertam muito o
interesse, Mulheres de Médicos.
Percebi que o autor era o mesmo que havia escrito Médicos em Perigo e assim, decidi dar uma chance para a história,
mas após concluir a leitura cheguei a conclusão que o seu conteúdo não supera
e... nem empata com Médicos em Perigo.
Não estou querendo dizer que o livro é ruim, nada disso; mas apenas que se
trata de uma história razoável, mediana. Daquelas que você engata uma primeira
marcha na leitura e segue; podendo até mesmo “puxar” uma segunda, mas nem
pensar numa terceira, quarta e muito menos numa quinta marcha. E já que estou
fazendo uma analogia com marchas de veículo, posso afirmar que a leitura de Mulheres de Médicos também se encontra
numa distância considerável do ponto morto, onde o carro fica parado, apenas
com o motor funcionando.
A história não tem plot twists interessantes nem uma
história que prende por completo a atenção dos leitores como Médicos em Perigo, mas o seu enredo é
fluido e algumas situações conseguem fazer com que os leitores não desviem o
foco do enredo.
Comecei a ler o livro pensando se tratar de um
suspense, mas depois, enquanto avançava na leitura fui descobrindo que se
tratava de um drama com pitadas consideráveis de romance e bem caliente. No enredo,
a esposa de um médico muito conceituado que trabalha num tranquilo, mas
conceituado hospital, trai o seu marido com outros médicos casados que também
trabalham nesse hospital. Para não estragar a história com spoilers, vou dizer
apenas que o médico traído descobre a infidelidade de sua mulher e esse escândalo
acaba transformando a melancólica e monótona comunidade médica e universitária
num verdadeiro caldeirão de inquietações.
Já alerto que a história tem muitas explicações
técnicas envolvendo a rotina de um hospital como cirurgias, exames e o dia a
dia de médicos e enfermeiros que são descritos em detalhes. Para aqueles
leitores que gostam, sem dúvida, será um prato cheio. Por outro lado, o enredo com
um grande número de personagens pode deixar a leitura confusa em algumas
partes, mas nada que atrapalhe. Talvez, incomode; mas atrapalhar, não.
Para quem não sabe, Frank G. Slaughter é o pseudônimo de
C.V. Terry que além de romancista também foi um médico americano. Nem preciso
explicar o porquê de seus livros que venderam mais que 60 milhões de cópias,
abordem apenas temas ligados à área médica.
Mulheres de Médicos foi publicado originalmente em
1967, mas de lá pra cá ganhou várias reedições através da Record, Nova Cultural
e a mais recente lançada pela BestSellers em 1985.
Aqueles que quiserem arriscar a leitura encontrarão o
livro por preços módicos nos sebos.
09 junho 2024
Chegando o momento de limpar as estantes e organizar os livros. Olha... no meu caso, é barra... pesada.
Amo ler, mas amo de paixão; prova disso é manter um
blog dedicado a literatura por mais de 13 anos, mas quando o assunto é limpar e
reorganizar estantes... o foco de interesse muda. Melhor, esse foco desvanece.
Sei que muitos de vocês que estão lendo esse texto podem estar achando que sou
incoerente porque quem gosta de ler também gosta de limpar o “berço” de seus
“bebês” e reorganizá-los “confortavelmente” em suas “caminhas”. Mas eu não. Galera,
me desculpem se cometi alguma ojeriza, mas estou sendo sincero com vocês,
limpar estantes de livros, pelo menos a minha é barra pesada.
Costumo dizer que a estante da minha sala de leitura é
uma estante de leitor guloso daqueles que apesar de terem uma “montanha” de
obras ainda não lidas, vivem programando as compras de novos livros. E foi
dessa maneira que os “berçários” dos meus “bebês” foram concebidos.
Quando contratei um marceneiro, amigo meu, para fazer
o serviço, mesmo sabendo que os meus quinhentos e poucos livros caberiam
tranquilamente num único conjunto de prateleiras, acabei pedindo que ele
fizesse mais um conjunto. Pensei comigo: “tenho que ter espaço para acomodar os
novos “bebês” que ainda irei adquirir. Resultado: para não deixar um conjunto
de prateleiras vazias tive que redistribuir os livros nos dois espaços. Se por
um lado foi bom já que essa redistribuição fez com que eu pudesse
classifica-los por gêneros, por outro lado, as estantes ficaram com alguns
“buracos” devido a minha ganância típica dos devoradores de livros. E assim,
vem um novo resultado: muito mais espaços para limpar.
Estas duas estantes feitas em madeira branca MDF e
fixadas em duas paredes (central e lateral) são altas, por isso necessito de
uma escadinha para poder limpá-las no topo.
O processo é mais ou menos assim, primeiro: subo na
escada e retiro todos os livros respeitando a sua classificação por gêneros;
segundo: limpo toda a estante, primeiro com um pano seco, depois com um pano
úmido e por fim com um lustra-móveis; terceiro: passo o espanador nos
quinhentos e poucos “bebês”; e ufaaa, o quarto: recoloco todos os livros bem
ajeitadinhos nas estantes.
Galera, no dia dedicado a essa limpeza dispenso a
caminhada e a bicicleta ergométrica porque as subidas e descidas na “carrasca”
da tal escadinha foram tantas que as pernas começam a miar.
Pois é, poderia até pedir para que a dona Ivone
fizesse esse serviço para mim, mas acontece que ela já tem uma certa idade e
por isso pensar em enfrentar a “carrasca de degraus” já seria um risco. Ainda
me lembro da primeira vez que a dona Ivone chegou em casa – quando eu e Lulu a
contratamos – olhou para as estantes e depois olhou para a escadinha e torceu a
boca como que dizendo: “Filho, sinto muito, mas não dá”. ‘Entonce’, acredito
que naquele momento, se a “carrasca” da escadinha fosse gente, o seu ego teria
insuflado.
Ah! Antes que me esqueça; dona Ivone é a nossa
faxineira. Ah! Antes, também, que me esqueça; Lulu me ajuda sim; revezamos na
limpeza, apesar dos nossos afazeres profissionais. Afinal, pelo menos por
enquanto, somos os únicos com coragem para enfrentar a dona “carrasca”.
Ok. Vou responder uma outra pergunta que vocês devem estar
fazendo: “Por que não chamo uma outra pessoa para fazer esse trabalho?”. Irmãos? Esqueça. Sobrinhos? Esqueça. Primos?
Esqueça. Amigos? Também, esqueça. Todos eles tem as suas vidas, os seus aferes
que são muitos. – “Beleza; então, pague uma outra pessoa ou um amigo ou colega
para bater de frente com a “carrasca” – Já fiz isso, mas prefiro não arriscar
novamente. Por que? Simples: No dia seguinte, tive que reorganizar os livros já
que grande parte estava fora do lugar, sem contar alguns “bebês” que levaram um
tombo “básico” do berço e se machucaram.
E pensar que brevemente teremos de reformar essa sala.
Decidimos colocar gesso nas paredes e também no teto, além de mudar a
iluminação. Lulu me disse tentando manter o ânimo: “Tem certeza disso?”.
Depois, sem esperar a minha resposta, tacou: “Você tem razão; os nossos “bebês”
merecem”. Mal sabe ela, o sufoco que já estou sentindo, bem antes da reforma.
E agora, vamos nós com a limpeza da nossa estante
(rs).
E assim, vamos nós com a limpeza da nossa estante
(rs).
05 junho 2024
Um livro + um filme com plot twists que me impactaram (Parte II)
Estou aqui, novamente, galera. Na postagem anterior
publiquei a primeira parte da lista de 10 livros e filmes com plot twists surpreendentes,
daqueles que, de fato, impactam. Espero que os dois listões ajudem tanto os
leitores quanto os cinéfilos na escolha de um livro ou filme.
Convido também os seguidores e demais visitantes do
blog a deixar em seus comentários, sugestões de outros livros ou produções de
cinema com plot twists impactantes. Sem mais delongas vamos para a conclusão da
nossa lista com a publicação de mais cinco obras literárias e cinematográficas.
Vou seguir a sequência do post anterior (ver a parte I aqui)
06
– Por trás de seus olhos e Corra!
Livro:
Por trás de seus olhos (Sarah Pinborough)
Na minha opinião, a melhor definição para o plot twist
de Por trás de seus olhos é “fora da
casinha”. Que plot louco. Aliás, muito, mas muito louco; além da conta;
surreal, na verdade. Sei lá como poderia definir aquilo.
O enredo criado por Sarah Pinborough é excelente e
consegue prender o leitor. A sua narrativa cria em nós expectativas dúbias com
relação aos personagens. Você não sabe quem está mentindo, quem está falando a
verdade, enfim, quem é o gato ou o rato.
Então, quando os segredos desses personagens começam a
ser desvendados, principalmente os segredos sinistros do estranho casal David e
Adele, o leitor fica piradão porque a sua curiosidade cresce de tal maneira, ao
ponto de você ir ‘engolindo’ as páginas para descobrir o que fulana ou sicrano
estão tramando.
Mas aí, no ápice do enredo vem aquele final louco da
porr... O que foi aquilo cara?!! Acho que a autora estava ‘mutcho loka’ naquele
momento. Apesar de ter ficado completamente estonteado com aquele plot twist,
gostei bastante do livro.
Informações
técnicas
Editora:
Intrínseca
Edição:
2017
Capa:
Brochura
Páginas:
352
Dimensões:
23.2 x 15 x 2.2 cm
Filme:
Corra! (Jordan Peele)
Vamos lá; vou tentar encontrar uma definição para a
reviravolta que acontece perto do final no filme dirigido por Jordan Peele. Com
certeza, o termo que mais se encaixaria seria: sombrio. Isto mesmo, achei
aquele plot twist hiper-sombrio. Gostei bastante; apesar de vários cinéfilos
não terem gostado.
Os melhores pontos do filme estão na construção do seu
protagonista e em como a narrativa consegue envolver o público em uma atmosfera
sufocante de perigo. São esses dois pontos – além do plot twist - que fizeram o
público sair extasiado dos cinemas na época do lançamento do filme.
A atmosfera de perigo e tensão deixa quem assiste
incomodado, nervoso e então, quando o personagem principal descobre o “balaio
de gato” que se meteu, viche! Essa atmosfera enervante do filme explode.
Na trama, o personagem Chris (interpretado pelo ator
britânico Daniel Kaluuya) é um jovem negro que está prestes a conhecer a
família de sua namorada caucasiana Rose (Allison Williams). A princípio, ele
acredita que o comportamento excessivamente amoroso por parte da família dela é
uma tentativa de lidar com o relacionamento de Rose com um rapaz negro, mas,
com o tempo, Chris percebe que a família esconde algo muito mais perturbador. E
quando descobre qual é essa aura perturbadora que a família de sua namorada
consegue esconder muito bem... sai de baixo!
Informações
técnicas
Ano
de lançamento: 2017
Gênero:
Terror/Suspense
Duração:
104 minutos
Elenco:
Daniel Kaluuya, Alisson Williams, Catherine Keener, Bradley Whitford e Caleb
Landry Jones
07
– Não conte a ninguém e Um sonho de liberdade
Livro:
Não conte a ninguém (Harlan Coben)
Toda vez que vou comentar algo sobre o livro de Harlan
Coben tenho o hábito de fazer uma analogia com um bolo de várias camadas; em
cada uma delas, um recheio diferente. Por isso mesmo, cada uma dessas camadas apresenta
uma surpresa para o nosso paladar. “Entonce”, esta é a melhor definição que
encontro para Não Conte a Ninguém,
considerado, até agora o melhor livro de toda a sua carreira literária de Coben.
Não
Conte a Ninguém não é aquele livro que você vai lendo,
vai lendo e pensando apenas na chegada
do plot twist final. Pelo contrário, a obra de Coben tem várias reviravoltas ao
longo da trama que vão preparando o leitor para o grand finale. E quando esse
grand finale chega... Coben em menos de meia página, arremata a história de uma
maneira que deixa qualquer leitor de queixo caído. Este plot twist “miserável”
(no bom sentido) muda grande parte do que você já tinha lido, além de alterar
algumas reviravoltas anteriores. Não esperava de maneira alguma por aquela
reviravolta no final da trama.
Não
conte a ninguém foi um marco na carreira do escritor e
até hoje é o seu livro mais popular.
No enredo, bem resumidamente, quando a mulher do
conhecido médico Dr. David Beck é brutalmente assassinada, ele se torna o
principal suspeito. Entretanto, por falta de provas, o caso acaba sendo
fechado. Oito anos se passam e a polícia faz uma nova descoberta no local em
que o corpo da mulher foi encontrado: dois cadáveres, que são motivo suficiente
para reabrir o caso - e para lançar novas suspeitas sobre David Beck.
Como já expliquei acima, imagine, o enredo desse
romance como um delicioso bolo com várias camadas de sabores diferentes, cada
um desses sabores... um plot twist saboroso.
Informações
técnicas
Editora:
Arqueiro
Edição:
2009
Capa:
Brochura
Páginas:
256
Dimensões:
22.8 x 15.6 x 1.8 cm
Filme:
Um sonho de liberdade (Frank Darabont)
O plot twist no final do filme “Um sonho de liberdade”
baseado em um conto escrito por Stephen King é estupidamente delicioso. Você
gosta de uma cervejinha? Já tomou uma estupidamente gelada? Então, imagine a
reviravolta final do filme de Frank Darabont (“O Nevoeiro”, também do Tio King)
como sendo essa cervejinha que você toma com muito prazer. Uma reviravolta
inteligente, emocionante e mais do que redentora.
“Um sonho de liberdade” se passa em 1947, quando o
banqueiro Andy Dufresne (Tim Robbins) é condenado pelo assassinato de sua
esposa e do amante dela, sendo sentenciado a duas prisões perpétuas a serem
cumpridas na Penitenciária Estadual de Shawshank. Lá, ele fica amigo do
contrabandista Ellis Boyd "Red" Redding (Morgan Freeman), outro
detento que também está servindo em prisão perpétua. "Red" adquire um
pequeno martelo de geólogo e depois um pôster de Rita Hayworth a pedido de
Andy. Quando você descobre o porquê desse pedido, vem a deliciosa surpresa, o
delicioso plot twist a ser saboreado com “ares” de uma cervejinha estupidamente
gelada.
Informações
técnicas
Ano
de lançamento: 1994
Gênero:
Drama
Duração:
142 minutos
Elenco:
Morgan Freeman e Tim Robbins
08
– Pequenas grandes mentiras e O sexto sentido
Livro:
Pequenas grandes mentiras (Liane Moriarty)
A leitura de Pequenas grandes mentiras é bem fluida e a trama reserva algumas reviravoltas
incluindo o plot twist final bem ao estilo “Hercule Poirot”. Não tem como não
fazer uma analogia com os livros do famoso detetive belga escritos por Agatha
Christrie. Não estou querendo dizer que Moriarty “implantou” em seu enredo um
detetive para solucionar um crime que acontece logo no início da história, mas
só é esclarecido no final. Nada disso; esqueça o detetive inteligente e com uma
alta capacidade de dedução. O que estou querendo explicar é que nas últimas
páginas de Pequenas grandes mentiras
a autora reúne todos os principais personagens num local – uma varanda, para
ser mais específico – e então, pimba! O culpado pela morte de fulano é
revelado. Mais do que isso, o nome da vítima também é revelado.
Taí! Méritos para Moriarty que conseguiu criar dois
plot twists finais numa tacada só: a revelação do nome do criminoso (a) e
também do nome da vítima. Bem diferente dos livros policiais onde a vítima é
conhecida logo no início, deixando os holofotes para o seu algoz que é revelado
apenas no “The End” da trama.
Achei esse estilo de criação de um plot twist muito
interessante. Prende bem mais a nossa atenção.
Informações
técnicas
Editora:
Intrínseca
Edição:
2015
Capa:
Brochura
Páginas:
400
Dimensões:
22.8 x 16 x 2.2 cm
Filme:
O sexto sentido (M. Night Shyamalan)
“O sexto
sentido” imortalizou a frase: “Eu vejo gente morta” pronunciada pelo, na época,
garoto Joel Osment que viveu nas telas uma criança que via o espírito de
pessoas mortas à sua volta.
Juro que pensei duas, três, quatro e até mesmo cinco
vezes se colocaria ou não nessa lista o filme de M. Night Shyamalan. Não que o
filme seja ruim, muito longe disso; o motivo foi apenas a possível falta de
interesse que os cinéfilos passaram a ter pela produção. Este fenômeno curioso
aconteceu por culpa do seu estrondoso sucesso que invadiu as redes sociais e as
mídias de um modo geral, fazendo com que ao longo desses 25 anos, o seu final
tão impactante deixasse de ser tão impactante por causa dos inúmeros spoilers
que rolaram no boca a boca e também nas redes. Aliás, memes sobre “O Sexto
Sentido” é o que não faltam nos Faces, Insta e X “da vida”. Mas para aqueles
que ainda não conhecem o final da trama de Shyamalan, podem se preparar para o
impacto. Mas tudo bem, decidi por incluir o filme na lista e aí está ele.
“O sexto sentido” traz Bruce Willis no papel de um
conceituado psicólogo infantil, Dr. Malcolm Crowe, que vive atormentado pela
terrível lembrança de um jovem paciente que ele não foi capaz de ajudar no
passado. Quando o psicólogo encontra Cole Sear (Haley Joel Osment), um garoto
de 8 anos assustado e confuso, com um problema similar, Dr. Crowe procura
redimir seu erro do passado, fazendo tudo que pode pelo menino. A surpresa
final para os poucos cinéfilos que ainda a desconhecem é um soco no estômago.
Pontos para M. Night Shyamalan.
Informações
técnicas
Ano
de lançamento: 1999
Gênero:
Drama/Suspense
Duração:
107 minutos
Elenco:
Bruce Willis, Haley Joel Osment e Toni Collette)
09
– As sobreviventes e Clube da luta
Livro:
As sobreviventes (Riley Sager)
As sobreviventes é mais um exemplo de livro com várias
reviravoltas e não apenas com um plot twist final. Apesar de ter descoberto o
último plot algumas páginas antes do “the end” não posso negar que a trama
criada por Riley Sager prendeu bastante
a minha atenção. Mesmo tendo “matado” o plot twist principal do romance, ele é
fantástico e por isso, torço para aqueles que forem ler o livro que não o
descubram antes.
As
sobreviventes tem outras reviravoltas menores no
decorrer da trama que também provocam surpresas na galera, além disso, a
escrita de Riley Sager também é muito fluida.
O enredo explora o drama de três mulheres estranhas –
Quincy, Lisa e Samantha – ligadas por traumas semelhantes. A história é narrada,
em grande parte, em primeira pessoa pela personagem Quincy Carpenter.
Há 10 anos, quando ainda era uma estudante
universitária, ela viajou durante as férias com os seus melhores amigos para um
chalé isolado, localizado próximo a uma floresta, o Chalé Pine. Quincy retornou
sozinha. Ela foi a única vítima que restou de um crime pavoroso. Um bloqueio na
memória de Quincy não a deixa se lembrar dos acontecimentos daquela noite
horripilante, e agora a jovem tenta seguir em frente, criando um mundo totalmente
separado daquilo que viveu. Ou sobreviveu ...
Mas quando algo terrível acontece com uma das outras
duas sobreviventes, uma delas procura Quincy trazendo à luz os segredos
obscuros de cada uma dessas sobreviventes.
Informações
técnicas
Editora:
Gutemberg
Edição:
2017
Capa:
Brochura
Páginas:
336
Dimensões:
22.8 x 16 x 2 cm
Filme:
Clube da Luta (David Fincher)
Em “O Clube da Luta”, Edward Norton é um sujeito insatisfeito
com sua vida e carreira. Ele sofre de insônia e constantemente frequenta grupos
de apoio para se sentir mais vivo. Durante uma viagem de negócios, ele conhece
Tyler Durden, um carismático vendedor de sabonetes e anarquista. Juntos, eles
formam o Clube da Luta, um espaço secreto onde homens lutam para extravasar
suas frustrações. Tudo vai bem até que uma mulher sensual e excêntrica (Helena
Bonham Carter) entra na jogada e desencadeia uma situação fora de controle,
rumo ao caos.
Quando o personagem de Norton que também é o narrador
da trama resolve dar um basta nesta história, Tyler desaparece. É na sua busca
frenética pelo seu sócio que o narrador descobre algo que explode sua cabeça
(assim como a nossa).
Informações
técnicas
Ano
de lançamento: 1999
Gênero:
Drama
Duração:
139 minutos
Elenco:
Edward Norton, Brad Pitt e Helena Bonham Carter
10
– Deixei você ir e Psicose
Livro:
Deixei você ir (Clare Mackintosh)
O plot de Deixei você ir é incrível e, com certeza, vai surpreender os leitores. Logo no
final da primeira parte do enredo somos apresentados a uma das reviravoltas
mais fantásticas que eu já vi nos meus muitos anos de leitor. Levei um
verdadeiro tapa na cara, e depois desse tapa não via a hora de chegar ao fim da
narrativa para saber o seu desfecho. Perto do final vem outro tapa e bem dado.
Em Deixei Você
Ir, uma criança de cinco anos morre atropelada em uma rua de Bristol,
Inglaterra, depois de ter soltado a mão da mãe
em um dia chuvoso. O motorista do carro que o atinge
acelera e foge. Desvendar sua morte vira um caso para o detetive Ray e seus
colegas, Kate e Stumpy. Determinado a encontrar o assassino, Ray se vê
consumido a ponto de colocar tanto a vida profissional quanto a pessoal em
jogo.
Jenna, assombrada pela morte do menino, abandona tudo
e se muda para uma pequena cidade costeira do País de Gales. Ela passa os dias
em seu chalé tentando esquecer as lembranças do terrível acidente e aos poucos
começa a ter algo parecido com uma vida normal e vislumbrar a felicidade em seu
futuro. Mas o passado vai alcançá-la, e as consequências serão devastadoras.
Informações
técnicas
Editora:
Intrinseca
Edição:
2017
Capa:
Brochura
Páginas:
384
Dimensões:
22.86 x 16 x 2.03 cm
Filme:
Psicose (Alfred Hitchcock)
Cá entre nós, não há como falar de reviravoltas sem citar
o clássico atemporal “Psicose”. Considerado até hoje um dos melhores filmes de
Hitchcock, “Psicose” nos apresenta ao icônico personagem Norman Bates. A trama
acompanha a secretária Marion Crane, que acaba indo parar num motel decadente
gerenciado por Norman, o Motel Bates.
Norman é o típico exemplo do sujeito simpático e
tímido, mas também estranho. Com o desenrolar da trama, descobrimos que ele tem
uma mãe controladora e doentia. Mais tarde, Marion acaba sendo assassinada a
facadas pela mãe de Norman. Agora a irmã da jovem, Lila, tenta descobrir a
verdade sobre o desaparecimento de Marion. O plot twist deste filme é
provavelmente um dos melhores do cinema; um baita clássico.
Informações
técnicas
Ano
de lançamento: 1960
Gênero:
Terror/Suspense
Duração:
109 minutos
Elenco:
Anthony Perkins, Janet Leigh, Vera Miles e John Gavin
Taí galera, espero que vocês tenham apreciado a nossa
lista. Fiquem a vontade para indicar em seus comentários outros livros e filmes
com plot twists capazes de dar um nó em nossas cabeças.
Inté!