28 junho 2018

Pássaros Feridos


Ao dar a minha opinião sobre “Pássaros Feridos” de Collen Mccullough, com certeza estarei indo na contramão de críticos, leitores e imprensa que exaltaram a obra, considerando-a uma das melhores sagas familiares já escritas. Não achei tudo isso.
Não que seja ruim. O problema é que a obra é muito cansativa em algumas partes, fazendo com que o leitor morgue, ou seja, perca o interesse pela história. Isto se deve ao excesso de descrição, já que a autora usa e abusa dessa técnica literária – da qual não sou muito fã - para retratar as paisagens das cidades, fazendas e demais recantos da Austrália, local onde se passa grande parte do enredo.
Acredito que das suas 546 páginas, pelo menos 150 poderiam ser eliminadas. Descrever situações envolvendo personagens ou até mesmo as suas origens é diferente de descrições de lugares. Esta ultima categoria, cansa pacas! Vai minando a paciência do leitor aos poucos. E no caso de “Pássaros Feridos” é uma pena, porque a essência da história é muito boa, mas boa mesmo, tanto é que se a saga fosse mais enxuta, menos descritiva, certamente, seria uma obra perfeita.
A saga de “Pássaros Feridos” começa no início do século XX e conta os acontecimentos de três gerações da família Cleary, misturando ambição, amor e ódio; conquistas e derrotas. Ao contrário do que muitos leitores pensam não se trata de uma simples história de  amor proibido envolvendo uma  mulher e um padre. O enredo vai muito mais além. A autora australiana narra a saga de três gerações de uma família no período de 1915 a 1969.
O livro aborda as alegrias e tristezas da família Cleary -  formada pelo casal Paddy, Fee e os seus sete filhos – que devido a dificuldades financeiras decidem mudar-se de sua humildade propriedade na Nova Zelândia e emigrar para a Austrália, após receberem um convite de Mary Carson,  irmã de Paddy .  Como ela não vê o irmão há muitas décadas e encontra-se sozinha e com a saúde debilitada, decide convidá-lo, juntamente com a sua família, á morarem e trabalharem em sua propriedade chamada Drogheda, uma vasta e rica fazenda de criação de carneiros. A partir daí começam os momentos bons e ruins vividos pelos Cleary’s. Alguns personagens morrem, outros nascem; tristezas e alegrias chegam e vão; e por aí afora.
É importante frisar, novamente, que o livro não se resume a uma história de amor proibida, no caso: Meggie Cleary e o padre/cardeal Ralp de Bricassart. A autora vai mais a fundo, contando a saga dos outros filhos e também do próprio casal: Paddy e Fee.
O livro é dividido em sete capítulos, cada um deles dedicado a um personagem da história e a determinado período temporal, deixando a leitura muito mais organizada.
Galera, enfim, se não fosse o excesso de descrição, “Pássaros Feridos” teria todas as condições de ser incluído no rol dos melhores romances de sagas familiares, mesmo assim, se você se interessou pela obra, aconselho que faça a leitura em doses homeopáticas para não enjoar.
Inté!

24 junho 2018

Estado Bruto, o lançamento literário de um grande amigo sumido


“Amigos vem, amigos vão”. Não. Nada disso. Na minha maneira simples de analisar os fatos -  sem complicações e muito menos sem aqueles horrorosos símbolos lingüísticos ou de semântica - os amigos apenas vem, pelo menos os verdadeiros. Cara, não é necessário que eles fiquem por perto só para continuarem sendo amigos. Se um dia, eles tiverem de se ausentar, não é por isso que deixarão de fazer parte da minha ou da sua “Canção da América”. O que interessa são as lições, os exemplos, ou seja, o ‘edifício’ que foi construído enquanto esses amigos estavam convivendo com você.
Um desses sujeitos chama-se Márcio Antônio Blanco Cava ou simplesmente Márcio ABC que eu conheci nos anos 80 quando estava começando a cursar jornalismo na Fundação Educacional de Bauru, atual Unesp. Outras duas figurinhas que fazem parte desse mesmo pacote e que também se evaporaram com o passar das décadas são o Dino Magnoni e a Maria Salete dos Reis Kuwaoka, o ‘Saletão”, todos jornalistas.  Os três sumiram. Dino deve estar lecionando na Unesp, em Bauru; Saletão se evaporou a ‘milhares’ de anos, por isso mesmo não sei se está por aqui ou se mudou para outro planeta. Quanto ao Márcio ABC virou escritor. E diga-se, um ótimo escritor com cinco livros lançados – Parabala, Desrumo, Pater, Na Pele dos Meninos e o mais recente, Estado Bruto.
Não vejo o Márcio há muitos anos, mas como já disse, a amizade continua, por isso, fiquei muito feliz quando soube que ele havia acabado de lançar "Estado Bruto", o qual ainda não li, mas se seguir os mesmos passos de seus livros anteriores, certamente fará muito sucesso.
Segundo a sinopse da editora Epigrama, em "Estado Bruto", a mulher de um capitão do exército é brutalmente assassinada no dia em que o homem chega à Lua. Ao confessar o crime, o marido, afundado em planos de guerrilha contra a ditadura, desencadeia uma comovente história construída sob suspense, erotismo e todos os signos sociais de uma época de grandes transformações mundiais.
Além do próprio capitão, o episódio muda para sempre a história de um grupo comum de pessoas: a mulher frustrada e ao mesmo tempo ousada que busca respostas para seus dilemas num consultório psiquiátrico; o psiquiatra, então um profissional jovem, que mantém um sentimento platônico por sua paciente; o ginasial precoce que lê instigado pelo pai professor de literatura; e seu irmão recruta do exército cuja vida é alterada por um simples acaso.
Narrado por Castelo, agora um velho professor, o romance divide-se em camadas de tempo que se sobrepõem umas às outras e adentram sem pudores o oceano obscuro e imprevisível da mente humana, testando constantemente os limites da transgressão e da obscenidade. Voluptuoso, “Estado bruto” abre corações e feridas. E os faz sangrar.
Gostei da sinopse; parece bem atrativa e sem dúvida irei adquirir o livro. "Estado Bruto" foi lançado recentemente com uma noite de autógrafos em Bauru. Esquema semelhante será realizado em São Paulo.
Boa sorte grande ABC. Muito sucesso com o seu novo livro.
Você merece.

21 junho 2018

“A Máquina do Tempo” de H.G. Wells chega às bancas em edição luxuosa preparada pela Suma de Letras


Li “A Máquina do Tempo” de H.G. Wells há muitas décadas. Ainda era um pré-adolescente quando aquela edição de 1972 da Ediouro caiu em minhas mãos. Lembro-me de um professor de literatura que sempre dizia: “conhecemos uma boa história, quando os anos passam e ela fica em nossa memória”.
Pois é, acredito que “A Máquina do Tempo” se enquadra nessa categoria porque apesar dos anos passados, muitos trechos do enredo de Wells ainda estão guardados na minha cabeça. Tão bem guardados que após ter visto, recentemente, a adaptação cinematográfica de 2002 acabei exclamando no final da exibição: “Pera aí! Este filme não foi baseado no livro!!”.
Gostei tanto do livro que li nos meus 15 ou 16 anos que acabei comemorando -  e muito – a idéia da Suma de Letras em relançá-lo com uma nova roupagem. E quando digo nova roupagem estou me referindo a capa dura, páginas com textura de qualidade, ilustrações, nova tradução e outras  ‘cositas mas’.
O livro de Wells escrito em 1895 – que desembarca nas livrarias no dia 23 de junho - pode ser considerado o primeiro e o mais famoso sobre viagem no tempo. A trama gira em torno de um cientista, conhecido apenas com ‘viajante do tempo’, que vivia no final da época vitoriana e que após criar uma máquina do tempo decide viajar até o ano de 802.700, onde encontra um mundo completamente distópico.  Ele acaba indo parar numa época onde as criaturas parecem viver de maneira harmoniosa, bem diferente da sua época, ou seja, a Londres do século XIX. O cientista começa, então, a estudar as tais criaturas com o objetivo de desvendar-lhes os segredos e regressar logo em seguida para o seu tempo, mas... a sua máquina acaba sendo roubada, ‘entonce’ ... tudo se complica para o viajante do tempo.
Resumidamente, é este o enredo da obra que encantou gerações de leitores.
Wells aproveita esse mundo distópico para atiçar a nossa curiosidade: “ como seria o mundo num futuro distante?”.
A edição especial da Suma de Letras terá ilustrações inéditas, nova tradução, extras e prefácios e notas de Braulio Tavares.
Agora é só aguardar 28 de junho e fazer a festa!

Detalhes Técnicos
Título original: THE TIME MACHINE
Tradução: Braulio Tavares
Capa: Claudia Espínola de Carvalho
Páginas: 168
Formato: 16.10 X 23.60 cm
Peso: 0.417 kg
Acabamento: Capa dura
Lançamento: 18/06/2018
ISBN: 9788556510686
Selo: Suma de Letras


17 junho 2018

Harper Collins relança livro que conta a história da amizade entre J.R.R. Tolkien e C.S. Lewis


Quando li “As Crônicas de Nárnia” e “O Senhor dos Anéis” jamais imaginei que C.S. Lewis e J.R.R. Tolkien tivessem sido grandes amigos. Também jamais imaginei que com o passar do tempo, eles tivessem desenvolvido  uma relação do tipo “amor e ódio”. Fiquei sabendo dessas nuances quando descobri um livro chamado “J.R.R. Tolkien & C.S. Lewis – O Dom da Amizade” de Colin Duriez que será relançado pela Harper Collins numa edição luxuosa. Digo relançado porque a sua primeira e única publicação no Brasil aconteceu em 2006 pela editora Nova Fronteira.
Não li a obra há 12 anos, mas pretendo ler agora porque admiro demais o trabalho dessas duas lendas da literatura mundial. E cá, entre nós, qual fã de Lewis ou Tolkien não gostaria de saber algumas curiosidades secretas de suas vidas?
O livro do escritor britânico Duriez mostra detalhes interessantes da vida desses dois gênios literários, desde a infância até os seus últimos dias; portanto, uma obra completa. O leitor terá a oportunidade de acompanhar não somente a vida particular de ambos, mas também a construção de suas carreiras profissionais e ver como um incentivava o outro em suas criações.
O autor ainda revela que nem tudo era uma maravilha no relacionamento de Lewis e Tolkien. Algo que quase teria azedado a amizade entre os dois foi uma critica severa feita por Tolkien aos manuscritos de Nárnia, afirmando que os considerava um instrumento proselitista, ou seja, algo para tentar converter a fé das pessoas. Lewis não teria gostado da objeção e o relacionamento entre os dois amigos começou a mudar... para pior.
Outra peculiaridade revelada na obra é que sem o encorajamento de Lewis, Tolkien jamais teria escrito “O Senhor dos Anéis, por outro lado, toda a ficção de Lewis é profundamente marcada pelas idéias de Tolkien.
Pelo o que eu pude constatar nas zapeadas pelas livrarias virtuais, o relançamento de “J.R.R. Tolkien & C.S. Lewis – O Dom da Amizade” está previsto para o próximo dia 19 de junho.
Com certeza, uma excelente notícia para os fãs de Tolkien e Lewis.


14 junho 2018

E O Vento Levou


Li “E O Vento Levou” de Margareth Mitchell há quase 10 anos, mas achei a história tão impactante que mesmo após muito tempo, ela ainda continua guardada em minha memória.
Na época, eu nem sonhava em ter uma estante cheia de livros, por isso matava a minha fome de leitor na biblioteca municipal de minha cidade. Enquanto os meus colegas de trabalho faziam os seus ‘happy hours’ nos bares ou lanchonetes nos finais de tarde; lá estava eu, selecionando alguns livros na biblioteca. Ainda me lembro que uma das obras escolhidas foi “E O Vento Levou”. Cara, assustei-me com o número de páginas: quase mil! A bibliotecária que já havia se tornado uma colega, disse para que eu não se preocupasse e ficasse com a obra até ter concluído a leitura.
Consegui terminar o livro antes do esperado, aliás, bem antes. Através de uma linguagem fluida e fácil, a autora introduz os leitores num dos períodos mais importantes da história americana: a Guerra Civil também conhecida como Guerra de Secessão.
O conflito que durou de 1861 a 1865 e envolveu os estados do Sul (Confederados), de um lado, e os estados do Norte (União), do outro; provocou a morte de aproximadamente 600 mil pessoas. Os estados do Sul tinham uma economia baseada no latifúndio escravista e na produção, principalmente de algodão, voltada para a exportação. Enquanto isso, os estados do Norte defendiam a abolição da escravidão e possuíam suas economias baseadas na indústria. Esta diferença de interesses deflagrou o conflito.
Os estados do norte, mais ricos e preparados militarmente, venceram e impuseram seus interesses sobre o país. Com a vitória nortista, a escravidão foi abolida e deu-se início ao processo de expansão de industrialização, gerando mais riqueza na região. Por outro lado, o sul que tinha a sua economia baseada no latifúndio escravista e na produção, principalmente de algodão, voltada para a exportação passou a enfrentar uma enorme crise, perdendo influencia política e principalmente as suas terras.
Mitchell conta em seu livro o drama dos perdedores, ou seja, dos sulistas, algo que não temos a oportunidade de ver nos livros de história que dão ao tema uma abrangência mais genérica. O leitor fica sabendo como ficou a situação dos latifundiários e aristocratas que após terem perdido a guerra viram as suas economias ruírem. Eles eram um povo rico e próspero que dependiam da terra para o seu sustento e confiantes em seu poder acabaram desencadeando uma guerra por orgulho, a qual perderam, provocando a falência quase total dessas famílias.
É dentro desse clima que passamos a conhecer a família O’Hara e consequentemente a principal personagem da história: Scarlett O’Hara, a corajosa e determinada dama sulista que perde tudo no conflito e é obrigada a lutar muito para resistir à pobreza e à fome que se seguiu ao conflito.
Na minha opinião, Scarlet é uma das anti-heroínas mais admiráveis da literatura mundial. Ela é ao mesmo tempo detestável e encantadora, amada e odiada. Se no início queremos que ela sofra; com o desenrolar dos fatos narrados pela autora, passamos a torcer desesperadamente por ela.
Mitchell narra de maneira espontânea a transformação de Scarlet de jovem mimada, egoísta e mesquinha em uma mulher prática e disposta a lutar pela sobrevivência.
Um dos grandes responsáveis por essa transformação em, Scarlett, além do próprio conflito entre os Confederados e a União, foi o personagem Rhett Butler, o único homem com coragem para enfrentá-la. Aliás, considero Scarlet e Rhett como um dos casais mais icônicos tanto da literatura quanto dos cinemas. Mas “E O vento levou” não se resumo a saga amorosa de um casal; a obra tem muitos outros personagens marcantes: Ashley, Melaine, Prissy e tantos mais.
O livro escrito por Mitchell ganhou o prêmio Pulitzer de 1937 e foi adaptado com sucesso para o cinema em 1939, sendo indicado para 13 Oscars, dos quais ganhou oito, inclusive o de melhor filme e de melhor atriz para a inesquecível performance de Vivien Leigh.
Gostei muito da obra e recomendo a sua leitura.

10 junho 2018

Frankenstein (O Prometeu Moderno)


Quando a DarkSide relançou “Frankenstein” da escritora britânica Mary Shelley, apesar da edição luxuosa produzida pela editora, optei por não comprá-la. Tinha muitos outros livros não lidos em minha lista e como já conhecia a história do “Prometeu Moderno” acabei dispensando a sua compra. Não estava tão empolgado em gastar dinheiro apenas com o layout do livro, preferia investir em obras inéditas, pelo menos para mim.
Quando estava preparando um post sobre o famoso enredo de Shelley que tenho no formato de um simples livro de bolso, eis que um amigo que havia comprado o relançamento da Darkside me perguntou se eu não queria ler a obra. E foi desta maneira que o “Frankenstein” luxuoso da Darkside acabou indo parar em minhas mãos.
Como o meu contato com a história de Shelley tinha acontecido há algum tempo – como já disse através de um simples livro de bolso - optei por relê-la e garanto que não me arrependi. A Darkside caprichou não só no visual como também no conteúdo do seu relançamento.
A tradução foi adaptada para a nossa época com discretas modificações, mas ao mesmo tempo essenciais. Sai aquela linguagem rebuscada de edições antigas e entra em cena uma linguagem atualizada e consequentemente muito mais fluida.
A DarkSide não poupou esforços para contratar Márcia Xavier de Brito, uma das principais tradutoras de bestsellers no Brasil. Além da história principal, a editora brinda os fãs da escritora britânica com um verdadeiro e inesperado ‘presentaço’: outros cinco contos desconhecidos de Shelley – ‘Mortal imortal: um conto’, ‘Transformação’, ‘Roger Dodsworth: O inglês reanimado’, ‘O sonho’ e ‘Valério: O romano reanimado’. Cara, e que contos!! Todos os cinco são fantásticos.

Agora com relação ao visual, não é preciso gastar muitas palavras para descrevê-lo, pois com certeza, você já conhece a tradição da editora carioca no quesito layout. A capa dura conta com ilustrações feitas por Pedro Franz, artista visual e autor de quadrinhos reconhecido internacionalmente. Outra novidade é que o livro é impresso em duas cores: preto e sangue. Um luxo só.
Shelley escreveu Frankenstein no ápice de sua juventude, aos 19 anos, em 1818. A obra pode ser considerada um dos três pilares da literatura de Terror juntamente com “Drácula” (Bram Stoker) e “O Médico e o Monstro” (Robert Louis Stevenson).
O romance é narrado através de cartas escritas pelo capitão Robert Walton para sua irmã enquanto ele está ao comando de uma expedição náutica que busca achar uma passagem para o Pólo Norte. O navio sob o comando do capitão Walton fica preso quando o mar se congela, e a tripulação avista a criatura de Victor Frankenstein viajando em um trenó puxado por cães. A seguir o mar se agita, liberando o navio, e em uma balsa de gelo avistam o moribundo doutor Victor Frankenstein. Ao ser recolhido, Frankenstein passa a narrar sua história ao capitão Walton, que a reproduz nas cartas a irmã. 
Frankenstein conta que criou um método para dar vida a uma criatura feita de partes de vários cadáveres, mas ao ver o aspecto horripilante de sua invenção, não suporta a responsabilidade de seu feito e foge, abandonando a sua criatura. Sozinho, o monstro tenta se aproximar das pessoas em vão, sendo sempre repelido. Certo dia ao se encontrar com a sua criação, ele descobre uma criatura eloqüente e inteligente, o que não deixa de ser uma surpresa para o cientista.
A odisséia entre criador e criação acaba tendo o seu ápice no Polo Norte, onde ambos resolvem as suas diferenças de uma maneira bem peculiar e muito distinta dos filmes.
Como vocês puderam perceber, o enredo da história é muito diferente das produções cinematográficas antológicas da década de 30, em preto e branco, com Boris Karloff no papel da criatura. Aliás, o filme que realmente procurou adaptar ao pé da letra o livro de Shelley foi “Frankenstein de Mary Shelley” (1994) do diretor Kenneth Branagh.
Enfim galera, um grande livro com uma grande tradução e um grande layout.
Inté!

07 junho 2018

Uma Prece para Danny Fisher


Tudo bem que os enredos de Harold Robbins são pesados e que rolam muito sexo, traição, inveja, sacanagem, enfim, um verdadeiro ‘pega prá capar’. Os leitores ou leitoras acostumados com romances mais tradicionais com certeza irão estranhar o estilo do autor que não nega fogo em suas colocações.
Costumo dizer que Robbins não perdoa, ele atira e muitas vezes o tiro é pesado. Daí, vocês poderão perguntar: “Pô, o cara só escreve porcarias”?! Não galera, pelo contrário: o cara é muito bom e escreve muito bem. O diferencial é que os seus enredos, como já disse, são pesados e não irão agradar algumas pessoas adeptas de um estilo mais light. Foi assim com “O Machão", “79 Park Avenue”, “O Garanhão”, “Os Pervertidos” e outros. Por isso, quando li “Uma Prece para Danny Fisher”, lançado originalmente  em 1951, levei um baque. Cara, a obra foge muito dos elementos tão comumente usados por Robbins em suas histórias, ou seja, sexo, perversão e traição. A obra é profunda, triste e emocionante, sem as doses cavalares de ‘corpos-suor e sexo’.
Robbins narra a saga de Danny Fisher, um garoto que tinha tudo o que desejava: um emprego, um animal de estimação e disponibilidade para flertar com mulheres mais velhas, sem contar o seu talento fantástico para o boxe. Mas sabe quando, de repente, tudo começa a dar errado na vida da pessoa? Algo parecido com o exemplo de Jó narrado na Bíblia. Entonce, é isso que começa a acontecer na vida de Danny. Sua família perde tudo e acaba sendo obrigada a dispor de uma casa confortável, localizada num bairro nobre, para se mudar num apartamento humilde em Manhattan. E assim, o personagem principal é obrigado a deixar a sua infância prazerosa para trás, enfrentando a pobreza, o perigo e a violência diária. Ele passa a lutar dentro e fora dos ringues para sobreviver.
Ao invés de lutas milionárias em recintos luxuosos e com platéias de astros e pessoas famosas; Danny é forçado lutar em locais obscuros comandados pelo submundo decadente da cidade. Os empresários, ídolos e públicos de Danny são os mafiosos, prostitutas e miseráveis. É nesse mundo que o jovem e obscuro lutador começa a viver e traçar os seus relacionamentos, tentando buscar a sua redenção.
Uma Prece para Danny Fisher é uma história triste de ambição, esperança e violência. Com certeza, o mais profundo escrito por Robbins.
Fantástico! Vale a pena ser lido.

04 junho 2018

Suma de Letras define os dois novos lançamentos da Biblioteca Stephen King. Vem aí “A Metade Negra” e “Trocas Macabras”


E aí galera, preparados para o que vou revelar? Já adianto que a notícia é bombástica e a emoção poderá bambear as suas pernas.
A informação diz respeito ao mestre do terror Stephen King. Então sem perda de tempo vamos à ela: A Suma de Letras acabou de confirmar os dois próximos lançamentos da “Biblioteca Stephen King”. Seguraaaaaa!!! Porque vem aí “A Metade Negra” e “Trocas Macabras”!!!
Cara, veja só a magnitude dessa informação. “Trocas Macabras” está praticamente extinto; consegui localizar apenas cinco – dois na Estante Virtual e três no Mercado Livre. Os dois da Estante custam R$ 437,00 e R$ 444,00, enquanto os do Mercado Livre estão avaliados em R$ 250,00, R$ 500,00 e R$ 595,00. Com relação “A Metade Negra”, apesar de mais baratos, os preços dos únicos nove exemplares assustam: R$ 80,00 o mais barato e R$ 200,00 o mais caro. Deu pra entender a importância dos relançamentos dessas duas obras pela Suma?
Edição de 1991 lançada pela editora Francisco Alves
Confesso que muitas vezes fiquei tentado a adquirir “A Metade Negra”, mas sempre na hora H, o seu preço exorbitante falava mais alto e eu acabava desistindo da compra. Quanto a “Trocas Macabras”, já havia se transformado num sonho impossível, quer dizer... até a editora ter soltado essa verdadeira bomba em suas redes sociais.
Fiquei sabendo da novidade através do Twitter da Suma que sapecou a seguinte mensagem: “Pra você que dormiu no ponto e perdeu essa notícia bombástica, a gente repete: vamos lançar A METADE SOMBRIA e TROCAS MACABRAS na Biblioteca Stephen King! Dois livros do mestre que estavam esgotados há anos no Brasil finalmente vão voltar às livrarias em edição especial”. Na sequência veio outra sapecada da Suma: " Os dois livros serão lançados como parte da coleção Biblioteca Stephen King, ou seja, além de capa dura vai ter projeto gráfico especial e conteúdo extra”.
Cara, quando li essas duas mensagens, palavra que quase tive um treco.
Os fãs do mestre do terror que estavam ansiosos para ler esses dois livros fora de catálogo ganharão agora a oportunidade de tê-los em mãos com um novo layout, material extra, capa dura e tradução atualizada, ou seja, um material a altura do mais exigente colecionador.
“Trocas Macabras” foi escrito originalmente em 1991e conta a história de um
Edição de 1989 da Francisco Alves
misterioso personagem chamado Leland Gaunt que decide abrir uma pequena loja na cidade de Castle Rock onde, em troca do objeto de desejo dos moradores, eles devem prestar um pequeno favor ao vendedor. Em pouco tempo fica evidente que nessas trocas macabras os preços pagos pelos moradores de Castle Rock serão altos demais.
“A Metade Negra” que será relançada com o título de “A Metade Sombria” foi escrito em 1989. King conta a saga do escritor Thad Beaumont, autor de uma série de sucesso assinada sob o pseudônimo de George Stark.  Decidido a abandonar a conhecida série de livros, Thad enterra seu pseudônimo, com direito a um velório e um túmulo no cemitério local. Mas quando pesadelos terríveis passam a atormentá-lo, além da ocorrência de assassinatos brutais que parecem querer vingar a morte do fictício  George Stark, Thad precisa descobrir por que é tão difícil manter enterrada a parte mais sombria de si mesmo.
As datas de relançamento dos dois livros ainda não foram definidas, mas a Suma garantiu em sua rede social que o primeiro deles chega às livrarias no início de 2019.
Não tem problemas, com certeza a espera valerá muito a pena.
E aí, gostaram?
Inté!

03 junho 2018

A história de cinco livros raríssimos que quase deixei de tê-los em minha estante


Hoje quando olho para a minha estante de livros sinto um alivio gostoso. Daqueles que começam devarzinho e depois acabam inundando todo o seu corpo. O motivo dessa sensação? Os livros, hoje raros, que por muito pouco quase deixei de tê-los.
Só em pensar que por um triz quase escapou de minhas mãos: “Primeiro Sangue” de David Morrell ou então “Os Eleitos” de Tom Wolfe já me dá aquele frio na barriga.
Vejo os meus livros como um prolongamento da minha vida, ou seja, cada um deles com uma história própria de como foram parar em minha estante. Hoje, vocês vão conhecer um pouco sobra a ‘vida’ de seis livros muito especiais que por pouco quase os perdi.
01 – Primeiro Sangue (David Morrell)
Havia muitos deles. Muuitos! No começo de 2011 enquanto fuçava alguns sebos, dei de cara com o livro de David Morrell. Cara, lembro que na época havia vários exemplares no portal da Estante Virtual. Um ‘montão’ dos livros de Morrell. Cada sebo que eu visitava, lá estava o livro; sobrando. Pensei comigo: “qualquer dia desses eu compro, pelo jeito, eles nunca vão acabar”. Resultado: quase dancei. 
Aproximadamente, seis meses depois, quando resolvi fazer a compra, pasmem: só havia cinco ou seis exemplares com preços que já começavam a ficar salgados. Não pensei duas vezes e agarrei o meu. Ufa!! Acabei escapando por pouco.
“Primeiro Sangue” me ensinou uma lição: o que você puder fazer hoje não deixe para amanhã, porque amanhã poderá ser tarde, muito tarde. Desde aquele dia, quando vejo que um livro me interessa, mesmo tendo ‘milhares’ de exemplares a disposição, simplesmente eu compro e ponto final. Se eu não tenho dinheiro naquele momento? Sei lá; empresto, entro no limite do cartão, arrombo o cofrinho de moedas, peço um vale para o patrão. Nessas horas, depois do susto com “Primeiro Sangue”, faço qualquer coisa.
Quanto ao enredo desenvolvido por Morrell é muito bom e completamente diferente do filme de Sylvester Stallone (ver aqui). O Rambo do livro é muito mais violento e inconsequente.
02 – Desejo de Matar (Brian Garfield)
Sabe aqueles livros que você compra pela capa? “Desejo de Matar” de Brian Garfield, se encaixa nessa categoria... pelo menos para mim. Comprei  a obra há muitos anos, bem antes do surgimento do portal Estante Virtual. Os sebos online ainda estavam engatinhando e foi numa dessas lojas filiadas ao portal que eu comprei o livro.
Quando fui ao médico numa cidade vizinha, aproveitei para dar uma passadinha num sebo e dei de cara o livro numa estante. Fiquei fissurado na capa que trazia estampado o ator Charles Bronson numa cena do filme. Não me lembro o motivo de não ter comprado o livro, só sei que não comprei. Passado algum tempo lembrei-me da visita que havia feito ao sebo e pimba! Lá vem a tal imagem do Charles Bronson em minha cabeça novamente.  Pensei: “Putz, preciso comprar esse livro”. Como já conhecia um sebo online do Rio Grande do Sul, entrei em sua página e encontrei “Desejo de Matar”. Dessa vez, não titubeei e comprei. Nem cartão de crédito eu utilizei. Naquela época, você só pagava após retirar a sua encomenda nos Correios. Era o tal do frete a pagar; opção que deixou de existir com o advento dos boletos bancários.
A prova de que eu estava mais interessado na capa do que no miolo é que apesar de ter adquirido a obra há quase duas décadas, só fui lê-la há menos de dois anos.
No início de 2018,  o livro de Garfield estava extinto nos sebos virtuais. Por mais que você vasculhasse, era impossível encontrá-lo. Então, pouco antes de escrever esse post o que é que eu vejo? O livro com a mesma capa que havia me conquistado, há muitos anos, ali na Estante Virtual,‘bunitinhu’, por R$ 40,00. Um único exemplar!
03 – Eu, Tina – A História de Minha Vida (Tina Turner e Kurt Loder)
Comprei “Eu, Tina - A História de Mina Vida" já faz tempinho, na época das ‘vacas gordas’, quando os sebos estavam transbordando de ‘Tinas’, mas agora os tempos são outros, porque quem tem o livro, como eu, não está querendo dispô-lo.  
O show que a cantora realizou no Rio de Janeiro, no estádio do Maracanã, em 1988,  me levou a comprar a obra escrita por Kurt Loder e a própria Tina Turner. ‘Rapaisss’!! Jamais vou esquecer aquela entrada triunfal da “Leoa do Rock” num carro alegórico preparado por Joãozinho Trinta especialmente para ela. Lembro que o Neguinho da Beija Flor soltou a garganta e gritou: “Olha a Tina Turner aí gente!!”. Ela abriu o espetáculo em ritmo de samba. Mêo, pode pará!
Há dez anos, após ter assistido ao vídeo do show da cantora na casa de um amigo, ele me disse que havia um livro sobre a vida da cantora. Quando cheguei em casa, já providenciei a comprinha esperada.
Na época, paguei baratinho devido a disponibilidade de exemplares, mas hoje... esquece; a obra virou jóia rara. Localizei apenas quatro livros na Estante Virtual com preços que variam de R$ 80,00 a R$ 150,00. 
04 – Hell House - A Casa Infernal (Richard Matheson)                                              
Até o ano passado, “Hell House - A Casa Infernal", lançado em 2010 pela editora Novo Século, tinha tomado um chá de sumiço. Os interessados em ler a fantástica e aterrorizante história criada por Richard Matheson não a encontravam nos sebos e muito menos nas livrarias. Por isso, cheguei a pensar que estava extinta. Então, no final de maio deste ano apareceram dez livros na Estante Virtual; o mais barato, na faixa de 69,00. Em menos de um mês já foram vendidos três. Por isso, se você está interessado na obra corra logo atrás desses sete, antes que se esgotem. Os preços variam de R$ 80,00 a R$ 185,00.
Quando comprei o livro, há nove anos, ele ainda estava à venda nas livrarias físicas e virtuais. Acessei o site de uma delas e adquiri a história de Matheson sem nenhuma dificuldade.
Bons tempos aqueles...
05 – Os Eleitos (Tom Wolfe)
Um golpe de sorte. Não há outra explicação plausível de como essa obra raríssima foi parar em minha estante. Há muito tempo estava querendo adquirir “Os Eleitos”, por isso, todas as noites,  antes de escrever  e publicar os meus posts, visitava uma batelada de livrarias virtuais - incluindo aquelas cadastradas no portal da Estante Virtual - na esperança de encontrar o enredo fantástico escrito por Tom Wolfe. E nada. O livro simplesmente não existia. Cara, eu não conseguia encontrá-lo em lugar nenhum.
O meu desânimo crescia a cada procura frustrada. “Caraca, quando eu conseguir encontrar um exemplar desse livro, vou ser obrigado a pagar uma fortuna” – imaginava. Então, na noite seguinte, naquela que seria a minha última ‘corrida’ atrás de um sonho que já julgava impossível... Lá está ele: belo e formoso em um dos sebos da Estante virtual. Em todo o portal, um único volume e vendido por apenas 35,00!!
- PQP! Tenho que agarrar esse touro pelo chifre! – exclamei. E foi o que eu fiz. Acho que foi a compra virtual mais rápida que eu fiz. Não consultei absolutamente nada, para mim o mais importante era ter “Os Eleitos” em minhas mãos; e consegui.
Este golpe de sorte aconteceu em janeiro de 2017. Depois disso, sempre entro na internet para saber se há algum outro exemplar à venda. Acredite: o livro sumiu, novamente. Acho que estou com uma jóia rara em mãos.
Inté galera!

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