Todos os posts da Categoria Romance-Drama

06 setembro 2025

Pequenos Segredos


O livro de Jennifer Hillier conta a história de um sequestro misterioso e muito rápido. Uma mulher está num centro comercial movimentado, cercada de pessoas, com o seu filho de apenas quatro anos. No momento em que ela solta a mão da criança para atender o telefone... o menino desaparece. As imagens das câmeras de segurança mostram o pequeno Sebastian saindo do local de mãos dadas com um homem fantasiado de Papai Noel. Desde então sua mãe, Marin Machado tem como único foco na vida descobrir o que aconteceu e reencontrar o filho.

Aqueles que lerem essa sinopse, certamente pensarão que o enredo é bem frenético e com muitas reviravoltas ao longo da trama. Esta expectativa ficará ainda maior após os leitores terem contato com a campanha promocional de lançamento da obra pela editora Faro Editorial que na época da publicação de “Pequenos Segredos”, em 2023, prometeu uma avalanche de plot twists.

Sinto “dizer”: mero engano. Esqueça o sequestro, as reviravoltas em torno desse sequestro; dicas sobre os possíveis envolvidos; a busca desesperadora para encontrar o garoto; enfim, esqueça tudo isso. Estes detalhes só irão aparecer perto do final da trama, em suas últimas páginas quando o mistério começa a ser esclarecido e por fim o vilão é revelado.

Pois é, comecei a ler Pequenos Segredos muito motivado, pensando encontrar todo esse “tempero” em seu enredo, mas no final o que encontrei, de fato, foi um drama familiar. Grande parte da trama é centrada no drama vivido pelos pais de Sebastian após o seu sequestro, ou seja, quais mudanças o rapto da criança provocou na vida de Marin e Derek, um casal de classe média-alta que vê toda a sua vida se desestruturar após essa situação. É aí que entram as traições, mentiras, brigas, etc.

O problema é que esse drama familiar torna a história lenta deixando a leitura muito arrastada e sem perspectivas. Por exemplo, a autora perdeu muito tempo descrevendo o dia a dia de um grupo de apoio para mães com filhos desaparecidos da qual Marin faz parte. Os relatos dos integrantes desse grupo não tem nenhuma ligação com o núcleo central da trama que é o sequestro de Sebastian; saber quem o sequestrou e porquê.

Com o virar das páginas, vemos também a deterioração do relacionamento de Marin e Derek que vai se desgastando com traições e até mesmo tentativas de suicídio.

Nem mesmo quando Marin contrata uma detetive particular, a história engrena. Juro que nessa parte da trama fiquei animado porque pensei que finalmente com a entrada de uma detetive, com certeza, Hillier voltaria ao núcleo central da trama que é o sequestro, mas não foi isso que ocorreu. As descobertas de Vanessa Castro no decorrer da trama não tem nada a ver com o sequestro. As revelações interessantes da detetive só acontecem perto do final do livro.

Os tais ‘pequenos segredos’ do título da obra de Hillier diz respeito, portanto, aos relacionamentos do casal Marin e Derek e não ao sequestro. Surgem pequenas (não grandes) reviravoltas, mas envolvendo, somente,  o relacionamento dos dois. Só quase perto do final que iremos descobrir quem tramou todo o sequestro de Sebastian. E cá, entre nós, não tive nenhuma surpresa; já havia “matado” fácil o nome do vilão bem antes. Estava muito na cara.

Por hoje é só, valeu galera!

21 agosto 2025

Antes de Partir

Gosto dos livros de Charlie Donlea, não em um todo, mas gosto. O que estou querendo explicar é que as vezes os plot twists secundários me agradam muito, enquanto o plot final me decepciona ou vice-versa; às vezes a história é fraca, mas por outro lado, as reviravoltas são fantásticas; e também, pode acontecer o contrário, as reviravoltas da obra são fracas mas o enredo e a composição dos personagens compensam essa falha. Enfim, de um modo geral, gosto sim de seus livros, com exceção de... Antes de Partir que me decepcionou. Dos livros que li do autor –A Garota do Lago, Não Confie em Ninguém, Procure nas Cinzas e Antes de Partir – esse último foi o mais fraco.

Achei a leitura maçante; a história não de se desenvolve, ao contrário, se arrasta. Donlea embaça muito, criando situações desnecessárias entre os personagens centrais Abby e Joel. Cada encontro que os dois tem é “recheado” de muita enrolação. A interação entre Abby e sua irmã Maggie também não evolui. Cada momento que as duas tinham eu já imaginava: “lá vem encheção de linguição”, o que de fato acontecia.

Achei o mistério da carta que Ben (marido de Abby) escreveu para a sua esposa antes do acidente apenas razoável, mas sem nenhum impacto – mesmo sendo um motivo nobre, mas como plot twist de uma história, a surpresa não foi nenhum pouco impactante.

Outro detalhe é que Donlea é um escritor respeitado por criar plot twists incríveis, além de compor personagens com químicas perfeitas. Mas desta vez, isso não aconteceu. Achei Abby e Joel personagens mornos, além disso, a química entre os dois não funcionou. Quanto ao final... muito estranho, juro que eu não esperava por aquele desfecho, o qual também não gostei. Acreditava que Ben acabaria conseguindo voltar para casa e assim, colocar o “mundo” de sua esposa de cabeça para baixo. Ficava imaginando comigo: - Putz, como Abby vai contornar essa situação – mas então Don Lea acabou optando por um final menos racional e mais... será que vou liberar spoiler??? Bom, paciência, lá vai: um final mais espiritual. Com isso, no meu modo de ver, o impacto também acabou se diluindo.

É importante frisar que Antes de Partir é um livro totalmente fora da curva na carreira literária de Charlie Donlea que é conhecido por escrever thrillers policiais e de suspense. Dessa vez, ele decidiu se enveredar pela senda do romance. Isso mesmo! Podem acreditar, Antes de Partir é uma história de amor completamente diferente do gênero que consagrou o criador do megassucesso A Garota do Lago.

Em Antes de Partir, o autor narra o drama de Abby Gamble que um ano após o avião em que o seu marido viajava ter desaparecido no oceano Pacífico, ela ainda tenta superar a dor da perda. O relacionamento entre ela e Ben era incondicional e profundo, e se fortaleceu ainda mais ao terem de lidar com uma tragédia na família anos atrás. Abby sabia que Ben iria querer que ela seguisse em frente. Seu primeiro passo foi entrar de cabeça no trabalho, dedicando-se a sua empresa de cosméticos... até que ela conhece Joel, um médico cujo passado é tão repleto de cicatrizes quanto o dela.

Taí galera, mesmo não tendo apreciado a leitura, espero, de coração, que gostem do livro. Afinal, nenhuma opinião carrega em si, a aura da unanimidade.

  

19 maio 2025

Conclave

Se você já assistiu “Conclave” de Edward Berger, filme indicado em oito categorias no Oscar 2025, incluindo a de “Melhor Filme” e “Melhor Roteiro Adaptado”, não perca o seu tempo lendo o aclamado livro homônimo de Robert Harris publicado originalmente em 2016 e que deu origem a produção cinematográfica. Não estou querendo “dizer” que a obra literária é ruim; longe disso. Quero apenas alertar: como o livro foi adaptado ao pé da letra para as telonas – com exceção dos nomes e nacionalidades de alguns personagens – as reviravoltas que deixam a trama interessante e com a capacidade de, com toda a certeza, surpreender o ‘leitor-cinéfilo’ perderão todo o seu impacto. Esses plot twists são semelhantes, ou seja, o que você assistiu no filme também irá ler no livro, sem mudanças, por mais sutis que sejam.

Feito essa ressalva, o livro de Harris é excelente e consegue prender a atenção dos leitores com a sua linguagem fluida e reviravoltas surpreendentes. Sendo mais específico: duas revelações envolvendo dois personagens e uma reviravolta bombástica (um verdadeiro soco no fígado) que acontece, somente, no final do livro. Para ser mais exato, esse “soco” é desferido nas últimas quatro páginas do romance. No meu caso, como ainda não tinha assistido ao filme, fiquei boquiaberto. Jamais pensei naquela reviravolta e olha que eu sou bom para descobrir plot twists por antecipação.

A trama de Conclave gira em torno da morte de um papa reformista e consequentemente do intrigante e misterioso processo de escolha de um novo líder da Igreja Católica.  Dias depois da morte do papa, mais de cem cardeais do mundo todo se reúnem para eleger seu sucessor. São todos homens santos, mas têm rivalidades, ambições e fraquezas, e, nas próximas setenta e duas horas, um deles se tornará a figura espiritual mais poderosa da Terra. A tarefa não se mostrará nada simples, pois entre os elegíveis e os grupos que se formam em torno deles há diferenças inconciliáveis: globalistas e isolacionistas, os que clamam pelo primeiro papa negro, religiosos com fortes opiniões sobre o papel das mulheres e do casamento gay, as correntes conservadoras e os reformistas, os que rejeitam a riqueza e os que abraçam o luxo. E, para completar, surge a notícia de que o falecido papa elegeu em segredo um cardeal até então desconhecido de todos.

O encarregado de executar e coordenar essa reunião confidencial do colégio de cardeais (Conclave) é cardeal italiano Lomeli que nos cinemas foi vivido pelo famoso ator Ralph Fiennes.

Os quatro principais candidatos a suceder o papa morto são Aldo Bellini, da Itália, um liberal na linha do falecido Papa; Joshua Adeyemi, da Nigéria, um conservador social; Joseph Tremblay, do Canadá, um moderado dentro da Igreja; e Goffredo Tedesco, da Itália, um tradicionalista convicto.

A linguagem do romance é tão fluida que o autor consegue fazer com que os leitores mergulhem dentro da história, por isso, temos a impressão de estar alí, no Conclave, no meio dos cardeais participando de suas tramas, alianças e reuniões secretas visando a escolha de um novo papa. Aliás, a descrição dos detalhes de como é organizado um conclave, além dos rituais de votação dos cardeais é perfeito. Fiquei imaginando se tudo aquilo não passava de invenção, bem longe da realidade, saída da cabeça de um escritor de ficção; mas no final do livro quando Robert Harris faz os seus agradecimentos as pessoas que colaboraram com a obra, ele ressalta que entrevistou um cardeal que já participou de um Conclave, no entanto, como as suas conversas foram não oficiais, ele optou por não citar o nome desse cardeal. O autor cita também que no início de suas pesquisas para escrever o livro, ele pediu permissão ao Vaticano para visitar as locações usadas durante um Conclave e que ficam permanentemente fechadas ao público. Esta permissão, segundo Harris, foi concedida por um monsenhor do Departamento das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice. Assim, está explicado o motivo da fluidez na construção da trama, principalmente, no que se refere a organização, realização e execução de um Conclave.

Mas vamos às três surpresas da trama que valem a pena ser destacadas. Sem spoilers, é claro. A primeira delas envolve o cardeal canadense Tremblay; a segunda, o cardeal nigeriano Adeyemi e o soco no fígado envolve o cardeal Benítez, cuja existência era desconhecida de todos os cardeais e que havia chegado ao Vaticano apenas poucas horas antes do Conclave. Não posso revelar mais do que isso, senão acabaria estragando um plot twist bombástico daqueles que desnorteiam qualquer leitor.

Enfim, é isso galera. Leiam o livro e somente depois assistam ao filme... se quiserem, porque, acredito, que apenas o livro já basta.

 

 

28 fevereiro 2025

Carnaval literário: 6 histórias de amor que farão o seu coração bater mais forte nesses dias de folia

Tenho um amigo que vive dizendo que é uma pessoa de “extremos” ou seja, em um momento deseja fazer algo e depois de poucas horas ou até mesmo minutos já deseja seguir um outro caminho totalmente inverso. 

Certo dia ao me afirmar isso, eu lhe respondi que todo o ser humano – ou pelo menos, a maioria - é uma pessoa de extremos porque numa fase de suas vidas tem certos desejos mas depois, com a chegada de outras fases, esses desejos mudam, as vezes, radicalmente. Por exemplo, na juventude gostamos de algo, já na terceira idade passamos a detestar.

Vejam o meu caso, quando era jovem, adorava fígado bovino frito, hoje, eu passo. O mesmo vale para o Carnaval que eu amava – era um dos últimos a sair do salão – mas hoje, confesso que não morro mais de amores pela festa de momo. Prefiro ficar em casa vendo algumas séries no streaming e principalmente, lendo; mas lendo bastante. Aliás, aproveito esse período em que a maioria dos brasileiros estão nas ruas ou nos salões pulando ou dançando, para colocar as minhas leituras em dia ou então, ‘maratonar’ algum gênero literário.

Ainda me lembro que no Carnaval passado tomei a decisão de reler os três livros da chamada Saga LecterO Silêncio dos Inocentes, Dragão Vermelho, Hannibal e Hannibal, A Origem do Mal. E posso garantir para a galera que foi um carnaval literário inesquecível.

Por isso, como acredito que muitas pessoas preferem passar o carnaval na tranquilidade de seus lares com um livro nas mãos, resolvi escrever esse post onde indico seis livros para a galera que aprecia o gênero romance. Se você aprecia uma história de amor de qualidade, com certeza irá amar esses livros. Vamos nessa? Então, bom carnaval! Ooops! Quero dizer: boa leitura!

01 – O Diário de Uma Paixão (Nicholas Sparks)

O livro de Nicholas Sparks é uma das obras mais românticas que já li. Um livro daqueles que fazem o seu coração verter em lágrimas. Putz! Que história de amor! Uma das mais emocionantes que eu conheço.

A história é o retrato de uma relação rara e bela, que resistiu ao teste do tempo e das circunstâncias. Com um encanto que raramente é encontrado na literatura atual. Os personagens Noah e Allie se tornaram os meus preferidos e até agora posso afirmar que nenhum outro conseguiu desbancar essa posição.

Basta dizer que O Diário de Uma Paixão (veja resenha que escrevi em 2014 aqui) é uma história de amor entre duas almas gêmeas e que nem mesmo as piores dificuldades enfrentadas na juventude e também na velhice foram capazes de separá-los. Pelo contrário, esses obstáculos serviram para uni-los ainda mais. Pronto! Isso basta para resumir a história de Noah e Allie cujo romance vendeu aproximadamente 12 milhões de cópias e foi traduzido para mais de 20 línguas.

02 – O Diário de Suzana para Nicolas (James Patterson)

Quer passar um carnaval fofo? Então leia O Diário de Suzana para Nicolas de James Patterson. Galera, que livrinho fofo!

Li as 222 páginas num dia só. Comecei às 7 da manhã de um sábado e terminei por volta das 15 horas. Antes de ler, pensei que seria algo bem clichê, mas mesmo assim, pensei comigo: para quem assistiu “Love Story” e gostou, uma leitura clichê não seria problema algum. Mas o livro de Patterson é muito bem elaborado, com reviravoltas que chocam os leitores e outras que emocionam. Não tem nada de clichê. A linha narrativa consegue manter, sem enrolação, o suspense de um segredo incrível que só é revelado nas páginas finais.

A obra conta a história do poeta Matt Harrison que acaba de romper o seu relacionamento com Katie Wilkinson, uma jovem editora que não tinha qualquer dúvida quanto ao amor que os unia. Por isso, ela não consegue entender como um relacionamento tão perfeito pôde acabar tão de repente.

No dia seguinte ao rompimento, Katie encontra um pacote deixado por Matt na porta de sua casa. Dentro dele, um pequeno volume encadernado traz na capa cinco palavras, escritas com uma caligrafia que ela não reconhece: “Diário de Suzana para Nicolas”

Ao folhear aquelas páginas, Katie logo descobre que Suzana é uma jovem médica que, depois de sofrer um enfarto, decidiu deixar para trás a correria da cidade grande e se mudar para um lugar tranquilo onde acaba conhecendo Matt e se apaixonando. É neste lugar tranquilo que nasce o filho deles, Nicolas.

Ao tomar conhecimento disso, várias dúvidas começam a povoar a mente de Katie, sendo a principal: ‘Por que Matt teria lhe deixado aquele diário?’

Confusa e sofrendo com o fim do relacionamento, é nas palavras de outra mulher que Katie encontrará as respostas para esse enigma.

03 – Novembro de 63 (Stephen King)

Antes que alguém pergunte o que Stephen King está fazendo numa lista de livros românticos, eu proponho à essa pessoa que leia o livro e depois me diga o que achou do casal Jake Epping e Sadie Dunhill. Cara, eles me fizeram chorar com aquele final! Fiquei desmontado.

A relação entre Jake e Sadie é o coração emocional da narrativa e funciona como uma metáfora para os sacrifícios exigidos pelo destino. Bem, resumindo, é impossível não amar esse casal e deixar de chorar com aquele final ou chegar bem perto.

O mestre do terror preparou um dos enredos mais fantásticos de toda a sua carreira de escritor. Tanto é que grande parte dos leitores consideram Novembro de 63 o seu melhor livro. O autor conduz o leitor pelos Estados Unidos do fim da década de 50 para narrar a história de Jake Epping, um professor que encontra uma maneira de voltar no tempo e com isso tentar

impedir o assassinato de John F. Kennedy.

Livraço! E acredite, King, o mestre do terror me fez chorar, não de medo, mas de emoção

04 – Marina (Carlos Ruiz Zafón)

E aí galera? Vamos se emocionar mais um pouquinho nesses dias de carnaval? E se emocionar com direito a lágrimas e lencinho na mão para enxuga-las. A exemplo de Novembro de 63, o final de Marina de Carlos Ruiz Zafón – o mesmo autor de a saga O Cemitério dos Livros Esquecidos; ver aqui – consegue demolir o mais insensível dos corações. É nesse momento que o pequeno Oscar Drai desvenda todo o mistério envolvendo a sua querida e amada Marina. Caráculas, haja coração!

Marina é o tipo do livro para se ler numa ‘tacada’ só. O enredo te prende do início ao fim e faz com que o leitor, mesmo cansado e todo arrebentado depois de um dia extenuante de serviço, acabe brigando com o sono para poder continuar lendo sempre uma página a mais.

Zafon cria uma história de suspense envolvente na antiga Barcelona dos velhos casarões. Oscar Drai, um garoto de 15 anos que estuda num internato, passa o seu tempo livre andando pelas ruas e se encantando com a arquitetura de seus casarões. É um desses antigos casarões que desperta a atenção do garoto que logo resolve se aventurar no interior da construção. O motivo que levou o pequeno Oscar a entrar na casa foi a voz linda e suave de uma mulher reproduzida num vitrolão. Ao mesmo tempo, ele fica completamente vidrado num relógio de bolso quebrado e muito antigo. Mas, ele se assusta com uma presença na sala e acaba fugindo com o relógio. Depois de alguns dias, Oscar retorna ao casarão para devolver o objeto roubado, e então... conhece Marina. A partir daí prepare o seu coração nesse carnaval.

05 – P.S. Eu te Amo (Cecelia Ahern)

Uma história de amor ideal para você ler nesses dias de folia se não estiver afim de enfrentar salões cheios, empurrões e outros contratempos característicos do nosso querido “Momo”. O primeiro livro escrito pela autora irlandesa publicado em 2004 conquistou os leitores que apreciam o gênero romance.

P.S. Eu te Amo! sabe ser romântico sem ser meloso. O livro tem muitas cenas engraçadas que certamente farão os leitores rirem muito, mas também há trechos emocionantes.

Ahern conta a história de Holly e Gerry. Almas gêmeas, tiveram a sorte de estarem juntos desde a escola — terminavam as frases um do outro, andavam sempre lado a lado e, até quando brigavam, se reconciliavam rindo. Até que o inesperado acontece: a morte de Gerry. Após a tragédia, Holly não consegue encontrar mais motivos para sorrir. Mas ela é surpreendida ao descobrir que o marido a deixou uma série de cartas, uma para cada mês do ano, todas assinadas com P.S. Eu te amo. Através das cartas de Gerry e do apoio da família e dos amigos, aos poucos, Holly encontrará alívio e conforto em meio ao luto. A obra conta com uma adaptação cinematográfica estrelada por Hilary Swank e Gerard Butler, que encantou o público. E, em novembro de 2020, foi publicada a sequência O Clube P.S. Eu te amo, que já vendeu mais de 15 mil cópias no Brasil, segundo dados da HarperCollins. Merece muito estar, aqui, em nosso “Carnaval Literário”

06 – Morte e Vida de Charlie St. Cloud (Ben Sherwood)

Fecho a lista com esse romance que gostei muito. Morte e Vida de Charlie St. Cloud tem todos os ingredientes que uma história de amor que se preze deve ter, excetuando... o seu final, o qual não gostei. Mas nem por isso poderia deixar de indicar a obra de Bem Sherwood que, de fato, emociona e muito.

O livro conta a história de Charlie St. Cloud, um jovem que não consegue superar a morte de seu irmão mais novo, após um acidente de carro do qual ele julga ser o principal culpado. Tanto é que ele aceita um emprego como zelador do cemitério onde seu irmão está enterrado, simplesmente para ficar perto dele. Charlie acaba adquirindo um dom, o qual faz com que todas as noites ele se encontre com o espírito do irmão e juntos os dois possam se divertir e matar as saudades. Mas Charlie conhece uma menina chamada Tess e se apaixona por ela. Agora ele precisa escolher entre continuar com seu irmão ou ir atrás da garota que ele ama.

Taí galera, agora mãos a obra ou melhor, mãos aos livros. Escolham os seus e desfrutem de um “Carnaval Literário” muito especial.

25 setembro 2024

O menino do dedo verde

Você julga um livro pela capa ou então, pelas suas condições de uso? Olha, eu gostaria de dizer que não, mas depois de topar com O Menino do Dedo Verde abandonado num canto da minha estante com as páginas amareladas, dobradas e grifadas, além da capa muito malconservada, juro que... não fiquei muito estimulado a ler a sua história.

Tinha ganhado o livro de uma colega de universidade que por motivo de mudança havia partilhado algumas de suas obras com outras pessoas mais próximas e eu fui um dos escolhidos. Coube a mim receber o livro todo “amassadinho” do escritor francês Maurice Druon.

Decidi encarar a obra depois de uns... acho que 20 anos. Acredita? Isso mesmo, vinte anos! Sempre que ‘batia’ os olhos naquele livrinho, o interesse em lê-lo não vinha. E assim, foi ‘rolando’ até há alguns atrás quando decidi encará-lo. Comecei folheando-o sem compromisso, mas então, fui me interessando pelas suas primeiras linhas, suas primeiras frases, seus primeiros parágrafos e pensei comigo: “Puxa! Porque demorei tanto tempo para ler essa joia?!

A história idealizada por Druon é maravilhosa e lembra muito outros dois livros: Meu Pé de Laranja Lima e O Pequeno Príncipe; mas acredito que se pareça bem mais com a obra de Jose Mauro de Vasconcelos.

Tistu, o menino do dedo verde é parecido em suas angustias e expectativas com Zezé, o protagonista de Meu Pé de Laranja Lima. Eles anseiam viver num mundo com menos sofrimento e tentam com todas as suas forças melhorar esse mundo nem que seja só um pouquinho.

O Menino do Dedo Verde me encantou, da mesma maneira que encantou milhares de jovens e adultos que tiveram a oportunidade de ler a sua história. O personagem idealizado por Druon se chama Tistu, um menino rico, que morava em uma mansão (Casa-que-brilha), em um lugar chamado Mirapólvora. Seus pais eram donos de uma fábrica de canhões – a maior do mundo.

Quando completou oito anos, ele foi para a escola, mas foi expulso no terceiro dia porque dormiu durante a aula. Seus pais, então, decidiram que estudaria fora da escola, observando a vida e tirando suas próprias conclusões. E já no primeiro dia dessa nova experiência, o garoto descobriu, com o jardineiro Bigode, que possuía um dom muito especial. 

Um momento emocionante que marcou a minha leitura foi o capítulo em que Tistu levado a conhecer uma prisão, passa o polegar por tudo e transforma a cadeia com flores incríveis. O mesmo acontece na favela, no meio da miséria que atinge tantas pessoas sofridas; no hospital, com as crianças doentes e infelizes; no zoológico, com os animais solitários e na guerra. Esse poder de transformação de Tistu tem um grande efeito em todos os lugares, mudando a ‘percepção de mundo’ das pessoas, fazendo que elas passem a reagir de uma maneira mais positiva.

Enfim, um livro muito especial. Pena ter descoberto isso tão tarde.

04 julho 2024

Madame Bovary

Madame Bovary de Gustave Flaubert chegou até as minhas mãos num pacotão de obras literárias – mais ou menos ‘uns’ 12 ou 15 livros – que ganhei há ‘uns’... deixe-me ver... quarenta anos. E vejam que só agora, depois de aproximadamente quatro décadas, resolvi ler essa história que marcou o realismo da literatura francesa e por essa razão pode ser considerada um clássico, mas... acontece que não sou muito chegado em clássicos, por isso leio muuuuito pouco Machado de Assis; até agora encarei O Alienista e Dom Casmurro, mas me enrosquei em outras histórias e parei antes da metade. Depois disso, não arrisquei tentar um novo “diálogo’ com o nosso Machadão. Quanto a William Shakespeare, Karl Marx, Victor Hugo, Thomas Mann e por aí afora, passo longe.

Talvez, alguns de vocês que estejam lendo essa postagem, podem me chamar de um leitor simplório que só lê histórias água com açúcar.

Não vejo dessa maneira, acho apenas que é uma questão de gosto. Simplesmente não sou fã de clássicos, leio muito pouco.

Mesmo não tendo queda por esse gênero literário, no mês retrasado decidi ler Madame Bovary que já estava, como “disse”, há quarenta anos em minha estante. Li como se diz... no “pipoco”, meio que aos trancos e barrancos.

Achei a história muito chata. Os protagonistas não me agradaram nem um pouco. Emma Bovary é uma mulher egoísta e fútil; enquanto Charles é um personagem amorfo; parece que ele gosta de sofrer. Nunca detestei tanto dois personagens, principalmente a Srª Bovary. E quando você não tem empatia com os personagens de um livro fica difícil gostar a história. Somando-se a isso, também achei a leitura muito detalhista e arrastada. E consequentemente, cansativa.

Confesso que não tive uma boa experiência com a obra de Flaubert. Só conclui a leitura com muita força de vontade. Ah! O final da trama também não me agradou

Queria escrever bem mais nessa resenha, encontrar detalhes do livro que me agradaram, mas não consigo. Só encontrei uma personagem irritante e um outro personagem que gosta de sofrer, além de uma narrativa detalhista e cansativa.

Madame Bovary narra a história de Emma Bovary, uma mulher insaciável, inteligente e bela, mas é obrigada a casar com um apático e passivo médico Charles Bovary, um homem fracassado e medíocre de uma pequena cidade do interior da França. Charles desperta nela todos os sentimentos contrários aquilo a que ela sempre sonhou. Será que é preciso eu revelar o que ela resolve fazer para encontrar a felicidade?

Se quiserem saber, leiam o livro, mas somente se vocês gostarem muito de clássicos e clássicos com uma narrativa bem descritiva e por isso, cansativa.

13 junho 2024

Mulheres de médicos

Gostei tanto de Médicos em Perigo de Frank G. Slaughter que resolvi ler Mulheres de Médicos do mesmo autor. O livro chegou até mim junto com muitos outros num lote de obras literárias que ganhei de um colega dos tempos de universidade. Lembrando que este lote chegou até as minhas mãos também nos tempos de universidade. 

O Marcos César gostava muito de livros de ficção científica do Ray Bradbury e certo dia, há ‘muuuuitos’ anos, me deu uma caixa com várias obras de ficção, a maioria de Bradbury, mas entre elas haviam alguns livros de Slaughter, entre os quais Mulheres de Médicos, ou seja, um estranho no ninho.

Li alguns do Bradbury, entre os quais F de Foguete e E de Espaço (aliás, estou em dívida com essas duas resenhas) e há algumas semanas, enquanto (adivinhem... limpava as minhas estantes) vi num cantinho onde coloco alguns livros, cujos enredos não me despertam muito o interesse, Mulheres de Médicos. Percebi que o autor era o mesmo que havia escrito Médicos em Perigo e assim, decidi dar uma chance para a história, mas após concluir a leitura cheguei a conclusão que o seu conteúdo não supera e... nem empata com Médicos em Perigo. Não estou querendo dizer que o livro é ruim, nada disso; mas apenas que se trata de uma história razoável, mediana. Daquelas que você engata uma primeira marcha na leitura e segue; podendo até mesmo “puxar” uma segunda, mas nem pensar numa terceira, quarta e muito menos numa quinta marcha. E já que estou fazendo uma analogia com marchas de veículo, posso afirmar que a leitura de Mulheres de Médicos também se encontra numa distância considerável do ponto morto, onde o carro fica parado, apenas com o motor funcionando.

A história não tem plot twists interessantes nem uma história que prende por completo a atenção dos leitores como Médicos em Perigo, mas o seu enredo é fluido e algumas situações conseguem fazer com que os leitores não desviem o foco do enredo.

Comecei a ler o livro pensando se tratar de um suspense, mas depois, enquanto avançava na leitura fui descobrindo que se tratava de um drama com pitadas consideráveis de romance e bem caliente. No enredo, a esposa de um médico muito conceituado que trabalha num tranquilo, mas conceituado hospital, trai o seu marido com outros médicos casados que também trabalham nesse hospital. Para não estragar a história com spoilers, vou dizer apenas que o médico traído descobre a infidelidade de sua mulher e esse escândalo acaba transformando a melancólica e monótona comunidade médica e universitária num verdadeiro caldeirão de inquietações.

Já alerto que a história tem muitas explicações técnicas envolvendo a rotina de um hospital como cirurgias, exames e o dia a dia de médicos e enfermeiros que são descritos em detalhes. Para aqueles leitores que gostam, sem dúvida, será um prato cheio. Por outro lado, o enredo com um grande número de personagens pode deixar a leitura confusa em algumas partes, mas nada que atrapalhe. Talvez, incomode; mas atrapalhar, não.

Para quem não sabe, Frank G. Slaughter é o pseudônimo de C.V. Terry que além de romancista também foi um médico americano. Nem preciso explicar o porquê de seus livros que venderam mais que 60 milhões de cópias, abordem apenas temas ligados à área médica.

Mulheres de Médicos foi publicado originalmente em 1967, mas de lá pra cá ganhou várias reedições através da Record, Nova Cultural e a mais recente lançada pela BestSellers em 1985.

Aqueles que quiserem arriscar a leitura encontrarão o livro por preços módicos nos sebos.

07 janeiro 2024

Mais um livro relido de uma saga maravilhosa: David Martin, Isabella e Fermín dominam o enredo de “O Prisioneiro do Céu”

Se você segue as postagens do “Livros e Opinião” – aqui, no blog ou nas redes sociais – principalmente aquelas sobre a saga do Cemitério dos Livros Esquecidos sabe o quanto amo os personagens David Martin e Isabella Gispert. Amo tanto que já dediquei vários posts no Blog, Instagram, Facebook e Twitter para eles. Por isso, quando a Suma de Letras lançou, há 12 anos, O Prisioneiro do Céu considerado a sequência do megassucesso A Sombra do Vento (ver aqui e aqui), acredito que fui um dos primeiros a adquirir o livro, ainda em sua fase de pré-venda.

Se em A Sombra do Vento, o personagem Julián Carax é o foco da história, em O Jogo do Anjo (aqui e mais aqui) e O Prisioneiro do Céu, David Martin e Isabella Gispert tem todos os holofotes direcionados à eles. Para que vocês entendam o poder do carisma desses dois personagens, basta dizer que Carlos Ruiz Zafón dedicou dois livros e alguns respingos de um terceiro para esse casal. Cara, é isso mesmo. De quatro livros – A Sombra do Vento, O Jogo do Anjo, O Prisioneiro do Céu e O Labirinto dos Espíritos, David e Isabella , mesmo não sendo os personagens principais da saga – esse prêmio cabe a Daniel Sempere, Fermin Romero de Torres e Bea Aguillar – eles conseguem dominar as páginas da quadrilogia, até mesmo quando não aparecem e são apenas citados por outros personagens.  

Acho que a galera entendeu o motivo da minha expectativa em 2011 quando foi lançado esse livro. E aqueles mais observadores também já devem ter percebido o que me levou a reler a saga. Capiche?

E como disse nas resenhas das releituras de O Jogo do Anjo e A Sombra do Vento estou amando ter reencontrado com todos os personagens criados por Zafón. Eles foram tão bem compostos que se parecem com seres humanos de verdade; como se Daniel, Fermin, David, Isabella e companhia estivessem, ali, perto da gente.

Acreditem, demorei menos de três dias para reler O Prisioneiro do Céu e saboreei cada frase, cada sentença, cada parágrafo como se estivesse saboreando um bom vinho de uma safra especial.

A história começa um ano após o casamento de Daniel Sempere e Bea Aguilar e pode ser considerado a sequência direta de A Sombra do Vento Nele temos um encontro inusitado e especial entre David Martin e Fermin que acabam se conhecendo no Castelo de Montjuïc, em  Barcelona, onde dissidentes políticos e pessoas inocentes eram mantidas presas em condições terríveis durante a guerra civil espanhola aguardando a execução.

A narrativa em flasback mostra mais detalhes sobre a amizade entre David e Isabella que por sua vez, viria se casar com o Sr. Sempere e se tornar a mãe de Daniel Sempere, além do passado de Fermin Romero, ou seja, o que o levou a se torar um mendigo errante pelas ruas de Barcelona.

Classifico O Prisioneiro do Céu como um livro de “revelações” e revelações surpreendentes como, por exemplo, o pacto firmado entre David Martin e Fermin, um pacto que envolve outro personagem muito importante da saga; além da revelação do verdadeiro motivo da morte de Isabella. O romance ainda nos apresenta um vilão capaz de tirar qualquer leitor do sério: Maurício Valls é tão ardiloso, tão maldoso que a minha vontade era a de entrar no enredo e esganá-lo.

Terminei ontem, a releitura de O Labirinto dos Espíritos, livro que fecha a saga e adorei, mas isso é assunto para uma nova postagem.

 


26 dezembro 2023

“A Sombra do Vento”: amei ter reencontrado Daniel Sempere, Julián Carax e o Cemitério dos Livros Esquecidos




Classifico os livros de romance – sejam eles de ação, terror, suspense, drama, thrillers, ficção científica ou de amor - em duas categorias: aqueles podem ser relidos várias vezes e aqueles que ficam apenas na primeira marcha engatada, ou seja, leu, gostou ou “engoliu” e depois... morreu; sem nenhum risco de cair numa “Depressão Pós-Livro”, conhecida por nós leitores como DPL.

Os livros que nos convidam para uma releitura estão num outro patamar, numa outra dimensão. Os seus personagens são tão carismáticos, sejam eles vilões ou “do bem”, que mais se parecem com seres humanos normais. Por isso, após termos convivido com esses personagens e suas aventuras nas páginas de um livro; após algum tempo começamos a sentir uma baita saudade dessa galera que saiu da mente privilegiada de algum escritor. Uma saudade tão grande onde não há outra solução senão ir até a estante, apanhar aquela obra e relê-la.

Os personagens de A Sombra do Vento tem esse dom. Vou mais além, os personagens de toda a saga O Cemitério do Livros Esquecidos conseguem fazer com que os leitores os enxerguem como personagens reais. Agora some-se à esses personagens tão bem elaborados um enredo fantástico que consegue unir aventura, romance, suspense e drama; tudo isso regado com um tempero especial de intrigas e reviravoltas inesperadas. Pois é, esse é o resultado de toda a saga e consequentemente de A Sombra do Vento.

Senti muito a morte do escritor espanhol Carlos Ruiz Zafon, da mesma forma que senti a partida definitiva de Michael Crichton porque entendi que a partir dessas duas perdas nunca mais iriamos ter histórias como O Cemitério dos Livros Esquecidos e romances de thrillers tecnológico de qualidade, respectivamente.

Aqueles que acompanham o “Livros e Opinião” nas redes sociais sabem que estou relendo pela segunda vez toda a saga de Zafón. A primeira vez, optei por ler os quatro livros respeitando a sua ordem de publicação – A Sombra do Vento (2001), O Jogo do Anjo (2008), O Prisioneiro do Céu (2011) e O Labirinto dos Espíritos (2016). Agora, decidi relê-los seguindo a ordem cronológica da história – O Jogo do Anjo, A Sombra do Vento, O Prisioneiro do Céu e O Labirinto dos Espíritos – se bem que Zafón explicou em várias entrevistas que os livros da quadrilogia podem ser lidos em qualquer ordem pois trata-se de “um labirinto com quatro portas de entrada e um único destino”.

Da mesma forma que amei reler O Jogo do Anjo (confira aqui) também amei reler A Sombra do Vento e O Prisioneiro do Céu mas esse último é assunto para uma outra postagem.

E em O Jogo do Anjo, os personagens David Martin e Isabella te conquistam logo nas primeiras páginas; em A Sombra do Vento, esta empatia se repete com Daniel Sempere, Julián Carax, Fermín Romero e Bea Aguillar.

A história de A Sombra do Vento começa na Barcelona de 1945. Em resumo - para não estragar o enredo com spoillers, o que seria uma baita maldade - narra a saga de Daniel Sempere dos seus 11 anos até o início da fase adulta. No dia de seu aniversário, ao completar 11 anos, ele é levado pelo pai a um misterioso lugar no coração histórico da cidade, o Cemitério dos Livros Esquecidos. O lugar, conhecido por poucos na cidade, é uma biblioteca secreta e labiríntica que funciona como depósito para obras abandonadas pelo mundo, à espera de que alguém as descubra. É lá que Daniel encontra um exemplar de A Sombra do Vento, de um escritor também barcelonês chamado Julián Carax.

Daniel fascina-se tanto pelo livro que decide buscar mais informações sobre o autor. E cada descoberta feita por Daniel faz com que o leitor fique ainda mais preso na história não conseguindo largar o livro de maneira alguma. As reviravoltas então... nem se fale. Cara, amei a história de Julián Carax, amei esse personagem: fiquei triste e também feliz, enfim torci muito por ele. Da mesma maneira que torci por Daniel Sempere, já que as suas histórias se cruzam.

Para finalizar, só posso dizer para aqueles que ainda não leram A Sombra do Vento que não sabem o que estão perdendo. E para aqueles que ainda não releram... poxa, porque ainda não?! Já passou da hora de se reencontrarem com esses personagens tão maravilhosos.

Inté!

09 dezembro 2023

O Jogo do Anjo: uma releitura mais do que prazerosa. Obrigado David Martin e Isabella


A magia do “Cemitério dos Livros Esquecidos” está de volta; pelo menos para mim. Uma magia que prazerosamente venho desfrutando há quase10 anos. Tudo começou em 2014 com A Sombra do Vento que foi a porta de entrada para personagens que tão carismáticos passaram a ser tratados por mim como pessoas e não como fulanos ou beltranos fictícios presentes apenas no enredo de um livro. Como chamar de beltrano: Daniel Sempere, David Martin, Isabella, Julián Carax, Bea, Tomás Aguilar e tantos outros? Não; para mim eles são pessoas. E tudo culpa do saudoso Carlos Ruiz Zafon (morto em 2020) que soube compor personagens com um carisma tão viciante, personagens tão perfeitos que acabaram rompendo a barreira da ficção. 

Poucos personagens conseguem essa proeza – aliás, acho até possível contar nos dedos -; e sabem como percebemos que um personagem rompeu tal barreira? Ok, eu conto. Este fenômeno acontece quando algum tempo após termos lido um livro, começamos a sentir falta da companhia de alguns personagens dessa obra. É uma falta do tipo: “poxa, como eu gostaria de conversar com esse ‘cara’ agora”, e então, quando começamos a reler esse enredo, sentimos como estivessemos conversando com aquele personagem. Todas as vezes que reli a saga tivesse essa sensação.

Nestes últimos dez anos, estou relendo “O Cemitério dos Livros Esquecidos” pela segunda vez, não incluindo a chamada “leitura inédita”, aquela que você faz tão logo após ter comprado os livros. Se somar essa leitura, estou começando o meu terceiro contato com os personagens dos quatro livros de Zafon (A Sombra do Vento, O Jogo do Anjo, O Prisioneiro do Céu e O Labirinto dos Espíritos)

Desta vez, optei por ler a quadrilogia seguindo a ordem cronológica do enredo ao invés de seguir a ordem de lançamento dos livros. Aliás, com relação a isso, é importante frisar que o próprio Zafón chegou a dizer numa entrevista que não importa a maneira como você leia os quatro livros porque os seus relatos são independentes e auto-suficientes em si mesmo, compartilhando alguns personagens e cenários como o cemitério dos livros esquecidos, a família Sempere e sua livraria. (escrevi algo sobre isso aqui onde indico qual é a melhor forma de leitura: ordem cronológica ou ordem de publicação). Como estou seguindo a ordem cronológica, comecei a minha maratona de releitura da saga por O Jogo do Anjo que foi lançado depois de A Sombra do Vento. E é sobre esse livro que eu quero escrever.

Cara, como foi inebriante se reencontrar com David Martin e Isabella; na minha opinião, os dois personagens mais marcantes de toda a saga. Sei que muitos leitores poderão discordar, pois veem em Julián Carax, Daniel Sempere e Fermin Romero as verdadeiras essências da saga, ou seja, as suas pedras filosofais – se é que pode existir mais de uma pedra filosofal (rs).

Carlos Ruiz Zafón

Tudo bem, não discordo daqueles que pensam dessa maneira, mesmo porque, esses personagens podem ser considerados o eixo de toda a saga, já que o enredo gira em torno deles, excetuando “O Jogo do Anjo”. Mas, no meu caso, me afeiçoei tanto com David e Isabela que eles passaram a ser considerados os mais carismáticos de toda a quadrilogia. Ok, ok... para não ser injusto, deixe-me retificar: “eles passaram a ser considerados tão carismáticos quanto Julián Carax, Daniel Sempere e Fermin Romero”. 

Escrevendo primeiramente sobre Isabella, aquela que virá ser a mãe de Daniel Sempere – isto é, se você começar a leitura da quadrilogia pelo seu segundo volume, O Jogo do Anjo – eu simplesmente, gamei. Gamei nas suas atitudes, na sua personalidade, na sua força, na sua perseverança, no seu altruísmo e também na sua teimosia. Simplesmente, me apaixonei por essa personagem. Quanto ao carisma emanado por David Martim, não fica devendo nada ao de Isabella, apesar de ambos terem personalidades opostas. Acho que é por isso que eles se completam e formam um casal tão homogêneo, apesar das brigas e desentendimentos que rolam nesse relacionamento. Não quis ‘dizer’ um casal como marido e mulher ou até mesmo como amantes, mas um casal de amigos; amigos muito especiais. Ambos auxiliando um ao outro nas situações difíceis, mas não nego que os leitores poderão encontrar um clima camuflado de romance entre eles e até mesmo, torcer pela concretização desse romance, um romance, diga-se, impossível por vários motivos. Só mesmo lendo o livro para entender melhor essa minha colocação.

O Jogo do Anjo pode ser considerado o início de toda saga. Escrito em primeira pessoa - o narrador do romance é David Martín, um jovem escritor de 28 anos, desiludido no amor e na vida profissional e gravemente doente que vive em Barcelona na década de 20 – o livro brinda os leitores com a história da mãe de Daniel Sempere, ainda adolescente, e como ela conheceu o pai de Daniel, contando com uma ajudazinha de David. 

Além das origens de Isabella, Zafón nos mostra todo o desenvolvimento de David, desde a sua infância até a fase adulta quando se tornou um escritor maldito.

O Jogo do Anjo é uma história de amor, superação e de um pacto maldito. Ação? Sim; nos últimos capítulos, o autor brinda os seus leitores com mistério e ação de tirar o fôlego. A genialidade de Zafón conseguiu fazer isso: mesclar romance, mistério e ação.

O livro termina com uma carta escrita por Isabela e endereçada à David Martin. Confesso que quase chorei com o seu conteúdo. Emocionei-me tanto que pretendo escrever um post apenas sobre essa carta.

Enfim, galera; O jogo do Anjo é um livraço e merece ser lido e relido muitas vezes, assim como toda a saga Cemitério dos Livros Esquecidos.

Inté!

02 dezembro 2023

Cinco histórias de amor nos livros que arrebentaram o meu coração

Ok. Tudo bem; confesso que sou emotivo e que não resisto a uma boa história de amor, além do mais navego totalmente contra aquela maré machista que afirma que homem que lê história de amor e ainda por cima chora, está cometendo dois pecados mortais: ler o tal “gênero proibido” e o segundo pecado: chorar. 

Cara, como a Luka costumava dizer e cantar há ‘uns’ vinte anos: “Tô nem aí”. Capiche? É isso mesmo: não tô nem aí pra essa galera. Gosto de romances e se esse romance me emocionar, choro de fato; e ponto final.

Não liga não galera, estou meio assim, digamos... “revoltado”, porque tenho alguns amigos leitores que ainda pensam dessa maneira. Costumo dizer que eles nasceram antes dos dinossauros (rs).

Ontem, conversando com Lulu, ela me deu a ideia dessa postagem. Como conhece a fundo todos os meus hábitos de leitura, acabou sugerindo um post onde eu destacasse enredos que tiveram histórias de amor marcantes que valeram muitas das minha lágrimas derramadas.

Adotei correndo a sua sugestão e assim, nasceu essa postagem. Garanto que essas seis histórias de amor arrebentaram o meu coração; algumas me deram até ressaca literária. Lembrando que nem todas as seis indicações são livros românticos. Algumas dessas obras literárias são dramas e até mesmo aventura com batalhas épicas, mas como “o amor está no ar” não é preciso que um enredo seja exclusivamente romântico para que o “Senhor Love” faça uma visitinha surpresa. Taí a saga As Crônicas de Artur e o livro Mentirosos que não me deixam mentir.

01 – As Crônicas de Artur (Bernard Cornwell)

História de amor: Derfel e Ceinwyn (Seren, A Estrela de Powys)

Na minha opinião, Derfel e Ceinwyn tem uma das histórias de amor mais bonitas da literatura, mesmo não sendo personagens de um enredo romântico. As Crônicas de Artur (ver aqui, aqui e mais aqui) escrita por Bernard Cornwell narra a história do Rei Artur, mas um Artur mais realista que foge daqueles padrões míticos da maioria dos livros. Derfel Cadarn é um de seus guerreiros e antes de tudo, seu grande amigo. Ele é o narrador da história, já que a trilogia foi escrita em primeira pessoa.

A história de amor de Derfel e de Ceinwyn, conhecida com ‘Seren, a Estrela de Powys’ é pura poesia. Derfel rompeu todos os paradigmas daquela época ao desposar a filha de um dos senhores mais poderosos da Bretanha e que já estava prometida para um outro pretendente. Mas o corajoso e apaixonado guerreiro, mesmo não sendo um nobre, não se importou com esse detalhe e moveu “céus e terra” para ficar ao lado de sua amada. E o mais importante: Ceinwyn correspondeu a esse amor.

Após se unirem, o casal se completou: corpo e alma. Fiquei com uma lágrima parada na garganta...  Leiam a saga e se emocionem com a história desse casal.

02 – Éramos seis (Maria José Dupré)

História de amor: Dona Lola, Júlio, Carlos, Alfredo, Julinho e Isabel

Éramos Seis é uma das obras mais respeitadas da literatura brasileira. Nela, acompanhamos a vida de uma família de classe média baixa vivendo na cidade de São Paulo entre a década de 10 e de 40.

Quem narra a história é a matriarca, Dona Lola, uma mulher dedicada e mãe de quatro filhos. Ela relembra o passado, detalhando suas conquistas e suas dores de maneira simples e sensível.

O livro não é conhecido apenas como um romance dramático, mas também como um romance histórico onde retrata o modo de vida de boa parte das famílias, e sobretudo das mulheres brasileiras da primeira metade do século XX.

A narrativa inicia com a visita de Dona Lola, já idosa, a sua antiga casa, um imóvel na Avenida Angélica, no centro de São Paulo. Ao olhar para o local, a senhora rememora os longos anos que lá viveu com sua família: o marido Júlio e os filhos Carlos, Alfredo, Julinho e Isabel. A partir daí, são mesclados os momentos tristes e alegres vividos por essa família numa narrativa emocionante com vitórias e derrotas, sorrisos e lágrimas. Olha... foi difícil segurar a emoções em muitos trechos.

03 – Diário de uma paixão (Nicholas Sparks)

História de amor: Allie e Noah

Diário de uma Paixão foi um dos livros mais emocionantes que li. Em vários momentos da história, Allie Nelson e Noah Calhoun conseguiram fazer com que eu chorasse e com direito a lencinho na mão. Verdade pessoal, fiquei com os olhos molhados em diversas passagens. Que casal especial! Eles representam a prova do verdadeiro amor, do amor incondicional. Aquele amor que vale não só para os momentos de felicidade, mas principalmente para momentos tristes.

Allie e Noah, são dois jovens que descobrem o verdadeiro significado da paixão, mas são separados por uma série de obstáculos e mal-entendidos. Muitos anos depois, a vida dá conta de uni-los novamente e a paixão volta com todo o seu fulgor. Já noiva de um bem-sucedido advogado, Allie precisa optar entre manter o rumo estável de sua vida ou se entregar ao verdadeiro amor, correndo todos os riscos ao lado de Noah. Ela não pensa duas vezes e escolhe Noah.

Os dois passam a viver uma vida cheias de desafios, mas também com muitos momentos alegres. O trecho em que os dois se reencontram numa casa de repouso para idosos... putz! Me transformei num chamariz de lágrimas. O final do livro, então... Para! O leitor tem que ter coração forte.

04 – Love Story – Uma história de amor (Erich Segal)

História de amor: Oliver e Jennifer

Certamente, os cinéfilos que assistiram “Love Story” nos cinemas e saíram das salas de exibição chorando aos baldes irão se lembrar da icônica frase “amar é jamais ter que pedir perdão”. Esta frase imortalizada pelo casal Oliver e Jennifer vividos por Ryan O’Neal e Ali MacGraw no filme que encantou a geração dos anos 70, ainda vem sendo pronunciada por muitos casais.

Aliás, o livro de Erich Segal foi o mais vendido nos Estados Unidos e traduzido para 33 idiomas. Na época, as livrarias enfrentaram filas gigantescas de leitores que de tão desejosos em adquirir a obra chegaram a dormir nas portas das lojas.

A história de livro e filmes se cruzaram desde o início quando em 1969 os executivos da Paramount, visando reforçar a divulgação da produção cinematográfica que estrearia em 1970, pediram  que Segal escrevesse um livro baseado no roteiro cinematográfico, para ser lançado nas lojas no Dia dos Namorados, semanas antes de o longa estrear nos cinemas. A estratégia funcionou: filme e livro foram sucessos totais.

Quanto a história de Oliver e Jennifer, será que preciso relembrar? Acho que não né galera? Quase todos já conhecem, inclusive eu e com um nó na garganta.

05 – Marina (Carlos Ruiz Zafon)

História de amor: Oscar Drai e Marina

Cara, o final de Marina de Carlos Ruiz Zafon te arrebenta, te quebra no meio. Juro que me debulhei em lágrimas. Caraca, o que foi aquilo?! Pode acreditar, os três últimos capítulos da obra do autor espanhol arrebentam o mais duro e empedernido dos corações. É nessa hora que o pequeno Oscar Drai desvenda todo o mistério envolvendo a sua querida e amada Marina.

Zafon cria um enredo de suspense envolvente na antiga Barcelona dos velhos casarões. Oscar Drai, um garoto de 15 anos que estuda num internato, passa o seu tempo livre andando pelas ruas e se encantando com a arquitetura de seus casarões. É um desses antigos casarões que desperta a atenção do garoto que logo resolve se aventurar no interior da construção. É nesse casarão que ele conhece Marina. A partir desse momento começa uma das mais lindas histórias de amor da literatura, repleta de aventuras e com um final para estraçalhar os corações.

06 - Mentirosos (E. Lockhart)

História de amor: Cadence, Johnny, Mirren e Gat

Fecho esse post com a saga vivida por um grupo de jovens que me emocionou muito. Cadence, Johnny, Mirren e Gat foram os responsáveis por uma das maiores depressões pós livros que eu já tive. 

Cadence, seus primos Johnny e Mirren e o amigo Gat são inseparáveis desde pequenos, e juntos formam um grupo chamado Mentirosos. Durante o verão de seus quinze anos na ilha particular da família, as férias idílicas de Cadence são interrompidas quando a garota sofre um estranho acidente. Ela passa os próximos dois anos em um período conturbado, com amnésia, depressão, fortes dores de cabeça e muitos analgésicos. Toda a família a trata com extremo cuidado e se recusa a dar mais detalhes sobre o ocorrido, até que Cadence finalmente volta à ilha para juntar as lembranças do que realmente aconteceu.

Além do final emocionante de Mentirosos, se preparem, também, para uma reviravolta avassaladora na história, daquelas que tiram o chão do leitor. A tal virada acontece no último capítulo intitulado ‘Verdade’. Posso garantir que é algo bombástico.

Garanto que após a galera descobrir o segredo de Cadence, no finalzinho da história, as lágrimas virão.

Por hoje é só galera.

Valeu!

 

 

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