06 setembro 2025
Pequenos Segredos
O livro de Jennifer Hillier conta a história de um
sequestro misterioso e muito rápido. Uma mulher está num centro comercial
movimentado, cercada de pessoas, com o seu filho de apenas quatro anos. No
momento em que ela solta a mão da criança para atender o telefone... o menino
desaparece. As imagens das câmeras de segurança mostram o pequeno Sebastian
saindo do local de mãos dadas com um homem fantasiado de Papai Noel. Desde
então sua mãe, Marin Machado tem como único foco na vida descobrir o que
aconteceu e reencontrar o filho.
Aqueles que lerem essa sinopse, certamente pensarão
que o enredo é bem frenético e com muitas reviravoltas ao longo da trama. Esta
expectativa ficará ainda maior após os leitores terem contato com a campanha promocional
de lançamento da obra pela editora Faro Editorial que na época da publicação de
“Pequenos Segredos”, em 2023, prometeu uma avalanche de plot twists.
Sinto “dizer”: mero engano. Esqueça o sequestro, as
reviravoltas em torno desse sequestro; dicas sobre os possíveis envolvidos; a
busca desesperadora para encontrar o garoto; enfim, esqueça tudo isso. Estes
detalhes só irão aparecer perto do final da trama, em suas últimas páginas
quando o mistério começa a ser esclarecido e por fim o vilão é revelado.
Pois é, comecei a ler Pequenos Segredos muito motivado, pensando encontrar todo esse
“tempero” em seu enredo, mas no final o que encontrei, de fato, foi um drama
familiar. Grande parte da trama é centrada no drama vivido pelos pais de
Sebastian após o seu sequestro, ou seja, quais mudanças o rapto da criança
provocou na vida de Marin e Derek, um casal de classe média-alta que vê toda a
sua vida se desestruturar após essa situação. É aí que entram as traições,
mentiras, brigas, etc.
O problema é que esse drama familiar torna a história
lenta deixando a leitura muito arrastada e sem perspectivas. Por exemplo, a
autora perdeu muito tempo descrevendo o dia a dia de um grupo de apoio para
mães com filhos desaparecidos da qual Marin faz parte. Os relatos dos
integrantes desse grupo não tem nenhuma ligação com o núcleo central da trama
que é o sequestro de Sebastian; saber quem o sequestrou e porquê.
Com o virar das páginas, vemos também a deterioração
do relacionamento de Marin e Derek que vai se desgastando com traições e até
mesmo tentativas de suicídio.
Nem mesmo quando Marin contrata uma detetive
particular, a história engrena. Juro que nessa parte da trama fiquei animado
porque pensei que finalmente com a entrada de uma detetive, com certeza, Hillier
voltaria ao núcleo central da trama que é o sequestro, mas não foi isso que ocorreu.
As descobertas de Vanessa Castro no decorrer da trama não tem nada a ver com o
sequestro. As revelações interessantes da detetive só acontecem perto do final
do livro.
Os tais ‘pequenos segredos’ do título da obra de
Hillier diz respeito, portanto, aos relacionamentos do casal Marin e Derek e
não ao sequestro. Surgem pequenas (não grandes) reviravoltas, mas envolvendo, somente,
o relacionamento dos dois. Só quase
perto do final que iremos descobrir quem tramou todo o sequestro de Sebastian.
E cá, entre nós, não tive nenhuma surpresa; já havia “matado” fácil o nome do
vilão bem antes. Estava muito na cara.
Por hoje é só, valeu galera!
21 agosto 2025
Antes de Partir
Gosto dos livros de Charlie Donlea, não em um todo, mas gosto. O que estou querendo explicar é que as vezes os plot twists secundários me agradam muito, enquanto o plot final me decepciona ou vice-versa; às vezes a história é fraca, mas por outro lado, as reviravoltas são fantásticas; e também, pode acontecer o contrário, as reviravoltas da obra são fracas mas o enredo e a composição dos personagens compensam essa falha. Enfim, de um modo geral, gosto sim de seus livros, com exceção de... Antes de Partir que me decepcionou. Dos livros que li do autor –A Garota do Lago, Não Confie em Ninguém, Procure nas Cinzas e Antes de Partir – esse último foi o mais fraco.
Achei a leitura maçante; a história não de se desenvolve,
ao contrário, se arrasta. Donlea embaça muito, criando situações desnecessárias
entre os personagens centrais Abby e Joel. Cada encontro que os dois tem é “recheado”
de muita enrolação. A interação entre Abby e sua irmã Maggie também não evolui.
Cada momento que as duas tinham eu já imaginava: “lá vem encheção de linguição”,
o que de fato acontecia.
Achei o mistério da carta que Ben (marido de Abby)
escreveu para a sua esposa antes do acidente apenas razoável, mas sem nenhum
impacto – mesmo sendo um motivo nobre, mas como plot twist de uma história, a
surpresa não foi nenhum pouco impactante.
Outro detalhe é que Donlea é um escritor respeitado
por criar plot twists incríveis, além de compor personagens com químicas
perfeitas. Mas desta vez, isso não aconteceu. Achei Abby e Joel personagens
mornos, além disso, a química entre os dois não funcionou. Quanto ao final...
muito estranho, juro que eu não esperava por aquele desfecho, o qual também não
gostei. Acreditava que Ben acabaria conseguindo voltar para casa e assim,
colocar o “mundo” de sua esposa de cabeça para baixo. Ficava imaginando comigo:
- Putz, como Abby vai contornar essa situação – mas então Don Lea acabou
optando por um final menos racional e mais... será que vou liberar spoiler??? Bom,
paciência, lá vai: um final mais espiritual. Com isso, no meu modo de ver, o
impacto também acabou se diluindo.
É importante frisar que Antes de Partir é um livro totalmente fora da curva na carreira literária
de Charlie Donlea que é conhecido por escrever thrillers policiais e de suspense.
Dessa vez, ele decidiu se enveredar pela senda do romance. Isso mesmo! Podem
acreditar, Antes de Partir é uma
história de amor completamente diferente do gênero que consagrou o criador do
megassucesso A Garota do Lago.
Em Antes de
Partir, o autor narra o drama de Abby Gamble que um ano após o avião em que
o seu marido viajava ter desaparecido no oceano Pacífico, ela ainda tenta
superar a dor da perda. O relacionamento entre ela e Ben era incondicional e
profundo, e se fortaleceu ainda mais ao terem de lidar com uma tragédia na
família anos atrás. Abby sabia que Ben iria querer que ela seguisse em frente.
Seu primeiro passo foi entrar de cabeça no trabalho, dedicando-se a sua empresa
de cosméticos... até que ela conhece Joel, um médico cujo passado é tão repleto
de cicatrizes quanto o dela.
Taí galera, mesmo não tendo apreciado a leitura,
espero, de coração, que gostem do livro. Afinal, nenhuma opinião carrega em si,
a aura da unanimidade.
19 maio 2025
Conclave
Se você já assistiu “Conclave” de Edward Berger, filme
indicado em oito categorias no Oscar 2025, incluindo a de “Melhor Filme” e “Melhor
Roteiro Adaptado”, não perca o seu tempo lendo o aclamado livro homônimo de
Robert Harris publicado originalmente em 2016 e que deu origem a produção
cinematográfica. Não estou querendo “dizer” que a obra literária é ruim; longe
disso. Quero apenas alertar: como o livro foi adaptado ao pé da letra para as
telonas – com exceção dos nomes e nacionalidades de alguns personagens – as reviravoltas
que deixam a trama interessante e com a capacidade de, com toda a certeza,
surpreender o ‘leitor-cinéfilo’ perderão todo o seu impacto. Esses plot twists
são semelhantes, ou seja, o que você assistiu no filme também irá ler no livro,
sem mudanças, por mais sutis que sejam.
Feito essa ressalva, o livro de Harris é excelente e consegue
prender a atenção dos leitores com a sua linguagem fluida e reviravoltas
surpreendentes. Sendo mais específico: duas revelações envolvendo dois
personagens e uma reviravolta bombástica (um verdadeiro soco no fígado) que
acontece, somente, no final do livro. Para ser mais exato, esse “soco” é
desferido nas últimas quatro páginas do romance. No meu caso, como ainda não
tinha assistido ao filme, fiquei boquiaberto. Jamais pensei naquela reviravolta
e olha que eu sou bom para descobrir plot twists por antecipação.
A trama de Conclave
gira em torno da morte de um papa reformista e consequentemente do intrigante e
misterioso processo de escolha de um novo líder da Igreja Católica. Dias depois da morte do papa, mais de cem
cardeais do mundo todo se reúnem para eleger seu sucessor. São todos homens
santos, mas têm rivalidades, ambições e fraquezas, e, nas próximas setenta e
duas horas, um deles se tornará a figura espiritual mais poderosa da Terra. A tarefa
não se mostrará nada simples, pois entre os elegíveis e os grupos que se formam
em torno deles há diferenças inconciliáveis: globalistas e isolacionistas, os
que clamam pelo primeiro papa negro, religiosos com fortes opiniões sobre o
papel das mulheres e do casamento gay, as correntes conservadoras e os
reformistas, os que rejeitam a riqueza e os que abraçam o luxo. E, para
completar, surge a notícia de que o falecido papa elegeu em segredo um cardeal
até então desconhecido de todos.
O encarregado de executar e coordenar essa reunião
confidencial do colégio de cardeais (Conclave) é cardeal italiano Lomeli que nos
cinemas foi vivido pelo famoso ator Ralph Fiennes.
Os quatro principais candidatos a suceder o papa morto
são Aldo Bellini, da Itália, um liberal na linha do falecido Papa; Joshua
Adeyemi, da Nigéria, um conservador social; Joseph Tremblay, do Canadá, um
moderado dentro da Igreja; e Goffredo Tedesco, da Itália, um tradicionalista
convicto.
A linguagem do romance é tão fluida que o autor
consegue fazer com que os leitores mergulhem dentro da história, por isso,
temos a impressão de estar alí, no Conclave, no meio dos cardeais participando
de suas tramas, alianças e reuniões secretas visando a escolha de um novo papa.
Aliás, a descrição dos detalhes de como é organizado um conclave, além dos rituais
de votação dos cardeais é perfeito. Fiquei imaginando se tudo aquilo não
passava de invenção, bem longe da realidade, saída da cabeça de um escritor de
ficção; mas no final do livro quando Robert Harris faz os seus agradecimentos
as pessoas que colaboraram com a obra, ele ressalta que entrevistou um cardeal
que já participou de um Conclave, no entanto, como as suas conversas foram não
oficiais, ele optou por não citar o nome desse cardeal. O autor cita também que
no início de suas pesquisas para escrever o livro, ele pediu permissão ao
Vaticano para visitar as locações usadas durante um Conclave e que ficam
permanentemente fechadas ao público. Esta permissão, segundo Harris, foi
concedida por um monsenhor do Departamento das Celebrações Litúrgicas do Sumo
Pontífice. Assim, está explicado o motivo da fluidez na construção da trama,
principalmente, no que se refere a organização, realização e execução de um
Conclave.
Mas vamos às três surpresas da trama que valem a pena ser
destacadas. Sem spoilers, é claro. A primeira delas envolve o cardeal canadense
Tremblay; a segunda, o cardeal nigeriano Adeyemi e o soco no fígado envolve o
cardeal Benítez, cuja existência era desconhecida de todos os cardeais e que
havia chegado ao Vaticano apenas poucas horas antes do Conclave. Não posso
revelar mais do que isso, senão acabaria estragando um plot twist bombástico
daqueles que desnorteiam qualquer leitor.
Enfim, é isso galera. Leiam o livro e somente depois
assistam ao filme... se quiserem, porque, acredito, que apenas o livro já
basta.
28 fevereiro 2025
Carnaval literário: 6 histórias de amor que farão o seu coração bater mais forte nesses dias de folia
Tenho um amigo que vive dizendo que é uma pessoa de
“extremos” ou seja, em um momento deseja fazer algo e depois de poucas horas ou
até mesmo minutos já deseja seguir um outro caminho totalmente inverso.
Certo dia ao me afirmar isso, eu lhe respondi que todo
o ser humano – ou pelo menos, a maioria - é uma pessoa de extremos porque numa
fase de suas vidas tem certos desejos mas depois, com a chegada de outras
fases, esses desejos mudam, as vezes, radicalmente. Por exemplo, na juventude gostamos
de algo, já na terceira idade passamos a detestar.
Vejam o meu caso, quando era jovem, adorava fígado
bovino frito, hoje, eu passo. O mesmo vale para o Carnaval que eu amava – era
um dos últimos a sair do salão – mas hoje, confesso que não morro mais de
amores pela festa de momo. Prefiro ficar em casa vendo algumas séries no
streaming e principalmente, lendo; mas lendo bastante. Aliás, aproveito esse
período em que a maioria dos brasileiros estão nas ruas ou nos salões pulando
ou dançando, para colocar as minhas leituras em dia ou então, ‘maratonar’ algum
gênero literário.
Ainda me lembro que no Carnaval passado tomei a
decisão de reler os três livros da chamada Saga
Lecter – O Silêncio dos Inocentes,
Dragão Vermelho, Hannibal e Hannibal, A Origem
do Mal. E posso garantir para a galera que foi um carnaval literário inesquecível.
Por isso, como acredito que muitas pessoas preferem
passar o carnaval na tranquilidade de seus lares com um livro nas mãos, resolvi
escrever esse post onde indico seis livros para a galera que aprecia o gênero
romance. Se você aprecia uma história de amor de qualidade, com certeza irá
amar esses livros. Vamos nessa? Então, bom carnaval! Ooops! Quero dizer: boa
leitura!
01
– O Diário de Uma Paixão (Nicholas Sparks)
O livro de Nicholas Sparks é uma das obras mais
românticas que já li. Um livro daqueles que fazem o seu coração verter em
lágrimas. Putz! Que história de amor! Uma das mais emocionantes que eu conheço.
A história é o retrato de uma relação rara e bela, que
resistiu ao teste do tempo e das circunstâncias. Com um encanto que raramente é
encontrado na literatura atual. Os personagens Noah e Allie se tornaram os meus
preferidos e até agora posso afirmar que nenhum outro conseguiu desbancar essa
posição.
Basta dizer que O
Diário de Uma Paixão (veja resenha que escrevi em 2014 aqui) é uma história de amor entre duas
almas gêmeas e que nem mesmo as piores dificuldades enfrentadas na juventude e
também na velhice foram capazes de separá-los. Pelo contrário, esses obstáculos
serviram para uni-los ainda mais. Pronto! Isso basta para resumir a história de
Noah e Allie cujo romance vendeu aproximadamente 12 milhões de cópias e foi
traduzido para mais de 20 línguas.
02
– O Diário de Suzana para Nicolas (James Patterson)
Quer passar um carnaval fofo? Então leia O Diário de Suzana para Nicolas de James
Patterson. Galera, que livrinho fofo!
Li as 222 páginas num dia só. Comecei às 7 da manhã de
um sábado e terminei por volta das 15 horas. Antes de ler, pensei que seria
algo bem clichê, mas mesmo assim, pensei comigo: para quem assistiu “Love
Story” e gostou, uma leitura clichê não seria problema algum. Mas o livro de
Patterson é muito bem elaborado, com reviravoltas que chocam os leitores e
outras que emocionam. Não tem nada de clichê. A linha narrativa consegue
manter, sem enrolação, o suspense de um segredo incrível que só é revelado nas
páginas finais.
A obra conta a história do poeta Matt Harrison que
acaba de romper o seu relacionamento com Katie Wilkinson, uma jovem editora que
não tinha qualquer dúvida quanto ao amor que os unia. Por isso, ela não
consegue entender como um relacionamento tão perfeito pôde acabar tão de
repente.
No dia seguinte ao rompimento, Katie encontra um
pacote deixado por Matt na porta de sua casa. Dentro dele, um pequeno volume
encadernado traz na capa cinco palavras, escritas com uma caligrafia que ela
não reconhece: “Diário de Suzana para Nicolas”
Ao folhear aquelas páginas, Katie logo descobre que
Suzana é uma jovem médica que, depois de sofrer um enfarto, decidiu deixar para
trás a correria da cidade grande e se mudar para um lugar tranquilo onde acaba
conhecendo Matt e se apaixonando. É neste lugar tranquilo que nasce o filho
deles, Nicolas.
Ao tomar conhecimento disso, várias dúvidas começam a
povoar a mente de Katie, sendo a principal: ‘Por que Matt teria lhe deixado
aquele diário?’
Confusa e sofrendo com o fim do relacionamento, é nas
palavras de outra mulher que Katie encontrará as respostas para esse enigma.
03
– Novembro de 63 (Stephen King)
Antes que alguém pergunte o que Stephen King está
fazendo numa lista de livros românticos, eu proponho à essa pessoa que leia o
livro e depois me diga o que achou do casal Jake Epping e Sadie Dunhill. Cara,
eles me fizeram chorar com aquele final! Fiquei desmontado.
A relação entre Jake e Sadie é o coração emocional da
narrativa e funciona como uma metáfora para os sacrifícios exigidos pelo
destino. Bem, resumindo, é impossível não amar esse casal e deixar de chorar
com aquele final ou chegar bem perto.
O mestre do terror preparou um dos enredos mais
fantásticos de toda a sua carreira de escritor. Tanto é que grande parte dos
leitores consideram Novembro de 63 o
seu melhor livro. O autor conduz o leitor pelos Estados Unidos do fim da década
de 50 para narrar a história de Jake Epping, um professor que encontra uma
maneira de voltar no tempo e com isso tentar
impedir o assassinato de John F. Kennedy.
Livraço! E acredite, King, o mestre do terror me fez
chorar, não de medo, mas de emoção
04
– Marina (Carlos Ruiz Zafón)
E aí galera? Vamos se emocionar mais um pouquinho
nesses dias de carnaval? E se emocionar com direito a lágrimas e lencinho na
mão para enxuga-las. A exemplo de Novembro
de 63, o final de Marina de
Carlos Ruiz Zafón – o mesmo autor de a saga O
Cemitério dos Livros Esquecidos; ver aqui – consegue demolir o mais insensível dos corações. É nesse momento que o
pequeno Oscar Drai desvenda todo o mistério envolvendo a sua querida e amada
Marina. Caráculas, haja coração!
Marina é
o tipo do livro para se ler numa ‘tacada’ só. O enredo te prende do início ao
fim e faz com que o leitor, mesmo cansado e todo arrebentado depois de um dia
extenuante de serviço, acabe brigando com o sono para poder continuar lendo
sempre uma página a mais.
Zafon cria uma história de suspense envolvente na
antiga Barcelona dos velhos casarões. Oscar Drai, um garoto de 15 anos que
estuda num internato, passa o seu tempo livre andando pelas ruas e se
encantando com a arquitetura de seus casarões. É um desses antigos casarões que
desperta a atenção do garoto que logo resolve se aventurar no interior da
construção. O motivo que levou o pequeno Oscar a entrar na casa foi a voz linda
e suave de uma mulher reproduzida num vitrolão. Ao mesmo tempo, ele fica
completamente vidrado num relógio de bolso quebrado e muito antigo. Mas, ele se
assusta com uma presença na sala e acaba fugindo com o relógio. Depois de
alguns dias, Oscar retorna ao casarão para devolver o objeto roubado, e
então... conhece Marina. A partir daí prepare o seu coração nesse carnaval.
05
– P.S. Eu te Amo (Cecelia Ahern)
Uma história de amor ideal para você ler nesses dias
de folia se não estiver afim de enfrentar salões cheios, empurrões e outros
contratempos característicos do nosso querido “Momo”. O primeiro livro escrito
pela autora irlandesa publicado em 2004 conquistou os leitores que apreciam o
gênero romance.
P.S.
Eu te Amo! sabe ser romântico sem ser meloso. O livro tem muitas
cenas engraçadas que certamente farão os leitores rirem muito, mas também há trechos
emocionantes.
Ahern conta a história de Holly e Gerry. Almas gêmeas,
tiveram a sorte de estarem juntos desde a escola — terminavam as frases um do
outro, andavam sempre lado a lado e, até quando brigavam, se reconciliavam
rindo. Até que o inesperado acontece: a morte de Gerry. Após a tragédia, Holly
não consegue encontrar mais motivos para sorrir. Mas ela é surpreendida ao
descobrir que o marido a deixou uma série de cartas, uma para cada mês do ano,
todas assinadas com P.S. Eu te amo.
Através das cartas de Gerry e do apoio da família e dos amigos, aos poucos,
Holly encontrará alívio e conforto em meio ao luto. A obra conta com uma
adaptação cinematográfica estrelada por Hilary Swank e Gerard Butler, que
encantou o público. E, em novembro de 2020, foi publicada a sequência O Clube
P.S. Eu te amo, que já vendeu mais de 15 mil cópias no Brasil, segundo dados da
HarperCollins. Merece muito estar, aqui, em nosso “Carnaval Literário”
06
– Morte e Vida de Charlie St. Cloud (Ben Sherwood)
Fecho a lista com esse romance que gostei muito. Morte e Vida de Charlie St. Cloud tem
todos os ingredientes que uma história de amor que se preze deve ter,
excetuando... o seu final, o qual não gostei. Mas nem por isso poderia deixar
de indicar a obra de Bem Sherwood que, de fato, emociona e muito.
O livro conta a história de Charlie St. Cloud, um
jovem que não consegue superar a morte de seu irmão mais novo, após um acidente
de carro do qual ele julga ser o principal culpado. Tanto é que ele aceita um
emprego como zelador do cemitério onde seu irmão está enterrado, simplesmente
para ficar perto dele. Charlie acaba adquirindo um dom, o qual faz com que
todas as noites ele se encontre com o espírito do irmão e juntos os dois possam
se divertir e matar as saudades. Mas Charlie conhece uma menina chamada Tess e
se apaixona por ela. Agora ele precisa escolher entre continuar com seu irmão
ou ir atrás da garota que ele ama.
Taí galera, agora mãos a obra ou melhor, mãos aos livros.
Escolham os seus e desfrutem de um “Carnaval Literário” muito especial.
25 setembro 2024
O menino do dedo verde
Você julga um livro pela capa ou então, pelas suas
condições de uso? Olha, eu gostaria de dizer que não, mas depois de topar com O Menino do Dedo Verde abandonado num
canto da minha estante com as páginas amareladas, dobradas e grifadas, além da
capa muito malconservada, juro que... não fiquei muito estimulado a ler a sua
história.
Tinha ganhado o livro de uma colega de universidade
que por motivo de mudança havia partilhado algumas de suas obras com outras
pessoas mais próximas e eu fui um dos escolhidos. Coube a mim receber o livro
todo “amassadinho” do escritor francês Maurice Druon.
Decidi encarar a obra depois de uns... acho que 20
anos. Acredita? Isso mesmo, vinte anos! Sempre que ‘batia’ os olhos naquele
livrinho, o interesse em lê-lo não vinha. E assim, foi ‘rolando’ até há alguns
atrás quando decidi encará-lo. Comecei folheando-o sem compromisso, mas então, fui
me interessando pelas suas primeiras linhas, suas primeiras frases, seus
primeiros parágrafos e pensei comigo: “Puxa! Porque demorei tanto tempo para
ler essa joia?!
A história idealizada por Druon é maravilhosa e lembra
muito outros dois livros: Meu Pé de
Laranja Lima e O Pequeno Príncipe;
mas acredito que se pareça bem mais com a obra de Jose Mauro de Vasconcelos.
Tistu, o menino do dedo verde é parecido em suas
angustias e expectativas com Zezé, o protagonista de Meu Pé de Laranja Lima. Eles anseiam viver num mundo com menos
sofrimento e tentam com todas as suas forças melhorar esse mundo nem que seja
só um pouquinho.
O
Menino do Dedo Verde me encantou, da mesma maneira que
encantou milhares de jovens e adultos que tiveram a oportunidade de ler a sua
história. O personagem idealizado por Druon se chama Tistu, um menino rico, que
morava em uma mansão (Casa-que-brilha), em um lugar chamado Mirapólvora. Seus
pais eram donos de uma fábrica de canhões – a maior do mundo.
Quando completou oito anos, ele foi para a escola, mas foi expulso no terceiro dia porque dormiu durante a aula. Seus pais, então, decidiram que estudaria fora da escola, observando a vida e tirando suas próprias conclusões. E já no primeiro dia dessa nova experiência, o garoto descobriu, com o jardineiro Bigode, que possuía um dom muito especial.
Um momento emocionante que marcou a minha leitura foi o
capítulo em que Tistu levado a conhecer uma prisão, passa o polegar por tudo e
transforma a cadeia com flores incríveis. O mesmo acontece na favela, no meio
da miséria que atinge tantas pessoas sofridas; no hospital, com as crianças
doentes e infelizes; no zoológico, com os animais solitários e na guerra. Esse
poder de transformação de Tistu tem um grande efeito em todos os lugares, mudando
a ‘percepção de mundo’ das pessoas, fazendo que elas passem a reagir de uma
maneira mais positiva.
Enfim, um livro muito especial. Pena ter descoberto
isso tão tarde.
04 julho 2024
Madame Bovary
Madame
Bovary de Gustave Flaubert chegou até as minhas mãos num
pacotão de obras literárias – mais ou menos ‘uns’ 12 ou 15 livros – que ganhei
há ‘uns’... deixe-me ver... quarenta anos. E vejam que só agora, depois de
aproximadamente quatro décadas, resolvi ler essa história que marcou o realismo
da literatura francesa e por essa razão pode ser considerada um clássico,
mas... acontece que não sou muito chegado em clássicos, por isso leio muuuuito
pouco Machado de Assis; até agora encarei O
Alienista e Dom Casmurro, mas me
enrosquei em outras histórias e parei antes da metade. Depois disso, não
arrisquei tentar um novo “diálogo’ com o nosso Machadão. Quanto a William
Shakespeare, Karl Marx, Victor Hugo, Thomas Mann e por aí afora, passo longe.
Talvez, alguns de vocês que estejam lendo essa
postagem, podem me chamar de um leitor simplório que só lê histórias água com
açúcar.
Não vejo dessa maneira, acho apenas que é uma questão
de gosto. Simplesmente não sou fã de clássicos, leio muito pouco.
Mesmo não tendo queda por esse gênero literário, no
mês retrasado decidi ler Madame Bovary
que já estava, como “disse”, há quarenta anos em minha estante. Li como se diz...
no “pipoco”, meio que aos trancos e barrancos.
Achei a história muito chata. Os protagonistas não me
agradaram nem um pouco. Emma Bovary é uma mulher egoísta e fútil; enquanto
Charles é um personagem amorfo; parece que ele gosta de sofrer. Nunca detestei
tanto dois personagens, principalmente a Srª Bovary. E quando você não tem
empatia com os personagens de um livro fica difícil gostar a história.
Somando-se a isso, também achei a leitura muito detalhista e arrastada. E
consequentemente, cansativa.
Confesso que não tive uma boa experiência com a obra de Flaubert. Só conclui a leitura com muita força de vontade. Ah! O final da trama também não me agradou
Queria escrever bem mais nessa resenha, encontrar
detalhes do livro que me agradaram, mas não consigo. Só encontrei uma
personagem irritante e um outro personagem que gosta de sofrer, além de uma
narrativa detalhista e cansativa.
Madame
Bovary narra a história de Emma Bovary, uma mulher
insaciável, inteligente e bela, mas é obrigada a casar com um apático e passivo
médico Charles Bovary, um homem fracassado e medíocre de uma pequena cidade do
interior da França. Charles desperta nela todos os sentimentos contrários
aquilo a que ela sempre sonhou. Será que é preciso eu revelar o que ela resolve
fazer para encontrar a felicidade?
Se quiserem saber, leiam o livro, mas somente se vocês
gostarem muito de clássicos e clássicos com uma narrativa bem descritiva e por
isso, cansativa.
13 junho 2024
Mulheres de médicos
Gostei tanto de Médicos em Perigo de Frank G. Slaughter que resolvi ler Mulheres de Médicos do mesmo autor. O livro chegou até mim junto
com muitos outros num lote de obras literárias que ganhei de um colega dos
tempos de universidade. Lembrando que este lote chegou até as minhas mãos
também nos tempos de universidade.
O Marcos César gostava muito de livros de ficção
científica do Ray Bradbury e certo dia, há ‘muuuuitos’ anos, me deu uma caixa
com várias obras de ficção, a maioria de Bradbury, mas entre elas haviam alguns
livros de Slaughter, entre os quais Mulheres
de Médicos, ou seja, um estranho no ninho.
Li alguns do Bradbury, entre os quais F de Foguete e E de Espaço (aliás, estou em dívida com essas duas resenhas) e há
algumas semanas, enquanto (adivinhem... limpava as minhas estantes) vi num
cantinho onde coloco alguns livros, cujos enredos não me despertam muito o
interesse, Mulheres de Médicos.
Percebi que o autor era o mesmo que havia escrito Médicos em Perigo e assim, decidi dar uma chance para a história,
mas após concluir a leitura cheguei a conclusão que o seu conteúdo não supera
e... nem empata com Médicos em Perigo.
Não estou querendo dizer que o livro é ruim, nada disso; mas apenas que se
trata de uma história razoável, mediana. Daquelas que você engata uma primeira
marcha na leitura e segue; podendo até mesmo “puxar” uma segunda, mas nem
pensar numa terceira, quarta e muito menos numa quinta marcha. E já que estou
fazendo uma analogia com marchas de veículo, posso afirmar que a leitura de Mulheres de Médicos também se encontra
numa distância considerável do ponto morto, onde o carro fica parado, apenas
com o motor funcionando.
A história não tem plot twists interessantes nem uma
história que prende por completo a atenção dos leitores como Médicos em Perigo, mas o seu enredo é
fluido e algumas situações conseguem fazer com que os leitores não desviem o
foco do enredo.
Comecei a ler o livro pensando se tratar de um
suspense, mas depois, enquanto avançava na leitura fui descobrindo que se
tratava de um drama com pitadas consideráveis de romance e bem caliente. No enredo,
a esposa de um médico muito conceituado que trabalha num tranquilo, mas
conceituado hospital, trai o seu marido com outros médicos casados que também
trabalham nesse hospital. Para não estragar a história com spoilers, vou dizer
apenas que o médico traído descobre a infidelidade de sua mulher e esse escândalo
acaba transformando a melancólica e monótona comunidade médica e universitária
num verdadeiro caldeirão de inquietações.
Já alerto que a história tem muitas explicações
técnicas envolvendo a rotina de um hospital como cirurgias, exames e o dia a
dia de médicos e enfermeiros que são descritos em detalhes. Para aqueles
leitores que gostam, sem dúvida, será um prato cheio. Por outro lado, o enredo com
um grande número de personagens pode deixar a leitura confusa em algumas
partes, mas nada que atrapalhe. Talvez, incomode; mas atrapalhar, não.
Para quem não sabe, Frank G. Slaughter é o pseudônimo de
C.V. Terry que além de romancista também foi um médico americano. Nem preciso
explicar o porquê de seus livros que venderam mais que 60 milhões de cópias,
abordem apenas temas ligados à área médica.
Mulheres de Médicos foi publicado originalmente em
1967, mas de lá pra cá ganhou várias reedições através da Record, Nova Cultural
e a mais recente lançada pela BestSellers em 1985.
Aqueles que quiserem arriscar a leitura encontrarão o
livro por preços módicos nos sebos.
07 janeiro 2024
Mais um livro relido de uma saga maravilhosa: David Martin, Isabella e Fermín dominam o enredo de “O Prisioneiro do Céu”
Se você segue as postagens do “Livros e Opinião” –
aqui, no blog ou nas redes sociais – principalmente aquelas sobre a saga do Cemitério dos Livros Esquecidos sabe o
quanto amo os personagens David Martin e Isabella Gispert. Amo tanto que já
dediquei vários posts no Blog, Instagram, Facebook e Twitter para eles. Por
isso, quando a Suma de Letras lançou, há 12 anos, O Prisioneiro do Céu considerado a sequência do megassucesso A Sombra do Vento (ver aqui e aqui), acredito que fui um
dos primeiros a adquirir o livro, ainda em sua fase de pré-venda.
Se em A Sombra
do Vento, o personagem Julián Carax é o foco da história, em O Jogo do Anjo (aqui e mais aqui) e O Prisioneiro do Céu, David Martin e Isabella Gispert tem todos os holofotes
direcionados à eles. Para que vocês entendam o poder do carisma desses dois
personagens, basta dizer que Carlos Ruiz Zafón dedicou dois livros e alguns
respingos de um terceiro para esse casal. Cara, é isso mesmo. De quatro livros
– A Sombra do Vento, O Jogo do Anjo, O Prisioneiro do Céu e O Labirinto dos Espíritos, David e Isabella , mesmo não sendo os personagens
principais da saga – esse prêmio cabe a Daniel Sempere, Fermin Romero de Torres
e Bea Aguillar – eles conseguem dominar as páginas da quadrilogia, até mesmo
quando não aparecem e são apenas citados por outros personagens.
Acho que a galera entendeu o motivo da minha
expectativa em 2011 quando foi lançado esse livro. E aqueles mais observadores
também já devem ter percebido o que me levou a reler a saga. Capiche?
E como disse nas resenhas das releituras de O Jogo do Anjo e A Sombra do Vento estou amando ter reencontrado com todos os
personagens criados por Zafón. Eles foram tão bem compostos que se parecem com
seres humanos de verdade; como se Daniel, Fermin, David, Isabella e companhia
estivessem, ali, perto da gente.
Acreditem, demorei menos de três dias para reler O Prisioneiro do Céu e saboreei cada
frase, cada sentença, cada parágrafo como se estivesse saboreando um bom vinho
de uma safra especial.
A história começa um ano após o casamento de Daniel
Sempere e Bea Aguilar e pode ser considerado a sequência direta de A Sombra do Vento Nele temos um encontro
inusitado e especial entre David Martin e Fermin que acabam se conhecendo no
Castelo de Montjuïc, em Barcelona, onde dissidentes
políticos e pessoas inocentes eram mantidas presas em condições terríveis durante
a guerra civil espanhola aguardando a execução.
A narrativa em flasback mostra mais detalhes sobre a
amizade entre David e Isabella que por sua vez, viria se casar com o Sr.
Sempere e se tornar a mãe de Daniel Sempere, além do passado de Fermin Romero,
ou seja, o que o levou a se torar um mendigo errante pelas ruas de Barcelona.
Classifico O
Prisioneiro do Céu como um livro de “revelações” e revelações
surpreendentes como, por exemplo, o pacto firmado entre David Martin e Fermin,
um pacto que envolve outro personagem muito importante da saga; além da
revelação do verdadeiro motivo da morte de Isabella. O romance ainda nos
apresenta um vilão capaz de tirar qualquer leitor do sério: Maurício Valls é
tão ardiloso, tão maldoso que a minha vontade era a de entrar no enredo e
esganá-lo.
Terminei ontem, a releitura de O Labirinto dos
Espíritos, livro que fecha a saga e adorei, mas isso é assunto para uma nova
postagem.
26 dezembro 2023
“A Sombra do Vento”: amei ter reencontrado Daniel Sempere, Julián Carax e o Cemitério dos Livros Esquecidos
Classifico os livros de
romance – sejam eles de ação, terror, suspense, drama, thrillers, ficção
científica ou de amor - em duas categorias: aqueles podem ser relidos várias
vezes e aqueles que ficam apenas na primeira marcha engatada, ou seja, leu,
gostou ou “engoliu” e depois... morreu; sem nenhum risco de cair numa “Depressão
Pós-Livro”, conhecida por nós leitores como DPL.
Os livros que nos
convidam para uma releitura estão num outro patamar, numa outra dimensão. Os
seus personagens são tão carismáticos, sejam eles vilões ou “do bem”, que mais
se parecem com seres humanos normais. Por isso, após termos convivido com esses
personagens e suas aventuras nas páginas de um livro; após algum tempo
começamos a sentir uma baita saudade dessa galera que saiu da mente
privilegiada de algum escritor. Uma saudade tão grande onde não há outra
solução senão ir até a estante, apanhar aquela obra e relê-la.
Os personagens de A Sombra do Vento tem esse dom. Vou mais
além, os personagens de toda a saga O
Cemitério do Livros Esquecidos conseguem fazer com que os leitores os
enxerguem como personagens reais. Agora some-se à esses personagens tão bem
elaborados um enredo fantástico que consegue unir aventura, romance, suspense e
drama; tudo isso regado com um tempero especial de intrigas e reviravoltas
inesperadas. Pois é, esse é o resultado de toda a saga e consequentemente de A Sombra do Vento.
Senti muito a morte do
escritor espanhol Carlos Ruiz Zafon, da mesma forma que senti a partida
definitiva de Michael Crichton porque entendi que a partir dessas duas perdas nunca
mais iriamos ter histórias como O
Cemitério dos Livros Esquecidos e romances de thrillers tecnológico de
qualidade, respectivamente.
Aqueles que acompanham o
“Livros e Opinião” nas redes sociais sabem que estou relendo pela segunda vez
toda a saga de Zafón. A primeira vez, optei por ler os quatro livros
respeitando a sua ordem de publicação – A
Sombra do Vento (2001), O Jogo do
Anjo (2008), O Prisioneiro do Céu
(2011) e O Labirinto dos Espíritos
(2016). Agora, decidi relê-los seguindo a ordem cronológica da história – O Jogo do Anjo, A Sombra do Vento, O
Prisioneiro do Céu e O Labirinto dos
Espíritos – se bem que Zafón explicou em várias entrevistas que os livros
da quadrilogia podem ser lidos em qualquer ordem pois trata-se de “um labirinto
com quatro portas de entrada e um único destino”.
Da mesma forma que amei
reler O Jogo do Anjo (confira aqui)
também amei reler A Sombra do Vento e
O Prisioneiro do Céu mas esse último
é assunto para uma outra postagem.
E em O Jogo do Anjo, os personagens David Martin e Isabella te
conquistam logo nas primeiras páginas; em A
Sombra do Vento, esta empatia se repete com Daniel Sempere, Julián Carax,
Fermín Romero e Bea Aguillar.
A história de A Sombra do Vento começa na Barcelona de
1945. Em resumo - para não estragar o enredo com spoillers, o que seria uma baita
maldade - narra a saga de Daniel Sempere dos seus 11 anos até o início da fase
adulta. No dia de seu aniversário, ao completar 11 anos, ele é levado pelo pai a
um misterioso lugar no coração histórico da cidade, o Cemitério dos Livros
Esquecidos. O lugar, conhecido por poucos na cidade, é uma biblioteca secreta e
labiríntica que funciona como depósito para obras abandonadas pelo mundo, à
espera de que alguém as descubra. É lá que Daniel encontra um exemplar de A Sombra do Vento, de um escritor também
barcelonês chamado Julián Carax.
Daniel fascina-se tanto
pelo livro que decide buscar mais informações sobre o autor. E cada descoberta
feita por Daniel faz com que o leitor fique ainda mais preso na história não
conseguindo largar o livro de maneira alguma. As reviravoltas então... nem se
fale. Cara, amei a história de Julián Carax, amei esse personagem: fiquei
triste e também feliz, enfim torci muito por ele. Da mesma maneira que torci por
Daniel Sempere, já que as suas histórias se cruzam.
Para finalizar, só posso
dizer para aqueles que ainda não leram A
Sombra do Vento que não sabem o que estão perdendo. E para aqueles que
ainda não releram... poxa, porque ainda não?! Já passou da hora de se
reencontrarem com esses personagens tão maravilhosos.
Inté!
09 dezembro 2023
O Jogo do Anjo: uma releitura mais do que prazerosa. Obrigado David Martin e Isabella
A magia do “Cemitério dos Livros Esquecidos” está de
volta; pelo menos para mim. Uma magia que prazerosamente venho desfrutando há
quase10 anos. Tudo começou em 2014 com A Sombra do Vento que foi a porta de entrada para personagens que tão
carismáticos passaram a ser tratados por mim como pessoas e não como fulanos ou
beltranos fictícios presentes apenas no enredo de um livro. Como chamar de
beltrano: Daniel Sempere, David Martin, Isabella, Julián Carax, Bea, Tomás
Aguilar e tantos outros? Não; para mim eles são pessoas. E tudo culpa do
saudoso Carlos Ruiz Zafon (morto em 2020) que soube compor personagens com um
carisma tão viciante, personagens tão perfeitos que acabaram rompendo a
barreira da ficção.
Poucos personagens conseguem essa proeza – aliás, acho
até possível contar nos dedos -; e sabem como percebemos que um personagem
rompeu tal barreira? Ok, eu conto. Este fenômeno acontece quando algum tempo
após termos lido um livro, começamos a sentir falta da companhia de alguns
personagens dessa obra. É uma falta do tipo: “poxa, como eu gostaria de
conversar com esse ‘cara’ agora”, e então, quando começamos a reler esse enredo,
sentimos como estivessemos conversando com aquele personagem. Todas as vezes
que reli a saga tivesse essa sensação.
Nestes últimos dez anos, estou relendo “O Cemitério
dos Livros Esquecidos” pela segunda vez, não incluindo a chamada “leitura
inédita”, aquela que você faz tão logo após ter comprado os livros. Se somar essa
leitura, estou começando o meu terceiro contato com os personagens dos quatro
livros de Zafon (A Sombra do Vento, O Jogo do Anjo, O Prisioneiro do Céu e O Labirinto dos Espíritos)
Desta vez, optei por ler a quadrilogia seguindo a
ordem cronológica do enredo ao invés de seguir a ordem de lançamento dos livros.
Aliás, com relação a isso, é importante frisar que o próprio Zafón chegou a
dizer numa entrevista que não importa a maneira como você leia os quatro livros
porque os seus relatos são independentes e auto-suficientes em si mesmo,
compartilhando alguns personagens e cenários como o cemitério dos livros
esquecidos, a família Sempere e sua livraria. (escrevi algo sobre isso aqui
onde indico qual é a melhor forma de leitura: ordem cronológica ou ordem de
publicação). Como estou seguindo a ordem cronológica, comecei a minha maratona
de releitura da saga por O Jogo do Anjo
que foi lançado depois de A Sombra do
Vento. E é sobre esse livro que eu quero escrever.
Cara, como foi inebriante se reencontrar com David
Martin e Isabella; na minha opinião, os dois personagens mais marcantes de toda
a saga. Sei que muitos leitores poderão discordar, pois veem em Julián Carax,
Daniel Sempere e Fermin Romero as verdadeiras essências da saga, ou seja, as suas
pedras filosofais – se é que pode existir mais de uma pedra filosofal (rs).
![]() |
Carlos Ruiz Zafón |
Tudo bem, não discordo daqueles que pensam dessa
maneira, mesmo porque, esses personagens podem ser considerados o eixo de toda
a saga, já que o enredo gira em torno deles, excetuando “O Jogo do Anjo”. Mas,
no meu caso, me afeiçoei tanto com David e Isabela que eles passaram a ser
considerados os mais carismáticos de toda a quadrilogia. Ok, ok... para não ser
injusto, deixe-me retificar: “eles passaram a ser considerados tão carismáticos
quanto Julián Carax, Daniel Sempere e Fermin Romero”.
Escrevendo primeiramente sobre Isabella, aquela que
virá ser a mãe de Daniel Sempere – isto é, se você começar a leitura da
quadrilogia pelo seu segundo volume, O
Jogo do Anjo – eu simplesmente, gamei. Gamei nas suas atitudes, na sua
personalidade, na sua força, na sua perseverança, no seu altruísmo e também na
sua teimosia. Simplesmente, me apaixonei por essa personagem. Quanto ao carisma
emanado por David Martim, não fica devendo nada ao de Isabella, apesar de ambos
terem personalidades opostas. Acho que é por isso que eles se completam e
formam um casal tão homogêneo, apesar das brigas e desentendimentos que rolam
nesse relacionamento. Não quis ‘dizer’ um casal como marido e mulher ou até
mesmo como amantes, mas um casal de amigos; amigos muito especiais. Ambos
auxiliando um ao outro nas situações difíceis, mas não nego que os leitores poderão
encontrar um clima camuflado de romance entre eles e até mesmo, torcer pela
concretização desse romance, um romance, diga-se, impossível por vários
motivos. Só mesmo lendo o livro para entender melhor essa minha colocação.
O
Jogo do Anjo pode ser considerado o início de toda
saga. Escrito em primeira pessoa - o narrador do romance é David Martín, um
jovem escritor de 28 anos, desiludido no amor e na vida profissional e
gravemente doente que vive em Barcelona na década de 20 – o livro brinda os
leitores com a história da mãe de Daniel Sempere, ainda adolescente, e como ela
conheceu o pai de Daniel, contando com uma ajudazinha de David.
Além das origens de Isabella, Zafón nos mostra todo o
desenvolvimento de David, desde a sua infância até a fase adulta quando se
tornou um escritor maldito.
O
Jogo do Anjo é uma história de amor, superação e de um
pacto maldito. Ação? Sim; nos últimos capítulos, o autor brinda os seus
leitores com mistério e ação de tirar o fôlego. A genialidade de Zafón
conseguiu fazer isso: mesclar romance, mistério e ação.
O livro termina com uma carta escrita por Isabela e
endereçada à David Martin. Confesso que quase chorei com o seu conteúdo. Emocionei-me
tanto que pretendo escrever um post apenas sobre essa carta.
Enfim, galera; O
jogo do Anjo é um livraço e merece ser lido e relido muitas vezes, assim
como toda a saga Cemitério dos Livros
Esquecidos.
Inté!
02 dezembro 2023
Cinco histórias de amor nos livros que arrebentaram o meu coração
Ok. Tudo bem; confesso que sou emotivo e que não
resisto a uma boa história de amor, além do mais navego totalmente contra
aquela maré machista que afirma que homem que lê história de amor e ainda por
cima chora, está cometendo dois pecados mortais: ler o tal “gênero proibido” e
o segundo pecado: chorar.
Cara, como a Luka costumava dizer e cantar há ‘uns’
vinte anos: “Tô nem aí”. Capiche? É isso mesmo: não tô nem aí pra essa galera.
Gosto de romances e se esse romance me emocionar, choro de fato; e ponto final.
Não liga não galera, estou meio assim, digamos... “revoltado”,
porque tenho alguns amigos leitores que ainda pensam dessa maneira. Costumo
dizer que eles nasceram antes dos dinossauros (rs).
Ontem, conversando com Lulu, ela me deu a ideia dessa
postagem. Como conhece a fundo todos os meus hábitos de leitura, acabou
sugerindo um post onde eu destacasse enredos que tiveram histórias de amor
marcantes que valeram muitas das minha lágrimas derramadas.
Adotei correndo a sua sugestão e assim, nasceu essa
postagem. Garanto que essas seis histórias de amor arrebentaram o meu coração;
algumas me deram até ressaca literária. Lembrando que nem todas as seis
indicações são livros românticos. Algumas dessas obras literárias são dramas e
até mesmo aventura com batalhas épicas, mas como “o amor está no ar” não é
preciso que um enredo seja exclusivamente romântico para que o “Senhor Love”
faça uma visitinha surpresa. Taí a saga As
Crônicas de Artur e o livro Mentirosos
que não me deixam mentir.
01
– As Crônicas de Artur (Bernard Cornwell)
História
de amor: Derfel e Ceinwyn (Seren, A Estrela de Powys)
Na minha opinião, Derfel e Ceinwyn tem uma das
histórias de amor mais bonitas da literatura, mesmo não sendo personagens de um
enredo romântico. As Crônicas de Artur
(ver aqui, aqui e mais aqui) escrita por Bernard Cornwell narra a história do
Rei Artur, mas um Artur mais realista que foge daqueles padrões míticos da
maioria dos livros. Derfel Cadarn é um de seus guerreiros e antes de tudo, seu
grande amigo. Ele é o narrador da história, já que a trilogia foi escrita em
primeira pessoa.
A história de amor de Derfel e de Ceinwyn, conhecida
com ‘Seren, a Estrela de Powys’ é pura poesia. Derfel rompeu todos os
paradigmas daquela época ao desposar a filha de um dos senhores mais poderosos
da Bretanha e que já estava prometida para um outro pretendente. Mas o corajoso
e apaixonado guerreiro, mesmo não sendo um nobre, não se importou com esse
detalhe e moveu “céus e terra” para ficar ao lado de sua amada. E o mais
importante: Ceinwyn correspondeu a esse amor.
Após se unirem, o casal se completou: corpo e alma. Fiquei
com uma lágrima parada na garganta... Leiam
a saga e se emocionem com a história desse casal.
02
– Éramos seis (Maria José Dupré)
História
de amor: Dona Lola, Júlio, Carlos, Alfredo, Julinho e Isabel
Éramos Seis
é uma das obras mais respeitadas da literatura brasileira. Nela, acompanhamos a
vida de uma família de classe média baixa vivendo na cidade de São Paulo entre
a década de 10 e de 40.
Quem narra a história é a matriarca, Dona Lola, uma
mulher dedicada e mãe de quatro filhos. Ela relembra o passado, detalhando suas
conquistas e suas dores de maneira simples e sensível.
O livro não é conhecido apenas como um romance
dramático, mas também como um romance histórico onde retrata o modo de vida de
boa parte das famílias, e sobretudo das mulheres brasileiras da primeira metade
do século XX.
A narrativa inicia com a visita de Dona Lola, já
idosa, a sua antiga casa, um imóvel na Avenida Angélica, no centro de São
Paulo. Ao olhar para o local, a senhora rememora os longos anos que lá viveu
com sua família: o marido Júlio e os filhos Carlos, Alfredo, Julinho e Isabel.
A partir daí, são mesclados os momentos tristes e alegres vividos por essa
família numa narrativa emocionante com vitórias e derrotas, sorrisos e lágrimas.
Olha... foi difícil segurar a emoções em muitos trechos.
03
– Diário de uma paixão (Nicholas Sparks)
História
de amor: Allie e Noah
Diário de uma Paixão foi um dos livros mais emocionantes que li. Em vários
momentos da história, Allie Nelson e Noah Calhoun conseguiram fazer com que eu
chorasse e com direito a lencinho na mão. Verdade pessoal, fiquei com os olhos molhados
em diversas passagens. Que casal especial! Eles representam a prova do
verdadeiro amor, do amor incondicional. Aquele amor que vale não só para os
momentos de felicidade, mas principalmente para momentos tristes.
Allie e Noah, são dois jovens que descobrem o
verdadeiro significado da paixão, mas são separados por uma série de obstáculos
e mal-entendidos. Muitos anos depois, a vida dá conta de uni-los novamente e a
paixão volta com todo o seu fulgor. Já noiva de um bem-sucedido advogado, Allie
precisa optar entre manter o rumo estável de sua vida ou se entregar ao
verdadeiro amor, correndo todos os riscos ao lado de Noah. Ela não pensa duas
vezes e escolhe Noah.
Os dois passam a viver uma vida cheias de desafios,
mas também com muitos momentos alegres. O trecho em que os dois se reencontram
numa casa de repouso para idosos... putz! Me transformei num chamariz de
lágrimas. O final do livro, então... Para! O leitor tem que ter coração forte.
04
– Love Story – Uma história de amor (Erich Segal)
História
de amor: Oliver e Jennifer
Certamente, os cinéfilos que assistiram “Love Story”
nos cinemas e saíram das salas de exibição chorando aos baldes irão se lembrar
da icônica frase “amar é jamais ter que pedir perdão”. Esta frase imortalizada
pelo casal Oliver e Jennifer vividos por Ryan O’Neal e Ali MacGraw no filme que
encantou a geração dos anos 70, ainda vem sendo pronunciada por muitos casais.
Aliás, o livro de Erich Segal foi o mais vendido nos
Estados Unidos e traduzido para 33 idiomas. Na época, as livrarias enfrentaram
filas gigantescas de leitores que de tão desejosos em adquirir a obra chegaram
a dormir nas portas das lojas.
A história de livro e filmes se cruzaram desde o
início quando em 1969 os executivos da Paramount, visando reforçar a divulgação
da produção cinematográfica que estrearia em 1970, pediram que Segal escrevesse um livro baseado no
roteiro cinematográfico, para ser lançado nas lojas no Dia dos Namorados,
semanas antes de o longa estrear nos cinemas. A estratégia funcionou: filme e
livro foram sucessos totais.
Quanto a história de Oliver e Jennifer, será que
preciso relembrar? Acho que não né galera? Quase todos já conhecem, inclusive
eu e com um nó na garganta.
05
– Marina (Carlos Ruiz Zafon)
História
de amor: Oscar Drai e Marina
Cara, o final de Marina
de Carlos Ruiz Zafon te arrebenta, te quebra no meio. Juro que me debulhei em
lágrimas. Caraca, o que foi aquilo?! Pode acreditar, os três últimos capítulos
da obra do autor espanhol arrebentam o mais duro e empedernido dos corações. É
nessa hora que o pequeno Oscar Drai desvenda todo o mistério envolvendo a sua
querida e amada Marina.
Zafon cria um enredo de suspense envolvente na antiga
Barcelona dos velhos casarões. Oscar Drai, um garoto de 15 anos que estuda num
internato, passa o seu tempo livre andando pelas ruas e se encantando com a
arquitetura de seus casarões. É um desses antigos casarões que desperta a
atenção do garoto que logo resolve se aventurar no interior da construção. É
nesse casarão que ele conhece Marina. A partir desse momento começa uma das
mais lindas histórias de amor da literatura, repleta de aventuras e com um
final para estraçalhar os corações.
06
- Mentirosos (E. Lockhart)
História
de amor: Cadence, Johnny, Mirren e Gat
Fecho esse post com a saga vivida por um grupo de
jovens que me emocionou muito. Cadence, Johnny, Mirren e Gat foram os
responsáveis por uma das maiores depressões pós livros que eu já tive.
Cadence, seus primos Johnny e Mirren e o amigo Gat são
inseparáveis desde pequenos, e juntos formam um grupo chamado Mentirosos.
Durante o verão de seus quinze anos na ilha particular da família, as férias
idílicas de Cadence são interrompidas quando a garota sofre um estranho
acidente. Ela passa os próximos dois anos em um período conturbado, com
amnésia, depressão, fortes dores de cabeça e muitos analgésicos. Toda a família
a trata com extremo cuidado e se recusa a dar mais detalhes sobre o ocorrido,
até que Cadence finalmente volta à ilha para juntar as lembranças do que
realmente aconteceu.
Além do final emocionante de Mentirosos, se preparem, também, para uma reviravolta avassaladora
na história, daquelas que tiram o chão do leitor. A tal virada acontece no
último capítulo intitulado ‘Verdade’. Posso garantir que é algo bombástico.
Garanto que após a galera descobrir o segredo de
Cadence, no finalzinho da história, as lágrimas virão.
Por hoje é só galera.
Valeu!