31 março 2014

Confissões de um blogueiro que decidiu escrever sobre livros e também sobre ele



Num dia desses estava dando uma olhadinha nos posts antigos do blog e acabei parando no primeiro texto escrito. Que sensação... a linguagem era mais burocrática; tinha receio de escrever errado, fazia mil revisões antes de publicá-lo e depois ainda ficava pensando que haviam falhas grotescas. Mas, então, o medo foi desaparecendo e hoje simplesmente escrevo o que estou pensando, colocando no editor de textos as minhas experiências de vida, ou seja, o que vivi naquele exato momento, compartilhando o que sinto com vocês; dividindo o meu dia a dia com a galera, sem medo de errar e sem preocupações com concordâncias gramaticais perfeitas, acentos, pronomes e isso e mais aquilo. Se 'sair'  alguma cosita errada, paciência. O importante é que perdi o medo de blogar e hoje escrevo como se estivesse conversando com os meus seguidores. E me sinto bem agindo dessa maneira, porque todos aqueles acompanham o blog ou a Fan Page do ‘Livros e Opinião’ são importantíssimos para a evolução do meu trabalho como blogueiro ainda de primeira viagem. Parece engraçado, mas cada vez que escrevo um post é como se eu estivesse vendo vocês, ali no Tetê-a-Tête, trocando idéias de uma maneira informal sem regras posturais. Cara, e como é gostoso! Como me sinto bem! Posso chegar  arrebentadaço do meu serviço e com a cabeça quente por causa de uma bronca do meu editor de Rede ou então por causa de uma reportagem que não deu certo ou ainda por uma pisada na bola do sujeito que tinha combinado uma entrevista que seria um verdadeiro furo jornalístico, mas na última hora ‘mijou fora do penico’ e ainda se borrou todo de medo; não importa nada disso, porque sei que ao chegar em casa, geralmente altas horas da noite, vou ter um encontro com cada um dos meus seguidores na Fan Page e também do blog. Estou ciente que por esse motivo, quase sempre acabo fugindo do tema proposto pelo blog que é o de ‘falar’ sobre livros; e assim lá vai eu com aquele ‘lenga-lenga’ sobre algum fato engraçado ou triste que rolou em minha vida; mas a ânsia de querer dividir as minhas alegrias, conquistas, tristezas e derrotas com vocês é tão grande que acabo me empolgando e quando vejo, lá estou falando de mim misturado com os livros.
Pois é galera, foi por isso, que estranhei os meus primeiros posts, bem burocráticos. –“Cara, não fui eu que escrevi isso aí!”, exclamei anteontem, mas então, entendi que com o passar do tempo, esse processo de confiança foi aumentando e assim, aquele texto certinho e como já disse burocrático foi sendo substituído por algo mais coloquial. Dessa maneira, fui acrescentando às críticas literárias, as peripécias do Kid Tourão e a paixão por Lulu, a quem chamo carinhosamente de ‘Lulu my love’. Quem acompanha o blog, sabe que eles apareceram em vários posts, acabando por se fundir aos personagens dos livros que aparecem nesse blog.
Sei que às vezes uso esse espaço para desabafar sobre algo que aconteceu comigo, mas me desculpem – pelo menos, para aqueles que se sentem incomodados com essas explosões – mas é que... sabem né... se eu não me sentisse à vontade com vocês, com certeza não faria isso.
- “Pô! Pára meu! Esse cara é muito demagogo, como ele vai conhecer todos os seissentos e poucos e duzentos e poucos que seguem a sua Fan Page e o blog, respectivamente. Podem ter certeza de que conheço. Faço questão de conhecer cada um que acompanha o meu trabalho, por isso, ‘volta e meia’ lá estou eu – geralmente, nos finais de semana – visitando os perfis dos seguidores do Livros e Opinião.
Taí galera, acho que já falei escrevi demais sobre um assunto que não tem nada a ver com livros. Sendo assim, é melhor encerrar o post por aqui. Lóguinho volto escrevendo sobre obras literárias, mas não garanto que escreverei só sobre obras literárias (rs).
Inté!

30 março 2014

O Machão



Cara, que coisa estranha. De uma hora para outra me deu uma vontade incrível de escrever sobre Harold Robbins, mais especificamente sobre um livro que li em minha infância e que me fez – literalmente – grudar em suas páginas. Escrevo ‘coisa estranha’, mas acho que está mais para ‘força estranha’, já que nunca senti isso. Tudo culpa daquele livro. Como ele se chamava mesmo??... Só me lembrava das páginas iniciais e muito mal: um cara ‘podre de rico’ que viajava num avião e que deixava as mulheres loucas, perdidamente apaixonadas por ele. O sujeito tinha até ‘umas’ ampolas que ele abria na hora do ato sexual e que liberavam uma fragrância enlouquecedora, então .... Pára, para!! Está tudo meio confuso. Vou colocar em ordem os meus neurônios, depois eu volto.
UM DIA DEPOIS
Passei o dia inteiro tentando lembrar o nome do livro, pesquisando, lendo, fuçando e isso e mais aquilo, mas consegui: “O Machão”. Isso mesmo! É esse o nome da obra que me fez sentir aquele insight esquisito sobre Robbins. A partir daí, as idéias vão ficando mais desanuviadas. Recordo-me também do armário secreto do meu irmão onde ele guardava os seus livros de bolso, cartas de namoradas, provas corrigidas, perfumes, etc. Uma verdadeira ‘sala secreta’ da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts (rs). Como cabia coisas naquele espaço limitado! O menino aqui tinha o hábito de invadir, sorrateiramente, a sala secreta para viajar nas páginas das jóias raras que o mano guardava por ali. E acredito que a edição de bolso de “O Machão” tenha sido a primeira obra literária da ‘sala secreta’ que caiu em minha em minhas mãos. O primeiro livro que li ‘ilegalmente’, ou seja, escondido de alguém. Ficava imaginando o meu irmão chegando de repente e me pegando no flagra. Galera, eu tinha 15 anos ou menos e naquela época, ler Harold Robbins era um privilégio exclusivo de alguns adultos por causa do erotismo pesado arraigado em seus enredos. Então, acho que a somatória de uma história interessante com uma leitura proibida contribuiu para que “O Machão” e consequentemente Robbins marcasse precocemente o início da minha vida de leitor inveterado. E vocês sabem que o nosso cérebro é uma caixa de surpresas. Ás vezes, uma lembrança importante de nossa infância que estava esquecida há décadas, de repente, explode trazendo com elas um verdadeiro festival de emoções e saudosismo. Foi esse conjunto de fatores que me levou a reler “ O Machão” e escrever um post sobre o livro que comprei pela bagatela de R$ 1,00 num sebo. Ohohoh!! Podem acreditar: apenas UM REAL!!
Li “O Machão” pela primeira vez em 1976, três anos após a sua publicação no Brasil. Como disse, tinha 15 anos e naquela época escrever ou falar de sexo da maneira que Robbins fazia em suas tramas era considerado uma verdadeira libertinagem, pelo menos para os puritanos.
Fico imaginando a minha saudosa mãe me pegando na boca da botija com “O Machão”  nas mãos. Uhuii!! Meu! Ia ser uma casca das grossas; com certeza, o livro iria parar no lixo, quanto ao meu destino... só Deus saberia explicar (rss). Creio que todo esse clima de suspense gerado pela invasão da “sala secreta de Hogwarts” e o medo de ser pego no flagra pelo meu irmão e minha mãe tenha contribuído para que esse livro marcasse tanto a minha pré-adolescência.  
Hoje, ao ler “O Machão” pela segunda vez, após 38 anos, percebo que a história ainda tem o dom de ‘fisgar’ os leitores. Robbins tinha um dom raro e que pouquíssimos escritores (daria para contar nos dedos de apenas uma das mãos) possuem: ele conseguia criar um clima de suspense que, por sua vez,  ia aumentando a tensão da história a cada página virada, mesmo que nada de importante acontecesse na trama. Entendeu? Resumindo, ele era capaz de tirar leite de pedra. Pronto! É isso aí. E Robbins fez exatamente isso em “O Machão”, criando um suspense e uma tensão FDP numa história simplória e folhetinesca. E tome sexo! Sexo e mais sexo! Caraca, haja fôlego pra tanto! A ‘coisa’ acaba se transformando num círculo vicioso entre os personagens principais; mas enganam-se aqueles leitores que pensam que por esse motivo, o livro não passa de uma obra pornográfica das brabas. O clima erótico desenvolvido pelo autor ao longo das páginas, apesar de pesado jamais chega a ser chulo, grosso e de mau gosto. São descrições realistas sem nenhuma aura daquelas revistinhas pornôs. Aliás, Robbins foi especialista nisso, da mesma forma que Nelson Rodrigues e Jorge Amado também foram em suas obras.
Com certeza aqueles que taxaram os livros do escritor norte-americano de pornográficos não entenderam a sua obra ou então eram puritanos aos extremos.
O personagem principal de “O Machão” é Badyr Al Fay que por um capricho do destino foi encontrado pela rica e poderosa família Al Fay, abandonado no deserto. Dessa maneira, ele acaba tomando o lugar de um dos filhos natimorto dos Al Fay. Inconsciente das circunstâncias de seu nascimento e de sua verdadeira ascendência, Badyr foi criado para aceitar todos os privilégios e obrigações do filho de um árabe poderoso. Para proteger a fortuna que ascende a vários milhões de dólares, Badyr percorre todos os continentes em seu jato particular e conhece novas e lindas mulheres.
Neste livro, Robbins  descreve um pouco da guerra no Oriente Médio, e as religiões Muçulmana e Judaica. O personagem Badyr é descrito como  um homem de grande poder e com muito dinheiro, tendo disponível para si toda a droga que quer e as mulheres mais bonitas que são capazes de caírem aos seus pés.
Como a sua primeira mulher, Jordana, não lhe deu um filho homem, ele a largou e se casou, novamente, com uma segunda esposa com quem teve dois  meninos.  Mas  atitude de Badyr com a sua primeira esposa, acaba não ficando impune, já que a sua  filha mais velha se junta a um grupo rebelde e sequestra a madrasta e os dois irmãos para se vingar pela tristeza da mãe em ter sido deixada pelo pai Badyr.
Por outro lado, quando estava casada com Badyr,  Jordana não era a ‘santa do pau oco’, pois à exemplo do ex-marido, também era infiel tendo os seus casos extra-conjugais. Badyr  consentia com essa atitude da mulher impondo-lhe uma única condição: a de que ela fosse  discreta e jamais se deitasse com um homem judeu. Mas Badyr muda sua atitude quando se vê numa situação dramática correndo o risco de perder sua família.
Enfim, “O Machão” é essa miscelânea  de amor, paixão, traição, suspense, ódio e arrependimento. Tudo regado à muito sexo.
Fiquem à vontade para ler... ou não. Quanto a mim, li, reli e gostei.

23 março 2014

Livros que sobravam nos sebos, mas agora... entraram para a lista de extintos

Gente, cheguei a uma conclusão que passou a valer como uma lei imutável em minha vida de leitor inveterado e rato de sebo: "quando você encontrar um livro que procura compre-o naquele exato momento, nunca deixe para depois, mesmo sabendo que há outros exemplares à disposição em muitos outros sebos". Sabe por quê? É simples! Mais dia, menos dia, esses livros irão se esgotar porque outras pessoas também estarão à procura e elas não serão tão lerdas e indecisas como você.
Temos de colocar na cabeça que essas obras literárias deixaram de ser publicadas, estando com as suas edições esgotadas. Por conseguinte, os livros que vc encontra por aí, em algum sebo, foram colocados nas prateleiras empoeiradas por leitores que não tem espírito de colecionador. Por isso, quando acabam de ler, vendem o livro para algum 'sebito' por preços irrisórios. Quanto aos alfarrabistas que não são bobos revendem a jóia rara por verdadeiras fortunas.
Portanto galera, se encontrarem um livro perdido nos ‘sebos da vida’ e desejarem comprá-lo, comprem naquele momento. Jamais diga: -n “Ah! Depois eu compro, tem mais por aí”. Saiba que um dia eles irão embora e não teremos peças de reposição. Seguem algumas obras que vc encontrava, com facilidade, até a pouco tempo em qualquer sebo, mas hoje estão esgotadas ou perto disso.
Cara, como doeu em minha alma o dia 15 de dezembro de 2001, há exato um dia antes do menino aqui completar ‘quarentinha’. Estava numa cidade vizinha realizando uma reportagem quando, num intervalo, resolvi visitar alguns sebos para me presentear com um livro. “Vou comprar um presente para comemorar os meus quarenta anitos”. Queria muito adquirir “A Hora do Lobisomem” de Stephen King, livro que já não estava sendo publicado. No primeiro sebo que visitei já vi logo de cara ‘uns’ 10 exemplares distribuídos na estante. Com certeza, poderia ter mais. Na segunda loja que passei, vi mais ou menos a mesma quantidade e pensei comigo: Bah!! Depois eu compro! E fui embora cuidar da vida. Meu! Juro que me esqueci! Meu niver passou, outros nivers vieram, fiquei mais velho e depois de ‘alguns dois ou três anos’ o tontão, aqui, tem um insight atrassadérrimo: “Putz! O livro do King! Deixe-me comprá-lo logo, antes que acabe”. Peguei o telefone e liguei para o primeiro sebo que havia visitado. O alfarrabista disparou: - “Já não tenho esse livro há uns dois anos, você vai ter que esperar algum leitor devolver para que possamos revende-lo”. Deu-me uma vontade enorme de responder: “É! Revender não, explorar e por um preço bombástico!”. Com o coração começando a disparar parti para o segundo sebo. - “Não temos mais, esgotou”. Quase em prantos fui para a terceira loja. O dono, talvez, percebendo a ansiedade misturada ao desespero de minha voz disse com uma voz paternal: - “Filho, sinto muito, mas não tenho esse livro faz tempo”.
Arghhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!! Ahhhhhhhhhhhhhhhhh!!! Uhhhhhhhhhhhhhhh!!! E por fim: Buaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!! Cara! Como sofri naquele dia com a minha lerdeza, comodismo e sei lá mais o que. Confesso que foi a pancada das pancadas, perto o nocaute que só viria tempos depois quando começaria a pesquisar na Estante Virtual – portal que reúne uma infinidade de sebos – e constataria que os poucos volumes de “A Hora do Lobisomem” estavam sendo vendidos há R$ 150,00, R$ 180,00 e pasmem, até a R$ 300,00!! Então, o nocaute chegou e posso garantir que o soco disparado pela minha incompetência de leitor inveterado veio ‘babando’. Pôooo!!! “Ta lá um corpo estendido no chão!”.
PQP!! “Deixei de pagar míseros R$ 8,00 naquela época e agora tenho de aguentar isso. Que sirva de lição”, me martirizei.
Então, pintou a idéia de fazer um  post para alertar a galera. Isso mesmo; alertar. Se você ‘der de cara’ com um livro que goste, todo escarrapachado  na prateleira empoeirada de um sebo, não pense duas vezes compre-o. Nem precisa amar o tal livro; posso lhe garantir – por experiência própria – que no momento em que resolver amá-lo, tardiamente, ele lhe dará uma bela esnobada, como aquelas loiras fatais das novelas policiais noir. Livros de sebos são assim. Pode acreditar.
Bem, vamos conferir algumas obras que até há pouco tempo marcavam presença nos sebos, mas depois.... Zéfini. Esgotaram-se, deixando muitos leitores com dor de cabeça e com um baita arrependimento de seu comodismo.
01 – A Hora do Lobisomem (Stephen King)
Ano: 1987
Editora: LPM Pockets
Arghhhhhhhhhh!! Quanto mais quero esquecer esse livro, mais lembro-me dele! Ele foi a causa da minha ruína psicológica que demorou uma infinidade de séculos à ser recuperada. Volta e meia para não dizer: quase sempre, aquela voz torturante, de anos atrás, do alfarrabista chega bombardeando a minha memória: - “Filho, sinto muito, mas não tenho esse livro faz tempo”.  Uuuuãmmmm!! Putz, pior do que um soco no fígado.
Cara, posso garantir que enquanto escrevo esse post consegui localizar apenas um livro. Isso mesmo! Nem no Mercado Livre, nem no sebo da vovó ou do vovô, nem no sebo da dona Raimunda e o escambau a quatro.
Encontrei  “A Hora do Lobisomem” apenas em um sebo cadastrado no portal da Estante Virtual (www.estantevirtual.com.br) por míseros R$ 100,00 ! E pensar que no dia 15 de dezembro de 2001, esse livro de Stephen King estava sobrando, mas sobrando tanto que podíamos comprá-lo por R$ 5,00 ou até menos. PQP!!!!!!!!!!!!!!!!!! Como fui burraldo!!! Deixe-me parar por aqui porque a revolta comigo mesmo é tão grande, que eu  não quero continuar soltando palavrões.
02 – Primeiro Sangue (David Morrell)
Ano: 1972
Editoras: Record (1972) e Nova Cultural (1988)
Há dois anos, encontrar “Primeiro Sangue” de David Morrel era a barbada das barbadas. O portal da Estante Virtual estava, literalmente, forrado de livros que choviam pra todos os lados. Para os interessados na obra, parecia um oásis no meio do deserto. Cara, o livro de Morrel dava em pencas! Mas agora, tente encontrar um único exemplar na net ou em algum sebo de sua cidade? Vamos lá, eu faço esse desafio. Meu, você não vai encontrar bulhufas. Ah! Minto, vai sim. Há dois dias, decidi digitar no “Santo Google” a palavra “livro Primeiro Sangue” e só visualizei matérias sobre a obra de Morrell em blogs, nadica de livros perdidos em sebos. Então, resolvi mudar e digitei “Rambo II – A Missão, Nova Cultural”, ou seja, o nome do livro que foi lançado pela citada editora após o sucesso do segundo filme do personagem. Viva! Viva! Aleluia! Encontrei um. O livro de Morrel estava à disposição no Mercado Livre pela bagatela de R$ 150,00!!
Quanto a edição original lançada pela Record em 1972 com o título “Primeiro Sangue”, pode esquecer, virou dinossauro, quer dizer, um produto extinto da face da terra. Acredito que aqueles que tenham a obra e estejam cientes da sua importância e raridade jamais irão querer dispô-la.
Iahuuuuuuuuuuuuu!!! Depois da ‘marcada’ de “A Hora do Lobisomem” acabei aprendendo a lição. Há ‘uns’ três anos quando vi o livro num sebo virtual não pensei duas vezes e ‘mandei ver’. Hoje tenho em local de destaque em minha estante, a primeira edição de “Primeiro Sangue” lançada em 1972.
Deus seja louvado!!!
03 – O Planeta dos Macacos (Pierre Boule)
Ano: 2008
Editora: Agir
Outra relíquia que fisguei logo. Viu só como a amarga lição deixada pela “A Hora do Lobisomem” valeu a pena? (rs).
Lembro-me que na década de 80 ou 90, não sei exatamente; as bancas de revistas – inclusive, as de minha cidade – vendiam num pacote só, filme (VHS) mais o livro no qual a história havia sido inspirada. Entre os títulos lançados estava “O Planeta dos Macacos”. Na época não me interessei muito, mas depois de quase uma década sai em disparada como um louco na captura do livro de Pierre Boulle. Caramba! Não encontrava em lugar nenhum. Continuei a minha procura, sem sucesso, nos sebos físicos e virtuais até 2008 quando a editora Agir decidiu relançar a obra em terras tupiniquins. Pôoooo!!Buuummmm!! Soltei rojões, foguetes e morteiros prá todos os lados. Meu amigo, como comemorei! Acredito que fui um dos primeiros a comprar o livro.
No ano seguinte, os sebos já tinham à venda vários exemplares da obra de Boulle à preços módicos, mas então  num período de dois anos, “O Planeta dos Macacos” sumiu das prateleiras “sebianas”. Simplesmente evaporou. Se não me engano, em 2011, fiz uma varredura nas redes sociais e só descobri uma edição em português de Portugal perdida num sebo e por um preço estrondoso: R$ 200,00, creio eu. Ao preparar essa matéria, resolvi fazer uma nova pesquisa e encontrei um único livro perdido num sebo chamado Ala dos Esquecidos, em São Paulo, por R$ 69,90. Ah! Você que está achando o valor razoável, lembro que se trata de uma edição pocket, de 182 páginas, ou seja, daquelas de bolso.
04 – Eu, Tina – A História de Minha Vida (Tina Turner e Kurt Loder)
Editora: Rocco
Ano: 1987
Quer um conselho de amigo? Então escute bem: Se estiver interessado no livro da Tina Turner, COMPRE LOGO!!!. Não dou mais do que um mês para que o livro atinja cifras astronômicas nos sebos e comece a desaparecer das estantes.
No portal da Estante Virtual que agrega cerca de 1.300 sebos de todo o país e mais de 11milhões de obras literárias, consegui encontrar apenas sete livros de Tina Turner e Kurt Loder cadastrados. O mais barato custa R$ 14,90 e o mais caro R$ 88,90. Com certeza, esse último livreiro já antevendo – corretamente – que o livro começará a faltar dentro de pouco tempo, deiciu jogar o preço lá nas nuvens.
Comprei essa autobiografia fantástica já faz tempinho, na época das ‘vacas gordas’, quando os sebos estavam transbordando de ‘Tinas”, mas agora os tempos são outros, porque quem tem o livro não está querendo se dispor do produto.  Siga o meu conselho de amigo: Agarre logo um desses sete que estão sobrando.
05 – Elvis e Eu (Priscilla Presley e Sandra Harmon)
Editora: Rocco
Ano: 1986
Juro que me assustei... e muito, ao vasculhar na Estante Virtual quantos “Elvis e Eu” estariam disponíveis. Estava convicto de que encontraria um ou dois livros, não mais do que isso, mas acabei localizando 16 exemplares!
Há três anos, a história escrita por Priscilla e Harmon estava extinta, mas agora aperecem 16 livros ‘dando sopa’ nos sebos. Acho que algumas pessoas que não tem o hábito de guardar os seus livros quando terminam a leitura ou então algum familiar de um leitor inveterado já falecido que deixou ao léu o seu arsenal de livros, decidiram revender as referidas obras para limpar e desafogar o quarto. Que sacrilégio dizer uma coisa dessas!! Mas, talvez, tenha acontecido isso mesmo.
Apesar dos 16 exemplares à disposição da galera no portal da ‘Estante’, eles estão bem carinhos, variando de R$ 50,00 à R$ 70,00. Pelo que observei, escampam dois com precinhos mais camaradas: R$ 29,00 e R$ 30,00.
É isso aí galera! Espero que o post tenha ajudado os ratos de sebos indecisos a serem menos folgados. Viu um livro e gostou, pra que ficar enrolando? Aproveite a chance que pode ser única em sua vida.

Inté! 

18 março 2014

O Chefão


Há verdadeiras jóias raras da literatura que deveriam permanecer intocadas, mas infelizmente isso não acontece. Quase sempre lá vem um pedreiro (com todo respeito aos pedreiros) metido à escritor e com a autorização dos familiares do autor falecido, acaba ganhando o direito de escrever a continuação de uma história antológica que foi concluída com a maior de todas as chaves de ouro. Então acontece aquilo que todos nós leitores inveterados detestamos: personagens que tiveram o seu ciclo dentro do enredo encerrados com toda maestria acabam retornando num copião vagabundo e mal feito, completamente perdidos na nova história.
Cara fico puto da vida quando isso acontece. Tão puto que acabo xingando em voz alta o infeliz que teve a idéia ‘burraldina’ de autorizar a seqüência de um enredo sagrado que jamais deveria ter sido mexido. Foi assim que fiquei quando tomei conhecimento de que “O Chefão”, de Mário Puzo, havia ganhado uma seqüência e depois de algum tempo, mais outra. Costumo dizer que mataram a história brilhante de Puzo por duas vezes.
Mas na realidade, não estou aqui para escrever sofre esses dois fiascos literários – os leitores que quiserem saber alguma coisa sobre um desses fiascos veja aqui – mas sim sobre a obra incomparável de Puzzio, a qual já li ‘zilhões’ de vezes.
Em “O Chefão”, publicado em 1969, Puzo escreve sobre uma família de mafiosos de origem siciliana que imigra para os Estados Unidos. A história se passa no período de 1945 a 1954. O autor destrincha (no bom sentido) todos os integrantes dessa família, fazendo com que o leitor conheça em detalhes a personalidade de cada um deles. Don Vito Corleone, Michael, Sonny, Fredo, Connie e o consigliere Tom Hagen. Don Vito é o chefão que emana a sua autoridade de uma maneira tranqüila quase pedindo ‘por favor’, mas por de atrás da sua fachada de humildade encontra-se algo letal, predatório. Dessa forma, o seu pedido extremamente educado e refinado funciona como algo do tipo: “Faça o que estou mandando ou você morre”. Don Vito é o bom e bonachão vovô italiano e ao mesmo tempo o assassino mais cruel da Máfia, capaz de mandar executar a morte de um inimigo sem nenhum peso de consciência, como se fosse um negócio. É essa aura ambígua que envolve o chefão siciliano da Cosa Nostra que acaba atraindo o leitor. Cara! Puzo consegue fazer isso como um verdadeiro mestre; mas um mestre de primeira qualidade. Tanto é verdade que com o ‘virar das páginas’, você acaba torcendo pelo mafioso. Putz! Acredite, é isso mesmo! Já com relação aos seus filhos, Puzo esquece essa ambigüidade e manda ver. Sonny é o primogênito que tem a função natural de assumir o comando dos negócios da ‘Família’, sucedendo Don Vito após a sua aposentadoria ou morte; mas ele é um egocêntrico, cabeça quente e autoritário. A sua arrogância pode colocar a perder todos os negócios da “Família”. Connie e Fredo são os fracos ou seja, as decepções dos Corleone. Connie é submissa ao marido e vive sendo espancada e Fredo é o cachorrinho de estimação de sua estonteante esposa, uma atriz menor de Hollywood. Quanto a Michael, bem... olha a aura de ambigüidade de Puzo retornando!  Ele é o terceiro dos quatro filhos de Vito Corleone. No início é um sujeito pacato, tranquilão e que não quer se envolver com os negócios escusos da “Família”, mas aos poucos começa a mostrar a sua faceta implacável e cruel, provando estar pronto para substituir o pai e assumir o seu posto como Don.
Esqueça o filme fantástico de Francis Ford Coppola, "O Poderoso Chefão", e se delicie aprofundando-se nos personagens de Puzo. Quanto mais o autor os descreve, mais você quer saber sobre eles. O romance é uma aula de narração e prende o leitor ater mesmo nos momentos mais descritivos da história.
Outros detalhes que atraem no livro são as tramas secundárias que acontecem paralelamente ao enredo principal da família Corleone. É impossível não se prender à história do famoso cantor Johnny Fontane, um dos protegidos de Don Vito. Ao contrário do filme, onde o personagem aparece numa pequena ponta, logo no início, durante o casamento de Connie; no livro, o autor ‘escancara’ detalhes importantes sobre ele, se aprofundando ao máximo na sua composição. Há ainda Nino Valenti, que tem tudo para se tornar um talentoso cantor, mas acaba sendo engolido pela bebida e o clima inebriante de Hollywood, quase perdendo tudo o que ganhou.
O livro de Puzo serviu como base para os três filmes da saga “O Poderoso Chefão”, inclusive naquele em que mostra a infância e adolescência de Don Vito.
Não vou escrever mais nada para não acabar me traindo com spoilers. Basta dizer o seguinte: “O Chefão” de Mário Puzo, jamais merecia uma continuação.  A obra é especial demais para isso. O seu ciclo já havia sido encerrado de uma maneira muito especial.
Uma pena que os familiares de Puzo, responsáveis pelo seu espólio, não pensaram assim. Uma grande pena.

15 março 2014

Autor de “O Silencio dos Inocentes” revela o nome do serial killer que inspirou a criação de Hannibal Lecter



Lecter e Salazar

Logo após o surgimento de Hannibal  Lecter nas páginas começaram as especulações sobre em quem o famoso serial killer canibal havia sido inspirado. Essas especulações aumentaram de maneira significativa depois que o ator Anthony Hopkins imortalizou o personagem na telas do cinema. Todos que assistiram ao filme tinham curiosidade em saber se o Dr. Lecter teria sido apenas fruto da imaginação da mente de um escritor, no caso, Thomas Harris ou se por de trás do personagem fictício se escondia alguém de carne e osso.
Durante anos e até mesmo décadas,  surgiram dois nomes que se tornaram verdadeiras  ‘pedras filosofais’: os psicopatas Albert Fish e Ed Gein. Como o autor dos livros “Dragão Vermelho”, “O Silêncio dos Inocentes”, Hannibal” e mais recentemente, “Hannibal - A Origem do Mal” ficasse na dele, sem dizer ‘sim-nem-não’, criou-se uma lenda urbana em torno de Lecter: a de que ele seria o espelho desses dois serial-killers.
Cara, confesso que fiquei decepcionado. Xinguei Harris de todos os palavrões possíveis, inclusive aquele considerado o mais ofensivo de todos, pelo menos para um escritor: “BURRO”!!!!
Meu, não entrava em minha cabeça que um vilão tão requintado, inteligente e finesse – apesar de canibal - tivesse sido inspirado em dois verdadeiros escrotos. Fish foi um pedófilo e masoquista da pior espécie. O “Vampiro do Brooklyn” como ficou conhecido gabou-se de ter “tido crianças em cada estado” e afirmou que molestou cerca de cem delas. Fish, que era homossexual, gostava de ser agredido a chicotadas pelos seus amantes. O cara tinha uma necessidade preemente de masoquismo e como na bastasse, ainda era ‘piradão da Silva’, daqueles que fazem coisas inacreditáveis, como, por exemplo, pegar bolas de algodão, embebê-las em álcool, atear fogo e depois colocá-las no anus. Depois começou a se espancar com um remo e por fim, já idoso, teve a brilhante idéia de ficar espetando agulhas no seu corpo, entre o seu reto e o seu escroto. Normalmente ele as retirava, mas começou a inseri-las tão profundamente que já não as conseguiu tirá-las. Raios X feitos posteriormente revelaram 27 agulhas na sua região pélvica.
Quer mais? Ok. Tem ainda o lance das vozes. Ele acreditava que Deus lhe ordenava torturar e castrar rapazes pequenos e então, ele mandava ver. Suas vítimas preferidas eram meninos com doenças mentais ou negros, que ele achava que não seriam procurados.
Cá entre nós; você viu alguma semelhança com Hannibal Lecter?
Com relação a Ed Gein, essa semelhança se torna ainda mais absurda. O sujeito foi culpado pela morte de apenas 2 pessoas, desta maneira tecnicamente não se encaixa na definição de serial killer. Ele sofria de retardo mental e os seus crimes ganharam notoriedade quando as autoridades descobriram que Gein exumava cadáveres  de cemitérios de sua cidade para conseguir alguns souvenirs. Resumindo, ele era um ladrão de defunto! Pior: um ladrão de partes de defuntos!!
Repito a pergunta que fiz acima: Cá entre nós; você viu alguma semelhança com Hannibal Lecter?
Tempos depois, Harris deu a entender nas entrelinhas que Ed Gein serviu de inspiração para a composição do personagem Búfalo Bill, outro serial killer, também presente no livro “O Silêncio dos Inocentes”. Quanto ao sósia de Lecter, o autor continuava em silêncio. Mas no ano passado, esse mistério chegou ao fim quando Harris decidiu abrir a caixa de Pandora e revelar em quem se inspirou para compor o seu famoso personagem. Lecter ‘nasceu’, graças a um médico mexicano chamado Alfredo Ballí Treviño ou simplesmente Dr. Salazar que estava encarcerado numa prisão em Monterrey, no México.
Tudo começo quando Harris, ainda um jornalista de 23 anos, foi até o presídio da cidade mexicana com o objetivo de entrevistar Dykes Askew Simmons, um assassino que estava sob sentença de morte por ter matado três pessoas. Mas por uma das diabruras do destino, ele acaba conhecendo um simpático “Dr. Salazar”. E já viu né, conversa vai... conversa vem,  então, Harris fica sabendo que o tal médico teria salvado a vida de Simmons (o condenado, o qual ele queria entrevistar) quando aconteceu um acidente numa tentativa de fuga da prisão no ano anterior. Simmons havia sido baleado e o Dr. Salazar conseguiu, num ato heróico, evitar que o companheiro de prisão morresse.
Ao cruzar com o diretor da prisão, o então jornalista, Thomas Harris perguntou sobre o médico mexicano e ouviu a seguinte resposta: “- Ele nunca vai deixar esse lugar. Ele é louco”. Ao ouvir isso, a sua percepção – percepção que todos nós jornalistas temos - deu um salto e ele sentiu que ali estava a sua chance de ‘fisgar’ uma boa matéria. Harris pediu para conversar com o misterioso médico de gestos requintados e fala envolvente e acabou descobrindo os seus mais íntimos e sombrios segredos. Vale lembrar que o Dr. Salazar mantinha um consultório dentro do presídio. Após ouvi-lo, Harris não descansou até descobrir o seu nome verdadeiro. Muitos anos depois, um conhecido escritor mexicano, Diego Enrique Osorno que conhecia a fundo a prisão onde o verdadeiro Lecter estava, recebeu por meio de seu editor uma carta de ninguém menos do que Thomas Harris - nessa época um escritor hiper famoso, graças ao seu primeiro livro “Domingo Negro” (1975) – que continha a seguinte mensagem:
“Preciso de informações sobre um médico, conhecido pela imprensa como “O Lobisomem de Nuevo León”, detido na Prisão Estadual de Nuevo León no final dos anos 1950 e pelos anos 1960. Não sei seu nome. O médico foi condenado por matar caroneiros em Nuevo León, desmembrando-os e desovando os corpos aos poucos à noite com seu carro. O médico salvou a vida de outro detento na prisão, Dykes Askew Simmons, quando ele foi baleado pelos guardas enquanto tentava fugir. O médico também tratou pessoas pobres gratuitamente quando era prisioneiro e chegou a ter um consultório dentro da cadeia.
Simmons era um texano condenado em Nuevo León, em março de 1961, por matar três membros jovens da família Perez Villagomez em outubro de 1959. Ele foi sentenciado à morte, uma sentença depois comutada para 30 anos de prisão. Ele esteve na Prisão Estadual de Neuvo León de 1961 até sua fuga em 1969. O caso de Simmons, e provavelmente o caso do médico, foi coberto pelos jornais El Norte de Nuevo León e El Sol de Nuevo León. Os repórteres do El Norte que escreveram sobre Simmons foram Ricardo Bartres e Esteban Ardines.
Qualquer ajuda será bem-vinda.”
Osoro saiu em busca de informações do misterioso Dr. Salazar e acabou descobrindo o seu nome verdadeiro: Alfredo Ballí Treviño. Soube ainda que o médico havia sido condenado a morte, mas que a sua pena tinha sido comutada. Balli morreu em 2010 e até aquele ano praticou a medicina num consultório numa colônia esquecida de Monterrey. De posse desses detalhes, o escritor mexicano os enviou para Harris que o agradeceu imensamente; e então Osoro saberia mais tarde que toda essa busca havia sido desencadeada para que o conhecido autor  pudesse completar o prólogo da edição de aniversário de “O silêncio dos Inocentes”, onde finalmente conta ao público a verdade por trás de Hannibal Lecter.
Harris, então, explica que o romance precisava de um personagem com uma capacidade para compreender a mente criminosa de forma peculiar e essa pessoa teria de ser “Dr. Salazar”, ou como sabemos agora, Dr. Ballí.
Quanto a conversa que o Dr. Salazar teve com Harris nos anos 60, enquanto estava preso em Monterrey, ele confessou vários assassinatos, nos quais as vítimas foram desmembradas, além de terem partes de seu corpo saboreadas pelo médico canibal. Mas tudo indica que após as matanças e o surto ‘canibalístico’, o Dr. Salazar ou Alfredo Ballí Treviño tenha se regenerado.
Pronto, tai a origem real de Hannibal Lecter.
E zéfini!  

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