29 outubro 2014
Novo livro de Stephen King, “Doutor Sono”, já está em pré-venda. A sequência de “O Iluminado” deve chegar às livrarias em novembro
Muitos fãs de Stephen King devem estar passando mal,
correndo o risco de sofrerem uma parada cardíaca devido a ansiedade, aliás uma
bruta ansiedade. E posso afirmar que essa tal ansiedade não é nenhum exagero,
afinal de contas, o mestre do terror e suspense decidiu publicar a sequencia de
uma história que ele escreveu a 37 anos atrás!! Uma história que fez tanto sucesso, mas tanto sucesso que
acabou ganhando o status de antológica. O mesmo pode-se dizer do filme baseado
no livro e que teve Jack Nicholson no papel principal. “O Iluminado” marcou a
vida de muitas gerações, incluindo a minha. Assisti ao filme – no início da
década de 80 - quando estava abandonando a minha adolescência, mas confesso que algumas cenas ficaram
tatuadas na memória e ali permanecem até hoje, como aquela em que Jack Torrance
começa a arrebentar a porta do quarto de sua mulher a machadadas ou ainda a tomada
em que aparecem no corredor do Hotel Overlook as irmãs de 8 e 10 anos
assassinadas. Brrrrrr!!!
Aliás, foi por ter gostado tanto da produção
cinematográfica que acabei lendo o livro e, então, percebi que muita ‘coisa’ da
obra de King foi alterada em sua transposição para o cinema, como a própria
cena do machado que na obra literária é bem diferente. Mas essa e muitas outras
alterações não tiram os méritos do filme e muito menos do livro. Cada um é
excelente, à sua maneira.
Entendo toda essa histeria em torno do lançamento de
“Doutor Sono”, título já definido da continuação de “O Iluminado”. Todos estão
curiosos para saber o que aconteceu com Danny Torrance, o garotinho com o poder
da iluminação, capaz de prever várias situações e que conseguiu escapar do
machado assassino de seu pai Jack.
Agora, todas as atenções dos fãs tupiniquins de
Stephen King que estavam ‘doentes’ para conhecer o destino de Danny Torrance
serão satisfeitas. No próximo dia 07 de novembro chega às livrarias de todo o
País “Doutor Sono”. E a boa notícia é que o livro já se encontra em pré-venda
na maioria das livrarias virtuais. Quer mais? Ok, lá vai: e com preço
promocional!! De R$ 44,90 por R$ 33,90. Quem optar pela compra antecipada
estará economizando R$ 11,00. Uma boa, não é mesmo? Afinal de contas, com dez
pilas dá prá comprar muitas coisas.
Em “Doutor Sono”, o personagem principal Danny
Torrance, que na época de “O Iluminado” era um garoto com habilidades
paranormais, já está na meia idade e enfrenta um poderoso inimigo: o
alcoolismo. Assombrado pelas lembranças
do Overlook Hotel, onde passou um ano terrível de sua infância, Dan ficou à
deriva por décadas, desesperado para se livrar do legado de alcoolismo e das lembranças
de violência do pai. Finalmente, ele se instala em uma cidade de New Hampshire,
onde encontra abrigo em uma comunidade do Alcoólicos Anônimos que o apoia em um
emprego em uma casa de repouso, onde seu poder remanescente da iluminação
fornece o conforto final para aqueles que estão morrendo. Ajudado por um gato
que prevê a morte dos pacientes, ele se torna o "Doutor Sono". Então
Dan conhece Abra Stone, uma menina com um dom espetacular, a iluminação mais
forte que já se viu.
Abra é perseguida por uma tribo de nômades
disfarçados de viajantes que rondam os Estados Unidos em trailers. Os
integrantes dessa tribo, chamada de “A União Verdadeira” são uma espécie de vampiros
de alma que se alimentam devorando “auras” das pessoas iluminadas quando elas
morrem, mas só dos humanos iluminados, assim como Abra e Dan. O vapor é mais
poderoso se a vítima foi submetida à torturas brutais. A partir daí, Dan se vê envolvido
em uma batalha pela alma e sobrevivência de Abra. Uma guerra épica entre o bem
e o mal.
Pois é galera, achei o enredo bem interessante, bem ‘a
La King’, mas agora se o livro que será lançado pela Suma de Letras irá ganhar o status de antológico – como o seu
antecessor, só o tempo e principalmente as vendas poderão dizer.
Buenas noches, quer dizer... Buenas madrugadas.
Fui!... pra cama (rs)!
Kid Tourão versus “Señor Destino”
Hoje eu quero escrever sobre um personagem de carne e osso
que já marcou presença em vários posts do blog. Acredito que toda vez que ele apareceu
deixou os textos mais leves, singelos e engraçados. É claro que estou falando
do Kid Tourão! Como diz aquela letra do Roberto, ele é o “meu querido, meu
velho, meu amigo”.
E porque o Tourão vale a publicação de um post só dele? É
simples, galera. Nos próximos dias ele estará prestes a encarar mais um desafio
em sua vida; mais uma luta. Sabem de uma coisa? Quase sempre imagino esse
velhinho matreiro como um cowboy do velho oeste que vive sendo desafiado
constantemente pelo destino, às vezes de forma cruel e traiçoeira. E até agora,
em todas as oportunidades em que foi desafiado, chamado para a luta, o Kid
Tourão conseguiu vencer. Alguns combates deixarem cicatrizes, outros não, mas o
que importa é que ele conseguiu sacar o seu ‘45’ e atirar primeiro. Mas acontece
que o “Señor Destino” é persistente e traiçoeiro e por isso mesmo, vive
preparando armadilhas. E agora o Kid Tourão foi chamado para o combate
novamente e talvez este seja o maior de todos os desafios nos seus 90 anos de
vida.
O velhinho guerreiro está ficando afônico a cada dia e
somado a essa tal rouquidão, há uma tosse persistente. A chamada tosse ‘engasga
gato’, como ele mesmo a batizou. No início, eu, meus irmãos e Lulu pensávamos
que os sintomas – principalmente a tosse – estava associada a sua Doença
Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), mas no mês passado decidimos procurar um
otorrino que, por sua vez, nos encaminhou para um especialista em cabeça e
pescoço. E então, anteontem, veio o tiro do “Señor Destino”: suspeita de um
tumor nas pregas vocais. O médico alertou que há o risco de fechamento de parte
da laringe e então, nem mesmo uma intubação de emergência resolveria o problema.
Aí ‘mon ami’, o vilão “Señor Destino” seria mais rápido no gatilho e não teria
como o Kid Tourão ir para a desforra num novo duelo.
A saída para evitar essa tragédia é realizar uma biópsia laríngea,
onde o cirurgião introduz um tipo de sonda nas profundezas da garganta do
paciente para retirar uma amostra de tecido para análise. Um procedimento de
aproximadamente 15 minutos. Cara! Você
deve estar se perguntando: “Pô! Tanto drama para um exame de apenas 15
minutos?!” Acontece que para fazer esse tipo de biópsia, o paciente
obrigatoriamente deve tomar anestesia geral. Vale lembrar que o Kid Tourão com
as suas nove décadas de vida quase partiu dessa para melhor na última vez que
tomou uma ‘geralzona’. Foi há um tempinho atrás quando fraturou o braço e
novamente teve que duelar contra o “Señor Destino”. Banggg!! A bala disparada
pelo dito cujo alvejou o nosso cowboy, mas mesmo assim, o valente velhinho
conseguiu sacar à tempo e feriu gravemente o seu perseguidor implacável que
acabou fugindo.
Depois vieram outros duelos menores como uma cirurgia para
implantação de uma prótese na veia aorta abdominal; uma mal sucedida operação
de catarata - inclusive, ele está ‘caçando’ o médico até hoje para arrancar o
seu couro (rs) – a fuga de um marca passo, conseguiu dobrar uma médica
bonitinha de mini-saia (-“Doutora! Como a Senhora é ‘vistosa’, mas eu não quero
botar esse pedaço de lata no meu peito não!”). Antes disso, tiveram duelos
menores, todas vencidas, como: viroses, uma gripe muito forte que por pouco não
‘virou’ pneumonia, uma queda com luxação no cóccix, o que acabou rendendo-lhe
um presente de grego, no caso, uma bengala; uma crise persistente de nevralgia
do nervo trigêmeo e assim foi-se indo.
Mas agora, galera, confesso que esse duelo será o pior e
mais acirrado de todos porque o temível pistoleiro virá ‘babando’, louco de
raiva por ter sido ludibriado até agora. Por isso, o Kid Tourão terá de ser
muito esperto e novamente rápido no gatilho, mas ‘tá’ difícil... O nosso herói
já não saca o seu 45 com tanta rapidez; culpa do tempo que acabou reduzindo a
sua destreza e vivacidade, mas mesmo assim, ele é corajoso e está se preparando
para um novo encontro, talvez o maior deles: o bom combate. O velho e valente
Kid aposta que mais uma vez mandará o “Señor Destino” para as ‘cucuias’.
Nesta sexta-feira (31) estarei enfrentando toda aquela
burocracia médica e hospitalar que antecede todo e qualquer procedimento
invasivo no corpo de um paciente. Antes de tudo a consulta à um cardiologista
para verificar a máquina; depois vem o anestesiologista; na sequencia, o
psicólogo; depois sei lá mais o que. Uffaa!! Já estou vendo o médico
cardiologista levando um susto ao verificar o eletrocardiograma do Tourão.
Seria bem sui generis ver um cardiologista sofrendo um infarto após levar um
baita susto com os gráficos amalucados dos batimentos cardíacos de um paciente
prestes a “ser brindado com uma geralzona”.
Bem, brincadeiras à parte – e só Deus sabe como preciso
sorrir para não dar trelas à tristeza e ao abatimento – a tal biópsia laríngea,
isto é se o médico cardiologista sobreviver após ver o resultado do eletro do
Tourão, será marcada com urgência. E, então, veremos quem levará a melhor nesse
novo confronto. Ontem foi dia de São Judas Tadeu, o santo das causas
impossíveis; recorri à ele para dar uma ‘força’ para o velhinho. E agora,
recorro à todos vocês que acompanham tanto o blog quanto a fanpage do Livros e
Opinião – e já se apaixonaram por esse personagem tão especial, presente em
vários posts – para que façam uma corrente de orações para que o Kid Tourão
consiga, novamente, sacar rápido a sua arma e vencer este novo duelo.
Para aqueles que estão visitando o blog pela primeira vez e
ainda não conhece “El Touro”, seguem alguns posts dos quais ele participou,
sempre alegrando a galera com a sua espontaneidade e alto astral. Basta acessar
aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e mais aqui. Continuem vasculhando,
com certeza, encontrão muitos outros links.
Inté!
28 outubro 2014
A Maldição do Cigano
Acabei de ler “A Maldição do Cigano” ou “A Maldição”, tanto
faz. O recheio é o mesmo, só muda a embalagem, ou seja, a capa. O primeiro,
trata-se do título original, lançado pela Francisco Alves em 1989 e o segundo é
a reedição da Suma de Letras que entrou ‘bombando’ no mercado literário em 2012
e permanece vendendo horrores até hoje.
Olha, confesso que não é o melhor de Stephen King; lendo a
obra percebemos que o mestre do terror não estava tão inspirado no dia em que
decidiu escrever a história de um cigano que lança uma maldição medonha num
advogado que atropelou a sua filha. Mas venhamos e convenhamos, mesmo um King
menos inspirado consegue dar de 10
a 0 em muitos autores, principalmente nessa legião de
novatos que são tão injustamente endeusados pela crítica teen.
Achei que o livro se perde em muitas descrições
desnecessárias, além de dar uma
importância exagerada ao drama familiar vivido pelo advogado Bill Halleck, mas
acontece que King é gênio. Por isso, apesar do excesso de ‘lenga-lenga’, não há
como negar que o enredo idealizado pelo autor é agonizante, criando no leitor
uma sensação esquisita, sei lá... uma mistura de pânico, medo, insegurança,
ansiedade. É difícil explicar; só sei que a cada página virada essa sensação vai
crescendo. Talvez, o responsável por essa miscelânea de sentimentos ruins seja
o cigano feiticeiro Taduz Lemke com o seu nariz carcomido que lança a maldição
sobre Halleck. Mêo, o sujeito, de fato, provoca arrepios. Juro que após ter lido o
livro não quero jamais me encontrar com nenhum cigano pela frente e se, por
acaso, topar com um velhinho com brincos na orelha, argola no nariz e alguns
pivôs dourados na boca, com certeza mijarei nas calças. E se esse mesmo
velhinho tiver uma ferida no nariz, então:
ai! ai! ai! ai! acabo fazendo coisa pior nos fundilhos!
King conseguiu criar um personagem enigmático, forte, cruel,
vingativo e que não conhece o medo. O velhinho mandingueiro inspira poder e...
principalmente, medo.
A grande sacada de King – e é aí que entra o dedo do mestre
– foi ter criado outro vilão tão cruel quanto Lemke que o enfrentasse sem medo,
mas utilizando armas bem diferentes daquelas empregadas pelo feiticeiro
patriarca. E, com certeza, armas tão letais quanto uma maldição. Quer saber
quais são essas armas? Ok, eu digo: o mau caráter, a falta de escrúpulos, a
maldade e a arrogância que o torna auto-confiante ao extremo, chegando ao ponto
de pensar que nada poderá atingi-lo. Este personagem se chama Richard Ginelle,
um gangster, amigo de Halleck á quem o pobre advogado recorre para tentar
convencer Lemke à retirar a maldição.
Cara, King criou um gangster tão incomum que apesar de toda
a sua crueldade, o leitor acaba se simpatizando com o homem. Admirei o calhorda
e tornei-me seu fã porque enquanto borrava as minhas calças toda vez que Lemke
aparecia no enredo, Ginelle encarava o velho patriarca cigano com altivez e sem uma gota de medo. Acontece
que Lemke também era casca grossa e não recuava até que... putz! Quase solto
spoiler. “Parandoooo” (rs).
Bem, o destino final de Ginelle e Halleck também são
inesperados, deixando o leitor boquiaberto e com aquela sensação ruim. Taí,
mais um ponto para King.
“A Maldição” conta a história de Bill Halleck, um bem
sucedido advogado que vive feliz ao lado da esposa Heidi e da filha
adolescente, desfrutando os prazeres de uma vida sem grandes preocupações. Até
o dia em que uma velha cigana se pôs em seu caminho. Ele não consegue pisar no
freio de seu carro a tempo e com isso, as rodas acabam esmagando a senhora. A partir
daí, a sua vida começa a ser destruída.
Não foi a implacável justiça americana que pôs fim a seus
dias felizes. Na verdade, o júri foi muito compreensivo com o bom amigo, e ele
não precisou pagar com sua liberdade pela vida da cigana. Mas, na saída do
tribunal, Halleck dá de cara com um velho cigano com parte do rosto carcomido e
de olhos profundos. O advogado ouve dos lábios do cigano uma única frase: “Mais
magro”. Pronto! Tá lançada a terrível maldição!
A partir desse dia, Halleck mergulha num pesadelo. Seus 111
quilos começam a diminuir vertiginosamente. De acordo com os médicos, não há
nada em seu organismo que possa justificar a súbita perda. A infeliz vítima
está desaparecendo e, se não conseguir deter o processo, em pouco tempo não
será mais do que um feixe de ossos.
Começa assim uma busca implacável em que Halleck reúne o
pouco que lhe resta de forças e sai à caça de Taduz Lemke. Ele sabe que somente
o velho será capaz de mudar o seu destino – encontrá-lo é uma questão de vida
ou morte.
Abandonado pela esposa e pelos amigos que duvidam de sua
sanidade, passa a contar apenas com suas poucas forças e com a ajuda de Richard
Ginelle, um gangster perigoso, mas amigo fiel, que se dispõe a tudo para
salvá-lo.
Como já 27 outubro 2014
Um blogueiro iniciante lutando para derrotar a 'Dona Crise'
Nestes 15 dias em que fiquei ausente, estava enfrentando um
tipo de crise comum entre aqueles que vivem no mundo da blogosfera, pelo menos
entre os novatos, ou seja, aquele grupo de pessoas que conseguiu completar
aniversário de dois ou até três anos de blog. Digo “conseguiu” porque manter um
espaço desses no ar é difícil. Tudo bem, é prazeroso, mas não deixa de ser
difícil, principalmente se você é o ‘responsável único’ pelas atualizações de
sua página.
Cara, chega uma hora que a chamada “crise existencial dos
blogueiros de primeira viagem” ataca e ataca com tudo. Ela chega trazendo um
turbilhão de dúvidas que começam a lhe castigar. Coisas do tipo: ‘Modifico o
meu blog ou não?’; ‘será que esse espaço está servindo para alguma coisa?’; ‘mudo
o foco de abordagem, deixando os livros de lado e passo a escrever sobre filmes?’;
etc, etc e mais etc. O problema é que essas dúvidas já são sintomas eminentes
de desânimo com o seu trabalho. E vocês sabem né? Depois disso a próxima etapa
é o abandono. É por culpa dessa tal crise que hoje temos tantos blogs com
grande potencial, mas desatualizados à décadas e completamente abandonados no
infinito universo da web.
No meu caso, essa crise ficou ainda mais agravada pela
somatória de outros problemas particulares, envolvendo setor profissional e também
de saúde, não minha, mas do velho e valente Kid Tourão que já ficou famoso por
aqui, protagonizando várias postagens. Juro que chegou um momento em que
pensei: - “Olha, vou largar isso aqui, não está dando mais”. Então, percebi que
se abandonasse o blog, estaria entregando os pontos para a “Dona Crise” que,
certamente, viria ‘babando para dar o seu segundo golpe, este sim, fatal: a
perda do prazer da leitura. Pensei comigo: “Caramba! Se tenho um blog literário,
se adoro escrever sobre o assunto é porque também adoro ler!. Mêo! Essa magia
não pode jamais desaparecer! Tenho que manter viva, em mim, a chama da leitura,
custe o que custar”. E assim, os pensamentos nefastos da “Dona Crise” foram se
dissipando e as dúvidas com relação ao blog, também.
Decidi que vou mantê-lo com as mesmas características, tendo
por essência os livros. Quanto aos meus problemas particulares, não vou
deixá-los ‘meter a colher’ por aqui.
Poderia, muito bem, ter pulado essa explicação ou desabafo –
sei lá, entendam como acharem melhor – mas sempre fui sincero com vocês que
seguem o “O livros e Opinião” no blog e também na Fanpage e não poderia ser
diferente, agora..
Vou prosseguir escrevendo, muitas baboseiras, concordo; vou
prosseguir com mesmo blog, sem mudança de foco e principalmente, vou prosseguir
lendo, sem perder o gosto pela magia de folhear e sentir cada letra, cada palavra,
cada frase de uma história.
Inté galera e xô Dona Crise!!
12 outubro 2014
A Sombra do Vento (1º volume da saga O Cemitério dos Livros Esquecidos)
“A Sombra do Vento” literalmente te engole. Não dá
pra parar de ler. É o tipo do livro que você gruda e não quer mais largar.
Resultado: noites mal dormidas, mau rendimento no trabalho, almoço rifado,
jantar comido as pressas e por aí se vai. É verdade, galera; o livro de Carlos
Ruiz Zafon tem esse poder. Se você resolver lê-lo durante a semana, com
certeza, ele vai destruir o seu dia, já que a sua produtividade profissional
irá por ralo abaixo, mas por outro lado, o ‘sortudo’ ganhará uma leitura
prazerosa.
Em sua obra-prima, Zafon nos transporta para a
Barcelona de 1945, onde conhecemos um garoto de 11 anos, chamado Daniel Sempere.
No dia de seu aniversário, seu pai o leva ao Cemitério dos Livros Esquecidos,
uma biblioteca gigante e labiríntica localizada no coração histórico da cidade.
Lá, o garoto – apaixonado por livros – entra em contato com um dos poucos
exemplares existentes no mundo de “A Sombra do Vento”, de autoria de um
misterioso escritor chamado Julián Carax. Após a leitura do romance, Sempere
fica tão apaixonado pela história que passa a investigar todos os detalhes
sobre a vida de seu autor. E é a partir desse momento que Zafon começa abrir a
sua ‘mala de ferramentas’, ou melhor, a sua ‘mala de surpresas’. Caraca! Quanta
reviravolta! É algo alucinante. Quando você pensa que está tudo se encaminhando
para uma situação próxima a normalidade. Pimba! Vem a reviravolta e uma daquelas
reviravoltas que deixam o protagonista e principalmente o leitor completamente
atordoados.
Cada vez mais que Sempere vai se aprofundando nas
investigações sobre Carax, novas surpresas de derrubar o queixo dos leitores vão
surgindo.
É claro que não vou revelar quais são essas surpresas,
mas prestem atenção no capítulo “Núria Monfort: Memória dos Desaparecidos”,
onde todos os mistérios referentes a Julian Carax são desvendados.
Definitivamente, não dá pra parar de ler, pior que isso: você começa a engolir as
letras e palavras do referido capítulo no desespero de chegar à página
seguinte. Caramba!!
Durante o seu romance, Zafon vai mostrando o
crescimento do pequeno Daniel Sempere que passa a conhecer o amor e a amizade incondicional
ao conhecer, respectivamente, Beatriz - a doce e corajosa Bea - e o ex-mendigo
metido a intelectual Fermin.
Com o desenrolar dos acontecimentos, descobrimos que
a vida de Sempere, pelo menos no setor sentimental, é praticamente um espelho
da vida de Carax. Talvez, por isso, ele tenha se afeiçoado tanto com o misterioso
escritor.
É isso aí! “A
Sombra do Vento” é uma verdadeira obra-prima. Um livro tão bom, mas tão bom que
ficamos com receio de destruir a sua magia revelando detalhes importantes quando
escrevemos uma simples resenha. Por isso, vou para por aqui com a recomendação
expressa de que leiam a obra de Zafon sem medo e de preferência durante um
final de semana para que o livro não interfira na produtividade de seus
afazeres profissionais e em outras coisas também.
Indo galera!
09 outubro 2014
Feliz Ano Velho
Sinceridade? Cara, eu fujo de livros
autobiográficos! É verdade! Olha, é muito, mas muito difícil encarar esse
gênero literário; tanto é verdade que em minha estante é possível contar nos
dedos os livros com essas características. Acho que o sujeito que se propõe a
tornar a sua vida pública deve ter vivido essa vida muito bem vivida. Ooops!
Desculpe o pleonasmo, mas não encontro outras palavras para ser mais
contundente. Muitos “Zé- Manés” pensam que participar de um “Big-Brother” já lhe
dão o direito de escrever uma autobiografia e não é bem assim. Costumo dizer
que a pessoa que se propõe a publicar detalhes sobre a sua vida deve ter
consciência de que estará publicando um romance. Isto mesmo, um Best Seller que
deve ter emoção, ação, enfim, todos os ingredientes que possam prender a
atenção dos leitores. Ok, responda-me uma pergunta: o que você faz quando
começa ler um enredo amorfo e personagens mais amorfos ainda? No meu caso, se a
leitura não engrenar após duas ou três tentativas, no máximo, abandono no ato.
Agora imagine uma autobiografia de um cantor ou artista que não tem nada de
interessante para contar? Fica complicado, não é mesmo galera?!
Meu receio com autobiografias já é antigo e vem
desde a minha pré-adolescência quando fugia desse gênero, mas certo dia acabou
caindo em minhas mãos – meio que por acidente – o livro do Marcelo Rubens
Paiva, “Feliz Ano Velho”. Uma ex-colega de trabalho iria se mudar para outra
cidade e resolveu doar alguns livros para mim. Dois ou três dias após esse
gesto caridoso, ela me ligou desesperada: -“ José Antônio, acho que lhe doei
algo que não gostaria de ter doado jamais!”, exclamou num misto de pânico e brincadeira. Ela estava
se referindo a “Feliz Ano Velho” que veio junto com o “pacote” de livros. A Márcia
me pediu encarecidamente que lhe despachasse a obra do Paiva pelo correio via
sedex. Bem, diante do desespero da minha colega acabei me interessando pela
obra e então fizemos um trato: assim que acabasse de ler lhe devolveria o
livro. Cara, tive que jurar por todos os santos de que não iria demorar muito
para concluir a leitura porque ela queria a sua pedra preciosa o mais rápido
possível. – “Ok... Ok... Fica fria, Márcia, não vou seqüestrar o seu xodó”
(rs).
Bem pessoal, foi assim que resolvi encarar – muito
receoso – a leitura da primeira autobiografia nos meus vinte e poucos anos de
leitor (naquela época). E posso garantir que não me arrependi.
“Feliz Ano Velho” foi um diamante lapidado que caiu
em minhas mãos. Antes de ler a obra, tinha uma vaga noção de que se tratava do
relato de um estudante universitário que gostava de curtir a vida, mas após
sofrer um acidente acabou ficando ‘condenado’ à uma cadeira de rodas. Comecei a
ler o livro do Marcelo Rubens Paiva, já me preparando para uma sessão lacrimosa
e bem down, coisa do tipo “Uma Janela para o Céu” ou “Love Story”, onde
tragédias, tristezas, sofrimento e desespero se fundem numa coisa só.
Resultado: o leitor termina de ler a obra – se conseguir terminar! -
completamente extenuado, acabado e arrebentado. Mas, pensei comigo, tudo bem,
tudo bom, já que estou com o livro nas mãos vamos à luta. Além do mais, a
Márcia não era o tipo de leitora que se amarrava nesse gênero literário do tipo
“A cruz que carrego”. E assim, comecei a ler.
Mêo! Mêo! E novamente Mêo! “Feliz Ano Velho” era
totalmente o oposto do que eu imaginava. O autor descreve o seu drama com muito
bom humor, não dando tanta ênfase ao lado down do fato. É claro que há os
momentos de tristeza e até mesmo lencinhos nas mãos, mas são raros pacas! E
Graças à Deus, porque, caso contrário, se transformaria num verdadeiro vale de
lágrimas: “ Um Janelão para o Céu”.
Marcelo Rubens Paiva tratou a sua situação de uma
maneira realista e sem auto-piedade. Mais ou menos assim: “Putz! Me quebrei
inteiro, fui parar numa cadeira de rodas e estou dependendo da ajuda de amigos
e familiares para reaprender a viver. Êpa! Mas pêra aí... a vida continua!
Tenho que dar o melhor de mim para se tornar cada vez menos dependente. Por
isso, vou continuar brigando e lutando contra a vida, mas também
desfrutando as coisas boas que essa
mesma vida bandida que me ferrou... me
oferece”. Não sei se consegui explicar como deveria, mas bem resumidamente esse
é o tom da obra de Paiva.
Para aqueles que não conhecem o livro; “Feliz Ano
Velho” pode ser considerado um experiência autobiográfica do autor, que relata
o acidente que o deixou tetraplégico depois de um mergulho em um lago às
margens da Rodovia dos Bandeirantes, em 14 de dezembro de 1979, após bater
acidentalmente com a cabeça no fundo do lago. Como já disse, de maneira bem
realista e sem chororô, mostra a dificuldade que muitas pessoas sofrem com essa
situação e a força de vontade que um homem deve ter para se inserir novamente
na sociedade, enfrentando seus problemas e medos.
Durante esse período de recuperação, Marcelo conta
com carisma e sinceridade detalhes de sua infância e de sua juventude. Desvela
seus casos amorosos, retrata sua carreira musical. Jovem ativo, participava do
quadro político Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde cursava
engenharia agrícola.
Filho do deputado federal Rubens Beyrodt Paiva, ele conta ainda, em um dos momentos mais
aflitivos, como foi o dia em que seis militares invadiram a sua casa e levaram
seu pai, que ele não mais voltaria a ver.
Quando li o livro, poucos anos após o seu lançamento
– a obra foi lançada em 1982 - confesso que foi uma leitura muito importante
naquele período de minha vida, pois passei a dar valor as coisas pequenas que o
mundo nos oferece.
Valeu “Feliz Ano Velho”! Valeu Marcelo Rubens Paiva!
Enfim, valeu a leitura!
05 outubro 2014
Eu, Christiane F., Treze Anos, Drogada, Prostituída...
Há livros que marcam as nossas vidas como
verdadeiras tatuagens, daquelas gravadas e cravadas na pele e na carne. Obras
que passam a nos perseguir (no bom sentido, é claro) para o resto de nossas
vidas. É incrível como esses livros tem o poder de fazer-nos retornar ao
período mágico e vibrante de nossas adolescências ou pré-adolescência. Puxa!
Como é gostosa essa viagem! Só mesmo aqueles
leitores inveterados para entender e sentir essa magia.
Hoje, ao chegar na minha casa ‘Cansadaço da Silva’,
deitei-me na cama e até que aparecesse a coragem para tomar uma ducha gostosa, me
assolou uma sessão de nostalgia. Sem mais nem menos, comecei a recordar
momentos que marcaram a minha adolescência: o primeiro beijo, o primeiro fora,
o primeiro emprego, aquela professora que pegava no meu pé, os amigos que se
foram e mais isso e aquilo. E nesse revival de memórias, lembrei-me de dois
livros que marcaram essa fase de minha vida: “Eu, Christiane F., Treze Anos,
Drogada, Prostituída...” e “Feliz Ano Velho”.
Como estou muiiiito cansado, prá ser sincero,
arrebentadaço, vou escrever apenas sobre o primeiro livro para não trocar Jesus
por Genésio. Prometo que amanhã ou o mais tardar terça-feira falo
escrevo sobre a obra do Marcelo Rubens Paiva.
Sempre fui um rato de biblioteca. A primeira coisa
que fazia após ouvir o sinal do recreio ou então do final das aulas era
‘zarpar’ para a biblioteca da escola. Chegando por lá, fazia a festa! Lembro
que o meu primeiro contato com “Eu, Christiane F...” aconteceu naquele espaço
amplo e silencioso, onde se encontravam apenas eu e a minha estimada e saudosa
bibliotecária Dona Alice. Naquela época,
os livros não podiam sair da biblioteca, por isso, os alunos tinham de ler por ali
mesmo. Mas com jeitinho consegui convencer Dona Alice que abriu a chamada
‘exceção das exceções’. Acho que fez isso por me considerar um ratão de
biblioteca (rs). Li o livro em dois ou três dias, não mais do que isso.
Confesso que marcou. Foi uma leitura impactante. Sei que hoje, a história da
vida de Christiane Vera Felscherinow
perdeu parte de seu impacto em virtude dos tempos em que vivemos, onde alguns –
incluindo a própria ON U – sugerem a descriminalização do consumo de drogas.
Mas na década de 70, para ser exato em 1979, quando o livro foi lançado, não
existiam essas idéias revolucionárias e chocantes. Se hoje, vários artistas
famosos e suicidas não ficam nem um pouco encabulados de fazer apologia as
drogas, afirmando que a ‘mardita’ faz um bem danado para o corpo e para alma;
naqueles tempos idos o sujeito não podia se gabar tanto de sua coragem ou
burrice em consumir o ‘produto’: ele fumava, cheirava ou ‘se injetava’ nas
sombras do silencio.
Imagine, agora, nesse
tempo repressivo e puritano, uma criança de apenas 13 anos ‘soltar a bomba’
publicamente ‘que além de se drogar, também se prostituía à vontade? Tenso, não
é mesmo?!
No livro escrito pelos
jornalistas Kai Hermann e Horst Hieck – que acompanharam o
julgamento de Christiane num Tribunal de Infância e Juventude na Alemanha – a
jovem com 13 anos, na época, literalmente, abre o jogo, não escondendo
absolutamente nada, tanto é, que os autores da obra – dois profissionais
experientes e acostumados a cobrir tragédias e mazelas humanas - ficaram de
queijo caído com as revelações.
Cristiane afirma que começou a fumar maconha em
1974, quando tinha apenas 12 anos de idade. Com essa mesma idade também se
iniciou no consumo de medicamentos como Valium e Mandrix, além de LSD.
Quando a heroína ainda era uma novidade em Berlim,
algo desconhecido entre os dependentes químicos; Cristiane já entrava de cabeça
na droga. Ela revela em seu depoimento que inalou heroína pela primeira vez em
um show de David Bowie e depois disso, vieram as picadas no braço em banheiros
públicos abandonados, até ir se afundando cada vez mais no vício.
Olha galera,
já li “Eu, Christiane F., Treze Anos, Drogada, Prostituída...”, pares e
pares de vezes, e confesso que em todas elas, a narrativa não deixou de ser
perturbadora, densa, pesada.
É f.... ler que uma criança começou a se prostituir
com 14 anos para ganhar dinheiro para comprar heroína. Cara, mexe com você, ver
uma criança contando os detalhes de como fazia para selecionar os seus clientes
e como agia com eles. É f... ir vendo, aos poucos, a degradação do corpo e da
alma e consequentemente da vontade de viver dessa criança que encontrou nas
drogas, ao mesmo tempo, a alegria e a tristeza, mas não uma tristeza comum...
uma tristeza de morte.
Os leitores que devorarem “Eu, Christiane F., Treze
Anos, Drogada e Prostituída” irão se interessar tanto pela história que
passarão a vasculhar na web informações sobre Christiane Vera Felscherinow na esperança de encontrar várias respostas
para as suas dúvidas e curiosidades, tais como:
“Ela está vida ou morta?”.
“Conseguiu abandonar o vício”?. “Tem filhos?”. “É casada?”. “Trabalha?”, etc,
etc e mais etc.
Posso garantir que todas
essas dúvidas são respondidas em outro livro auto-biográfico de Felscherinow, o
não menos polêmico: “Eu, Christiane F., A Vida Apesar de Tudo”. Aqueles que
quiserem conhecer mais detalhes sobre a obra acessem aqui.
Bem, é isso aí galera; no
mais só gostaria de acrescentar que “Eu, Christiane F., Treze Anos, Drogada, Prostituída...” é o livro que todas as mães deveriam incentivar os seus filhos a
lerem. E olha que quem disse isso não foi o menino aki, mas sim, uma mãe
exemplar de um amigo meu.
Inté!
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