28 março 2018

Mestres do Horror e da Fantasia, uma coleção de livros da editora Francisco Alves que deixou saudades


Existem coleções de livros ou enciclopédias que com o passar do tempo tornam-se antológicas, tanto pela sua importância quanto pela sua raridade. Digo raridade porque a maioria delas entrou para o rol das obras extintas, ou seja, aquelas que você tem certeza que nunca mais serão reeditadas. Nesta hora, você pede à todos os santos para mexerem os pauzinhos e fazer com que alguma editora relance no mercado literário, pelo menos uma pequena parte daqueles livros que um dia integraram o ‘time dos seus sonhos’.
No meu caso, estou pedindo há vários anos para que um batalhão de santos faça a cabeça de qualquer editor tupiniquim - seja ele pequeno, médio ou grande -  a publicar novamente alguns livros da coleção “Mestres do Horror e da Fantasia”, pelo menos os mais raros. Depois de tanto pedir, resolvi encerrar as minhas lamentações pois sei que é praticamente impossível a volta dessa coleção.
Os leitores que perderam a oportunidade de adquirir essas verdadeiras obras primas da
literatura de terror, agora só restam recorrer aos sebos ou aos ‘mercados livres da vida’ em busca daquele exemplar perdido, desde que não seja muito raro; caso contrário esqueça.
Não se iludam, pois os poucos exemplares escritos por Stephen King, H.P. Lovecraft e alguns de Ray Bradbury estão sendo vendidos à preços absurdos.
A coleção “Mestres do Horror e da Fantasia” começou a ser publicada pela editora Francisco Alves em 1981. Logo de cara, começou com “Eu Sou a Lenda” de Richard Matheson; depois vieram outros lançamentos que fizeram a alegria dos leitores do gênero de terror e suspense. Vale lembrar que grande parte dos livros, hoje raros, de Stephen King fizeram parte dessa coleção. Vou citar alguns: “A Metade Negra”, “Depois da Meia-Noite”, “Trocas Macabras”, “Os Estranhos” e “Os Livros de Bachman”. E por falar em “Os Livros de Bachman”, ele não está em fase de extinção, ele já está extinto. Isto porque o conto “A Fúria” que faz parte do livro foi proibido pelo próprio Stephen King, o que significa que jamais poderá ser publicado novamente.
O motivo do autor ter proibido a reprodução desse conto – que chegou, também, a ser lançado no formato de livro em 1977 – foi a localização, pela polícia, de um exemplar dentro do armário do estudante Michael Cameal, responsável pelo tiroteio de Heath High School  que ocorreu em West Paducah, Kentucky, Estados Unidos, na segunda-feira 1 de dezembro de 1997. Carneal, então com 14 anos, abriu fogo sobre um grupo de  estudantes, matando 3 e ferindo 5. Depois deste tiroteio King pediu a sua editora para que parasse de publicar a história separadamente ou em coletâneas. Por isso os leitores que conseguiram comprar “ Os Livros de Bachman” antes da ocorrência dessa tragédia devem guardá-lo muito bem, porque jamais ele voltará às bancas.
Outra curiosidade interessante é que o leitor brasileiro não irá encontrar “Os Livros de Bachman” fora da coleção “Mestres do Horror e da Fantasia”. Ele foi lançado em 1991.
A coleção teve ainda outros títulos famosos, entre eles  “A Assombração da casa da Colina” (Shirley Jackson), “A Ilha do Dr.Moreau” (H.G. Wells), As Máquinas do Prazer (Ray Bradbury), “A Ultima Esperança sobre a Terra” (Richard Matheson). Os exemplares da Francisco Alves contam até mesmo com uma raridade: “Miniaturas do Terror”, o único livro de Tabitha King, esposa de Stephen King, lançado no Brasil.
Em 1993, o sonho terminaria com o anuncio feito pela editora de que a sua famosa coleção havia chegado ao fim. O seu lançamento derradeiro foi “Trocas Macabras” de Stephen King em 1992. Depois Zéfini.
Hoje, a maioria das obras que fazem parte de “Mestres do Horror e da Fantasia” são consideradas raras. Os seus preços ficam na casa dos R$ 80,00, passando pelos R$ 100,00, R$ 200,00, R$ 300,00 e por aí vai. Para se ter uma idéia, “Depois da Meia-Noite” de Stephen King custa em torno de R$ 600,00!
De fato, foi uma das coleções mais famosas da literatura de terror e que deixou muitas
saudades.

Confiram abaixo todos os livros que a Francisco Alves lançou em “Mestres do Horror e da Fantasia” durante os 12 anos de existência da coleção.
1981 - Eu Sou a Lenda (Richard Matheson)
1981 - O Enigma do Trem Perdido (Sir Arthur Conan Doyle)
1981 - O País de Outubro (Ray Bradbury)
1981 - O Retrato de Dorian Gray (Oscar Wilde)
1982 - Fobia (Thomas Luke)
1982 - O Passa-Paredes (Marcel Aymé)
1982 - Sombras da Noite (Stephen King)
1982 - Um Sussurro nas Trevas (H.P. Lovecraft)
1983 - A Assombração da Casa da Colina (Shirley Jackson)
1983 - A Casa das Bruxas (H.P. Lovecraft)
1983 - A Ilha do Dr. Moreau (H.G. Wells)
1983 - As Máquinas do Prazer (Ray Bradbury)
1983 - Christine (Stephen King)
1984 - A Alma de Anna Klane (Terrel Miedaner)
1984 - A Última Esperança Sobre a Terra (Richard Matheson)
1984 - O Alimento dos Deuses (H.G. Wells)
1984 - O Cemitério (Stephen King)
1984 - Os Dias do Cometa (H.G. Wells)
1984 - Terror na Oktoberfest (Frank De Felitta)
1985 - As Miniaturas do Terror (Tabitha King)
1985 - O Feitiço de Aquila (Joan D. Vinge)
1985 - O Homem Invisível (H.G. Wells)
1985 - O Talismã (Stephen King e Peter Straub)
1986 - O Demônio de Gólgota (Frank De Felitta)
1987 - A Coisa - Volume 1 (Stephen King)
1987 - A Coisa - Volume 2 (Stephen King)
1987 - Tripulação de Esqueletos (Stephen King)
1988 - Angústia (Stephen King)
1988 - Os Olhos do Dragão (Stephen King)
1988 - Quatro Estações - Inverno no Clube (Stephen King)
1988 - Quatro Estações - Outono da Inocência (Stephen King)
1988 - Quatro Estações - Primavera Eterna (Stephen King)
1988 - Quatro Estações - Verão da Corrupção (Stephen King)
1989 - A Maldição do Cigano (Stephen King)
1989 - Dança Macabra (Stephen King)
1990 - A Noiva da Maldição (Thomas Altman)
1990 - Dissecando Stephen King (Tim Underwood e Chuck Miller)
1990 - Natal Negro (Thomas Altman)
1990 - Os Estranhos (Stephen King)
1990 - Os Livros de Bachman (Stephen King)
1991 - A Metade Negra (Stephen King)
1991 - A Tumba ...E Outras Histórias (H. P. Lovecraft)
1991 - Quatro Estações (Stephen King)
1992 - Depois da Meia-Noite (Stephen King)
1992 - Koko (Peter Straub)
1992 - Marcha Fúnebre das Marionetes (Frank De Felitta)
1992 - Mistério - O Crime da Rosa Azul (Peter Straub)
1992 - Morte de Um Fantasma (Margery Allingham)
1992 - O Berço (Paul Kent)
1992 - Trocas Macabras (Stephen King)

25 março 2018

As Sandálias do Pescador


Um livro profético. É dessa maneira que defino “As Sandálias do Pescador” do jornalista e escritor australiano Morris West. Na história, um bispo russo se torna cardeal e em seguida papa – o primeiro papa não italiano em mais de 400 anos.
Uma década e meia após West ter escrito a sua principal obra, eis que o Vaticano também ganharia, após 400 anos, o seu primeiro papa não italiano, ou será que vocês já seesqueceram do polonês Karol Wojtyla, o nosso saudoso e icônico João Paulo II?
Não há como negar as semelhanças entre o fictício Lakota e o real Wojtyla, A personagem do livro é um cardeal ucraniano que, após lutar contra os nazistas, torna-se perseguido e encarcerado pelos soviéticos. Após 20 anos, recebe a liberdade graças a um acordo do premiê russo com o Vaticano,  mas carrega as marcas de seu sofrimento na memória, na alma e no rosto com uma notável cicatriz. Bem, vamos agora voltar a realidade: o polonês, João Paulo II também veio do leste europeu e enfrentou os mesmos regimes totalitários, mas sem o cárcere. Assim como Lakota que intermediou negociações com Kamenev (chefe do Kremlin no romance); Wojtyla negociou e atendeu Gorbachev.
Mas a profeticidade de “As Sandálias do Pescador” vai muito mais além, chegando até os tempos atuais, já que Lakota também tem muitas semelhanças com o papa argentino, Francisco. Há pouco mais de três anos, Francisco assumiu uma posição corajosa ao aceitar a teoria da evolução. Tudo bem que aceitou essa teoria com a crença em um Deus criador do mundo e dos homens; mas aceitou. O papa da obra de ficção de West também tinha uma grande simpatia pela tal teoria. E isto, há quase 55 anos, quando a teoria criacionista reinava de maneira absoluta e ai daquele que discordasse!
No romance, o papa russo criado por West também tinha amizade com um famoso teólogo da época chamado Telémond que defendia a teoria evolucionista, chamando-o, inclusive,  para passar uma temporada na sua própria residência no Vaticano.  Ao ver a sua obra hostilizada pela Igreja, e impedido por ela de divulgá-la, Télémond é vitimado por um ataque cardíaco e morre.  Após a morte do amigo, o papa Kiril, arrasado, não teve condições de se contrapor a decisão contra ele tomada pela Congregação do Santo Ofício.
E agora, voltando a realidade:  O papa Francisco  também nutre uma amizade enorme pelo teólogo brasileiro Frei Betto, um dos principais expoentes mundiais da Teologia da Libertação e que também era amigo pessoal de Fidel Castro. Para quem não sabe, Frei Beto é da mesma linha de pensamento de Leonardo Boff que por sua vez foi  punido pelo Cardeal Ratzinger, antes de se tornar Bento XVI, com um “silêncio obsequioso” pelo período de um ano, durante o qual ficou impedido de professar as suas idéias, inclusive de publicá-las.
A obra ficcional tem muitas outras semelhanças com a vida real, basta ler para tirar as dúvidas. Resumindo: “As Sandálias do Pescador” é o tipo do livro que imita a arte.
Quanto a trama, não é recomendável para os leitores que apreciam histórias mais ‘açucaradas’ ou então com ação e muito corre-corre. O enredo desenvolvido por West diz respeito ao poder transformador da fé e também a luta e persistência de um homem com boas intenções em tentar romper velhos paradigmas considerados arcaicos e ultrapassados.
West que antes de ser escritor foi jornalista e por isso, teve a oportunidade de cobrir os meandros do Vaticano. Ele escrevia matérias sobre a Santa Sé para um jornal americano. Com isso, o autor conhece muitos segredos papais, os quais também serviram de base para escrever o seu principal romance.
No meu caso, gostei. Bastante.                                           


21 março 2018

Vem aí a continuação de “O Diabo Veste Prada”


Eu não li, mas muitos colegas e amigos que leram adoraram e por isso, estão pipocando de alegria com a confirmação de uma sequencia que deverá aterrissar brevemente por aqui. Estou me referindo ao novo livro de Lauren Weisberger, autora de “O Diabo Veste Prada”.
Os amantes dessa obra que bombou (no bem sentido) em todas as livrarias do País e que virou filme em 2006 podem comemorar: a autora anunciou que irá lançar mais um livro que dá continuação à história. Além de “O Diabo Veste Prada”, ela também escreveu "A Vingança Veste Prada", focada na vida de Andy Sachs.
A personagem principal do novo livro que se chamará "When Life Gives You Lululemons" (Quando a vida te dá Lululemons, em português) não será mais Andrea Sachs (interpretada por Anne Hathaway no filme), mas sim a outra ex-assistente de Miranda Priestly, Emily Charlon (interpretada por Emily Blunt).
Os leitores terão a oportunidade de entender o que aconteceu depois daquelas últimas cenas icônicas e, também, compreender a perspectiva de Emily que agora é consultora de imagem de celebridades e tem que lidar com um escândalo com uma de suas clientes.
O título do novo livro vem da expressão "quando a vida te dá limões, você faz uma limonada", no caso fashion, "Lululemons" é uma marca de roupas fitness.
O livro está previsto para ser lançado nos Estados Unidos em junho. No Brasil, com certeza, deverá aterrissar poucos dias depois, mas meu colegas e amigos leitores estão torcendo por um lançamento simultâneo.
Quem sabe...

18 março 2018

Cinco livros que marcaram a geração adolescente dos anos 70


E aí galera? Vamos com uma listinha para matar saudades? Saudades dos inesquecíveis anos 70. Uhauuuu!! Como aproveitei! Todos nós temos as melhores fases da vida, aqueles períodos que temos vontade de viver mil vezes. No meu caso, foram os anos 70. Para mim, eles venceram em tudo: na música, nos estudos, nos amigos, nas paqueras e claro, nos livros.
Há poucas horas antes de escrever esse post, bateu uma nostalgia incrível da década ‘sete ponto zero’, quando eu estava no auge da minha adolescência. E uma das primeiras lembranças que chegaram ‘voando’ foram alguns livros que se tornaram verdadeiras coqueluches há mais de 30 ou 40 anos atrás. Sabem aquele tipo de obra que marca uma geração?
Por isso, como forma de amenizar essa baita nostalgia, decidi selecionar cinco livros que na minha humilde opinião foram verdadeiras ‘febres’ nos inesquecíveis e inabaláveis anos 70, pelo menos para a geração adolescente. Vamos à eles.
01 – Eu, Christiane F., 13 anos, Drogada, Prostituída... (1978)
“Eu, Christiane F., 13 anos, Drogada, Prostituída...” ocupa com folga o primeiro lugar da lista. Acredito que esse livro revolucionou toda a geração jovem dos anos 70. Lembrando que o seu lançamento aconteceu 1978, mas só chegou no Brasil em 1982 através da editora Difel. Mesmo tendo aterrissado no Brasil com um pouco de atraso, não poderia deixar de incluí-lo nessa lista porque ele mexeu e muito com a geração do final dos anos 70, também. Apesar do tema polêmico, considerado tabu há quase 40 anos atrás, muitos adolescentes e pré-adolescentes driblaram a vigilância dos pais e conseguiram ler a obra. Por outro lado, havia também aqueles pais que chegavam a estimular a leitura dos filhos, pois entendiam que o depoimento de Christiane F serviria de alerta para que eles não ingressassem no mundo – quase sempre sem volta – das drogas.
O livro originou-se do próprio interesse de Christiane F, em romper o silêncio e relatar seu depoimento aos jornalistas Kai Hermann e Horst Rieck sobre a questão dos tóxicos entre os adolescentes.
Em 2014, escrevi um post sobre o livro (ver aqui onde dou mais detalhes sobre a obra escrita por Hermann e Rieck.
02 – Pássaros Feridos (1977)
Era o ano de 1985 e o SBT – canal de Silvio Santos que estava em funcionamento há apenas quatro anos – colocava no ar o primeiro capítulo da minissérie “Pássaros Feridos” com Richard Chamberlain, na época um galã que arrancava longos suspiros da galera feminina. A polêmica história de um padre que é apaixonado por uma moça que conhece desde criança conseguiu uma verdadeira façanha naquele ano: vencer a toda poderosa Rede Globo de Televisão.
Silvio Santos que não era bobo (e continua não sendo) atrasava a exibição da minissérie – cujo horário normal era as 21H30min – para não bater de frente com a novela Roque Santeiro da concorrente platinada. Resultado: Quando ia ao ar, “Passaros Feridos” engolia TV Pirata, Tela Quente, Magnum, enfim qualquer programa que fosse exibido naquele horário. A surra era humilhante.
O que alguns telespectadores que ficavam com os olhos vidrados na Tv não sabiam era que a tal minissérie não tinha nada de original, já que era baseada num livro escrito por Colleen McCullough lançado em 1977, oito anos antes do trunfo de Silvio Santos ter sido levado ao ar.
Acredito que a minissérie do SBT foi responsável pelo ‘boom’ de vendagem do livro em meados dos anos 80, quando algumas editoras – incluindo a antológica e saudosa Círculo do Livro - aproveitando a idéia do ‘homem do baú’ resolveram relançar a história.
Mas  a cobra fumou mesmo nos anos 70, quando “Pássaros Feridos” desembarcou pela primeira vez nas bancas brasileiras. Muitas adolescentes penaram para ler o livro de McCullough por causa dos protagonistas que formavam um casal bem peculiar. ‘Foi um tal de’ mães entrarem sorrateiramente no quarto da filha para ver se elas não estavam lendo o livro escondido...
03 – Eram os Deuses Astronautas (1970)
Apesar do livro do escritor suíço Erich Von Daniken ter sido lançado nos Estados Unidos, Alemanha e Portugal em 1968, a obra só chegou no Brasil dois anos depois pela editora Melhoramentos. E juntamente com “Eu, Christiane F., 13 anos, Drogada, Prostituída...” e “Pássaros Feridos” foi mais uma obra considerada polêmica nos anos 70; daquelas que mexem no vespeiro. Ahahahaha!! Viram só como a minha geração gostava do perigo?!
 Eram OsDeuses Astronautas?” foi um livro que marcou os leitores da geração adolescente da década de 70. Os seus questionamentos bombásticos e até mesmo ensandecidos para aquela época – como já disse acima, obra foi lançada em 1968 – quando o homem nem sequer havia pisado na lua, deixaram as comunidades científicas e religiosas mais fundamentalistas com os cabelos em pé. Por outro lado, as pessoas que integravam as alas de vanguarda simplesmente, vibraram com as teorias de Daniken.
No meu caso, só lembro que devorei e devorei com muita avidez as suas páginas em pouco tempo.
04 – A História de Fernão Capelo Gaivota (1970)
Este livro fez a cabeça dos jovens há quatro décadas. Fernão Capelo Gaivota é um romance do norte-americano Richard Bach, lançado no Brasil pela editora Nórdica, em 1970, com o título de "A História de Fernão Capelo Gaivota".
O autor escreve sobre uma gaivota de nome Fernão que decide que voar não deve ser apenas uma forma para a ave se movimentar. A história desenrola-se sobre o fascínio de Fernão pelas acrobacias que pode modificar e em como isso transtorna o grupo de gaivotas do seu clã.
A história simples, mas fascinante sobre liberdade, aprendizagem e amor, conquistou toda a geração jovem de leitores do início dos anos 70.
“A História de  Fernão Capelo Gaivota” ou simplesmente “Fernão Capelo Gaivota” fez tanto sucesso que na época do seu lançamento, a Gravações Elétrica S.A. por meio do seu selo Continental, produzido pela Transbrasil lançou um LP com a gravação da adaptação do livro, narrado pelo consagrado radialista Moacyr Ramos Calhelha com a participação de Hebe Camargo que cantou a música “Pai Nosso”, e a participação de Wilson Miranda que, por sua vez, cantou as músicas “No Infinito Azul”, “O Vôpo Solitário” e “Ave”.
05 – Love Story – Uma História de  Amor (1970)
O romance de Erich Segal, “Love Story” que no Brasil recebeu o título de “Uma História de Amor” foi o livro mais vendido nos Estados Unidos em 1970 e chegou a ser  traduzido para 33 idiomas. Na época as livrarias enfrentaram filas gigantescas de leitores que de tão desejosos em adquirir a obra chegaram a dormir nas portas das lojas. No Brasil não foi diferente, com os adolescentes e pré-adolescentes disputando no tapa, um exemplar nas livrarias.
Em 1969, Segal havia escrito um roteiro sobre o envolvimento de um rapaz rico com uma garota pobre que sofre de doença terminal. Os executivos da Paramount ‘amaram’ o enredo lacrimoso e sem pestanejar compraram o texto para ser adaptado para o cinema. Para reforçar a divulgação do filme “Love Story”, a produtora pediu que o autor escrevesse também um livro baseado no roteiro cinematográfico, que seria lançado nas lojas no Dia dos Namorados do ano seguinte, semanas antes de o longa ir para os cinemas. A estratégia funcionou.
“Love Story – Uma História de Amor” arrebenteu nas livrarias e também nas bilheterias dos cinemas.
Taí galera, espero que tenham gostado dessa viagem literários aos anos 70.
Abraços!

14 março 2018

Carrie, A Estranha


Brigaduuuuu Tabitha!! Um colega meu, vive dizendo, ou melhor, exclamando isso. Sempre que encontro o Marcelo – fã incondicional de Stephen King, assim como eu – e o assunto invade a praia do mestre do terror, lá vem o “Celão” com a famosa frase.
Segundo ele, se não fosse Tabitha, esposa de King, hoje não teríamos o privilégio de ter nas mãos os livros do cara. Afinal de contas foi ela quem salvou um manuscrito que o autor, em início de carreira, jogou no lixo após ter achado a história uma porcaria. Ao ver a atitude do marido, Tabitha foi até o cesto de lixo e não parou de fuçar até ter encontrado o manuscrito todo amassado. Pegou as folhas de papel judiadas e esfregou no nariz de King. Fico imaginando a bronca bronca que o autor levou: “Seu infeliz!! Tá louco?! Você chegou a ler direito o que escreveu?! Então, pode dar um jeito de publicar essa história porque ela é fantástica!”
“Carrie, A Estranha”, é essa a tal história que o escritor odiou, mas a sua esposa amou. O Celão acredita que a carreira de  King começou a deslanchar a partir desse fato e que se não houvesse a intervenção de Tabitha, o autor poderia ter a sua inspiração literária encerrada naquele momento. Bem, não sei chega a tanto, às vezes penso que o meu colega de leitura esteja radicalizando. Acredito que King teria outras idéias incríveis, mesmo que Carrie não tivesse sido salva da extinção por uma esposa dedicada e acima de tudo inteligente. Na minha opinião o que vale nisso tudo é que Tabhita King nos presenteou com uma história incrivelmente fantástica e que, na época,  já deixava evidente todo o talento precoce de seu marido.
Penso que o grande King estava um pouco ébrio ou chapadaço e por isso, não conseguiu enxergar a obra prima que havia acabado de produzir em 1974.
Pois é, você pode até não gostar de algumas histórias do autor, mas dizer que ele não sabe escrever... bem, isso já atinge o status de heresia. Cara, King dá um verdadeiro show em “Carrie, A Estranha” unindo vários gêneros de linguagem num só enredo. A obra é construída no estilo epistolar, onde o autor explica através de cartas, notas de diários, notícias de jornais, trechos de livros fictícios, publicações científicas e etc, toda a saga da personagem principal Carieta White. Agora, você que ainda duvida da capacidade de King, vai lá amigo: tenta escrever uma história mesclando todas essas formas de linguagem, sem transformar o seu enredo numa bagunça generalizada. Com certeza, até mesmo, vários escritores conceituados não se arriscariam a ficar misturando estilos peculiares de linguagem. Para seguir por esse caminho, o cara tem que ser gênio e King, ao escrever Carrie, provou que é um escritor diferenciado.
O enredo de “Carrie, A Estranha” é carregado de emoções pesadas com trechos muito fortes e que chega a machucar o leitor, a partir do momento que ele começa a se envolver com os personagens. As descrições de bullying contra Carrie na escola são bem pesadas, da mesma forma, também é a sua interação com a mãe, uma religiosa fanática e fundamentalista.
Os pensamentos conflituosos de Carrie são descritos com perfeição por King, principalmente quando ela perde o controle de sua telecinese e começa a mandar tudo para os ares.  Este detalhe se transforma na grande diferença entre você ler o livro e assistir aos quatro filmes baseados na obra – três no cinema e um na TV. Nas telas é evidente que o cinéfilo não consegue saber o que está se passando na cabeça da personagem no momento em que ela sai botando fogo em tudo. Já no livro, o autor descreve detalhadamente tudo o que Carrie está pensando durante as suas ações, ou seja, o leitor entra na cabeça da personagem.
O capítulo que mostra a destruição da cidade de Chamberlain aumenta ainda mais a tensão durante a leitura. É como se você estivesse lá, vivendo o drama de cada morador e também o de Carrie. Caraca, fiquei com o coração na mão.
Nem mesmo grande parte do texto escrito em epístolas quebra o ritmo da leitura. As opiniões de médicos e cientistas que tentam explicar o fenômeno da telecinesia, as reportagens de jornais fictícios, além dos depoimentos de personagens que contam as suas experiências de terem conseguido sobreviver à tragédia da destruição de parte da cidade também prendem e muito a atenção.
Enfim, “Carrie, A Estranha” é um livro forte, tenso e violento. O próprio King admitiu ter escrito a obra em uma época difícil, onde passava por certa instabilidade emocional. Resultado: conseguiu idealizar uma história crua e com surpreendente poder de machucar e horrorizar.
Gostei muito do livro.
Recomendo!

10 março 2018

As Brigadas Fantasma


Acabei de ler “As Brigadas Fantasma” e gostei; mas para ter gostado tive que me libertar totalmente da sombra de “Guerra do Velho” que me causou uma baita ressaca literária. E confesso que nos primeiros capítulos foi difícil engrenar a leitura. Sei lá, não ia. Acho que esperava uma continuação direta do primeiro livro, acreditando encontrar novamente por lá o personagem com o qual havia me identificado tanto. Ele mesmo: John Perry, o próprio.
Estava louco para saber como seria o seu reencontro com Jane Sagan depois da épica Batalha de Coral contra os Rraeys. Se eles iriam, de fato, ficar juntos ou não. Além disso, após ter sido promovido, certamente, Perry teria novos desafios como focial das Forças Coloniais de Defesa (FCD). ‘Entonce’, fiquei sabendo através de um amigo que havia lido “As Brigadas Fantasma”  que apesar da obra pertencer ao mesmo universo de “Guerra do Velho”, a história contava com novos personagens - sem muitos daqueles que estiveram no primeiro livro, inclusive Perry – além de não ser uma sequência direta do primeiro livro. Para que o leitor tenha uma idéia, o nome de Perry é citado duas ou três vezes no enredo, com ênfase maior no final da história, no mais, John Scalzi preferiu ignorar o “velhinho” maneiro neste livro.
Agora, se você se interessou pelas tropas de elite das Forças Coloniais de Defesa – as famosas Brigadas Fantasma - que arrasaram em “Guerra do Velho”, pode ir dando os seus pulinhos de alegria porque o segundo volume da saga é dedicado com honras e glórias à elas.
Sai Perry e seus companheiros de pelotão das Forças Coloniais de Defesa e entra Jared Dirac e a galera explosiva das Brigadas Fantasma, incluindo, é evidente, Jane Sagan.
Conforme a leitura ia se aprofundando, confesso que a minha decepção foi deixando de existir porque a trama criada por Scalzi é fantástica e prende o leitor como uma teia de aranha. Além do mais, Dirac que, ao lado de Sagan, ganhou o papel de protagonista da história é bem carismático - se não tanto quanto Perry, pelo menos chega perto - e assim, você acaba torcendo pelo cara que é obrigado a superar uma série de desafios e dificuldades ao longo da história.
Como já disse acima, o segundo volume da saga pertence exclusivamente às Brigadas Fantasma. Nele, o autor cria uma trama ardilosa onde a tenente Sagan descobre um ardil sendo tramado contra a humanidade e um plano para a subjugação e a erradicação de toda a raça humana. Trata-se de um genocídio planejado detalhadamente com base na cooperação, até então inédita, entre três raças alienígenas, contando também com a participação de um ser humano, um traidor.
Planejados para serem mais fortes, espertos e inteligentes, os soldados que integram as Brigadas Fantasma são convocados para tentar evitar esse extermínio em massa.
Scalzi destrincha as Brigadas Fantasma nesse segundo livro da saga. O leitor aprender tudo sobre os super-soldados: como pensam, como ocorre a integração entre eles, como é o seu treinamento. Tudo isso sob a ótica de Jared Dirac, o novo recruta das brigadas.
Para os fãs de John Perry, o autor reserva um presentão nas páginas finais, ou melhor, na página final: a insinuação – que mais parece uma certeza – de que John Perry poderá voltar no terceiro volume da saga.
Vamos aguardar e principalmente torcer.

07 março 2018

Para manter um blog literário é preciso ter muita perseverança, além de ser um verdadeiro devorador de livros


Gosto de ficar zapeando outros blogs literários pela net. Gosto, demais. Geralmente, no início de noite, quando chego do meu trabalho e não tenho nenhuma postagem programada para o Livros e Opinião, lá vou eu fuçar na dona Internet atrás de novidades e quase sempre acabo parando em blogs semelhantes ao meu, ou seja, sobre literatura.
Encontro muitas postagens excelentes e não nego que comprei e também deixei de comprar vários livros por causa dos comentários desses blogueiros. Ao longo dessas zapeadas acabei ficando fã de alguns blogs e passei a acompanhá-los com freqüência. Fiquei triste, também, quando alguns companheiros decidiram parar definitivamente com os seus posts, ‘matando’ o blog. Cara, quando espaços literários de ótima qualidade deixaram de existir. Não tinha importância nenhuma se as páginas virtuais eram grandes ou pequenas, o que interessava eram os textos de qualidade que os caras escreviam. Senti tanto a perda desses blogs que até fiz um post em homenagem à eles (ver aqui), torcendo para que voltassem no futuro.
Mas acredito que ainda mais triste do que ver alguns blogs literários ‘fechando as portas’ é ver o blogueiro mudando o foco de suas postagens e consequentemente as características de seu blog ou site. Explico melhor. Imagine eu, descontente com o baixo numero de visitas e páginas visualizadas no ‘Livros e Opinião’, mudando o foco de abordagem do blog. Deixo as postagens sobre livros de lado e começo a escrever sobre filmes, séries de TV ou então continuo com os livros, mas dando uma atenção muito maior as produções cinematográficas. Mudo até o nome do blog para “Livros, Filmes e Opinião” ou se decidir ser mais radical e banir os livros, adotaria: “Filmes, Séries e Opinião”. Lembrando que o único objetivo dessa mudança é aumentar o numero de visitas em minha página.
Pois é, nas minhas zapeadas pela rede, vi com muita surpresa e tristeza que muitos blogs literários que acompanhava e seguia, decidiram mudar totalmente ou parcialmente de gênero. Por uma questão de ética não vou citar os nomes dos blogs nesse post, mas caraca, fiquei muito chateado. Na realidade fiquei decepcionado, pois de uma hora para outra, essas páginas direcionaram o núcleo de suas postagens para filmes e séries, deixando os livros como muleta ou simplesmente um ‘pau de escora’.
Quero já dizer de antemão que não tenho nada contra cinema e televisão e muito menos contra os blogueiros que escrevem sobre esses gêneros. O que me entristece é a atitude da pessoa se ‘vender por alguns cliques à mais’ pagando um preço muito caro por isso: deixando de escrever sobre um assunto que ela adora, livros.
Fiquei perplexo em dois casos, onde os administradores da página, no passado, criticaram filmes baseados em livros, mas após a mudança de foco do blog, passaram a elogiar esses mesmos filmes!! C-a-r-a-m-b-a!
Uma ‘coisa’ é você iniciar um blog sobre livros, filmes e séries de TV, por ser fã desses gêneros; outra coisa muito diferente, é você iniciar um blog literário porque gostar de ler, mas no meio da jornada, sonhando com um número maior de cliques em seu site, decide abordar algo que foge do seu gosto ou afinidade.
Não nego que já passei por esse tipo de crise (ver aqui) e fiquei em dúvida se passava a escrever sobre outros assuntos, incluindo filmes, ou não. Controlei o meu ímpeto e a tentação dos cliques extras acabou se diluindo. Hoje, não me arrependo. O número de acessos se comparado a outros blogs que fazem postagens de filmes e séries famosas de TV é pequeno - percebo isso quando publico alguma lista de  livros que serão adaptados para o cinema ou TV. Elas tem até três vezes mais acessos do que simples resenhas de livros, por melhor que seja o livro – mas o importante é que estou fazendo algo que gosto e que me dá prazer. Se não tenho um índice enorme de acessos, em compensação tenho os meus visitantes fiéis que sempre estão ‘folheando’ as páginas do “Livros e Opinião”. São os visitantes que sempre retornam e isso é muito importante, pois é um sinal de que os meus posts ainda estão despertando interesse dessas pessoas.
Fica aqui um conselho para aqueles que estão planejando ter um blog exclusivamente sobre livros. Faça isso, somente se você for, de fato, um devorador ou devoradora de livros. Jamais crie um blog literário pensando em ter milhares de acessos diários.
Não se iluda.
Abraços!

03 março 2018

Misery – Louca Obsessão (Angústia)

Edição relançada recentemente pela Suma de Letras
Annie Wilkes, Annie Wilkes... Este nome que mergulhou o escritor Paul Sheldon no mundo da insanidade, chegando muito perto da loucura, também fará com que o leitor se sinta incomodado, muito incomodado. Este incômodo significa: raiva, medo, nojo e muito estômago embrulhado. É por isso que defino essa enfermeira psicótica como uma das personagens mais tenebrosas criadas por Stephen King, talvez, até mais do que o próprio Pennywise, o palhaço sobrenatural de “A Coisa” ou “It”.
Wilkies não é apenas louca, ela é má. Agora imagine uma pessoa má ao extremo e ainda psicótica. Certamente se você cruzar com alguém assim, o estrago será grande. E foi isso o que aconteceu com o personagem Paul Sheldon, um escritor famoso que após tomar todos os drinks os quais tinha direito, saiu dirigindo debaixo de uma tempestade de neve. Resultado: bateu o carro, quebrou as duas pernas, teve uma parada respiratória e... acabou sendo salvo por Wilkes que coincidentemente passava pelo local com o seu jipe. Triste Paul, para sofrer o que o coitado sofreu nas mãos da “Mulher Dragão” (este é o apelido que ela ganha durante a história), seria melhor deixá-lo morrer ali na estrada.
A enfermeira tresloucada do livro "Misery - Louca Obsessão", relançado recentemente pela Suma de Letras, leva Sheldon para a sua casa isolada no campo e lá resolve ‘cuidar’ de seu paciente. O escritor que é autor de uma série de romances de época que viraram Best-sellers acorda num lugar estranho numa manhã de inverno, com dores terríveis graças a sua bacia deslocada, o joelho esmagado e duas pernas quebradas.
Kathy Bates (Annie Wilkes), ganhadora do Óscar e James Caan (Paul Sheldon)
A sua cuidadora com vários parafusos soltos e um coração maléfico é uma robusta ( e bota robusta nisso) enfermeira que maneja habilmente remédios controlados pelo governo, além de alguns instrumentos de forma abusiva, entre eles um machado, um maçarico e uma faca elétrica. Annie Wilkes é uma mulher com um sentido distorcido do que é bom ou mau, certo ou errado. Para ela, por exemplo, que é fã incondicional dos livros da série Misery escritos por Sheldon, não é certo que sua personagem preferida, Misery Chastain, tenha sido morta por seu próprio criador – o que ela acaba descobrindo quando o ultimo livro de Paul chega ás livrarias.
Como deseja que o pobre autor seja a sua abelha operária, ela compra uma máquina de escrever, uma resma de papel, e exige que ele traga Misery de volta. Preso a uma cadeira de rodas, viciado em um remédio, trancado num quarto e sofrendo torturas terríveis, Paul não tem outra alternativa. Ele é o escritor mantido preso por sua fã numero um. Uma fã completamente louca.
“Angustia” ou “Misery” foi adaptado para os cinemas em 1991 e deu para Kathy Bates
Edição rara da Francisco Alves de 1987
– que viveu Annie Wilkes - o Oscar de Melhor Atriz, mas já adianto que a Wilkes das páginas é muito mais horripilante do que a personagem dos cinemas, diga-se de passagem, brilhantemente vivida por Bates.
Como escrevi no início desse post, King criou uma personagem capaz de superar Pennywise. Se o palhaço de “A Coisa” é maligno, Annie Wilkes é mais maligna ainda; se ele é louco, ela é ainda mais louca.
É evidente que não dá para descrever nenhuma das maldades que a “mulher-dragão’ faz com a sua vítima, caso contrário estaria recheando esse post de spoilers, o que posso dizer que é que as suas atitudes são ainda mais cruéis do que as cometidas no filme, que por si só já são assustadoras. Uma dessas passagens é a da marreta em que para punir Paul por ele ter tentado fugir, Kathy Bates amarra os seus dois tornozelos com uma corda e coloca no meio deles um calço de madeira. Depois, ela apanha uma marreta e ‘desce o sarrafo sem dó’ como se os tornozelos do escritor fossem uma bigorna. No livro, o castigo é completamente diferente e muuuiito pior. Juro que o meu estômago embrulhou e cheguei a ler as páginas meio que apressadamente para não ficar agonizado.
Como não bastasse essa bordoada, King ainda reserva outro castigo para o arrebentado personagem – que nessa altura do campeonato, mais se parce com um Judas malhado – que causa mal estar no leitor. Ok, basta dizer que deixei de usar faca elétrica na cozinha de minha casa. Arghhhhh!!
Cena da marreta no filme "Louca Obsessão" de 1991
Costumo dizer que King é um gênio; um escritor completo porque foge inteiramente do convencional. Para ele não tem graça criar um personagem que escolha os caminhos mais óbvios ou racionais quando precisam enfrentar uma situação adversa.  Com Paul Sheldon não foi diferente. No momento em que os leitores esperam que ele vá se vingar da enfermeira psicótica, pagando com a mesma moeda, ferindo a sua carne, eis que... Tcham! Tcham! Ele tem um idéia fantástica e descobre um meio de machucar profundamente Wilkies – deixando-a ainda mais arrebentada emocionalmente – sem usar nada que fira o seu corpo (a vingança na carne vem depois da vingança psicológica).
Somente  após a mulher ter ficado grogue com a pancada psicológica é que Paul parte para a retaliação física, usando para isso, parte do material empregado para desestabilizá-la emocionalmente. Ficaram um pouco confusos? Pois bem, leiam o livro ou assistam ao filme, já que essa parte final da produção cinematográfica é semelhante a obra escrita por King, e então entenderão o que eu quis dizer.
Um dos melhores livros que eu li do mestre do terror.
Ufa... suei frio em vários trechos.

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