28 maio 2022

10 livros de faroeste para você ter em sua estante

Quando conversamos com alguém sobre faroeste, cowboys, pistoleiros ou cavaleiros solitários, a primeira imagem que vem em nossas cabeças são os filmes do gênero. Quase que imediatamente nos lembramos de “Sete Homens e Um Destino”, “O Dólar Furado”, “Django”, “Meu Ódio Será Tua Herança”, além de outros clássicos que fizeram a galera ficar de olhos colados nas telonas dos cinemas. Os livros nessas horas passam longe e bem longe.

O que algumas pessoas desconhecem é que além dos filmes, também temos excelentes livros sobre o tema. Verdade! E livros tão bons quanto os filmes. Infelizmente, muitos leitores pensam que as histórias de cowboys estão restritas aos livros de bolso dos anos 70 que faziam parte das pulp fictions. Nada contra essas publicações, mesmo porque li muitas delas na minha infância e adolescência e adorava. O que estou querendo explicar é que os anos passaram e com isso as publicações de histórias sobre o velho oeste acabaram evoluindo, deixando os formatos pulp de lado para assumir layouts bem mais modernos. Os enredos, por sua vez, foram atualizados mas sem perder a sua originalidade.

É uma pena que esse gênero não ganhou a divulgação merecida das editoras que preferiram apostar, ao longo dos anos, em sagas, trilogias ou romances do tipo “Young Adult”. E assim enquanto as histórias sobre o velho Oeste estagnavam, a chamada literatura “YA” prosperava com os seus Harry Potrters, Percy Jacksons, Jogos Vorazes, Crepúsculo, A Culpa é das Estrelas e por afora.

No post de hoje quero resgatar esse tipo de literatura que ficou esquecida com o passar dos anos mesmo contando com o lançamento de obras do mais alto nível graças a persistência de poucos editores que ainda acreditam que os cowboys, os cavaleiros solitários e os desbravadores do velho Oeste da literatura não morreram. Selecionei dez livros para os leitores que apreciam o gênero. Podem comprar; vale a pena.

01 – Trilogia Gatilho (Carlos Estefan e Pedro Mauro)

Se você é fã de Histórias em Quadrinhos e, claro, faroeste do tipo cavaleiro solitário que chega em uma cidadezinha do velho Oeste para se vingar de algo que lhe aconteceu no passado, então está intimado a comprar os três livros da série “Gatilho”. A editora Pipoca & Nanquim decidiu, no ano passado, presentear os seus leitores com uma edição hiper luxuosa agregando toda a trilogia. Verdade! As três histórias em quadrinhos lançadas separadamente em 2017, 2018 e 2019 - que já estavam esgotadas em suas edições originais - estarão reunidas num único volume.

Quando foi publicada em 2017, a graphic novel Gatilho chegou sem fazer muito alarde, com os seus autores-  os brasileiros Carlos Estefan e Pedro Mauro - não tendo a intenção de escrever uma continuidade tanto é que o enredo foi formatado para se tornar uma história única. Pois é, mas o sucesso foi tanto que Estefan e Mauro resolveram sequenciar a aventura do pistoleiro sem nome transformando-a numa saga. Logo depois, em 2018 e 2019, foram lançados os dois próximos quadrinhos que se tornaram um fenômeno de vendas. Hoje as três histórias em quadrinhos estão esgotadas e se não fossem a Pipoca & Nanquim, os amantes de novelas gráficas, principalmente aqueles que são fãs do gênero western estariam privados de ler essas três preciosidades.

A trilogia do “pistoleiro sem nome”, composta pelos volumes Gatilho, Legado e Redenção é amplamente ovacionada por público e crítica como um dos melhores faroestes já feitos no Brasil.

A edição definitiva da editora Pipoca & Nanquim tem formato grande, com capa dura de papel linho, lombada redonda e 260 páginas em papel de alta gramatura. Como já disse acima, reúne os três volumes originais, desta vez coloridos pelo próprio Estefan, uma história inédita em preto & branco e prefácio exclusivo do autor italiano Gianfranco Manfredi, parceiro de Pedro Mauro em outros projetos na Sergio Bonelli Editore.

02 – Cimarron (Edna Ferber)

Esta dica de leitura é para a galera que adora história de desbravadores do Velho Oeste americano. Cimarron de Edna Ferber aborda o período da colonização do estado de Oklahoma que começou no início do século XIX.

Ferber conta a saga do advogado, ex-jornalista e aventureiro Yancey "Cimarron" Cravat que em 1889 se casa com uma dama do Sul e resolve retornar ao Oeste, tentando conseguir as terras com as quais sonhara construir um rancho e criar gado, aproveitando a "corrida pela terra" iniciada com a concessão do governo americano de vários hectares de Oklahoma para a colonização, adquiridos dos índios. E assim, o casal acaba se transformando em pioneiros do novo estado americano. Além dos Yancey, são vários os competidores pelas terras, alguns, durante a jornada acabam virando seus amigos, enquanto outros viram inimigos.

Dentro desse contexto, ocorrem as brigas, trocas de tiros, romances, desavenças e traições.

O livro da escritora americana publicado originalmente em 1930 serviu de roteiro para dois verdadeiros clássicos do cinema. O primeiro “Cimarron”, que passou nas telonas em 1931, com Richard Dix e Irene Dunne, conquistou as estatuetas de melhor filme, direção de arte e roteiro adaptado. Recebeu ainda indicações nas categorias de melhor ator, atriz, diretor e fotografia. Quanto ao “Cimarron” de 1960, apesar de mais modesto, ainda conseguiu ser indicado ao Oscar por ‘Melhor Direção de Arte’ e ‘Melhor Som’.

03 – Os Melhores Contos de Faroeste (Vários Autores)

A coletânea de histórias lançada pela José Olympio Editora em 2004 reúne 17 contos clássicos ambientados no velho oeste americano, escritos por verdadeiras feras, entre os quais: Elmore Leonard, Jack London, Stephen Crane e até mesmo Mark Twain – juro que eu não sabia que ele também tinha escrito temas de bang-bang. 

Faz parte da antologia um dos maiores clássicos do velho oeste. Estou me referindo ao conto Um Homem Chamado Cavalo de Dorothy M. Johnson que no início dos anos 70 foi adaptado para os cinemas. O filme homônimo tinha no papel principal o saudoso ator Richard Harris (o Dumbledore de Harry Potter) que vivia um aristocrata inglês (John Morgan), de modos refinados, que fazia parte de uma expedição em Dakota em 1821, quando acaba sendo capturado por  indios Sioux.

Morgan passa a ser tratado como um animal, entretanto ao contrário dos outros homens brancos, ele passa a respeitar a cultura dos seus captores, ao mesmo tempo em que inicia um aprendizado sobre os seus costumes. Desta maneira, o aristocrata vai ganhando, aos poucos, o respeito dos índios. Apesar de ter assistido ao filme ainda moleque, me recordo de uma cena onde o personagem para poder se casar com uma índia da tribo acaba sendo obrigado a passar por um ritual medonho. Brrrr..

A presença dessa história em Os Melhores Contos de Faroeste chamou-me a atenção devido a sua raridade. O conto de Johnson nunca veio a ser lançado no Brasil. Ele apareceu pela primeira vez na revista Coller, em 7 de janeiro de 1950, depois foi reeditado em 1968, como uma pequena história dentro do livro Indian Country, também de autoria da escritora americana.

Vou ser sincero, já li o livro e dos 17 contos gostei apenas de oito, mas todos nós sabemos que gosto não se discute, pode ser que você acabe gostando daqueles que eu não gostei e odiando aqueles que eu amei.

04 – Meridiano de Sangue (Cormac McCarthy)

Cara, muito violento. Não recomendo para os leitores mais sensíveis. Apesar do enredo denso e cheio de ações agressivas e selvagens, a obra de Cormac McCarthy foi bem aceita tanto pela crítica quanto pelo público. Neste livro, McCarthy reinventa a mitologia do Oeste americano criando uma obra arrebatadora sobre uma terra sem lei, em que o absurdo e a alucinação se sobrepõem à realidade.

Desde as primeiras páginas de Meridiano de Sangue, o leitor acompanha um rapaz sem família, conhecido apenas por “Kid”, abandonado à própria sorte num mundo brutal em que, para sobreviver, precisa ser tão ou mais violento que seus inimigos. Recrutado por uma companhia de mercenários a serviço de governantes locais, atravessa regiões desérticas entre o México e o Texas com a missão de matar o maior número possível de índios e trazer de volta seus escalpos.

Liderados pelo Capitão Glanton e um homem terrível, conhecido por "O Juiz" um gigante albino violento, capaz de matar animais e até mesmo crianças. Ele é visto como uma figura carismática, inteligente, habilidosa e até mesmo sobrenatural.

Em Meridiano de Sangue, o autor mostra uma parte violenta da história americana, o velho oeste desmistificado de toda a sua aura de inocência e duelos heroicos. O que vemos no enredo é algo denso, carregado de selvageria que nos faz ter uma visão menos simplista do papel e da luta dos nativos americanos e até dos cruéis caçadores de escalpos.

05 – Oeste Vermelho (Magno Costa e Marcelo Costa)

Tenho dois amigos que leram essa história e adoraram e olha que eles são leitores muito exigentes. Além disso, constatei boas avaliações com relação a Oeste Vermelho nas redes sociais. Por isso decidi incluí-la nesta relação. 

A história em quadrinhos criada pelos irmãos brasileiríssimos Magno e Marcelo Costa se passa numa típica cidade pequena do Velho Oeste americano povoada por fazendeiros e ameaçada por bandidos assassinos. Poderia ser considerada uma história comum, se não fosse a ambientada no mundo dos desenhos animados de gatos e ratos. Oeste Vermelho é inspirado nos filmes de Sergio Leone e John Ford, e é uma jornada de perdas, redenção e, mais do que tudo, vingança, mas só que envolvendo os nossos amiguinhos gatos e ratos.

A saga criada pelos irmãos Magno acompanha a história de  Nedville, uma cidade de ratos. A pequena cidade de faroeste logo é abalada com a notícia de um ratinho forasteiro que diz que gatos fizeram uma chacina na cidade vizinha.

Logo formam-se dois grupos: um comandado por Frank Jones (que quer armar uma defesa contra os gatos e até abandonar a cidade se for o caso) e outro comandado pelo rico roedor Madlock (que não acredita na história e quer que tudo siga normal). Os dias passam e os gatos comandados por Chartreux finalmente chegam na cidade.

Com a chegada dos gatos chega também a violência. A matança desenfreada feita pelos felinos tem uma carga emotiva grande.

É a partir da covardia dos gatos que a vingança de Frank Jones tem início. Como disse antes, é uma história sem grandes inovações e segue os moldes tradicionais de vinganças do velho oeste. O ratinho Frank Jones é muito bem construído e é inevitável que torçamos para o sucesso de sua missão.

Fica aí uma boa dica de leitura.

06 – Valdez Vem Aí (Elmore Leonard)

O livro  de Elmore Laonard mostra um Velho Oeste sem lei, onde o homem que o representa só tem poder na medida em que sabe atirar bem. Neste universo brutal, Valdez Vem Aí conta uma profunda história de moralidade e justiça.

No enredo, um pistoleiro chamado Valdez tenta impedir que um homem negro, casado com uma índia seja morto por um grupo de cowboys comandados por um homem muito poderoso chamado Frank Tanner. Ele é acusado injustamente de um crime que não cometeu. O pistoleiro não consegue impedir a morte do homem que acaba deixando uma viúva grávida.

Valdez sabe que a pessoa que deu início ao mal entendido que culminou na morte do negro foi Frank Tanner. Por isso, decide então ir conversar com ele, a fim de pedir quinhentos dólares para ajudar a índia grávida. Tudo o que consegue é ser rebaixado e humilhado por Tanner e seus inúmeros capangas. Tenta recorrer ao diálogo novamente e acaba ainda mais humilhado, sendo enxotado da fazenda com uma cruz presa às costas.

O que seus inimigos não lembram é que depois da crucificação vem a hora da ressurreição.

Bob Valdez revira o fundo do armário e reaparece como o pistoleiro que ninguém via há anos.

Escrito em 1970, este livro foi o oitavo romance de Elmore Leonard e uma de suas investidas de maior sucesso no gênero faroeste. Repleto dos diálogos afiados, o livro agrada em cheio os fãs de um bom western.

07 – Herança de Sangue: Um Faroeste Brasileiro (Ivan Sant’Anna)

Quem disse que o Brasil também não viveu os seus tempos de Velho Oeste? Taí a obra do escritor Ivan Sant’Anna que não me deixa mentir. Herança de Sangue: Um FaroesteBrasileiro narra a violenta formação histórica da cidade de Catalão, no sertão de Goiás. Apesar de se tratar de um assunto histórico, o autor consegue prender a atenção do leitor pois seu texto é leve e fluido.

A obra narra o surgimento da cidade ainda durante o Brasil Colônia (século XVIII), passando pelo Império Brasileiro de D. Pedro II e pela República Velha onde o coronelismo era a grande força política no interior do Brasil.

Sant’Anna narra que desde sua fundação por bandeirantes paulistas até meados do século passado, Catalão - atualmente uma próspera cidade do interior goiano - era uma espécie de faroeste brasileiro. Histórico ponto de pouso dos mais variados tipos de aventureiros em busca de enriquecimento rápido, a localidade foi cenário de terríveis massacres e disputas políticas. Matadores, criminosos e foragidos de todos os quadrantes faziam do pequeno povoado um inferno de violência em meio ao trânsito de ouro, pedras preciosas e mercadorias.

Os pistoleiros e valentões catalanos eram famosos por sempre resolver as discussões, até as mais irrelevantes, no tiro ou na faca. Assassinatos cometidos para solucionar questões "de honra" também vitimaram gerações e gerações de famílias rivais, envolvidas numa selvagem espiral de vingança.

Um livro bem no estilo Velho Oeste, mas brasileiro.

08 – Dança com Lobos (Michael Blake)

Muitas pessoas conhecem apenas o filme com Kevin Costner que ficou famoso ao papar sete Oscars, incluindo os de Melhor Filme e Melhor Direção. Mas o detalhe importante que vários cinéfilos e leitores não sabem é que a célebre produção cinematográfica foi, na realidade, adaptada de um livro homônimo escrito por Michael Blake.

Livro e filme narram a saga de John Dunbar, um oficial de cavalaria, que se destaca como herói na Guerra Civil Americana e, por isto, recebe o privilégio de escolher onde quer servir. Ele escolhe um posto longínquo e solitário, na fronteira.
Ao chegar nesse local isolado, ele estabelece amizade com um grupo de índios Sioux - Lakota, sacrificando a sua carreira e os laços com o exército estadunidense em favor da sua ligação com este povo, que o adota.

A convivência com os indígenas faz com que Dunbar, pouco a pouco, vá adquirindo seus costumes, ao mesmo tempo em que ganha respeito dos nativos. Dunbar acaba se envolvendo com uma mulher branca criada pelos Siouxs, tornando-se um verdadeiro membro da tribo participando, inclusive de batalhas com outros índios inimigos.

09 – Areia nos Dentes (Antônio Xerxenesky)

O livro da gaúcho Antônio Xerxenesky mistura duelos, carteados, mariachis, cowboys e pasmem: zumbis! Hauhauhau! Isto mesmo: zumbis, acredita?! E o curioso é que a maioria das pessoas que leram - conforme pude verificar nas redes sociais – gostaram muito do enredo.

Areia nos Dentes narra a história de Juan Ramírez, filho de Miguel, que tem uma rixa com a família Marlowe. Os Ramírez desconfiam que os Marlowes escondem alguma coisa no seu porão. A história é contada por outro Juan, descendente do primeiro, um velho morador da Cidade do México. Ambas as famílias se odeiam e decidem sempre resolver as suas pendengas (por mais simples que sejam) na bala.

Para complicar ainda mais a situação, dois jovens das famílias rivais decidem se apaixonar passando a viver um amor proibido. O que isso significa? Simples: mais balas.

Para completar o bolo tem os zumbis que também dão as caras na história, mas só no final.

10 – A Filha do Demônio Mayara Cordeiro)

Gostei muito do livro da autora brasileira Mayara Cordeiro. A Filha do Demônio conta a história de uma jovem menosprezada em sua pequena comunidade, inclusive pelos seus próprios familiares, e que sai em busca de vingança por algo que fizeram à sua mãe. A sua jornada será cheia de surpresas. Ela encontrará pelo caminho vários personagens dispostos a ajudar e outros com prazer em lhe prejudicar. 

Não quero estragar o enredo com spoilers mas já adianto que não há como não se apaixonar por Yanan, uma típica heroína ‘a la Sheldon’ ou então querer invadir a história para moer de pancadas o FDP do Rael Amaya, um dos vilões mais cruéis que já vi num livro.

Os últimos capítulos são bem tensos com direito a duelos, tiroteios e perseguições. Os leitores ficarão com uma vontade enorme de mergulhar nas páginas para tomar partido de determinados personagens. Destaque para um reencontro que acontece no final, muito emocionante.mantes de uma boa história de faroeste.

Taí; espero que esta lista possa ir de encontro aos desejos dos os leitores que apreciam o gênero western.

25 maio 2022

Aeroporto, uma leitura que empacou sem nenhum motivo

Você já tentou ler um livro, um livro bom, muito elogiado, mas mesmo assim, com a sua leitura empacando, sei lá... travando? Estranho isso, concordam? Pois é, aconteceu comigo há algum tempo, “uns” dois anos, creio eu.

Tenho, ainda, em minhas estantes vários livros que comprei logo no início, quando resolvi criar um espaço para “abrigar” apenas as minhas obras literárias. Isso há mais de 20 anos; e você acredita que ainda tenho livros que adquiri naquela época e ainda não li?! Aeroporto de Arthur Hailey é um deles.

Ainda me lembro que no período em que adquiri o romance em um sebo, o Portal Estante Virtual nem existia; ele só viria a surgir três anos depois. “Livraria Osório – Livros usados”; viram só como ainda me recordo do nome do sebo onde comprei Aeroporto? Aliás, os primeiros livros que comprei – no momento em que decidi deixar de ser um rato de biblioteca e ter as minhas próprias sagas, coleções e obras avulsas para ler ou reler quando quisesse – foram nesse sebo localizado em Curitiba, no Paraná. Ah! nessa mesma época ainda consegui encontrar diversas publicações na Livraria Papirus, também de Curitiba. Acho que os dois foram os primeiros sebos a comercializarem as suas obras pela internet.

Mas vamos voltar ao cerne dessa postagem antes que eu me aprofunde em minhas divagações. Vamos lá. Comprei Aeroporto, influenciado pelo filme homônimo que havia assistido no cinema em minha infância, nos meus 10 ou 11 anos; acredita?! Depois de tanto tempo ainda me recordava de alguns momentos da história vivida pelos personagens de Burt Lancaster e Dean Martin.

Mal o livro chegou pelos correios – naquela época ainda existiam os ‘fretes a pagar’ quando os correios lhe avisavam que havia uma “encomenda” para você retirar e pagar na agência; bons tempos aqueles – já comecei a ler, mas acontece que a leitura não engatava. A história criada por Hailey desenrola-se no agitado Aeroporto Internacional Lincoln, em Chicago, durante uma tempestade que estende-se também, por boa parte do Centro-oeste dos Estados Unidos. Enquanto a equipe de funcionários do aeroporto tenta contornar os problemas oriundos dessa tempestade, surge um outro contratempo tão ou até mais grave: um passageiro embarca em uma aeronave com uma bomba, com a intenção de explodi-la — suicidando-se — entregando a sua família trezentos mil dólares americanos, de seu seguro de vida. 

Após investigações em terra, a tripulação do avião em que o suicida embarcara toma decisões de emergência na tentativa de pousar a aeronave em segurança.

Achei o roteiro incrível e quando assisti ao filme, não conseguia desgrudar os olhos da tela, mas no momento em que peguei o livro nas mãos, a leitura empacou. Cara, se você me perguntasse o motivo desse bloqueio juro que eu não saberia lhe responder. Olha... sinceramente, não sei. Tinha em mãos um romance que tanto os leitores quanto os críticos da época haviam elogiado aos borbotões e com um enredo incrível, mas acontece que... a leitura não ia.

No início pensei que o grande número de páginas, 563, havia sido o motivo, mas ocorre que eu já tinha lido e adorado sagas bem mais extensas. Depois imaginei que a causa desse bloqueio com o romance de Hailey seria o número excessivo de personagens e consequentemente tramas paralelas, mas, no meu caso, até aprecio enredos com essas características, desde que bem escritos. Agora, você deve estar se perguntando: “E no caso de ‘Aeroporto’, a narrativa com diversos personagens era bem ‘costurada’?” Eu lhe respondo que sim; pelo menos no início até onde eu conseguia engatar a leitura.

Em outras palavras, algo estranho, muito estranho: você ter um best-seller incrível nas mãos e não conseguir lê-lo. Ahahahahhaha!! Contei esse fato para Lulu e ela disse rindo que talvez tenha sido o contrário: “Olha Jam, acho que foi o livro que não topou muito com a sua cara”. Pode? (rs).

Me desculpe ter tomado o tempo de vocês com mais essa divagação, mas sabem... não consigo evitar, às vezes, “elas” escapam e quando percebo já é tarde demais, já as escrevi.

21 maio 2022

Seis livros, outrora difíceis, que se tornaram fáceis nas estantes das livrarias

Há ‘uns’ dez anos, ainda me lembro que estava correndo desesperadamente atrás de A Hora do Lobisomem, de Stephen King, uma publicação simplizinha de marré da editora LPM Pockets. Queria aquele livrinho de bolso de qualquer maneira. Até que um dia o encontrei num sebo virtual por aproximadamente R$ 200,00, em valores atualizados. “R$ 350,00!!!!, que roubo!!!!” Gritei, na época. Não entrava na minha cabeça como uma publicação de bolso com as páginas já amareladas pelo manuseio e a capa com uma fita adesiva transparente na lombada pudesse custar aquele valor. Hoje, entendo – mas não muito (rs) – o motivo do seu alto custo: tratava-se de um livro raro, daqueles que você fuça nas livrarias, até se cansar, e só encontra dois ou três exemplares.

Pois é galera, e não é que três ou quatro anos depois, a Suma (quando ainda era chamada de Suma de ‘LETRAS’) acabou relançando A Hora do Lobisomem numa edição ultra-luxuosa em capa dura e toda ilustrada?! Quer mais? E por um preço módico! Atualmente essa edição da Suma pode ser encontrada facilmente em qualquer livraria física ou virtual.

À exemplo desse clássico escrito por Stephen King, existem muitos outros em situação semelhante, ou seja, estavam praticamente esgotados no passado, mas agora podem ser encontrados facilmente nas livrarias.

Dentro desse contexto ‘deu na telha’ escrever uma postagem sobre o tema. Assim, escolhi cinco livros que eram endeusados em anos passados por serem raros, mas depois com o passar do tempo acabaram perdendo a “coroa” para a alegria de todos nós leitores. Obrigaduuuuuuuuuu à todas as editoras que tiveram a brilhante ideia e principalmente compaixão de todos nós, devoradores de livros, em relançar essas preciosidades. Vamos a elas!

01- A Hora do Lobisomem (Stephen King)

Em 2014, quando escrevia uma postagem sobre obras raras, tinha conseguido localizar nos sebos virtuais apenas um exemplar de A Hora do Lobisomem. Fiquei sabendo, naquela época, que inexplicavelmente, em sua primeira edição (1983), a editora LPM Pockets havia colocada poucos livros no mercado literário. Resultado: eles se esgotaram rapidamente.

O preço assustava e girava em torno de R$ 100,00, em 2014.

Cara, como eu queria aquele livro! Como o preço era absurdamente elevado, fiquei sonhando com o livrinho véinho de bolso; aliás um sonho frustrado. Este sonho só foi se tornar realidade quando a então editora Suma de Letras (hoje, um selo da editora Companhia das Letras), anunciou em julho de 2017 que relançaria a obra de King numa edição luxuosa  com a promessa de encher os olhos da galera. A narrativa faria parte da coleção Biblioteca Stephen King que tinha começado a reunir os relançamentos de publicações raras do autor.

E a Suma, de fato, prometeu o que tinha cumprido. A segunda edição de A Hora do Lobisomem chegou ‘rasgando’: ilustrações originais de Bernie Wrightson, capa dura emborrachada e conteúdo extra.

O livro narra a história de assassinatos que estariam sendo ocasionados por um lobisomem na pequena cidade de Tarker´s Mills localizada no Maine. A cada noite de lua cheia, mortes acontecem na pequena cidade deixando os seus moradores inquietos e amedrontados.

A Hora do Lobisomem era um livro curto, dividido em 12 capítulos e com pouco mais de 100 páginas, no formato pocket. Com o relançamento da Suma, a história ganhou uma edição luxuosa, incluindo as fantásticas  ilustrações de Wrightson, que trabalhou com King nas capas das edições americanas de A Dança da Morte, Creepshow e Torre Negra V: Lobos de Calla.

02 – A Casa Infernal (Richard Matheson)

Richard Matheson escreveu A Casa Infernal em 1971, mas o livro só foi desembarcar no Brasil 38 anos depois, pela Novo Século! Verdade galera! A história chegou em terras tupiniquins em 2009; pouco tempo depois, já estava esgotada e com o preço nas alturas. Há cerca de cinco anos, os interessados em ler a fantástica e aterrorizante história criada por Matheson não a encontravam nos sebos e muito menos nas livrarias. Por isso, cheguei a pensar que estava extinta. Então, no final de maio de 2018 apareceram dez livros na Estante Virtual; o mais barato, na faixa de 69,00. Em menos de um mês já tinham sido vendidos todos! A partir daí, o livro desapareceu novamente e quando retornou aos sebos... caráculas! O preço causava taquicardia no mais controlado dos leitores.

Mas em setembro de 2021, a DarkSide, a editora da Caveirinha, decidiu relançar a obra dando um presentaço de Natal antecipado para os seus leitores.

A edição lançada pela Darkside está tão bonita - na verdade, um luxo só - que apesar de eu  já ter o livro da Novo Século, vou acabar fazendo um sacrifício e...  comprando a nova publicação.

A editora da Caveirinha optou por fazer uma pequena alteração no título da obra de 2009, ou seja, saiu A Casa Infernal e entrou HellHouse: A Casa do Inferno. O lançamento faz parte da nova coleção da DarkSide chamada Dark House, arquitetada para homenagear as narrativas de assombração que habitam os pesadelos dos leitores. E para inaugurar com chave de ouro esse novo selo, a editora escolheu a história de Matheson que está completando 50 anos. Arrebentou a boca do balão, heinnn Caveirinha?!

03 – O Planeta dos Macacos (Pierre Boulle)

Caramba! Como este livro também me cansou e... me frustrou. Queria, tresloucadamente, ler a história do escritor francês Pierre Boulle. Já havia assistido os filmes clássicos dos anos 70 com Charlton Heston e Roddy McDowall e agora deseja bastante ler a obra literária. Fiquei frustrado por muito tempo porque não conseguia encontra-lo em nenhum lugar. Quando, em 2011, dei de cara com uma edição de Portugal, caríssima, e mesmo assim, feliz da vida, coloquei na cesta de compras, outro leitor acabou sendo mais rápido e me passou a perna. Resultado: quando fechei o pedido, apareceu a mensagem de que a obra já havia sido vendida. Putz e Putz! Que frustração. 

Lembro-me que na década de 80, as bancas de revistas – inclusive, as de minha cidade – vendiam num pacote só, filme (VHS) mais o livro no qual a história havia sido inspirada. Entre os títulos lançados estava O Planeta dos Macacos. Na época não me interessei muito, mas depois de duas décadas sai em disparada como um louco na captura do livro de Boulle. Caramba! Não encontrava em lugar nenhum. Continuei a minha procura, sem sucesso, nos sebos físicos e virtuais até 2008 quando a editora Agir decidiu relançar a obra em terras tupiniquins. Pôoooo!!Buuummmm!! Soltei rojões, foguetes e morteiros prá todos os lados. Meu amigo, como comemorei! Acredito que fui um dos primeiros a comprar o livro.

Depois de algum tempo, novamente, a publicação da Agir sumiu das prateleiras dos sebos. Simplesmente evaporou. Se não me engano, em 2011, fiz uma varredura nas redes sociais e só descobri uma edição em português, de Portugal, perdida num sebo e por um preço estrondoso: R$ 200,00, creio eu.

Mas o tempo passa e atualmente, O Planeta dos Macacos está sobrando nas livrarias. Em 2015, a editora Aleph relançou a história de Boulle numa edição em capa vermelha e em 2020, a publicação voltou às estantes das livrarias numa publicação em capa amarela com direito a um brinde para os leitores – um imã de geladeira com a ilustração de um macaco. Os dois livros em brochura.

04 – O Parque dos Dinossauros (Michael Crichton)

Como lutei para conseguir esse livro em 2001! Naquela época ainda não tínhamos o advento dos sebos on line. Se não encontrássemos o livro que queríamos numa livraria on line tradicional, tínhamos de procura-lo em um sebo físico, de preferência, localizado numa cidade próxima da que morávamos.

Consegui localizar O Parque dos Dinossauros de uma maneira nada convencional: através de uma sala de bate-papo na Net. Isso mesmo, numa sala de bate-papo!! Joguei o meu desejo de consumo na “Rede” e qual não foi a minha surpresa quando uma professora da minha época de universidade viu o meu recado e resolveu enviar o livro pelo correio.

No início do ano 2000, a obra de Crichton estava esgotada nas livrarias. Restavam os sebos físicos, ponde você raramente encontrava o livro até que apareceu essa oportunidade de ouro numa sala de bate-papo. E pensar que hoje, os leitores encontram a publicação facilmente em qualquer livraria, inclusive no formato capa dura com todo o luxo. Nos sebos online, então... nem se fala, os preços são módicos demais, variando de R$ 4,00 à R$ 15,00.

05 – Viva e Deixe Morrer (Ian Fleming)

Há mais de dez anos, decidi ter em minha estante todos os livros de James Bond escritos por Ian Fleming. E assim, comecei a minha “peregrinação” pelos sebos online. Em menos de um ano consegui ‘fechar’ a coleção, mas confesso que Viva ou Deixe Morrer me deu um trabalho danado. Só fui conseguir adquirir a publicação no formato pocket (1999) bem no final da minha peregrinação. Não encontrava o livro em nenhum sebo e quando o localizava custava “horrores”.

Quando já estava quase desistindo, por acaso, vi na internet uma oferta supimpa. Não me lembro o valor na época, o que sei é que estava muito barato em comparação aos preços que já tinha visto. Comprei na hora. Nos dias seguintes, o livro publicado pela L&pm havia sumido dos sebos online, entrando para o rol das obras raras.

Pouco tempo depois, em 2013, a editora Alfaguara colocaria nas estantes da livraria uma edição, também, de bolso da história. Pronto, Viva e Deixe Morrer perderia o status de obra rara. Atualmente pode ser encontrado em qualquer livraria a preços mais do que camaradas.

06 – Trocas Macabras (Stephen King)

Fecho essa lista com mais uma obra de Stephen King. Uma obra que até há pouco mais de um ano era considerada uma joia lapida nos sebos com preços assustadores. Acho que em 2018, os preços chegavam a R$ 450,00!! PQP! Acredita nisso?! R$ 450,00 num livro velho e bem manuseado! Pois é, acredite, Trocas Macabras conseguiu essa proeza.

Em 2018, a editora Suma anunciou que a história seria relançada e faria parte da coleção Biblioteca Stephen King. A galera que estava babando para ter a obra em sua estante festejou a notícia à exaustão.

Mas confesso que a Suma pisou na bola porque atiçou a vontade dos fãs de King e só ficou nisso porque após o anuncio do relançamento de Trocas Macabras o assunto esfriou. Mas após inúmeras cobranças dos leitores, a editora relançaria o livro dois anos após o seu anuncio, ou seja, em novembro de 2021. Tudo bem, Suma, está perdoada. Demorou, mas chegou.

Seguindo o mesmo projeto gráfico dos outros cinco exemplares que compõem da icônica coleção lançada pela Suma em 2016, Trocas Macabras chegou às mãos dos leitores em capa dura, 656 páginas em papel de altíssima qualidade e um layout mucho loko – no bom sentido. Capa toda verde com imagens em detalhes pretos e as letras na tonalidade branca. Cá entre nós, adorei.

O livro foi escrito em 1991 e chegou ao Brasil no ano seguinte através da antológica coleção Mestresdo Horror e da Fantasia.

Agora, temos de continuar torcendo para que as editoras deem sequencia nos lançamentos de obras raras que sumiram das livrarias e que estão custando uma fortuna nos sebos. Nossa! E tem tantas, né?

 

15 maio 2022

Livro sobre os 50 maiores shows da história traz todo o clima e os segredos que rolaram nesses eventos

Gosto muito das notícias do show business; mas cá entre nós, quem não fica curioso em desvendar os segredos dos bastidores do meio artístico ou então relembrar o glamour dos shows de grandes feras do rock ou do pop realizados pelo mundo afora? Talvez por isso, eu tenha amado um livro que na época do seu lançamento (2012) acabou passando despercebido pela maioria dos leitores brasileiros. Estou me referindo a obra De A-Há a U2 do jornalista, crítico musical e apresentador Zeca Camargo que traz os bastidores de entrevistas que ele realizou ao longo de sua carreira. 

Em 53 entrevistas, com alguns dos nomes mais importantes da música nacional e internacional, o leitor é introduzido no processo criativo de produção jornalística, acompanhando os bastidores, as aventuras e impressões do repórter. Os maiores nomes da música aparecem em ordem alfabética; com verbetes, e a viva descrição dos contatos e entrevistas ajudam a desvendar a personalidade de cada um.

Cara, livraço, amei! Por isso quando fiquei sabendo, por acaso, do lançamento de Os 50 maiores shows da história da música do jornalista carioca Luiz Felipe Carneiro, publicado pela editora Belas-Letras, só faltei soltar fogos em comemoração. Como fiquei muito animado com a obra do Zeca, evidentemente também não faltou animação para o lançamento do Luiz Felipe que apesar de abordagens diferentes ainda trazem algumas similaridades, afinal exploram os segredos do show business.

Os 50 maiores shows da história da música, lançado em abril, traz em ordem cronológica, desde a última apresentação ao vivo do bluesman Robert Johnson, em 1938, até um espetáculo recente da turnê “American utopia”, de David Byrne, ex-Talking Heads. O autor diz que só assistiu a um dos shows listados.

Luiz Felipe fez uma pesquisa tão aprofundada que o leitor é praticamente levado até o momento de cada apresentação. Como no histórico show de Elton John no Dodger Stadium, em 1975, na Califórnia: “Quando os portões do estádio se abriram, bolas de praia foram lançadas para o público. (...) O sol ainda estava forte quando Elton John entrou sozinho para cantar ‘Your song’, ao mesmo tempo que seu piano, sobre uma plataforma hidráulica, deslizava até a frente do palco. Bernie Taupin descreveu o momento: ‘Todo mundo estava abrindo os braços, gritando, tirando a camisa e girando-a acima da cabeça, envolvido por uma brisa de maconha’. A banda se uniu a Elton para ‘Border song’, e depois ele despejou sucessos como ‘Levon, ‘Rocket Man’, além da raramente executada ‘Empty sky’, faixa-título do disco de estreia”.

Luiz Felipe Carneiro

O livro traz detalhes de todos os shows listados fazendo com que os leitores mergulhem de cabeça na leitura como se estivessem ali, naquele momento, assistindo há uma apresentação de Paul McCartney, Elvis Presley, The Doors, Madonna, Guns N’Roses, além de shows que rolaram em eventos como Rock in Rio, Live Aid, The Freddie Mercury Tribute Concert, entre outros.

Os 50 maiores shows da história da música também é um passeio privilegiado ao backstage, revelçando muitas curiosidades – das mais simples às mais extravagantes, que só grandes artistas poderiam protagonizar.

Quanto ao layout, a editora Belas-Letras, de fato, caprichou. Anotem aí: edição de luxo em capa dura, com 304 páginas de textos, mais um anexo de 50 pôsteres destacáveis (e sem dobras) exclusivos, criados pelo artista Jonas Santos, reimaginando cada um dos shows descritos. É mole ou quer mais? (rs). Só o preço que assusta um pouco, mas... fazer o que cara, o livro deve ser bom demais. Tá todo mundo elogiando, portanto, acho que vale a pena o sacrifício.

11 maio 2022

A Ira dos Anjos

Os livros de Sidney Sheldon são fodásticos. Até aqueles com enredos mais fracos conseguem fisgar os leitores, imaginem então, as narrativas mais apuradas como O Reversoda Melha, O Outro Lado da Meia Noite, Lembranças da Meia-Noite, Nada Dura Para Sempre e este que eu acabei de ler há alguns dias chamado A Ira dos Anjos. L-i-v-r-a-ç-o!! Um dos melhores de Sheldon. O livro é tão bom que chego a ter medo de escrever essa resenha pelo simples fato de liberar spoilers, os menores que sejam. Por isso serei breve.

Acho que bastaria apenas dizer escrever: “o livro é ótimo” e ponto final. Mesmo assim vou tentar avançar para aguas mais profundas sem estragar o enredo. Vou começar pelos personagens tão bem estruturados criados pelo autor. Cada um deles tem o seu carisma próprio que acaba conquistando o leitor durante o desenrolar da trama. Aliás, Sheldon era um dos poucos autores que tinha a capacidade de desenvolver vilões tão elaborados ao ponto de fazerem com que os leitores torcessem por eles na trama, apesar de algumas de suas atitudes não serem tão “santas”. Por outro lado, o autor também tinha o dom de compor vilões tão maldosos e mocinhos ou mocinhas com tantas virtudes sem transformá-los em personagens caricaturais. Porque isso ocorria? Simples. O autor não mostrava só os defeitos do vilão ou só as qualidades do mocinho (a). Capiche? Acho que isso explica tudo. Não preciso dizer mais nada com relação aos personagens de A Ira dos Anjos, apenas que eles irão criar um vendaval de emoções. Isto significa que vocês irão amá-los e odiá-los, torcer por eles e depois querer que eles se chafurdem na lama e por aí afora. Mas uma coisa é certa: os leitores jamais irão esquecê-los.

Quanto a trama, me prendeu do início ao fim, tanto é que citei no início dessa postagem que considero A Ira dos Anjos um dos melhores livros de Sheldon. O romance pode ser incluído na lista daqueles que fazem parte da chamada “Época de Ouro Sheldoniana” quando o autor escreveu os seus melhores romances.

A obra narra a saga de Jennifer Parker, uma brilhante advogada em ascensão. Entretanto menos de 24 horas após ingressar na Promotoria Distrital de Manhattan, em Nova York, a jovem vê sua promissora carreira ser fortemente ameaçada. Com isso, a brilhante ascensão da jovem dura pouco – tempo suficiente apenas para cair em uma cilada durante o primeiro julgamento no novo cargo.

De repente, ela vê seus planos irem por água abaixo e sua vida sofrer uma inesperada reviravolta: além do risco de ter a sua licença cassada, Jennifer ainda pode ir para a cadeia.

Em meio a tudo isso, a bela advogada também precisa lidar com as questões de seu coração dividido entre dois homens poderosos e com personalidades distintas. Ela terá que dar a volta por cima e buscar a sua redenção, mas conseguirá?

O livro lançado pela editora Record em 2014 tem mais de 550 páginas, mas consegui devorá-las em apenas quatro dias. Recomendo e muito.

07 maio 2022

Márcio Blanco Cava lança Cidade das estátuas, seu sétimo romance

É duro falar escrever sobre o trabalho de amigos. É complicado demais, cara; pelo menos para os blogueiros literários honestos que escrevem em suas resenhas o que, de fato, sentem ao concluir a leitura de determinada obra, não se curvando servilmente para a pressão das parcerias com editoras.

Por mais que o seu amigo escritor seja um amigão, amigaço ou super-amigo, se você criticar alguns pontos de sua narrativa, ele vai ficar ferido; não aquela ferida grave de guerra que vai mutilar a amizade entre vocês, mas aquele arranhão que vai incomodar a ambos. Um dia desses, estava escolhendo quiabos na feira livre e saí com a mão pinicando por causa daqueles maledetos espinhos minúsculos característicos daquele legume. Não perdi a mão, mas me incomodou pacas, durante boa parte do dia. Sua amizade vai sofrer esse tipo de arranhão se no momento em que resenhar o livro do tal amigo, prevalecer a sua sinceridade.

Então num belo, você diz todo sorridente e confiante: “Não, não! Mesmo esse livro desgraçado sendo ruim pra caráculas, vou dizer que ele é ótimo, pelo menos não corro o risco de magoar o meu amigaço”. Se você pensa dessa forma, fudeu tudo e de vez (desculpe o linguajar, mas não encontro outra palavra para definir tal lambança). Vamos para os resultados dessa decisão nada inteigente: primeiro problema: você vai perder toda a credibilidade que tem junto aos leitores e seguidores do seu blog e... segundo problema: vai se passar por mentiroso ou sabujo. Resultado: Para manter essa amizade com o seu amigão escritor, você pagou um preço bem caro. E olha... não quero pagar nunca esse preço. Tenho dois amigos escritores: Márcio ABC, que passou a assinar suas obras como Márcio Blanco Cava, e César Bravo. Posso garantir que nunca os elogiei sem que eles merecessem. Gosto demais das narrativas desses dois sujeitos.

Fiz todo esse preambulo antes de “falar” sobre o lançamento de Cidade das Estátuas para que vocês entendam como aprecio o trabalho do seu autor Márcio Blanco Cava. Conheço o Márcio há mais de 40 anos, desde nossa época de estudantes universitários quando defendemos, juntos, nossa tese de final de curso, mas acreditem, jamais iria elogiar um livro seu se eu não tivesse gostado. Poderia até não criticar, mas também não publicaria nada no blog, enfim, não incentivaria a sua leitura. Acontece que apreciei muito Parabala (2022), seu primeiro romance, além de Estado Bruto (2017) e Delação (2019). Quanto as suas outras obras ainda não tive oportunidade ler; lembrando que ele já publicou sete livros.

Por ter gostado de suas três publicações, principalmente de Parabala acredito que Cidade das Estátuas tem tudo para seguir o êxito de seus lançamentos anteriores, por isso, certamente estarei lendo.

Lançado pela Editora Mireveja, de Bauru, o livro entrou em pré-venda (com preço promocional) em 6 de maio, com exclusividade pelo site www.editoramireveja.com.

Cidade das Estátuas narra a saga de Ambrosiano Maria, um cidadão brasileiro que leva a vida sem sobressaltos até conhecer a misteriosa Lúcia, que em poucos minutos transformará sua existência para sempre. Através

desse drama individual, segundo o release fornecido pela editora, a história penetra a carne da sociedade para formular uma importante questão: qual é o preço da alienação, da omissão, do individualismo?

O romance, ambientado na década de 1970, se passa em uma cidadezinha repleta de estátuas, algumas bastante inusitadas, onde fantasmas acreditam também fazer parte da vida local. Márcio evoca, daquele período obscuro da história do Brasil e de outros ainda mais remotos, muitos dos fantasmas que insistem em nos assombrar, entre eles as violências de raça e de gênero e o desejo pela ditadura militar por parte de muitos brasileiros, como observa a crítica literária Lúcia Facco, que assina o texto de orelha do livro. "A obra reflete sobre o Brasil, sua formação, a construção de sua identidade. Mas o drama da paixão vivida pelo protagonista compõe um universo peculiar, capaz de cruzar realidade, fantasia, lirismo. Por fim, é um livro de amor, terror e humor”, ela define.

O autor, por sua vez comenta que “o tema da ditadura militar e a realidade do país sempre me moveram e estão presentes na maioria dos meus livros, como Pater, Estado bruto e Delação. No entanto, com Cidades das estátuas sinto que consegui dar um salto em termos de linguagem, experimentando mais, ousando mais, sem perder o foco na história brasileira e projetando para os dias atuais”.

Nascido em Cafelândia, interior de São Paulo, Márcio Blanco Cava, que também é conhecido como Márcio ABC, foi repórter, editor e diretor de redação em diversos veículos e mídias, na capital e no interior paulista, entre ele a Rede Bom Dia. Dedica-se à literatura desde 2002, quando lançou seu primeiro romance, Parabala.

Márcio, boa sorte em mais esse lançamento e que venham novos autores brasileiros com capacidade para fazer a diferença no mercado editorial.


04 maio 2022

Oito livros para presentear no Dia das Mães

O Dia das Mães está chegando e acredito que muitas pessoas que acompanham o blog ainda estão pensando numa maneira de presentear essa pessoa tão especial. Quer uma sugestão? Antes deixe-me perguntar se a sua mãe tem o hábito de ler. Tem? E olha... pra ser sincero, nem precisa ser uma devoradora de livros, basta que ter esse hábito. Ela tem? Pronto, problema resolvido! Lá vai a sugestão: dê um livro para ela, mas uma obra que tenha um enredo que chame a atenção das mulheres.

No post de hoje, vou dar algumas sugestões de livros para você presentear essa mulher tão especial e cheia de qualidades que você tem o privilégio de ter ao seu lado. E posso garantir que uma mãe faz muita falta, mas muita mesmo. Vamos lá. Então, anotem aí.

01 – Revolução de Laura: Reflexões sobre a maternidade e resistência (Manuela D’Ávila)

Abro a nossa toplist com essa obra fantástica. Para ser sincero, ainda nãoi tive a oportunidade de lê-la, mas duas colegas de trabalho leram e adoraram. Revolução de Laura: Reflexões sobre a maternidade e resistência é o registro afetivo de uma mulher, mãe de uma criança de dois anos, que aceitou o desafio de concorrer à presidência do Brasil em novembro de 2017 e que, em agosto de 2018, tornou-se candidata a vice-presidente, chegando ao segundo turno. Uma mulher que percorreu um país continental, amamentando sua filha e construindo uma nova forma de ocupação do espaço político. Também é uma conversa, sobre uma jornada de aprendizado e acolhimento. Sobre privilégios; sobre as lutas para que privilégios não existam mais. É sobre direitos. É sobre feminismo e liberdade. É sobre afeto, carreira e amor. É sobre estar e não estar; presença e ausência. Sobre ser mãe e mulher; ser madrasta e não ser bruxa. Sobre acolher, sonhar um outro mundo e ser o outro mundo sonhado. E, como diz o título é sobre uma revolução chamada Laura.

02 – Mulheres que correm com os lobos (Clarissa Pinkola Estés)

O livro traz histórias e mitos, que refletem a condição da mulher em diversas situações da vida. A obra que pode ser considerada um clássico continua vendendo “horrores” desde o seu lançamento em 2018.

Segundo a autora e analista junguiana Clarissa Pinkola Estés, os lobos foram pintados com um pincel negro nos contos de fada e até hoje assustam meninas indefesas. Mas nem sempre eles foram vistos como criaturas terríveis e violentas. Ela explica em seu livro que na Grécia antiga e em Roma, o animal era o consorte de Artemis, a caçadora, e carinhosamente amamentava os heróis.

Clarissa Estés acredita que na nossa sociedade as mulheres vêm sendo tratadas de uma forma semelhante. Ao investigar o esmagamento da natureza instintiva feminina, a autora descobriu a chave da sensação de impotência da mulher moderna. Seu livro, Mulheres que correm com os lobos, ficou durante um ano na lista de mais vendidos nos Estados Unidos. Abordando 19 mitos, lendas e contos de fada, como a história do patinho feio e do Barba-Azul, Estés mostra como a natureza instintiva da mulher foi sendo domesticada ao longo dos tempos, num processo que punia todas aquelas que se rebelavam. Segundo a analista, a exemplo das florestas virgens e dos animais silvestres, os instintos foram devastados e os ciclos naturais femininos transformados à força em ritmos artificiais para agradar aos outros. Mas sua energia vital, segundo ela, pode ser restaurada por escavações psíquico-arqueológicas' nas ruínas do mundo subterrâneo. Até o ponto em que, emergindo das grossas camadas de condicionamento cultural, apareça a corajosa loba que vive em cada mulher.

03 – Meu jeito de ser mãe (Fernanda Rodrigues)

Não é novidade que Fernanda Rodrigues é uma das atrizes e apresentadoras de TV mais talentosas da sua geração. O que nem todo mundo sabe é que ela também brilha em outro papel: o de mãe. Apaixonada pela ideia de ter filhos desde pequena, Fernanda realizou seu sonho quando Luisa nasceu. Logo depois começou a escrever sobre maternidade em um blog e, na sequência, teve um menino, Bento.

Agora, Fernanda Rodrigues pariu mais um "filho": o seu primeiro livro - Meu jeito de ser mãe - no qual narra a experiência como mãe de maneira sensível, bem-humorada e informativa. Mais do que dizer o que é certo ou errado — afinal, cada filho é diferente do outro —, Fernanda deseja dividir suas vivências.

Contando com a consultoria de uma obstetra-ginecologista, uma pediatra e uma dermatologista, ela passa pelos principais tópicos relativos à gravidez e à maternidade, como parto, amamentação, alimentação da mãe e dos filhos e todos os conflitos e inseguranças que aparecem pelo caminho.

Um livro que com toda a certeza, as mães irão adorar.

04 – A guerra não tem rosto de mulher (Svetlana Aleksiévitch)

Um livro que narra a história de mulheres lutadoras que apesar de todas as dificuldades jamais desistiram de seus objetivos. A escritora e jornalista bielorussa e ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura em 2015, de fato caprichou na narrativa.

A história das guerras costuma ser contada sob o ponto de vista masculino: soldados e generais, algozes e libertadores. Trata-se, porém, de um equívoco e de uma injustiça. Se em muitos conflitos as mulheres ficaram na retaguarda, em outros estiveram na linha de frente. É esse capítulo de bravura feminina que Aleksiévitch reconstrói neste livro.

Quase um milhão de mulheres lutaram no Exército Vermelho durante a Segunda Guerra Mundial, mas a sua história nunca foi contada. A autora      deixa que as vozes dessas mulheres ressoem de forma angustiante e arrebatadora, em memórias que evocam frio, fome, violência sexual e a sombra onipresente da morte.

O A guerra não tem rosto de mulher é basicamente um apanhado de relatos de mulheres soviéticas que combateram durante a Segunda Guerra Mundial. Praticamente não lemos as próprias palavras da autora, são várias transcrições de entrevistas que ela realizou nos anos 1980. As opiniões dos leitores nas redes sociais são muito favoráveis à obra a qual eles definiram  como tocante,,, emocionante.

Presentaço para as mamães.

05 – Livro da Gratidão (Carolina Chagas)

Gratidão é uma qualidade que todos possuímos ― quem nunca se sentiu grato a alguém ou por alguma coisa que recebeu? Mas, na verdade, agradecer é um desafio diário. 

Afinal, é tão fácil se deixar levar pela enormidade de problemas e obstáculos que surgem todos os dias… Sabemos que quem é grato é mais feliz. Então, como fazer para superar a mania de reclamar a cada nova dificuldade? Este livro nos lembra, através de lindas frases e exercícios, de todos os motivos pelos quais podemos ser gratos e nos ensina a praticar aquilo que nascemos para fazer.

06 – Pequenas Grandes Mentiras (Liane Moriarty)

Em um lugar aparentemente perfeito, as ‘mulheres ricas’ têm muito mais segredos escondidos do que a primeira impressão deixa transparecer. Essa é a premissa de Pequenas Grandes Mentiras, o livro que deu origem à elogiada série homônima da HBO, Big Little Lies.

Enquanto a série é ambientada na Califórnia, a obra original de Liane Moriarty (a mesma autora de O Segredo do Meu Marido, da Editora Intrínseca) acontece em Pirriwee, uma península fictícia da Austrália que foi inspirada em diversas praias locais. A história acompanha três mães e uma improvável amizade formada quando seus filhos passam a estudar juntos no jardim de infância. Apesar das condições financeiras diferentes, as três irão se unir em uma trama que envolve assassinato, disputas e uma bela jornada de autoconhecimento.

Essas três novas melhores amigas são Celeste White (cujo sobrenome virou Wright na série), Madeline Mackenzie e Jane Chapman. A primeira é a mais rica e admirada das três, com um casamento perfeito e gêmeos lindos. A segunda é uma mulher alegre, espontânea e contagiante, que está sempre tentando ajudar as amigas e pronta para entrar em alguma disputa. Já Jane é a nova moradora da península, mãe solteira bastante discreta que só quer mesmo é passar despercebida.

Mais do que simplesmente uma história de conspirações e melodramas retratados em abundância como “tipicamente femininos”, Pequenas Grandes Mentiras é uma história sobretudo de amizade e união, e a conclusão serve de alerta para um assunto extremamente sensível.

07 – Fátima (Kenya e Berthaldo Soares)

Fátima vendeu mais de 700 mil exemplares no Brasil o que deixa evidente o grande sucesso da obra por aqui. As mães católicas irão conhecer a história da santa que apareceu para três crianças pobres, mudou o rumo de guerras, salvou a vida de um papa, revelou um segredo ainda cercado de mistérios e conquistou o mundo. 

Esses episódios curiosos combinados com uma pesquisa apurada farão os leitores – independentemente de sua religião – se encantarem com todos os acontecimentos impressionantes e as histórias de fé e devoção que cercam as Aparições ocorridas há mais de um século.

A biografia da santa é escrita por Kenya e Berthaldo Soares, fundadores da associação arquidiocesana Tarde com Maria e responsáveis pela Capela das Aparições no Rio de Janeiro – única réplica autorizada no mundo do Santuário de Fátima de Portugal.

Um presente muito especial para as suas mães e com certeza irá se tornar mais especial ainda se ela for devota de Nossa Senhora de Fátima.

08 – Histórias lindas de morrer (Ana Claudia Quintana Arantes)

Como já escrevi neste post que publiquei no começo de abril, não há nem mesmo por brincadeira, nenhuma chance de falar mal do livro de Ana Cláudia Quintana Arantes. Histórias Lindas de Morrer é muito bom, mas bom, de fato. Os depoimentos de pacientes – através das palavras da autora - que estão em fase terminal de determinadas doenças são por demais emocionantes e nos ensinam muitas lições, entre elas, a importância do perdão e do amor incondicional.

Li o livro da editora Sextante em dois dias, apesar do grande fluxo de atividades que tinha que desenvolver em meu trabalho. A narrativa dinâmica de Ana Cláudia deixa o leitor ligado em 220 Volts (como diz um velho ditado popular). Mal você termina de ler um desses depoimentos, já quer, imediatamente, embarcar na história de vida de um outro paciente.

Para quem ainda não conhece a autora, ela é uma médica paliativa que cuida de pacientes terminais há mais de vinte anos, tendo assim, contato íntimo com os momentos de maior vulnerabilidade do ser humano.

Outro livro sob medida para as maes.

Taí oito sugestões que espero, lhe ajudem a escolher o livro ideal para a sua mamãe leitora.

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