21 junho 2025
Sacanas do asfalto
Enrosquei no começo do livro; mas enrosquei mesmo. A leitura
não ia, sei lá... não fluía. Melhorou depois, a partir do meio da obra, mas
tive que ser persistente. Na minha opinião o excesso de diálogos entre os
personagens abordando, muitas vezes, assuntos desinteressantes, do tipo ‘coisas’
cotidianas que não tinham nada a ver com a trama principal acabaram travando o
desenvolvimento da história. Acho que poderia definir esse contexto da seguinte
maneira: diálogos desnecessários e situações convenientes vividas pelos
personagens. E já que toquei no assunto personagens, eles, também, não me
cativaram no início.
Tudo isso acabou atravancando a leitura. Por isso
mesmo, apesar de ser um livro curto, com pouco mais de 260 páginas, custei
muito para termina-lo. Culpa do seu início frio. E olha que eu estava com muita
vontade de ter esse livro em mãos; literalmente “babando” para ler “Sacanas do
Asfalto” após ter visto a sua sinopse nas redes sociais.
Se você conseguir “vencer” esse início ou para ser
mais exato, essa primeira metade da obra, com certeza, conseguirá deslanchar a
sua leitura porque a segunda e última metade tem características bem distintas.
Apesar de alguns diálogos desnecessários persistirem, a entrada de novos
personagens como Samuel, o “Sr. Lobo”, além de uma gang de motoqueiros
comandada por um punk ‘mutcho loko’ acabam dando um “Up” no enredo e a partir
daí a leitura começa a fluir.
Colaboram muito para esse “Up” alguns segredos envolvendo
três personagens principais que são revelados por Robson Gundim. O segredo da
personagem Daisy tem “ares” de plot twist; melhor ‘dizendo’: é um verdadeiro
plot twist porque muda tudo o que leitor imaginava ser verdadeiro na
personagem. Outra reviravolta diz respeito a Samuel ou simplesmente “Sam”.
Acredito que leitor irá se surpreender quando descobrir os motivos que levaram “Sam”
a seguir um caminho não muito digno em sua vida. Quanto ao terceiro plot – esse
bem menor do que os outros dois – acho que está mais para um pequeno segredo do
que para um twist, é relacionado ao Sr. Lobo e ao punk mutcho loko. Todas essas
novidades conseguem dar uma inflada no enredo.
Gostei também da entrada das “Três Furiosas” nesta
segunda metade da trama. Foi uma participação relâmpago dessas “panteras” mas
valeu muito a pena. O autor até poderia explorar um pouco mais a presença
dessas garotas. Até fiquei imaginando e torcendo por um confronto entre a líder
das Furiosas e o Punk mutcho loko, mas fiquei apenas na torcida.
Como Gundim é fã declarado de Quentin Tarantino, “Sacanas
do Asfalto” traz muitas referências sobre o renomado diretor de cinema. Na
trama, três jovens estudantes, com a chegada das férias, decidem viajar para se
divertirem no melhor festival de rocxk da ilha de Vera Cruz. Movidos por uma
harmonia e amizade indestrutíveis, eles tomam a estrada e chama a atenção de
todos por onde passam. Porém, nem tudo parece ser tão agradável como supunham,
sobretudo quando o líder de um grupo de motoqueiros resolve desafiá-lo, mexendo
com seus medos e feridas, em uma implacável perseguição.
Enfim galera, é isso aí: um livro com início frio,
muita enrolação, muitos diálogos e situações desnecessárias, mas que melhora
muito depois da metade. Detalhe final: as gravuras que marcam o início de alguns
capítulos foram desenhadas pelo próprio Gundim e ficaram ótimas, com um clima
bem “Tarantino”.
Valeu!
03 março 2025
"Os Três Mosqueteiros”: uma releitura que vale um desempate
A primeira vez que li amei; a segunda... bem, não foi
tudo aquilo que eu esperava. Estou me referindo ao clássico literário Os Três Mosqueteiros de Alexandre Dumas.
Agora estou me preparando para o desempate que só será possível com uma
terceira leitura do livro sobre os quatro amigos inseparáveis.
Ainda me lembro que na primeira vez que li as
aventuras de Athos, Porthos, Aramis e D’Artagnan – estava debutando do Primário
para o Ginasial - e amei; amei tanto que anos depois, ainda nos primórdios do
blog, resolvi escrever um post sobre o livro (veja aqui). O tempo passou, eu
cresci (rs) e fiz a releitura do clássico e... dessa vez, não foi tão prazerosa
assim (explico aqui).
Depois que fechei a edição comentada da Zahar; e que
edição! – capa dura, com ilustrações e notas de rodapé – fiquei imaginando o
motivo de não ter gostado tanto assim, da releitura. Cheguei a algumas
conclusões que classifiquei como plausíveis. A primeira delas pode ter sido as
longas notas de rodapé da versão integral e comentada que acabaram truncando a
leitura. Isso pode ter acontecido porque eu tenho o hábito de ler
simultaneamente enredo e as explicações do autor que são publicadas no rodapé
das páginas; e confesso que as tais notas da edição da Zahar são longas ao
extremo. Por isso, toda vez que a leitura do enredo engatava uma quinta marcha,
lá vinham as notas de rodapé e assim, essa quinta marcha era abruptamente
reduzida para uma primeira. Aí meu amigo, até você conseguir buscar a quinta
marcha perdida, demorava e muito.
O segundo motivo para não ter gostado tanto da
releitura de Os Três Mosqueteiros
pode ter sido o momento em que eu o li. O que estou querendo “dizer” é que
decidi reler a obra de Dumas numa época atribulada quando estava enfrentando um
rol de preocupações – algumas bem complicadas – na minha vida profissional e
também na saúde. Estas preocupações podem ter colaborado para desviar a minha
atenção fazendo com que eu não focasse somente na leitura do livro e assim,
aquela magia de mergulharmos no enredo – que só os devoradores de livros
conhecem – acabou se esvaindo.
Galera, confesso que quero sentir aquele prazer
fantástico da minha época de estudante “primário-ginasiano” quando ‘engoli’ as
páginas de Os Três Mosqueteiros. Por
isso, quero muito reler essa história. Esta vontade coincidiu com o desejo de ‘última
hora’ que eu tenho de ler uma obra clássica; e nesse caso, nada melhor do que
“Dumas na área”.
Quero que essa releitura – como disse acima, esse
desempate – seja muito especial. Para que isso aconteça, escolhi reler a obra
num período em que a maré se encontra tranquila em meu serviço e também na
minha vida particular. Uso aqui, uma frase da minha grande Lulu: “Temos que
aproveitar as marés tranquilas de nossa vidas para fazermos as ‘coisas’ que
mais desejamos, aquelas especiais, porque assim a nossa felicidade será
duplicada ou triplicada. Com isso, recarregaremos as nossas baterias para
enfrentarmos possíveis tempestades e tribulações que possam vir no futuro”.
Viram só que mulher sábia eu tenho? (rs).
Esta minha preparação para a segunda releitura do
clássico de Dumas incluiu a compra da edição luxuosa da Zahar em capa dura de Vinte Anos Depois que é a sequência
direta de Os Três Mosqueteiros e um
planejamento financeiro para a aquisição de O
Visconde de Bragelonne que, por sua vez, é a sequência de Vinte Anos Depois. Aliás, esse
planejamento é necessário já que o calhamaço de 600 páginas da Zahar, fora da
promoção, ultrapassa a “bagatela” de R$ 100,00.
Com certeza, muitos de vocês que leram essa postagem
devem estar se perguntando “porque comprar mais dois livros se o meu objetivo
inicial era apenas a releitura de Os Três
Mosqueteiros”? Acontece galera, que ao mesmo tempo em que bateu uma vontade
enorme de reler, novamente, Os Três
Mosqueteiros também bateu a mesma vontade de conhecer a saga completa
desses quatro heróis tão carismáticos. E assim, vamos que vamos.
Inté!
18 fevereiro 2025
Erupção
Confesso que ao saber que o espólio de Michael
Crichton tinha lançado um novo livro póstumo em parceria com um outro escritor fiquei
muito animado, mas animadíssimo, de fato. Os motivos dessa animação mesclada à
expectativa – e uma boa expectativa – eram dois. Primeiro: sou ‘fanzaço’
confesso do autor e segundo: a minha última experiência envolvendo um livro
póstumo de Crichton concluído por um outro escritor foi fantástica. Adorei Micro que foi finalizado por Richard Preston.
Cara, que livraço! Amei! Amei!
Por “culpa” de toda essa empolgação fui ‘babando’ em
busca de Erupção, enredo iniciado por
Crichton que faleceu antes de concluí-lo. Dessa forma, a sua esposa Sherri Crichton
que cuida do espólio do autor decidiu chamar James Patterson para concluir a
história.
Comecei a ler Erupção
com a certeza de que iria “topar” com uma narrativa envolvente e viciante, além
de personagens carismáticos, duas características importantes na composição de
um enredo e que fizeram com que eu devorasse Micro em poucos dias. Mas, então, veio a decepção, já que não
encontrei nada disso.
A narrativa é lenta e arrastada até mesmo durante os
momentos de ação; e os personagens não convencem nem um pouco porque além de serem
chatos pra caramba, ainda carecem de desenvolvimento. A impressão que tive é
que vários deles foram simplesmente jogados na narrativa deixando os leitores
perdidos já que não tinham nenhuma informação adicional sobre esses personagens.
Perceberam que eu citei, acima, vários personagens?
Pois é, de fato, são muitos personagens; uma miscelânea deles. Tantos que os
leitores até se perdem durante a leitura, esquecendo alguns nomes. E sabemos
que a partir do momento que um autor opta por incluir em sua trama literária
muitos personagens, ele corre o risco de queimar alguns deles. O que estou tentando
explicar é que nem todos os personagens ganham o desenvolvimento que merecem,
ficando ali, simplesmente, jogados aleatoriamente no enredo ou então esquecidos.
E foi, exatamente, isso que aconteceu com Erupção.
Por exemplo, a personagem Drª Rachel Sherrill, uma botânica muito conceituada,
responsável pelo Jardim Botânico de Hilo, no Havaí, que logo no início da trama
descobre algo que “nada mais é” do que o plot principal da trama só aparece no
prólogo; depois no decorrer da trama, seu nome é citado apenas uma ou duas
vezes, e acrescente-se a isso, uma única aparição relâmpago da personagem no
meio do livro. Na minha opinião, a Drª Rachel Serrill poderia ser muito mais
aproveitada.
Quanto ao personagem principal da história, John Mac
Gregor, além de não ter nenhum carisma, é chato de doer: mal humorado, sabichão
das coisas, sem educação e teimoso. Dois outros personagens importantes pertencentes
ao Exército dos Estados Unidos, não ficam atrás de Mac Gregor. Quanto a uma outra
personagem que poderia contrabalancear esse lado chato de Mac Gregor e dos dois
comandantes acabou morrendo no meio da trama. Já com relação aos outros muitos personagens
“jogados” na história não há muito o que acrescentar.
A trama, também não me prendeu, nem mesmo nos momentos
de ação perto das páginas finais. As explicações técnicas sobre vulcões quebram
o ritmo já arrastado da narrativa. A obra trabalha com dois plots: a erupção do
Mauna Loa, considerado o maior vulcão ativo do mundo situado no Havaí e um
segredo terrível que o Exército americano guarda a sete chaves numa caverna
localizada nas imediações desse vulcão. Quando o Mauna Loa entra em erupção, a
lava expelida por ele pode destruir não só o Havaí, mas todo o planeta se atingir
o tal segredo guardado pelo Exército americano. É aí que entra o chato do Dr.
John Mac Gregor e outros personagens para tentar salvar o mundo.
Terminei Erupção
no osso ou como costumo dizer: em “primeira marcha”. Se quiserem ler uma
obra póstuma de Crichton, recomendo Micro;
esse sim, vale a pena.
30 janeiro 2025
“O Visconde de Bragelonne” já está nas livrarias, Zahar dividiu a antológica sequência de “Os Três Mosqueteiros” em três volumes
E aí galera? Tudo bem? Por aqui, estou me preparando
para uma colonoscopia. Arghhhhh! Só em pensar no tal preparo para o exame que
se resume em dois dias fatídicos regados há muito, mas muito laxantes já me
arrepia. Estou quase concordando com Lulu que sugeriu forrar um plástico na
cama (rs). Por enquanto, estou proibido de usar o sofá ‘xique nu úrtimu e nu úrtimu
grau’ que compramos recentemente. Ele estará liberado para mim somente após a
colono, isto significa que terei cartão verde apenas no sábado. Portanto, só
mesmo virando os copos de bebida para afogar as mágoas, e quando digo bebida
quero dizer laxantes e daqueles bem turbinados do tipo Picoprep.
Mas deixando as brincadeiras de lado, vamos para a
postagem de hoje. Aliás, me desculpem pela divagação, mas sinceramente, tenho
que relaxar um pouco porque na realidade estou sim, preocupado com o exame e
também com a cirurgia que, provavelmente, terei que fazer. Por isso, resolvi
escrever essa postagem para espairecer as ideias.
Quero “falar” sobre um famoso visconde que me fez
comer uma baita barriga. Cobrei tanto as editoras, ou melhor, a Zahar para que
publicasse a história do tal visconde (ver aqui) mas por causa de alguns
contratempos que rolaram na saúde e também na minha área profissional acabei me
esquecendo de acompanhar nas redes sociais informações sobre uma possível republicação
da obra. Resultado: o livro foi relançado e o menino, aqui, só foi tomar
conhecimento do fato dois meses depois.
Cara, quando “bati” os olhos no portal da Amazon, após
as minhas tradicionais zapeadas literárias, e vi o livraço O Visconde de Bragelonne, juro que levei um choque pois não esperava
que a Zahar ou nenhuma outra editora fosse capaz de relançar o antológico
enredo de Alexandre Dumas.
Os 10 volumes de "O Visconde de Bragelonne" lançados pela editora Fittipaldi em 1959
A principal dificuldade que postergava esse
relançamento era o tamanho da história que foi publicada, originalmente no
formato de folhetim – como aconteceu com O
Conde de Monte Cristo (aqui e aqui). Décadas depois, quando foi lançada no
formato de livro chegou a ter 10 volumes com aproximadamente 300 páginas cada.
Agora me respondam: como publicar nos tempos atuais um enredo com mais de três
mil páginas?! Qual editora se arriscaria a topar essa aventura, ou se
preferirem... essa loucura?
Pois é, para a felicidade de todos os leitores que
amaram a saga Os Três Mosqueteiros e Vinte Anos Depois, a editora Zahar
decidiu encarar esse desafio. Uma decisão que na minha opinião, vale uma
bateria de fogos com direito a um show pirotécnico. Muitos admiradores de Dumas,
principalmente os fãs de carteirinha de Athos, Porthos, Aramis e D’Artagnan,
sempre acalentaram o sonho de que alguma editora relançasse essa história que
fecha a saga de Os Três Mosqueteiros.
A maneira encontrada pela Zahar para resolver o
complicado ‘problema das três mil páginas’ de O Visconde de Bragelonne - distribuídas em 10 volumes - foi ‘enxugar
o texto original com uma nova tradução e relança-lo em três livros com
aproximadamente 600 páginas, cada.
A aguardada continuação de Os Três Mosqueteiros (aqui e aqui) e Vinte Anos Depois, faz parte da coleção Clássicos
Zahar e conta com edição traduzida e comentada por Jorge Bastos.
No livro, descobrimos que trinta anos se passaram na
vida de D’Artagnan, Aramis, Porthos e Athos, o quarteto mais famoso da
literatura ocidental, desde os eventos ocorridos em Os Três Mosqueteiros. Os quatro amigos inseparáveis, agora estão grisalhos
e melancólicos; mosqueteiros representantes de valores medievais em franca
decadência. Neste primeiro livro, o quarteto de amigos apadrinha um jovem
companheiro: Raoul, filho bastardo de Athos, o Visconde de Bragelonne.
Na despedida de uma das sagas mais longevas e
memoráveis de todos os tempos, novos conflitos, reviravoltas, anseios e
disputas entram em cena. Como o envolvimento do visconde com Louise de La
Vallière, sobretudo numa época em que o destino das nações está em jogo, mas
cujos rumos são tantas vezes decididos a partir de intrigas, fofocas, rixas e
conchavos, ironizados por Alexandre Dumas.
O que mais podemos adiantar sobre “O visconde”? Vamos
lá. O segundo volume da saga se chamará Louise
de la Vallière e o terceiro, O Homem
da Máscara de Ferro, que serão publicadas separadamente. Neste primeiro
momento, apenas o primeiro volume está disponível ao público.
E aí? Gostaram da novidade? Com certeza, os leitores
que devoraram Os Três Mosqueteiros e Vinte Anos Depois amaram.
18 janeiro 2025
Michael Crichton lança livro póstumo. Erupção foi concluído por James Patterson criador do detetive Alex Cross
Um escritor é diferenciado, aliás, vou mais além; um
escritor se torna lendário no momento em que após a sua morte, as suas obras
póstumas continuam fazendo um grande sucesso. São muitos que se enquadram nessa
categoria, entre os quais: Franz Kafka, Mark Twain, José Saramago, Machado de
Assis e o meu preferido: Michael Crichton.
Nos últimos vinte anos, o meio editorial foi invadido
por uma moda que nem sempre deu certo: a publicação de obras póstumas
inacabadas, concluídas por outros escritores. Pois é, muitos se deram mal.
Familiares responsáveis pelo espólio do autor falecido ao descobrirem
manuscritos incompletos tiveram a ideia de contratar outros escritores que
tivessem certa afinidade com o enredo para concluí-lo. Galera, ocorreram muitas,
mas muitas lambanças, resultando em fiascos de vendas e pior: maculando a
imagem do escritor morto que após o “desastre” ficou se remexendo de ódio em
seu túmulo.
Com certeza, esse imprevisto não aconteceu com Michael
Crichton que deve estar sorrindo de satisfação nesse outro plano de vida onde
se encontra. Os seus livros póstumos foram muito elogiados pela crítica
especializada e agradaram em cheio os seus leitores. Podemos afirmar que Latitudes Piratas, Dentes de Dragão e Micro
cumpriram muito bem os seus papéis, principalmente Micro que foi concluído por Richard Sanderson e conta com um enredo
capaz de fazer o leitor atravessar madrugadas inteiras com os olhos colados na
história (veja resenha de Micro aqui).
Agora, a expectativa é de que Erupção
siga o mesmo caminho.
O livro foi lançado no Brasil pela editora Harper
Collins no dia 15 de janeiro e apesar de nem ter começado a esquentar as prateleiras
das livrarias físicas e virtuais já vem despertando um grande burburinho entre
grupos de leitores.
Michael Crichton e sua esposa Sherri
O autor de Jurassic Park morreu de câncer há mais de 15 anos e segundo a sua mulher, Sherri
Crichton, Erupção era considerado o
seu projeto de paixão no qual ele colocava a maior fé; tanto é que atravessava
madrugadas trabalhando em seu manuscrito. Mas, infelizmente, com a sua morte, o
projeto foi engavetado até sua esposa ter decidido termina-lo por outras mãos,
como já havia feito com Micro.
O autor escolhido para essa missão foi James Patterson,
considerado um grande amigo da família e fã confesso de Crichton. O lançamento
de Erupção foi tão bem recebido nos
Estados Unidos que já está gerando grande interesse da indústria cinematográfica
em Hollywood. No segundo semestre de 2024, Sherri deu uma entrevista a BBC onde
revelou que estava em negociações com Steven Spielberg sobre uma possível
adaptação da obra para o cinema. No final, as negociações com Spielberg não
deram certo, mas em seu lugar foi definido um outro diretor, ou melhor,
diretores e muitos competentes: Jimmy Chin e Elizabeth Chai Vasarhelyi, que em
2018 venceram o Oscar pelo documentário “Free Solo”.
Escritor James Patterson que deu sequência à obra inacabada de Crichton
Erupção
narra a história da luta contra o tempo de um vulcanologista para evitar que a
lava do vulcão Mauna Loa, no Havaí, atinja um composto nuclear letal escondido
na ilha pelo exército. Se não conseguir, o acontecimento poderá destruir a ilha
e até o resto do planeta.
Crichton, trabalhou por 20 anos na elaboração do livro.
A morte do americano em 2008, contudo, impediu que a obra fosse finalizada e
publicada. Coube a Patterson concluir a obra.
Para quem não sabe, Patterson é autor de livros
voltados ao suspense e ao gênero policial e vencedor de 10 prêmios Emmy Awards.
Foi ele quem criou o famoso detetive Alex Cross, sucesso nos livros e também no
cinema.
É isso galera, estou na expectativa pela chegada do
meu livro que já reservei na Amazon. Afinal, como vocês já devem ter percebido
nas postagens do blog, o “menino”, aqui, é fanzaço de Michael Crichton.
Inté!
18 dezembro 2024
Primeiro Sangue, livro que deu origem aos filmes da saga Rambo, será relançado em janeiro pela Pipoca & Nanquim
Antes de começar esse post, antes de dar essa baita
informação que, certamente, deixará a maioria dos leitores eufóricos e em ponto
de ebulição, deixe-me dar também um Ipi-Ipi-Hurra para a editora Pipoca &
Nanquim, então lá vai: IPI-IPI-HURRA!! Valeu Alexandre Callari, Bruno Zago e
Daniel Lopes; mas valeu, de fato, por essa iniciativa que fará milhares de
leitores radiantes e felizes. O motivo de toda essa euforia é que a Pipocas e
Nanquim conseguiu os direitos de publicação de uma obra antológica que estava
fora de catálogo há quase cinco décadas: Primeiro
Sangue de David Morrell. O livro deve “desembarcar” no Brasil já no início
de 2025.
Primeiro
Sangue foi adaptado para os cinemas e o seu personagem
principal acabou se transformando num dos maiores ícones – senão o maior – dos filmes
de ação: John Rambo ou simplesmente, Rambo.
Tomei conhecimento do relançamento da obra através de
um seguidor do blog, o Gabriel Ferrari. Se não fosse o “Santo Gabriel”, como diz
o velho ditado popular, eu teria ‘comido a maior bronha’ e só ficaria sabendo
da novidade quando o livro fosse lançado. Como até o mês de fevereiro estarei
mais focado na causa dos aposentados por invalidez permanente, uma causa que
decidi abraçar como jornalista, após ver tantas injustiças cometidas contra
essa classe, sendo a última delas o tapa na cara dado pelo presidente Lula ao
vetar o Projeto de Lei 5332, fiquei um pouco relapso em minhas visitas aos
sites das principais editoras brasileiras – incluindo a Pipoca e Nanquim – para
me inteirar das novidades; e assim, a notícia do relançamento de “Primeiro
Sangue” acabou passando batida. Por isso Gabriel, valeu muito pelo alerta.
Primeiro
Sangue foi lançado pela primeira vez no Brasil em 1972 pela
editora Record. Dez anos depois viria o primeiro filme baseado na obra de
Morrell. Em 1988 com o personagem no auge já transformado um verdadeiro ícone
dos filmes de ação, a editora Nova Cultural relançaria o livro, mas com o nome
do personagem, ou seja, sairia Primeiro
Sangue e entraria Rambo. Devido
ao sucesso da trilogia cinematográfica idealizada por Sylvester Stallone, a
publicação da Nova Cultural vendeu “horrores”. Este fenômeno também acabou por
transformar Primeiro Sangue da Record
numa obra cult. Mas infelizmente, depois disso, não tivemos nenhum outro
relançamento do livro. Como os direitos autorais estavam presos com a Record e
a Nova Cultural, um novo relançamento se tornava praticamente impossível. Quero
dizer, até ter surgido a Pipoca & Nanquim.
Ouvi uma entrevista do Alexandre Callari onde ele afirmou
que vinha mantendo contatos constantes com David Morrell, dizendo estar
interessado em relançar o seu livro, mas o autor sempre respondia que infelizmente
os direitos estavam presos. Mas num belo dia, o tom conversa mudou quando
Morrell respondeu a Callari que os direitos haviam sido liberados. Pronto! A
Pipoca e Nanquim não pensou duas vezes e agarrou com unhas e dentes a
oportunidade de adquirir os direitos do livro e relança-lo.
Primeiro
Sangue é tão diferente dos filmes da saga Rambo como água e
óleo. Podemos dizer que ambos não se misturam (explico em detalhes essas
diferenças aqui e mais aqui). Quem leu o livro e depois assistiu ao filme ou vice-versa, vai
ter a sensação de ter visto duas obras distintas.
Uma curiosidade interessante é que Primeiro Sangue se tornou, na época de
seu lançamento, leitura obrigatória em várias universidades americanas devido a
sua análise crítica da Guerra do Vietnã e as suas consequências na sociedade
americana.
E aí galera, gostaram da novidade? Impossível não
gostar, não é mesmo? Fecho esse post dando uma outra informação relacionada ao
relançamento de Primeiro Sangue que certamente fará com que os leitores deem um
HIPI-HIPI-HURRA bem mais forte do que aquele que dei ao iniciar esse texto.
Callari disse em sua entrevista que o livro deve entrar na fase de pré-venda já
no início de janeiro.
Vamos ficar na expectativa.
Por hoje é só galera.
08 novembro 2024
Jason Bourne: uma saga de 14 livros e não apenas uma trilogia
Não é tão raro vermos personagens icônicos da
literatura prosseguirem com as suas aventuras, encontros e desencontros mesmo
após a morte de seus criadores. Foi assim com os Blackwells de Sidney Sheldon,
com o carismático 007 de Ian Fleming, com Scarlett O’Hara de Margaret Mitchell,
além de muitos outros (aqui). E da mesma forma que os espólios de Sheldon,
Fleming e Mitchel chamaram, respectivamente, Tilly Bagshawe, John Gardner e
Alexandra Ripley para “ressuscitar” esses personagens após a morte de seu
autores originais; os familiares de Robert Ludlum decidiram fazer o mesmo. E
assim, o conhecido agente secreto aminésico Jason Bourne acabou indo parar nas
mãos de Eric Van Lustbader. Resultado: além dos três livros originais - A Identidade Bourne (1980), A Supremacia Bourne (1986) e O Utimato Bourne (1990) – escritos por
Ludlum (veja aqui), a saga ganhou – pasmem! – mais 11 livros com o personagem!! Se somarmos
esses livros com a trilogia de Ludlum teremos 14 livros do chamado universo
Bourne!
Lustbader era um dos poucos amigos do recluso Ludlum
que não gostava de muita gente ao seu redor, além de não ser nem um pouco
sociável. Reza a lenda que Ludlum detestava pessoas tolas e de pouca cultura e
por isso optava por sair muito raramente de sua casa. Mas após um evento
promocional de sua editora ao qual foi obrigado comparecer, o lendário autor
acabou se aproximando de Lustbader. Este fato raro aconteceu porque o criador
de Jason Bourne que havia acabado de lançar A
Identidade Bourne queria conhecer o seu rival que estava dividindo com ele
as listas de livros mais vendidos. Vale ressaltar que Lustbader havia escrito
recentemente O Ninja que estava
ocupando juntamente com A Identidade
Bourne o primeiro lugar das listagens de obras mais vendidas nos Estados
Unidos.
A dupla conversou até tarde da noite. Ludlum viu muito
de Jason Bourne e dele mesmo no personagem de Lustbader, Nicholas Linnear - um
mestre das artes marciais que é envolvido em uma conspiração de assassinato - e
Lustbader viu muito de si mesmo e de Linnear em Bourne, o agente desonesto da
CIA sem memória de seu passado. E assim, ambos se tornaram grandes amigos.
Quando Ludlum morreu em março de 2001, o seu espólio
decidiu dar continuidade as aventuras de Jason Bourne. Algo natural, já que se
tratava da série de livros mais famosa do escritor e que rendeu uma fortuna
desde que foi criado. O próximo passo seria escolher um escritor que tivesse
alguma afinidade com Ludlum.
![]() |
Trilogia Bourne original escrita por Robert Ludlum |
O retorno de Jason Bourne às páginas aconteceu em
2004, três anos após a morte de seu criador. Nasceu assim, O Legado Bourne. O sucesso da obra que vendeu aquém do esperado
acabou estimulando o lançamento de novos livros até chegar a sua 11ª edição.
Uma das coisas que atraiu Lustbader para a série –
além das infinitas possibilidades de enredo de um agente com amnésia – foi que
Bourne era a antítese do espião sofisticado. Ele era um homem comum,
danificado, e tendo que confiar com seus próprios recursos em vez de uma série
de dispositivos e carros velozes.
Matt Damon assumiu o papel de Bourne na adaptação
cinematográfica de A Identidade Bourne.
Aqui cabe uma curiosidade já que os produtores do primeiro filme da trilogia
queriam Brad Pitt na pele do agente da CIA e não Damon; mas no final, Damon
provou ter sido a escolha certa.
Lustbader começou a moldar o personagem de Bourne
sutilmente para sua série sem alterar o agente duplo operando sem memória, mas
com uma lasca de consciência. Ele matou a esposa de Bourne, Marie, em um
acidente de esqui entre seus livros um e dois e enviou as crianças para a
fazenda de seus avós no Canadá.
Segundo o autor, Marie se foi e os filhos se foram
porque, se Bourne fosse casado, não seria possível que ele interagisse com
nenhuma personagem feminina, e sua esposa e filhos estariam sob constante
ameaça. Para Lustbader, isso não poderia ser feito em todos os livros. Os dois
primeiros livros se mostraram tão populares que a editora perguntou ao agente
do escritor, se ele poderia criar um enredo sobre Bourne por ano. Isso, além de
sua própria produção – na série Nicholas Linnear, personagem de “O Ninja” - de
um livro, também, por ano. E tudo indica
que Jason Bourne venceu esse “embate”, já que teve fôlego para sustentar 12
enredos, enquanto Linnear só foi até o sétimo volume.
E agora vamos conhecer mais detalhes sobre os da saga
Bourne escritos por Eric Van Lutsbader. Lembrando que dos seus 11 livros apenas
três foram lançados no Brasil. Todos eles pela editora Rocco.
01
– O Legado Bourne (2004)
Na trama, o professor David Webb salva um aluno de uma
briga, fazendo eclodir a agilidade e a destreza de sua antiga vida como o
espião Jason Bourne. Webb mal imagina que este incidente é o estopim para uma
complexa intriga internacional em que, de herói, ele passará novamente a alvo.
Lustbader fez um excelente trabalho. Adorei o livro. É
claro que o leitor que acompanhou toda a trilogia original vai perceber
diferenças na escrita dos dois autores, mas não há como negar que nessa
sequência, Lutsbader foi muito feliz e conseguiu manter o nível.
O enredo tem muita ação, conspirações e surpresas.
Prestem atenção no personagem Khan que reserva uma grande reviravolta no final.
Aliás, esse personagem foi muito bem construído pelo autor, à exemplo do agente
da CIA, Martin Lindros e da misteriosa Annaka. Quer saber quando um autor
entende do assunto? No momento em que ele escreve um livro com um grande numero
de personagens e apesar disso, consegue deixá-los todos interessantes. Pois é,
Lustbader conseguiu. O Legado Bourne
tem uma ‘infinidade’ de personagens e todos eles conseguem prender a atenção do
leitor, tendo papéis preponderantes na história. (ver resenha aqui)
02
- A Traição Bourne (2007)
A
Traição Bourne foi publicado originalmente em 2007 mas
só chegou ao Brasil em 2010 através da editora Rocco. Dois meses após a morte
da segunda esposa de Jason Bourne, ele descobre que Martin Lindros, seu único
amigo na CIA, desapareceu na África, onde ele estava rastreando carregamentos
de urânio.
Apesar de seu ódio pela CI, Bourne parte para resgatar
seu amigo e terminar o trabalho: desmantelar uma rede terrorista determinada a
construir armamentos nucleares cortando sua fonte de dinheiro.
Mas Bourne não percebe que esses homens, supremacistas
islâmicos, são líderes de um grupo incrivelmente perigoso e tecnologicamente
experiente com laços da África, através do Oriente Médio e na Europa Oriental e
Rússia.
03
– A Punição Bourne (2008)
A
Punição Bourne é o sexto livro da saga Bourne e o
terceiro escrito por Eric Van Lustbader.
Desta vez, Jason Bourne, agora conhecido como o
professor David Webb, esta à procura de tranquilidade. Ele resolveu retomar o
posto de professor na Universidade de Georgetown. Em pouco tempo, porém, ele
acaba se entediando com a pacata vida no campus. Quando seu mentor acadêmico, o
professor Specter, o convida para investigar a morte de um antigo aluno,
assassinado por uma seita extremista islâmica, ele retorna ao trabalho com
entusiasmo. Quase ao mesmo tempo, do outro lado do planeta, Semion Icoupov,
líder da organização terrorista Legião Negra, e Leonid Arkadin, um matador de
aluguel, se unem para arrancar, através de tortura, preciosas informações de
Pyotr Zilver, um estudante especializado em transmissão de dados através das
consideras 'novas tecnologias'. Quando David Webb, o lado B da personalidade de
Bourne, salva o professor Specter de um ataque, dentro da universidade, o cerco
começa a se fechar. Specter, na verdade um caçador de terroristas motivado por
vingança, busca descobrir os próximos passos da Legião Negra, desde a morte de
seu aluno, Pyotr Zilber. E para isso contará com a colaboração de Jason Bourne.
Se os fãs da saga já leram a trilogia sobre o agente
da CIA publicada por Robert Ludlum não custa nada arriscar a leitura dos livros
escritos por Eric Van Lustbader. Como já disse nesse texto, tive a oportunidade
de ler o quarto livro da série e o primeiro idealizado por Lustbader e gostei.
Vamos ficar na torcida para que a editora Rocco
publique aqui no Brasil, os oito livros restantes sobre Jason Bourne escritos
por Lustbader, assim, teríamos uma saga de 14 livros! Um ‘presentaço’ para os
fãs do personagem.
20 outubro 2024
Robin Hood
Muitas pessoas que apreciam a leitura de obras
contemporâneas quando decidem ler algum clássico do século 19 geralmente
“enroscam”. Quando escrevo “enroscam” estou querendo dizer que elas acham a
leitura maçante, lenta, enfim... chata. Concordo em parte porque prefiro
analisar a literatura clássica obra por obra. Vou tentar explicar o que estou
querendo dizer com essa análise ‘obra por obra’. Vamos lá. Sabemos que os
relacionamentos sentimentais no século 19 eram muito diferentes dos
relacionamentos atuais e botam diferentes nisso. Tinha todo aquele cortejo,
aquele desfile de poesias e poemas apaixonados, todo aquele lirismo. Neste
cortejo, o pretendente fazia perguntas na forma de poemas para a sua enamorada
e ela também respondia em poemas para o seu enamorado ou então, utilizava
longas frases apaixonadas. Por outro lado, os momentos de dramaticidade eram
descritos detalhadamente até a ‘última gota’, antes dos momentos de ação
começarem.
Acredito que por “culpa” dessas características, a
chamada literatura clássica ganhou o estigma de maçante e cansativa. Mas por
outra perspectiva, os plots, ou seja, as sequências de eventos que faziam parte
da estrutura central da história eram fantasticamente bem elaboradas o que
acabava compensando o que os leitores atuais chamam de “encheção de linguiça”.
E é aí que entra Robin
Hood de Alexandre Dumas publicado originalmente na década de 1800. Ao
contrário de O Conde de Monte Cristo
(ver aqui, aqui e mais aqui) que tem um plot excelente capaz de deixar o leitor ligado no
enredo até o fim da leitura; Robin Hood
carece desse núcleo. O seu enredo nada mais é do que um folhetim de aventuras
do herói arqueiro contra o xerife de Nottinghan. Em
O Conde de Monte Cristo, já nos
primeiros capítulos, Dumas cria a expectativa de que tão logo consiga fugir da
prisão, Edmund Dantes irá se vingar de todos aqueles que tramaram para
prendê-lo injustamente no terrível Castelo de If. O leitor fica imaginando,
fica projetando como será o castigo de cada um dos traidores de Dantes. Outro
núcleo central desse romance é o relacionamento do herói com a sua noiva
Mercedes. O casal foi separado de maneira traiçoeira após um complô de seus amigos
traidores. E agora? Como fica? Dantes e Mercedes reatarão ou essa chance se
perdeu ao longo doa anos já que ela, agora, tem um filho com um outro homem?
Tudo isso, sem contar o relacionamento misterioso entre Dantes e um outro
prisioneiro: o abate Faria que se torna o mentor do marinheiro preso até a sua
fuga.
Um enredo com tantas tramas e subtramas interessantes
pode até abusar do lirismo descritivo entre os seus personagens porque que o leitor
não estará nem aí para isso, já que o núcleo central da trama foi muito bem
construído.
Pois é, no caso de Robin
Hood a ausência de uma trama central bem com a ausência de subtramas transforma
a história num embate simplista e cansativo entre o herói arqueiro e o xerife Nottinghan.
São mais de 600 páginas – no formato Bolso Luxo da Zahar – desse embate. Putz,
chega uma hora que cansa! E eu me cansei várias vezes o que me levou a atrasar
a leitura porque não tinha mais estimulo para prosseguir. Juro que terminei no
osso.
A história até começa interessante, contando a
infância do herói, mas depois de algumas páginas viradas, tome brigas e mais
brigas, refregas e maias refregas, flechadas e mais fechadas. Enquanto isso,
cadê a trama? Qual o sentido de todas essas brigas? De todas essas flechadas? Como
diz um velho ditado: “brigar por brigar”?
Por esse motivo, não recomendo a leitura. Se quiserem
ler alguma obra de Dumas fiquem com O
Conde de Monte Cristo, Os Três
Mosqueteiros (confira resenha aqui, aqui e novamente aqui) ou ainda 20 Anos Depois,
esses sim, verdadeiros clássicos capazes de despertar o interesse galera.
A edição relançada pela Zahar há 10 anos reúne os dois
volumes de Alexandre Dumas sobre Robin Hood: O príncipe dos ladrões e O
proscrito publicados postumamente em 1872 e 1873. O primeiro acompanha a
gênese do personagem, desde a sua adoção recém-nascido até a proscrição e o
estabelecimento na floresta, assumindo-se como fora da lei. O segundo apresenta
a sequência de suas aventuras, até a velhice e a morte.
01 setembro 2024
Conan, O Bárbaro retorna em dois lançamentos da Pipoca e Nanquim: um box e uma edição definitiva
Um dos meus xodós que guardo com todo cuidado e zelo é
a coleção Conan, O Bárbaro (aqui, aqui e aqui) lançado pela Pipoca e Nanquim há
sete anos. Ainda me lembro do furor causado pelo primeiro livro da coleção que
chegou nas livrarias brasileiras em 2017. Entusiasmo que durou até o lançamento
do volume 3, em 2019, que encerrava a saga. Foram dois anos de expectativa dos
leitores quanto ao lançamento dos livros; a mesma expectativa que eu vivi. E
toda essa ansiedade tinha uma justificativa muito plausível: pela primeira vez,
uma editora colocaria no mercado a obra máxima do escritor Robert E. Howard, um
dos mais celebrados novelistas de sua geração, criador do gênero Espada &
Feitiçaria, e principal inspiração para autores de renome indiscutível, como J.
R. Tolkien, George Martin e Michael Moorcock. E qual seria essa obra máxima? Simplesmente,
todas as aventuras de Conan, na íntegra, dividida em três volumes, seguindo a
ordem em que foram publicadas originalmente na emblemática revista Weird Tales.
Uhauuuu!!! E para completar o pacote, os três volumes teriam um acabamento
ultra luxuoso e bota ultra luxuoso nisso! Sente só: sobrecapa de acetato,
ilustrações de artistas como Mark Schultz e Gary Gianni, diversos extras e, pela
primeira vez no Brasil, as capas originais de Frank Frazetta. Cara, só quem
conhece o guerreiro Cimério para entender a importância desse relançamento com
todos esses requintes por parte da Pipoca e Nanquim.
Por isso, os três livros viraram uma verdadeira febre
no Brasil; posso afirmar, sem medo de errar, que a editora deu um tiro no alvo
e daqueles bem difíceis de acertar. Resultado: quando os volumes começaram a chegar
nas livrarias provocaram uma verdadeira corrida por parte dos leitores.
Acredito que a coleção da Pipoca e Naquim foi uma das campeãs de pré-vendas, na
época.
E na manhã de hoje, ao dar a minha costumeira zapeada
pelas livrarias virtuais qual não foi a minha surpresa ao ver que essa editora
resolveu relançar os três volumes antológicos num box luxuoso e com novos layouts.
Na minha opinião, os três volumes lançados em 2017, 2018 e 2019 jamais terão os
seus layouts em capa dura superados, mas isso não significa que o box da Pipoca
e Naquim que chegou nas livrarias há pouco tempo não tenha os seus méritos.
Apesar dos livros da ‘caixa’ terem o formato brochura,
eles são muito refinados. Quanto ao box foi feito num material bem resistente.
Além dos livros, a caixa” também traz três marcadores
de página inéditos, com artes coloridas
e um pôster de 31x45 ilustrado de Mark Schultz; e um livreto de 40
páginas com capa de Boris Vallejo e quarta capa de Joe Jusko, que apresenta
material inédito no Brasil, como o conto inacabado Lobos da Fronteira e a sinopse de Amalric, que Howard jamais concretizou em forma de conto.
São 1.140 páginas da obra-prima do cultuado Robert E.
Howard para deliciar todos os fãs de Conan.
São 1.140 páginas da obra-prima do cultuado Robert E.
Howard para deliciar todos os fãs de Conan.
Pois é, e mal tinha acabado de descobrir esse
relançamento antológico, lá vem a Pipoca e Nanquim novamente para cutucar a
minha curiosidade e também o... meu bolso (rs). Além do box com o relançamento da
trilogia iniciada em 2017 e concluída dois anos depois, a editora acabou de
tirar do forno o quarto volume da obra Conan, O Cimério – Edição Definitiva.
A coleção de quatro livros publicada originalmente pela editora francesa Glénat
apresenta 16 releituras em quadrinhos dos principais contos do personagem,
inicialmente imortalizados nas páginas da lendária revista pulp Weird Tales e,
posteriormente, lançados como livros e compilações em formatos variados.
Cada volume de Conan,
O Cimério – Edição Definitiva tem dimensões bem acima do padrão das obras
normais medindo 23 por 21 cm. Os livros foram produzidos por uma equipe
criativa diferente, que compreende alguns dos artistas mais talentosos de sua
geração. m prato cheio para os amantes de histórias em quadrinhos e mais ainda:
um prato cheio para os fãs de Conan.
Enfim, uma novela gráfica de encher os olhos.
17 julho 2024
Batman: O Cavaleiro das Trevas – Edição Definitiva
Gente,
eu era louco, completamente louco por histórias em quadrinhos na minha infância
e pré-adolescência. O meu herói preferido era o Cruzado Encapuzado ou
simplesmente Batman. Passava grande parte do meu tempo na saudosa banca de
revistas do ‘seo’ Luiz ‘viajando’ com as capas maravilhosas da editora Ebal;
capas que me enchiam de coragem para pedir aos meus pais que comprassem não um,
mas dois ou três gibis; mas tinham que ser do Batman. E eles compravam; minha
mãe mais maleável, mas o meu pai também não se opunha, desde que “aquelas
revistinhas com capas esquisitas” não atrapalhassem os meus estudos. E assim,
lá ia eu para casa, todo feliz da vida, com os meus gibis pronto para mergulhar
na leitura.
Esta
fase dos quadrinhos passou até que rapidamente. Depois de pouco tempo fui
perdendo o interesse e mergulhando de cabeça nos livros; hábito que cultivo até
hoje. Mas, recentemente, tive uma recaída e bateu uma crise de abstinência
danada; abstinência de ler uma HQ e adivinhem de quem? Claro, do Batman. Resolvi
acabar com essa crise comprando Batman, O
Cavaleiro das Trevas – Edição Definitiva. Escolhi esse título porque todos
os fãs do Homem-Morcego, além da critica especializada, retratam essa história
como a melhor de todos os tempos sobre o personagem; mais do que isso, um
verdadeiro cânone no mundo das HQs.
Escrita
e desenhada por Frank Miller, Batman: O
Cavaleiro das Trevas foi lançado no início de 1986, originalmente como uma
minissérie em quatro edições. Em pouco tempo passou a ser considerada uma das
pedras angulares dos quadrinhos modernos.
Esta
HQ fez tanto sucesso, mas tanto sucesso que 15 anos depois, em 2001, Frank
Miller resolveu atender aos insistentes pedidos da galera que havia devorado as
páginas de O Cavaleiro das Trevas e
escrever uma sequência em uma nova minissérie que se chamaria simplesmente O Cavaleiro das Trevas 2.
Em
dezembro de 2006, a editora Panini decidiu reunir as duas histórias de Miller
numa edição única que foi batizada de Batman,
O Cavaleiro das Trevas – Edição Definitiva. Não preciso dizer que o
lançamento da Panini bombou em vendas, alcançando o topo das listas de obras
mais vendidas no Brasil.
Com
tantas referências positivas, cheguei à conclusão de que a obra que reunia as
duas histórias antológicas de Miller seria o remédio ideal para matar a minha
crise de abstinência de quadrinhos.
Sinceridade
na minha análise? Adorei a primeira parte, mas... detestei a segunda. Em O Cavaleiro das Trevas – Parte I vemos
um Batman de 50 anos que volta a ativa depois de sua aposentadoria. Foi muito
interessante ver um herói antológico que conheci em minha infância - no auge de
sua forma física - socando vilões e driblando armadilhas com uma enorme
destreza e agilidade, agora, muito mais velho – quase vovô. O Batman de Miller havia
perdido a força, a agilidade e a destreza da juventude. Ele não conseguia mais
saltar de telhados em segurança, socar os inimigos com tanta força, porém esse
herói envelhecido estava muito mais brutal, sanguinário e experiente.
É
esse Batman muito diferente daquele que nós havíamos conhecido no passado que
retorna a Gotham City quando a cidade enfrenta uma onda incontrolável de
criminalidade.
Em
seu primeiro combate, Batman é literalmente arrebentado por um perigoso vilão,
uma verdadeira montanha de músculos. Mas depois de “lamber as suas feridas”, o
Cavaleiro das Trevas” retorna mais violento do que nunca e se redime da surra
que levou, numa verdadeira redenção que me fez dar vários socos no ar, só
faltando gritar Ipi Hurra!.
Paralelamente
a isso, ao saber do retorno de Batman, o Coringa, considerado o seu pior
inimigo, sai de seu estado catatônico e é convidado a dar uma entrevista para
um canal de televisão em Gotham City. Durante o programa, o vilão acaba criando
um verdadeiro caos colocando em risco a vida de todos os habitantes de Gotham.
Pronto; lá vai o cruzado encapuzado novamente à caça de seu arqui-inimigo.
Durante
o enredo, outros vilões conhecidos aparecem aprontando da suas e a cada página
virada, vemos um Batman cada vez mais brutal e violento. Dessa forma, o governo
americano passa a ver o Homem Morcego mais como um inimigo do que como um
amigo. Temendo que o herói perca totalmente o controle, ele decide chamar o
Superman para conter o Morcego que voltou de sua aposentadoria querendo “chutar
o barraco”. A partir daí passamos a ter um combate épico envolvendo o maior
detetive do mundo contra o homem mais forte do mundo.
Cara,
um enredo fenomenal. Fiquei ligado na história do começo ao fim, mas então
chegou a segunda parte e... broxei.
Não
gostei: enredo estranho, desenhos também estranhos, para não ‘dizer’ ruins.
Achei a história desconexa e como já citei acima: estranha. Três anos depois da
suposta morte do Batman, em O Cavaleiro
das Trevas, os Estados Unidos são governados pelo presidente Rickard, que
não passa de um fantoche digital de Lex Luthor. Por isso, o país vive num
regime praticamente fascista. Os antigos super-heróis estão afastados e
assistem a tudo impassíveis até que “a ficha cai” e eles decidem se reunir
Após
essa reunião, surgem velhas rixas entre esses super-heróis que precisam ser
solucionadas com a ajuda do Homem-Morcego. Ehehehe! Já deu pra perceber que ele
não morreu, né?
No
mais temos um Coringa novo, chato pra caramba; além de um novo, ou melhor, uma
nova Robin que não agradam. Ah! Não posso me esquecer ainda do Braianic, um
vilão que também ficou chato pra dedéu.
Resumindo:
uma primeira parte primorosa, mas uma segunda parte decepcionante.
Inté
galera!
25 junho 2024
Meu Nome é Ninguém – O Regresso (Volume II)
Grande parte dos comentários que li sobre “O Regresso”
– segundo e último volume da duologia “Meu Nome é Ninguém” – diziam que o autor
Valerio Massimo Manfredi aumentou a história desnecessariamente quebrando toda
a magia que envolve a saga de Ulisses ou Odisseu. Concordo em gênero, número e
grau. Vou mais além e afirmo que o autor escreveu mais do que devia e se
enrolou todo no final. Quando acabei de ler o livro disse para Lulu que
Manfredi foi guloso; comeu mais do que devia, se empanturrou e depois, passou
mal.
A maioria daqueles que leram as versões romanceadas de
a “Odisseia” de Homero ou então, assistiram aos filmes baseados na obra sabem
que a saga de Ulisses termina tão logo após o seu retorno a Ítaca quando ele,
juntamente com o seu filho Telêmaco e alguns aliados, exterminam todos os
guerreiros que haviam invadido o seu palácio com a intenção de desposar a sua
esposa Penélope, acreditando que o herói havia morrido.
O que Manfredi fez? Ele quis ir mais a fundo e narrar
o que aconteceu depois disso; e foi aí que ele se embananou todo. Antes desse
acréscimo na saga, por parte do autor, a narrativa estava fluida e agradável
capaz de prender a atenção do leitor. Como escrevi na resenha de “O Juramento”
(primeiro volume da duologia Meu Nome é Ninguém) ler todos os acontecimentos
envolvendo a Guerra de Tróia e o retorno de Ulisses a sua Terra Natal narrados
em primeira pessoa pelo próprio herói torna a história muito mais palatável e
saborosa fazendo com os leitores devorem as páginas.
Acredito que ao autor ao escrever essa duologia, tinha
como proposta narrar fatos desconhecidos sobre a vida do herói da mitologia
grega, ou seja, fatos além daqueles que conhecemos lendo o poema de Homero ou
então, as suas versões romanceadas. Dessa maneira, no primeiro volume
conhecemos curiosidades interessantes sobre a infância de Odisseu; como ele
conheceu o seu avô; a origem de seu nome; como ele se tornou um guerreiro e,
também; como ele conheceu Penélope e como por pouco, Helena de Tróia não o
desposou; além de muitos outros detalhes, posso ‘dizer’... “indédito” da
conhecida saga.
Esta proposta de Manfredi caiu como uma luva em toda a
narrativa de “O Juramento”, mas por outro lado, apenas em parte de “O
Regresso”. Na minha opinião, se o autor tivesse encerrado a narrativa logo após
a sua vingança contra os pretendentes de Penélope, a duologia seria encerrada ,
com chave de ouro, mas o problema foi que ele quis mais e com isso, acabou
estragando o encerramento da história.
Comentei com algumas pessoas que também leram a duologia
que tudo o que deveria ser acresentado a mais na saga de Odisseu foi feito em
“O juramento”, restando muito pouco ou quase nada a ser acrescentado em “O
Regresso”. Esse pouco foi acrescentado nos trechos envolvendo as interações de
Ulisses com Calipso, Circe e a princesa Nausicaam, filha do rei Alcino que o
ajudou o herói a regressar a Ítaca. Bastavam esses acrescimentos no enredo para
deixa-lo agradável porque já tínhamos a deliciosa narrativa de Ulisses em
primeira pessoa.
Mas o autor não entendeu dessa maneira e optou por
incluir uma nova viagem para Odisseu após o seu retorno a Ítaca. Nesta nova
peripécia, ele deveria ir até uma terra muito distante onde cumpriria uma
promessa para acalmar Poseidon, deus dos mares e pai do ciclope Polifemo, morto
çpelo herói. E foi aí que o caldou engrossou demais ou ficou ralo de mais, como
queiram. Achei essa segunda aventura de Ulisses muito chata, insípida e muito
metafórica. Resumindo: chata e confusa.
Se quiserem um conselho, leiam “O Regresso” até o
capítulo em que Odisseu mata os usurpadores de seu palácio que pretendiam
desposar Penélope e esqueçam a última viagem, sem sentido, do herói. Já aqueles
que quiserem encará-la, desejo boa sorte.