Todos os posts da Categoria Aventura

21 junho 2025

Sacanas do asfalto

Enrosquei no começo do livro; mas enrosquei mesmo. A leitura não ia, sei lá... não fluía. Melhorou depois, a partir do meio da obra, mas tive que ser persistente. Na minha opinião o excesso de diálogos entre os personagens abordando, muitas vezes, assuntos desinteressantes, do tipo ‘coisas’ cotidianas que não tinham nada a ver com a trama principal acabaram travando o desenvolvimento da história. Acho que poderia definir esse contexto da seguinte maneira: diálogos desnecessários e situações convenientes vividas pelos personagens. E já que toquei no assunto personagens, eles, também, não me cativaram no início.

Tudo isso acabou atravancando a leitura. Por isso mesmo, apesar de ser um livro curto, com pouco mais de 260 páginas, custei muito para termina-lo. Culpa do seu início frio. E olha que eu estava com muita vontade de ter esse livro em mãos; literalmente “babando” para ler “Sacanas do Asfalto” após ter visto a sua sinopse nas redes sociais.

Se você conseguir “vencer” esse início ou para ser mais exato, essa primeira metade da obra, com certeza, conseguirá deslanchar a sua leitura porque a segunda e última metade tem características bem distintas. Apesar de alguns diálogos desnecessários persistirem, a entrada de novos personagens como Samuel, o “Sr. Lobo”, além de uma gang de motoqueiros comandada por um punk ‘mutcho loko’ acabam dando um “Up” no enredo e a partir daí a leitura começa a fluir.

Colaboram muito para esse “Up” alguns segredos envolvendo três personagens principais que são revelados por Robson Gundim. O segredo da personagem Daisy tem “ares” de plot twist; melhor ‘dizendo’: é um verdadeiro plot twist porque muda tudo o que leitor imaginava ser verdadeiro na personagem. Outra reviravolta diz respeito a Samuel ou simplesmente “Sam”. Acredito que leitor irá se surpreender quando descobrir os motivos que levaram “Sam” a seguir um caminho não muito digno em sua vida. Quanto ao terceiro plot – esse bem menor do que os outros dois – acho que está mais para um pequeno segredo do que para um twist, é relacionado ao Sr. Lobo e ao punk mutcho loko. Todas essas novidades conseguem dar uma inflada no enredo.

Gostei também da entrada das “Três Furiosas” nesta segunda metade da trama. Foi uma participação relâmpago dessas “panteras” mas valeu muito a pena. O autor até poderia explorar um pouco mais a presença dessas garotas. Até fiquei imaginando e torcendo por um confronto entre a líder das Furiosas e o Punk mutcho loko, mas fiquei apenas na torcida.

Como Gundim é fã declarado de Quentin Tarantino, “Sacanas do Asfalto” traz muitas referências sobre o renomado diretor de cinema. Na trama, três jovens estudantes, com a chegada das férias, decidem viajar para se divertirem no melhor festival de rocxk da ilha de Vera Cruz. Movidos por uma harmonia e amizade indestrutíveis, eles tomam a estrada e chama a atenção de todos por onde passam. Porém, nem tudo parece ser tão agradável como supunham, sobretudo quando o líder de um grupo de motoqueiros resolve desafiá-lo, mexendo com seus medos e feridas, em uma implacável perseguição.

Enfim galera, é isso aí: um livro com início frio, muita enrolação, muitos diálogos e situações desnecessárias, mas que melhora muito depois da metade. Detalhe final: as gravuras que marcam o início de alguns capítulos foram desenhadas pelo próprio Gundim e ficaram ótimas, com um clima bem “Tarantino”.

Valeu!

03 março 2025

"Os Três Mosqueteiros”: uma releitura que vale um desempate

A primeira vez que li amei; a segunda... bem, não foi tudo aquilo que eu esperava. Estou me referindo ao clássico literário Os Três Mosqueteiros de Alexandre Dumas. Agora estou me preparando para o desempate que só será possível com uma terceira leitura do livro sobre os quatro amigos inseparáveis. 

Ainda me lembro que na primeira vez que li as aventuras de Athos, Porthos, Aramis e D’Artagnan – estava debutando do Primário para o Ginasial - e amei; amei tanto que anos depois, ainda nos primórdios do blog, resolvi escrever um post sobre o livro (veja aqui). O tempo passou, eu cresci (rs) e fiz a releitura do clássico e... dessa vez, não foi tão prazerosa assim (explico aqui).

Depois que fechei a edição comentada da Zahar; e que edição! – capa dura, com ilustrações e notas de rodapé – fiquei imaginando o motivo de não ter gostado tanto assim, da releitura. Cheguei a algumas conclusões que classifiquei como plausíveis. A primeira delas pode ter sido as longas notas de rodapé da versão integral e comentada que acabaram truncando a leitura. Isso pode ter acontecido porque eu tenho o hábito de ler simultaneamente enredo e as explicações do autor que são publicadas no rodapé das páginas; e confesso que as tais notas da edição da Zahar são longas ao extremo. Por isso, toda vez que a leitura do enredo engatava uma quinta marcha, lá vinham as notas de rodapé e assim, essa quinta marcha era abruptamente reduzida para uma primeira. Aí meu amigo, até você conseguir buscar a quinta marcha perdida, demorava e muito.

O segundo motivo para não ter gostado tanto da releitura de Os Três Mosqueteiros pode ter sido o momento em que eu o li. O que estou querendo “dizer” é que decidi reler a obra de Dumas numa época atribulada quando estava enfrentando um rol de preocupações – algumas bem complicadas – na minha vida profissional e também na saúde. Estas preocupações podem ter colaborado para desviar a minha atenção fazendo com que eu não focasse somente na leitura do livro e assim, aquela magia de mergulharmos no enredo – que só os devoradores de livros conhecem – acabou se esvaindo.

Galera, confesso que quero sentir aquele prazer fantástico da minha época de estudante “primário-ginasiano” quando ‘engoli’ as páginas de Os Três Mosqueteiros. Por isso, quero muito reler essa história. Esta vontade coincidiu com o desejo de ‘última hora’ que eu tenho de ler uma obra clássica; e nesse caso, nada melhor do que “Dumas na área”.

Quero que essa releitura – como disse acima, esse desempate – seja muito especial. Para que isso aconteça, escolhi reler a obra num período em que a maré se encontra tranquila em meu serviço e também na minha vida particular. Uso aqui, uma frase da minha grande Lulu: “Temos que aproveitar as marés tranquilas de nossa vidas para fazermos as ‘coisas’ que mais desejamos, aquelas especiais, porque assim a nossa felicidade será duplicada ou triplicada. Com isso, recarregaremos as nossas baterias para enfrentarmos possíveis tempestades e tribulações que possam vir no futuro”. Viram só que mulher sábia eu tenho? (rs).

Esta minha preparação para a segunda releitura do clássico de Dumas incluiu a compra da edição luxuosa da Zahar em capa dura de Vinte Anos Depois que é a sequência direta de Os Três Mosqueteiros e um planejamento financeiro para a aquisição de O Visconde de Bragelonne que, por sua vez, é a sequência de Vinte Anos Depois. Aliás, esse planejamento é necessário já que o calhamaço de 600 páginas da Zahar, fora da promoção, ultrapassa a “bagatela” de R$ 100,00.

Com certeza, muitos de vocês que leram essa postagem devem estar se perguntando “porque comprar mais dois livros se o meu objetivo inicial era apenas a releitura de Os Três Mosqueteiros”? Acontece galera, que ao mesmo tempo em que bateu uma vontade enorme de reler, novamente, Os Três Mosqueteiros também bateu a mesma vontade de conhecer a saga completa desses quatro heróis tão carismáticos. E assim, vamos que vamos.

Inté!

18 fevereiro 2025

Erupção

Confesso que ao saber que o espólio de Michael Crichton tinha lançado um novo livro póstumo em parceria com um outro escritor fiquei muito animado, mas animadíssimo, de fato. Os motivos dessa animação mesclada à expectativa – e uma boa expectativa – eram dois. Primeiro: sou ‘fanzaço’ confesso do autor e segundo: a minha última experiência envolvendo um livro póstumo de Crichton concluído por um outro escritor foi fantástica. Adorei Micro que foi finalizado por Richard Preston. Cara, que livraço! Amei! Amei!

Por “culpa” de toda essa empolgação fui ‘babando’ em busca de Erupção, enredo iniciado por Crichton que faleceu antes de concluí-lo. Dessa forma, a sua esposa Sherri Crichton que cuida do espólio do autor decidiu chamar James Patterson para concluir a história.

Comecei a ler Erupção com a certeza de que iria “topar” com uma narrativa envolvente e viciante, além de personagens carismáticos, duas características importantes na composição de um enredo e que fizeram com que eu devorasse Micro em poucos dias. Mas, então, veio a decepção, já que não encontrei nada disso.

A narrativa é lenta e arrastada até mesmo durante os momentos de ação; e os personagens não convencem nem um pouco porque além de serem chatos pra caramba, ainda carecem de desenvolvimento. A impressão que tive é que vários deles foram simplesmente jogados na narrativa deixando os leitores perdidos já que não tinham nenhuma informação adicional sobre esses personagens.

Perceberam que eu citei, acima, vários personagens? Pois é, de fato, são muitos personagens; uma miscelânea deles. Tantos que os leitores até se perdem durante a leitura, esquecendo alguns nomes. E sabemos que a partir do momento que um autor opta por incluir em sua trama literária muitos personagens, ele corre o risco de queimar alguns deles. O que estou tentando explicar é que nem todos os personagens ganham o desenvolvimento que merecem, ficando ali, simplesmente, jogados aleatoriamente no enredo ou então esquecidos. E foi, exatamente, isso que aconteceu com Erupção. Por exemplo, a personagem Drª Rachel Sherrill, uma botânica muito conceituada, responsável pelo Jardim Botânico de Hilo, no Havaí, que logo no início da trama descobre algo que “nada mais é” do que o plot principal da trama só aparece no prólogo; depois no decorrer da trama, seu nome é citado apenas uma ou duas vezes, e acrescente-se a isso, uma única aparição relâmpago da personagem no meio do livro. Na minha opinião, a Drª Rachel Serrill poderia ser muito mais aproveitada.

Quanto ao personagem principal da história, John Mac Gregor, além de não ter nenhum carisma, é chato de doer: mal humorado, sabichão das coisas, sem educação e teimoso. Dois outros personagens importantes pertencentes ao Exército dos Estados Unidos, não ficam atrás de Mac Gregor. Quanto a uma outra personagem que poderia contrabalancear esse lado chato de Mac Gregor e dos dois comandantes acabou morrendo no meio da trama. Já com relação aos outros muitos personagens “jogados” na história não há muito o que acrescentar.

A trama, também não me prendeu, nem mesmo nos momentos de ação perto das páginas finais. As explicações técnicas sobre vulcões quebram o ritmo já arrastado da narrativa. A obra trabalha com dois plots: a erupção do Mauna Loa, considerado o maior vulcão ativo do mundo situado no Havaí e um segredo terrível que o Exército americano guarda a sete chaves numa caverna localizada nas imediações desse vulcão. Quando o Mauna Loa entra em erupção, a lava expelida por ele pode destruir não só o Havaí, mas todo o planeta se atingir o tal segredo guardado pelo Exército americano. É aí que entra o chato do Dr. John Mac Gregor e outros personagens para tentar salvar o mundo.

Terminei Erupção no osso ou como costumo dizer: em “primeira marcha”. Se quiserem ler uma obra póstuma de Crichton, recomendo Micro; esse sim, vale a pena.

30 janeiro 2025

“O Visconde de Bragelonne” já está nas livrarias, Zahar dividiu a antológica sequência de “Os Três Mosqueteiros” em três volumes

E aí galera? Tudo bem? Por aqui, estou me preparando para uma colonoscopia. Arghhhhh! Só em pensar no tal preparo para o exame que se resume em dois dias fatídicos regados há muito, mas muito laxantes já me arrepia. Estou quase concordando com Lulu que sugeriu forrar um plástico na cama (rs). Por enquanto, estou proibido de usar o sofá ‘xique nu úrtimu e nu úrtimu grau’ que compramos recentemente. Ele estará liberado para mim somente após a colono, isto significa que terei cartão verde apenas no sábado. Portanto, só mesmo virando os copos de bebida para afogar as mágoas, e quando digo bebida quero dizer laxantes e daqueles bem turbinados do tipo Picoprep.

Mas deixando as brincadeiras de lado, vamos para a postagem de hoje. Aliás, me desculpem pela divagação, mas sinceramente, tenho que relaxar um pouco porque na realidade estou sim, preocupado com o exame e também com a cirurgia que, provavelmente, terei que fazer. Por isso, resolvi escrever essa postagem para espairecer as ideias.

Quero “falar” sobre um famoso visconde que me fez comer uma baita barriga. Cobrei tanto as editoras, ou melhor, a Zahar para que publicasse a história do tal visconde (ver aqui) mas por causa de alguns contratempos que rolaram na saúde e também na minha área profissional acabei me esquecendo de acompanhar nas redes sociais informações sobre uma possível republicação da obra. Resultado: o livro foi relançado e o menino, aqui, só foi tomar conhecimento do fato dois meses depois.

Cara, quando “bati” os olhos no portal da Amazon, após as minhas tradicionais zapeadas literárias, e vi o livraço O Visconde de Bragelonne, juro que levei um choque pois não esperava que a Zahar ou nenhuma outra editora fosse capaz de relançar o antológico enredo de Alexandre Dumas.

Os 10 volumes de "O Visconde de Bragelonne" lançados pela editora Fittipaldi em 1959

A principal dificuldade que postergava esse relançamento era o tamanho da história que foi publicada, originalmente no formato de folhetim – como aconteceu com O Conde de Monte Cristo (aqui e aqui). Décadas depois, quando foi lançada no formato de livro chegou a ter 10 volumes com aproximadamente 300 páginas cada. Agora me respondam: como publicar nos tempos atuais um enredo com mais de três mil páginas?! Qual editora se arriscaria a topar essa aventura, ou se preferirem... essa loucura?

Pois é, para a felicidade de todos os leitores que amaram a saga Os Três Mosqueteiros e Vinte Anos Depois, a editora Zahar decidiu encarar esse desafio. Uma decisão que na minha opinião, vale uma bateria de fogos com direito a um show pirotécnico. Muitos admiradores de Dumas, principalmente os fãs de carteirinha de Athos, Porthos, Aramis e D’Artagnan, sempre acalentaram o sonho de que alguma editora relançasse essa história que fecha a saga de Os Três Mosqueteiros.

A maneira encontrada pela Zahar para resolver o complicado ‘problema das três mil páginas’ de O Visconde de Bragelonne - distribuídas em 10 volumes - foi ‘enxugar o texto original com uma nova tradução e relança-lo em três livros com aproximadamente 600 páginas, cada.

A aguardada continuação de Os Três Mosqueteiros (aqui e aqui) e Vinte Anos Depois, faz parte da coleção Clássicos Zahar e conta com edição traduzida e comentada por Jorge Bastos.

No livro, descobrimos que trinta anos se passaram na vida de D’Artagnan, Aramis, Porthos e Athos, o quarteto mais famoso da literatura ocidental, desde os eventos ocorridos em Os Três Mosqueteiros. Os quatro amigos inseparáveis, agora estão grisalhos e melancólicos; mosqueteiros representantes de valores medievais em franca decadência. Neste primeiro livro, o quarteto de amigos apadrinha um jovem companheiro: Raoul, filho bastardo de Athos, o Visconde de Bragelonne.

Na despedida de uma das sagas mais longevas e memoráveis de todos os tempos, novos conflitos, reviravoltas, anseios e disputas entram em cena. Como o envolvimento do visconde com Louise de La Vallière, sobretudo numa época em que o destino das nações está em jogo, mas cujos rumos são tantas vezes decididos a partir de intrigas, fofocas, rixas e conchavos, ironizados por Alexandre Dumas.

O que mais podemos adiantar sobre “O visconde”? Vamos lá. O segundo volume da saga se chamará Louise de la Vallière e o terceiro, O Homem da Máscara de Ferro, que serão publicadas separadamente. Neste primeiro momento, apenas o primeiro volume está disponível ao público.

E aí? Gostaram da novidade? Com certeza, os leitores que devoraram Os Três Mosqueteiros e Vinte Anos Depois amaram.

 

18 janeiro 2025

Michael Crichton lança livro póstumo. Erupção foi concluído por James Patterson criador do detetive Alex Cross

Um escritor é diferenciado, aliás, vou mais além; um escritor se torna lendário no momento em que após a sua morte, as suas obras póstumas continuam fazendo um grande sucesso. São muitos que se enquadram nessa categoria, entre os quais: Franz Kafka, Mark Twain, José Saramago, Machado de Assis e o meu preferido: Michael Crichton.

Nos últimos vinte anos, o meio editorial foi invadido por uma moda que nem sempre deu certo: a publicação de obras póstumas inacabadas, concluídas por outros escritores. Pois é, muitos se deram mal. Familiares responsáveis pelo espólio do autor falecido ao descobrirem manuscritos incompletos tiveram a ideia de contratar outros escritores que tivessem certa afinidade com o enredo para concluí-lo. Galera, ocorreram muitas, mas muitas lambanças, resultando em fiascos de vendas e pior: maculando a imagem do escritor morto que após o “desastre” ficou se remexendo de ódio em seu túmulo.

Com certeza, esse imprevisto não aconteceu com Michael Crichton que deve estar sorrindo de satisfação nesse outro plano de vida onde se encontra. Os seus livros póstumos foram muito elogiados pela crítica especializada e agradaram em cheio os seus leitores. Podemos afirmar que Latitudes Piratas, Dentes de Dragão e Micro cumpriram muito bem os seus papéis, principalmente Micro que foi concluído por Richard Sanderson e conta com um enredo capaz de fazer o leitor atravessar madrugadas inteiras com os olhos colados na história (veja resenha de Micro aqui). Agora, a expectativa é de que Erupção siga o mesmo caminho.

O livro foi lançado no Brasil pela editora Harper Collins no dia 15 de janeiro e apesar de nem ter começado a esquentar as prateleiras das livrarias físicas e virtuais já vem despertando um grande burburinho entre grupos de leitores.

Michael Crichton e sua esposa Sherri

O autor de Jurassic Park morreu de câncer há mais de 15 anos e segundo a sua mulher, Sherri Crichton, Erupção era considerado o seu projeto de paixão no qual ele colocava a maior fé; tanto é que atravessava madrugadas trabalhando em seu manuscrito. Mas, infelizmente, com a sua morte, o projeto foi engavetado até sua esposa ter decidido termina-lo por outras mãos, como já havia feito com Micro.

O autor escolhido para essa missão foi James Patterson, considerado um grande amigo da família e fã confesso de Crichton. O lançamento de Erupção foi tão bem recebido nos Estados Unidos que já está gerando grande interesse da indústria cinematográfica em Hollywood. No segundo semestre de 2024, Sherri deu uma entrevista a BBC onde revelou que estava em negociações com Steven Spielberg sobre uma possível adaptação da obra para o cinema. No final, as negociações com Spielberg não deram certo, mas em seu lugar foi definido um outro diretor, ou melhor, diretores e muitos competentes: Jimmy Chin e Elizabeth Chai Vasarhelyi, que em 2018 venceram o Oscar pelo documentário “Free Solo”.

Escritor James Patterson que deu sequência à obra inacabada de Crichton

Erupção narra a história da luta contra o tempo de um vulcanologista para evitar que a lava do vulcão Mauna Loa, no Havaí, atinja um composto nuclear letal escondido na ilha pelo exército. Se não conseguir, o acontecimento poderá destruir a ilha e até o resto do planeta.

Crichton, trabalhou por 20 anos na elaboração do livro. A morte do americano em 2008, contudo, impediu que a obra fosse finalizada e publicada. Coube a Patterson concluir a obra.

Para quem não sabe, Patterson é autor de livros voltados ao suspense e ao gênero policial e vencedor de 10 prêmios Emmy Awards. Foi ele quem criou o famoso detetive Alex Cross, sucesso nos livros e também no cinema.

É isso galera, estou na expectativa pela chegada do meu livro que já reservei na Amazon. Afinal, como vocês já devem ter percebido nas postagens do blog, o “menino”, aqui, é fanzaço de Michael Crichton.

Inté!


18 dezembro 2024

Primeiro Sangue, livro que deu origem aos filmes da saga Rambo, será relançado em janeiro pela Pipoca & Nanquim

Antes de começar esse post, antes de dar essa baita informação que, certamente, deixará a maioria dos leitores eufóricos e em ponto de ebulição, deixe-me dar também um Ipi-Ipi-Hurra para a editora Pipoca & Nanquim, então lá vai: IPI-IPI-HURRA!! Valeu Alexandre Callari, Bruno Zago e Daniel Lopes; mas valeu, de fato, por essa iniciativa que fará milhares de leitores radiantes e felizes. O motivo de toda essa euforia é que a Pipocas e Nanquim conseguiu os direitos de publicação de uma obra antológica que estava fora de catálogo há quase cinco décadas: Primeiro Sangue de David Morrell. O livro deve “desembarcar” no Brasil já no início de 2025.

Primeiro Sangue foi adaptado para os cinemas e o seu personagem principal acabou se transformando num dos maiores ícones – senão o maior – dos filmes de ação: John Rambo ou simplesmente, Rambo.

Tomei conhecimento do relançamento da obra através de um seguidor do blog, o Gabriel Ferrari. Se não fosse o “Santo Gabriel”, como diz o velho ditado popular, eu teria ‘comido a maior bronha’ e só ficaria sabendo da novidade quando o livro fosse lançado. Como até o mês de fevereiro estarei mais focado na causa dos aposentados por invalidez permanente, uma causa que decidi abraçar como jornalista, após ver tantas injustiças cometidas contra essa classe, sendo a última delas o tapa na cara dado pelo presidente Lula ao vetar o Projeto de Lei 5332, fiquei um pouco relapso em minhas visitas aos sites das principais editoras brasileiras – incluindo a Pipoca e Nanquim – para me inteirar das novidades; e assim, a notícia do relançamento de “Primeiro Sangue” acabou passando batida. Por isso Gabriel, valeu muito pelo alerta.

Primeiro Sangue foi lançado pela primeira vez no Brasil em 1972 pela editora Record. Dez anos depois viria o primeiro filme baseado na obra de Morrell. Em 1988 com o personagem no auge já transformado um verdadeiro ícone dos filmes de ação, a editora Nova Cultural relançaria o livro, mas com o nome do personagem, ou seja, sairia Primeiro Sangue e entraria Rambo. Devido ao sucesso da trilogia cinematográfica idealizada por Sylvester Stallone, a publicação da Nova Cultural vendeu “horrores”. Este fenômeno também acabou por transformar Primeiro Sangue da Record numa obra cult. Mas infelizmente, depois disso, não tivemos nenhum outro relançamento do livro. Como os direitos autorais estavam presos com a Record e a Nova Cultural, um novo relançamento se tornava praticamente impossível. Quero dizer, até ter surgido a Pipoca & Nanquim.

Ouvi uma entrevista do Alexandre Callari onde ele afirmou que vinha mantendo contatos constantes com David Morrell, dizendo estar interessado em relançar o seu livro, mas o autor sempre respondia que infelizmente os direitos estavam presos. Mas num belo dia, o tom conversa mudou quando Morrell respondeu a Callari que os direitos haviam sido liberados. Pronto! A Pipoca e Nanquim não pensou duas vezes e agarrou com unhas e dentes a oportunidade de adquirir os direitos do livro e relança-lo.

Primeiro Sangue é tão diferente dos filmes da saga Rambo como água e óleo. Podemos dizer que ambos não se misturam (explico em detalhes essas diferenças aqui e mais aqui). Quem leu o livro e depois assistiu ao filme ou vice-versa, vai ter a sensação de ter visto duas obras distintas.

Uma curiosidade interessante é que Primeiro Sangue se tornou, na época de seu lançamento, leitura obrigatória em várias universidades americanas devido a sua análise crítica da Guerra do Vietnã e as suas consequências na sociedade americana.

E aí galera, gostaram da novidade? Impossível não gostar, não é mesmo? Fecho esse post dando uma outra informação relacionada ao relançamento de Primeiro Sangue que certamente fará com que os leitores deem um HIPI-HIPI-HURRA bem mais forte do que aquele que dei ao iniciar esse texto. Callari disse em sua entrevista que o livro deve entrar na fase de pré-venda já no início de janeiro.

Vamos ficar na expectativa.

Por hoje é só galera.

 

08 novembro 2024

Jason Bourne: uma saga de 14 livros e não apenas uma trilogia

Não é tão raro vermos personagens icônicos da literatura prosseguirem com as suas aventuras, encontros e desencontros mesmo após a morte de seus criadores. Foi assim com os Blackwells de Sidney Sheldon, com o carismático 007 de Ian Fleming, com Scarlett O’Hara de Margaret Mitchell, além de muitos outros (aqui). E da mesma forma que os espólios de Sheldon, Fleming e Mitchel chamaram, respectivamente, Tilly Bagshawe, John Gardner e Alexandra Ripley para “ressuscitar” esses personagens após a morte de seu autores originais; os familiares de Robert Ludlum decidiram fazer o mesmo. E assim, o conhecido agente secreto aminésico Jason Bourne acabou indo parar nas mãos de Eric Van Lustbader. Resultado: além dos três livros originais - A Identidade Bourne (1980), A Supremacia Bourne (1986) e O Utimato Bourne (1990) – escritos por Ludlum (veja aqui), a saga ganhou – pasmem! – mais 11 livros com o personagem!! Se somarmos esses livros com a trilogia de Ludlum teremos 14 livros do chamado universo Bourne!

Lustbader era um dos poucos amigos do recluso Ludlum que não gostava de muita gente ao seu redor, além de não ser nem um pouco sociável. Reza a lenda que Ludlum detestava pessoas tolas e de pouca cultura e por isso optava por sair muito raramente de sua casa. Mas após um evento promocional de sua editora ao qual foi obrigado comparecer, o lendário autor acabou se aproximando de Lustbader. Este fato raro aconteceu porque o criador de Jason Bourne que havia acabado de lançar A Identidade Bourne queria conhecer o seu rival que estava dividindo com ele as listas de livros mais vendidos. Vale ressaltar que Lustbader havia escrito recentemente O Ninja que estava ocupando juntamente com A Identidade Bourne o primeiro lugar das listagens de obras mais vendidas nos Estados Unidos.

A dupla conversou até tarde da noite. Ludlum viu muito de Jason Bourne e dele mesmo no personagem de Lustbader, Nicholas Linnear - um mestre das artes marciais que é envolvido em uma conspiração de assassinato - e Lustbader viu muito de si mesmo e de Linnear em Bourne, o agente desonesto da CIA sem memória de seu passado. E assim, ambos se tornaram grandes amigos.

Quando Ludlum morreu em março de 2001, o seu espólio decidiu dar continuidade as aventuras de Jason Bourne. Algo natural, já que se tratava da série de livros mais famosa do escritor e que rendeu uma fortuna desde que foi criado. O próximo passo seria escolher um escritor que tivesse alguma afinidade com Ludlum.

Trilogia Bourne original escrita por Robert Ludlum

O retorno de Jason Bourne às páginas aconteceu em 2004, três anos após a morte de seu criador. Nasceu assim, O Legado Bourne. O sucesso da obra que vendeu aquém do esperado acabou estimulando o lançamento de novos livros até chegar a sua 11ª edição.

Uma das coisas que atraiu Lustbader para a série – além das infinitas possibilidades de enredo de um agente com amnésia – foi que Bourne era a antítese do espião sofisticado. Ele era um homem comum, danificado, e tendo que confiar com seus próprios recursos em vez de uma série de dispositivos e carros velozes.

Matt Damon assumiu o papel de Bourne na adaptação cinematográfica de A Identidade Bourne. Aqui cabe uma curiosidade já que os produtores do primeiro filme da trilogia queriam Brad Pitt na pele do agente da CIA e não Damon; mas no final, Damon provou ter sido a escolha certa.

Lustbader começou a moldar o personagem de Bourne sutilmente para sua série sem alterar o agente duplo operando sem memória, mas com uma lasca de consciência. Ele matou a esposa de Bourne, Marie, em um acidente de esqui entre seus livros um e dois e enviou as crianças para a fazenda de seus avós no Canadá.

Segundo o autor, Marie se foi e os filhos se foram porque, se Bourne fosse casado, não seria possível que ele interagisse com nenhuma personagem feminina, e sua esposa e filhos estariam sob constante ameaça. Para Lustbader, isso não poderia ser feito em todos os livros. Os dois primeiros livros se mostraram tão populares que a editora perguntou ao agente do escritor, se ele poderia criar um enredo sobre Bourne por ano. Isso, além de sua própria produção – na série Nicholas Linnear, personagem de “O Ninja” - de um livro, também, por ano.  E tudo indica que Jason Bourne venceu esse “embate”, já que teve fôlego para sustentar 12 enredos, enquanto Linnear só foi até o sétimo volume.

E agora vamos conhecer mais detalhes sobre os da saga Bourne escritos por Eric Van Lutsbader. Lembrando que dos seus 11 livros apenas três foram lançados no Brasil. Todos eles pela editora Rocco.

01 – O Legado Bourne (2004)

Na trama, o professor David Webb salva um aluno de uma briga, fazendo eclodir a agilidade e a destreza de sua antiga vida como o espião Jason Bourne. Webb mal imagina que este incidente é o estopim para uma complexa intriga internacional em que, de herói, ele passará novamente a alvo. 

Lustbader fez um excelente trabalho. Adorei o livro. É claro que o leitor que acompanhou toda a trilogia original vai perceber diferenças na escrita dos dois autores, mas não há como negar que nessa sequência, Lutsbader foi muito feliz e conseguiu manter o nível.

O enredo tem muita ação, conspirações e surpresas. Prestem atenção no personagem Khan que reserva uma grande reviravolta no final. Aliás, esse personagem foi muito bem construído pelo autor, à exemplo do agente da CIA, Martin Lindros e da misteriosa Annaka. Quer saber quando um autor entende do assunto? No momento em que ele escreve um livro com um grande numero de personagens e apesar disso, consegue deixá-los todos interessantes. Pois é, Lustbader conseguiu. O Legado Bourne tem uma ‘infinidade’ de personagens e todos eles conseguem prender a atenção do leitor, tendo papéis preponderantes na história. (ver resenha aqui)

02 - A Traição Bourne (2007)

A Traição Bourne foi publicado originalmente em 2007 mas só chegou ao Brasil em 2010 através da editora Rocco. Dois meses após a morte da segunda esposa de Jason Bourne, ele descobre que Martin Lindros, seu único amigo na CIA, desapareceu na África, onde ele estava rastreando carregamentos de urânio. 

Apesar de seu ódio pela CI, Bourne parte para resgatar seu amigo e terminar o trabalho: desmantelar uma rede terrorista determinada a construir armamentos nucleares cortando sua fonte de dinheiro.

Mas Bourne não percebe que esses homens, supremacistas islâmicos, são líderes de um grupo incrivelmente perigoso e tecnologicamente experiente com laços da África, através do Oriente Médio e na Europa Oriental e Rússia.

03 – A Punição Bourne (2008)

A Punição Bourne é o sexto livro da saga Bourne e o terceiro escrito por Eric Van Lustbader. 

Desta vez, Jason Bourne, agora conhecido como o professor David Webb, esta à procura de tranquilidade. Ele resolveu retomar o posto de professor na Universidade de Georgetown. Em pouco tempo, porém, ele acaba se entediando com a pacata vida no campus. Quando seu mentor acadêmico, o professor Specter, o convida para investigar a morte de um antigo aluno, assassinado por uma seita extremista islâmica, ele retorna ao trabalho com entusiasmo. Quase ao mesmo tempo, do outro lado do planeta, Semion Icoupov, líder da organização terrorista Legião Negra, e Leonid Arkadin, um matador de aluguel, se unem para arrancar, através de tortura, preciosas informações de Pyotr Zilver, um estudante especializado em transmissão de dados através das consideras 'novas tecnologias'. Quando David Webb, o lado B da personalidade de Bourne, salva o professor Specter de um ataque, dentro da universidade, o cerco começa a se fechar. Specter, na verdade um caçador de terroristas motivado por vingança, busca descobrir os próximos passos da Legião Negra, desde a morte de seu aluno, Pyotr Zilber. E para isso contará com a colaboração de Jason Bourne.

Se os fãs da saga já leram a trilogia sobre o agente da CIA publicada por Robert Ludlum não custa nada arriscar a leitura dos livros escritos por Eric Van Lustbader. Como já disse nesse texto, tive a oportunidade de ler o quarto livro da série e o primeiro idealizado por Lustbader e gostei.

Vamos ficar na torcida para que a editora Rocco publique aqui no Brasil, os oito livros restantes sobre Jason Bourne escritos por Lustbader, assim, teríamos uma saga de 14 livros! Um ‘presentaço’ para os fãs do personagem.

20 outubro 2024

Robin Hood

Muitas pessoas que apreciam a leitura de obras contemporâneas quando decidem ler algum clássico do século 19 geralmente “enroscam”. Quando escrevo “enroscam” estou querendo dizer que elas acham a leitura maçante, lenta, enfim... chata. Concordo em parte porque prefiro analisar a literatura clássica obra por obra. Vou tentar explicar o que estou querendo dizer com essa análise ‘obra por obra’. Vamos lá. Sabemos que os relacionamentos sentimentais no século 19 eram muito diferentes dos relacionamentos atuais e botam diferentes nisso. Tinha todo aquele cortejo, aquele desfile de poesias e poemas apaixonados, todo aquele lirismo. Neste cortejo, o pretendente fazia perguntas na forma de poemas para a sua enamorada e ela também respondia em poemas para o seu enamorado ou então, utilizava longas frases apaixonadas. Por outro lado, os momentos de dramaticidade eram descritos detalhadamente até a ‘última gota’, antes dos momentos de ação começarem.

Acredito que por “culpa” dessas características, a chamada literatura clássica ganhou o estigma de maçante e cansativa. Mas por outra perspectiva, os plots, ou seja, as sequências de eventos que faziam parte da estrutura central da história eram fantasticamente bem elaboradas o que acabava compensando o que os leitores atuais chamam de “encheção de linguiça”. 

E é aí que entra Robin Hood de Alexandre Dumas publicado originalmente na década de 1800. Ao contrário de O Conde de Monte Cristo (ver aqui, aqui e mais aqui) que tem um plot excelente capaz de deixar o leitor ligado no enredo até o fim da leitura; Robin Hood carece desse núcleo. O seu enredo nada mais é do que um folhetim de aventuras do herói arqueiro contra o xerife de Nottinghan. Em O Conde de Monte Cristo, já nos primeiros capítulos, Dumas cria a expectativa de que tão logo consiga fugir da prisão, Edmund Dantes irá se vingar de todos aqueles que tramaram para prendê-lo injustamente no terrível Castelo de If. O leitor fica imaginando, fica projetando como será o castigo de cada um dos traidores de Dantes. Outro núcleo central desse romance é o relacionamento do herói com a sua noiva Mercedes. O casal foi separado de maneira traiçoeira após um complô de seus amigos traidores. E agora? Como fica? Dantes e Mercedes reatarão ou essa chance se perdeu ao longo doa anos já que ela, agora, tem um filho com um outro homem? Tudo isso, sem contar o relacionamento misterioso entre Dantes e um outro prisioneiro: o abate Faria que se torna o mentor do marinheiro preso até a sua fuga.

Um enredo com tantas tramas e subtramas interessantes pode até abusar do lirismo descritivo entre os seus personagens porque que o leitor não estará nem aí para isso, já que o núcleo central da trama foi muito bem construído.

Pois é, no caso de Robin Hood a ausência de uma trama central bem com a ausência de subtramas transforma a história num embate simplista e cansativo entre o herói arqueiro e o xerife Nottinghan. São mais de 600 páginas – no formato Bolso Luxo da Zahar – desse embate. Putz, chega uma hora que cansa! E eu me cansei várias vezes o que me levou a atrasar a leitura porque não tinha mais estimulo para prosseguir. Juro que terminei no osso.

A história até começa interessante, contando a infância do herói, mas depois de algumas páginas viradas, tome brigas e mais brigas, refregas e maias refregas, flechadas e mais fechadas. Enquanto isso, cadê a trama? Qual o sentido de todas essas brigas? De todas essas flechadas? Como diz um velho ditado: “brigar por brigar”?

Por esse motivo, não recomendo a leitura. Se quiserem ler alguma obra de Dumas fiquem com O Conde de Monte Cristo, Os Três Mosqueteiros (confira resenha aqui, aqui e novamente aqui) ou ainda 20 Anos Depois, esses sim, verdadeiros clássicos capazes de despertar o interesse galera.

A edição relançada pela Zahar há 10 anos reúne os dois volumes de Alexandre Dumas sobre Robin Hood: O príncipe dos ladrões e O proscrito publicados postumamente em 1872 e 1873. O primeiro acompanha a gênese do personagem, desde a sua adoção recém-nascido até a proscrição e o estabelecimento na floresta, assumindo-se como fora da lei. O segundo apresenta a sequência de suas aventuras, até a velhice e a morte.

01 setembro 2024

Conan, O Bárbaro retorna em dois lançamentos da Pipoca e Nanquim: um box e uma edição definitiva

Um dos meus xodós que guardo com todo cuidado e zelo é a coleção Conan, O Bárbaro (aqui, aqui e aqui) lançado pela Pipoca e Nanquim há sete anos. Ainda me lembro do furor causado pelo primeiro livro da coleção que chegou nas livrarias brasileiras em 2017. Entusiasmo que durou até o lançamento do volume 3, em 2019, que encerrava a saga. Foram dois anos de expectativa dos leitores quanto ao lançamento dos livros; a mesma expectativa que eu vivi. E toda essa ansiedade tinha uma justificativa muito plausível: pela primeira vez, uma editora colocaria no mercado a obra máxima do escritor Robert E. Howard, um dos mais celebrados novelistas de sua geração, criador do gênero Espada & Feitiçaria, e principal inspiração para autores de renome indiscutível, como J. R. Tolkien, George Martin e Michael Moorcock. E qual seria essa obra máxima? Simplesmente, todas as aventuras de Conan, na íntegra, dividida em três volumes, seguindo a ordem em que foram publicadas originalmente na emblemática revista Weird Tales. Uhauuuu!!! E para completar o pacote, os três volumes teriam um acabamento ultra luxuoso e bota ultra luxuoso nisso! Sente só: sobrecapa de acetato, ilustrações de artistas como Mark Schultz e Gary Gianni, diversos extras e, pela primeira vez no Brasil, as capas originais de Frank Frazetta. Cara, só quem conhece o guerreiro Cimério para entender a importância desse relançamento com todos esses requintes por parte da Pipoca e Nanquim.

Por isso, os três livros viraram uma verdadeira febre no Brasil; posso afirmar, sem medo de errar, que a editora deu um tiro no alvo e daqueles bem difíceis de acertar. Resultado: quando os volumes começaram a chegar nas livrarias provocaram uma verdadeira corrida por parte dos leitores. Acredito que a coleção da Pipoca e Naquim foi uma das campeãs de pré-vendas, na época.

E na manhã de hoje, ao dar a minha costumeira zapeada pelas livrarias virtuais qual não foi a minha surpresa ao ver que essa editora resolveu relançar os três volumes antológicos num box luxuoso e com novos layouts. Na minha opinião, os três volumes lançados em 2017, 2018 e 2019 jamais terão os seus layouts em capa dura superados, mas isso não significa que o box da Pipoca e Naquim que chegou nas livrarias há pouco tempo não tenha os seus méritos.

Apesar dos livros da ‘caixa’ terem o formato brochura, eles são muito refinados. Quanto ao box foi feito num material bem resistente.

Além dos livros, a caixa” também traz três marcadores de página inéditos, com artes coloridas  e um pôster de 31x45 ilustrado de Mark Schultz; e um livreto de 40 páginas com capa de Boris Vallejo e quarta capa de Joe Jusko, que apresenta material inédito no Brasil, como o conto inacabado Lobos da Fronteira e a sinopse de Amalric, que Howard jamais concretizou em forma de conto.

São 1.140 páginas da obra-prima do cultuado Robert E. Howard para deliciar todos os fãs de Conan.

São 1.140 páginas da obra-prima do cultuado Robert E. Howard para deliciar todos os fãs de Conan.

Pois é, e mal tinha acabado de descobrir esse relançamento antológico, lá vem a Pipoca e Nanquim novamente para cutucar a minha curiosidade e também o... meu bolso (rs). Além do box com o relançamento da trilogia iniciada em 2017 e concluída dois anos depois, a editora acabou de tirar do forno o quarto volume da obra Conan, O Cimério – Edição Definitiva. A coleção de quatro livros publicada originalmente pela editora francesa Glénat apresenta 16 releituras em quadrinhos dos principais contos do personagem, inicialmente imortalizados nas páginas da lendária revista pulp Weird Tales e, posteriormente, lançados como livros e compilações em formatos variados.

Cada volume de Conan, O Cimério – Edição Definitiva tem dimensões bem acima do padrão das obras normais medindo 23 por 21 cm. Os livros foram produzidos por uma equipe criativa diferente, que compreende alguns dos artistas mais talentosos de sua geração. m prato cheio para os amantes de histórias em quadrinhos e mais ainda: um prato cheio para os fãs de Conan.

Enfim, uma novela gráfica de encher os olhos.

 

17 julho 2024

Batman: O Cavaleiro das Trevas – Edição Definitiva

Gente, eu era louco, completamente louco por histórias em quadrinhos na minha infância e pré-adolescência. O meu herói preferido era o Cruzado Encapuzado ou simplesmente Batman. Passava grande parte do meu tempo na saudosa banca de revistas do ‘seo’ Luiz ‘viajando’ com as capas maravilhosas da editora Ebal; capas que me enchiam de coragem para pedir aos meus pais que comprassem não um, mas dois ou três gibis; mas tinham que ser do Batman. E eles compravam; minha mãe mais maleável, mas o meu pai também não se opunha, desde que “aquelas revistinhas com capas esquisitas” não atrapalhassem os meus estudos. E assim, lá ia eu para casa, todo feliz da vida, com os meus gibis pronto para mergulhar na leitura.

Esta fase dos quadrinhos passou até que rapidamente. Depois de pouco tempo fui perdendo o interesse e mergulhando de cabeça nos livros; hábito que cultivo até hoje. Mas, recentemente, tive uma recaída e bateu uma crise de abstinência danada; abstinência de ler uma HQ e adivinhem de quem? Claro, do Batman. Resolvi acabar com essa crise comprando Batman, O Cavaleiro das Trevas – Edição Definitiva. Escolhi esse título porque todos os fãs do Homem-Morcego, além da critica especializada, retratam essa história como a melhor de todos os tempos sobre o personagem; mais do que isso, um verdadeiro cânone no mundo das HQs.

Escrita e desenhada por Frank Miller, Batman: O Cavaleiro das Trevas foi lançado no início de 1986, originalmente como uma minissérie em quatro edições. Em pouco tempo passou a ser considerada uma das pedras angulares dos quadrinhos modernos.

Esta HQ fez tanto sucesso, mas tanto sucesso que 15 anos depois, em 2001, Frank Miller resolveu atender aos insistentes pedidos da galera que havia devorado as páginas de O Cavaleiro das Trevas e escrever uma sequência em uma nova minissérie que se chamaria simplesmente O Cavaleiro das Trevas 2.

Em dezembro de 2006, a editora Panini decidiu reunir as duas histórias de Miller numa edição única que foi batizada de Batman, O Cavaleiro das Trevas – Edição Definitiva. Não preciso dizer que o lançamento da Panini bombou em vendas, alcançando o topo das listas de obras mais vendidas no Brasil.

Com tantas referências positivas, cheguei à conclusão de que a obra que reunia as duas histórias antológicas de Miller seria o remédio ideal para matar a minha crise de abstinência de quadrinhos.

Sinceridade na minha análise? Adorei a primeira parte, mas... detestei a segunda. Em O Cavaleiro das Trevas – Parte I vemos um Batman de 50 anos que volta a ativa depois de sua aposentadoria. Foi muito interessante ver um herói antológico que conheci em minha infância - no auge de sua forma física - socando vilões e driblando armadilhas com uma enorme destreza e agilidade, agora, muito mais velho – quase vovô. O Batman de Miller havia perdido a força, a agilidade e a destreza da juventude. Ele não conseguia mais saltar de telhados em segurança, socar os inimigos com tanta força, porém esse herói envelhecido estava muito mais brutal, sanguinário e experiente.  

É esse Batman muito diferente daquele que nós havíamos conhecido no passado que retorna a Gotham City quando a cidade enfrenta uma onda incontrolável de criminalidade.

Em seu primeiro combate, Batman é literalmente arrebentado por um perigoso vilão, uma verdadeira montanha de músculos. Mas depois de “lamber as suas feridas”, o Cavaleiro das Trevas” retorna mais violento do que nunca e se redime da surra que levou, numa verdadeira redenção que me fez dar vários socos no ar, só faltando gritar Ipi Hurra!.

Paralelamente a isso, ao saber do retorno de Batman, o Coringa, considerado o seu pior inimigo, sai de seu estado catatônico e é convidado a dar uma entrevista para um canal de televisão em Gotham City. Durante o programa, o vilão acaba criando um verdadeiro caos colocando em risco a vida de todos os habitantes de Gotham. Pronto; lá vai o cruzado encapuzado novamente à caça de seu arqui-inimigo.

Durante o enredo, outros vilões conhecidos aparecem aprontando da suas e a cada página virada, vemos um Batman cada vez mais brutal e violento. Dessa forma, o governo americano passa a ver o Homem Morcego mais como um inimigo do que como um amigo. Temendo que o herói perca totalmente o controle, ele decide chamar o Superman para conter o Morcego que voltou de sua aposentadoria querendo “chutar o barraco”. A partir daí passamos a ter um combate épico envolvendo o maior detetive do mundo contra o homem mais forte do mundo.

Cara, um enredo fenomenal. Fiquei ligado na história do começo ao fim, mas então chegou a segunda parte e... broxei.

Não gostei: enredo estranho, desenhos também estranhos, para não ‘dizer’ ruins. Achei a história desconexa e como já citei acima: estranha. Três anos depois da suposta morte do Batman, em O Cavaleiro das Trevas, os Estados Unidos são governados pelo presidente Rickard, que não passa de um fantoche digital de Lex Luthor. Por isso, o país vive num regime praticamente fascista. Os antigos super-heróis estão afastados e assistem a tudo impassíveis até que “a ficha cai” e eles decidem se reunir

Após essa reunião, surgem velhas rixas entre esses super-heróis que precisam ser solucionadas com a ajuda do Homem-Morcego. Ehehehe! Já deu pra perceber que ele não morreu, né?

No mais temos um Coringa novo, chato pra caramba; além de um novo, ou melhor, uma nova Robin que não agradam. Ah! Não posso me esquecer ainda do Braianic, um vilão que também ficou chato pra dedéu.

Resumindo: uma primeira parte primorosa, mas uma segunda parte decepcionante.

Inté galera!

25 junho 2024

Meu Nome é Ninguém – O Regresso (Volume II)

Grande parte dos comentários que li sobre “O Regresso” – segundo e último volume da duologia “Meu Nome é Ninguém” – diziam que o autor Valerio Massimo Manfredi aumentou a história desnecessariamente quebrando toda a magia que envolve a saga de Ulisses ou Odisseu. Concordo em gênero, número e grau. Vou mais além e afirmo que o autor escreveu mais do que devia e se enrolou todo no final. Quando acabei de ler o livro disse para Lulu que Manfredi foi guloso; comeu mais do que devia, se empanturrou e depois, passou mal.

A maioria daqueles que leram as versões romanceadas de a “Odisseia” de Homero ou então, assistiram aos filmes baseados na obra sabem que a saga de Ulisses termina tão logo após o seu retorno a Ítaca quando ele, juntamente com o seu filho Telêmaco e alguns aliados, exterminam todos os guerreiros que haviam invadido o seu palácio com a intenção de desposar a sua esposa Penélope, acreditando que o herói havia morrido.

O que Manfredi fez? Ele quis ir mais a fundo e narrar o que aconteceu depois disso; e foi aí que ele se embananou todo. Antes desse acréscimo na saga, por parte do autor, a narrativa estava fluida e agradável capaz de prender a atenção do leitor. Como escrevi na resenha de “O Juramento” (primeiro volume da duologia Meu Nome é Ninguém) ler todos os acontecimentos envolvendo a Guerra de Tróia e o retorno de Ulisses a sua Terra Natal narrados em primeira pessoa pelo próprio herói torna a história muito mais palatável e saborosa fazendo com os leitores devorem as páginas.

Acredito que ao autor ao escrever essa duologia, tinha como proposta narrar fatos desconhecidos sobre a vida do herói da mitologia grega, ou seja, fatos além daqueles que conhecemos lendo o poema de Homero ou então, as suas versões romanceadas. Dessa maneira, no primeiro volume conhecemos curiosidades interessantes sobre a infância de Odisseu; como ele conheceu o seu avô; a origem de seu nome; como ele se tornou um guerreiro e, também; como ele conheceu Penélope e como por pouco, Helena de Tróia não o desposou; além de muitos outros detalhes, posso ‘dizer’... “indédito” da conhecida saga.

Esta proposta de Manfredi caiu como uma luva em toda a narrativa de “O Juramento”, mas por outro lado, apenas em parte de “O Regresso”. Na minha opinião, se o autor tivesse encerrado a narrativa logo após a sua vingança contra os pretendentes de Penélope, a duologia seria encerrada , com chave de ouro, mas o problema foi que ele quis mais e com isso, acabou estragando o encerramento da história.

Comentei com algumas pessoas que também leram a duologia que tudo o que deveria ser acresentado a mais na saga de Odisseu foi feito em “O juramento”, restando muito pouco ou quase nada a ser acrescentado em “O Regresso”. Esse pouco foi acrescentado nos trechos envolvendo as interações de Ulisses com Calipso, Circe e a princesa Nausicaam, filha do rei Alcino que o ajudou o herói a regressar a Ítaca. Bastavam esses acrescimentos no enredo para deixa-lo agradável porque já tínhamos a deliciosa narrativa de Ulisses em primeira pessoa.

Mas o autor não entendeu dessa maneira e optou por incluir uma nova viagem para Odisseu após o seu retorno a Ítaca. Nesta nova peripécia, ele deveria ir até uma terra muito distante onde cumpriria uma promessa para acalmar Poseidon, deus dos mares e pai do ciclope Polifemo, morto çpelo herói. E foi aí que o caldou engrossou demais ou ficou ralo de mais, como queiram. Achei essa segunda aventura de Ulisses muito chata, insípida e muito metafórica. Resumindo: chata e confusa.

Se quiserem um conselho, leiam “O Regresso” até o capítulo em que Odisseu mata os usurpadores de seu palácio que pretendiam desposar Penélope e esqueçam a última viagem, sem sentido, do herói. Já aqueles que quiserem encará-la, desejo boa sorte.

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