27 novembro 2011

“11/22/63” de Stephen King: uma boa e outra má notícia

Tenho uma boa e outra má notícia para os fãs de Stephen King. Não vou bancar o chato e ficar enrolando... enrolando e só revelá-las no meio ou perto do final do post. Então lá vai: A boa: Já foi lançado no início deste mês nos EUA o novo livro do mestre do terror intitulado 11/22/63”. Complementando essa boa notícia: as críticas com relação à obra estão bombando, no melhor sentido, é claro. Do “The New York Times ao Washington Post, passando pelo The Guardian, as críticas são as melhores possíveis. E sem perda de tempo, vamos agora a má notícia: “11/22/63” não deverá ser lançado no Brasil antes de 2013! P..... que...P!!!! Com certeza, esse palavrão deve ter sido pronunciado por todos os fãs de King que acabaram de ler esse post e que assim como eu, apenas “arranham” a língua inglesa. E para nos castigar ainda mais, alguns sites já estão disponibilizando a venda do livro em inglês – inclusive uma edição especial em Box fechado – com super-descontaços, incluindo frete grátis. Buaaaá.....
Bem, deixando a frustração de lado, vamos ao que interessa. Como já disse e escrevi acima, o livro de Stephen King está bombando em todos Estados Unidos, arrancando elogios tanto da crítica especializada como dos leitores. E não adianta dizer que isso seja um “complô do bem” para enaltecer Stephen King que esteve sumido dos holofotes por algum tempo ou então que os editores do livro “molharam” as mãos dos críticos. Cara, se você está pensando dessa maneira, pode parar, porque na realidade estou se referindo a verdadeiras potências da mídia mundial que faturam horrores e mais horrores em publicidade e por isso mesmo, dispensam qualquer “malinha preta”. E além do mais, para esses profissionais, criticar é melhor do que elogiar, já que o nome (deles, é claro) fica ainda mais em destaque.
Por isso, pode ter certeza de as 800 páginas de “11/22/63” agradou em cheio tanto quem lê profissionalmente para depois falar bem ou mal, como para quem lê por prazer.
O mais novo livro de King conta a história de um professor que viaja no tempo com o objetivo de tentar impedir a morte John F. Kennedy. Por isso que o livro se chama simplesmente “11/22/63” que foi a data em que o mais aclamado presidente dos EUA foi assassinado com um tiro, supostamente disparado por Lee Harvey Oswald. Digo supostamente, porque Oswald sempre negou que tenha sido ele o autor do disparo fatal.
O livro tem uma premissa fantástica. Imagine se você tivesse o poder de voltar no tempo e alterar um acontecimento triste ou trágico. Os leitores e cinéfilos amantes da ficção científica sabem de cor que a regra básica em uma viagem ao passado é não alterar qualquer fato, por menor que seja, pois essa mudança poderá implicar em sérios problemas para o futuro. Que o diga o conto de Ray Bradburry chamado “Um Som de Trovão” e o filme “Efeito Borboleta”. No conto de Bradburry, que inclusive rendeu um filme no cinema com o mesmo nome, um homem que vive em 2055 faz uma viagem no tempo e consegue voltar ao período pré-histórico, onde acidentalmente mata uma borboleta. Quando retorna à sua época percebe que as regras ortográficas foram mudadas e que até mesmo um outro presidente foi eleito. E pensar que essas mudanças significativas começaram com a morte de uma simples borboleta.
Agora, que você já sabe das implicações em alterar o percurso natural da história, pense melhor se você teria coragem de evitar que um fato ruim ou negativo ocorresse no passado. Pois é, o personagem de Stephen King, o professor Jake Epping teve essa coragem.
Após um amigo seu, chamado Al, descobrir nos fundos de seu restaurante uma porta que funciona como uma fenda no tempo para o ano de 1958, Jake fica fascinado em realizar uma viagem para aquele período. Al, então tem uma não tão brilhante idéia: “Que tal evitar o assassinato do presidente americano John Kennedy?” Para All, não seria algo tão difícil assim, já que todo mundo no século XXI já sabe como Kennedy foi assassinado. Então, tem início a epopéia de Jake Epping que aceita essa missão transloucada. Ao chegar em 1958, ele acaba se apaixonando por uma jovem bibliotecária que terá um papel decisivo em sua missão. Vivendo numa época diferente da sua, o professor do século XXI tem a oportunidade de conhecer personagens ilustres do passado como Elvis Presley e James Dean que também aparecem na história.
De acordo com a crítica internacional, “11/22/63” é um romance cheio de supense e reviravoltas e, de quebra, um romance rolando entre os personagens principais.
O novo livro de King fez tanto sucesso em seu lançamento que já ficou acertada uma produção cinematográfica baseada na obra. O filme será dirigido por Jonathan Demme, o mesmo de “O Silencio dos Inocentes”.
Finalizo esse post, torcendo para que as informações que estão circulando na mídia impressa e eletrônica estejam equivocadas e que o livro do eterno mestre do terror e suspense chegue para nós, brasileiros, bem antes... mas bem antes mesmo de 2013.
Inté!

26 novembro 2011

Livros excelentes que dariam filmes fantásticos

Não entendo como tantos livros excelentes, alguns deles verdadeiras obras primas, ainda não conseguiram uma adaptação cinematográfica. Por outro lado, “ bombas homéricas” ou então obras sem nenhuma expressão tem os seus direitos adquiridos por milhares e mais milhares de dólares, enriquecendo os seus autores, a maioria deles ilustres desconhecidos.  É incompreensível que uma trilogia do tipo “As Crônicas de Artur”, de Bernard Cornwell, seja preterida pelos grandes estúdios de Hollywood. Dá prá entender um sacrilégio desses? Enquanto isso, os nossos olhos e ouvidos são bombardeados com notícias do tipo: “Trilogia Wake pode invadir os cinemas”, “ Sussurro sairá das páginas para as telas” , “Hollywood se rende a Fallen; filme vem aí”.
Quase sempre acabo se dando mal por não mascarar – pelo menos, um pouquinho – a minha sinceridade como estou fazendo agora. Com certeza, estou magoando ou até mesmo irritando vários fãs de Wake e Sussurro, mas na minha concepção são obras descartáveis e pequenas e que por esse motivo, também darão origem à filmes descartáveis e pequenos. Por outro lado, imagine como seria fantástico ver desfilando nas telonas dos cinemas os personagens emblemáticos da saga arturiana de Cornwell ou então a Trindade (Deus, Jesus e o Espírito Santo) completamente reformulada e inovadora apresentada por Willian P.A. Young, autor de “A Cabana”.
Mas tudo indica que se depender dos “inteligentíssimos” produtores hollywoodianos, ficaremos ainda um bom tempo acalentando esse sonho com o risco de morrermos sonhando.
Mas como sonhar não faz mal prá ninguém, resolvi fazer um post para homenagear algumas obras literárias que já mereciam há tempos uma adaptação para a tela grande, mas que inexplicavelmente foram ignoradas. Então vamos lá!
01 – As Crônicas de Artur (Bernard Cornwell)
É muito estranho que uma trilogia excepcional como a de Cornwell que reconta a história de Artur ainda não tenha sido transposta para as telas. Para mim, essa indiferença dos produtores de Hollywood passou a ser um dos maiores mistérios da indústria cinematográfica.
Os livros “O Rei do Inverno”, “O Inimigo de Deus” e “Excalibur” são verdadeiras jóias raras da literatura mundial e se transformaram num grande fenômeno literário. Se há uma obra do gênero Bestseller que pode ser considerada unanimidade mundial, essa obra é a trilogia arturiana totalmente repaginada por Cornwell.
Como já disse em posts anteriores, esqueça aquele romance com pitadas sobrenaturais, do tipo espada mágica fincada numa pedra, onde só o mais nobre dos cavaleiros conseguiria retirá-la ou então um Merlin com super-poderes, capaz de preparar poções secretas que chegariam perto de levantar os próprios mortos, ou ainda, um Lancelot nobre e corajoso. Esqueça também aquela Guinevere que faz o tipo donzela desprotegida e principalmente, esqueça o “Artur Rei”.
Cornwell recontou tudo isso, mas  de uma maneira realista, cortando tudo o que estava relacionado a magia e o sobrenatural.
Fico imaginando ver nas telas o Lancelot covarde que foge das lutas e desafios com uma astúcia e inteligência espantosas. Tão espantosas, que mesmo sem nunca ter entrado num campo de batalha é reconhecido por todos como um dos mais valentes guerreiros. Fico imaginando a Guinevere independente e ambiciosa, capaz até mesmo de influenciar nas decisões estratégicas de Artur antes de uma batalha. Fico imaginando ainda o Merlin malandro, charlatão e arrogante que apesar disso é respeitado e temido por todos os reinos da Dumnonia.  E é claro, não poderia jamais esquecer de Derfel, um dos cavaleiros de Artur. Aquele que conseguiu roubar a “Estrela de Powys” e que por causa de sua coragem e heroismo passou a ser chamado de “Lorde Derfel”.
Personagens emblemáticos como esses que acabei de citar, somados a outros da trilogia arturiana, como Nimue, Galahad, Sagramor, Mordred, Morgana, etc, num contexto criado por um escritor como Bernard Cornwell só poderia se transformar num grande blockbuster dos cinemas, um verdadeiro “Arrasa quarteirões”. Mas como já disse, somente os produtores dos grandes estúdios de Hollywood ainda não perceberam. Tomara que um dia caia a ficha desse pessoal. 
02 – A Sombra do Vento (Carlos Ruiz Zafon)
A primeira imagem que se projeta em minha mente quando imagino a transposição da obra de Carlos Ruiz Zafon para o cinema é o “Cemitério dos livros esquecidos”. Fico supondo como seria ver na telona aquele labirinto infinito repleto de prateleiras com livros por todos os lados. Será que ficaria parecido com a biblioteca secreta do filme “O Nome da Rosa”? O diretor de efeitos especiais optaria pelo já manjado recurso de computação gráfica ou seria mais conservador preferindo cenários naturais? E quanto a Daniel Sempere? Qual ator mirim, Hollywood escolheria para viver o fantástico e carismático personagem de apenas 11 anos que se envolve numa aventura inimaginável, tudo para descobrir o que há por detrás de um misterioso livro escrito por um misterioso escritor.
Mas, novamente infelizmente, essas dúvidas ainda irão durar por muito tempo, pois até agora nenhum estúdio fez menção em filmar a obra prima que incluiu o espanhol Carlos Ruiz Zafon no seleto grupo dos escritores “top line”.
Para aqueles que ainda não tiveram o prazer de ler o livro; resumidamente, “O Nome do Vento”, conta a história de um menino de 11 anos chamado Daniel que vive muito triste por não se lembrar mais do rosto de sua mãe já falecida há algum tempo. Então, seu pai, um conhecido livreiro, resolve dar um presente inusitado a Daniel no dia de seu aniversário: uma visita a um misterioso lugar conhecido por “Cemitério dos Livros Esquecidos”. O lugar é uma biblioteca secreta labiríntica que funciona como depósito de livros que são esquecidos pelo mundo, à espera de alguém que os descubram. O pai de Daniel, pede então que ele escolha um livro e partir de então, o garoto acaba se fascinando com a obra “A Sombra do Vento”, do escritor Julian Carax. Ele fica tão ligado à história do livro que resolve investigar mais à fundo a vida de seu autor. Neste momento, descobre que alguém vem queimando os poucos exemplares da obra que ainda existem espalhados no mundo. É a partir daí que a aventura cheia de reviravoltas e descobertas tem início.
Um livraço! Com aço! Mas, ainda esquecido pelos produtores e diretores hollywoodianos.
03 – A Cabana (William P.Young)
A pergunta calada e que ninguém conseguiu responder até agora: “Como uma obra que vendeu mais de 12 milhões de cópias e se tornou um dos maiores fenômenos do mundo literário, sendo lida e elogiada nos quatro cantos do mundo ainda não se transformou em filme?” Juro que estou tentando encontrar uma resposta lógica para essa pergunta, mas não consegui, pelo menos até agora.
O escritor canadense William P. Young lançou “A Cabana” em 2007 e durante esses quase quatro anos, surgiram muitas especulações de que brevemente o contexto da obra daria origem à um filme. Mas as especulações ficaram somente nas especulações. De concreto mesmo, nada de nada. De vez em quando surge uma notinha na Internet de que a produção do filme foi confirmada; mas tudo não passa de alarme falso.
Para que os leitores desse post tenham uma noção do que estou escrevendo, basta dizer que um ano após o lançamento do livro, ou seja, em 2008, a rede mundial de computadores foi bombardeada com informações de que no início de 2009 estaria estreando nos cinemas de todo o mundo o filme baseado na obra de William P. Young. Então eu pergunto: cadê o filme???
Assim, fica aquela ‘duvidazinha’ cruel: será que um dia teremos a oportunidade de ver e não somente ler a Trindade (Deus, Jesus e o Espírito Santo) reescrita de maneira tão inovadora por Young? Uma Trindade que apesar de fugir completamente dos padrões convencionais, os quais estamos tão acostumados a aceitar, manteve o dom de emocionar tantos leitores, chegando até mesmo a arrancar lágrimas de alguns.
04 – Presa (Michael Crichton)
O pouco caso dos grandes estúdios e também dos produtores com “Presa”, história escrita por Michael Crichton em 2003 é uma das grandes injustiças cometidas com o saudoso escritor.
“Presa” daria um excelente filme de ação e suspense com todos os ingredientes necessários para se transformar num blockbuster. Imagine um grupo de cientistas confinado num laboratório no meio do deserto lutando desesperadamente para conter uma praga mecânica que mata tudo o que toca e que se multiplica em questão de minutos.
Michael Cricton nos transporta para o mundo da nanotecnologia, revelando vários segredos desse ramo da ciência que trabalha com partículas inteligentes.
Li o livro num só fôlego e acredito que assistira o filme grudado na poltrona.
Se você quiser conhecer um pouco mais o contexto dessa obra de Michael Crichton, basta acessar um dos primeiros posts que escrevi neste blog. Nele dou todos os detalhes da obra. Vale à penas conferir!
05 – A Menina que roubava livros
Em janeiro de 2010, quando ainda lutava para ajustar o meu biorritmo após o exagerado (reconheço) réveillon, vi na Net várias notícias de que a Fox Films tinha comprado os direitos do livro de Markus Zusak e que o filme seria lançado na segunda metade daquele ano. Fiquei mais do que exultante com as informações, mas o tempo foi passando e ‘nadica’ de nada. Chegamos em 2011, já estamos perto de 2012 e as notícias sobre o assunto, simplesmente, murcharam; provando que tudo não passou de alarme falso.
O escritor Markus Zusak insere o leitor no mundo de Liesel Meminger, uma garota que entre 1939 e 1943 encontrou a Morte três vezes. Nestas três ocasiões, ela conseguiu sair viva. É a partir daí que passamos a conhecer a vida dessa menina que encantou milhares de leitores em todo o mundo.
Ficamos sabendo que Liesel morava numa área pobre de uma cidadezinha próxima a Munique e ainda criança enfrentou uma série de reveses. Momentos depois de ver o seu irmão morrer no colo da mãe, ela foi abandonada ou deixada (quem leu o livro, entenda como quiser) aos cuidados de um pintor desempregado e de uma dona de casa “casca grossa”. Ao chegar na casa dos novos “pais” ela trazia na mala, um livro chamada “O Manual do Coveiro”, primeiro dos vários livros que passaria a roubar ao longo dos anos. E foram estes livros que nortearam a vida de Liesel naquele tempo, quando a Alemanha era transformada diariamente pela guerra, dando trabalho dobrado à Morte.
O gosto de roubá-los deu à menina uma alcunha e uma ocupação; a sede de conhecimento deu-lhe um propósito. E as palavras que Liesel encontrou em suas páginas e destacou delas, seriam mais tarde aplicadas ao contexto a sua própria vida. A Morte está presente em todos os momentos do livro, afinal de contas, além de ser a narradora da história, ela está num ambiente propício e familiar: a Alemanha da 2ª Guerra Mundial. Um livro profundo, triste e emocionante, mas que ainda não deu filme...
E também o... 06 – O Escaravelho do Diabo
Vejam bem, à princípio esse post deveria reunir apenas cinco nomes de livros que já estariam prontos para seguir os seus caminhos para a tela, cinco injustiçados; mas não poderia deixar de fora uma obra aqui da terrinha, principalmente agora, que o cinema brasileiro está atravessando um momento de ouro e... pasmem, no gênero policial!! Tudo indica que a fase dos dramas e comédias já era (rs). Que o digam as super e elogiadas produções “Tropa de Elite 2” e “Federal – O Filme”. Por isso, abri uma exceção nesse post, para incluir um livro, o qual acredito merecer uma adaptação para os cinemas: “O Escaravelho do Diabo”.
Esta obra da série Vagalume lançada em 1981e escrita por Lúcia Machado de Almeida é considerada por muitos, um clássico da literatura infanto-juvenil.
“O Escaravelho do Diabo” é um livro autenticamente policial onde vários assassinatos rondam a trama.
O enredo se desenrola na cidade de Vista Alegre onde pessoas inocentes acabam sendo vítimas de um serial killer conhecido por “Inseto”. Antes de executá-las, o assassino envia às suas vítimas, um estranho embrulho contendo um escaravelho. Ao receber o inseto, elas já sabem que estão marcadas para morrer, mesmo com toda a proteção policial. As vítimas (homens e mulheres) tem algo em comum: são ruivas, sardentas e com cabelos que lembram a cor de fogo. É neste ponto da história que Alberto, o nosso protagonista entra em ação. Ele é um jovem estudante de medicina que tem o seu irmão como a primeira vítima do “Inseto”.
Com a ajuda de Inspetor Pimentel e do sub-inspetor Silva, Alberto resolve solucionar o mistério, após outros assassinatos se sucederem, além de tentar descobrir qual o motivo do assassinato do irmão.
Será que um enredo desses não daria um excelente filme? Claro que sim! Vamos torcer para que os nossos produtores brasileiros pensem da mesma maneira.

14 novembro 2011

Os Sete Minutos

A primeira vez que li “Os Sete Minutos”, de Irving Wallace, lançado em 1969, foi estritamente por acaso, aliás, um “belo” por acaso. Uma grande amiga – falecida há poucos meses - havia decidido dispor de alguns livros mais velhos de sua coleção, a maioria, livros de bolso em papel jornal. E como ela já sabia da minha fama de leitor inveterado me convidou para ir até a sua casa para e ver se algumas daquelas obras me interessava, caso contrário iria doá-las para a biblioteca municipal. Na época, lembro que escolhi uns 10 ou 12 livros e ao chegar em casa para dispô-los na minha biblioteca, percebi que havia pego um deles por engano que veio no meio dos outros. Era o próprio: “Os Sete Minutos”.
No post “Alta Fidelidade” escrevi que alguns livros tem o dom de nos seduzir logo nas primeiras linhas. E com a obra de Wallace ocorreu esse fenômeno. Comecei a folheá-lo sem interesse e quando vi já estava refém de seu enredo.
Posso definir a leitura de “Os Sete Minutos” como arrebatadora. Fiquei surpreso porque não conseguia largar o livro e quando percebi, me via lendo durante qualquer brecha do meu dia a dia: no banheiro, depois do almoço, entre uma reportagem que fazia e outra. E olha que eu não tenho esse hábito, já que acostumei a ler somente durante as noites e madrugadas. Mas confesso que Wallace, com o seu livro, conseguiu mudar os meus velhos hábitos.
A obra em questão pode ser classificada como um livro dentro de outro livro. O autor fala de um misterioso escritor chamado J.J. Jadway que escreveu “Os Sete Minutos” considerado o romance mais injuriado e polêmico de todos os tempos. Basta constatar a definição (fictícia) do jornal Le Figaro, de Paris: “O livro mais pornográfico que foi escrito depois que Gutenberg descobriu a imprensa... Fascinante como revelação íntima, mas imperdoável como confissão pública.” Sete minutos seria o tempo médio do orgasmo feminino; e a sacada de J.J. Jadway foi criar uma personagem que de uma maneira franca descrevesse tudo o que se passava em sua cabeça durante esse momento. Na cama, durante o ato sexual com o seu companheiro, a sedutora Cathleen imagina em suas fantasias reviver momentos carnais com três homens que haviam sido os seus amantes. Os três variavam em suas atitudes em relação às mulheres e ao amor. Cada um oferecera-lhe, ensinar-lhe algo, e as experiências com todos os três se juntavam para torná-la uma mulher completa. A única história existente no livro descrevia a decisão de Cathleen em tornar um desses homens seu companheiro para o resto da vida, o que levara para a cama naquela noite, o mesmo que a possuía durante os sete minutos do título. O nome do escolhido só era revelado na última página do livro. Durante esses sete minutos de orgasmo com o seu eleito, Cathleen revelava tudo o que se passava em sua cabeça , mas não de uma maneira chula, pelo contrário, utilizando uma linguagem poética, mas também bem franca.
O livro, na época de seu lançamento, escandalizou toda a sociedade e ficou proibido durante 35 anos, ganhando o status de obra maldita, mas por outro lado Cult. Quanto ao seu autor, se tornou um mito, uma verdadeira lenda. Por causa da obra polêmica, há três décadas e meia, Jadway acabou sendo expatriado e a partir desse momento ninguém nunca mais souber informar o seu paradeiro: se ele estava vivo ou morto. O lendário escritor que havia revolucionado a linguagem dos romances convencionais, após cair em desgraça por causa de sua obra, simplesmente desapareceu, mas “Os Sete Minutos” continuaria causando furor.
Decorrido todo esse tempo, uma editora resolveu relançar o polêmico romance, mas um ambicioso e retrógrado promotor de uma pequena cidade americana, ainda entendia que o livro se tratava de uma obra obscena. Por isso, o magistrado acaba prendendo um pacato livreiro que vendia exemplares de “Os Sete Minutos” em sua loja. De acordo com o código penal da Califórnia, em seu artigo 31, a venda de material obsceno é crime passível de prisão. Para complicar ainda mais a vida do pobre livreiro, a obra teria sido a causa de um estupro brutal seguido de homicídio. Um adolescente afirma que após ler a obra maldita de Jadway, teria perdido o controle, vindo a estuprar e matar uma jovem.
É a partir desse momento que o livro de Irwin Wallace pega fogo e faz com que o leitor atravesse a madrugada devorando as suas páginas. O leitor é brindado com uma emocionante batalha judicial. De um lado o promotor Elmo Duncan que vê na condenação do livro e do pacato livreiro uma chance de ouro para subir na carreira, podendo assim, se candidatar a um cargo político de destaque. E do outro lado, o jovem advogado Mike Barret que assume a defesa do livreiro e por “tabela”, também a defesa de “Os Sete Minutos”, por acreditar que a obra não tem nada de obsceno.
Comparo o duelo dos dois a Davi e Golias, já que Duncan tem todas as armas na mão, enquanto Barret é obrigado a montar o seu caso, juntando provas da estaca zero. Ele tem que provar ainda que o adolescente que teria estuprado e matado a jovem não agiu sob a influencia de “Os Sete Minutos”.  
Ao aceitar o caso, a vida de Barret se transforma num verdadeiro inferno, pois passa a sofrer pressões de todos os lados; no amor, no trabalho, na família. Todos querem que ele abandone a defesa, a qual julgam perdida. Além disso, ele se torna um pária na sociedade, já que aceitou defender uma obra, que a maioria julga pornográfica e amaldiçoada já que teria sido a responsável pela indução de um assassinato.  Enquanto isso, Duncan atropela o seu oponente nos tribunais sem piedade, já que tem o apoio da mídia, dos políticos, dos poderosos e da sociedade.
Em certo ponto da história, só resta mesmo ao advogado encontrar o lendário escritor J.J. Jadway ou então a lendária Cathleen, a qual descobre ter sido usada para compor a personagem do livro. É neste momento que Irwin Wallace faz uma revelação bombástica que muda todo o rumo do enredo. Fiquei de queixo caído; melhor dizendo, de queixo ‘pregado’ no chão.  Barret faz uma descoberta revolucionária que nenhum leitor em todo mundo jamais poderia imaginar ou suspeitar Um verdadeiro golpe de mestre.
 “Os Sete Minutos” alerta para a importância da liberdade de expressão e os riscos que o tolhimento desse direito pode causar para as pessoas. Como já escrevi nesse post, uma obra arrebatadora que suga o leitor para o interior de suas páginas.... e com uma revelação final espantosa que modifica todo o rumo da trama... sem precedentes.
Confiram!

09 novembro 2011

A Conquista da Honra

No final da madrugada de 23 de fevereiro de 1945, um grupo formado por seis jovens fuzileiros navais ergueriam a bandeira norte americana no cume do Monte Suribachi, no Japão. A 2ª Guerra Mundial estava no auge e ainda longe de terminar, mas o ato de coragem daquele grupo de soldados serviu para elevar a moral dos combatentes norte americanos na ilha de Iwo Jima. Seria o primeiro passo, aliás, um passo muito importante, para que o exército americano vencesse os japoneses numa das batalhas mais sangrentas da história.
No momento em que os seis fuzileiros “cravavam” a bandeira de seu País nas entranhas do último “bastião” da resistência japonês, considerado por muitas pessoas até mesmo por grandes estrategistas militares ocidentais, um ponto inexpugnável, o fotógrafo estadunidense Joe Rosenthal – que acompanhava o exército aliado nesta batalha - gravava através de sua objetiva esse momento mágico.
A foto emblemática viria ser uma das mais reproduzidas em todo o mundo, se tornando a síntese da Segunda Guerra Mundial.
O livro de James Bradley, “A Conquista da Honra” revela todos os mistérios escondidos atrás dessa foto em preto e branco que se tornou o símbolo da vitória do exército aliado na batalha de Iwo Jima.
Li a obra de Bradley no começo desse ano e o motivo principal que me levou a comprar o livro foi a curiosidade, ou melhor, a imensa curiosidade em saber quem seriam aqueles rapazes com as mãos unidas no mastro da bandeira lutando para enterrá-la no solo do inimigo. Muitas perguntas e questionamentos foram ganhando “corpo” em minha cabeça. Será que eles já eram amigos antes da guerra ou apenas se conheceram no calor da batalha? Estavam naquele conflito sangrento contra a vontade ou felizes em “cumprir o seu dever”? Tinham namoradas? O que os levaram a tomar essa atitude? E principalmente, como foi a vida de cada um deles depois que a guerra terminou... será que todos eles sobreviveram as bombas e disparos dos japoneses em Iwo Jima? Nossa! Eu tinha tantas perguntas!
Foto famosa de Joe Rosenthal que correu o mundo
Fiquei surpreso ao ler as primeiras páginas porque, coincidentemente, os motivos que levaram Bradley a escrever o livro foram quase os mesmos que me levaram a ler a sua obra.  É importante destacar que James Bradley é filho de um dos seis soldados da foto emblemática: John Bradley, o paramédico do grupo. Ao descobrir que o seu pai era um daqueles seis homens, uma vontade quase incontrolável começou a nascer em seu coração: “conhecer toda a vida dos outros cincos heróis de Iwo Jima.
Após a morte do pai – que nunca havia tocado no assunto da guerra – James encontrou várias cartas e documentos que pertenceram ao seu velho e que puderam esclarecer muitas de suas dúvidas. Dessa maneira, começaria a nascer a idéia de escrever um livro que registrasse os  vários momentos da batalha desenrolada na pequena ilha japonesa de Iwo Jima e que foi fundamental para a vitória aliada. Um livro que resgatasse a história daqueles seis homens que conseguiram conquistar o Monte Suribachi.
Maquete da foto de Rosenthal com os nomes dos 6 fuzileiros
Ao saber dessa intenção do autor, não pestanejei um segundo sequer e corri para comprar o livro. Posso dizer com toda convicção que não me arrependi em nenhum momento.
“A Conquista da Honra” esclareceu todas as minhas dúvidas, não só com relação a vida dos seis soldados que se tornaram ícones da Segunda Guerra Mundial, mas também sobre os motivos que os levaram a escalar o morro do inimigo no meio de fogo cruzado para colocar uma bandeira dos Estados Unidos.
James Bradley foi honesto ao extremo, não escondendo “nada de nada” sobre a vida dos seis fuzileiros. Ele esmiuçou Ira Hayes, Franklyn Sousley, Michael Strank, Rene Cagnon, Harlon Block e o já citado John Bradley. Todas as qualidades e defeitos desses rapazes são colocadas à mostra, além da revelação de segredos que o governo americano vinha mantendo guardados a sete chaves durante a batalha em Iwo Jima, só sendo revelados tempos depois.
Foto tirada por um sargento - anterior a de Rosenthal -
que representa o momento exato que os fuzileiros
tomaram o Monte Surubachi
Para recompor a vida dos fuzileiros da foto, o autor foi em busca das pessoas, parentes e companheiros desses soldados que colaboraram com informações preciosas. Bradley telefou para prefeituras e xerifes das cidades em que os levantadores da bandeira haviam nascidos, solicitando pistas que o pusessem em contatos com os seus parentes e familiares. Dessa forma, após muitas viagens e sacrifícios, Bradley conseguiu descobrir a viúva, o irmão, o primo de cada um daqueles rapazes que haviam segurado e “fincado” o mastro no Monte Surubachi. E assim, foi nascendo o livro “A Conquista da Honra”.
Ao ler a obra de Bradley fui transportado décadas e décadas atrás, ganhando a oportunidade mágica de conhecer a infância e a adolescência de Ira, Franklyn, Michael, Rene, Harlon e John. Como foi o período de treinamento no exército. Como se conheceram. Como era o relacionamento dos seis. Os seus sonhos, as suas frustrações, os seus segredos. Tudo, absolutamente tudo foi despejado enquanto lia a obra.
Após o “hasteamento” da bandeira americana no “bastião” japonês, a batalha em Iwo Jima prosseguiu cada vez mais violenta e sangrenta culminando com a morte de três dos seis soldados. Bradley conta que o alto comando do exército americano, com a intenção de explorar o momento de fama dos outros três sobreviventes, que ganharam o status de heróis, optou por retirá-los do campo de batalha, preservando assim, as suas vidas. Mas essa atitude teve um preço: eles teriam de começar a trabalhar como relações públicas da guerra. Os Estados Unidos estava com o caixa baixo e precisava com urgência que os cidadãos estadunidenses comprassem os chamados “bônus de guerra” para abastecer o exército. Para isso, nada melhor do que usar os três remanescentes do Monte Surubachi para essa finalidade.Bradley conta em detalhes como cada um deles reagiu ao ser retirado da batalha para se tornarem simples objetos de exposição para os curiosos. Posso adiantar que Ira Hayes foi o fuzileiro que mais sofreu com essa decisão de seu País e assim, foi se destruindo aos poucos. Todos esse processo de destruição é acompanhado passo a passo pelo leitor.
Cena do filme de Clint Eastwood baseado no livro
de James Bradley
Mas “A Conquista da Honra” não se resume apenas ao relato sobre esses seis valorosos homens, mas também sobre a batalha na ilha japonesa, de um modo geral. O autor narra de forma nua e crua como foram os combates em solo japonês. Como as granadas e os disparos encerravam os sonhos daqueles jovens fuzileiros.
Enfim, “A Conquista da Honra” pode ser considerado um livro desmistificador sobre a Segunda Guerra Mundial, onde temos a oportunidade de desvendar vários segredos não só referentes a vida dos seis hasteadores da bandeira no Surubachi como também também da batalha de Iwo Jima, num todo... Inclusive, a história dos dois hasteamentos da bandeira americana no monte japonês. Você sabia que a foto antológica feita por Joe Rosenthal e que correu mundo não foi feita no momento que os soldados americanos conquistaram o Surubachi? A foto que documenta o momento exato dessa conquista foi feita por um sargento. Mas porque será que a foto desse sargento ficou esquecida no tempo, enquanto a de Joe Rosenthal conquistou o mundo além de ter ganho prêmios e mais prêmios? Tudo isso é desvendado no livro.
Leiam, vale à pena. Ah! Em tempo! O livro de Bradley foi transformado em filme por Clint Eastwood em 2006.
Inté!

05 novembro 2011

Alta Fidelidade

Há livros que tem o dom de conquistar os leitores logo de cara. Basta ler o primeiro parágrafo ou então as primeiras linhas e já nos tornamos reféns da obra. “Alta Fidelidade”, de Nick Hornby se enquadra perfeitamente nessa categoria.
Li o livro de Hornby no Reveillon de 1999, um ano antes de chegarmos no outrora, decantado “novo milênio”. Como me lembro? É simples. “Alta Fidelidade” marcou tanto a minha vida de leitor inveterado que se me esquecesse da primeira vez que o li, acho que estaria cometendo um sacrilégio.
É impossível para as pessoas que - como eu - viveram os inesquecíveis anos 70 e 80 não se identificarem com Rob Fleming, personagem central do romance de Hornby. Ou será que você nunca curtiu os discos de vinil e as fitas cassetes com aquelas melodias internacionais que rasgavam corações, tipo “Baby, I Love Your Away”, do Peter Frampton ou “How Can You Mend a Broken Heart”, dos Bee Gees; ou ainda a música contagiante do The Clash ou The Beatles? E que tal “Love Hurts”, do Nazareth? Ah! Tem os filmes também! Ou será que você não assistiu ou na pior das hipóteses, ao menos, ouvir falar, de “O Poderoso Chefão” e “Cães de Aluguel”? Um mais recente? Ok; vamos lá: “Red Dragon” (Dragon Vermelho)? Serve esse?
Pois é pessoal, esse é o contexto em que vive o nosso Rob Flerming. Com certeza, você que lê esse post, já curtiu horrores aquela dor de cotovelo ao ser largado, deixado, abandonado e ainda por cima esnobado por aquela garota pela qual você seria capaz de arrastar um caminhão carregado de cimento ou qualquer outra coisa que o valha. Mas um pequeno detalhe: no período em que você estava com a menina do seus sonhos, não conseguia segurar um “rabo de saia”. Dessa forma, se alguma outra garota pintasse na área, pronto! Lá ia o falso monogâmico correndo atrás, engrossando a voz e ajeitando os cabelos para passar aquela cantada na vítima.
Vai me dizer que nem mesmo em sua adolescência, você agia dessa forma? Vai me dizer que nunca levou um fora de suas namoradas e depois de curtir aquela fossa danada, resolveu ficar analisando os seus gostos e hábitos pra ver se descobria porque tinha sido abandonado? Vai cara, deixa a vergonha, um pouquinho de lado, e assume o seu lado “Rob Fleming”!
Rob Fleming é isso: um sujeito para quem a monogamia era quase um crime, até o exato momento em que leva um fora da namorada Laura. Quando a mulher da sua vida lhe diz na cara: “Rob, estive pensando sobre nós e acho melhor darmos um tempo”. A partir do momento que ele levou esse soco no fígado, nada parece mais consolá-lo. O mais recente abandonado começa, então, a fazer uma análise de sua vida para ver se descobre o motivo de ter sido colocado de lado. Entre essa auto-análise, como forma de tentar amenizar a sua fossa, Rob coloca em prática seu jogo lúdico predileto que é dissecar a vida em incontáveis listas das 'cinco mais' - canções, filmes, atrizes, etc. A partir daí, o leitor inicia uma maravilhosa viagem na cultura pop do final dos 70 e também dos anos 80, em sua totalidade. Por meio de suas listas das “cinco mais”, Rob nos presenteia com belas referencias musicais, cinematográficas e culturais; recheadas com comentários, às vezes ácidos, o que torna as suas listas ainda mais especiais. Deixe-me fazer um novo questionamento. Será que em sua fase pós puberdade, você não vivia fazendo essas listinhas bobas da cultura pop para matar o tempo quando se encontrava chateado com a vida? E quando digo chateado, vale principalmente pelo fora homérico do qual você foi vítima ou então por aquela cantada muito mal feita que lhe valeu uma sonora gargalhada na cara da menina que vinha sendo o seu alvo. Vai, confessa que fez... eu, pelo menos, vivia com a minha mania de listar as cinco ou dez músicas mais românticas, os cinco ou dez filmes de terror mais assustadores e por aí vai. Mania, aliás, que mantenho até hoje, como já deu prá perceber em alguns dos posts desse blog. Portanto, não tinha como não me identificar com o personagem criado por Nick Hornby. Ele é a cara de toda uma geração que viveu e curtiu os anos 70 e 80. Geração que cresceu ouvindo muito rock and roll, assistindo aquelas séries antológicas de TV e também vendo filmes emblemáticos nos cinemas que se tornaram cults através dos anos.
Cena do filme "Alta Fidelidade". Rob (John Cusak) ao lado do grande
 amor de sua vida Laura (Iben Hjejle) 
Logo de cara, na primeira página, antes de começar a contar os detalhes cômicos, tristes, trágicos e curiosos de sua vida, Rob já tasca a lista das cinco mulheres que mais o fizeram sofrer na vida, ou se preferirem, das suas “cinco separações mais memoráveis”, as suas “favoritas”. Só um detalhe: Laura não faz parte dessa lista. Como o próprio Rob explica, talvez, ela entrasse sorrateiramente numa relação das dez mais, já que as cinco mulheres que estão na lista lhe impingiram um tipo de humilhação e sofrimento que a sua eterna amada Laura, simplesmente não seria capaz de provocar. A partir daí, o personagem de Hornby vai dissecando cada um desses cinco relacionamentos e quais os motivos que levaram a uma separação tão dolorosa. Ele se relacionou com as mais diferentes personalidades femininas: dominadoras, dependentes, egocêntricas, humildes, etc.
Durante uma de suas auto-análises, Rob chega a conclusão que os homens tem que competir na sua faixa quando o assunto é mulher. Quem lhe ensinou as duras penas essa lição foi a sua ex: Sara. Segundo Rob; Sara era bonita demais, inteligente demais, engraçada demais, demais-demais. Ele, era o que? Apenas um peso médio. Não o cara mais esperto do mundo, mas também não o mais tapado. Enquanto isso, Sara nadava de braçadas como a mulher “mais mais do planeta”, e com todos os mérito, porque ela era mais mais, de fato. Neste ponto, Rob  manda ver as suas listas de filmes que justificam o seu grau mediano.  Aliás, quer saber quais os filmes, uma pessoa não muito esperta e inteligente demais, apenas mediana, teria mais empatia? Hã, hã... leia o livro e fique sabendo (rs).
Quanto a Laura, você deve estar se perguntando onde ela se encaixa no romance já que foi excluída da lista das “cinco mais”. Cara, ela é foi tão importante para Rob Fleming que ele lhe dedicou todo o restante do livro, só para ela! Enquanto suas cinco ex ficaram com aproximadamente 13 páginas, à Laura coube as outras 247 páginas do livro. Isso mesmo, 247 páginas!
Um dos momentos mais hilariantes e ao mesmo tempo angustiantes do livro é quando o novo namorado de Laura chega na loja de discos de vinil – da qual Rob é dono – para tirar satisfações, tendo assim, um contato tenso, mas engraçado com Rob.
As dúvidas afetivas, o existencialismo, a insegurança nos relacionamentos com as mulheres, as dúvidas sobre o sexo, medo de traições... tudo isso, é exposto de maneira autentica e sem artificialismos por Rob. Talvez pelo enredo ter essas características, a obra de Hornby tenha sido taxa de um “livro para homens” ou até mesmo uma obra machista. Não concordo. O livro serve, e muito, para as mulheres que passarão a conhecer bem mais a fundo a natureza dos homens, inclusive aquelas fraquezas e inseguranças, que nós fazemos questão de guardar a “sete chaves”, mas que o nosso “traíra” (rs) Rob faz questão de contar abertamente em sua auto-análise. Quanto a ser uma obra machista, nada à ver. Tá certo que Rob muitas vezes se mostra o sujeito mais egocêntrico e safado do mundo, mas por outro lado, como já disse, não esconde as suas fraquezas e derrotas.
O livro fez tanto sucesso que a Touchstone Pictures e a Dogstar Films compraram os seus direitos e lançaram nos cinemas em 2000, tendo no papel principal como Rob Fleming, o ator John Cusak. Destaque para a sua trilha musical memorável.
Enfim, “Alta Fidelidade” é um livro para ser devorado por qualquer homem ou mulher que esteja na casa dos 30 anos e que tenha tido a felicidade de acompanhar tudo o que aconteceu no mundo da música e da cultura pop dos últimos 20 anos.

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