26 novembro 2012

Sob a Redoma



Eu sempre cuidei das capas dos meus livros. Sei que há muitos leitores que se preocupam apenas com o conteúdo da obra e após terminarem a sua leitura, simplesmente a colocam em algum armário, baú ou então abandonam em algum lugar. Esses leitores não dão a mínima importância para o layout daquele conjunto de páginas protegido por uma capa e sobrecapa que passa horas, dias ou semanas em suas mãos e por isso mesmo, acabam lendo em qualquer lugar: na cozinha, enquanto cozinham; no restaurante, enquanto comem ou no banheiro, enquanto... já sabem, né (rs). Por culpa desses hábitos, a capa de seus livros são um verdadeiro desastre. Contém de tudo, desde gordura, riscos, rasuras e o escambau à quatro.
Cara! Podem me chamar de zeloso, prestimoso, caprichoso ou qualquer outro “ ‘oso’, que aliás eu odeio, mas uma coisa não posso negar: tenho um xodó incrível com as capas dos meus livros. Todos os dias, lá estou eu com um espanador nas mãos tirando o pó das ditas cujas, encapando ou restaurando as mais velhinhas, oriundas dos sebos, e por aí vai. Posso dizer que todas as capas das minhas obras literárias estão em dia com a conservação, excetuando uma: “Sob a Redoma”.
O livro está implodido. Capa amassada; rasurada; estropiada e lombada toda torta, igual a um carro desalinhado. Só pra lembrar que recebi o livro novinho em folha do pessoal da Suma de Letras. Encapadinho, sem nenhuma falha, enfim, zero bala. O livro ficou nesse estado porque a história escrita por Stephen King me obrigou – pela primeira vez – a quebrar um ‘caminhão’ de regras literárias particulares. Coisas do tipo: jamais fazer marcações à lápis na página de um romance; jamais ler enquanto estiver se alimentando, nem que seja um simples lanche (a tal da capa pode sujar); jamais ler no banheiro (com certeza irei chegar atrasado no serviço, sem contar que é uma P... falta de higiene) e etc  e mais etc.
“Sob a Redoma” tem uma história tão viciante e frenética que me obrigou fazer coisas que jamais tinha feito, como por exemplo: chegar atrasado no serviço por estar tão compenetrado na história. E... adivinha onde estava nesse momento? No banheiro!!
Podem acreditar, o novo e tão esperado livro de King tem esse poder. Aliás, o próprio autor quis que o ritmo da história fosse assim e como não bastasse, ele também foi obrigado, pela sua agente e revisora Nan Graham, a ficar com o pé ‘atolado’ no acelerador. O próprio King ressaltou isso no final do romance em ‘Nota do Autor’ quando diz: “Tentei escrever um livro que mantivesse o pedal no fundo o tempo todo. Nan entendeu isso e, sempre que eu aliviava, ela punha o pé em cima do meu e berrava: Mais depressa, Steve! Mais depressa!”. O resultado da vontade do autor com a pressão de sua agente só poderia resultar num enredo semelhante a uma montanha russa, o que ‘venhamos e convenhamos’ foge um pouco dos padrões de King que segue uma linha mais desacelerada, típica do gênero terror psicológico do qual é o mestre supremo.
O próprio The New York Times, cujos críticos literários não perdoam nem mesmo os grandes autores, acabou se rendendo a montanha russa de emoções que é “Sob a Redoma”. ‘Apurado e vigoroso desde o início. (...) Difícil de deixar de lado’. Essa foi a avaliação do respeitado jornal americano.
Um dos detalhes que me surpreendeu no livro, além do ritmo acelerado, foi a infinidade de personagens. Se não contei errado, “Sob a Redoma” tem em média 64 personagens, incluindo os cães. Cara! Escrever um livro com 15 ou 20 personagens já é complicado e quase sempre, grande parte deles acaba ficando em segundo plano; agora, escrever um romance com mais de seis dezenas de personagens e ainda ‘por cima’ conseguir fazer com que quase todos sejam protagonistas é praticamente impossível, certo? Não; errado. King conseguiu dar aos mais de 60 personagens de “Sob a Redoma” o status de protagonistas. Todos eles tem a sua importância na história. Desde o veterano de guerra Dale Barbara ao odioso vilão Big Jim, passando pelos cães Horace e Audrey, pelos quais me apaixonei. Como queria ter cães como aqueles.
“Sob a Redoma” conta a história de uma pequena cidade de aproximadamente dois mil habitantes que se vê envolta por um misterioso campo de força, os moradores percebem que terão, então, de lutar por sua sobrevivência. Pessoas morrem e são separadas de sua família com a repentina aparição da redoma. As conseqüências ficam ainda mais graves quando são expostas as conseqüências ecológicas da barreira e as maquinações de Big Jim, um político dissimulado que usa a redoma como um meio de dominar a cidade. Enquanto isso, o veterano de guerra Dale Barbara é reincorporado ao Exército e promovido a condição de coronel e juntamente com um pequeno grupo de destemidos moradores de Chester’s Mills tentam colocar um fim ao reinado de terror instalado por Big Jim que passa a se auto-declarar o chefe supremo da pequena cidade. Em meio a crise, o governo dos Estados Unidos, juntamente com Dale Barbara e seus amigos tentam descobrir a origem da redoma e destruí-la.
Como já disse no post anterior, Big Jim pode ser considerado um dos maiores e mais cruéis vilões da literatura. Muitas vezes me vi socando o ar por causa desse crápula. Aliás, acredito que o Sr. Jim Rennie ou simplesmente Big Jim é um dos principais responsáveis por essa montanha russa de emoções. Ele é capaz de destruir uma pessoa através de palavras ou então com as próprias mãos, que por sinal, são enormes. O que esperar de um sujeito capaz de quebrar o pescoço de uma senhora de terceira idade e ir embora assobiando, considerando-se um cara justo perante os olhos de Deus. Quer mais? OK. Que tal moer os dedos de um pobre infeliz pisoteando em suas mãos com os seus mais de 100 quilos? E mais, entrando em êxtase de prazer enquanto o moribundo uiva de dor! Ah! Tem outra atitude “filantrópica” de Big Jim: sufocar a própria mulher com um travesseiro até a morte. Mêo, acho melhor parar por aqui. E olha que o filho de Big Jim não fica atrás. Junior Rennie mata uma pessoa como se estivesse tirando a vida de um inseto. Quanto aos seus capangas, são ainda piores. É este grupo de pessoas que passa a mandar em Chester’s Mills tão logo surge a redoma isolando a pequena cidade do resto do mundo.
Um dia desses aconteceu um fato curioso envolvendo um colega e que à primeira vista achei engraçado, mas depois que mergulhei de cabeça no enredo de “Sob a Redoma”, entendi perfeitamente a atitude do Marquinhos, o tal amigo. Ele estava tão nervoso com o comportamento de Big Jim, mas tão nervoso, que a impaciência invadiu todas as veias de seu corpo. Ele acabou fazendo algo inimaginável e inacreditável para um leitor ‘sério e responsável’. Ele leu o final do livro!!! Isto mesmo cara! Ele apelou legal e foi em busca das últimas páginas do livro. Depois ele me disse: “Não dava pra agüentar as maldades daquele sujeito e quis logo saber se ele se dava mal no fim!
Pois é, ao ler o livro entendi perfeitamente a atitude do Marquinhos e olha que eu não lhe tiro a razão. O vilão de King é a própria essência do mal. Um ser bestial, mas ao mesmo tempo esperto e inteligente. O cara respira maldade. E aqui vai um spoiler. Ele se dá mal, sim! Perto do final do romance, ele recebe o ‘pagamento’ merecido pelas suas maldades. Mas apesar do seu castigo ter sido bem severo; os seus atos foram tão cruéis e bestiais que o leitor acaba desejando que ele tivesse uma morte bem mais agonizante.
Quanto a redoma vou evitar ficar escrevendo além da conta para não disparar mais um spoiler, o que seria um crime. Afinal de contas, ela é o enigma principal do livro. Quem teria criado esse poderoso campo de força isolando a cidade e os seus dois mil moradores do resto do mundo? Uma experiência alienígena? Um experimento do próprio governo americano? Ou será que a redoma teria sido criada por um dos moradores de Chester’s Mills? Essa dúvida é esclarecida bem antes do final do livro. Um pouco ‘pra lá’ do meio do calhamaço de quase 1.000 páginas, o autor já deixa uma pista no ar que faz o leitor chegar a uma conclusão óbvia.
Um dos pontos altos do livro é uma tragédia de proporções titânicas que ocorre em Chester’s Mills e que definirá o destino de muitos personagens importantes.
E quer saber de uma coisa?? Vou é parar por aqui, antes que a empolgação me faça revelar um festival de spoilers o que não seria nada legal. Finalizo dizendo escrevendo que “Sob a Redoma” superou todas as minhas expectativas e também as de Steven Spielberg que após ler o romance de King decidiu comprar os seus direitos para adaptação a uma série de televisão.
Preciso dizer algo mais?
Somente, boa leitura!

16 novembro 2012

Big Jim: um vilão malévolo, perverso, asqueroso... Chega, vai! Antes que me esqueça... ele é uma das criações de Stephen King



Só tenho a escrever que sinto muito que o livro “Sob a Redoma” de Stephen King tenha sido lançado  bem depois da publicação do post “Os 10 maiores vilões da literatura deterror” ou “Os 10 confrontos heróis x vilões mais eletrizantes da literatura”. Digo (escrevo) isso porque fiquei impossibilitado de acrescentar aos respectivos posts o maquiavélico Jim Rennie ou simplesmente “Big Jim”. O sujeito é a própria essência da maldade. Capaz de praticar as maiores atrocidades e ainda acreditar que está agindo assim, movido por um sentimento divino. Ele transmite asco porque é um cara repugnante e sem princípios. Capaz de matar qualquer um que não compactue com as suas idéias. Cheguei nas 600 páginas de “Sob a Redoma” e ‘Big Jim’ aprontou coisas inimagináveis que nem o pior dos piores vilões seria capaz de fazer. Depois que a redoma isolou a cidade de Chester Mills do resto do mundo, o “Grande Jim” acredita que tenha se tornado um ser supremo naquele espaço de terra limitado capaz de decidir se uma pessoa pode viver ou morrer...
Confesso que a leitura da história de King está superando as expectativas até aqui. Ontem fiquei até ‘altas madrugadas’ devorando as páginas – coisa que não vinha fazendo nos últimos meses por causa do trabalho – torcendo para que um grupo de pessoas destemidas (um capitão reformado do exército, uma vereadora, a proprietária e editora de um jornal local, além de duas crianças) que decidiram se unir contra Big Jim conseguissem lhe meter um belo pé no traseiro, mas o embate está sendo difícil para a galera do bem... mas como o mal sempre perde no final, estou aguardando com expectativa – a mesma que você sente ao pensar em saborear um vinho ou uma cerva bem gelada ao chegar em casa no começo da noite após o trampo – o momento em que o odioso Big Jim, seu ignóbil filho Jim Rennie Junior e o corrupto chefe de polícia, Peter Randolph, paguem por todos os seus crimes e armações hediondas.
Ehehehe... Quem diria, estou usando esse post para desabafar contra a maldade de dois personagens de um livro. Cara! Será que sou eu mesmo?! Mas pode acreditar, Stephen King tem o poder de criar personagens tão fortes, capazes de provocar uma onda avassaladora de sentimentos (bons ou ruins) em que lê a obra.
Ah! E por falar nisso, já estou apaixonado por Julia Shumway (proprietária e editora do jornal de Chester’s Mill). Que mulher! Com o seu sorriso sarcástico como quem diz: “como esse cara pode ser tão burro assim?!”, ela é uma das poucas moradoras que consegue incutir algum medo em Big Jim. O auxiliar médico da cidade, Dr. Rusty e sua mulher Linda – do time das poucas policiais honestas da cidade – também são pontas firmes. Tem ainda o enigmático Dale Barbara, verdadeiro calo no sapato de Big Jim. Sobre ele, falarei qualquer dia desses.
Mas e quanto a redoma?? Quem é o responsável por ela? Quem criou essa barreira a qual nada consegue ultrapassar, nem mesmo os mísseis mais poderosos da Força Aérea Americana? Alguma experiência extraterrestre? Alguém dentro da própria Chester’s Mill? Neste caso, quem? Big Jim ou aquele personagem que o leitor jamais imaginava? Ufaaa!! Quantos questionamentos! Tenho certeza que no final da história, saberei quem foi o gênio que criou esse campo de força com tecnologia sobre-humana. Já cheguei num ponto da obra onde o autor começa a dar pistas importantes sobre o mistério. No meu caso, já estou fazendo algumas conjecturas... veremos.
Paro por aqui; mesmo porque a minha intenção não era escrever um post, mas apenas algumas linhas no Facebook do blog deixando que... digamos... o meu desabafo contra esse pulha do Big Jim. Uma forma de catarse... mas no final fui escrevendo, escrevendo e deu nisso (rsss)
Tão logo termine a leitura de “Sob a Redoma” estarei fazendo um post completo sobre a obra
Inté!

11 novembro 2012

5 contos de terror que me impediram de levantar da cama durante a madrugada para fazer xixi



Que tal começar esse post escrevendo, logo de cara, que fiquei com medo de me levantar durante a madrugada para ir ao banheiro por causa de alguns contos de terror que tinha lido a noite? E mais...  Acabei segurando o xixi até a deusa Aurora dar os primeiros sinais de sua chegada? Ahahaha. Tá rindo agora né meu chapa? Você que viu o meu perfil deve estar gargalhando nesse momento. O que será que você deve estar pensando? Talvez isso: “O cara tem mais de cinqüenta, já curvou o cabo da Boa Esperança e ainda tem medo de ler uma simples história de terror?” ou talvez, deve estar uivando de tanto rir e zuando: “Pô meo! O sujeito ainda diz que é jornalista!! Pra ter medo assim de livros de terror só se for jornalista de meia pataca!”.
Tudo bem, eu agüento as provocações, mas agora, antes de me crucificarem, vamos aos esclarecimentos. Primeiro: As histórias que me impressionaram não se tratam de simples contos de terror, mas de grandes contos de terror escritos por gênios como Stephen King, H.P. Lovecraft, HG. Wells e Richard Matheson. Será que você nunca sentiu aquele calafrio incômodo ao ler um livro de um desses autores? Segundo: o conto de Matheson, “Pesadelo a 20.000 pés” é tão impressionante que chegou a assustar o próprio autor, depois de concluído.  E quer saber de uma coisa?! Pára de ficar aí tirando sarro e bancando o machão cheio de coragem e leia – de madrugada, numa casa isolada, de preferência numa fazenda, Ah!... e sozinho, é claro - uma dessas cinco histórias que indiquei no post. Vamos ver o que acontece.
Pessoal, esses cinco contos que selecionei para o post são macabros, mas macabros de ré! Sei lá; te incomodam como se tivesse alguém cutucando uma ferida em sua perna. Posso escrever com toda convicção que dos muitos contos de terror que li – e olha que a lista é bem grandinha de Poe a King, passando por Bierce e Lovecraft – esses cinco foram aqueles que mais me angustiaram... E de uma tal maneira, que ao terminar a leitura preferi ficar bem quietinho na minha caminha. Levantar pra quê??! (rs). Bem, vamos à eles:
01 – Pesadelo à 20.000 pés (Richard Matheson)
Abro a lista com o mais apavorante de todos, escrito pela fera chamada Richard Matheson. Para quem ainda não o conhece, lembro que Matheson foi o autor de várias histórias para dois seriados considerados verdadeiros ícones da cultura pop dos anos 60 e 70: “Alem da Imaginação” e “Galeria do Terror”.
Pesadelo a 20.000 pés é tão horroroso – horroroso no bom sentido, é claro – que depois de concluído, assustou o seu próprio autor!! PQP!! Imagine isso cara! Se quem escreveu o conto tremeu na base porque logo eu vou ter a obrigação de agüentar firme a trombada.
Não vou esquecer jamais a noite em que li esse conto. Tinha acabado de comprar o livro “O Incrível Homem que Encolheu” e logo de cara, decididamente, já abri na página que tinha o conto “Pesadelo a 20.000 pés”. Quanto ao ‘resto’ leria depois. Isto aconteceu no ano passado, no sítio do meu tio em Ilha Solteira. Era casamento de uma prima e fui pra lá com alguns amigos. Chegando em Ilha peguei uma virose daquelas e acabei sendo obrigado a ficar de castigo no sítio, enquanto os outros foram para a festa de arromba da prima.
Não sei porque cargas d’água, meu tio foi comprar um sitio isolado de tudo e de todos! Costumo dizer que ele é cercado dos melhores vizinhos da face da terra: as montanhas (rss). E foi numa madrugada escura, sozinho e numa casa com ar lúgubre que resolvi ler o conto de Matheson. Cara! Não dá! A história provoca calafrio no corpo inteiro. E prá variar o tonto aqui, sádico por sentir medo, já tinha assistido há anos atrás, na antológica série “Além da Imaginação”, o filme baseado nesse conto do Matheson.
Brrrrrrrrrrrrrr. Caraca! Afasta de mim esse cálice! Não quero me lembrar novamente da história daquele homem, passageiro de um avião, que durante uma viagem, a noite, ao olhar pela janelinha da areonave viu um ser horroroso, parecido com um duende – dos mais escabrosos e horripilantes – sentado na asa do avião enquanto saboreava um prato especial e diferente: a turbina do avião!!! Toda vez que o sujeito avisava os outros passageiros e também a aeromoça que tinha um monstro comendo a turbina da aeronave, todos pensavam que ele estava louco, já que os outros pessoas não conseguiam ver a criatura.
O final da história... Cristo Rei, paro por aqui, é melhor.... Não quero me lembrar mais disso não. Aliás, quero esquecer aquela noite sozinho no sítio do meu tio, quero esquecer que inventei de ler o conto de Matheson naquele momento e principalmente, quero esquecer desse monstro maquiavélico mais feio que a morte!
02 – Aprisionado com os faraós (H.P. Lovecraft)
Se alguém me pedisse para elaborar uma lista com os nomes dos dez homens mais corajosos do mundo, com certeza, o ilusionista e escapista Harry Houdini seria um dos primeiros. O mágico húngaro não tinha medo de nada. Ficava preso em tanques de água acorrentado a cadeados; participava de sessões, supostamente espíritas, com o intuito de desmascarar truques utilizados nesse tipo de evento; ficava embaixo de enormes elefantes selvagens; e por aí afora. Medo para ele não existia.
Pois bem, o que você diria se eu lhe contasse que certa vez, Houdini quase enlouqueceu por causa de uma situação aterrorizante que viveu? Algo horrível que presenciou e que por pouco não lhe provocou um colapso nervoso? Pois é, pode acreditar! O “Grande Houdini” como era conhecido passou por isso; pelo menos num conto escrito por Howard Phillips Lovecraft; apenas Lovecraft para os íntimos (rs).
“Aprisionado com os faraós” faz parte da coletânea de contos de fantasia e terror do extraordinário “A Tumba”. O conto é narrado em primeira pessoa, pelo próprio Houdini que conta a terrível experiência que viveu no Egito, há alguns anos, quando esteve naquele país africano numa viagem de férias. Ao visitar a famosa pirâmide de Quéfren; Houdini ficou intrigado com o colossal monumento da esfinge, localizado próximo ao templo do faraó. Reza a lenda que o rosto esculpido na esfinge seria o do próprio Quéfren, mas antes disso, a estatua teria um outro rosto, considerado o verdadeiro, representando algo pavoroso. O faraó teria realizado, juntamente com os seus asseclas, nas profundezas da pirâmide, uma experiência macabra, de gelar o sangue nas veias: algo hediondo relacionado à esfinge. Em determinado trecho do conto, Lovecraft – escrevendo como Houdini – cita o misterioso enigma envolvendo a imagem do rosto da esfinge. “Que anormalidade abominável e enorme a Esfinge fora originalmente esculpida para representar? Maldita é a visão, seja ela de um sonho ou não, que me revelou o horror supremo desse segredo”.
No conto, Houdini é preso por um grupo de forasteiros que não acreditando em seus poderes de escapista, decidem acorrentá-lo e prendê-lo no labirinto da pirâmide de Quéfren, próximo à Esfinge, não sem antes vendar-lhe os olhos para que ele não reconheça o caminho. Soltar-se das correntes não seria o principal problema do ilusionista; o pior deles seria... escapar do, digamos, pavoroso segredo, envolvendo Quéfren e a Esfinge,  que ele acabou de descobrir.
Continho bem tenebroso e por isso mesmo, difícil de esquecer.
03 – Entre as paredes de Eryx (H.P. Lovecraft)
Vou já aproveitar para emendar outro conto do livro “A Tumba”, de Lovecraft, que também considero muito perturbador. “Entre as paredes de Eryx” retrata um período em que o homem já pode realizar viagens para outros planetas. A tecnologia em viagens espaciais está tão avançada que a nossa raça já pode visitar o planeta Venus. E é lá que se desenrola esse conto fantástico de ficção científica. Mas pêra lá! Esse post se refere a contos de terror e não de ficção científica! Ocorre, meu amigo, que “Entre as paredes de Eryx” é um conto tão incômodo, mas tão incômodo que consegue impressionar muito mais do que inúmeros contos originais de terror.
Imagine você preso num labirinto completamente transparente. Você é capaz de ver tudo ao seu redor, árvores, céu, pessoas, absolutamente tudo; mas está preso num labirinto, impossibilitado de sair dessa prisão, simplesmente porque você não enxerga as paredes e portas que são invisíveis.
Este é o drama de um explorador que trabalha numa companhia de minérios na Terra e que ao visitar o planeta Venus em busca de cristais de energia acaba preso numa armadilha alienígena: as próprias paredes de Eryx. Quando o explorador começa a narrar a sua aventura em forma de diário é como se estivéssemos ao seu lado, presenciando todo o seu drama e sofrimento naquela estranha prisão.
04 – A mão do macaco (W.W. Jacob)
Este conto publicado, pela primeira vez, em 1902 pelo escritor inglês William Wymark Jacobs provocou pesadelos em muitos leitores, inclusive o blogueiro aqui. O conto fala sobre um casal e o seu filho que viviam tranquilamente numa casa luxuosa. Um dia, eles recebem a visita de um sargento do exército, grande amigo da família, que trazia consigo um estranho amuleto: a mão mumificada de um macaco. Ele diz, então, que essa misteriosa mão de macaco realizaria três desejos, não mais do que isso. O dono da casa, deixando evidente toda a sua ganância, diz que desejaria ter um amuleto assim. Porém, o sargento alerta que esses pedidos teriam uma conseqüência, mas o homem não dá nenhuma atenção ao alerta. Após o sargento ir embora, o ganancioso personagem chamado Sr. White começa a fazer os seus pedidos. É então que o seu terror e também o dos leitores começa.
O final do conto é para quem tem nervos de aço. A mão do macaco acabaria provando que, de fato, era amaldiçoada.
O conto fez tanto sucesso que já foi adaptado várias vezes para o cinema e televisão, além de constar em um grande número de coletâneas e antologias de terror.
05 – Eu sou o umbral da porta (Stephen King)       
“A Metade Negra” foi um dos filmes baseados em livros de Stephen King que mais me causou repulsa. Tudo culpa daquela cena inicial em que um médico ao operar a cabeça do personagem vivido por Timothy Hutton, leva um tremendo susto ao ver um olho humano disforme grudado numa parte do cérebro!! E o olho acaba se abrindo!! PQP!! Porque fui me lembrar da ‘cena do olho’!! Juro que após 19 anos - o filme foi lançado em 1993 - essa cena maldita não sai do meu pensamento.
No ano passado ao passar num sebo e ver um livro de bolso com contos do autor acabei me interessando, porque vários deles já haviam sido adaptados para a TV. Sabem, eu queria comparar o que assisti com o que eu iria ler. Acho que esse foi o motivo principal que me levou a adquirir o livro “Sombras da Noite”.     
Quando cheguei ao conto “Eu Sou o Umbral da Porta”; logo de cara lá está o ‘mardito’ olho, novamente!! Desta vez não grudado no cérebro, mas nas mãos do personagem, um tal Arthur. Isso mesmo, ‘Arthur, o Infeliz”, “Arthur , o Sofredor”, “Arthur, o Estropiado”. Foi assim que aprendi a chamá-lo, por causa do seu sofrimento ao longo da história.
No conto, King se refere a um astronauta – que não poderia ser outro, senão, “Arthur, o Estropiado”, que após uma viagem ao redor de um planeta, não sei se Venus ou Saturno, passou a portar olhos nas mãos. A partir daí, quando retorna a terra, tem início a sua via crucis. O pobre coitado passa a esconder as mãos com bandagens para que os outros não vejam essa bizarrice.
Para não ‘soltar’ mais spoilers sobre o conto, só falo escrevo que os olhos alienígenas vão dar muito trabalho para o astronauta. O final do conto é impagável; do tipo quando você pensa que já está tudo resolvido, então, de repente vem aquela revelação que muda completamente o destino do personagem.
Conto impressionante... muito impressionante.... E novamente, culpa do Sr. Olho.
Espero que a galera tenha apreciado o post e se estiverem afim de uma literatura de terror ‘carga pesada’ deixo essas cinco obras como sugestão. É medo garantido.
Inté!

05 novembro 2012

Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil



‘Quebrar, triturar, destruir’... Acredito que essa tenha sido a diretriz principal seguida pelo jornalista Leandro Narloch ao escrever o impagável “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil”. Digo escrevo impagável porque o livro publicado pela editora LeYa é ótimo! Mesmo que você não concorde com o conjunto de idéias de Narloch – o que acho difícil, já que ele apresenta argumentos convincentes baseados em fontes confiáveis – a diversão e a surpresa são garantidas. O autor desmitifica momentos da história do Brasil e de muitos de seus personagens famosos de uma maneira engraçada, deixando de lado aquele sadomasoquismo literário que alguns escritores adoram usar; coisa do tipo: “Fulano fez isso porque era um mau caráter e bem feito para ele”. Narloch rompe os mitos “zuando”. É isso aí: zuando. Tirando sarro nas situações difíceis que o Brasil viveu por culpa de ciclano ou beltrano; mas esse sarro tem um embasamento sólido, alicerçado em bibliografias e depoimentos de historiadores consagrados e acima de qualquer suspeita. Resultado: uma leitura leve, agradável e confiável. Por isso, acabei lendo o livro em apenas três dias.
Narloch implode, com muito bom humor, figuras hiper-conhecidas da história do país, as quais nós - em nossa vã ignorância - acreditávamos ser os bambambans mais imaculados do mundo. Estão na lista das desmitificações: Santos Dumont, Zumbi dos Palmares, Luís Carlos Prestes, Dom Pedro I, Dom Pedro II, Euclides da Cunha, Olga Benário, Leonel Brizola e muitos outros. Caramba, nem mesmo Virgulino Ferreira, vulgo Lampião, conhecido pela alcunha de “O Rei do Cangaço” conseguiu escapar! Quanto aos momentos da nossa história, se preparam para receber informações sobre o descobrimento do Brasil, comunismo e ditadura bem antagônicas aquelas que você aprendeu nos bancos escolares. Posso garantir que algumas revelações farão com que você solte um ‘Ohhhh!’ ‘Caramba!’ ‘PQP!’ ‘Não é possível!’, ou o tradicional: ‘Eu jamais esperava que isso tivesse acontecido!’
Logo de cara, Narloch rompe os paradigmas sobre o descobrimento do Brasil, declarando que os índios não eram simplesmente seres incivilizados ou passivos que não tinham outra alternativa senão lutar contra os portugueses ou então se submeterem à eles. O autor solta a bomba revelando que a colonização também foi marcada por escolhas e preferências do povo tupi-guarani. Ele afirma que muitos índios foram grandes amigos dos brancos, vizinhos de bebedeira e principalmente aliados em guerra
Esqueça também Peri, o personagem épico de José de Alencar no livro “O Guarani”. Segundo estudos do autor, a imagem do índio em harmonia com a natureza nunca existiu. Consta que antes dos portugueses chegarem, eles já haviam extinguido várias espécies nativas e feito um verdadeiro estrago nas florestas brasileiras. Fiquei boquiaberto quando Narloch disse que se os índios não acabaram com as matas, completamente, é porque eram poucos para uma enorme floresta. Algumas palavras de origem indígena deixam evidente o costume das tribos antigas em atear fogo nas florestas. Por exemplo: caiapó que significa que “tráz o fogo à mão” e caiuruçu que na linguagem tupi quer dizer “incêndio”.
E quanto aos bandeirantes? Será que eles foram heróis ou bandidos? Será que eles eram verdadeiros facínoras que invadiam e incendiavam aldeias onde os índios viviam com os jesuítas? Ou será que tudo não passou de informações plantadas por algum grupo interessado em transformar Antônio Raposo Tavares e Cia em verdadeiros bandidos ao longo da história? Narloch apresenta argumentos sólidos de que tudo aquilo que alguns professores nos ensinaram sobre os bandeirantes não era verdade.
Lembro-me que ao concluir a leitura de “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil” disse à um ex-colega de universidade que se tratava de um dos livros mais corajosos que já tinha lido. Não posso negar que independente de você concordar ou não com as colocações de Narloch, o sujeito teve muita coragem, muito peito para expor os resultados de suas pesquisas e também o seu ponto de vista. Abordar temas tão polêmicos como comunismo e ditadura é muito complicado;  é o mesmo que mexer em um vespeiro. Pois bem, o autor de “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil” faz mais do que isso: além de mexer no vespeiro, ele também provoca as vespas ao afirmar que nos primeiros 15 anos da ditadura, nunca o Brasil experimentou em toda a sua história uma evolução tão grande no seu Índice de Desenvolvimento Humano. Ele continua mexendo no vespeiro ao mostrar a outra ‘banda’ do comunismo, bem diferente daquela ‘banda’ aventureira e honesta que grande parte dos brasileiros aprenderam a conhecer através de relatos da imprensa e também dos próprios integrantes do movimento. Narloch expõe o lado mau do comunismo, como por exemplo, o julgamento e a execução de pessoas ligadas ao grupo, tramadas pelos seus próprios líderes. Ele vai mais fundo, desmitificando a imagem de um dos símbolos do comunismo no País: Luis Carlos Prestes, ao qual se refere de revolucionário trapalhão.
Escritor e jornalista Leandro Narloch
Narloch provoca uma demolição ao desvendar o lado... digamos que negro de Prestes, tornando público o seu envolvimento na execução da militante Elza Fernandes na década de 40, além de revelar detalhes intrigantes sobre o movimento na época de Prestes, Olga Benário, Leonel Brizola, Lamarca e outros.
Como não bastassem os torpedos sobre descobrimento do Brasil, índios, ditadura e comunismo, Narloch continua quebrando, triturando e destruindo vários outros mitos em seu livro. Um dos capítulos que mais me agradou, envolveu os personagens, supostamente, imaculados da história do país. Todos eles tiveram as suas “roupinhas brancas” atingidas pelas bolas de barro atiradas pelo jornalista e escritor.
Para começar o capítulo, ele já tasca que Santos Dumont não foi o inventor do avião. Muito antes do 14 Bis dar os seus pulinhos – segundo o autor, o famoso avião desenvolvido por Santos Dumont só dava pulinhos no chão, sem nunca ter conseguido voar – os irmãos Orville e Wilbur Wright já faziam pequenos vôos de até 260 metros com um protótipo de aeronave conhecido por Flyer 1.
Narloch continua derrubando mitos populares sobre os nossos heróis ao revelar, por exemplo, que uma das maiores lendas da literatura brasileira  teria conseguido defender, ao mesmo tempo, dois dos maiores tiranos do século 20: Adolf Hitler e Josef Stálin. Há também o caso de outro escritor, defensor dos negros e mestiços em suas obras, mas que por outro lado admirava a Ku Klux Klan!
Enfim, vou parar por aqui; nem vou citar as declarações bombásticas sobre Dom Pedro I, Dom Pedro II, Lampião, Machado de Assis, Antônio Conselheiro, Euclides da Cunha, Zumbi dos Palmares e a revelação do tipo Buummm!! Daquelas que arrebentam tudo o que encontra pela frente, sobre Aleijadinho. Quando li esse lance sobre o nosso Antônio Francisco Lisboa, o popular Aleijadinho, juro que o meu queixo caiu direto pro chão. Cara, verdade! Esta informação sobre o escultor,  lembra muito o universo Matrix. Mama mia!!
Para quem não sabe, Leandro Narloch é jornalista, foi repórter da Revista Veja e editor das revistas “Aventuras na História” e “Superinteressante”. Acredito que a sua coragem em pesquisar e expor temas considerados tabus e imexíveis na história do nosso País - contrariando opiniões que ao longo do tempo, cristalizaram-se como verdades inquestionáveis - tem muito  à ver com o seu “lado repórter” da Revista Veja, cargo que ocupou um dia. Sabemos da linha editorial daquela revista que conquistou a confiança de um grande número de leitores ao fazer denúncias importantes, principalmente na área política.
“Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil” é um livro divertido para se ler, mas ao mesmo tempo sério e questionador, pois nos ensina a ver a história do Brasil e de muitos de seus personagens com uma visão crítica.
Valeu!

01 novembro 2012

10 livros para ler em clima de Natal



Geralmente com a aproximação das festas de final de ano, vira moda a elaboração de inúmeras listas: presentes para amigos secretos, presentes para os familiares, filmes para assistir na véspera ou no dia de Natal, músicas para ouvir nas festas de réveillon e etc e mais etc. Mas nos últimos três anos percebi que um tipo de lista sui generis vem crescendo muito nas redes sociais. Estou falando escrevendo sobre os livros ideais para se ler no clima de Cristandade.
Da mesma forma que existem aquelas pessoas que se sentem felizes fazendo listas de presentes para comprar no Natal, há também os aficionados por leitura que se realizam elaborando listas de livros que pretendem “devorar” aproveitando o clima da Natal. A diferença entre essas duas categorias de consumidores é que aqueles que compram presentes deixam para fazer isso poucos dias antes do Natal, enquanto que os amantes da literatura optam por um planejamento mais minucioso, começando a elaborar a sua lista com meses de antecedência.
Tomo por base um amigo meu; o Ronaldo, “vulgo” Nardão. Leitor inveterado que é de histórias policiais, já começa a preparar a sua lista de compras um pouco antes do meio do ano. O curioso é que o gênero policial não faz parte de sua relação de quatro, cinco ou seis livros selecionados para serem lidos no período de Natal. Os livros do Nardão são natalinos, de fato! É cara! Tipo histórias de papai Noel, renas, bonecos de neves e alguns de auto-ajuda direcionados para essa época do ano.
Percebendo esse hábito do meu amigo, imaginei que muitos leitores também devem ter atitude semelhante com a aproximação da festa da Cristandade.
Por isso, para homenagear o Nardão e principalmente todos aqueles que visitam o blog e se realizam lendo livros sobre o Natal e no Natal, resolvi fazer uma lista de dez obras que eu “devoraria” com prazer nessa época do ano. Vamos à ela.
01 – O Expresso Polar (Chris Van Allsburg)
Quando assisti “O Expresso Polar” fiquei em êxtase. Para que você entenda o quanto gostei do filme, basta dizer que odeio animações, mas apesar disso, considero a produção cinematográfica de Robert Zemeckis, um dos melhores filmes que assisti.
Após me encantar com “O Expresso Polar” nas telas não pensei duas vezes em adquirir o livro de Chris Van Allsburg do qual a obra de Zemeckis foi adaptada. Resultado:  Me extasiei pela segunda vez. Apesar de ter apenas 32 páginas, a obra literária lançada em 1985 é tão boa quanto o filme.
Não tem como não se apaixonar pela história daquele garoto que não acreditava em Papai Noel, renas, elfos, duendes e Pólo Norte, achando tudo isso uma grande besteira. Quer dizer... até numa noite, véspera de Natal, quando um enorme e magnífico trem, chamado Expresso Polar, para em frente a sua casa. Então, o maquinista da composição convida o garoto a subir no trem, dizendo que o irá levá-lo até o Pólo Norte para conhecer o papai Noel. A princípio, ele reluta em fazer a viagem, mas depois acaba aceitando.  Dentro do expresso Polar, ele se encontra com várias crianças que logo se tornam seus amigos e também cúmplices das magias de Natal que passarão a viver. Demaissss....
02 – Como o Grinch roubou o Natal (Dr. Seuss)
Não vai me dizer que você no alto de sua cultura ou psedudo-cultura, nunca “viajou” ao ler um livro infantil? Se você responder que a sua época de literatura infantil já passou há décadas e que agora esse tipo de história não lhe atrai, vou gritar em seu ouvido com todo vigor: “Mentiroso!!” Meu amigo, todos nós que apreciamos um bom livro, temos uma quedinha ou quedona pelas chamadas histórias infanto-juvenis. Muitas dessas histórias são melhores do que aquela pilha de livros que você julga “cabeça”!
Um livro que li há pouco tempo e gostei muito foi “Como o Grinch roubou o Natal”, do escritor americano, Theodor Seuss Geisel que assinava as suas obras sob o pseudônimo de Dr. Seuss. Uma história deliciosa! Com certeza, muitos desses leitores, metidos a falsos filósofos e que bradam aos quatro cantos que só lêem obras adultas, já tiveram nas mãos o livro de Dr. Seuss.
“Como o Grinch roubou o Natal” fala sobre um monstrinho que só não é mais feio por falta de espaço. Ele é nervoso, emburrado e vive de mau humor reclamando de tudo e de todos. O Grinch odiava o Natal e não queria que as festas de fim de ano ocorressem. Por isso, num belo dia, ou melhor, num mau dia, ele se veste de papai Noel e resolve sabotar o Natal, roubando todos os presentes do papai Noel e também das crianças. Para sua surpresa, entretanto, seus planos não dão certo e apesar do boicote maldoso, o Natal acaba acontecendo assim mesmo e... o Grinch acaba descobrindo o verdadeiro significado dessa festa.
Acredite, a historinha é emocionante. Vale à pena!
Ah! Antes que me esqueça, o livro, à exemplo de “O Expresso Polar”, também foi adaptado para o cinema, mas não utilizando técnicas de animação; os produtores optaram por atores de carne e osso. O Grinch foi vivido pelo humorista Jim Carrey.
03 – A Cabana (William P. Young)
Não é a tôa que esse livro lançado em 2007 já vendeu mais de 12 milhões de cópias, se tornando uma das obras mais lidas em todo o mundo. O enredo elaborado por Young prende o leitor da primeira a última página. Na história um homem vive amargurado com o desaparecimento de sua filha num acampamento de férias durante um final de semana em que toda a família estava reunida. Num momento de distração dos pais, a menina sai para brincar e nunca mais volta. Sinais de que a criança teria sido violentada e assassinada são encontrados em uma cabana abandonada nas montanhas.
Desde então o pai da garota passa a viver numa grande tristeza que já dura mais de três anos. Um dia, ao apanhar as correspondências da caixa de correios de sua residencia, ele encontra uma carta supostamente escrita por Deus. Na correspondência, O Todo Poderoso marca um encontro com o sofrido pai na mesma cabana onde sua filha teria sido assassinada. A partir daí, com certeza muitas emoções começam a “rolar”.
04 – Um Conto de Natal (Charles Dickens)
Este livro escrito em 1843 por Charles Dickens se tornou um verdadeiro clássico da literatura inglesa. Já foi relançado ao longo dos anos com diversos títulos diferentes, entre os quais: “Um Cântico de Natal”, “ O Natal do Avarento” , “Os Fantasmas de Scrooge”, entre outros.
Considero a obra de Dickens uma verdadeira lição de vida para todos nós e que serve de puxão de orelhas, mas daqueles bem doídos, nas pessoas que só pensam na obtenção de lucro fáceis, ou seja, os famosos capitalistas selvagens; pessoas sem misericórdia, egoístas e que nem durante as festas que marcam o nascimento de Cristo abrem o seu coração para a fraternidade natalina. Cara! Que belo puxão de orelhas Dickens deu nessas pessoas. A história nos ensina que temos de mudar, crescer, renovar, enfim, tornarmos novas pessoas, deixando certos valores mesquinhos de lado. E quer data melhor para realizar essa mudança do que o Natal? “Um Conto de Natal” nos ensina como fazer isso, porque a história realmente toca os nossos corações e reacende a chama natalina que estava apagada em muitos de nós. Não considero a obra de Dickens, um simples livro de história infantil. É muito mais do que isso... é uma lição de vida para todos nós.
O livro narra a história de Ebenezer Scrooge, um homem avarento, ranzinza e grosseiro que só pensa em ampliar os seus lucros. Para ele, o amor, a fraternidade e a compaixão não significam absolutamente nada. Falar com ele sobre partilha é o mesmo que lhe dar um tapa no rosto. E pra variar, Scrooge detesta o Natal.
Após a morte de seu sócio, o velho ranzinza se torna muito solitário, mas um dia ele recebe a visita de um sobrinho que o convida para comemorar o Natal. Scrooge responde, dizendo que a data é uma grande perda de tempo que não leva a nada, pois a época só serve para pagar dívidas.
Ao chegar em casa, Scrooge recebe três visitantes inesperados e porque não dizer, também, sobrenaturais e que irão tentar lhe fazer enxergar a importância do Natal.
O livro de Dickens serviu de referencia para muitas outras, entre as quais podemos citar os filmes “O Expresso Polar”, onde Scrooge faz uma pontinha; “O Conto de Natal dos Muppets”, em 1992, com o ator Michael Caine interpretando o velho ranzinza; “Barbie em a Canção de Natal”, considerado a versão feminina do filme dos Muppets; “Os Fantasmas de Scrooge”, em 2009, produção em 3D com Jim Carrey. E para que você tenha uma idéia da importância e da popularidade da obra de Dickens, basta dizer que nem mesmo o “Cavaleiro das Trevas” conseguiu escapar do Sr. Scrooge. No final do ano passado, a DC Comics lançou a história em quadrinhos “Batman: Noel”, mostrando o morcegão como um amargurado e sem esperanças Scrooge; além da Mulher Gato, Superman e Coringa como os visitantes misteriosos da véspera de Natal.
05 – Médico de Homens e de Almas (Taylor Caldwell)
Taylor Caldwell demorou 46 anos para escrever “Médico de Homens e de Almas” que retrata a vida do apóstolo São Lucas.
São Lucas foi o único apóstolo que não era judeu, nunca viu Cristo e tudo o que está escrito em seu Evangelho foi adquirido por meio de pesquisas e dos testemunhos da mãe de Cristo, dos discípulos e dos apóstolos. Mesmo assim, se tornou o maior defensor da fé cristã e, como Saulo de Tarso, mais tarde Paulo, o apóstolo dos gentios, não acreditava que Nosso Senhor tinha vindo apenas para salvar os judeus. Justamente por isso, os dois homens encontraram muitas dificuldades com os primeiros discípulos de Jesus.
Não se trata de um livro de ficção, já que a maioria dos fatos narrados na obra são autênticos. Além de apóstolo, Lucas ou Lucano, como era conhecido, também foi médico e pintor.
Gostei tanto da obra de Caldwell que decidi escrever um post especial sobre o assunto. Vale a pena você conferir aqui.
Um livro “e tanto” para ler e se emocionar. Leitura obrigatória nesta época em que nos preparamos para comemorar o Natal.
06 – Mistério de Natal (Jostein Gaarder)
Babei e babei... Isso mesmo, babei nas ilustrações desse livro de Jostein Gaarder que faz com o leitor resgar amplamente e totalmente o espírito natalino. Não são só as Ilustrações que tem o poder de cativar e prender o leitor, mas também a história intrigante do pequeno Joaquim.
Gaarder conta numa linguagem envolvente a viagem realizada pelo garoto que um dia descobre, por acaso, um calendário mágico que esconde um enigma. Ele é semelhante a um portal do tempo e ao tocar em suas datas, Joaquim acaba sendo transportado no tempo, indo parar na época do nascimento de Cristo. Ele participa de uma caravana de peregrinos que viajam para conhecer o menino Jesus. Dessa caravana fazem parte uma menina, alguns anjos e pastores.
Uma história de Natal fascinante que confere um novo sentido ao mistério do nascimento de Jesus.
07 – Milagre na Rua 34 (Valentine Davies)
Há filmes que jamais imaginamos terem sido, um dia, adaptados de livros. Para alguns é somente o filme que existe e pronto. Então, quando descobrimos que a história original é oriunda do velho e bom livro, ficamos surpresos. “Milagre na Rua 34” que tanto a Globo quanto o SBT cansaram de reprisar nos Natais passados é um desses filmes. Ao assisti-lo há ‘uns’ dois anos atrás pensei comigo: - “Nossa que filme lindo! Quem será que elaborou o roteiro?” Então, após algumas semanas, fuçando na Net, descobri que na realidade antes do filme, havia um livro. Isso mesmo! A história que encantou crianças e adultos nos cinemas e depois na TV não se trata de um roteiro original, mas adaptado de um livro – não muito conhecido – escrito por Valentine Davies em 1934. Como gostei muito da produção cinematográfica acabei comprando o livro num sebo, mas ainda não tive a oportunidade de ler. Quem sabe faça isso nesse final de ano, aproveitando o clima de Natal.
Com relação ao filme, só posso dizer que chorei. Fazer o que não é? Só me lembro de ter chorado tanto assim, em minha pré-adolescencia, quando saí do cinema com um lencinho na mão, meio envergonhado, após o final de “Uma Janela para Céu”.
A história daquele velhinho bondoso e inocente que trabalha numa loja  de brinquedo, na véspera de Natal, vestido de Papai Noel e que afirma ser o ‘próprio’ bom Noel em carne e osso é prá arrebentar o mais duro dos corações.
“Milagre na Rua 34” é uma fábula inesquecível, que para muitos tornou-se sinônimo de celebração do Natal.  No livro de Valentine Davies, a época natalina torna-se cheia de encanto quando um cavalheiro muito bem educado, de olhos brilhantes, com uma "ampla" barriga e barba branquinha é contratado como Papai Noel pela dona de uma famosa loja de departamentos. Ele alega que seu nome é Kris Kringle, e logo contagia a todos com o espírito do Natal, exceto sua chefe que ensina sua filha pequena a não acreditar em Papai Noel. Mas quando Kris é declarado louco – por afirmar ser o Papai Noel em pessoa - e enviado a julgamento, a fé de todos é colocada em teste, pois tanto jovens quanto idosos enfrentam a antiga pergunta: Você acredita em Papai Noel?  Uma verdadeira história de fé, amor e imaginação e que permanece como um dos mais populares e adoráveis filmes sobre a época natalina de todos os tempos.
08 – O Homem que Inventou o Natal (Les Standiford)
O livro escrito por Les Standiford é sobre Charles Dickens. Por isso, se você quer conhecer detalhes importantes sobre a vida do famoso autor vitoriano que para muitos foi o inventor do Natal moderno, ou seja, uma data festiva, alegre e comemorativa; o livro certo a ser adquirido é esse!
Vale lembrar que o Natal nem sempre foi assim, do jeito que conhecemos hoje. Na época em que Dickens viveu, o puritanismo impedia as comemorações mais efusivas do Natal; dessa maneira, a data não era o sinônimo de alegria que é atualmente.
Standiford conta em seu livro que Dickens estava endividado e que os críticos o tratavam com desprezo, até o dia em que ele escreveu “Um Conto de Natal”. A obra foi escrita em seis semanas e o autor teria pedido para que a sua editora lançasse a obra poucas semanas antes do Natal. A estratégia deu certo e “Um Conto de Natal” se transformou da noite para o dia em um tremendo sucesso. Standiford relata em seu livro que Dickens decidiu escrever a sua obra máxima em tempo recorde porque estava desesperado em conseguir dinheiro para pagar as suas dívidas. Ela conta ainda como o livro de Dickens revolucionou os hábitos das pessoas. Standiford explica que “Um Conto de Natal” imediatamente causou sensação e insuflou nova vida a uma data que caíra em desgraça, minado pelo persistente puritanismo e pela fria modernidade da Revolução Industrial. Era uma época dura e lúgubre, em que havia uma necessidade desesperada de renovação espiritual. Uma época pronta para abraçar um livro que espalhava bênçãos para todo mundo.
Les Standiford nos leva de volta à Inglaterra Vitoriana com afeto, inteligência e uma infusão de alegria natalina para revisitar o autor mais amado da época e acompanhar o nascimento do Natal como o que conhecemos hoje. O homem que inventou o Natal é uma leitura rica e proveitosa. Ideal para ser lida nessa época do ano.
09 – Quando Chegar o Natal: Mensagens para Acolher Jesus (Padre Zeca)
Natal também é tempo de meditação. Parar um pouquinho, escolher um lugar tranqüilo e conversar muito com Deus. Há uma melhor maneira de fazer isso do que lendo os salmos? Saiba que para cada situação que vivemos ou enfrentamos, seja ela triste ou alegre, há um salmo.
Os salmos da Bíblia são usados para louvar, agradecer, desabafar, enfim, para falarmos com Deus em cada momento de nossas vidas. O livro escrito pelo Padre Zeca, que também é um conhecido cantor católico é para ser lido e vivido nesta época natalina.
O nome do livro já diz muito. Convida ao gesto de entrega da vida nas mãos de Deus. Padre Zeca parte da Bíblia, selecionando salmos que exprimem segurança e confiança em Deus. Cada salmo é seguido de uma reflexão que ajuda a trazer a palavra de Deus para o chão da vida. É um livro para ajudar a rezar e meditar neste período tão importante que marca o nascimento de Cristo.
10 – As Crônicas de Nárnia (C.S. Lewis)
“As Crônicas de Nárnia” não se tratam de um livro, mas de sete! E posso garantir que um é melhor do que o outro. Adultos e crianças viajaram com as aventuras de Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia que certo dia foram parar no reino de Nárnia. Lá deixaram de ser crianças comuns para se tornarem reis e princesas de uma terra mágica. Quem não se encantou com o enigmático e justo leão Aslan; com o valente príncipe Caspian ou então torceu pela queda da maldosa feiticeira?
Existem livros que tem o poder de arrastar o leitor para o interior de suas páginas. É como se entrássemos no âmago da história e também passássemos a fazer parte dela, vivendo as mesmas aventuras dos seus personagens.
“As Crônicas de Nárnia” tem esse poder...  tem essa magia maravilhosa.
Tai! Espero que essas sugestões lhe ajudem a escolher uma boa história para ler em clima de Natal. Escolham, leiam, meditem e viajem!

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