26 novembro 2012
Sob a Redoma
Eu sempre cuidei das capas dos meus livros. Sei que há
muitos leitores que se preocupam apenas com o conteúdo da obra e após terminarem
a sua leitura, simplesmente a colocam em algum armário, baú ou então abandonam
em algum lugar. Esses leitores não dão a mínima importância para o layout
daquele conjunto de páginas protegido por uma capa e sobrecapa que passa horas,
dias ou semanas em suas mãos e por isso mesmo, acabam lendo em qualquer lugar:
na cozinha, enquanto cozinham; no restaurante, enquanto comem ou no banheiro,
enquanto... já sabem, né (rs). Por culpa desses hábitos, a capa de seus livros
são um verdadeiro desastre. Contém de tudo, desde gordura, riscos, rasuras e o
escambau à quatro.
Cara! Podem me chamar de zeloso, prestimoso, caprichoso ou
qualquer outro “ ‘oso’, que aliás eu odeio, mas uma coisa não posso negar:
tenho um xodó incrível com as capas dos meus livros. Todos os dias, lá estou eu
com um espanador nas mãos tirando o pó das ditas cujas, encapando ou
restaurando as mais velhinhas, oriundas dos sebos, e por aí vai. Posso dizer
que todas as capas das minhas obras literárias estão em dia com a conservação,
excetuando uma: “Sob a Redoma”.
O livro está implodido. Capa amassada; rasurada; estropiada
e lombada toda torta, igual a um carro desalinhado. Só pra lembrar que recebi o
livro novinho em folha do pessoal da Suma de Letras. Encapadinho, sem nenhuma
falha, enfim, zero bala. O livro ficou nesse estado porque a história escrita
por Stephen King me obrigou – pela primeira vez – a quebrar um ‘caminhão’ de
regras literárias particulares. Coisas do tipo: jamais fazer marcações à lápis
na página de um romance; jamais ler enquanto estiver se alimentando, nem que
seja um simples lanche (a tal da capa pode sujar); jamais ler no banheiro (com
certeza irei chegar atrasado no serviço, sem contar que é uma P... falta de
higiene) e etc e mais etc.
“Sob a Redoma” tem uma história tão viciante e frenética que
me obrigou fazer coisas que jamais tinha feito, como por exemplo: chegar
atrasado no serviço por estar tão compenetrado na história. E... adivinha onde
estava nesse momento? No banheiro!!
Podem acreditar, o novo e tão esperado livro de King tem
esse poder. Aliás, o próprio autor quis que o ritmo da história fosse assim e
como não bastasse, ele também foi obrigado, pela sua agente e revisora Nan
Graham, a ficar com o pé ‘atolado’ no acelerador. O próprio King ressaltou isso
no final do romance em ‘Nota do Autor’ quando diz: “Tentei escrever um livro
que mantivesse o pedal no fundo o tempo todo. Nan entendeu isso e, sempre que
eu aliviava, ela punha o pé em cima do meu e berrava: Mais depressa, Steve!
Mais depressa!”. O resultado da vontade do autor com a pressão de sua agente só
poderia resultar num enredo semelhante a uma montanha russa, o que ‘venhamos e
convenhamos’ foge um pouco dos padrões de King que segue uma linha mais desacelerada,
típica do gênero terror psicológico do qual é o mestre supremo.
O próprio The New York Times, cujos críticos literários não
perdoam nem mesmo os grandes autores, acabou se rendendo a montanha russa de
emoções que é “Sob a Redoma”. ‘Apurado e vigoroso desde o início. (...) Difícil
de deixar de lado’. Essa foi a avaliação do respeitado jornal americano.
Um dos detalhes que me surpreendeu no livro, além do ritmo
acelerado, foi a infinidade de personagens. Se não contei errado, “Sob a Redoma”
tem em média 64 personagens, incluindo os cães. Cara! Escrever um livro com 15
ou 20 personagens já é complicado e quase sempre, grande parte deles acaba
ficando em segundo plano; agora, escrever um romance com mais de seis dezenas
de personagens e ainda ‘por cima’ conseguir fazer com que quase todos sejam
protagonistas é praticamente impossível, certo? Não; errado. King conseguiu dar
aos mais de 60 personagens de “Sob a Redoma” o status de protagonistas. Todos
eles tem a sua importância na história. Desde o veterano de guerra Dale Barbara
ao odioso vilão Big Jim, passando pelos cães Horace e Audrey, pelos quais me
apaixonei. Como queria ter cães como aqueles.
“Sob a Redoma” conta a história de uma pequena cidade de
aproximadamente dois mil habitantes que se vê envolta por um misterioso campo
de força, os moradores percebem que terão, então, de lutar por sua
sobrevivência. Pessoas morrem e são separadas de sua família com a repentina
aparição da redoma. As conseqüências ficam ainda mais graves quando são
expostas as conseqüências ecológicas da barreira e as maquinações de Big Jim,
um político dissimulado que usa a redoma como um meio de dominar a cidade.
Enquanto isso, o veterano de guerra Dale Barbara é reincorporado ao Exército e
promovido a condição de coronel e juntamente com um pequeno grupo de destemidos
moradores de Chester’s Mills tentam colocar um fim ao reinado de terror
instalado por Big Jim que passa a se auto-declarar o chefe supremo da pequena
cidade. Em meio a crise, o governo dos Estados Unidos, juntamente com Dale
Barbara e seus amigos tentam descobrir a origem da redoma e destruí-la.
Como já disse no post anterior, Big Jim pode ser considerado
um dos maiores e mais cruéis vilões da literatura. Muitas vezes me vi socando o
ar por causa desse crápula. Aliás, acredito que o Sr. Jim Rennie ou
simplesmente Big Jim é um dos principais responsáveis por essa montanha russa
de emoções. Ele é capaz de destruir uma pessoa através de palavras ou então com
as próprias mãos, que por sinal, são enormes. O que esperar de um sujeito capaz
de quebrar o pescoço de uma senhora de terceira idade e ir embora assobiando,
considerando-se um cara justo perante os olhos de Deus. Quer mais? OK. Que tal moer
os dedos de um pobre infeliz pisoteando em suas mãos com os seus mais de 100
quilos? E mais, entrando em êxtase de prazer enquanto o moribundo uiva de dor!
Ah! Tem outra atitude “filantrópica” de Big Jim: sufocar a própria mulher com
um travesseiro até a morte. Mêo, acho melhor parar por aqui. E olha que o filho
de Big Jim não fica atrás. Junior Rennie mata uma pessoa como se estivesse
tirando a vida de um inseto. Quanto aos seus capangas, são ainda piores. É este
grupo de pessoas que passa a mandar em Chester’s Mills tão logo surge a redoma
isolando a pequena cidade do resto do mundo.
Um dia desses aconteceu um fato curioso envolvendo um colega
e que à primeira vista achei engraçado, mas depois que mergulhei de cabeça no
enredo de “Sob a Redoma”, entendi perfeitamente a atitude do Marquinhos, o tal
amigo. Ele estava tão nervoso com o comportamento de Big Jim, mas tão nervoso,
que a impaciência invadiu todas as veias de seu corpo. Ele acabou fazendo algo
inimaginável e inacreditável para um leitor ‘sério e responsável’. Ele leu o
final do livro!!! Isto mesmo cara! Ele apelou legal e foi em busca das últimas
páginas do livro. Depois ele me disse: “Não dava pra agüentar as maldades
daquele sujeito e quis logo saber se ele se dava mal no fim!
Pois é, ao ler o livro entendi perfeitamente a atitude do Marquinhos
e olha que eu não lhe tiro a razão. O vilão de King é a própria essência do
mal. Um ser bestial, mas ao mesmo tempo esperto e inteligente. O cara respira
maldade. E aqui vai um spoiler. Ele se dá mal, sim! Perto do final do romance,
ele recebe o ‘pagamento’ merecido pelas suas maldades. Mas apesar do seu
castigo ter sido bem severo; os seus atos foram tão cruéis e bestiais que o
leitor acaba desejando que ele tivesse uma morte bem mais agonizante.
Quanto a redoma vou evitar ficar escrevendo além da conta para
não disparar mais um spoiler, o que seria um crime. Afinal de contas, ela é o
enigma principal do livro. Quem teria criado esse poderoso campo de força
isolando a cidade e os seus dois mil moradores do resto do mundo? Uma
experiência alienígena? Um experimento do próprio governo americano? Ou será
que a redoma teria sido criada por um dos moradores de Chester’s Mills? Essa
dúvida é esclarecida bem antes do final do livro. Um pouco ‘pra lá’ do meio do
calhamaço de quase 1.000 páginas, o autor já deixa uma pista no ar que faz o
leitor chegar a uma conclusão óbvia.
Um dos pontos altos do livro é uma tragédia de proporções
titânicas que ocorre em Chester’s Mills e que definirá o destino de muitos
personagens importantes.
E quer saber de uma coisa?? Vou é parar por aqui, antes que
a empolgação me faça revelar um festival de spoilers o que não seria nada
legal. Finalizo dizendo escrevendo que “Sob a Redoma” superou todas as
minhas expectativas e também as de Steven Spielberg que após ler o romance de
King decidiu comprar os seus direitos para adaptação a uma série de televisão.
Preciso dizer algo mais?
Somente, boa leitura!
16 novembro 2012
Big Jim: um vilão malévolo, perverso, asqueroso... Chega, vai! Antes que me esqueça... ele é uma das criações de Stephen King
Só tenho a escrever que sinto muito que o livro “Sob a
Redoma” de Stephen King tenha sido lançado
bem depois da publicação do post “Os 10 maiores vilões da literatura deterror” ou “Os 10 confrontos heróis x vilões mais eletrizantes da literatura”.
Digo (escrevo) isso porque fiquei impossibilitado de acrescentar aos
respectivos posts o maquiavélico Jim Rennie ou simplesmente “Big Jim”. O
sujeito é a própria essência da maldade. Capaz de praticar as maiores
atrocidades e ainda acreditar que está agindo assim, movido por um sentimento
divino. Ele transmite asco porque é um cara repugnante e sem princípios. Capaz
de matar qualquer um que não compactue com as suas idéias. Cheguei nas 600
páginas de “Sob a Redoma” e ‘Big Jim’ aprontou coisas inimagináveis que nem o
pior dos piores vilões seria capaz de fazer. Depois que a redoma isolou a
cidade de Chester Mills do resto do mundo, o “Grande Jim” acredita que tenha se
tornado um ser supremo naquele espaço de terra limitado capaz de decidir se uma
pessoa pode viver ou morrer...
Confesso que a leitura da história de King está superando as
expectativas até aqui. Ontem fiquei até ‘altas madrugadas’ devorando as páginas
– coisa que não vinha fazendo nos últimos meses por causa do trabalho –
torcendo para que um grupo de pessoas destemidas (um capitão reformado do
exército, uma vereadora, a proprietária e editora de um jornal local, além de
duas crianças) que decidiram se unir contra Big Jim conseguissem lhe meter um
belo pé no traseiro, mas o embate está sendo difícil para a galera do bem...
mas como o mal sempre perde no final, estou aguardando com expectativa – a
mesma que você sente ao pensar em saborear um vinho ou uma cerva bem gelada ao
chegar em casa no começo da noite após o trampo – o momento em que o odioso Big
Jim, seu ignóbil filho Jim Rennie Junior e o corrupto chefe de polícia, Peter
Randolph, paguem por todos os seus crimes e armações hediondas.
Ehehehe... Quem diria, estou usando esse post para desabafar
contra a maldade de dois personagens de um livro. Cara! Será que sou eu mesmo?!
Mas pode acreditar, Stephen King tem o poder de criar personagens tão fortes,
capazes de provocar uma onda avassaladora de sentimentos (bons ou ruins) em que
lê a obra.
Ah! E por falar nisso, já estou apaixonado por Julia Shumway
(proprietária e editora do jornal de Chester’s Mill). Que mulher! Com o seu
sorriso sarcástico como quem diz: “como esse cara pode ser tão burro assim?!”,
ela é uma das poucas moradoras que consegue incutir algum medo em Big Jim. O auxiliar médico da
cidade, Dr. Rusty e sua mulher Linda – do time das poucas policiais honestas da
cidade – também são pontas firmes. Tem ainda o enigmático Dale Barbara,
verdadeiro calo no sapato de Big Jim. Sobre ele, falarei qualquer dia desses.
Mas e quanto a redoma?? Quem é o responsável por ela? Quem
criou essa barreira a qual nada consegue ultrapassar, nem mesmo os mísseis mais
poderosos da Força Aérea Americana? Alguma experiência extraterrestre? Alguém
dentro da própria Chester’s Mill? Neste caso, quem? Big Jim ou aquele
personagem que o leitor jamais imaginava? Ufaaa!! Quantos questionamentos!
Tenho certeza que no final da história, saberei quem foi o gênio que criou esse
campo de força com tecnologia sobre-humana. Já cheguei num ponto da obra onde o
autor começa a dar pistas importantes sobre o mistério. No meu caso, já estou
fazendo algumas conjecturas... veremos.
Paro por aqui; mesmo porque a minha intenção não era escrever
um post, mas apenas algumas linhas no Facebook do blog deixando que...
digamos... o meu desabafo contra esse pulha do Big Jim. Uma forma de catarse...
mas no final fui escrevendo, escrevendo e deu nisso (rsss)
Tão logo termine a leitura de “Sob a Redoma” estarei fazendo
um post completo sobre a obra
Inté!
11 novembro 2012
5 contos de terror que me impediram de levantar da cama durante a madrugada para fazer xixi
Que tal começar esse post escrevendo, logo de cara,
que fiquei com medo de me levantar durante a madrugada para ir ao banheiro por
causa de alguns contos de terror que tinha lido a noite? E mais... Acabei segurando o xixi até a deusa Aurora
dar os primeiros sinais de sua chegada? Ahahaha. Tá rindo agora né meu chapa?
Você que viu o meu perfil deve estar gargalhando nesse momento. O que será que
você deve estar pensando? Talvez isso: “O cara tem mais de cinqüenta, já curvou
o cabo da Boa Esperança e ainda tem medo de ler uma simples história de
terror?” ou talvez, deve estar uivando de tanto rir e zuando: “Pô meo! O
sujeito ainda diz que é jornalista!! Pra ter medo assim de livros de terror só
se for jornalista de meia pataca!”.
Tudo bem, eu agüento as provocações, mas agora,
antes de me crucificarem, vamos aos esclarecimentos. Primeiro: As histórias que
me impressionaram não se tratam de simples contos de terror, mas de grandes
contos de terror escritos por gênios como Stephen King, H.P. Lovecraft, HG.
Wells e Richard Matheson. Será que você nunca sentiu aquele calafrio incômodo
ao ler um livro de um desses autores? Segundo: o conto de Matheson, “Pesadelo a
20.000 pés” é tão impressionante que chegou a assustar o próprio autor, depois
de concluído. E quer saber de uma
coisa?! Pára de ficar aí tirando sarro e bancando o machão cheio de coragem e
leia – de madrugada, numa casa isolada, de preferência numa fazenda, Ah!... e
sozinho, é claro - uma dessas cinco histórias que indiquei no post. Vamos ver o
que acontece.
Pessoal, esses cinco contos que selecionei para o
post são macabros, mas macabros de ré! Sei lá; te incomodam como se tivesse
alguém cutucando uma ferida em sua perna. Posso escrever com toda convicção que
dos muitos contos de terror que li – e olha que a lista é bem grandinha de Poe
a King, passando por Bierce e Lovecraft – esses cinco foram aqueles que mais me
angustiaram... E de uma tal maneira, que ao terminar a leitura preferi ficar
bem quietinho na minha caminha. Levantar pra quê??! (rs). Bem, vamos à eles:
01
– Pesadelo à 20.000 pés (Richard Matheson)
Abro a lista com o mais apavorante de todos, escrito
pela fera chamada Richard Matheson. Para quem ainda não o conhece, lembro que
Matheson foi o autor de várias histórias para dois seriados considerados
verdadeiros ícones da cultura pop dos anos 60 e 70: “Alem da Imaginação” e
“Galeria do Terror”.
Pesadelo a 20.000 pés é tão horroroso – horroroso no
bom sentido, é claro – que depois de concluído, assustou o seu próprio autor!!
PQP!! Imagine isso cara! Se quem escreveu o conto tremeu na base porque logo eu
vou ter a obrigação de agüentar firme a trombada.
Não vou esquecer jamais a noite em que li esse
conto. Tinha acabado de comprar o livro “O Incrível Homem que Encolheu” e logo
de cara, decididamente, já abri na página que tinha o conto “Pesadelo a 20.000
pés”. Quanto ao ‘resto’ leria depois. Isto aconteceu no ano passado, no sítio
do meu tio em Ilha Solteira. Era casamento de uma prima e fui pra lá com alguns
amigos. Chegando em Ilha peguei uma virose daquelas e acabei sendo obrigado a
ficar de castigo no sítio, enquanto os outros foram para a festa de arromba da
prima.
Não sei porque cargas d’água, meu tio foi comprar um
sitio isolado de tudo e de todos! Costumo dizer que ele é cercado dos melhores
vizinhos da face da terra: as montanhas (rss). E foi numa madrugada escura,
sozinho e numa casa com ar lúgubre que resolvi ler o conto de Matheson. Cara!
Não dá! A história provoca calafrio no corpo inteiro. E prá variar o tonto
aqui, sádico por sentir medo, já tinha assistido há anos atrás, na antológica
série “Além da Imaginação”, o filme baseado nesse conto do Matheson.
Brrrrrrrrrrrrrr. Caraca! Afasta de mim esse cálice!
Não quero me lembrar novamente da história daquele homem, passageiro de um
avião, que durante uma viagem, a noite, ao olhar pela janelinha da areonave viu
um ser horroroso, parecido com um duende – dos mais escabrosos e horripilantes
– sentado na asa do avião enquanto saboreava um prato especial e diferente: a
turbina do avião!!! Toda vez que o sujeito avisava os outros passageiros e
também a aeromoça que tinha um monstro comendo a turbina da aeronave, todos
pensavam que ele estava louco, já que os outros pessoas não conseguiam ver a
criatura.
O final da história... Cristo Rei, paro por aqui, é
melhor.... Não quero me lembrar mais disso não. Aliás, quero esquecer aquela
noite sozinho no sítio do meu tio, quero esquecer que inventei de ler o conto
de Matheson naquele momento e principalmente, quero esquecer desse monstro
maquiavélico mais feio que a morte!
02
– Aprisionado com os faraós (H.P. Lovecraft)
Se alguém me pedisse para elaborar uma lista com os
nomes dos dez homens mais corajosos do mundo, com certeza, o ilusionista e
escapista Harry Houdini seria um dos primeiros. O mágico húngaro não tinha medo
de nada. Ficava preso em tanques de água acorrentado a cadeados; participava de
sessões, supostamente espíritas, com o intuito de desmascarar truques
utilizados nesse tipo de evento; ficava embaixo de enormes elefantes selvagens;
e por aí afora. Medo para ele não existia.
Pois bem, o que você diria se eu lhe contasse que certa
vez, Houdini quase enlouqueceu por causa de uma situação aterrorizante que
viveu? Algo horrível que presenciou e que por pouco não lhe provocou um colapso
nervoso? Pois é, pode acreditar! O “Grande Houdini” como era conhecido passou
por isso; pelo menos num conto escrito por Howard Phillips Lovecraft; apenas
Lovecraft para os íntimos (rs).
“Aprisionado com os faraós” faz parte da coletânea
de contos de fantasia e terror do extraordinário “A Tumba”. O conto é narrado
em primeira pessoa, pelo próprio Houdini que conta a terrível experiência que
viveu no Egito, há alguns anos, quando esteve naquele país africano numa viagem
de férias. Ao visitar a famosa pirâmide de Quéfren; Houdini ficou intrigado com
o colossal monumento da esfinge, localizado próximo ao templo do faraó. Reza a
lenda que o rosto esculpido na esfinge seria o do próprio Quéfren, mas antes
disso, a estatua teria um outro rosto, considerado o verdadeiro, representando
algo pavoroso. O faraó teria realizado, juntamente com os seus asseclas, nas
profundezas da pirâmide, uma experiência macabra, de gelar o sangue nas veias:
algo hediondo relacionado à esfinge. Em determinado trecho do conto, Lovecraft
– escrevendo como Houdini – cita o misterioso enigma envolvendo a imagem do
rosto da esfinge. “Que anormalidade abominável e enorme a Esfinge fora originalmente
esculpida para representar? Maldita é a visão, seja ela de um sonho ou não, que
me revelou o horror supremo desse segredo”.
No conto, Houdini é preso por um grupo de
forasteiros que não acreditando em seus poderes de escapista, decidem
acorrentá-lo e prendê-lo no labirinto da pirâmide de Quéfren, próximo à
Esfinge, não sem antes vendar-lhe os olhos para que ele não reconheça o
caminho. Soltar-se das correntes não seria o principal problema do ilusionista;
o pior deles seria... escapar do, digamos, pavoroso segredo, envolvendo Quéfren
e a Esfinge, que ele acabou de
descobrir.
Continho bem tenebroso e por isso mesmo, difícil de
esquecer.
03
– Entre as paredes de Eryx (H.P. Lovecraft)
Vou já aproveitar para emendar outro conto do livro
“A Tumba”, de Lovecraft, que também considero muito perturbador. “Entre as
paredes de Eryx” retrata um período em que o homem já pode realizar viagens
para outros planetas. A tecnologia em viagens espaciais está tão avançada que a
nossa raça já pode visitar o planeta Venus. E é lá que se desenrola esse conto
fantástico de ficção científica. Mas pêra lá! Esse post se refere a contos de
terror e não de ficção científica! Ocorre, meu amigo, que “Entre as paredes de
Eryx” é um conto tão incômodo, mas tão incômodo que consegue impressionar muito
mais do que inúmeros contos originais de terror.
Imagine você preso num labirinto completamente
transparente. Você é capaz de ver tudo ao seu redor, árvores, céu, pessoas, absolutamente
tudo; mas está preso num labirinto, impossibilitado de sair dessa prisão,
simplesmente porque você não enxerga as paredes e portas que são invisíveis.
Este é o drama de um explorador que trabalha numa
companhia de minérios na Terra e que ao visitar o planeta Venus em busca de
cristais de energia acaba preso numa armadilha alienígena: as próprias paredes
de Eryx. Quando o explorador começa a narrar a sua aventura em forma de diário
é como se estivéssemos ao seu lado, presenciando todo o seu drama e sofrimento
naquela estranha prisão.
04
– A mão do macaco (W.W. Jacob)
Este conto publicado, pela primeira vez, em 1902
pelo escritor inglês William Wymark Jacobs provocou pesadelos em muitos
leitores, inclusive o blogueiro aqui. O conto fala sobre um
casal e o seu filho que viviam tranquilamente numa casa luxuosa. Um dia, eles
recebem a visita de um sargento do exército, grande amigo da família, que
trazia consigo um estranho amuleto: a mão mumificada de um macaco. Ele diz,
então, que essa misteriosa mão de macaco realizaria três desejos, não mais do
que isso. O dono da casa, deixando evidente toda a sua ganância, diz que
desejaria ter um amuleto assim. Porém, o sargento alerta que esses pedidos
teriam uma conseqüência, mas o homem não dá nenhuma atenção ao alerta. Após o
sargento ir embora, o ganancioso personagem chamado Sr. White começa a fazer os
seus pedidos. É então que o seu terror e também o dos leitores começa.
O final do conto é para quem tem nervos de aço. A
mão do macaco acabaria provando que, de fato, era amaldiçoada.
O conto fez tanto sucesso que já foi adaptado várias
vezes para o cinema e televisão, além de constar em um grande número de
coletâneas e antologias de terror.
05
– Eu sou o umbral da porta (Stephen King)
“A Metade Negra” foi um dos filmes baseados em
livros de Stephen King que mais me causou repulsa. Tudo culpa daquela cena
inicial em que um médico ao operar a cabeça do personagem vivido por Timothy
Hutton, leva um tremendo susto ao ver um olho humano disforme grudado numa
parte do cérebro!! E o olho acaba se abrindo!! PQP!! Porque fui me lembrar da ‘cena
do olho’!! Juro que após 19 anos - o filme foi lançado em 1993 - essa cena
maldita não sai do meu pensamento.
No ano passado ao passar num sebo e ver um livro de
bolso com contos do autor acabei me interessando, porque vários deles já haviam
sido adaptados para a TV. Sabem, eu queria comparar o que assisti com o que eu
iria ler. Acho que esse foi o motivo principal que me levou a adquirir o livro “Sombras
da Noite”.
Quando cheguei ao conto “Eu Sou o Umbral da Porta”;
logo de cara lá está o ‘mardito’ olho, novamente!! Desta vez não grudado no
cérebro, mas nas mãos do personagem, um tal Arthur. Isso mesmo, ‘Arthur, o
Infeliz”, “Arthur , o Sofredor”, “Arthur, o Estropiado”. Foi assim que aprendi
a chamá-lo, por causa do seu sofrimento ao longo da história.
No conto, King se refere a um astronauta – que não
poderia ser outro, senão, “Arthur, o Estropiado”, que após uma viagem ao redor de
um planeta, não sei se Venus ou Saturno, passou a portar olhos nas mãos. A
partir daí, quando retorna a terra, tem início a sua via crucis. O pobre
coitado passa a esconder as mãos com bandagens para que os outros não vejam
essa bizarrice.
Para não ‘soltar’ mais spoilers sobre o conto, só falo
escrevo que os olhos alienígenas vão dar muito trabalho para o astronauta. O
final do conto é impagável; do tipo quando você pensa que já está tudo
resolvido, então, de repente vem aquela revelação que muda completamente o
destino do personagem.
Conto impressionante... muito impressionante.... E
novamente, culpa do Sr. Olho.
Espero que a galera tenha apreciado o post e se estiverem
afim de uma literatura de terror ‘carga pesada’ deixo essas cinco obras como
sugestão. É medo garantido.
Inté!
05 novembro 2012
Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil
‘Quebrar, triturar, destruir’... Acredito que essa tenha
sido a diretriz principal seguida pelo jornalista Leandro Narloch ao escrever o
impagável “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil”. Digo escrevo
impagável porque o livro publicado pela editora LeYa é ótimo! Mesmo que você
não concorde com o conjunto de idéias de Narloch – o que acho difícil, já que
ele apresenta argumentos convincentes baseados em fontes confiáveis – a
diversão e a surpresa são garantidas. O autor desmitifica momentos da história
do Brasil e de muitos de seus personagens famosos de uma maneira engraçada,
deixando de lado aquele sadomasoquismo literário que alguns escritores adoram
usar; coisa do tipo: “Fulano fez isso porque era um mau caráter e bem feito
para ele”. Narloch rompe os mitos “zuando”. É isso aí: zuando. Tirando sarro
nas situações difíceis que o Brasil viveu por culpa de ciclano ou beltrano; mas
esse sarro tem um embasamento sólido, alicerçado em bibliografias e depoimentos
de historiadores consagrados e acima de qualquer suspeita. Resultado: uma
leitura leve, agradável e confiável. Por isso, acabei lendo o livro em apenas
três dias.
Narloch implode, com muito bom humor, figuras
hiper-conhecidas da história do país, as quais nós - em nossa vã ignorância -
acreditávamos ser os bambambans mais imaculados do mundo. Estão na lista das
desmitificações: Santos Dumont, Zumbi dos Palmares, Luís Carlos Prestes, Dom
Pedro I, Dom Pedro II, Euclides da Cunha, Olga Benário, Leonel Brizola e muitos
outros. Caramba, nem mesmo Virgulino Ferreira, vulgo Lampião, conhecido pela
alcunha de “O Rei do Cangaço” conseguiu escapar! Quanto aos momentos da nossa
história, se preparam para receber informações sobre o descobrimento do Brasil,
comunismo e ditadura bem antagônicas aquelas que você aprendeu nos bancos
escolares. Posso garantir que algumas revelações farão com que você solte um ‘Ohhhh!’
‘Caramba!’ ‘PQP!’ ‘Não é possível!’, ou o tradicional: ‘Eu jamais esperava que
isso tivesse acontecido!’
Logo de cara, Narloch rompe os paradigmas sobre o
descobrimento do Brasil, declarando que os índios não eram simplesmente seres
incivilizados ou passivos que não tinham outra alternativa senão lutar contra
os portugueses ou então se submeterem à eles. O autor solta a bomba revelando
que a colonização também foi marcada por escolhas e preferências do povo
tupi-guarani. Ele afirma que muitos índios foram grandes amigos dos brancos,
vizinhos de bebedeira e principalmente aliados em guerra
Esqueça também Peri, o personagem épico de José de Alencar
no livro “O Guarani”. Segundo estudos do autor, a imagem do índio em harmonia
com a natureza nunca existiu. Consta que antes dos portugueses chegarem, eles
já haviam extinguido várias espécies nativas e feito um verdadeiro estrago nas
florestas brasileiras. Fiquei boquiaberto quando Narloch disse que se os índios
não acabaram com as matas, completamente, é porque eram poucos para uma enorme
floresta. Algumas palavras de origem indígena deixam evidente o costume das
tribos antigas em atear fogo nas florestas. Por exemplo: caiapó que significa
que “tráz o fogo à mão” e caiuruçu que na linguagem tupi quer dizer “incêndio”.
E quanto aos bandeirantes? Será que eles foram heróis ou
bandidos? Será que eles eram verdadeiros facínoras que invadiam e incendiavam
aldeias onde os índios viviam com os jesuítas? Ou será que tudo não passou de
informações plantadas por algum grupo interessado em transformar Antônio
Raposo Tavares e Cia em verdadeiros bandidos ao longo da história?
Narloch apresenta argumentos sólidos de que tudo aquilo que alguns professores
nos ensinaram sobre os bandeirantes não era verdade.
Lembro-me que ao concluir a leitura de “Guia Politicamente
Incorreto da História do Brasil” disse à um ex-colega de universidade que se
tratava de um dos livros mais corajosos que já tinha lido. Não posso negar que
independente de você concordar ou não com as colocações de Narloch, o sujeito
teve muita coragem, muito peito para expor os resultados de suas pesquisas e também
o seu ponto de vista. Abordar temas tão polêmicos como comunismo e ditadura é muito
complicado; é o mesmo que mexer em um vespeiro.
Pois bem, o autor de “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil” faz
mais do que isso: além de mexer no vespeiro, ele também provoca as vespas ao
afirmar que nos primeiros 15 anos da ditadura, nunca o Brasil experimentou em
toda a sua história uma evolução tão grande no seu Índice de Desenvolvimento
Humano. Ele continua mexendo no vespeiro ao mostrar a outra ‘banda’ do
comunismo, bem diferente daquela ‘banda’ aventureira e honesta que grande parte
dos brasileiros aprenderam a conhecer através de relatos da imprensa e também
dos próprios integrantes do movimento. Narloch expõe o lado mau do comunismo,
como por exemplo, o julgamento e a execução de pessoas ligadas ao grupo, tramadas
pelos seus próprios líderes. Ele vai mais fundo, desmitificando a imagem de um
dos símbolos do comunismo no País: Luis Carlos Prestes, ao qual se refere de
revolucionário trapalhão.
Escritor e jornalista Leandro Narloch |
Narloch provoca uma demolição ao desvendar o lado... digamos
que negro de Prestes, tornando público o seu envolvimento na execução da
militante Elza Fernandes na década de 40, além de revelar detalhes intrigantes
sobre o movimento na época de Prestes, Olga Benário, Leonel Brizola, Lamarca e
outros.
Como não bastassem os torpedos sobre descobrimento do
Brasil, índios, ditadura e comunismo, Narloch continua quebrando, triturando e
destruindo vários outros mitos em seu livro. Um dos capítulos que mais me
agradou, envolveu os personagens, supostamente, imaculados da história do país.
Todos eles tiveram as suas “roupinhas brancas” atingidas pelas bolas de barro
atiradas pelo jornalista e escritor.
Para começar o capítulo, ele já tasca que Santos Dumont não
foi o inventor do avião. Muito antes do 14 Bis dar os seus pulinhos – segundo o
autor, o famoso avião desenvolvido por Santos Dumont só dava pulinhos no chão, sem
nunca ter conseguido voar – os irmãos Orville e Wilbur Wright já faziam
pequenos vôos de até 260
metros com um protótipo de aeronave conhecido por Flyer
1.
Narloch continua derrubando mitos populares sobre os nossos
heróis ao revelar, por exemplo, que uma das maiores lendas da literatura
brasileira teria conseguido defender, ao
mesmo tempo, dois dos maiores tiranos do século 20: Adolf Hitler e Josef
Stálin. Há também o caso de outro escritor, defensor dos negros e mestiços em
suas obras, mas que por outro lado admirava a Ku Klux Klan!
Enfim, vou parar por aqui; nem vou citar as declarações
bombásticas sobre Dom Pedro I, Dom Pedro II, Lampião, Machado de Assis, Antônio
Conselheiro, Euclides da Cunha, Zumbi dos Palmares e a revelação do tipo
Buummm!! Daquelas que arrebentam tudo o que encontra pela frente, sobre Aleijadinho.
Quando li esse lance sobre o nosso Antônio Francisco Lisboa, o popular
Aleijadinho, juro que o meu queixo caiu direto pro chão. Cara, verdade! Esta
informação sobre o escultor, lembra
muito o universo Matrix. Mama mia!!
Para quem não sabe, Leandro Narloch é jornalista, foi
repórter da Revista Veja e editor das revistas “Aventuras na História” e
“Superinteressante”. Acredito que a sua coragem em pesquisar e expor temas
considerados tabus e imexíveis na história do nosso País - contrariando
opiniões que ao longo do tempo, cristalizaram-se como verdades inquestionáveis
- tem muito à ver com o seu “lado
repórter” da Revista Veja, cargo que ocupou um dia. Sabemos da linha editorial
daquela revista que conquistou a confiança de um grande número de leitores ao
fazer denúncias importantes, principalmente na área política.
“Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil” é um
livro divertido para se ler, mas ao mesmo tempo sério e questionador, pois nos
ensina a ver a história do Brasil e de muitos de seus personagens com uma visão
crítica.
Valeu!
01 novembro 2012
10 livros para ler em clima de Natal
Geralmente com a aproximação das festas de final de
ano, vira moda a elaboração de inúmeras listas: presentes para amigos secretos,
presentes para os familiares, filmes para assistir na véspera ou no dia de
Natal, músicas para ouvir nas festas de réveillon e etc e mais etc. Mas nos
últimos três anos percebi que um tipo de lista sui generis vem crescendo muito
nas redes sociais. Estou falando escrevendo sobre os livros ideais para
se ler no clima de Cristandade.
Da mesma forma que existem aquelas pessoas que se
sentem felizes fazendo listas de presentes para comprar no Natal, há também os
aficionados por leitura que se realizam elaborando listas de livros que
pretendem “devorar” aproveitando o clima da Natal. A diferença entre essas duas
categorias de consumidores é que aqueles que compram presentes deixam para
fazer isso poucos dias antes do Natal, enquanto que os amantes da literatura
optam por um planejamento mais minucioso, começando a elaborar a sua lista com
meses de antecedência.
Tomo por base um amigo meu; o Ronaldo, “vulgo”
Nardão. Leitor inveterado que é de histórias policiais, já começa a preparar a
sua lista de compras um pouco antes do meio do ano. O curioso é que o gênero
policial não faz parte de sua relação de quatro, cinco ou seis livros selecionados
para serem lidos no período de Natal. Os livros do Nardão são natalinos, de
fato! É cara! Tipo histórias de papai Noel, renas, bonecos de neves e alguns de
auto-ajuda direcionados para essa época do ano.
Percebendo esse hábito do meu amigo, imaginei que
muitos leitores também devem ter atitude semelhante com a aproximação da festa
da Cristandade.
Por isso, para homenagear o Nardão e principalmente
todos aqueles que visitam o blog e se realizam lendo livros sobre o Natal e no
Natal, resolvi fazer uma lista de dez obras que eu “devoraria” com prazer nessa
época do ano. Vamos à ela.
01
– O Expresso Polar (Chris Van Allsburg)
Quando assisti “O Expresso Polar” fiquei em êxtase. Para que você
entenda o quanto gostei do filme, basta dizer que odeio animações, mas apesar
disso, considero a produção cinematográfica de Robert Zemeckis, um dos melhores
filmes que assisti.
Após me encantar com “O Expresso Polar” nas telas
não pensei duas vezes em adquirir o livro de Chris Van Allsburg do qual a obra
de Zemeckis foi adaptada. Resultado: Me
extasiei pela segunda vez. Apesar de ter apenas 32 páginas, a obra literária
lançada em 1985 é tão boa quanto o filme.
Não tem como não se apaixonar pela história daquele
garoto que não acreditava em
Papai Noel, renas, elfos, duendes e Pólo Norte, achando tudo isso
uma grande besteira. Quer dizer... até numa noite, véspera de Natal, quando um
enorme e magnífico trem, chamado Expresso Polar, para em frente a sua casa. Então,
o maquinista da composição convida o garoto a subir no trem, dizendo que o irá
levá-lo até o Pólo Norte para conhecer o papai Noel. A princípio, ele reluta em
fazer a viagem, mas depois acaba aceitando.
Dentro do expresso Polar, ele se encontra com várias crianças que logo se
tornam seus amigos e também cúmplices das magias de Natal que passarão a viver.
Demaissss....
02
– Como o Grinch roubou o Natal (Dr. Seuss)
Não vai me dizer que você no alto de sua cultura ou
psedudo-cultura, nunca “viajou” ao ler um livro infantil? Se você responder que
a sua época de literatura infantil já passou há décadas e que agora esse tipo
de história não lhe atrai, vou gritar em seu ouvido com todo vigor: “Mentiroso!!”
Meu amigo, todos nós que apreciamos um bom livro, temos uma quedinha ou quedona
pelas chamadas histórias infanto-juvenis. Muitas dessas histórias são melhores
do que aquela pilha de livros que você julga “cabeça”!
Um livro que li há pouco tempo e gostei muito foi
“Como o Grinch roubou o Natal”, do escritor americano, Theodor Seuss Geisel que
assinava as suas obras sob o pseudônimo de Dr. Seuss. Uma história deliciosa!
Com certeza, muitos desses leitores, metidos a falsos filósofos e que bradam
aos quatro cantos que só lêem obras adultas, já tiveram nas mãos o livro de Dr.
Seuss.
“Como o Grinch roubou o Natal” fala sobre um
monstrinho que só não é mais feio por falta de espaço. Ele é nervoso, emburrado
e vive de mau humor reclamando de tudo e de todos. O Grinch odiava o
Natal e não queria que as festas de fim de ano ocorressem. Por isso, num belo
dia, ou melhor, num mau dia, ele se veste de papai Noel e resolve sabotar o
Natal, roubando todos os presentes do papai Noel e também das crianças. Para
sua surpresa, entretanto, seus planos não dão certo e apesar do boicote
maldoso, o Natal acaba acontecendo assim mesmo e... o Grinch acaba descobrindo
o verdadeiro significado dessa festa.
Acredite, a historinha é emocionante. Vale à pena!
Ah! Antes que me esqueça, o livro, à exemplo de “O
Expresso Polar”, também foi adaptado para o cinema, mas não utilizando técnicas
de animação; os produtores optaram por atores de carne e osso. O Grinch foi
vivido pelo humorista Jim Carrey.
03 – A Cabana (William P. Young)
Não é a tôa que esse livro lançado em 2007 já vendeu
mais de 12 milhões de cópias, se tornando uma das obras mais lidas em todo o
mundo. O enredo elaborado por Young prende o leitor da primeira a última
página. Na história um homem vive amargurado com o desaparecimento de sua filha
num acampamento de férias durante um final de semana em que toda a família
estava reunida. Num momento de distração dos pais, a menina sai para brincar e
nunca mais volta. Sinais de que a criança teria sido violentada e assassinada
são encontrados em uma cabana abandonada nas montanhas.
Desde então o pai da garota passa a viver numa
grande tristeza que já dura mais de três anos. Um dia, ao apanhar as
correspondências da caixa de correios de sua residencia, ele encontra uma carta
supostamente escrita por Deus. Na correspondência, O Todo Poderoso marca um
encontro com o sofrido pai na mesma cabana onde sua filha teria sido
assassinada. A partir daí, com certeza muitas emoções começam a “rolar”.
04
– Um Conto de Natal (Charles Dickens)
Este livro escrito em 1843 por Charles Dickens se
tornou um verdadeiro clássico da literatura inglesa. Já foi relançado ao longo
dos anos com diversos títulos diferentes, entre os quais: “Um Cântico de
Natal”, “ O Natal do Avarento” , “Os Fantasmas de Scrooge”, entre outros.
Considero a obra de Dickens uma verdadeira lição de
vida para todos nós e que serve de puxão de orelhas, mas daqueles bem doídos,
nas pessoas que só pensam na obtenção de lucro fáceis, ou seja, os famosos
capitalistas selvagens; pessoas sem misericórdia, egoístas e que nem durante as
festas que marcam o nascimento de Cristo abrem o seu coração para a
fraternidade natalina. Cara! Que belo puxão de orelhas Dickens deu nessas
pessoas. A história nos ensina que temos de mudar, crescer, renovar, enfim,
tornarmos novas pessoas, deixando certos valores mesquinhos de lado. E quer
data melhor para realizar essa mudança do que o Natal? “Um Conto de Natal” nos
ensina como fazer isso, porque a história realmente toca os nossos corações e
reacende a chama natalina que estava apagada em muitos de nós. Não considero a
obra de Dickens, um simples livro de história infantil. É muito mais do que
isso... é uma lição de vida para todos nós.
O livro narra a história de Ebenezer Scrooge, um
homem avarento, ranzinza e grosseiro que só pensa em ampliar os seus lucros.
Para ele, o amor, a fraternidade e a compaixão não significam absolutamente
nada. Falar com ele sobre partilha é o mesmo que lhe dar um tapa no rosto. E
pra variar, Scrooge detesta o Natal.
Após a morte de seu sócio, o velho ranzinza se torna
muito solitário, mas um dia ele recebe a visita de um sobrinho que o convida
para comemorar o Natal. Scrooge responde, dizendo que a data é uma grande perda
de tempo que não leva a nada, pois a época só serve para pagar dívidas.
Ao chegar em casa, Scrooge recebe três visitantes
inesperados e porque não dizer, também, sobrenaturais e que irão tentar lhe
fazer enxergar a importância do Natal.
O livro de Dickens serviu de referencia para muitas
outras, entre as quais podemos citar os filmes “O Expresso Polar”, onde Scrooge
faz uma pontinha; “O Conto de Natal dos Muppets”, em 1992, com o ator Michael
Caine interpretando o velho ranzinza; “Barbie em a Canção de Natal”,
considerado a versão feminina do filme dos Muppets; “Os Fantasmas de Scrooge”,
em 2009, produção em 3D com Jim Carrey. E para que você tenha uma idéia da
importância e da popularidade da obra de Dickens, basta dizer que nem mesmo o
“Cavaleiro das Trevas” conseguiu escapar do Sr. Scrooge. No final do ano
passado, a DC Comics lançou a história em quadrinhos “Batman: Noel”, mostrando
o morcegão como um amargurado e sem esperanças Scrooge; além da Mulher Gato,
Superman e Coringa como os visitantes misteriosos da véspera de Natal.
05
– Médico de Homens e de Almas (Taylor Caldwell)
Taylor Caldwell demorou 46 anos para escrever
“Médico de Homens e de Almas” que retrata a vida do apóstolo São Lucas.
São Lucas foi o único apóstolo que não era judeu,
nunca viu Cristo e tudo o que está escrito em seu Evangelho foi
adquirido por meio de pesquisas e dos testemunhos da mãe de Cristo, dos
discípulos e dos apóstolos. Mesmo assim, se tornou o maior defensor da fé
cristã e, como Saulo de Tarso, mais tarde Paulo, o apóstolo dos gentios, não
acreditava que Nosso Senhor tinha vindo apenas para salvar os judeus.
Justamente por isso, os dois homens encontraram muitas dificuldades com os
primeiros discípulos de Jesus.
Não se trata de um livro de ficção, já que a maioria
dos fatos narrados na obra são autênticos. Além de apóstolo, Lucas ou Lucano,
como era conhecido, também foi médico e pintor.
Gostei tanto da obra de Caldwell que decidi escrever
um post especial sobre o assunto. Vale a pena você conferir aqui.
Um livro “e tanto” para ler e se emocionar. Leitura
obrigatória nesta época em que nos preparamos para comemorar o Natal.
06
– Mistério de Natal (Jostein Gaarder)
Babei e babei... Isso mesmo, babei nas ilustrações
desse livro de Jostein Gaarder que faz com o leitor resgar amplamente e
totalmente o espírito natalino. Não são só as Ilustrações que tem o poder de
cativar e prender o leitor, mas também a história intrigante do pequeno
Joaquim.
Gaarder conta numa linguagem envolvente a viagem
realizada pelo garoto que um dia descobre, por acaso, um calendário mágico que
esconde um enigma. Ele é semelhante a um portal do tempo e ao tocar em suas
datas, Joaquim acaba sendo transportado no tempo, indo parar na época do
nascimento de Cristo. Ele participa de uma caravana de peregrinos que viajam
para conhecer o menino Jesus. Dessa caravana fazem parte uma menina, alguns
anjos e pastores.
Uma história de Natal fascinante que confere um novo
sentido ao mistério do nascimento de Jesus.
07
– Milagre na Rua 34 (Valentine Davies)
Há filmes que jamais imaginamos terem sido, um dia,
adaptados de livros. Para alguns é somente o filme que existe e pronto. Então,
quando descobrimos que a história original é oriunda do velho e bom livro,
ficamos surpresos. “Milagre na Rua 34”
que tanto a Globo quanto o SBT cansaram de reprisar nos Natais passados é um
desses filmes. Ao assisti-lo há ‘uns’ dois anos atrás pensei comigo: - “Nossa
que filme lindo! Quem será que elaborou o roteiro?” Então, após algumas
semanas, fuçando na Net, descobri que na realidade antes do filme, havia um
livro. Isso mesmo! A história que encantou crianças e adultos nos cinemas e
depois na TV não se trata de um roteiro original, mas adaptado de um livro –
não muito conhecido – escrito por Valentine Davies em 1934. Como gostei muito da
produção cinematográfica acabei comprando o livro num sebo, mas ainda não tive
a oportunidade de ler. Quem sabe faça isso nesse final de ano, aproveitando o
clima de Natal.
Com relação ao filme, só posso dizer que chorei.
Fazer o que não é? Só me lembro de ter chorado tanto assim, em minha
pré-adolescencia, quando saí do cinema com um lencinho na mão, meio
envergonhado, após o final de “Uma Janela para Céu”.
A história daquele velhinho bondoso e inocente que
trabalha numa loja de brinquedo, na
véspera de Natal, vestido de Papai Noel e que afirma ser o ‘próprio’ bom Noel
em carne e osso é prá arrebentar o mais duro dos corações.
“Milagre na Rua 34” é uma fábula inesquecível, que para muitos
tornou-se sinônimo de celebração do Natal. No livro de Valentine Davies, a época natalina
torna-se cheia de encanto quando um cavalheiro muito bem educado, de olhos
brilhantes, com uma "ampla" barriga e barba branquinha é contratado
como Papai Noel pela dona de uma famosa loja de departamentos. Ele alega que
seu nome é Kris Kringle, e logo contagia a todos com o espírito do Natal,
exceto sua chefe que ensina sua filha pequena a não acreditar em Papai Noel. Mas
quando Kris é declarado louco – por afirmar ser o Papai Noel em pessoa - e
enviado a julgamento, a fé de todos é colocada em teste, pois tanto jovens
quanto idosos enfrentam a antiga pergunta: Você acredita em Papai Noel? Uma verdadeira história de fé, amor e
imaginação e que permanece como um dos mais populares e adoráveis filmes sobre
a época natalina de todos os tempos.
08
– O Homem que Inventou o Natal (Les Standiford)
O livro escrito por Les Standiford é sobre Charles
Dickens. Por isso, se você quer conhecer detalhes importantes sobre a vida do
famoso autor vitoriano que para muitos foi o inventor do Natal moderno, ou
seja, uma data festiva, alegre e comemorativa; o livro certo a ser adquirido é
esse!
Vale lembrar que o Natal nem sempre foi assim, do
jeito que conhecemos hoje. Na época em que Dickens viveu, o puritanismo impedia as
comemorações mais efusivas do Natal; dessa maneira, a data não era o sinônimo
de alegria que é atualmente.
Standiford conta em seu livro que Dickens estava
endividado e que os críticos o tratavam com desprezo, até o dia em que ele
escreveu “Um Conto de Natal”. A obra foi escrita em seis semanas e o autor
teria pedido para que a sua editora lançasse a obra poucas semanas antes do
Natal. A estratégia deu certo e “Um Conto de Natal” se transformou da noite
para o dia em um tremendo sucesso. Standiford relata em seu livro que Dickens
decidiu escrever a sua obra máxima em tempo recorde porque estava desesperado
em conseguir dinheiro para pagar as suas dívidas. Ela conta ainda como o livro
de Dickens revolucionou os hábitos das pessoas. Standiford explica que “Um
Conto de Natal” imediatamente causou sensação e insuflou nova vida a uma data
que caíra em desgraça, minado pelo persistente puritanismo e pela fria
modernidade da Revolução Industrial. Era uma época dura e lúgubre, em que havia
uma necessidade desesperada de renovação espiritual. Uma época pronta para
abraçar um livro que espalhava bênçãos para todo mundo.
Les Standiford nos leva de volta à Inglaterra Vitoriana com afeto, inteligência e uma infusão de alegria natalina para revisitar o autor mais amado da época e acompanhar o nascimento do Natal como o que conhecemos hoje. O homem que inventou o Natal é uma leitura rica e proveitosa. Ideal para ser lida nessa época do ano.
Les Standiford nos leva de volta à Inglaterra Vitoriana com afeto, inteligência e uma infusão de alegria natalina para revisitar o autor mais amado da época e acompanhar o nascimento do Natal como o que conhecemos hoje. O homem que inventou o Natal é uma leitura rica e proveitosa. Ideal para ser lida nessa época do ano.
09
– Quando Chegar o Natal: Mensagens para Acolher Jesus (Padre Zeca)
Natal também é tempo de meditação. Parar um
pouquinho, escolher um lugar tranqüilo e conversar muito com Deus. Há uma
melhor maneira de fazer isso do que lendo os salmos? Saiba que para cada
situação que vivemos ou enfrentamos, seja ela triste ou alegre, há um salmo.
Os salmos da Bíblia são usados para louvar,
agradecer, desabafar, enfim, para falarmos com Deus em cada momento de nossas
vidas. O livro escrito pelo Padre Zeca, que também é um conhecido cantor
católico é para ser lido e vivido nesta época natalina.
O nome do livro já diz muito. Convida ao gesto de
entrega da vida nas mãos de Deus. Padre Zeca parte da Bíblia, selecionando
salmos que exprimem segurança e confiança em Deus. Cada salmo é
seguido de uma reflexão que ajuda a trazer a palavra de Deus para o chão da
vida. É um livro para ajudar a rezar e meditar neste período tão importante que
marca o nascimento de Cristo.
10
– As Crônicas de Nárnia (C.S. Lewis)
“As Crônicas de Nárnia” não se tratam de um livro,
mas de sete! E posso garantir que um é melhor do que o outro. Adultos e
crianças viajaram com as aventuras de Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia que certo
dia foram parar no reino de Nárnia. Lá deixaram de ser crianças comuns para se
tornarem reis e princesas de uma terra mágica. Quem não se encantou com o
enigmático e justo leão Aslan; com o valente príncipe Caspian ou então torceu
pela queda da maldosa feiticeira?
Existem livros que tem o poder de arrastar o leitor
para o interior de suas páginas. É como se entrássemos no âmago da história e
também passássemos a fazer parte dela, vivendo as mesmas aventuras dos seus
personagens.
“As Crônicas de Nárnia” tem esse poder... tem essa magia maravilhosa.
Tai! Espero que essas sugestões lhe ajudem a
escolher uma boa história para ler em clima de Natal. Escolham, leiam, meditem
e viajem!
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