28 março 2023
Relendo “Presa” de Michael Crichton, novamente. Um techno-thriller que merece ser devorado várias vezes
Vai entender o nosso cérebro, né galera? Lemos algo, portanto
já sabemos o que aconteceu, passamos a conhecer as manias e trejeitos dos
personagens de cabo a rabo, mas... queremos passar por tudo isso novamente e
novamente e... ufa! Novamente! Não adianta dizer que fazemos isso porque
esquecemos do enredo e queremos revive-lo. Não esquecemos não; pelo menos em parte.
Basta iniciarmos a releitura de um livro para começar a pipocar em nossa mente
momentos marcantes da história ou então aquele personagem que deixou tanta
saudade no passado.
Por isso, reler um livro é algo especial; e esse
privilégio também só cabe a obras especiais, ou seja, livros que marcaram a
nossa vida de uma tal maneira chegando ao ponto de fazer com que queiramos
sentir tudo aquilo que já sentimos uma, duas, três ou mais vezes no passado. Presa de Michael Crichton é um desses
livros. É difícil mensurar, mas talvez chegue a superar até mesmo Mentirosos de E. Lockhat que me rendeu
uma ressaca literária dos infernos, a qual ainda não consegui superar. A
ressaca causada por Presa foi maior.
Dessa vez, Crichton mistura ficção científica hard com
suspense brindando os seus leitores com um excelente techno-thriller. O enredo
envolve nanotecnologia: um microorganismo artificial capaz de se mover em
nuvens, como um enxame de abelhas, e capaz de evoluir sozinho como um ser vivo.
Logo a tecnologia se torna uma ameaça, desenvolvendo inteligência e aprendendo
até mesmo a mimetizar seres humanos, e cabe a um programador chamado Jack
marido de Julia, uma das cientistas do projeto, buscar uma solução para o
problema.
A primeira parte da história é marcada pela tensão no
relacionamento do casal que se amam mas devido a chegada de alguns fatores
externos, essa união acaba dando uma balançada. O drama familiar enfrentado por
Jack e Julia prende muito o leitor, mas é na segunda parte do romance que o
bicho pega.
Quando Jack é convidado pelo seu ex-patrão para dar
assessoria na empresa onde sua mulher ocupa um cargo de destaque, ele descobre
que a companhia está trabalhando num projeto ultrassecreto de nanotecnologia
criando micro-robôs invisíveis à olho nu, com objetivos militares e comerciais.
Quando essa nuvem de nanopartículas sai do controle de seus criadores, ela
deixa um rastro de morte e destruição, além de sitiar o laboratório da empresa
que está localizado no meio do deserto. É a partir daí que começa a luta de um
grupo de cientistas orientados por Jack para tentar conter os micro-robôs
assassinos, que passam a reproduzir e pensar por conta própria.
Presa é
eletrizante e merece ser lido e relido muitas e muitas vezes.
25 março 2023
Apocalipse Z – Os Dias Escuros (Livro II)
Melhorou muito e quando digo muito entenda-se “muuuuuuuuuuuuuuuuito”.
Os Dias Escuros é um daqueles livros
cuja sequencia supera anos-luz o enredo raiz, ou seja, o enredo que dá origem a
uma trilogia, quadrilogia ou saga. É muito difícil isso acontecer tanto na
literatura quanto no cinema, mas as vezes acontece como aconteceu na saga
“Apocalipse Z” do jornalista e escritor espanhol Manel Loureiro.
A leitura do primeiro volume se arrastou; achei muito
monótona, praticamente sem diálogos, no formato de diário/blog e com poucos
personagens. Aliás, a história criada por Loureiro foi publicada originalmente num
blog e só depois foi parar nas páginas de um livro e mesmo assim, seguindo o
formato de um blog. Enquanto estava na blogosfera, o texto era publicado aos
poucos e isso acabava prendendo a tenção dos internautas, mas a partir do
momento que o autor decidiu publicá-lo num livro, o enredo foi despejado de uma
só vez nas páginas e - pelo menos, para mim – acabou se tornando cansativo
pacas. Agora, em Os Dias Escuros o estilo da escrita ficou
mais compatível com o chamado “formato livro”. A narração em primeira pessoa
continua, mas dessa vez muito mais dinâmica e... repito: com diálogos; e todo
leitor sabe que esse recurso narrativo deixa qualquer história muito mais ágil.
Escrevi em minha resenha sobre Apocalipse Z – O Início do Fim (ver aqui) que foi difícil engatar uma terceira
marcha; quanto a quarta marcha nunca chegou. Já nesse segundo volume, consegui
cambiar uma quarta. Apesar da obra não ter tido a capacidade de me tirar de uma
ressaca literária – bem longe disso - que já dura anos, não posso negar que se
trata de um bom livro.
Os
Dias Escuros tem conspirações, traições, ação,
suspense e... claro, zumbis, uma infinidade de zumbis. Os leitores que ficaram “fora
do ar” quando leram O Princípio do Fim,
já que o autor não deu nenhuma explicação científica sobre a origem do vírus
que transformou a população em zumbis, dessa vez, ao lerem a sequência da obra terão
uma noção de como tudo começou. Outra novidade é que o autor também mostra como
um zumbi pensa, ou seja, qual é a sua linha de raciocínio. O leitor fica
sabendo o que é ser um zumbi. Achei essa premissa muito interesse e deu um
tempero a mais na história. A narrativa também ganhou um vilão – humano e não
zumbi, ufa! – muito eficiente. Há ainda reviravoltas interessantes do tipo: “quem
você pensa que é não é”, entendeu? (rs). Ok; olha, não quero me aprofundar
muito para não liberar spoilers, mas há alguns personagens que não aparentam
ser aquilo que são, tanto para o bem quanto para o mal. Capiche? Acho melhor
parar por aqui (rs).
Para aqueles que ainda não conhecem a trilogia, em Apocalipse Z, Loureiro narra em tempo
real uma hipotética invasão de zumbis na Espanha do ponto de vista de um
advogado morador da cidade de Pontevedra. A invasão que teve origem no
Daguestão, uma república russa, acaba explodindo pelo mundo afora num
verdadeiro apocalipse.
Neste segundo volume da trilogia, os sobreviventes
Viktor Pritchenko, Lúcia, irmã Cecília e o advogado (protagonista da história
cujo nome continua sendo um mistério) que haviam decidido fugir em busca de um
lugar seguro que imaginam ser nas ilhas Canárias, um dos únicos pontos que
ainda pareciam seguros na Terra, ao chegarem no local, eles tem uma surpresa
inesperada. Como não bastasse, ainda recebem uma missão quase suicida: devem
acompanhar uma equipe de soldados até Madri e saquear um hospital que fora um
dos primeiros locais a ser invadido pelos zumbis, a fim de conseguir
medicamentos imprescindíveis para os sobreviventes.
Com isso, o advogado, Viktor Pritchenko e os demais
soldados terão de voltar a um inferno inimaginável: uma cidade
pós-apocalíptica, cheia de zumbis agressivos que colocarão à prova seu desejo
de lutar pela vida.
Agora, vamos ver se A Ira dos Justos, terceiro volume da trilogia mantém o mesmo nível
de seu antecessor.
19 março 2023
Pequenas grandes mentiras
Se você gosta de livros que exploram dramas e
conflitos familiares, Pequenas Grandes
Mentiras da escritora australiana Liane Moriarty é a pedida certa, mais do
que certa. A leitura é bem fluida e a trama reserva algumas reviravoltas
incluindo o plot twist final bem ao estilo “Hercule Poirot”. Não tem como não
fazer uma analogia com os livros do famoso detetive belga escritos por Agatha
Christrie. Não; não estou querendo dizer que Moriarty “implantou” em seu enredo
um detetive para solucionar um crime que acontece logo no início da história,
mas só é esclarecido no final. Nada disso; esqueça o detetive inteligente e com
uma alta capacidade de dedução O que estou querendo explicar é que nas últimas
páginas de Pequenas Grandes Mentiras
a autora reúne todos os principais personagens num local – uma varanda, para
ser mais específico – e então, pimba! O culpado pela morte de fulano é
revelado. Mais do que isso, o nome da vítima também é revelado. Taí! Méritos
para Moriarty que conseguiu criar dois plot twists finais numa tacada só: a
revelação do nome do criminoso (a) e também do nome da vítima. Bem diferente
dos livros policiais onde a vítima é conhecida logo no início, deixando os holofotes
para o seu algoz que é revelado apenas no “The End” da trama. Esta cartada da
autora australiana foi um dos pontos fortes do livro, pois o leitor não vê a
hora de descobrir quem matou e quem morreu; além dos motivos que provocaram o
crime. E posso garantir que essas revelações valem a pena. Trata-se, sem
dúvida, de um plot twist muito interessante.
Além desse twist final, o livro traz outras
reviravoltas menos bombásticas ao longo da trama mas nem por isso, menos
interessantes. Portanto ao unir drama familiar com vários plot twists, além de
um assassinato misterioso, a autora criou uma fórmula infalível de leitura
fluida.
Pequenas
Grandes Mentiras centra o seu enredo em três personagens
principais: Madeline, Celeste e Jane. Três mães, cujos filhos estudam na Escola
Pública de Pirriwee. É importante frisar que além delas existem outros
personagens secundários que dão um gás a mais na trama. Aliás, acho que nem
posso chamá-los de secundários porque a importância deles para os rumos da
história é muito importante.
Pequenas
Grandes Mentiras aborda alguns assuntos pesados como
bullying e violência contra a mulher no próprio lar. Há trechos bem “trucões”
nesse sentido.
O crime acontece logo no início do romance durante um
evento promovido pela Escola Pública de Pirriwee envolvendo somente os pais dos
alunos. Com muita bebida e pouca comida, o encontro de pais dos alunos da
escola tem tudo para dar errado. Fantasiados de Audrey Hepburn e Elvis Presley,
os adultos começam a discutir já no portão de entrada, e, da varanda onde um
pequeno grupo se reuniu, alguém cai e morre.
Quem morreu? Foi acidente? Se foi homicídio, quem
matou?
Voltando ao tempo até alguns meses antes desse
incidente, Moriarty conta a história dessas três mulheres, cada uma delas com
os seus segredos diante de uma encruzilhada.
Madeline é forte e decidida que está no seu segundo
casamento. Celeste é uma mulher invejável; bonita e rica tem um casamento que
parece perfeito demais para ser verdade. Elas ficam amigas de Jane, uma jovem
mãe solteira que semudou para a cidade com o filho Ziggy, fruto de uma noite
malsucedida.
Quando Ziggy é acusado de bullying, as opiniões dos
pais se dividem. As tensões nos pequenos grupos de mães vão aumentando até o
fatídico dia em que alguém cai da varanda da escola e morre. Os envolvidos
revelam impressões frequentemente contraditórias tornando cada vez mais difícil
descobrir a verdade que só será revelada no final.
O romance reúne num mesmo
enredo: ex-maridos e segundas esposas, mães e filhas, bullying e escândalos
familiares. Tudo permeado com perigosas meias verdades que os personagens
contam para si mesmos na esperança de esconderem ou amenizarem certas situações
constrangedoras ou complicadas demais.
Um livro muito da hora.
14 março 2023
C.J. Tudor que muitos comparam a Stephen King lança em abril o seu primeiro livro de contos de terror e suspense
Devido as pegadas sobrenaturais em seus livros e
também ao seu estilo narrativo, a escritora britânica C.J. Tudor está sendo
comparada a Stephen King. Tanto é verdade que alguns leitores e pasmem: críticos;
isso mesmo, eu escrevi críticos, a estão chamando de “Stephen King de saias”.
Eu verbalizei “pasmem” porque na minha opinião, mesmo sendo uma boa escritora,
Tudor não se compara a King. Aliás, acho muito difícil algum autor contemporâneo
do gênero se igualar ao mestre do terror. Por enquanto, para mim e tenho
certeza de que para muitos, tio King é único, mas... que estão comparando Tudor
a ele, sim; muitos estão.
O que eu não posso negar é que mesmo não se igualando
a King, a autora britânica é muito competente naquilo que faz. Prova disso
foram as ‘caras de trouxa’ que eu e muitos de vocês ficaram lendo as suas obras
após aquelas reviravoltas fantásticas provocando mudanças inesperadas no
enredo.
Com quatro romances lançados (O homem de giz, O que aconteceu
com Annie, As outras pessoas e Garotas em chamas), em abril chega às livrarias
a primeira obra de contos da autora.
C. J. Tudor, pseudônimo para Caroline Jane Tudor,
lançou o primeiro romance em 2018 e venceu um dos principais prêmios da
literatura de suspense no ano seguinte. O
homem de giz bombou no Brasil: só no Skoob, são mais de 70 mil leitores. O
livro é aposta certa para quem gosta de um bom suspense sobrenatural, bem no
estilo Stephen King. Aliás, o autor deixou um elogio na contracapa brasileira
do romance, dizendo “quer ler algo bom? Se você gosta dos meus livros, vai
gostar deste”.
E depois desses quatro romances publicados no Brasil,
a editora Intrínseca anunciou para 05 de abril o lançamento do novo livro de
Tudor, como já “disse” acima, o primeiro de contos da autora. Seguindo a linha
macabra, ela escreve sobre fendas no espaço tempo, crianças assustadoras,
apocalipse e pesadelos.
Onze
portas para a escuridão já está disponível em pré-venda no
site da editora. Segundo release fornecido pela editora, nesta
obra, nada é o que parece — e vida, morte, culpa e fantasia se misturam de
maneira assustadora. Navegando entre a estranheza e o horror, as onze histórias
nos mostram uma série de realidades perturbadoras. Uma garota com um estranho
dom faz amizade com uma assassina sem coração. Um homem parte em uma difícil
missão que beira o fim do mundo. Quatro amigos decidem explorar um prédio
abandonado com segredos monstruosos. E uma tempestade de areia promete trazer
lembranças indesejáveis.
Com certeza, se você leu e gostou dos livros de C.J. Tudor
está na maior expectativa para adquirir Onze
portas para a escuridão. Mas é melhor controlar essa expectativa já que o
livro só chega, oficialmente, nas livrarias em 05 de abril.
11 março 2023
Poltergeist, o fenômeno: DarkSide relança em abril a novelização do filme em edição luxuosa
Um dos filmes que marcou a geração dos anos 80 foi
“Poltergeist, O Fenômeno”. Eu estava no apogeu dos meus 21 anos de idade quando
assisti o filme dirigido por Tobe Hooper que já tinha em seu currículo o
antológico “O Massacre da Serra Elétrica” (1974). O filme teria ainda uma outra
lenda atuando nos bastidores: Steven Spielberg, produtor e roteirista. Cara,
com uma dupla dessas, o filme só poderia ser um arrasa-quarteirões e foi o que
aconteceu.
Lançado por Metro-Goldwyn-Mayer em 4 de junho de 1982,
a produção foi um grande sucesso comercial e de crítica, tornando-se o oitavo
filme com maior bilheteria de 1982. Anos depois a seu lançamento foi reconhecido
como um clássico dentro do gênero.
Além de ser indicado para três prêmios da Academia, Poltergeist
foi nomeado pelos Chicago Film Critics Association como o 20° melhor filme de
terror já feito em toda a história do cinema.
O filme fez tanto sucesso que passou a habitar o
imaginário popular e com isso surgiram várias lendas urbanas a seu respeito,
sendo a mais famosa a chamada “maldição do set de filmagem” que afirma ser o
filme amaldiçoado por causa da morte de várias pessoas associadas a produção.
Mesmo assim teve ainda duas sequências: “Poltergeist II - o Outro Lado” (1986)
e “Poltergeist III - O Capítulo Final” (1988), além de um remake de mesmo nome
lançado em 2015. Mas o “Poltergeist” de 1982 continua sendo imbatível, de fato,
o melhor de todos.
Revi o filme várias vezes em VHS e DVD e cada vez que assistia
ficava imaginando como seria um livro com esse enredo se não houvesse o filme.
– Puxa vida, essa mesma história nas páginas faria um baita sucesso! – exclamei
várias vezes. Mal sabia que já havia um livro escrito com o mesmo argumento e
lançado no mesmo ano do filme.
Você deve estar se perguntando agora: “como surgiu
esse livro”? Ok, eu conto. A obra foi escrita pelo médico e escritor James Kahn
em 1982. Neste mesmo ano, Spielberg estava à frente de um outro projeto
grandioso: “Et – O Extraterrestre”. Kahn foi contratado para ser consultor de
assuntos médicos no filme, e foi então que conheceu Spielberg nos bastidores.
Aproveitando a oportunidade, ele entregou ao produtor e diretor hollywoodiano,
os originais de um romance que havia escrito apenas como passatempo. Spielberg
leu e gostou. Resultado: convidou Kahn para escrever um livro baseado no
roteiro do filme elaborado por ele. E mais, deu toda a liberdade para que ele mudasse
ou acrescentasse o que quisesse na história. Pronto, nascia assim, o livro Poltergeist, o Fenômeno que foi lançado
na mesma época do filme, mas somente nas livrarias americanas.
É esse livro que a editora DarkSide promete publicar
em terras tupiniquins no dia 4 de abril numa edição luxuosa com várias
ilustrações e em capa dura. A obra chegará nas livrarias brasileiras após 40
anos de seu lançamento original nos States. Outra dúvida que deve estar
borbulhando na “moringa” de muitos leitores é se o livro é bom ou apenas uma
novelização do tipo “cópia fiel do filme”. Os comentários nas redes sociais são
os mais favoráveis possíveis. A galera que leu adorou. Acredito que o motivo
dessa aceitação foi a rédea solta de Spielberg para que Kahn readaptasse o seu
roteiro da maneira que achasse melhor.
Ao ter recebido o sinal verde, o médico e escritor não
se fez de rogado e mandou ver. Entre outras coisas, adicionou cerca de 50% de
uma nova história à novelização.
Mais tarde, Spielberg teria dito que Kahn escreveu a
melhor novelização de qualquer um de seus filmes.
Agora só resta aguardar com a maior expectativa a
chegada de 4 de abril para devorarmos mais esse presentaço da DarkSide.
07 março 2023
Livros de James Bond serão reeditados para excluir trechos considerados racistas
Sempre fui um grande fã de 007 nos livros e nos
cinemas, mas como um bom devorador de livros confesso que viajo muito melhor
através das páginas do que pelas telas. Por isso recebi com grande surpresa e
alegria a informação de que todos os livros do famoso agente secreto inglês
escritos por Ian Fleming serão reescritos e relançados. Pois é, fiquei curioso
para saber o motivo desse parecer da empresa que gere o espólio do autor
britânico morto em 1964 aos 56 anos.
Após várias sondagens na Net fiquei sabendo que a
decisão foi tomada visando a remoção de conteúdo racista de suas páginas com o
objetivo de acatar as recomendações feitas por leitores de sensibilidade.
As novas edições serão publicadas para comemorar em
abril os 70 anos de Casino Royale, o
primeiro da série. Os livros foram publicados originalmente entre 1951 e 1966.
De acordo com matéria publicada no jornal Folha de S.
Paulo, a leitura sensível é uma prática recorrente do mercado livreiro
contemporâneo. Ela consiste em profissionais fazerem análises para levantar
possíveis pontos do texto de ficção em que o autor faz representações de grupos
sociais marginalizados. A prática é geralmente adotada em casos nos quais o autor
não pertence ao grupo retratado.
A Ian Fleming Publications Ltd, companhia que tem
direito sobre as obras de James Bond, que recebe o nome de seu autor, informou
que uma série de atualizações foi feita nesta edição de relançamento dos livros,
mantendo o texto o mais fiel possível ao original e ao período em que ele se
passa.
Entre as partes alteradas, por exemplo, está um
momento em Com 007 Viva e Deixe Morrer,
onde, no livro, Bond diz que os africanos que trabalham com o mercado ilegal de
ouro ou diamantes são "homens que obedecem a lei, exceto quando bebem
demais". Com a reedição, a última parte, sobre a bebida, é removida.
Outro exemplo é uma passagem da história que se passa
em uma boate de striptease no Harlem, bairro novaiorquino conhecido pela grande
quantidade de moradores negros. Nela, é dito que os homens ali presentes
"soltavam grunhidos como se fossem porcos no cocho"; a nova versão,
no entanto, diz apenas que o ambiente tinha uma "tensão eletrizante”.
Os livros, de acordo com o jornal, virão com uma
mensagem aos leitores na qual lhes será explicado que as obras foram escritas
em uma época quando era comum o uso de termos que "podem ser considerados
ofensivos por leitores modernos" e que as alterações foram feitas de
maneira a evitar ao máximo o distanciamento do texto original e do período em
que os enredos se ambientam.
Além dessas alterações necessárias também estou
curioso para conhecer o novo projeto gráfico desses relançamentos que,
acredito, deverão aterrissar nas livrarias com capas novíssimas e de causar
inveja.
Vamos aguardar, afinal de contas, abril está
praticamente aí, batendo na porta.
03 março 2023
Apocalipse Z – O Princípio do Fim (Livro I)
E lá vou eu novamente na contramão, discordando da
maioria dos leitores que amaram a obra de Manel Loureiro, escritor espanhol que
escreveu uma trilogia pós-apocalíptica endeusada tanto por leitores quanto pela
maioria dos críticos. Mas no meu caso, para ser sincero, a leitura demorou, mas
demorou muito para engrenar. Comecei ler o livro e... cara, não ia! Foi duro
sair da primeira marcha, aliás essa primeira marcha permaneceu até perto do
final do livro, quando consegui passar, com muito custo, para uma segunda e
depois para uma terceira marcha, mas confesso que só consegui engatar a quarta
já nas ultimas páginas da obra. Quanto a quinta nunca chegou.
Apocalipse
Z – O Princípio do Fim, primeiro livro de uma trilogia pós-
apocalíptica sobre zumbis, é escrito em primeira pessoa e no formato de um blog
e também de um diário. Praticamente não existem diálogos; tá bem, para não
dizer que não existem diálogos, refaço o que “disse”; existe sim: acho que
“uns” 15 ou pouco mais, e só.
Como não bastasse o texto “corridão”, os leitores
ainda tem que conviver durante grande parte da história com apenas dois
personagens: o advogado que escreve o blog/diário (isso mesmo, ele não tem um
nome específico, já que o autor se
refere a ele apenas como advogado) e o seu gato (esse sim tem um nome: Lúculo).
Não vou acrescentar um terceiro personagem porque o vizinho do advogado é um
coadjuvante insignificante e permanece pouco tempo na história.
O que predomina é a interação advogado – zumbis, onde
o personagem principal vive fugindo dos “não mortos” (é assim que Manel se
refere aos seus zumbis) em busca de um lugar seguro onde possa existir outras
pessoas consideradas normais.
O advogado e o seu inseparável gato só irão se
encontrar com outros personagens no meio do livro. Foi a partir daí que
consegui engatar uma segunda marcha.
O livro até começa bem, prendendo a atenção, mas esse
clima termina logo. No início é interessante ler a narração dos fatos pelo
personagem em seu blog. Ele descreve como uma experiência médica malsucedida
realizada em um país que parece ser a Rússia, acaba saindo dos eixos e se
espalhando. Resultado: os infectados acabam virando zumbis. Aos poucos o mundo
vai tomando ciência da gravidade da situação, mas ao mesmo tempo os governos
decidem por encobrir grande parte do problema para não espalhar o pânico até
que a situação degringole de vez.
Este clima de expectativa, de fato, desperta o
interesse do leitor, mas por muito pouco tempo. Depois, o enredo “afrouxa”
ficando reduzido apenas a dois personagens: o advogado e o gato.
Da sua metade em diante, quando o advogado começa a se
encontrar com novos personagens – bons e maus - o livro vai ganhando fôlego,
pouco, mas vai. É uma pena, que a história só desencante perto do final, a
partir do capítulo “Numância”. Foi aí que veio a quarta marcha, ou seja, foi a
partir desse capítulo que a história começou a deslanchar e prender a minha
atenção. Mas quando estava perto de engatar a quinta e última marcha, a
história terminou.
Fica a esperança de que o segundo livro da trilogia
chamado Apocalipse Z – Os Dias Escuros
consiga manter essa quinta marcha constante, sem reduzi-la ou que essas
reduções sejam poucas. Tenho que torcer por isso porque empolgado com tantas
críticas positivas acabei comprando a trilogia completa – e olha que suei para
conseguir essa façanha, já que os dois últimos livros estavam praticamente
esgotados. Pois é, por enquanto, Os Dias
Escuros e A Ira dos Justos estão
descansando em minha estante. Preferi dar um tempo na leitura da saga porque
não estava tão empolgado com o ritmo da história e principalmente a falta de
diálogos; aliás amo enredos recheados de diálogos. Com certeza, esse foi um dos
motivos que fizeram com que eu torcesse o nariz para grande parte da história
de Manel Loureiro.
Por enquanto, estou lendo alguns contos de terror,
depois pretendo ler um outro livro – que tenha diálogos, claro – e, então, só
depooooois é que penso em encarar o segundo livro da trilogia Apocalipse Z.
Quanto ao enredo desse primeiro livro, vamos lá.
Em uma pequena cidade espanhola, um jovem advogado
leva uma vida tranquila e rotineira. Um dia, porém, começa a ouvir notícias
sobre um incidente médico ocorrido em um país remoto do Cáucaso. Apesar de
aparentemente corriqueiras, as notícias chamam tanto a sua atenção que ele
resolve registrar suas impressões em um blog. Aos poucos, o que eram apenas
acontecimentos incomuns ocorridos em um país distante começam a se espalhar por
toda a Europa.
Em menos tempo do que poderia supor, o terror se
instala. A partir daí a situação se torna um “pega prá capá”.
Beleza?
Inté galera!