25 abril 2024
Instinto Selvagem
A leitura de Instinto
Selvagem, romance de Richard Osborne baseado no roteiro do filme homônimo
com Sharon Stone, passou tão despercebido que eu nem sabia que havia deixado de
publicar a sua resenha no blog, mesmo tendo lido o livro há mais de dez anos,
ou seja, nos primórdios do “Livros e Opinião”.
Quando comecei a ler o livro, exclamei para mim mesmo:
“Êpa, parece que eu estou assistindo o filme novamente; cena por cena!”. E, de
fato, a impressão que fica registrada na mente do leitor é que a história
escrita por Richard Osborne não foi baseada, mas colada do roteiro de Joe Eszterhas.
Acredito que tenha sido esse o motivo da minha displicência, ao ponto de não
ter escrito a resenha tão logo concluí – diga-se de passagem, aos trancos e
barrancos – a leitura de Instinto
Selvagem. Como não havia gostado muito do filme, arrisquei dar uma lida no
livro, mas ao perceber que se tratava de um copião da produção cinematográfica
de 1992 fui obrigado a reunir toda a minha força de vontade draconiana para
terminar a leitura.
O curioso é que após ter lido a obra e assistido o
filme, resolvi dar algumas zapeadas nas redes sociais, especificamente nos
portais “Interfilmes”, “Adoro Cinema” e “Skoob” para ver as críticas de
leitores e cinéfilos. Acreditem; a maioria delas para não “dizer” quase todas,
eram positivas e tecendo louvores tanto para o filme quanto para o livro. ‘Entonce’,
novamente, exclamei comigo: “Lá vou eu mais uma vez nadando contra a maré!”.
Mas fazer o que? No meu caso, não gostei. Achei a trama fraca; que na minha opinião, só conseguiu se segurar
devido a presença sedutora, fatal e luminosa de Sharon Stone em cena e ao
talento inquestionável de Michael Douglas. Quanto a história em si, não
despertou o meu interesse.
Pois é, aí você dá uma passeada na Internet e vê que a
maioria dos críticos e cinéfilos tratam o filme como uma joia rara lapidada com
comentários do tipo: “uma verdadeira obra prima”, “um thriller policial
inovador mesmo após 30 anos” e por aí afora. Vendo tudo isso, chego à conclusão
de que toda e qualquer tipo de crítica no ramo das artes, especificamente na
literatura e cinema são muito, mas muuuito subjetivas pois tem características
pessoais, individuais. Eu posso amar, mas por outro lado, você pode odiar.
Concluindo: não gostei de Instinto Selvagem lendo ou assistindo; mas pode ser que você adore
a trama.
Ah! Para os poucos que desconhecem o enredo, filme e
livro giram em torno de uma escritora, Catherine Tramell, extremamente sedutora e principal suspeita de
um assassinato. O policial Nick Curran é incumbido de desvendar o crime, mas
fica fortemente atraído por ela, colocando a própria vida em risco. Em resumo é
isso.
Inté!
21 abril 2024
“As Portas de Pedra” e “O Visconde de Bragelonne”; será que serão publicados um dia? Esta indefinição irrita e desanima os leitores
Falando por mim: se há algo que irrita um leitor é ver
a divulgação do lançamento de uma obra tão aguardada ser propagada aos quatro
ventos e depois... nada do lançamento, nada da obra, nada de notícias, enfim,
nada de nada. A chama, antes tão poderosa, simplesmente se apaga. Então, bate o
desespero nesse leitor e ele acaba mostrando a sua identidade secreta, o
super-herói conhecido como o “Garimpeiro da Net”. A partir daí ele começa,
desesperadamente, a caçar migalhas de informações sobre o tal livro que “deixou
de existir”. Pois é, as supostas obras O
Visconde de Bragelone e As Portas de
Pedra conseguiram fazer com que eu me transformasse no “Garimpeiro da Net”.
Só que até agora não consegui garimpar nenhuma informação a qual possa
classificar como segura. Praticamente, elas “dizem” a mesma coisa.
Com relação ao tão aguardado terceiro livro da saga A Crônica do Matador do Rei (The Kingkiller
Chronicle) de Patrick Rothfuss as notícias se assemelham a órbita da terra
ao redor do sol, ou seja, sempre o mesmo movimento, o mesmo blá-blá-blá de
sempre: “Agora, O autor está direcionando a sua atenção para a produção de uma
série de TV baseada nos dois primeiros livros da saga e com isso teve de
deixar, temporariamente, a escrita de “As Portas de Pedra”; “Rothfuss não ficou
satisfeito com o que escreveu e está refazendo parte do enredo”; “leitores-beta
da confiança de Rothfuss começaram a ler os originais para opinarem”; e etc e
mais etc. Lembrando que “O Temor do Sábio”, segundo volume da saga, foi lançado
há aproximadamente 13 anos.
Com relação ao relançamento de O Visconde de Bragelonne – publicado originalmente em 1850 e no
Brasil em 1954 e 1963 numa “porrada de volumes”; acho que 13 - as “pedras a
serem garimpadas” são ainda mais escassas porque as informações iniciais de que
a Zahar iria relançar a obra de Alexandre Dumas numa edição luxuosa e com
tradução atualizada, simplesmente se evaporou. Estas informações iniciais
surgiram pouco depois do relançamento de O
Conde de Montecristo, em 2020, numa edição que encheu os olhos dos fãs de
Dumas. Depois disso, as notas sobre o assunto foram ficando cada vez mais
diminutas até desaparecerem.
Comparo esta situação envolvendo O Visconde de Bragelonne e As
Portas de Pedras como algo semelhante ao de aproximar um doce delicioso
perto da boca de uma criança e no momento em que ela for saboreá-lo, você
simplesmente, afasta esse doce e o esconde ou então, joga fora. Olha... cara, é
muita maldade.
E assim, ficamos nós na expectativa, se é que pode
haver uma expectativa, dos lançamentos dos tão aguardados livros de Rothfuss e
Dumas.
Quando eles chegarão? Só Deus sabe.
17 abril 2024
Cinco vinganças terríveis que aconteceram nos livros
Quando o assunto é vingança ou dar o troco em quem te
fez sofrer, sei que é errado não pensar como o imperador romano Marco Antônio
que ficou conhecido pela sua célebre frase: “A melhor vingança é não ser como o
seu inimigo”; mas cá entre nós, se essa premissa fosse usada pela maioria dos
autores de livros, as histórias de vingança seriam uma lástima e com certeza
esses livros ficariam empacados nas estantes das livrarias em todo o mundo.
Cara, vingança na literatura é fazer totalmente o
contrário do que propôs Marco Antônio. E não me diga que você por mais certinho
ou certinha que seja não vibra quando aquele personagem que comeu o pão que o
diabo amassou por culpa de um outro personagem espírito de porco resolve dar o
troco? Claro que vibra!
O tema vingança é um dos mais explorados
pelos autores que escreveram livros que se tornaram campeões de vendas;
verdadeiros Bestsellers.
No post de hoje selecionei cinco histórias de vingança
que ... sei que é errado “dizer” isso; mas que ‘deixaram os leitores muito
felizes’. Vamos conferi-las.
01
– O Pau (Fernanda Young)
A saudosa escritora, roteirista e apresentadora
carioca Fernanda Young que morreu em 2019 após sofrer um ataque de asma,
contemplou os seus leitores com esta obra fantástica lançada em 2009. Em O Pau, Young conta a história de Adriana,
uma bela designer de joias que descobre sinais da traição do namorado, 14 anos
mais novo.
Adriana tem 38 anos e apesar de sua carreira de
sucesso sofre com as inseguranças que atingem boa parte das mulheres de sua
idade. O corpo, embora cuidado com esmero, não tem mais a firmeza encontrada
nas meninas de 20. No rosto, começam a despontar as primeiras marcas de
expressão, e temores como o aumento do grau dos óculos para vista cansada são
uma constante.
As sucessivas decepções amorosas deixaram a personagem
desconfiada e agora mais ainda já que o seu parceiro é muito mais jovem do que
ela. Os dois se entendem muito bem, mas numa noite quando está sozinha na casa
do namorado, ao verificar o celular dele, após emitir o som de recebimento de
mensagens, ela constata a chegada de um SMS sem nome.
Adriana fica hiper-desconfiada e resolve investigar.
Tá. Advinhe o que ela descobre? Que o seu namorado bem mais jovem, e bonitão a
está traindo com uma modelo bem mais jovem do que ela, aliás, muuuuito mais
jovem. A partir daí ela resolve arquitetar a sua vingança, direcionada para
algo que o seu namorado traidor preza muito, aliás algo que não só ele, mas que
os homens prezam muito. Entendeu? Não? Então, é só ler o título do livro. Que vingança. Brrrrrrrr!!!
Editora:
Rocco
Ano:
2009
Capa:
Comum
Páginas:
184
02
– Carrie, A Estranha (Stephen King)
Cara, essa menina é fodástica. No auge da ira de sua
vingança, ela conseguiu destruir, praticamente, uma cidade inteira! Carrie é
uma jovem tímida, perseguida pelos colegas, professores e impedida pela mãe de
levar uma vida comum. No dia de sua formatura, descobre que possui poderes
telecinéticos quando os jovens mais populares da escola a humilham diante de
todos. Então.... Bummmmmm!!! A bomba chamada Carrie explode.
Ambientado principalmente no ano de 1979, o enredo
criado pelo mestre do terror e suspense, Stephen King, gira em torno da
homônima Carrie White, uma garota do ensino médio desajustada, impopular e sem
amigos, intimidada e abusada frequentemente pela sua mãe fanática religiosa,
que depois de ser levada ao limite durante o seu baile de formatura, onde todos
a humilham no palco, na frente de uma multidão, ela resolve usar os seus
poderes telecinéticos recém-descobertos para se vingar daqueles que a
atormentam. Durante o processo, ela causa um dos piores desastres locais que a
cidade já teve. Veja a resenha da obra
aqui.
Livraço! Adorei!
Editora:
Suma
Ano:
2013
Capa:
Comum
Páginas:
200
03
– O Morro dos Ventos Uivantes (Emily Bronthe)
Emily Brontë estava muito à frente do seu tempo quando
enfim conseguiu publicar O Morro dos
Ventos Uivantes em 1847, um ano antes de sua morte por tuberculose. Ela conseguiu
escandalizar a sociedade com sua obra ao expor e explorar as feridas dos
personagens. A trama gira em torno de uma história de amor cheia de vícios,
obsessões e violência. Uma narrativa que continua até hoje a assombrar o
leitor. Classifico O Morro dos Ventos
Uivantes como uma história de vingança, ódio e amor selvagem.
No início da trama, o patriarca da família Earnshaw
faz uma viagem e, ao retornar a sua fazenda chamada de Morro dos Ventos
Uivantes, traz consigo um pequeno órfão, que todos acham ser um cigano (sua
procedência, contudo, não é revelada em hora alguma da narrativa). O órfão
recebe o nome de Heathcliff. Rapidamente, toda a atenção que o patriarca lhe
demonstra enciuma seu filho legítimo, Hindley, que acha que está perdendo o
carinho do pai. Contudo, Catherine, a irmã de Hindley, se afeiçoa por
Heathcliff.
Quando o Sr. e a Sra. Earnshaw morrem, Hindley sujeita
Heathcliff a várias humilhações. Este é privado da educação e passa a tornar-se
bruto e melancólico. Apesar do amor entre Heathcliff e Catherine, ela decide
casar-se com Edgar Linton, por estar em uma posição de mais prestígio que
Heathcliff. Ele, então, parte do Morro dos Ventos Uivantes e, ao voltar, muito
rico, promete se vingar de todos aqueles que proibiram o seu relacionamento com
Catherine.
Editora:
Clássicos Zahar; Edição comentada
Ano:
2016
Capa:
Dura
Páginas:
376
04
– Jasão e os Argonautas (Menelaos Stephanides)
Considero a vingança de Medéia uma das mais terríveis
da literatura. Ela, certamente, foi além. Viche!
O mito de Jasão e os Argonautas ocupa um lugar muito
importante na mitologia grega. Ele relata a expedição heroica que cruzou pela
primeira vez mares e terras desconhecidas repletas de perigo, em busca do velo
de ouro, um tesouro a que se atribuía o poder de trazer prosperidade e riqueza
a quem possuísse. O livro do escritor
grego Menelaos Stephanides não só nos leva a conhecer essa jornada heroica com
também a vingança de Medéia que trata sobre o amor e o ódio e também as suas
consequências.
Ela foi uma das personagens mais trágicas da Mitologia
Grega; filha do rei Eetes, de Cólquita. Medéia era muito cortejada por diversos
pretendentes, devido a sua inteligência, beleza e astúcia.
Um dia, Jasão – o líder dos argonautas - chega a essa região
da Cólquita em busca do Velocino de Ouro que era guardado por um terrível
dragão. Após ter se apaixonado perdidamente por Jasão, a feiticeira Medeia
resolve trair o próprio pai e também o seu povo. Dessa maneira, ela ajuda Jasão
a roubar o Velocino de Ouro e em seguida foge com o seu amado. O que ela não
esperava receber como pagamento por seu sacrifício era a traição de Jasão. E isso,
de fato, aconteceu.
Bem... resultado: Jasão sofreu as consequências. Uma
vingança tão terrível que acabou sobrando para a própria Medéia.
Editora:
Odysseus
Ano:
2004
Capa:
Comum
Páginas:
170
05
– O Conde de Monte Cristo (Alexandre Dumas)
O Conde de Monte Cristo é uma das obras de maior sucesso de
Alexandre Dumas, o escritor dos famosos livros Os Três Mosqueteiros e O
homem da Máscara de Ferro.
O enredo da história de Dumas se passa na França sob
período de Napoleão Bonaparte, que estava exilado na Ilha de Elba. Naquela
época havia um grande receio de seu retorno. Segundo a história, o imperador se
comunicava com seus correligionários através de cartas. Uma dessas cartas foi
enviada em segredo para um partidário de Bonaparte através de Edmond Dantès,
que desconhecia o conteúdo da carta que trazia consigo.
Então, o seu melhor amigo, Fernand Mondego, que por
sua vez era apaixonado pela noiva de Dantes, resolve arquitetar a sua vingança
juntamente com Danglars e o Juiz Villefort, no intuito de colocar seu amigo
como traidor da pátria atrás das grades. Dantes acaba sendo acusado
injustamente e enviado para o Castelo de If, uma prisão isolada no meio do
mar na qual o prisioneiro passou anos e anos encarcerado.
Ao fim de muitos anos solitários na sua cela, Dantès
conhece o pitoresco e fascinante abade Faria, um colega prisioneiro. Dantès e o
abade tornam-se grandes amigos e o primeiro recebe do segundo as preciosas
indicações para alcançar um fabuloso tesouro que está escondido num ilha. A
morte do abade permite a Dantès evadir-se com êxito da prisão e encontrar o
tesouro. Adotando a personalidade fictícia do Conde de Monte Cristo, Dantès,
com perversa precisão dá início a sua devastadora vingança contra todos aqueles
que o fizeram passar 14 longos anos na prisão.
Taí, se você aprecia um bom enredo envolvendo
vinganças de personagens, acredito que irão apreciar essas cinco obras.
Boa leitura!
13 abril 2024
Caminho inverso: os filmes que viraram livros
Os leitores que acompanham o blog desde os seus
primórdios, em 2011, sabem que não sou fã de novelizações de filmes. Como
posso explicar essa aversão... bem, acho que tudo se resume na perda da magia.
Isso mesmo: quando você vê um filme e sai do cinema extasiado com que acabou de
assistir, você viveu a magia de um enredo espetacular e de personagens
carismáticos. Mas quando algum escritor resolve adaptar um filme para as
páginas, você que já assistiu esse filme também já viveu essa magia, por isso
não há motivo de ler tudo o que você já viu nas telas. Sei lá, fica estranho.
Mas, você pode argumentar que o mesmo ocorre ao
inverso, quando um livro é adaptado para as telonas. Neste caso, é diferente;
pelo menos para mim. Quando uma obra literária vira um filme ou série de TV, eu
fico imaginando com seria ver em “carne e osso” o personagem que eu conheci
apenas nas páginas. Ver esse lado irreal - idealizado apenas por mim -transformado
em algo real é viciante. O mesmo vale para o enredo da história; ver as imagens
nas telonas de situações e locais que eu apenas imaginei nas páginas. Não sei
se consegui explicar de uma maneira clara, mas, enfim, é isso.
Mas, por outro lado, conheço leitores que adoram
novelizações. Alguns, até preferem essas novelizações aos filmes. Portanto,
esse post é dedicado principalmente para esses leitores-cinéfilos.
Uma curiosidade interessante é que as novelizações de
filmes já acontecem há muito tempo. Este método teve origem nos idos de 1920.
Verdade! Mas o processo se tornou popular somente na década de 1970, antes do
lançamento dos videocassetes. Esta era a única forma das pessoas terem contato
com o filme que por algum motivo deixaram de assistir.
Nesta postagem selecionei seis novelizações de filmes
famosos e de grande sucesso nos cinemas. Os filmes são fantásticos, quanto as
novelizações deixo para aqueles que apreciam o gênero julgarem. Vamos a elas.
01
– O Segredo do abismo (Orson Scott Card)
O Segredo do Abismo é uma das poucas, acho que... a única
novelização que gostei, na realidade amei. Após ler o livro, passei horas e
horas pesquisando na Internet detalhes sobre o trabalho de Orson Scott Card e
então entendi o porquê de ter gostado tanto do livro. O primeiro ponto que
considerei decisivo para o êxito da obra foi a declarada aversão que Orson
Socott Card tem as novelizações. Êpa! Mas espera aí? O sujeito tem aversão por
esse tipo de trabalho, mas acaba fazendo algo semelhante?!
Ok. Vou tentar explicar. Card relutou muito em aceitar
escrever a novelização do blockbuster O Segredo do Abismo lançado nos cinemas
em 1989. James Cameron, o diretor do filme, teve de intervir pessoalmente nas
negociações e chegou a manter vários encontros com o escritor na esperança de
convencê-lo a mudar de ideia, mas ele estava irredutível: “novelização jamais”,
dizia o escritor.
Acontece que o diretor James Cameron queria uma
novelização de seu filme de qualquer jeito e não abria mão de Scott Card para
escrevê-la. Seria ele ou ele. O respeito e a simpatia de Cameron pelo trabalho
do escritor de ficção científica norte-americano surgiu depois que ele leu O Jogo do Exterminador e Orador dos Mortos, diga-se de passagem,
duas obras primas da literatura de ficção científica. Depois disso, o conhecido
diretor de Hollywood se tornou um fã confesso de Scott Card.
Scott Card só aceitou escrever o livro do filme depois
que várias de suas exigências foram aceitas. A primeira delas: que ele tivesse
liberdade total para desenvolver a "novelização" da maneira que achasse
melhor. E diga-se que esse “da maneira que achasse melhor” significava mudar
destino de personagens, acrescentar detalhes extras no final da história, além
de incluir fatos e explicações impossíveis apresentar no filme. E pediu mais!
Ter acesso irrestrito as filmagens enquanto escrevia o livro. Isto deixou
evidente que Scott Card exigiu escrever o livro ao mesmo tempo em que o filme
“O Segredo do Abismo” era rodado, porque só assim livro e filme seriam lançados
juntos. Enfim, para aceitar escrever um livro sobre um filme, o escritor fez um
“caminhão” de exigências. E todas elas foram aceitas por James Cameron e também
pelos produtores da 20th Century Fox.. Pronto! Está explicado porque a
novelização de “O Segredo do Abismo” se transformou num verdadeiro sucesso de
crítica e leitores.
Filme e livro contam a história de uma equipe de
mergulhadores que trabalham numa plataforma civil de exploração de petróleo. De
repente, eles se vêem envolvidos em uma missão de resgate do submarino nuclear
Montana que afundou misteriosamente com 156 tripulantes e, após o ocorrido, não
houve mais contato.
02
– Labirinto do Fauno (Guillermo del Toro)
Lançado a cerca de 17 anos, O Labirinto do Fauno
talvez seja uma das obras mais amadas do diretor Guillermo Del Toro. O filme que
agradou público e crítica se passa na Espanha de 1944. Oficialmente a Guerra
Civil já terminou, mas um grupo de rebeldes ainda luta nas montanhas ao norte
de Navarra. Uma criança de 10 anos chamada Ofélia muda-se para a região com sua
mãe. Lá as espera seu novo padrasto, um oficial fascista que luta para
exterminar os guerrilheiros da localidade. Solitária, a menina logo descobre a
amizade de Mercedes, jovem cozinheira da casa, que serve de contato secreto dos
rebeldes.
Certa noite, em seus passeios pelo jardim da imensa
mansão em que moram, Ofelia descobre as ruínas de um labirinto onde se encontra
com um fauno, uma estranha criatura que lhe faz uma incrível revelação: ela é
uma princesa, a última de sua estirpe, aquela que todos passaram muito tempo esperando.
Para poder regressar a seu mágico reino, a garota deverá passar por três provas
antes da lua cheia.
Simultaneamente ao filme, a Intrínseca lançou em
terras brasileiras a sua novelização contendo ilustrações e contos originais. Para
transpor os detalhes das telonas para as páginas, Guillermo Del Toro não esteve
sozinho. Ele chamou e juntou-se com a escritora de livros fantásticos Cornelia
Funke. Ela é mais conhecida pelo seu trabalho na trilogia Mundo de Tinta, na qual contém Coração
de Tinta, Sangue de Tinta e Morte de Tinta. Os dois optaram por não
fugir da narrativa reconhecida e já clássica para alguns, contudo adicionaram
novos pontos a essa trajetória, além de expandir o mundo com contos.
03
– Era uma vez em Hollywood (Quentin Tarantino)
Acredito não passou pela cabeça das muitas pessoas que
assistiram “Era Uma Vez em Hollywwod” que o diretor Quentin Tarantino também
iria se aventurar nos “mares” da literatura, ainda mais... lançando um romance
do seu filme. E, de fato, isso aconteceu.
O livro, publicado no Brasil pela Intrínseca em 2021 –
dois anos depois do filme – explora as facetas inéditas dos personagens Rick
Dalton (Leonardo DiCaprio) e Cliff Booth (Brad Pitt) e a trajetória desses
personagens no universo dos spaghetti westerns.
Em sua novelização, o diretor e agora romancista
bagunça a linha temporal do filme, dando mais tonalidades aos personagens e
expandindo sua sacada de revisar a morte de Sharon Tate pela seita de Charles
Manson.
Lançado em 2019, a produção cinematográfica arrecadou
mais de US$ 370 milhões nas bilheterias ao redor do mundo e venceu dois Oscar
(melhor ator coadjuvante para Pitt e melhor direção de arte) a partir de 10
indicações.
04
– A Forma da Água (Guillermo del Toro e Daniel Kraus)
A Forma da Água tem uma premissa semelhante ao
“Segredo do Abismo”: Nos dois casos, filme e livro foram criados
simultaneamente, não se tratando, portanto, de uma simples novelização. Dessa
maneira, ambos apresentam diferenças entre si. Por isso mesmo, vale muito a
pena assistir ao filme e também ler o livro para analisar essas nuances.
No enredo, um oficial do governo dos Estados Unidos
chamado Richard Strickland é enviado à Amazônia para capturar um ser mítico e
misterioso cujos poderes inimagináveis seriam utilizados para aumentar a potência
militar do país, em plena Guerra Fria. Dezessete meses depois, o homem enfim
retorna à pátria, levando consigo o deus Brânquia, o deus de guelras, um
homem-peixe que representa para Strickland a selvageria, a insipidez, o calor ―
o homem que ele próprio se tornou, e quem detesta ser.
Para Elisa Esposito, uma das faxineiras do centro de
pesquisas para o qual o deus Brânquia é levado, a criatura representa a
esperança, a salvação para sua vida sem graça cercada de silêncio e
invisibilidade. Richard e Elisa travam uma batalha tácita e perigosa. Enquanto
para um o homem-peixe é só objeto a ser dissecado, subjugado e exterminado,
para a outra ele é um amigo, um companheiro que a escuta quando ninguém mais o faz,
alguém cuja existência deve ser preservada.
A narrativa literária revela ao leitor as
particularidades de personagens que não são apresentadas de forma detalhada no
filme intensos. Há vários pontos de vistas de personagens diferentes. Os
leitores acompanham o percurso de todos esses pontos de vistas se desenrolarem
e se entrelaçarem em algum momento da trama e também compreender as suas
motivações. A produção cinematográfica de 2017 levou quatro estatuetas, incluindo
Melhor Filme e Diretor (Guillhermo del Toro).
05
– Instinto Selvagem (Richard Osborne)
Você quer ler um filme? Isso mesmo: ler e não
assistir. Se quiser é só comprar o livro Instinto
Selvagem. A novelização de Richard Osborne é uma cópia fiel do roteiro de
Joe Eszterhas. Não muda absolutamente nada. Quando li o livro, a impressão que
tive foi a de que estava assistindo ao filme através das páginas, sem nenhuma
mudança. Até cruzada de pernas fatal da personagem vivida por Sharon Stone está
nas páginas do romance.
Para aqueles que não se lembram do filme; no enredo,
Sharon Stone vive Catherine Tramell, uma sensualíssima escritora de livros de
mistério, suspeita de matar um famoso cantor de rock. Além de ser amante da
vítima, seu assassinato é idêntico a um crime que ela descreve em um de seus livros.
O policial encarregado do caso é Nick Curran (Michael Douglas), que não resiste
à beleza e ao poder de manipulação da moça e acaba se envolvendo com ela.
Porém, mortes continuam a acontecer e tudo indica que Nick será a próxima
vítima. Mas ele está atraído demais por Catherine para se manter longe dela.
Apesar da crítica negativa, “Instinto Selvagem” (Basic
Instinct) tornou-se um dos filmes de maior sucesso financeiro dos anos 90,
arrecadando US$352 milhões em todo o mundo. Quanto ao livro, por ser um simples
copião do filme passou despercebido.
06
– Interestelar (Christopher Nolan, Jonathan Nolan e Greg Keyes)
Além de Instinto
Selvagem, quer outro exemplo de novelização que adaptou ao pé da letra o
roteiro de um filme? Anote aí: Interestelar
de Christopher Nolan que fez um grande sucesso nos cinemas em 2014.
São 268 páginas de puro filme. A obra literária
escrita a três mãos pelo diretor Christopher Nolan, seu irmão Jonathan Nolan e
o autor Greg Keyes foi publicado há quase dois anos depois do filme.
Para quem não assistiu a produção nos cinemas (e, por
consequência, perdeu um show visual), Interstellar acompanha a história de
Cooper, um ex-piloto da NASA que é convocado em uma missão espacial secreta
para encontrar outros planetas para perpetuar a vida humana. Com a Terra no
limite de sua reserva natural, uma saída precisa ser encontrada.
Acontece que essa missão, graças a relatividade do
tempo, pode significar décadas no espaço, sem que os astronautas vejam suas
famílias. Enquanto Cooper atravessa o espaço e procura buracos de minhoca para
fazer a travessia para outras galáxias com sua equipe, sua filha mais nova,
Murph, cresce e também se envolve com a NASA para encontrar uma forma de ajudar
a salvar a população.
Taí galera, dúvida cruel não é mesmo? Filme ou
novelização? No meu caso, eu ainda prefiro o caminho inverso, ou seja, livros
que viraram filme e não filmes que viraram livros.
Inté!
07 abril 2024
Reflexões de um blogueiro literário que pensou em desistir, mas continua por aqui “falando” de livros há mais de 13 anos
Hoje pela manhã, assim... sem querer; fui parar nas
primeiras postagens que havia publicado no blog, lá pelos idos de 2011. Gente,
2011! Não imaginava que o “Livros e Opinião” havia completado no mês passado,
13 anos de atividades. Cara, mais de uma década! Na realidade, foram quase uma
década e meia, dedicando parte da minha vida para esse espaço que você está
visitando agora e quem sabe, até mesmo seguindo.
Parei também para pensar nas pedradas que lei da vida
nestes mais de dez anos, algumas dessas pedradas vieram fortes e quase me
levaram a desistir do blog. Rememorei também as dificuldades que surgiram ao
longo dos anos em conciliar o meu trabalho que é o meu ganha pão e que exige
muito de mim - inclusive engolindo muitos de meus finais de semana - com o meu
tempo livre dedicado ao blog e a leitura. Confesso que cheguei a pensar em
abandonar o blog e me dedicar somente para as minhas leituras, muitas delas
atrasadas. Mas então... quando as pedradas se vão, chega a aragem e uma aragem
tão gostosa que afugenta todas essas dúvidas e negatividade envolvendo “blog
versus tempo disponível em minha vida”.
Esta aragem me diz que se parar com o blog estarei
jogando no lixo 13 anos de parte da minha vida, uma pequena parte, mas que
trouxe momentos de muita alegria. Parte dessa alegria se resume às interações
que mantive com vários seguidores que renderam bate-papos gostosos e as
amizades que fiz com alguns desses seguidores; algumas dessas amizades,
inclusive, mantenho até hoje.
Acredito que muitos blogueiros literários estão
enfrentando, nesse instante, a mesma crise que bateu em minha porta há algum
tempo, talvez levando pedradas piores do que as minhas. Estas pedradas podem
ser o pequeno número de seguidores, a falta de tempo, um revés inesperado em
sua vida, uma crítica dura ao seu blog; podem ser tantas situações, né?
O que será que eu posso dizer para você que enfrenta
uma dessas situações ou algumas delas ou todas elas ou então, situações
parecidas com essas? A resposta é simples: pense na aragem, ou seja, nos
momentos felizes que o seu blog lhe trouxe. Tá difícil? Ok. Imagine, então, o
quanto o seu blog é importante para alguns de seus seguidores. E pode ter
certeza que independentemente do número desses seguidores, ele é muito
importante! Podem ser poucos, mas esses poucos, a partir do instante que eles
passaram a lhe seguir, eles passaram também a aguardar com expectativa as suas
postagens.
Vou tomar eu, José Antônio, como exemplo. Vamos lá.
Logo nos primórdios do “Livros e Opinião” eu comecei a seguir dois blogs que eu
amava. Eles não tinham muitos seguidores, poucos até; mas eu, simplesmente
amava. Ficava aguardando todas as semanas, as postagens de seus blogueiros com
as quais eu tanto me identificava. “Clique Neurótico” e “Gato Smucky” eram os
nomes dessas páginas. Quando soube que elas foram removidas pela Joelma e pelo
Augusto, respectivamente; fiquei triste porque era um grande fá desses sítios
literários na internet.
Pelo que vi em suas páginas no Instagram e no Youtube,
me parece que a Joelma se formou neurociências e o Augusto se tornou ator.
Tenho um contato maior com o Augusto e já vi vários de seus trabalhos como
ator, diretor ou produtor; achei fantásticos, mas... tanto o seu blog quanto o
da Joelma estão fazendo muita falta. E se estão fazendo falta para mim, certamente,
também estão fazendo falta para outros leitores.
Se esses argumentos ainda não convenceram os
blogueiros que estão desanimados com o pequeno número de seguidores, faça o
seguinte: acesse o “Livros e Opinião” e dê uma olhadinha do número de
seguidores da página. Viu lá? 526. Isso mesmo, 526 seguidores em 13 anos de
atividades. Tudo bem que na fanpage do blog no Facebook o número seja maior,
mas na página direta, não chegam a 550 seguidores. Entonce... mas eu acredito
que muitas dessas 526 pessoas tem o hábito de ler as minhas postagens.
Vamos agora para a “pedrada da falta de tempo”. Não
querendo ser egocêntrico – longe disso – mas tomando a mim, novamente, como
exemplo. Sou jornalista e o nicho dessa profissão é muito estressante; aliás,
tenho o hábito de dizer que no momento em que entro na sala de redação ou
edição em meu trabalho, o estresse também entra junto comigo com as mãos em
meus ombros dizendo: “amigo, cá estamos nós outra vez para enfrentarmos as
‘amadas’ discussões de pautas, tempo de fechamento de matérias, pressões
políticas, divergências de ideologias e pressão dos patrões”. Quem é
jornalista, principalmente em cidades pequenas ou médias, sabe o que é tudo
isso.
Lulu vive me dizendo que a minha Síndrome do Intestino
Irritável que me premiou com ansiolíticos, os quais nunca havia tomado em minha
vida, tem como causa o estresse e a correria em meu trabalho.
Mas mesmo com toda essa agitação e falta de tempo
nunca desisti do blog, revelo que cheguei perto disso, mas não desisti.
Quanto aos momentos difíceis, foram muitos: a doença e
consequentemente o falecimento de meu pai, o saudoso ‘Kid Tourão’ que foi assunto
em tantos posts publicados aqui; batalhas judiciais; problemas de saúde
envolvendo pessoas queridas e amadas; ufaaa! Muitas pedras rolaram; também
cheguei perto de parar; mas... estou aqui.
No que diz respeito ao tempo curto para as minhas
leituras, encontrei uma maneira de resolver o problema, criando certos hábitos os
quais procuro seguir, algo do tipo: preparo as minhas postagens nas
terças-feiras a noite e aos sábados de manhã, e procuro ler os meus livros nos
outros dias da semana durante a noite e nos domingos à tarde. Resumindo: é tudo
uma questão de jeito.
Mas nada, absolutamente nada, supera as aragens
proporcionadas pelo “Livros e Opinião” ao longo desses 13 anos. Se eu tivesse
desistido, com certeza, hoje eu estaria muito arrependido.
Agradeço também a Lulu que está nessa luta comigo
desde o início do blog, em 2011; se não participando diretamente da página, mas
apoiando o que eu faço. Assim, você que
é blogueiro literário e está pensando em desistir de seu blog, descubra alguém
importante para ficar ao seu lado (brincadeirinha).
Valeu galera!
Muita força para mim e também muita força para todos
os blogueiros literários que estão passando por uma crise semelhante a que
passei.
03 abril 2024
“Filho de peixe, peixinho é”: Cinco pais e filhos escritores talentosos
Conhecem aquele ditado popular: “Filho de peixe,
peixinho é”? Entonce, acho que esse ditado nunca serviu tão bem quanto na
relação “escritor pai-escritor filho”. Vocês já pararam para pensar quantos
filhos de escritores famosos resolveram seguir os passos do pai? Galera, são
muitos.
Na postagem de hoje, selecionei alguns escritores que
seguiram a mesma profissão de seus pais e ficaram tão conhecidos com o eles.
Vamos nessa.
01
– Alexandre Dumas e Alexandre Dumas Filho
Muitos leitores acreditam que existe apenas um
Alexandre Dumas, mas não. Na realidade existem dois: pai e filho. Isso mesmo,
Dumas é um sobrenome dividido entre dois escritores. Alexandre Dumas foi o responsável
por obras como O Conde de Monte Cristo
e Os Três Mosqueteiros.
Alexandre Dumas Filho, inspirado pela carreira do pai,
escreveu um verdadeiro clássico da literatura chamado A Dama das Camélias. O curioso é que ele era filho ilegítimo de
Dumas com uma costureira e, por isso, o autor tirou a criança da guarda da
mãe.
02
– Stephen King e Joe Hill
Joe Hill poderia ter seguido qualquer outra profissão
mas preferiu trilhar os caminhos do pai famoso. Nasceu no dia 3 de junho de
1972 e já tem uma carreira literária bem sólida, podemos dizer.
Logo de cara faturou um Bram Stoker Award de Melhor
Coletânea de Ficção e o British Fantasy Award pela obra Fantasmas do Século XX,
de 2005, simplesmente na sua obra de estreia.
Esses foram apenas os dois primeiros prêmios de Joe
Hill, que tem ainda um Bram Stoker Award de Melhor Primeiro Romance (por A Estrada da Noite, de 2007), dois
British Fantasy Awards como Melhor Revista em Quadrinhos ou Graphic Novel (por Locke & Key, em 2009 e 2012) e um
Eisner Awards, como Melhor Escritor de HQs (2011).
Lembrando que Stephen King tem um outro filho que
também decidiu ser escritor: Owen Philip King. Ah! A mulher, Tabitha também
escreve. Já imaginaram uma família com quatro escritores?! Pois é,
apresento-lhes a “Família King”.
03
– Érico Verissimo e Luís Fernando Verissimo
Erico Verissimo, autor da icônica obra O Tempo e o Vento é um dos escritores
brasileiros mais consagrados. Seu filho, Luís Fernando Verissimo não fica atrás
e pode ser considerado um verdadeiro “monstro sagrado” da literatura brasileira,
autor de romances consagrados, e dono das melhores crônicas do país.
Em 1981, o seu livro O Analista de Bagé, lançado na Feira do Livro de Porto Alegre,
esgotou sua primeira edição em dois dias, tornando-se fenômeno de vendas em
todo o país.
Em toda a década de 1980, Verissimo consolidou-se como
um fenômeno de popularidade raro entre escritores brasileiros, mantendo colunas
semanais em vários jornais e lançando pelo menos um livro por ano, sempre nas
listas dos mais vendidos, além de escrever para programas de humor da TV Globo.
04
- G. Wells e Anthony West
G. Wells é o célebre autor de A Guerra dos Mundos, livro de 1898 que fez milhares de pessoas
acreditarem que a Terra estava sendo invadida por alienígenas, ao ouvir uma
transmissão de rádio, em 1938. Não eram marcianos e sim, a divulgação do filme
que adaptou o livro.
O que poucos sabem é que o filho, Anthony West,
inspirado pelo pai talentoso e um dos mestres da ficção científica, também foi
escritor e a propósito, muito elogiado pela crítica de sua época. Ele escreveu
romances, ensaios e obras de não-ficção, e revisou livros para a The New Yorker
da década de 1950 até o final da década de 1970. West ganhou ainda o Prêmio
Houghton Mifflin por seu romance The
Vintage publicado em 1949.
05
– Carlos Nejar e Fabrício Carpinejar
Carlos Nejar é um dos principais poetas brasileiros,
membro imortal da Academia Brasileira de Letras. Ele deixou obras ricas de
vocabulário, como Sélesis. Nelas presenciamos o uso de aliterações, que
proporcionam uma musicalidade aos versos, construídas belamente pelo autor.
O filho do autor, o irreverente Fabrício Carpinejar, é
um dos principais escritores da literatura contemporânea, o qual aborda em seus
livros temas recorrentes ao cotidiano. E ainda, no livro, Um Terno de Pássaros ao Sul, Carpinejar faz o que a crítica
considera uma versão do clássico “Carta ao Pai,
de Kafka.
Por hoje é só. Valeu galera!
30 março 2024
Oito filmes que ficaram muito mais conhecidos do que os livros. Ambos, excelentes
É muito raro, eu sei; mas algumas vezes determinados
filmes conseguem dar o balão em um livro. São poucos, mas conseguem. Quando escrevo
“dar o balão” estou querendo ‘dizer’ que a produção cinematográfica ficou muito
melhor do que o enredo literário que lhe serviu de base. Por outro lado, também
pode acontecer do livro ser tão bom quanto o filme ou até melhor, mas devido ao
grande sucesso do filme, a obra escrita acaba ficando ofuscada. Tenho alguns
amigos que enaltecem várias produções cinematográficas sem saber que elas foram
baseadas em excelentes livros que apesar de excelentes acabam ficando “meio
que” no esquecimento.
No post de hoje, pretendo fazer justiça a essas obras
literárias que “pariram” filmes muito bons, mas que infelizmente passaram despercebidas
por causa do sucesso estrondoso dos seus “filhos”.
01
– Forrest Gump – O Contador de Histórias (1994)
Livro:
Forrest Gump (Winston Groom)
Tenho certeza de que a maioria dos seguidores do
“Livros e Opinião” não leram Forrest Gump
de Winston Groom, mas em contrapartida assistiram ao filme de Robert Zemeckis.
A premiada e elogiada adaptação cinematográfica conquistou seis prêmios Oscar
incluindo o de “Melhor Filme” e “melhor Ator” para Tom Hanks.
Depois do estrondoso sucesso do filme de Zemeckis, o
livro de Groom não parou mais nas prateleiras das livrarias e chegou a vender
mais de 1,7 milhões de cópias em todo o mundo.
Uma curiosidade é que o personagem das telonas é muito
diferente do Forrest das páginas. Explico melhor nesta postagem aqui.
02
– Rambo – Programado para Matar (1982)
Livro:
Primeiro Sangue (David Morrell)
Apesar do livro de David Morrell ter dado origem a uma
das sagas de ação mais icônicas dos cinemas, ele foi ignorado pela maioria dos
cinéfilos e até mesmo para os leitores que se tornaram fãs incondicionais do
ex-combatente do Vietnã, John Rambo.
O filme de Sylvester Stallone só veio dez anos após a
publicação de Primeiro Sangue. O
livro só faria o sucesso merecido após o lançamento do terceiro filme da série:
“Rambo III (1988). Devido a ótima aceitação dos dois primeiros filmes – “Rambo:
Programado para Matar” e “Rambo II: A Missão” – somado a expectativa do
lançamento do terceiro da saga, a editora Nova Cultural decidiu embarcar na
onda e relançar a obra de Morrell mudando o seu título original de Primeiro Sangue para Rambo.
O livro lançado junto com o terceiro filme fez parte
da coleção Campeões de Bilheteria e
vendeu “horrores” o que não tinha acontecido na época de sua publicação
original em 1972.
03
– Trainspotting (1996)
Livro:
Trainspotting (Irvine Welsh)
Taí outro filme que serviu como trampolim para o livro
do qual foi adaptado. E diga-se, um excelente livro à exemplo do filme. A
produção cinematográfica que explora a história de um grupo de viciados veio
três anos depois do lançamento do livro de Irvine Welsh e conquistou as telas
do planeta.
O filme fez tanto sucesso que provocou uma verdadeira
avalanche de leitores e também cinéfilos nas livrarias a procura da obra
literária que havia servido de base para a produção nos cinemas.
O próprio autor Irvine Welsh não tem nenhuma vergonha
em afirmar que o filme catapultou as vendas de seu livro. “Eu gosto mesmo do
filme. Não só porque me encheu de dinheiro”, afirma o autor em seu site.
04
– Assédio Sexual (1994)
Livro:
Revelação (Michael Crichton)
O filme dirigido por Barry Levinson foi lançado praticamente na mesma época do livro de Michael Crichton. Por causa da temática polêmica para aquela época – aliás, continua polêmica nos tempos atuais – somado a enorme campanha publicitária de divulgação do filme e por fim, aos nomes de Michael Douglas e Demi Moore, naquela época, considerada um dos símbolos sexuais dos cinemas, o filme de Levinson bombou nos cinemas.
As chamadas e cartazes do filme que mostravam os dois personagens principais em cenas e poses provocativas e que os mais puritanos achavam apelativas só serviram para despertar ainda mais o interesse dos cinéfilos. Não posso me esquecer também que Demi Moore trazia em sua bagagem o mega sucesso “Ghost, do Outro Lado da Vida” (1990) onde ela contracenou com Patrick Swayze, além de um outro filme com um tema muito polêmico chamado "Proposta Indecente” (1993).
Todos esses fatores transformaram “Assédio Sexual” num verdadeiro
vulcão em ponto de ebulição. Todo mundo queria assistir a “Demi Moore seduzindo
o Michael Douglas”, fugindo daquela linha de assédio dos anos 80 e 90, onde
geralmente as maiores vítimas eram as mulheres e não os homens. Esta hecatombe
de detalhes acabou desviando o interesse da galera para o filme, deixando Revelação num segundo plano.
05
– Um Estranho Ninho (1975)
Livro:
Um Estranho no Ninho (Ken Kesey)
Imagine um filme que custou cerca de três milhões e
faturou mais de cem. Pois é, “Um Estranho no Ninho” conseguiu essa proeza. A
produção cinematográfica nos mostra diversos personagens em conflitos presos num
hospital psiquiátrico onde a esperança de dias melhores se perdem nos métodos
distantes, frios e com a falta de sensibilidade de quem deveria acreditar num
melhor desenvolvimento dos tratamento que executam. Baseado no livro homônimo
escrito por Ken Kesey e dirigido pelo cineasta tcheco Milos Forman, o
longa-metragem venceu cinco Oscars, inclusive todos das categorias principais.
Na trama, conhecemos R.P. McMurphy (Jack Nicholson),
um criminoso de 38 anos de idade chegando em uma clínica psiquiátrica para ser
analisado se é um doente mental ou não. Aos poucos, o protagonista começa a
quebrar as regras e as rotinas do lugar, se aproxima de outros pacientes
colocando forte influência e novas ideias do viver ali, fato que o leva a um
confronto com a cruel enfermeira Ratched, vivida brilhantemente por Louise Fletcher.
O filme que só foi adaptado 13 anos depois da
publicação do livro de Kesey é mais um exemplo de uma produção de cinema que
acabou ofuscando um excelente livro que serviu de base para a sua adaptação.
06
– A Primeira Noite de um Homem (1967)
Livro:
A Primeira Noite de um Homem (Charles Webb).
O livro que chegou ao Brasil em 1963 através da
editora Eldorado só foi descoberto pelos leitores tupiniquins depois do
lançamento do filme “A Primeira Noite de um Homem” (1967) com Dustin Hoffman e
Anne Bancroft, considerada um ícone de beleza e sensualidade nos anos 1960.
O filme que conquistou o prêmio Oscar de “Melhor
Direção” também consagrou a dupla Simon e Garfunkel que ficou responsável pela
maravilhosa trilha sonora ou será que vocês não se lembram da icônica “Mr.
Robinson”?
Livro e filme abordam a saga do jovem Benjamim que é
seduzido pela quarentona Miss Robinson, esposa do sócio de seu pai. A ligação
que nasceu entre os dois acaba mergulhando o jovem em confusão, dando a
impressão de que nunca mais conseguirá se livrar daquela crise de incerteza e
perplexidade, tocada de sensualidade e de equívocos. A coisa se complica quando
ele conhece a filha da amante e se apaixona.
O sucesso do filme fez com que a obra literária de
Webb voltasse a vender bastante o que não aconteceu na época de sua publicação
em 1963.
07
– Dança com Lobos (1990)
Livro:
Dança com Lobos (Michael Blake)
O filmaço de 1990 dirigido e estrelado por Kevin
Costner papou sete Oscars das 12 categorias nas quais foi indicado. “Dança com
Lobos” levou os prêmios de Melhor Filme, Melhor Diretor (Kevin Costner), Melhor
Fotografia, Melhor Montagem, Melhor Trilha Sonora (John Barry), Melhores
Efeitos Sonoros e adivinhem... Melhor Roteiro Adaptado.
O livro foi escrito por Michael Blake em 1988 e
publicado no mesmo ano no Brasil pela editora Rocco. O romance chegou por aqui
sem muito alarde e passou quase despercebido, só despertando o interesse dos
leitores, dois anos depois graças ao tremendo sucesso do filme. Uma pena porque
aqueles que leram o livro adoraram e o acharam tão interessante quanto a
produção dos cinemas.
Tanto livro quanto filme contam a história de John
Dunbar, um oficial de cavalaria que se destaca como herói na Guerra Civil
Americana e, por isto, recebe o privilégio de escolher onde quer servir. Ele
escolhe um posto longínquo e solitário, na fronteira. Ali estabelece amizade
com um grupo de índios Sioux - Lakota, sacrificando a sua carreira e os laços
com o exército estadunidense em favor da sua ligação com este povo, que o
adota.
08
– Duro de Matar (1988)
Livro:
Duro de Matar (1979)
Pode parecer mentira mas não é: “Duro de Matar” com
Bruce Willis, um dos filmes de ação mais cultuados de Hollywood, foi baseado
num livro. A obra literária que chamou a
atenção dos roteiristas foi a história de Roderick Thorp, de 1979, Nothing Lasts Forever que na época de
sua publicação não chegou a ter uma edição brasileira. Isso só foi acontecer
depois do lançamento da produção com Bruce Willis que fez tanto sucesso no
Brasil que levou a editora Record a relançar o livro de Thorp aqui na terrinha,
mas com a capa e o nome do filme (confira a resenha do livro aqui).
É importante frisar que o livro é uma sequência do
trabalho anterior de Thorp, The detective
(1966), que acompanha o detetive novaiorquino Joe Leland, contratado por uma femme
fatale e envolvido numa teia de mentiras.
The
detective também foi adaptado para o cinema: "A lei é para
todos" (1968), de Gordon Douglas, teve Frank Sinatra no papel principal.
A ideia para fazer uma sequência com o mesmo
personagem veio a Thorp enquanto ele assistia a "Inferno na torre"
(1974), filme de John Guillermin sobre um arranha-céus em chamas estrelado por
Paul Newman e Steve McQueen. Segundo a lenda, Thorp cochilou no cinema e sonhou
com o seu Joe Leland sendo perseguido em um arranha-céus por bandidos armados.
Pronto, nascia assim o enredo do livro que deu origem a um dos maiores
blockbusters dos cinemas nas últimas décadas.