28 novembro 2024
Cinco livros de terror que revolucionaram os anos 70 e por isso continuam sendo lembrados e respeitados até hoje
Existem livros que tem o poder de conquistar leitores
geração após geração; podem passar décadas e até mesmo séculos, mesmo assim,
eles continuam sendo lembrados e respeitados. Livros que causaram um verdadeiro
“auê” na época de seus lançamentos chegando a mudar até mesmo a rotina de vida
de seus leitores, ou será que você nunca ouviu comentários de pessoas que evitaram
ler ou assistir ao Exorcista após saberem
que vários leitores e cinéfilos passaram mal ao ter contato com o livro ou o
filme? Ou ainda, evitaram frequentar praias após terem lido Tubarão de Peter Benchley e assistido ao
filme de Steven Spielberg?
Como escrevi acima, livros que revolucionaram as suas
épocas e continuam sendo procurados pelos leitores contemporâneos. O post de
hoje é uma homenagem para essas obras. Selecionei cinco livros de terror que
ganharam o status de antológicos nos anos 70 e continuam com fôlego para manter
esse status até os tempos atuais. Bora conferir?
01
– O Exorcista (William Peter Blatty)
Imagine só se eu eu não iria abrir a nossa lista com
essa obra literária considerada um verdadeiro cânone do terror. Impossível, né
galera? O livro de William Peter Blatty mudou
a cultura pop para sempre e deu origem ao maior filme de terror do século XX.
Quatro décadas após chocar o mundo inteiro, a obra-prima do escritor permanece
uma metáfora moderna do combate entre o sagrado e o profano, em um dos romances
mais macabros já escritos.
O
Exorcista foi escrito em 1971 e narra a perturbadora história
de Chris MacNeil, uma atriz que sofre com inesperadas mudanças no comportamento
da filha de 11 anos, Regan. Quando todos os esforços da ciência para descobrir
o que há de errado com a menina falham e uma personalidade demoníaca parece vir
à tona, Chris busca a ajuda da Igreja para tentar livrar a filha do que parece
ser um raro caso de possessão. Cabe a Damien Karras, um padre da universidade
de Georgetown, salvar a alma de Regan e ao mesmo tempo tentar restabelecer a
própria fé, abalada desde a morte da mãe.
Neste livro, Blatty conseguiu dar ao demônio a sua
face mais revoltante: a corrupção de uma alma inocente. A menina Regan é, ao
mesmo tempo, o mal e sua vítima.
Mas por incrível que pareça considerei o início do
livro, que mostra o desespero dos médicos em tentar encontrar uma explicação
para a doença incomum que se apossou de Regan, bem mais assustador do que a
parte em que o demônio dá as caras. Quanto mais Regan vai se transformando,
menos a ciência vai encontrando respostas para o seu problema. O desconhecido
sempre nos assusta, pois gera incerteza e coloca em xeque as nossas convicções.
William Peter Blatty nos mostra isso com perfeição no início de sua obra.
Um clássico do terror escrito há mais de 50 anos e que
se mantém atual como somente os grandes nomes do gênero poderiam criar.
02
– Horror em Amityville (Jay Anson)
Muita gente não sabe, mas Horror em Amityville, além de ser um filme de sucesso com sete
sequências (e um remake em 2005 com suas próprias continuações) é, antes de
tudo, uma obra literária. Escrita pelo autor norte-americano Jay Anson e
lançada em 1977, ela traz uma história fantástica. Grande parte do sucesso da
obra deve-se, em parte, pelo seu enredo ter sido baseado num caso real. Este clássico do gênero terror retrata os
horrores vividos por uma família que passa a morar em uma antiga mansão, que
havia sido palco de brutais assassinatos. Depois de se mudarem para a casa,
eventos sobrenaturais começam a ocorrer na presença dos residentes, conduzindo
à conclusão de que uma força espectral demoníaca residia naquele lugar.
Horror
em Amityville perturba o leitor. Os fatos vividos por
George e Kathleen Lutz, juntamente com os seus três filhos, além do padre Frank
Mancuso são por demais assustadores.
Anson narra como foram as quatro semanas dos Lutz na
casa em Amityville. Alguns fatos são bem impressionantes, principalmente se
você optar por ler a obra durante a madrugada, sozinho em sua casa, como eu
fiz. Cara... o bicho pega.
O enredo tem muitos sustos? Demônios ou monstros se
materializando? Não. Não tem. Então, porque o livro assusta tanto? Tudo se
resume à casa. Isto mesmo, à exemplo do Hotel Overlook de O Iluminado, a casa de Amityville desempenha um papel humano
enorme, como se tivesse vontade própria. Brrrrrrrrrrrr.....
O livro de Anson estourou em vendas na década de 70 e
se tornou uma verdadeira ‘febre’ e ainda hoje continua sendo muito lembrado
pelos leitores.
03
– O bebê de Rosemary (Ira Levin)
O terror psicológico criado por Ira Levin em seu livro
O Bebê de Rosemary é de arrepiar os
cabelos. Mais um livro que causa aflição no leitor deixando-o angustiado. A
obra vendeu horrores na época de seu lançamento em 1967. Muito elogiado, não
haveria outro caminho a seguir, senão a sua adaptação cinematográfica.
No enredo de Levin, os recém-casados Rosemary e Guy
Woodhouse alugam um apartamento em um antigo prédio de Nova Iorque e organizam
suas vidas com a pequena ajuda dos vizinhos Minnie e Roman Castevet. Guy é ator
e luta por um papel de destaque, enquanto Rosemary decora com ar mais alegre o
apartamento onde anteriormente foi cometido um crime. Guy consegue um papel
graças a um acidente com o ator titular e, logo depois, Rosemary tem um
pesadelo no qual é possuída pelo demônio. Passado algum tempo, Rosemary
descobre que está grávida e é tratada por Minnie e o médico dela, Dr.
Sapirstein com vitaminas especiais. Fatos estranhos levam Rosemary a desconfiar
que todas estas pessoas estão envolvidas com magia negra, começando a suspeitar
que o marido, um ator que, literalmente, venderia a alma ao diabo para
conquistar o sucesso, mantém ligações perigosas com vizinhos praticantes de
bruxaria, que desejam possuir o filho dela que vai nascer.
O final do livro arrepia. Afffffff!!
04
– A Casa Infernal (Richard Matheson)
Assisti ao filme “A Casa da Noite Eterna” (1973) há
muitos anos, acho que na minha adolescência, e me lembro que “me borrei”
inteirinho. O filme me impactou. A produção cinematográfica com Roddy McDowall,
Pamela Franklin e Clive Revill é considerada pela crítica especializada como
uma verdadeira obra prima do cinema de terror e o melhor filme de todos os
tempos com a temática “casa mal-assombrada”.
Anos depois, já balzaquiano acabei descobrindo que o
filme foi baseado numa obra de Richard Matheson chamada A Casa Infernal publicada em 1971. O livro à exemplo do filme
também foi exaltado pela crítica, além de ter se transformado num fenômeno
literário. A multidão de pessoas que havia assistido ao filme queria também
conhecer o enredo que deu origem a produção cinematográfica.
A história gira em torno de uma mansão mal assombrada
pelo fantasma de seu antigo dono. O sanguinário Emeric Belasco. Se as casas mal
assombradas fossem montanhas, a “Mansão Belasco”, como ficou conhecida, seria
considerada o Monte Everest das casas mal assombradas.
Convocados por um milionário que, à beira da morte,
quer respostas sobre o que o espera no além, quatro membros de uma equipe
investigativa rumam para a diabólica mansão, dispostos a desvendar seus
mistérios e derrotar, de uma vez por todas, as presenças malignas que assombram
o local. No entanto, como descobrem da maneira mais chocante possível, é
preciso mais do que coragem para encarar um mal tão antigo e potente.
05
– Tubarão (Peter Benchley)
O livro Tubarão (ver resenha aqui e também aqui) de Peter Benchley provocou uma verdadeira revolução no meio literário; e como
não bastasse, revolucionou também o meio cinematográfico. Milhares de pessoas
após terem lido o livro ou assistido ao filme de Steven Spielberg, baseado na
obra, se recusavam veementemente a frequentar qualquer praia por mais tranquila
que fosse, temendo ser atacadas por um tubarão branco.
Alguns críticos enquadram a obra de Benchley no gênero
aventura, outros no gênero terror. Não importa, independentemente desse ou
daquele gênero, o livro pode ser considerado um verdadeiro fenômeno literário.
A história se passa em Amity, um balneário ficcional
situado em Long Island, Nova York. Quando o corpo de uma turista é encontrado
na praia, o chefe de polícia Martin Brody ordena o fechamento das praias da
região. O prefeito Larry Vaughan, porém, mais preocupado com o dinheiro dos
veranistas, consegue abafar a notícia e libera o banho de mar na cidade. O
banquete está servido.
Taí galera, espero
que se divirtam e também se arrepiem... de medo, com essas cinco indicações.
24 novembro 2024
“1808”, “1822” e “1889”, uma trilogia que me convenceu esquecer a situação agonizante do meu cartão
“Leitor de carteirinha”, “devorador de livros”, “rato
de biblioteca”, só mesmo quem se enquadra em qualquer uma dessas categorias –
assim como eu – sabe como é difícil para um leitor contumaz segurar a onda
quando vê uma promoção literária imperdível em qualquer um desses sites da
vida, quase sempre na Amazon.
O leitor pode estar com o cartão estourado; com a
lista de leituras exageradamente atrasada; se for blogueiro piorou, porque além
das resenhas empacadas pode estar,
também, com as leituras empacadas. Mas quando a leitura está no sangue nenhum
desses “problemas” importam, o que interessa no exato momento em que você bate
os olhos na “danada” da promoçao é o que o seu coração está sentindo; esqueça a
razão. E o que o seu coração quase sempre diz é mais ou menos isso: “Eu tenho
que comprar esses livros de qualquer maneira!!!!”. Resultado: mais um soco na
boca do estômago do seu cartão de crédito que já está lutando pela vida na UTI;
além da visita de mais um livro em sua “sala” de leitura entupida até o limite
dos limites.
Foi o que aconteceu comigo ao ver o box Família Real no Brasil em promoção na
Amazon. Veja só que tentação e depois confessa se você seria capaz de resistir.
Vamos lá: cada livro da trilogia escrita pelo jornalista Laurentino Gomes, vendido
separadamente, custa em média R$ 57,00 (1808
– R$ 57,39, 1822 – R$ 54,75 e 1889 – 56,37) já com preços
promocionais. A promoção a qual acabei me sucumbindo mostrava na tela do meu
notebook um box maravilhosamente trabalhado em alto relevo por R$ 135,92. Juro
que ainda tentei resistir, principalmente após se lembrar do sofrimento do meu
cartão que se encontrava em situação agonizante na UTI, sobrevivendo somente
com a ajuda de aparelhos; mas... a senhora Amazon não estava para brincadeiras
naquele dia e resolveu esticar ainda mais a corda oferecendo frete grátis (uma
das políticas do Portal é oferecer frete grátis nas compras acima de R$ 100,00
para produtos elegíveis). Ok, foi tremendamente difícil, mas ainda consegui
segurar o tranco, pois novamente bateu na memória a situação agonizante do meu
combalido cartão, já nas últimas na UTI, mas aí, a Srª Amazon decidiu dar o
golpe de misericórdia me entregando de bandeja um cupom de desconto no valor de
R$ 20,00!
Foi assim que acabei traindo o meu querido cartão de
crédito. Espero que ele sobreviva, mas com certeza, nunca mais irá me perdoar
por essa traição. Culpa da Srª Amazon.
Resumindo: com o desconto de R$ 30,90, o box Família Real no Brasil acabou saindo por
R$ 115,92. Vamos supor que eu não tivesse sido presenteado com o cupom de R$
20,00 e ainda arcasse com o valor do frete, o total da compra seria, então, de
R$ 146,82.
Por tudo isso acredito que fiz um excelente negócio.
Acho que serei perdoado pelo meu cartão (rs).
Os três livros escritos por Laurentino Gomes estão
recebendo rasgados elogios da crítica especializada e também dos leitores em
geral. Todos são unânimes em afirmar que a obra é uma forma de aprender um
pouco mais sobre a história do nosso País de uma maneira fluida e divertida, bem
longe daquela narrativa técnica e cansativa ministrada na maioria das escolas.
A prova de que essa trilogia se tornou um verdadeiro
fenômeno literário foram os três “Jabutis” faturados pelo autor - considerado um dos prêmios mais
importantes da literatura brasileira. O que estou querendo “dizer” é que todos
os livros da trilogia foram premiados.
O motivo da boa aceitação entre os leitores,
Laurentino atribui à maneira como conta os fatos, seguindo o modelo das grandes
reportagens. 1808 narra a chegada da
corte portuguesa ao Brasil; 1822,
explora os fatos e as curiosidades que culminaram com a independência do Brasil
e 1889 aborda a proclamação da
República.
Agora, é só ler a trilogia e aprender um pouco mais
sobre história do Brasil, mas aprender de uma maneira leve e divertida.
21 novembro 2024
O segredo da empregada
Millie é fodástica. E neste segundo volume da
trilogia, ela provou ser mais fodástica ainda porque orquestrou uma vingança
perfeita, posso dizer um verdadeiro supra-sumo das vinganças (rs). Millie se
vingou por outras mãos, ou seja, utilizou um anjo vingador para cumprir a sua
missão.
Confesso que me empolguei com a leitura de O Segredo da empregada, mais do que o
primeiro volume A empregada. Agora,
vemos uma Millie mais segura e confiante, enfim, uma personagem mais amadurecida.
Este amadurecimento não impede que ela continue tomando as dores de mulheres
que são abusadas fisicamente ou psicologicamente pelos seus maridos. Nessas
horas, ela ‘despe’ a sua aura de uma faxineira humilde e ‘veste’ a sua verdadeira
personalidade: uma ex-presidiária condenada por um homicídio por ter defendido
uma amiga que estava prestes a ser estuprada. Ela é sagaz, esperta, inteligente
e muito carismática. Não há como os leitores deixarem de se simpatizarem com
essa garota.
Neste segundo volume, Millie está desempregada e começando
a ficar sem dinheiro. Ela começa a sentir na pele como é difícil para uma mulher
que já esteve presa, condenada por homicídio, conseguir um emprego. Quando o
desespero começa a bater na porta, ela mal consegue acreditar no momento em que
um milionário chamado Douglas Garrick a contrata.
Após alguns dias, ela começa a desconfiar que algo
está muito errado naquela cobertura que mais se parece com uma mansão: Wendy, a
esposa do Sr. Gasrrick nunca sai do quarto. Na verdade, ela e Millie nunca
foram sequer apresentadas.
Certo dia, ao colocar a roupa para lavar, Millie nota
manchas de sangue em uma camisola – e não é a primeira vez. Ela decide, então,
descobrir o que está acontecendo. Quando finalmente descobre, ela chega à
conclusão de que alguém precisa pagar um preço caro pelo o que está fazendo.
A narrativa de Freida McFadden, a exemplo de A empregada, continua fluida fazendo com
que os leitores devorem as páginas. O estilo, também segue o mesmo, com a
autora dividindo o enredo em duas narrativas, ambas em primeira pessoa. Millie
narra a primeira parte, enquanto um outro personagem narra a segunda. Antes,
temos um prólogo que ocupa pouco mais de uma página, mas com o poder de aguçar
a curiosidade dos leitores. O mistério que esse prólogo apresenta será
esclarecido apenas nas páginas finais do romance.
Juro que enquanto lia o livro tentava de todas as
maneiras descobrir qual era o plot twist que MCFadden havia reservado para os
seus leitores. Criei as mais tresloucadas hipóteses. Teve um
momento, durante a narrativa de Millie, que pensei ter certeza do que iria
acontecer e então me decepcionei porque parecia algo muito obvio. “Entonce”... vem
a segunda parte narrada por um outro personagem e o “tonto” aqui leva um tapa
na cara e fica abestalhado. Cara, não esperava por aquele plot twist, verdade.
Na parte 4 da história, já perto da vingança de
Millie, os leitores levam mais uma lapada, tão dolorida quanto a primeira. Um plot
do tipo: - Caráculas! Por essa eu jamais esperava”!
Atribuo o sucesso de O Segredo da Empregada, principalmente, a essas duas reviravoltas
na trama. Dois plot twists incríveis, tão bons ou até melhores do que aqueles
que a autora mostrou em primeiro livro da saga.
Uma leitura que certamente fará com que você adquira
sem preâmbulos o último livro da trilogia: A
empregada está de olho.
17 novembro 2024
10 livros vencedores do Prêmio Jabuti, ao longo dos anos, que não podem faltar em sua estante
O Jabuti pode ser considerado um dos prêmios mais importantes da literatura brasileira, para não falar “o mais importante”. Acredito que o maior diferencial do Prêmio Jabuti, em comparação com outros prêmios, é sua abrangência: além de valorizar os escritores, ele destaca a qualidade do trabalho de todos os profissionais envolvidos na criação e produção de um livro.
O prêmio é tão cobiçado que anualmente, editoras dos
mais diversos segmentos e uma infinidade de escritores independentes de todo o
Brasil inscrevem suas obras na esperança de receber a almejada estatueta e o
reconhecimento que ela proporciona. Receber o Prêmio Jabuti é um desejo
acalentado por aqueles que veem o livro como um instrumento essencial para a
disseminação da cultura.
Neste ano, os escritores, aqui da terrinha, que
venceram em suas respectivas categorias estarão recebendo as estatuetas no dia
19 de novembro. Cada vencedor de categoria receberá a icônica estatueta do
Jabuti e um prêmio de R$ 5 mil, com exceção da categoria Livro Brasileiro
Publicado no Exterior. As editoras das obras vencedoras também serão agraciadas
com a estatueta.
E como estamos vivendo esse clima de premiação,
resolvi publicar essa postagem que eu acredito irá agradar aqueles leitores que
assim como eu, adoram devorar um livro nacional.
Selecionei dez obras que faturaram o Jabuti ao longo
dos anos, desde a implantação do prêmio em 1959. São obras que definitivamente
não podem faltar em suas estantes por serem boas demais; aliás, boas não;
excelentes. Vamos a elas.
01
– Por quem as panelas batem (Antônio Prata)
Vamos começar o nosso top list com o livro de Antônio
Prata que foi um dos grandes vencedores do Prêmio Jabuti de 2023 na categoria
“Crônicas”. Por quem as panelas batem
reúne crônicas publicadas pelo autor na Folha de S. Paulo entre junho de 2013 e
o final de 2021. Prata dá um mergulho na política brasileira contemporânea,
abordando desde o impeachment de Dilma Rousseff até a ascensão e influência do
bolsonarismo.
Utilizando-se de um formato que alterna entre a ironia
e a seriedade, Prata consegue, ao mesmo tempo, entreter e provocar reflexão.
Suas crônicas, por vezes humorísticas, por vezes carregadas de luto e
indignação, especialmente cobrindo os anos da pandemia, refletem a dualidade do
período.
Tomei conhecimento desse livro há poucos dias e as
opiniões positivas tanto de críticos literários quanto de leitores me
convenceram a incluir Por quem as panelas
batem em minha já extensa lista de leituras.
02
– “Rota 66 – A história da polícia que mata” (Caco Barcellos)
Considero o jornalista Caco Barcellos um dos
repórteres mais corajosos da televisão brasileira. O cara é fera. Os temas
polêmicos abordados por ele, quase sempre passam batidos por outros
profissionais por causa do perigo que envolve essas abordagens. Caco explora a
fundo esses temas e procura trazer para os seus leitores a podridão que se
esconde de baixo de uma camada linda e perfumada que é apresentada para
sociedade. Entenda essa camada como: instituições, governo e também alguns
fatos.
Rota
66 – A história da polícia que mata, livro que Barcellos escreveu em 1992
recebeu rasgados elogios dos leitores. Os críticos, então... simplesmente
babaram na obra. A partir daí, passou a ser relançado com frequência.
O livro levou sete anos para ser escrito, mas a
investigação por trás dele atravessa pelo menos duas décadas. Vencedor do
prêmio Jabuti de 1993, Rota 66 - A
história da polícia que mata é uma rigorosa investigação sobre o trabalho
da Polícia Militar de São Paulo entre as décadas de 1970 e 1990. Nele,
Barcellos denuncia a atuação irregular da Ronda Ostensiva Tobias de Aguiar
(Rota) como um verdadeiro aparelho estatal de extermínio. Um esquadrão da morte
responsável pela morte de milhares de pessoas. A maioria delas inocente. O
livro parte das origens da criação de um sistema mortal de extermínio,
demonstra seus métodos, desvenda sua consciência. Caco denuncia seus métodos de
atuação e mostra como o sistema incentiva esse tipo de ação. O livro pode,
tranquilamente, ganhar o status de emblemático e assume proporções de uma grave
denúncia social. O autor desmonta as engrenagens da Rota e o perfil de seus
principais matadores.
03
– Corpos Secos (Marcelo Ferroni, Luísa Geisler, Samir Machado e Natália Borges
Polesso)
E quem disse que brasileiro não sabe escrever romance
de ficção de científica?! Quatro escritores brasileiros provaram o contrário e
ainda foram mais além ao transformar a sua narrativa de ficção científica num
thriller psicológico. O resultado dessa ousadia literária foi o livro Corpos Secos que conquistou o Prêmio
Jabuti de 2021 na categoria “Romance”.
O livro escrito em conjunto por Marcelo Ferroni, Luísa
Geisler, Samir Machado e Natália Borges Polesso é um tiro certeiro no alvo para
os leitores que amam o gênero ficção científica temperada com muito suspense e
pitadas de ação. Um amigo leu o livro e adorou; e olha que ele não é fã de
livros nacionais. Após ver toda a sua empolgação com a obra, decidi também
incluí-la em minha lista de leituras que vocês já devem ter começado a perceber
está se tornando um calhamaço (rs).
Na história escrita a oito mãos, em um futuro próximo,
o uso abusivo de agrotóxicos no Brasil leva ao surgimento de um vírus mutante
que, além de matar os contaminados, os transforma em cadáveres ambulantes, os
“corpos secos” (a palavra “zumbi” não é usada no livro), que continuam transmitindo
a infecção. Alguns meses depois, há poucos sobreviventes. Um jovem
aparentemente imune à doença está sendo estudado por uma equipe médica e
precisa ser protegido a qualquer custo. Ainda fazem parte da narrativa, uma
dona de casa que vive em uma fazenda no interior do Brasil e se encontra
sozinha precisando reagir para sair de seu isolamento; uma criança quê vê a mãe
tentar de tudo para salvar a família e fugir do contágio; além de uma
engenheira de alimentos que percebe que seus conhecimentos técnicos talvez não
sejam suficientes para explicar o terror que assola o país. Juntos, eles vão
narrar suas jornadas, em busca do último refúgio ao sul do país.
04
– O Coronel e o Lobisomem (José Cândido de Carvalho)
A obra de José Cândido de Carvalho que faturou o
Jabuti nos primórdios do prêmio, em 1965 se tornou ao longo de décadas uma
verdadeira obra-prima da literatura brasileira.
O
Coronel e o Lobisomem é um dos livros mais importantes do
regionalismo fantástico da literatura brasileira. Publicado em 1964, o romance conta
com uma linguagem inovadora e original, usando o regionalismo e a fantasia para
abordar questões acerca do ser humano, como amizade, ambição, coragem e
loucura.
A obra narra a ascensão e queda do coronel Ponciano de
Azeredo Furtado, seguindo uma estrutura que lembra as aventuras de Dom Quixote,
repleta de episódios divertidos, referências a lendas brasileiras e resquícios
da literatura de cordel. Assim, a obra traça um retrato da sociedade brasileira
e explora situações satíricas para tecer críticas sociais.
05
– O Alienista – Edição em quadrinhos (Fábio Moon e Gabriel Bá)
Tenho certeza que nunca passou pela sua cabeça que um
dia o clássico O Alienista de Machado
de Assis poderia ser transformado numa história em quadrinhos. Pois é, mas o
surreal acabou virando realidade quando os irmãos gêmeos Fábio Moon e Gabriel
Bá tiveram essa ideia considerada tresloucada no início, mas que provou ser
genial no fim, uma verdadeira sacada de mestre. A prova disso é que a nova
versão de O Alienista foi a primeira
história em quadrinhos a receber o prestigioso Prêmio Jabuti.
A adaptação do clássico de Machado de Assis foi
lançada originalmente em 2007, pela Agir. O trabalho da dupla, fiel ao texto
original, dá cores e movimentos à história do médico Simão Bacamarte — um dos
personagens mais marcantes da literatura nacional - responsável por fundar o
hospício Casa Verde. A narrativa é célebre por questionar, afinal, quem são
realmente os “loucos” na sociedade.
06
– Uma Mulher no Escuro (Raphael Montes)
Uma
Mulher no Escuro de Raphael Montes, o mesmo autor do
fenômeno literário chamado Jantar Secreto,
conquistou o Jabuti em 2020 na categoria “Romance de Entretenimento” que havia
sido criada naquele mesmo ano.
No livro narrado em terceira pessoa, um crime brutal
cometido há vinte anos tem apenas uma única sobrevivente, cuja vida se
transforma num terror quando o assassino decide retornar para concluir a sua
“tarefa”. Em quem essa sobrevivente poderá confiar?
De acordo com a sinopse da editora Companhia das
Letras, a personagem Victoria Bravo tinha quatro anos quando um homem invadiu
sua casa e matou sua família a facadas, pichando seus rostos com tinta preta.
Única sobrevivente, ela agora é uma jovem solitária e tímida, com pesadelos
frequentes e sérias dificuldades para se relacionar. Seu refúgio é ficar em
casa e observar a vida alheia pelas janelas do apartamento onde mora, na Lapa,
Rio de Janeiro; até que... leiam o livro
07
– Torto Arado (Itamar Vieira Junior)
Além de Raphael Montes, o escritor baiano Itamar
Vieira Junior também foi um dos vencedores do Jabuti em 2020, mas na categoria “Romance
Literário”, com o seu livro Torto Arado,
que traz a resistência e ancestralidade negra como foco principal. Na época, o
autor venceu outros autores renomados como Chico Buarque, Maria Valéria
Rezende, Paulo Scott e Adriana Lisboa.
Apesar de não ter gostado do livro num todo, não posso
negar que Torto Arado foi considerado
quase numa unanimidade entre leitores e críticos que classificaram a obra de
Itamar Vieira um clássico da literatura brasileira contemporânea.
O autor narra a saga de duas irmãs intrépidas –
Bibiana e Belonísia – que vivem no interior árido da Bahia. Elas deparam-se com
uma faca ancestral e enigmática escondida na mala sob a cama da avó. Um
incidente transformador ocorre, entrelaçando irrevogavelmente seus destinos, de
modo que uma se torna a voz da outra.
O romance narra uma saga de vida e morte, de lutas e
redenção. A narrativa revela uma fusão épica e lírica, mesclando elementos
realistas e mágicos.
08
– As Meninas (Lygia Fagundes Telles)
Cá entre nós: seria a maior sacanagem se uma das
maiores escritores brasileiras fosse “rifada” da premiação do Jabuti. Graças a
Deus, essa injustiça não aconteceu. Em 1974, Lygia Fagundes Telles faturou o
prêmio com o livro As Meninas, um dos
títulos mais aclamados da autora paulistana.
Este seu terceiro romance é marcado por um caráter
subversivo e nada morno. O livro também fica entre os selecionados como leitura
obrigatória para os vestibulares em todo o território nacional nos dias atuais.
Além do Jabuti, a obra ganhou o prêmio Coelho Neto da Academia Brasileira de
Letras.
A crítica literária especializada considera o romance As Meninas um dos mais ousados já
publicados no Brasil. Alguns vão mais além e proclamam a obra como a mais
ousada de todos os tempos. O motivo é que o livro foi escrito na época da
ditadura militar, período em que a censura imposta pelos militares acabou
fazendo muitas vítimas. Um dos grandes exemplos que deixa evidente a coragem a
autora, é a ampla descrição do episódio de uma sessão de tortura e das
repressões sofridas por quem se opunha ao regime.
As
Meninas acompanha a jornada de três jovens mulheres
universitárias no início da década de 70. Lorena, Ana Clara e Lia são de mundos
distantes, vivendo impasses muito parecidos e ao mesmo tempo diferentes, cada
qual com seu próprio drama durante o período turbulento da ditadura. Elas têm
seus destinos cruzados quando dividem o mesmo teto em um pensionato de freiras
na cidade de São Paulo e acabam por se aproximar, tornando-se amigas e
confidentes.
09
– 1822 (Laurentino Gomes)
Na minha época de ginasiano, a minha turma tinha um
professor de História fantástico; tão fantástico que após mais de meio século
ainda guardo o seu nome na memória. O “seo” Luiz explicava História do Brasil
de uma maneira fluida, num estilo coloquial que fazia com que a nossa classe –
que tinha vários alunos bagunceiros – ficasse num silencio “sepulcral”. Todos
nós viajávamos nessa aula, como se estivéssemos ali, ao lado de Dr. Pedro, da
Família Real, da Princesa Isabel, vivendo juntamente com eles, as suas
aventuras e desventuras.
Apesar de ainda não ter lido 1822 de Laurentino Gomes, pelos comentários que vi nas redes
sociais, posso comparar o escritor com o meu antigo professor, o “seo” Luiz. A
grande maioria dos leitores que leram 1822
colocaram a obra no “céu”, enaltecendo, principalmente, a sua narrativa
fluida e capaz de prender a atenção até mesmo dos mais absorto dos leitores.
Em 1822,
Laurentino Gomes compara diferentes relatos sobre o dia 7 de Setembro e a
proclamação da independência. A verdade é que esse fatídico dia foi bem menos
épico do que a pintura “Independência ou Morte”, de Pedro Américo, nos mostra.
Segundo sinopse oficial da obra, mais do que
desmistificar o grito às margens do Ipiranga, o escritor analisa como Dom Pedro
conseguiu, apesar de todas as dificuldades, fazer do Brasil uma nação na
sequência das mudanças provocadas pela fuga da família real portuguesa em 1808.
O autor mostra como as Guerras Napoleônicas, a Revolução Francesa e a
independência dos Estados Unidos, entre outros acontecimentos, criaram um
ambiente favorável à criação de um novo país nos trópicos.
Merecidamente a obra foi vencedora do Prêmio Jabuti de
“Melhor Reportagem” em 2022. O livro, de acordo com a sinopse, nos leva a
compreender melhor as origens do Brasil e como problemas estruturais ainda
influenciam a nossa realidade hoje numa leitura fácil, agradável e fluída.
Taí, com certeza, 1822,
também entrará na minha já extensa lista de leituras.
10
– Fim (Fernanda Torres)
Depois de anos dedicados à dramaturgia, com trabalhos
super reconhecidos em televisão, cinema e teatro, em 2013 Fernanda Torres lançou
o seu primeiro livro de ficção.
Além de ter sido muito bem recebido pela crítica Fim ‘papou’ de cara o Prêmio Jabuti.
Provando que não estava para brincadeiras, Fernanda Torres em sua primeira
experiência como escritora, acabou levando para casa um dos maiores prêmios da
literatura brasileira.
Fim
chegou a ficar entre o oitavo livro mais vendido em 2013. Em 2023, ele voltou
com toda a força após o lançamento da série, com o mesmo nome, pela Globoplay.
Fim
conta a história de cinco amigos oriundos do Rio de Janeiro que revisitam
momentos marcantes de suas trajetórias: festas, uniões, separações, peculiaridades,
inibições e remorsos. No entorno deles, desfilam mulheres com distintos perfis
— neuróticas, amargas, sedutoras, despreocupadas, descartadas e resignadas. A
trama inclui um padre em crise com sua vocação e uma variedade de personagens
cariocas, fruto da aguçada capacidade de observação da autora.
Bem... torço para que essa lista sirva de base para os
seguidores do blog escolherem um bom livro que ajude a combater a ressaca
literária pela qual, talvez, vocês estejam passando.
12 novembro 2024
A verdadeira história da Virgem Maria – Um romance histórico na voz da mãe de Jesus
Quando acabei de ler A verdadeira história da Virgem Maria – Um
romance histórico na voz da mãe de Jesus” disse para um colega de
trabalho: - Cara depois que li o livro do padre Joãozinho, fiquei mais fã ainda
de Jesus Cristo e de Maria. Ele me perguntou o que o livro tinha de tão
especial. O que eu respondi para ele, respondo também à você que está na dúvida
se lê ou não essa obra: - a narrativa fluida envolve o leitor de uma tal
maneira que ele se vê ali, sentando em um banco ao lado de Maria, como se a mãe
de Deus estivesse ao seu lado narrando detalhes importantes de sua vida e
também da vida de seu Filho Jesus. João Carlos de Almeida ou simplesmente padre
Joãozinho usou uma linguagem simples, direta e principalmente convincente. Tão
convincente, ao ponto dos leitores imaginarem, de fato, estarem escutando da
boca de Maria parte de sua trajetória de vida, mesmo sabendo ser isso
impossível de acontecer, algo surreal.
A
verdadeira história da Virgem Maria é um livro para aqueles
que acreditam em Deus, Jesus e Maria, mas também é uma obra para os ateus e
agnósticos. Aqueles que creem irão devorar as páginas e ao terminar, com
certeza, irão amar ainda mais essa mulher judia que para a religião católica se
tornou a virgem que deu à luz a Deus. Vou mais além, ao final da obra, a
devoção a Maria e o amor a Jesus Cristo sofrerão um “boom” ficando ainda mais
fortes nos leitores.
Quanto aqueles que não acreditam, acho que também ficarão
impactados pela obra, bem menos, mas também ficarão; pois não há como deixar de
admirar, respeitar e até mesmo se tornar fã de uma jovem de apenas 15 anos que
mesmo grávida, após saber que sua prima Isabel, de idade avançada, seria mãe, e
por isso necessitava de cuidados especiais, resolveu fazer uma viagem muito
longa montada, provavelmente numa mula –como descreve alguns evangelhos
apócrifos.
Acredita-se que Maria tenha recebido a mensagem da
gravidez de Isabel quando residia em Nazaré. Já Isabel morava em Ein Karem na
época, e a distância entre as duas aldeias é de aproximadamente 150
quilômetros.
Ein Karem fica nos arredores de Jerusalém e fica a 754
metros acima do nível do mar, enquanto Nazaré está a 346 metros. Isso significa
que Maria teve que subir morro acima! Além da dificuldade física, o caminho
tinha muitos perigos ocultos. Acredita-se que o caminho de terra que cruzava a
região montanhosa tenha sido um local popular para os bandidos, que
surpreenderiam os viajantes desavisados. A “Visitação” apresentava muitos
riscos para Maria, mas ela confiava que Deus a protegeria e lhe permitiria
ajudar sua prima idosa.
Quer mais uma prova da coragem, amor, fé e ousadia
dessa jovem judaica? Eu conto. Naquele tempo era famosa a crueldade de Herodes,
o velho rei da Palestina, que sempre temeroso de que alguém lhe arrebatasse o
trono, deu ordens para assassinar todas as crianças e adultos que podiam lhe
fazer sombra, como consta em diversas fontes históricas. E assim, lá vai Maria
numa nova e arriscada viagem, dessa vez para proteger o seu filho. Foram mais
de 100 quilômetros de Belém ao Egito para fugir da maldade de Herodes. Ela e o
seu noivo José e o pequeno Menino Jesus tiveram pela frente novos perigos.
Posso ainda citar a aflição e toda a dor que essa
mulher sentiu ao ver o seu filho ser martirizado e pregado na cruz. E mesmo com
todo esse sofrimento no coração, Maria nunca desanimou ou entregou os pontos,
preferindo continuar com a missão evangelizadora iniciada pelo seu Filho.
Estes são apenas três exemplos – de muitos outros –
que mostram a grandeza dessa mulher. Dessa maneira, sempre digo para os meus
amigos ateus ou agnósticos se vocês não quiserem ver Maria pela ótica da fé,
vejam-na, pelo menos, como uma personagem que merece toda a nossa admiração e
respeito.
No livro do padre Joãozinho, lançado em 2020, Maria
narra de “viva voz” como aconteceram esses episódios que citei acima, além de
outras passagens importantes de sua vida.
O livro mostra detalhes sobre o nascimento e a
infância de Maria e também informações interessantes sobre a vida de seus pais:
Joaquim e Ana; como foi o seu noivado com José seguindo as tradições judaicas
daquela época, ou seja, há mais de dois mil anos.
Além da infância e juventude de Maria, a obra mostra
também como foi a infância de Jesus; como Ele foi educado; detalhes
interessantes de sua missão, entre os quais o início de suas pregações; alguns
embates com os fariseus e também alguns milagres. Tudo isso narrado pela sua
Mãe.
Um dos motivos de ter achado a obra do padre Joãozinho
muito interessante é que várias dessas passagens não estão nos evangelhos que
fazem parte do Novo Testamento na Bíblia. De acordo com as fontes publicada na
obra, o autor buscou complementar suas informações junto aos estudos de
mariólogos e mariólogas de referência.
Finalizo “dizendo” que apesar de A verdadeira história da Virgem Maria – Um romance histórico na voz da
mãe de Jesus ser uma composição literária ou seja, um romance histórico e
não uma autobiografia real, a obra é simplesmente, maravilhosa e encantadora.
08 novembro 2024
Jason Bourne: uma saga de 14 livros e não apenas uma trilogia
Não é tão raro vermos personagens icônicos da
literatura prosseguirem com as suas aventuras, encontros e desencontros mesmo
após a morte de seus criadores. Foi assim com os Blackwells de Sidney Sheldon,
com o carismático 007 de Ian Fleming, com Scarlett O’Hara de Margaret Mitchell,
além de muitos outros (aqui). E da mesma forma que os espólios de Sheldon,
Fleming e Mitchel chamaram, respectivamente, Tilly Bagshawe, John Gardner e
Alexandra Ripley para “ressuscitar” esses personagens após a morte de seu
autores originais; os familiares de Robert Ludlum decidiram fazer o mesmo. E
assim, o conhecido agente secreto aminésico Jason Bourne acabou indo parar nas
mãos de Eric Van Lustbader. Resultado: além dos três livros originais - A Identidade Bourne (1980), A Supremacia Bourne (1986) e O Utimato Bourne (1990) – escritos por
Ludlum (veja aqui), a saga ganhou – pasmem! – mais 11 livros com o personagem!! Se somarmos
esses livros com a trilogia de Ludlum teremos 14 livros do chamado universo
Bourne!
Lustbader era um dos poucos amigos do recluso Ludlum
que não gostava de muita gente ao seu redor, além de não ser nem um pouco
sociável. Reza a lenda que Ludlum detestava pessoas tolas e de pouca cultura e
por isso optava por sair muito raramente de sua casa. Mas após um evento
promocional de sua editora ao qual foi obrigado comparecer, o lendário autor
acabou se aproximando de Lustbader. Este fato raro aconteceu porque o criador
de Jason Bourne que havia acabado de lançar A
Identidade Bourne queria conhecer o seu rival que estava dividindo com ele
as listas de livros mais vendidos. Vale ressaltar que Lustbader havia escrito
recentemente O Ninja que estava
ocupando juntamente com A Identidade
Bourne o primeiro lugar das listagens de obras mais vendidas nos Estados
Unidos.
A dupla conversou até tarde da noite. Ludlum viu muito
de Jason Bourne e dele mesmo no personagem de Lustbader, Nicholas Linnear - um
mestre das artes marciais que é envolvido em uma conspiração de assassinato - e
Lustbader viu muito de si mesmo e de Linnear em Bourne, o agente desonesto da
CIA sem memória de seu passado. E assim, ambos se tornaram grandes amigos.
Quando Ludlum morreu em março de 2001, o seu espólio
decidiu dar continuidade as aventuras de Jason Bourne. Algo natural, já que se
tratava da série de livros mais famosa do escritor e que rendeu uma fortuna
desde que foi criado. O próximo passo seria escolher um escritor que tivesse
alguma afinidade com Ludlum.
Trilogia Bourne original escrita por Robert Ludlum |
O retorno de Jason Bourne às páginas aconteceu em
2004, três anos após a morte de seu criador. Nasceu assim, O Legado Bourne. O sucesso da obra que vendeu aquém do esperado
acabou estimulando o lançamento de novos livros até chegar a sua 11ª edição.
Uma das coisas que atraiu Lustbader para a série –
além das infinitas possibilidades de enredo de um agente com amnésia – foi que
Bourne era a antítese do espião sofisticado. Ele era um homem comum,
danificado, e tendo que confiar com seus próprios recursos em vez de uma série
de dispositivos e carros velozes.
Matt Damon assumiu o papel de Bourne na adaptação
cinematográfica de A Identidade Bourne.
Aqui cabe uma curiosidade já que os produtores do primeiro filme da trilogia
queriam Brad Pitt na pele do agente da CIA e não Damon; mas no final, Damon
provou ter sido a escolha certa.
Lustbader começou a moldar o personagem de Bourne
sutilmente para sua série sem alterar o agente duplo operando sem memória, mas
com uma lasca de consciência. Ele matou a esposa de Bourne, Marie, em um
acidente de esqui entre seus livros um e dois e enviou as crianças para a
fazenda de seus avós no Canadá.
Segundo o autor, Marie se foi e os filhos se foram
porque, se Bourne fosse casado, não seria possível que ele interagisse com
nenhuma personagem feminina, e sua esposa e filhos estariam sob constante
ameaça. Para Lustbader, isso não poderia ser feito em todos os livros. Os dois
primeiros livros se mostraram tão populares que a editora perguntou ao agente
do escritor, se ele poderia criar um enredo sobre Bourne por ano. Isso, além de
sua própria produção – na série Nicholas Linnear, personagem de “O Ninja” - de
um livro, também, por ano. E tudo indica
que Jason Bourne venceu esse “embate”, já que teve fôlego para sustentar 12
enredos, enquanto Linnear só foi até o sétimo volume.
E agora vamos conhecer mais detalhes sobre os da saga
Bourne escritos por Eric Van Lutsbader. Lembrando que dos seus 11 livros apenas
três foram lançados no Brasil. Todos eles pela editora Rocco.
01
– O Legado Bourne (2004)
Na trama, o professor David Webb salva um aluno de uma
briga, fazendo eclodir a agilidade e a destreza de sua antiga vida como o
espião Jason Bourne. Webb mal imagina que este incidente é o estopim para uma
complexa intriga internacional em que, de herói, ele passará novamente a alvo.
Lustbader fez um excelente trabalho. Adorei o livro. É
claro que o leitor que acompanhou toda a trilogia original vai perceber
diferenças na escrita dos dois autores, mas não há como negar que nessa
sequência, Lutsbader foi muito feliz e conseguiu manter o nível.
O enredo tem muita ação, conspirações e surpresas.
Prestem atenção no personagem Khan que reserva uma grande reviravolta no final.
Aliás, esse personagem foi muito bem construído pelo autor, à exemplo do agente
da CIA, Martin Lindros e da misteriosa Annaka. Quer saber quando um autor
entende do assunto? No momento em que ele escreve um livro com um grande numero
de personagens e apesar disso, consegue deixá-los todos interessantes. Pois é,
Lustbader conseguiu. O Legado Bourne
tem uma ‘infinidade’ de personagens e todos eles conseguem prender a atenção do
leitor, tendo papéis preponderantes na história. (ver resenha aqui)
02
- A Traição Bourne (2007)
A
Traição Bourne foi publicado originalmente em 2007 mas
só chegou ao Brasil em 2010 através da editora Rocco. Dois meses após a morte
da segunda esposa de Jason Bourne, ele descobre que Martin Lindros, seu único
amigo na CIA, desapareceu na África, onde ele estava rastreando carregamentos
de urânio.
Apesar de seu ódio pela CI, Bourne parte para resgatar
seu amigo e terminar o trabalho: desmantelar uma rede terrorista determinada a
construir armamentos nucleares cortando sua fonte de dinheiro.
Mas Bourne não percebe que esses homens, supremacistas
islâmicos, são líderes de um grupo incrivelmente perigoso e tecnologicamente
experiente com laços da África, através do Oriente Médio e na Europa Oriental e
Rússia.
03
– A Punição Bourne (2008)
A
Punição Bourne é o sexto livro da saga Bourne e o
terceiro escrito por Eric Van Lustbader.
Desta vez, Jason Bourne, agora conhecido como o
professor David Webb, esta à procura de tranquilidade. Ele resolveu retomar o
posto de professor na Universidade de Georgetown. Em pouco tempo, porém, ele
acaba se entediando com a pacata vida no campus. Quando seu mentor acadêmico, o
professor Specter, o convida para investigar a morte de um antigo aluno,
assassinado por uma seita extremista islâmica, ele retorna ao trabalho com
entusiasmo. Quase ao mesmo tempo, do outro lado do planeta, Semion Icoupov,
líder da organização terrorista Legião Negra, e Leonid Arkadin, um matador de
aluguel, se unem para arrancar, através de tortura, preciosas informações de
Pyotr Zilver, um estudante especializado em transmissão de dados através das
consideras 'novas tecnologias'. Quando David Webb, o lado B da personalidade de
Bourne, salva o professor Specter de um ataque, dentro da universidade, o cerco
começa a se fechar. Specter, na verdade um caçador de terroristas motivado por
vingança, busca descobrir os próximos passos da Legião Negra, desde a morte de
seu aluno, Pyotr Zilber. E para isso contará com a colaboração de Jason Bourne.
Se os fãs da saga já leram a trilogia sobre o agente
da CIA publicada por Robert Ludlum não custa nada arriscar a leitura dos livros
escritos por Eric Van Lustbader. Como já disse nesse texto, tive a oportunidade
de ler o quarto livro da série e o primeiro idealizado por Lustbader e gostei.
Vamos ficar na torcida para que a editora Rocco
publique aqui no Brasil, os oito livros restantes sobre Jason Bourne escritos
por Lustbader, assim, teríamos uma saga de 14 livros! Um ‘presentaço’ para os
fãs do personagem.
04 novembro 2024
Novo livro de “Jogos Vorazes” ganha capa e sinopse
Eu e Lulu temos uma amiga que ama, mais do que isso:
briga por “Jogos Vorazes”. Se quiser vê-la soltando fogo “pelas ventas” é só falar
mal – mesmo por brincadeira – da série escrita por Suzanne Collins. Ela, de
fato, perde a compostura. Por isso, quando soube que a autora iria lançar um
novo livro da saga, essa nossa amiga quase teve um ‘piripaque’. – Jam você tem
que escrever sobre isso no seu blog! – disse. Mal sabe ela que eu não li nenhum
livro do chamado universo de “Jogos Vorazes”. Sei lá, digamos que ainda me
senti atraído pelo enredo; atração que ficou ainda menor após ter assistido aos
dois primeiros filmes. Mas não posso nem pensar em dizer isso a nossa amiga,
senão... tome fogo pelas ventas (rs).
Mesmo não me sentindo atraído pela saga, não posso
negar que a série de livros idealizada por Collins se tornou um fenômeno em
todo mundo, além de receber uma infinidade de elogios tanto de leitores quanto da
crítica; elogios, diga-se de passagem, válidos também para os filmes.
E como acredito que o “Livros e Opinião” tem um grande
número de seguidores que são fãs da saga, não poderia deixar de dar alguns
detalhes sobre essa novidade que certamente colocará no rosto dessa ‘tchurma’
um sorriso de orelha a orelha. Portanto, está confirmado sim: Suzanne Collins
vai retomar a saga de Jogos Vorazes
em um novo livro da série, previsto para ser lançado em 18 de março de 2025,
segunda a editora Scholastic.
Ainda sem título em português, o quinto volume da
série distópica vai se chamar Sunrise on
the Reaping. O novo livro – que já tem capa definida - é ambientado 24 anos
antes do romance original Jogos Vorazes,
lançado em 2008 - quando Katniss e Peeta participaram dos Jogos Vorazes pela
primeira vez -, e 40 anos depois do livro mais recente de Collins, A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes. Esse
período no universo fictício é conhecido como “Massacre Quaternário“, quando 48
tributos dos 12 distritos foram convocados para os jogos, incluindo Haymitch
Abernathy, que aparece em outro livros da série.
Serão retratados os jogos em que o vencedor foi
Abernathy, o mentor mal-humorado de Katniss e Peeta. O personagem é
interpretado por Woody Harrelson nos filmes.
Assim como os demais livros da saga, Sunrise on the Reaping será adaptado
para os cinemas. O filme está previsto para estrear nas telonas em 2026. A
franquia é composta por “Jogos Vorazes”, “Em Chamas”, “A Esperança” e “A
Cantiga dos Pássaros e das Serpentes”. No Brasil, a saga é publicada pela
editora Rocco.