28 novembro 2024

Cinco livros de terror que revolucionaram os anos 70 e por isso continuam sendo lembrados e respeitados até hoje

Existem livros que tem o poder de conquistar leitores geração após geração; podem passar décadas e até mesmo séculos, mesmo assim, eles continuam sendo lembrados e respeitados. Livros que causaram um verdadeiro “auê” na época de seus lançamentos chegando a mudar até mesmo a rotina de vida de seus leitores, ou será que você nunca ouviu comentários de pessoas que evitaram ler ou assistir ao Exorcista após saberem que vários leitores e cinéfilos passaram mal ao ter contato com o livro ou o filme? Ou ainda, evitaram frequentar praias após terem lido Tubarão de Peter Benchley e assistido ao filme de Steven Spielberg? 

Como escrevi acima, livros que revolucionaram as suas épocas e continuam sendo procurados pelos leitores contemporâneos. O post de hoje é uma homenagem para essas obras. Selecionei cinco livros de terror que ganharam o status de antológicos nos anos 70 e continuam com fôlego para manter esse status até os tempos atuais. Bora conferir?

01 – O Exorcista (William Peter Blatty)

Imagine só se eu eu não iria abrir a nossa lista com essa obra literária considerada um verdadeiro cânone do terror. Impossível, né galera?  O livro de William Peter Blatty mudou a cultura pop para sempre e deu origem ao maior filme de terror do século XX. Quatro décadas após chocar o mundo inteiro, a obra-prima do escritor permanece uma metáfora moderna do combate entre o sagrado e o profano, em um dos romances mais macabros já escritos.

O Exorcista foi escrito em 1971 e narra a perturbadora história de Chris MacNeil, uma atriz que sofre com inesperadas mudanças no comportamento da filha de 11 anos, Regan. Quando todos os esforços da ciência para descobrir o que há de errado com a menina falham e uma personalidade demoníaca parece vir à tona, Chris busca a ajuda da Igreja para tentar livrar a filha do que parece ser um raro caso de possessão. Cabe a Damien Karras, um padre da universidade de Georgetown, salvar a alma de Regan e ao mesmo tempo tentar restabelecer a própria fé, abalada desde a morte da mãe.

Neste livro, Blatty conseguiu dar ao demônio a sua face mais revoltante: a corrupção de uma alma inocente. A menina Regan é, ao mesmo tempo, o mal e sua vítima.

Mas por incrível que pareça considerei o início do livro, que mostra o desespero dos médicos em tentar encontrar uma explicação para a doença incomum que se apossou de Regan, bem mais assustador do que a parte em que o demônio dá as caras. Quanto mais Regan vai se transformando, menos a ciência vai encontrando respostas para o seu problema. O desconhecido sempre nos assusta, pois gera incerteza e coloca em xeque as nossas convicções. William Peter Blatty nos mostra isso com perfeição no início de sua obra.

Um clássico do terror escrito há mais de 50 anos e que se mantém atual como somente os grandes nomes do gênero poderiam criar.

02 – Horror em Amityville (Jay Anson)

Muita gente não sabe, mas Horror em Amityville, além de ser um filme de sucesso com sete sequências (e um remake em 2005 com suas próprias continuações) é, antes de tudo, uma obra literária. Escrita pelo autor norte-americano Jay Anson e lançada em 1977, ela traz uma história fantástica. Grande parte do sucesso da obra deve-se, em parte, pelo seu enredo ter sido baseado num caso real.  Este clássico do gênero terror retrata os horrores vividos por uma família que passa a morar em uma antiga mansão, que havia sido palco de brutais assassinatos. Depois de se mudarem para a casa, eventos sobrenaturais começam a ocorrer na presença dos residentes, conduzindo à conclusão de que uma força espectral demoníaca residia naquele lugar.

Horror em Amityville perturba o leitor. Os fatos vividos por George e Kathleen Lutz, juntamente com os seus três filhos, além do padre Frank Mancuso são por demais assustadores.

Anson narra como foram as quatro semanas dos Lutz na casa em Amityville. Alguns fatos são bem impressionantes, principalmente se você optar por ler a obra durante a madrugada, sozinho em sua casa, como eu fiz. Cara... o bicho pega.

O enredo tem muitos sustos? Demônios ou monstros se materializando? Não. Não tem. Então, porque o livro assusta tanto? Tudo se resume à casa. Isto mesmo, à exemplo do Hotel Overlook de O Iluminado, a casa de Amityville desempenha um papel humano enorme, como se tivesse vontade própria. Brrrrrrrrrrrr.....

O livro de Anson estourou em vendas na década de 70 e se tornou uma verdadeira ‘febre’ e ainda hoje continua sendo muito lembrado pelos leitores.

03 – O bebê de Rosemary (Ira Levin)

O terror psicológico criado por Ira Levin em seu livro O Bebê de Rosemary é de arrepiar os cabelos. Mais um livro que causa aflição no leitor deixando-o angustiado. A obra vendeu horrores na época de seu lançamento em 1967. Muito elogiado, não haveria outro caminho a seguir, senão a sua adaptação cinematográfica.

No enredo de Levin, os recém-casados Rosemary e Guy Woodhouse alugam um apartamento em um antigo prédio de Nova Iorque e organizam suas vidas com a pequena ajuda dos vizinhos Minnie e Roman Castevet. Guy é ator e luta por um papel de destaque, enquanto Rosemary decora com ar mais alegre o apartamento onde anteriormente foi cometido um crime. Guy consegue um papel graças a um acidente com o ator titular e, logo depois, Rosemary tem um pesadelo no qual é possuída pelo demônio. Passado algum tempo, Rosemary descobre que está grávida e é tratada por Minnie e o médico dela, Dr. Sapirstein com vitaminas especiais. Fatos estranhos levam Rosemary a desconfiar que todas estas pessoas estão envolvidas com magia negra, começando a suspeitar que o marido, um ator que, literalmente, venderia a alma ao diabo para conquistar o sucesso, mantém ligações perigosas com vizinhos praticantes de bruxaria, que desejam possuir o filho dela que vai nascer.

O final do livro arrepia. Afffffff!!

04 – A Casa Infernal (Richard Matheson)

Assisti ao filme “A Casa da Noite Eterna” (1973) há muitos anos, acho que na minha adolescência, e me lembro que “me borrei” inteirinho. O filme me impactou. A produção cinematográfica com Roddy McDowall, Pamela Franklin e Clive Revill é considerada pela crítica especializada como uma verdadeira obra prima do cinema de terror e o melhor filme de todos os tempos com a temática “casa mal-assombrada”.

Anos depois, já balzaquiano acabei descobrindo que o filme foi baseado numa obra de Richard Matheson chamada A Casa Infernal publicada em 1971. O livro à exemplo do filme também foi exaltado pela crítica, além de ter se transformado num fenômeno literário. A multidão de pessoas que havia assistido ao filme queria também conhecer o enredo que deu origem a produção cinematográfica.

A história gira em torno de uma mansão mal assombrada pelo fantasma de seu antigo dono. O sanguinário Emeric Belasco. Se as casas mal assombradas fossem montanhas, a “Mansão Belasco”, como ficou conhecida, seria considerada o Monte Everest das casas mal assombradas.

Convocados por um milionário que, à beira da morte, quer respostas sobre o que o espera no além, quatro membros de uma equipe investigativa rumam para a diabólica mansão, dispostos a desvendar seus mistérios e derrotar, de uma vez por todas, as presenças malignas que assombram o local. No entanto, como descobrem da maneira mais chocante possível, é preciso mais do que coragem para encarar um mal tão antigo e potente.

05 – Tubarão (Peter Benchley)

O livro Tubarão (ver resenha aqui e também aqui) de Peter Benchley provocou uma verdadeira revolução no meio literário; e como não bastasse, revolucionou também o meio cinematográfico. Milhares de pessoas após terem lido o livro ou assistido ao filme de Steven Spielberg, baseado na obra, se recusavam veementemente a frequentar qualquer praia por mais tranquila que fosse, temendo ser atacadas por um tubarão branco.

Alguns críticos enquadram a obra de Benchley no gênero aventura, outros no gênero terror. Não importa, independentemente desse ou daquele gênero, o livro pode ser considerado um verdadeiro fenômeno literário.

A história se passa em Amity, um balneário ficcional situado em Long Island, Nova York. Quando o corpo de uma turista é encontrado na praia, o chefe de polícia Martin Brody ordena o fechamento das praias da região. O prefeito Larry Vaughan, porém, mais preocupado com o dinheiro dos veranistas, consegue abafar a notícia e libera o banho de mar na cidade. O banquete está servido.

 Taí galera, espero que se divirtam e também se arrepiem... de medo, com essas cinco indicações.

24 novembro 2024

“1808”, “1822” e “1889”, uma trilogia que me convenceu esquecer a situação agonizante do meu cartão

“Leitor de carteirinha”, “devorador de livros”, “rato de biblioteca”, só mesmo quem se enquadra em qualquer uma dessas categorias – assim como eu – sabe como é difícil para um leitor contumaz segurar a onda quando vê uma promoção literária imperdível em qualquer um desses sites da vida, quase sempre na Amazon.

O leitor pode estar com o cartão estourado; com a lista de leituras exageradamente atrasada; se for blogueiro piorou, porque além das  resenhas empacadas pode estar, também, com as leituras empacadas. Mas quando a leitura está no sangue nenhum desses “problemas” importam, o que interessa no exato momento em que você bate os olhos na “danada” da promoçao é o que o seu coração está sentindo; esqueça a razão. E o que o seu coração quase sempre diz é mais ou menos isso: “Eu tenho que comprar esses livros de qualquer maneira!!!!”. Resultado: mais um soco na boca do estômago do seu cartão de crédito que já está lutando pela vida na UTI; além da visita de mais um livro em sua “sala” de leitura entupida até o limite dos limites.

Foi o que aconteceu comigo ao ver o box Família Real no Brasil em promoção na Amazon. Veja só que tentação e depois confessa se você seria capaz de resistir. Vamos lá: cada livro da trilogia escrita pelo jornalista Laurentino Gomes, vendido separadamente, custa em média R$ 57,00 (1808 – R$ 57,39, 1822 – R$ 54,75 e 1889 – 56,37) já com preços promocionais. A promoção a qual acabei me sucumbindo mostrava na tela do meu notebook um box maravilhosamente trabalhado em alto relevo por R$ 135,92. Juro que ainda tentei resistir, principalmente após se lembrar do sofrimento do meu cartão que se encontrava em situação agonizante na UTI, sobrevivendo somente com a ajuda de aparelhos; mas... a senhora Amazon não estava para brincadeiras naquele dia e resolveu esticar ainda mais a corda oferecendo frete grátis (uma das políticas do Portal é oferecer frete grátis nas compras acima de R$ 100,00 para produtos elegíveis). Ok, foi tremendamente difícil, mas ainda consegui segurar o tranco, pois novamente bateu na memória a situação agonizante do meu combalido cartão, já nas últimas na UTI, mas aí, a Srª Amazon decidiu dar o golpe de misericórdia me entregando de bandeja um cupom de desconto no valor de R$ 20,00! 

Foi assim que acabei traindo o meu querido cartão de crédito. Espero que ele sobreviva, mas com certeza, nunca mais irá me perdoar por essa traição. Culpa da Srª Amazon.

Resumindo: com o desconto de R$ 30,90, o box Família Real no Brasil acabou saindo por R$ 115,92. Vamos supor que eu não tivesse sido presenteado com o cupom de R$ 20,00 e ainda arcasse com o valor do frete, o total da compra seria, então, de R$ 146,82.

Laurentino Gomes

Por tudo isso acredito que fiz um excelente negócio. Acho que serei perdoado pelo meu cartão (rs).

Os três livros escritos por Laurentino Gomes estão recebendo rasgados elogios da crítica especializada e também dos leitores em geral. Todos são unânimes em afirmar que a obra é uma forma de aprender um pouco mais sobre a história do nosso País de uma maneira fluida e divertida, bem longe daquela narrativa técnica e cansativa ministrada na maioria das escolas.

A prova de que essa trilogia se tornou um verdadeiro fenômeno literário foram os três “Jabutis” faturados  pelo autor - considerado um dos prêmios mais importantes da literatura brasileira. O que estou querendo “dizer” é que todos os livros da trilogia foram premiados.

O motivo da boa aceitação entre os leitores, Laurentino atribui à maneira como conta os fatos, seguindo o modelo das grandes reportagens. 1808 narra a chegada da corte portuguesa ao Brasil; 1822, explora os fatos e as curiosidades que culminaram com a independência do Brasil e 1889 aborda a proclamação da República.

Agora, é só ler a trilogia e aprender um pouco mais sobre história do Brasil, mas aprender de uma maneira leve e divertida.

 

 

21 novembro 2024

O segredo da empregada

Millie é fodástica. E neste segundo volume da trilogia, ela provou ser mais fodástica ainda porque orquestrou uma vingança perfeita, posso dizer um verdadeiro supra-sumo das vinganças (rs). Millie se vingou por outras mãos, ou seja, utilizou um anjo vingador para cumprir a sua missão.

Confesso que me empolguei com a leitura de O Segredo da empregada, mais do que o primeiro volume A empregada. Agora, vemos uma Millie mais segura e confiante, enfim, uma personagem mais amadurecida. Este amadurecimento não impede que ela continue tomando as dores de mulheres que são abusadas fisicamente ou psicologicamente pelos seus maridos. Nessas horas, ela ‘despe’ a sua aura de uma faxineira humilde e ‘veste’ a sua verdadeira personalidade: uma ex-presidiária condenada por um homicídio por ter defendido uma amiga que estava prestes a ser estuprada. Ela é sagaz, esperta, inteligente e muito carismática. Não há como os leitores deixarem de se simpatizarem com essa garota.

Neste segundo volume, Millie está desempregada e começando a ficar sem dinheiro. Ela começa a sentir na pele como é difícil para uma mulher que já esteve presa, condenada por homicídio, conseguir um emprego. Quando o desespero começa a bater na porta, ela mal consegue acreditar no momento em que um milionário chamado Douglas Garrick a contrata.

Após alguns dias, ela começa a desconfiar que algo está muito errado naquela cobertura que mais se parece com uma mansão: Wendy, a esposa do Sr. Gasrrick nunca sai do quarto. Na verdade, ela e Millie nunca foram sequer apresentadas.

Certo dia, ao colocar a roupa para lavar, Millie nota manchas de sangue em uma camisola – e não é a primeira vez. Ela decide, então, descobrir o que está acontecendo. Quando finalmente descobre, ela chega à conclusão de que alguém precisa pagar um preço caro pelo o que está fazendo.

A narrativa de Freida McFadden, a exemplo de A empregada, continua fluida fazendo com que os leitores devorem as páginas. O estilo, também segue o mesmo, com a autora dividindo o enredo em duas narrativas, ambas em primeira pessoa. Millie narra a primeira parte, enquanto um outro personagem narra a segunda. Antes, temos um prólogo que ocupa pouco mais de uma página, mas com o poder de aguçar a curiosidade dos leitores. O mistério que esse prólogo apresenta será esclarecido apenas nas páginas finais do romance.

Juro que enquanto lia o livro tentava de todas as maneiras descobrir qual era o plot twist que MCFadden havia reservado para os seus leitores. Criei as mais tresloucadas hipóteses. Teve um momento, durante a narrativa de Millie, que pensei ter certeza do que iria acontecer e então me decepcionei porque parecia algo muito obvio. “Entonce”... vem a segunda parte narrada por um outro personagem e o “tonto” aqui leva um tapa na cara e fica abestalhado. Cara, não esperava por aquele plot twist, verdade.

Na parte 4 da história, já perto da vingança de Millie, os leitores levam mais uma lapada, tão dolorida quanto a primeira. Um plot do tipo: - Caráculas! Por essa eu jamais esperava”!

Atribuo o sucesso de O Segredo da Empregada, principalmente, a essas duas reviravoltas na trama. Dois plot twists incríveis, tão bons ou até melhores do que aqueles que a autora mostrou em primeiro livro da saga.

Uma leitura que certamente fará com que você adquira sem preâmbulos o último livro da trilogia: A empregada está de olho.

17 novembro 2024

10 livros vencedores do Prêmio Jabuti, ao longo dos anos, que não podem faltar em sua estante

O Jabuti pode ser considerado um dos prêmios mais importantes da literatura brasileira, para não falar “o mais importante”. Acredito que o maior diferencial do Prêmio Jabuti, em comparação com outros prêmios, é sua abrangência: além de valorizar os escritores, ele destaca a qualidade do trabalho de todos os profissionais envolvidos na criação e produção de um livro. 

O prêmio é tão cobiçado que anualmente, editoras dos mais diversos segmentos e uma infinidade de escritores independentes de todo o Brasil inscrevem suas obras na esperança de receber a almejada estatueta e o reconhecimento que ela proporciona. Receber o Prêmio Jabuti é um desejo acalentado por aqueles que veem o livro como um instrumento essencial para a disseminação da cultura.

Neste ano, os escritores, aqui da terrinha, que venceram em suas respectivas categorias estarão recebendo as estatuetas no dia 19 de novembro. Cada vencedor de categoria receberá a icônica estatueta do Jabuti e um prêmio de R$ 5 mil, com exceção da categoria Livro Brasileiro Publicado no Exterior. As editoras das obras vencedoras também serão agraciadas com a estatueta.

E como estamos vivendo esse clima de premiação, resolvi publicar essa postagem que eu acredito irá agradar aqueles leitores que assim como eu, adoram devorar um livro nacional.

Selecionei dez obras que faturaram o Jabuti ao longo dos anos, desde a implantação do prêmio em 1959. São obras que definitivamente não podem faltar em suas estantes por serem boas demais; aliás, boas não; excelentes. Vamos a elas.

01 – Por quem as panelas batem (Antônio Prata)

Vamos começar o nosso top list com o livro de Antônio Prata que foi um dos grandes vencedores do Prêmio Jabuti de 2023 na categoria “Crônicas”. Por quem as panelas batem reúne crônicas publicadas pelo autor na Folha de S. Paulo entre junho de 2013 e o final de 2021. Prata dá um mergulho na política brasileira contemporânea, abordando desde o impeachment de Dilma Rousseff até a ascensão e influência do bolsonarismo.

Utilizando-se de um formato que alterna entre a ironia e a seriedade, Prata consegue, ao mesmo tempo, entreter e provocar reflexão. Suas crônicas, por vezes humorísticas, por vezes carregadas de luto e indignação, especialmente cobrindo os anos da pandemia, refletem a dualidade do período.

Tomei conhecimento desse livro há poucos dias e as opiniões positivas tanto de críticos literários quanto de leitores me convenceram a incluir Por quem as panelas batem em minha já extensa lista de leituras.

02 – “Rota 66 – A história da polícia que mata” (Caco Barcellos)

Considero o jornalista Caco Barcellos um dos repórteres mais corajosos da televisão brasileira. O cara é fera. Os temas polêmicos abordados por ele, quase sempre passam batidos por outros profissionais por causa do perigo que envolve essas abordagens. Caco explora a fundo esses temas e procura trazer para os seus leitores a podridão que se esconde de baixo de uma camada linda e perfumada que é apresentada para sociedade. Entenda essa camada como: instituições, governo e também alguns fatos.

Rota 66 – A história da polícia que mata, livro que Barcellos escreveu em 1992 recebeu rasgados elogios dos leitores. Os críticos, então... simplesmente babaram na obra. A partir daí, passou a ser relançado com frequência.

O livro levou sete anos para ser escrito, mas a investigação por trás dele atravessa pelo menos duas décadas. Vencedor do prêmio Jabuti de 1993, Rota 66 - A história da polícia que mata é uma rigorosa investigação sobre o trabalho da Polícia Militar de São Paulo entre as décadas de 1970 e 1990. Nele, Barcellos denuncia a atuação irregular da Ronda Ostensiva Tobias de Aguiar (Rota) como um verdadeiro aparelho estatal de extermínio. Um esquadrão da morte responsável pela morte de milhares de pessoas. A maioria delas inocente. O livro parte das origens da criação de um sistema mortal de extermínio, demonstra seus métodos, desvenda sua consciência. Caco denuncia seus métodos de atuação e mostra como o sistema incentiva esse tipo de ação. O livro pode, tranquilamente, ganhar o status de emblemático e assume proporções de uma grave denúncia social. O autor desmonta as engrenagens da Rota e o perfil de seus principais matadores.

03 – Corpos Secos (Marcelo Ferroni, Luísa Geisler, Samir Machado e Natália Borges Polesso)

E quem disse que brasileiro não sabe escrever romance de ficção de científica?! Quatro escritores brasileiros provaram o contrário e ainda foram mais além ao transformar a sua narrativa de ficção científica num thriller psicológico. O resultado dessa ousadia literária foi o livro Corpos Secos que conquistou o Prêmio Jabuti de 2021 na categoria “Romance”.

O livro escrito em conjunto por Marcelo Ferroni, Luísa Geisler, Samir Machado e Natália Borges Polesso é um tiro certeiro no alvo para os leitores que amam o gênero ficção científica temperada com muito suspense e pitadas de ação. Um amigo leu o livro e adorou; e olha que ele não é fã de livros nacionais. Após ver toda a sua empolgação com a obra, decidi também incluí-la em minha lista de leituras que vocês já devem ter começado a perceber está se tornando um calhamaço (rs).

Na história escrita a oito mãos, em um futuro próximo, o uso abusivo de agrotóxicos no Brasil leva ao surgimento de um vírus mutante que, além de matar os contaminados, os transforma em cadáveres ambulantes, os “corpos secos” (a palavra “zumbi” não é usada no livro), que continuam transmitindo a infecção. Alguns meses depois, há poucos sobreviventes. Um jovem aparentemente imune à doença está sendo estudado por uma equipe médica e precisa ser protegido a qualquer custo. Ainda fazem parte da narrativa, uma dona de casa que vive em uma fazenda no interior do Brasil e se encontra sozinha precisando reagir para sair de seu isolamento; uma criança quê vê a mãe tentar de tudo para salvar a família e fugir do contágio; além de uma engenheira de alimentos que percebe que seus conhecimentos técnicos talvez não sejam suficientes para explicar o terror que assola o país. Juntos, eles vão narrar suas jornadas, em busca do último refúgio ao sul do país.

04 – O Coronel e o Lobisomem (José Cândido de Carvalho)


A obra de José Cândido de Carvalho que faturou o Jabuti nos primórdios do prêmio, em 1965 se tornou ao longo de décadas uma verdadeira obra-prima da literatura brasileira.

O Coronel e o Lobisomem é um dos livros mais importantes do regionalismo fantástico da literatura brasileira. Publicado em 1964, o romance conta com uma linguagem inovadora e original, usando o regionalismo e a fantasia para abordar questões acerca do ser humano, como amizade, ambição, coragem e loucura.

A obra narra a ascensão e queda do coronel Ponciano de Azeredo Furtado, seguindo uma estrutura que lembra as aventuras de Dom Quixote, repleta de episódios divertidos, referências a lendas brasileiras e resquícios da literatura de cordel. Assim, a obra traça um retrato da sociedade brasileira e explora situações satíricas para tecer críticas sociais.

05 – O Alienista – Edição em quadrinhos (Fábio Moon e Gabriel Bá)

Tenho certeza que nunca passou pela sua cabeça que um dia o clássico O Alienista de Machado de Assis poderia ser transformado numa história em quadrinhos. Pois é, mas o surreal acabou virando realidade quando os irmãos gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá tiveram essa ideia considerada tresloucada no início, mas que provou ser genial no fim, uma verdadeira sacada de mestre. A prova disso é que a nova versão de O Alienista foi a primeira história em quadrinhos a receber o prestigioso Prêmio Jabuti.

A adaptação do clássico de Machado de Assis foi lançada originalmente em 2007, pela Agir. O trabalho da dupla, fiel ao texto original, dá cores e movimentos à história do médico Simão Bacamarte — um dos personagens mais marcantes da literatura nacional - responsável por fundar o hospício Casa Verde. A narrativa é célebre por questionar, afinal, quem são realmente os “loucos” na sociedade.

06 – Uma Mulher no Escuro (Raphael Montes)

Uma Mulher no Escuro de Raphael Montes, o mesmo autor do fenômeno literário chamado Jantar Secreto, conquistou o Jabuti em 2020 na categoria “Romance de Entretenimento” que havia sido criada naquele mesmo ano.

No livro narrado em terceira pessoa, um crime brutal cometido há vinte anos tem apenas uma única sobrevivente, cuja vida se transforma num terror quando o assassino decide retornar para concluir a sua “tarefa”. Em quem essa sobrevivente poderá confiar?

De acordo com a sinopse da editora Companhia das Letras, a personagem Victoria Bravo tinha quatro anos quando um homem invadiu sua casa e matou sua família a facadas, pichando seus rostos com tinta preta. Única sobrevivente, ela agora é uma jovem solitária e tímida, com pesadelos frequentes e sérias dificuldades para se relacionar. Seu refúgio é ficar em casa e observar a vida alheia pelas janelas do apartamento onde mora, na Lapa, Rio de Janeiro; até que... leiam o livro

07 – Torto Arado (Itamar Vieira Junior)

Além de Raphael Montes, o escritor baiano Itamar Vieira Junior também foi um dos vencedores do Jabuti em 2020, mas na categoria “Romance Literário”, com o seu livro Torto Arado, que traz a resistência e ancestralidade negra como foco principal. Na época, o autor venceu outros autores renomados como Chico Buarque, Maria Valéria Rezende, Paulo Scott e Adriana Lisboa.

Apesar de não ter gostado do livro num todo, não posso negar que Torto Arado foi considerado quase numa unanimidade entre leitores e críticos que classificaram a obra de Itamar Vieira um clássico da literatura brasileira contemporânea.

O autor narra a saga de duas irmãs intrépidas – Bibiana e Belonísia – que vivem no interior árido da Bahia. Elas deparam-se com uma faca ancestral e enigmática escondida na mala sob a cama da avó. Um incidente transformador ocorre, entrelaçando irrevogavelmente seus destinos, de modo que uma se torna a voz da outra.

O romance narra uma saga de vida e morte, de lutas e redenção. A narrativa revela uma fusão épica e lírica, mesclando elementos realistas e mágicos.

08 – As Meninas (Lygia Fagundes Telles)

Cá entre nós: seria a maior sacanagem se uma das maiores escritores brasileiras fosse “rifada” da premiação do Jabuti. Graças a Deus, essa injustiça não aconteceu. Em 1974, Lygia Fagundes Telles faturou o prêmio com o livro As Meninas, um dos títulos mais aclamados da autora paulistana. 

Este seu terceiro romance é marcado por um caráter subversivo e nada morno. O livro também fica entre os selecionados como leitura obrigatória para os vestibulares em todo o território nacional nos dias atuais. Além do Jabuti, a obra ganhou o prêmio Coelho Neto da Academia Brasileira de Letras.

A crítica literária especializada considera o romance As Meninas um dos mais ousados já publicados no Brasil. Alguns vão mais além e proclamam a obra como a mais ousada de todos os tempos. O motivo é que o livro foi escrito na época da ditadura militar, período em que a censura imposta pelos militares acabou fazendo muitas vítimas. Um dos grandes exemplos que deixa evidente a coragem a autora, é a ampla descrição do episódio de uma sessão de tortura e das repressões sofridas por quem se opunha ao regime.

As Meninas acompanha a jornada de três jovens mulheres universitárias no início da década de 70. Lorena, Ana Clara e Lia são de mundos distantes, vivendo impasses muito parecidos e ao mesmo tempo diferentes, cada qual com seu próprio drama durante o período turbulento da ditadura. Elas têm seus destinos cruzados quando dividem o mesmo teto em um pensionato de freiras na cidade de São Paulo e acabam por se aproximar, tornando-se amigas e confidentes.

09 – 1822 (Laurentino Gomes)

Na minha época de ginasiano, a minha turma tinha um professor de História fantástico; tão fantástico que após mais de meio século ainda guardo o seu nome na memória. O “seo” Luiz explicava História do Brasil de uma maneira fluida, num estilo coloquial que fazia com que a nossa classe – que tinha vários alunos bagunceiros – ficasse num silencio “sepulcral”. Todos nós viajávamos nessa aula, como se estivéssemos ali, ao lado de Dr. Pedro, da Família Real, da Princesa Isabel, vivendo juntamente com eles, as suas aventuras e desventuras.

Apesar de ainda não ter lido 1822 de Laurentino Gomes, pelos comentários que vi nas redes sociais, posso comparar o escritor com o meu antigo professor, o “seo” Luiz. A grande maioria dos leitores que leram 1822 colocaram a obra no “céu”, enaltecendo, principalmente, a sua narrativa fluida e capaz de prender a atenção até mesmo dos mais absorto dos leitores.

Em 1822, Laurentino Gomes compara diferentes relatos sobre o dia 7 de Setembro e a proclamação da independência. A verdade é que esse fatídico dia foi bem menos épico do que a pintura “Independência ou Morte”, de Pedro Américo, nos mostra.

Segundo sinopse oficial da obra, mais do que desmistificar o grito às margens do Ipiranga, o escritor analisa como Dom Pedro conseguiu, apesar de todas as dificuldades, fazer do Brasil uma nação na sequência das mudanças provocadas pela fuga da família real portuguesa em 1808. O autor mostra como as Guerras Napoleônicas, a Revolução Francesa e a independência dos Estados Unidos, entre outros acontecimentos, criaram um ambiente favorável à criação de um novo país nos trópicos.

Merecidamente a obra foi vencedora do Prêmio Jabuti de “Melhor Reportagem” em 2022. O livro, de acordo com a sinopse, nos leva a compreender melhor as origens do Brasil e como problemas estruturais ainda influenciam a nossa realidade hoje numa leitura fácil, agradável e fluída.

Taí, com certeza, 1822, também entrará na minha já extensa lista de leituras.

10 – Fim (Fernanda Torres)

Depois de anos dedicados à dramaturgia, com trabalhos super reconhecidos em televisão, cinema e teatro, em 2013 Fernanda Torres lançou o seu primeiro livro de ficção.

Além de ter sido muito bem recebido pela crítica Fim ‘papou’ de cara o Prêmio Jabuti. Provando que não estava para brincadeiras, Fernanda Torres em sua primeira experiência como escritora, acabou levando para casa um dos maiores prêmios da literatura brasileira.

Fim chegou a ficar entre o oitavo livro mais vendido em 2013. Em 2023, ele voltou com toda a força após o lançamento da série, com o mesmo nome, pela Globoplay.

Fim conta a história de cinco amigos oriundos do Rio de Janeiro que revisitam momentos marcantes de suas trajetórias: festas, uniões, separações, peculiaridades, inibições e remorsos. No entorno deles, desfilam mulheres com distintos perfis — neuróticas, amargas, sedutoras, despreocupadas, descartadas e resignadas. A trama inclui um padre em crise com sua vocação e uma variedade de personagens cariocas, fruto da aguçada capacidade de observação da autora.

Bem... torço para que essa lista sirva de base para os seguidores do blog escolherem um bom livro que ajude a combater a ressaca literária pela qual, talvez, vocês estejam passando.

12 novembro 2024

A verdadeira história da Virgem Maria – Um romance histórico na voz da mãe de Jesus

Quando acabei de ler A verdadeira história da Virgem Maria – Um romance histórico na voz da mãe de Jesusdisse para um colega de trabalho: - Cara depois que li o livro do padre Joãozinho, fiquei mais fã ainda de Jesus Cristo e de Maria. Ele me perguntou o que o livro tinha de tão especial. O que eu respondi para ele, respondo também à você que está na dúvida se lê ou não essa obra: - a narrativa fluida envolve o leitor de uma tal maneira que ele se vê ali, sentando em um banco ao lado de Maria, como se a mãe de Deus estivesse ao seu lado narrando detalhes importantes de sua vida e também da vida de seu Filho Jesus. João Carlos de Almeida ou simplesmente padre Joãozinho usou uma linguagem simples, direta e principalmente convincente. Tão convincente, ao ponto dos leitores imaginarem, de fato, estarem escutando da boca de Maria parte de sua trajetória de vida, mesmo sabendo ser isso impossível de acontecer, algo surreal.

A verdadeira história da Virgem Maria é um livro para aqueles que acreditam em Deus, Jesus e Maria, mas também é uma obra para os ateus e agnósticos. Aqueles que creem irão devorar as páginas e ao terminar, com certeza, irão amar ainda mais essa mulher judia que para a religião católica se tornou a virgem que deu à luz a Deus. Vou mais além, ao final da obra, a devoção a Maria e o amor a Jesus Cristo sofrerão um “boom” ficando ainda mais fortes nos leitores.

Quanto aqueles que não acreditam, acho que também ficarão impactados pela obra, bem menos, mas também ficarão; pois não há como deixar de admirar, respeitar e até mesmo se tornar fã de uma jovem de apenas 15 anos que mesmo grávida, após saber que sua prima Isabel, de idade avançada, seria mãe, e por isso necessitava de cuidados especiais, resolveu fazer uma viagem muito longa montada, provavelmente numa mula –como descreve alguns evangelhos apócrifos. 

Acredita-se que Maria tenha recebido a mensagem da gravidez de Isabel quando residia em Nazaré. Já Isabel morava em Ein Karem na época, e a distância entre as duas aldeias é de aproximadamente 150 quilômetros.

Ein Karem fica nos arredores de Jerusalém e fica a 754 metros acima do nível do mar, enquanto Nazaré está a 346 metros. Isso significa que Maria teve que subir morro acima! Além da dificuldade física, o caminho tinha muitos perigos ocultos. Acredita-se que o caminho de terra que cruzava a região montanhosa tenha sido um local popular para os bandidos, que surpreenderiam os viajantes desavisados. A “Visitação” apresentava muitos riscos para Maria, mas ela confiava que Deus a protegeria e lhe permitiria ajudar sua prima idosa.

Quer mais uma prova da coragem, amor, fé e ousadia dessa jovem judaica? Eu conto. Naquele tempo era famosa a crueldade de Herodes, o velho rei da Palestina, que sempre temeroso de que alguém lhe arrebatasse o trono, deu ordens para assassinar todas as crianças e adultos que podiam lhe fazer sombra, como consta em diversas fontes históricas. E assim, lá vai Maria numa nova e arriscada viagem, dessa vez para proteger o seu filho. Foram mais de 100 quilômetros de Belém ao Egito para fugir da maldade de Herodes. Ela e o seu noivo José e o pequeno Menino Jesus tiveram pela frente novos perigos.

Posso ainda citar a aflição e toda a dor que essa mulher sentiu ao ver o seu filho ser martirizado e pregado na cruz. E mesmo com todo esse sofrimento no coração, Maria nunca desanimou ou entregou os pontos, preferindo continuar com a missão evangelizadora iniciada pelo seu Filho.

Estes são apenas três exemplos – de muitos outros – que mostram a grandeza dessa mulher. Dessa maneira, sempre digo para os meus amigos ateus ou agnósticos se vocês não quiserem ver Maria pela ótica da fé, vejam-na, pelo menos, como uma personagem que merece toda a nossa admiração e respeito.

No livro do padre Joãozinho, lançado em 2020, Maria narra de “viva voz” como aconteceram esses episódios que citei acima, além de outras passagens importantes de sua vida.

O livro mostra detalhes sobre o nascimento e a infância de Maria e também informações interessantes sobre a vida de seus pais: Joaquim e Ana; como foi o seu noivado com José seguindo as tradições judaicas daquela época, ou seja, há mais de dois mil anos.

Além da infância e juventude de Maria, a obra mostra também como foi a infância de Jesus; como Ele foi educado; detalhes interessantes de sua missão, entre os quais o início de suas pregações; alguns embates com os fariseus e também alguns milagres. Tudo isso narrado pela sua Mãe.

Um dos motivos de ter achado a obra do padre Joãozinho muito interessante é que várias dessas passagens não estão nos evangelhos que fazem parte do Novo Testamento na Bíblia. De acordo com as fontes publicada na obra, o autor buscou complementar suas informações junto aos estudos de mariólogos e mariólogas de referência.

Finalizo “dizendo” que apesar de A verdadeira história da Virgem Maria – Um romance histórico na voz da mãe de Jesus ser uma composição literária ou seja, um romance histórico e não uma autobiografia real, a obra é simplesmente, maravilhosa e encantadora.

 

08 novembro 2024

Jason Bourne: uma saga de 14 livros e não apenas uma trilogia

Não é tão raro vermos personagens icônicos da literatura prosseguirem com as suas aventuras, encontros e desencontros mesmo após a morte de seus criadores. Foi assim com os Blackwells de Sidney Sheldon, com o carismático 007 de Ian Fleming, com Scarlett O’Hara de Margaret Mitchell, além de muitos outros (aqui). E da mesma forma que os espólios de Sheldon, Fleming e Mitchel chamaram, respectivamente, Tilly Bagshawe, John Gardner e Alexandra Ripley para “ressuscitar” esses personagens após a morte de seu autores originais; os familiares de Robert Ludlum decidiram fazer o mesmo. E assim, o conhecido agente secreto aminésico Jason Bourne acabou indo parar nas mãos de Eric Van Lustbader. Resultado: além dos três livros originais - A Identidade Bourne (1980), A Supremacia Bourne (1986) e O Utimato Bourne (1990) – escritos por Ludlum (veja aqui), a saga ganhou – pasmem! – mais 11 livros com o personagem!! Se somarmos esses livros com a trilogia de Ludlum teremos 14 livros do chamado universo Bourne!

Lustbader era um dos poucos amigos do recluso Ludlum que não gostava de muita gente ao seu redor, além de não ser nem um pouco sociável. Reza a lenda que Ludlum detestava pessoas tolas e de pouca cultura e por isso optava por sair muito raramente de sua casa. Mas após um evento promocional de sua editora ao qual foi obrigado comparecer, o lendário autor acabou se aproximando de Lustbader. Este fato raro aconteceu porque o criador de Jason Bourne que havia acabado de lançar A Identidade Bourne queria conhecer o seu rival que estava dividindo com ele as listas de livros mais vendidos. Vale ressaltar que Lustbader havia escrito recentemente O Ninja que estava ocupando juntamente com A Identidade Bourne o primeiro lugar das listagens de obras mais vendidas nos Estados Unidos.

A dupla conversou até tarde da noite. Ludlum viu muito de Jason Bourne e dele mesmo no personagem de Lustbader, Nicholas Linnear - um mestre das artes marciais que é envolvido em uma conspiração de assassinato - e Lustbader viu muito de si mesmo e de Linnear em Bourne, o agente desonesto da CIA sem memória de seu passado. E assim, ambos se tornaram grandes amigos.

Quando Ludlum morreu em março de 2001, o seu espólio decidiu dar continuidade as aventuras de Jason Bourne. Algo natural, já que se tratava da série de livros mais famosa do escritor e que rendeu uma fortuna desde que foi criado. O próximo passo seria escolher um escritor que tivesse alguma afinidade com Ludlum.

Trilogia Bourne original escrita por Robert Ludlum

O retorno de Jason Bourne às páginas aconteceu em 2004, três anos após a morte de seu criador. Nasceu assim, O Legado Bourne. O sucesso da obra que vendeu aquém do esperado acabou estimulando o lançamento de novos livros até chegar a sua 11ª edição.

Uma das coisas que atraiu Lustbader para a série – além das infinitas possibilidades de enredo de um agente com amnésia – foi que Bourne era a antítese do espião sofisticado. Ele era um homem comum, danificado, e tendo que confiar com seus próprios recursos em vez de uma série de dispositivos e carros velozes.

Matt Damon assumiu o papel de Bourne na adaptação cinematográfica de A Identidade Bourne. Aqui cabe uma curiosidade já que os produtores do primeiro filme da trilogia queriam Brad Pitt na pele do agente da CIA e não Damon; mas no final, Damon provou ter sido a escolha certa.

Lustbader começou a moldar o personagem de Bourne sutilmente para sua série sem alterar o agente duplo operando sem memória, mas com uma lasca de consciência. Ele matou a esposa de Bourne, Marie, em um acidente de esqui entre seus livros um e dois e enviou as crianças para a fazenda de seus avós no Canadá.

Segundo o autor, Marie se foi e os filhos se foram porque, se Bourne fosse casado, não seria possível que ele interagisse com nenhuma personagem feminina, e sua esposa e filhos estariam sob constante ameaça. Para Lustbader, isso não poderia ser feito em todos os livros. Os dois primeiros livros se mostraram tão populares que a editora perguntou ao agente do escritor, se ele poderia criar um enredo sobre Bourne por ano. Isso, além de sua própria produção – na série Nicholas Linnear, personagem de “O Ninja” - de um livro, também, por ano.  E tudo indica que Jason Bourne venceu esse “embate”, já que teve fôlego para sustentar 12 enredos, enquanto Linnear só foi até o sétimo volume.

E agora vamos conhecer mais detalhes sobre os da saga Bourne escritos por Eric Van Lutsbader. Lembrando que dos seus 11 livros apenas três foram lançados no Brasil. Todos eles pela editora Rocco.

01 – O Legado Bourne (2004)

Na trama, o professor David Webb salva um aluno de uma briga, fazendo eclodir a agilidade e a destreza de sua antiga vida como o espião Jason Bourne. Webb mal imagina que este incidente é o estopim para uma complexa intriga internacional em que, de herói, ele passará novamente a alvo. 

Lustbader fez um excelente trabalho. Adorei o livro. É claro que o leitor que acompanhou toda a trilogia original vai perceber diferenças na escrita dos dois autores, mas não há como negar que nessa sequência, Lutsbader foi muito feliz e conseguiu manter o nível.

O enredo tem muita ação, conspirações e surpresas. Prestem atenção no personagem Khan que reserva uma grande reviravolta no final. Aliás, esse personagem foi muito bem construído pelo autor, à exemplo do agente da CIA, Martin Lindros e da misteriosa Annaka. Quer saber quando um autor entende do assunto? No momento em que ele escreve um livro com um grande numero de personagens e apesar disso, consegue deixá-los todos interessantes. Pois é, Lustbader conseguiu. O Legado Bourne tem uma ‘infinidade’ de personagens e todos eles conseguem prender a atenção do leitor, tendo papéis preponderantes na história. (ver resenha aqui)

02 - A Traição Bourne (2007)

A Traição Bourne foi publicado originalmente em 2007 mas só chegou ao Brasil em 2010 através da editora Rocco. Dois meses após a morte da segunda esposa de Jason Bourne, ele descobre que Martin Lindros, seu único amigo na CIA, desapareceu na África, onde ele estava rastreando carregamentos de urânio. 

Apesar de seu ódio pela CI, Bourne parte para resgatar seu amigo e terminar o trabalho: desmantelar uma rede terrorista determinada a construir armamentos nucleares cortando sua fonte de dinheiro.

Mas Bourne não percebe que esses homens, supremacistas islâmicos, são líderes de um grupo incrivelmente perigoso e tecnologicamente experiente com laços da África, através do Oriente Médio e na Europa Oriental e Rússia.

03 – A Punição Bourne (2008)

A Punição Bourne é o sexto livro da saga Bourne e o terceiro escrito por Eric Van Lustbader. 

Desta vez, Jason Bourne, agora conhecido como o professor David Webb, esta à procura de tranquilidade. Ele resolveu retomar o posto de professor na Universidade de Georgetown. Em pouco tempo, porém, ele acaba se entediando com a pacata vida no campus. Quando seu mentor acadêmico, o professor Specter, o convida para investigar a morte de um antigo aluno, assassinado por uma seita extremista islâmica, ele retorna ao trabalho com entusiasmo. Quase ao mesmo tempo, do outro lado do planeta, Semion Icoupov, líder da organização terrorista Legião Negra, e Leonid Arkadin, um matador de aluguel, se unem para arrancar, através de tortura, preciosas informações de Pyotr Zilver, um estudante especializado em transmissão de dados através das consideras 'novas tecnologias'. Quando David Webb, o lado B da personalidade de Bourne, salva o professor Specter de um ataque, dentro da universidade, o cerco começa a se fechar. Specter, na verdade um caçador de terroristas motivado por vingança, busca descobrir os próximos passos da Legião Negra, desde a morte de seu aluno, Pyotr Zilber. E para isso contará com a colaboração de Jason Bourne.

Se os fãs da saga já leram a trilogia sobre o agente da CIA publicada por Robert Ludlum não custa nada arriscar a leitura dos livros escritos por Eric Van Lustbader. Como já disse nesse texto, tive a oportunidade de ler o quarto livro da série e o primeiro idealizado por Lustbader e gostei.

Vamos ficar na torcida para que a editora Rocco publique aqui no Brasil, os oito livros restantes sobre Jason Bourne escritos por Lustbader, assim, teríamos uma saga de 14 livros! Um ‘presentaço’ para os fãs do personagem.

04 novembro 2024

Novo livro de “Jogos Vorazes” ganha capa e sinopse

Eu e Lulu temos uma amiga que ama, mais do que isso: briga por “Jogos Vorazes”. Se quiser vê-la soltando fogo “pelas ventas” é só falar mal – mesmo por brincadeira – da série escrita por Suzanne Collins. Ela, de fato, perde a compostura. Por isso, quando soube que a autora iria lançar um novo livro da saga, essa nossa amiga quase teve um ‘piripaque’. – Jam você tem que escrever sobre isso no seu blog! – disse. Mal sabe ela que eu não li nenhum livro do chamado universo de “Jogos Vorazes”. Sei lá, digamos que ainda me senti atraído pelo enredo; atração que ficou ainda menor após ter assistido aos dois primeiros filmes. Mas não posso nem pensar em dizer isso a nossa amiga, senão... tome fogo pelas ventas (rs).

Mesmo não me sentindo atraído pela saga, não posso negar que a série de livros idealizada por Collins se tornou um fenômeno em todo mundo, além de receber uma infinidade de elogios tanto de leitores quanto da crítica; elogios, diga-se de passagem, válidos também para os filmes.

E como acredito que o “Livros e Opinião” tem um grande número de seguidores que são fãs da saga, não poderia deixar de dar alguns detalhes sobre essa novidade que certamente colocará no rosto dessa ‘tchurma’ um sorriso de orelha a orelha. Portanto, está confirmado sim: Suzanne Collins vai retomar a saga de Jogos Vorazes em um novo livro da série, previsto para ser lançado em 18 de março de 2025, segunda a editora Scholastic.

Ainda sem título em português, o quinto volume da série distópica vai se chamar Sunrise on the Reaping. O novo livro – que já tem capa definida - é ambientado 24 anos antes do romance original Jogos Vorazes, lançado em 2008 - quando Katniss e Peeta participaram dos Jogos Vorazes pela primeira vez -, e 40 anos depois do livro mais recente de Collins, A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes. Esse período no universo fictício é conhecido como “Massacre Quaternário“, quando 48 tributos dos 12 distritos foram convocados para os jogos, incluindo Haymitch Abernathy, que aparece em outro livros da série.

Serão retratados os jogos em que o vencedor foi Abernathy, o mentor mal-humorado de Katniss e Peeta. O personagem é interpretado por Woody Harrelson nos filmes.

Assim como os demais livros da saga, Sunrise on the Reaping será adaptado para os cinemas. O filme está previsto para estrear nas telonas em 2026. A franquia é composta por “Jogos Vorazes”, “Em Chamas”, “A Esperança” e “A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes”. No Brasil, a saga é publicada pela editora Rocco.

 

 

Instagram