30 março 2013
Suma de Letras lança sete novidades de Stephen King em 2013
Cheguei em casa correndo do serviço, sentei-me na frente do
computador para redigir um post ‘ultra-rapidamente’, porque uma hora e meia
depois já tinha um outro compromisso profissional inadiável. Entrei como um
vulcão em meu quarto: - “Oi ... oi e oi.... só vou jantar quando voltar
‘denoitão’. Tenho de redigir algo correndinho. Vou fechar a porta para me
concentrar. Tchau!” Estas foram as palavras que saíram de minha boca como uma
metralhadora.
Ouvi ainda minha tia, da capital, que estava por aqui
passeando dizer: -“Nossa! Deve ser um assunto importante para ele deixar de
lado o seu prato preferido”. E adivinha de qual prato minha estimada tia estava
se referindo? Lasanha acompanhado de
peito de frango cremoso. Uhauahua!! Meu prato pra lá de preferido!! Pois é,
todos lá em casa ficaram completamente pasmados e ao mesmo tempo curiosos.
O zum zum continuou. Outro tio ‘soltou’: -“Deixa ele
trabalhar, deve ser aquele caso do roubo com refém de hoje cedo”. E por aí vai.
Apesar da porta do quarto estar fechada, ainda conseguia ouvir algumas
conjecturas dessa minha atitude, digamos que... um pouco anormal.
Já estava no meio do post quando alguém abriu a porta e
entrou. Adivinhe quem?? Se você respondeu: “Kid Tourão”, ‘seo’ Touro ou
simplesmente “Tourão”, acertou na lata!
Apesar do desânimo e tristeza evidente em seu rosto por causa
da doença que ainda não o abandonou, ele abre aquele sorriso maroto –
escarrapachado em sua cadeira de rodas, a qual ele chama de carrinho – e diz: -
“Você está escrevendo alguma coisa do ‘Kinga’ né? Na sequencia tascou: “Você
acha esse ‘Kinga’ melhor do que a lasanha não é?” Deixei a escrita um pouquinho
de lado, dei aquela risada gostosa e respondi para esse velhinho especial: - “É
sim Tourão. Estou escrevendo sobre o Kinga”. Antes de sair ‘rodando’ em seu ‘carrinho’
ele disse: - “Então pode deixar, que eu como por você”. Ahahaha!! Grande e
velho Touro. Imbatível Kid Tourão que já aprendeu a chamar Stephen King de
“Kinga”! Apesar do pouco estudo, ele teve a sensibilidade para descobrir o
motivo do meu ‘afogueamento’ ao chegar em casa correndo, ao ponto de abandonar
um dos pecados responsáveis pela minha gula.
Pois é galera, ao tomar conhecimento do calendário de
lançamentos das obras de Stephen King quase comprei um repertório de fogos de
artifícios para promover um festival pirotécnico. E juro que merecia tudo isso,
porque a maioria dos livros prometidos pela Editora Suma de Letras –
responsável pela publicação das obras do escritor no Brasil – estão previstos
para desembarcar neste ano de 2013 na terrinha. E alguns deles chegam
‘bunitinhus’, com capas luxuosas, prefácios misteriosos escritos pelo mestre do
terror, tradução de qualidade e por aí afora. Portanto, com certeza, merecia um
post especial, mesmo que para isso eu tivesse que fazer algum sacrifício, o
qual vocês e o Tourão, com certeza, já sabem: abdicar do meu prato preferido
preparado por uma tia que raramente viaja por essas bandas..
Mas vamos as novidades “Kingnianas” que estarão aterrisando
por aqui em 2013. Lembrando que algumas delas já acabaram de desembarcar. Como
é o caso de “A Auto-Estrada” e “Quatro Estações”. As demais chegarão em abril,
maio, junho e novembro.
01 – A Auto-Estrada
(Lançamento: Março)
Aqueles que leram – eu ainda não tive a oportunidade –
garantem que “A Auto-Estrada” é um thriller de suspense psicológico
eletrizante. Pelo menos a sinopse aponta para isso. King escreveu o romance em
1981 sob o pseudônimo Richard Bachman e nele conta a história de Barton George
Dawes que, após saber que sua casa e seu local de trabalho serão demolidos para
ser construída uma auto-estrada, fica frustrado e de cidadão comun passa a ser
uma ameaça à cidade. Seu filho morrera recentemente por causa de um tumor no cérebro
e o seu casamento não vai nada bem. E depois dessa notícia, ele fará de tudo
para que sua casa e seu local de trabalho não sejam demolidos, que é onde estão
suas memórias, a sua história, a sua vida.
King escreveu esse livro durante um momento muito difícil de
sua vida, período em que sua mãe vinha sofrendo muito com uma doença grave. Ela
viria morrer um ano antes da publicação, vítima de um prolongado câncer. O
próprio King revelou que em alguns momentos da trama se identificou com George
Dawes.
O livro foi relançado no formato Pocket, ou seja, edição de
bolso. Apesar daquelas letrinhas minúsculas que enchem o saco, é evidente que a
leitura vale à pena.
02 – Quatro Estações
(Lançamento: Março)
Quatro Estações na versão pocket |
Tai outra obra de King relançada no formato pocket neste ano.
“Quatro Estações” foi publicada originalmente em 1982. Antes de escrever alguma
coisinha sobre o livro deixe-me fazer uma pergunta para os apreciadores da
sétima arte. O que vocês acharam dos filmes: “Um Sonho de Liberdade” (1994) com
Tim Robbins e Morgan Freeman; “O Aprendiz” (1998) com Ian McKellen e “Conta
Comigo” (1986) com River Phoenix e Richard Dreyfuss? Se a resposta foi:
“A-D-O-R-A-M-O-S !!”. Só posso dizer: comprem imediatamente “Quatro Estações”.
Não percam um minuto sequer para, depois, não ficarem chupando o dedo e se
lamentando.
Estes três clássicos do cinema foram, na realidade, adaptados
de contos do livro “Quatro Estações”. A obra de King de 685 páginas tem quatro
histórias que mostram uma outra faceta do mestre do terror, bem diferente do seu
universo habitual, mas com a mesma marca de excelente contador de histórias que
ele conquistou ao longo de sua carreira. King constrói narrativas baseadas no
dia-a-dia de personagens comuns e mostra sua habilidade em criar demônios. Em Quatro Estações, o
mestre do terror americano, se distancia do sobrenatural e mergulha no dia-a-dia
de personagens comuns.
Quatro Estações edição de 1982 |
Em "A Primavera Eterna", um homem tenta escapar de
uma prisão de segurança máxima, após uma condenação injusta. Esta história foi
adaptada para o cinema sob o título "Um sonho de liberdade". Já o
filme “O Aprendiz” bebeu na fonte de "Verão da Corrupção" que traça o
relacionamento entre um adolescente e um velho nazista. Para não entregar o
criminoso alemão às autoridades, o garoto exige que o fugitivo lhe relate suas
memórias. A partir de então um tenso jogo psicológico surge entre os dois,
ameaçando a sanidade do jovem. Em "O Outono da Inocência" um grupo de
jovens encontra um corpo, marcando sua passagem para o mundo adulto. Este conto
foi para a telona com o título de "Conta comigo". A última história,
"Inverno no clube" traz a luta de uma mãe para salvar seu filho. Este
último conto ainda não recebeu uma adaptação para as telonas.
03 – “A Dança da Morte”
(Lançamento: Abril)
Edição lançada em 2005 |
Lançado originalmente em 1978, “A Dança da Morte” é
considerado por muitos fãs como o melhor livro da carreira de Stephen King. A
obra tem um clima apocalíptico e será lançada em abril no formato edição de
bolso. No enredo, uma poderosa arma biológica é acidentalmente libertada de uma
base secreta nos Estados Unidos. Um vírus extremamente mortal acaba dizimando quase
toda a população da terra, excetuando uma pequena parcela resistente à ele.
Logo os sobreviventes se vêem divididos e são obrigados a optar entre uma
bondosa senhora de idade chamada Mãe Abigail ou um ser misterioso chamado
Randall Flagg, cuja primeira atitude no momento de crise é recrutar a escoria
da sociedade sobrevivente para formar o seu “batalhão”, tencionando conquistar,
com eles, o que restou da civilização moderna pós apocalíptica. A partir daí
começa um embate estilo “duro de matar” entre os dois grupos.
Apesar do lançamento em pocket de “A Dança da Morte” previsto
para abril, é importante frisar que o livro no tamanho standard – aliás, um
pouco maior que esse padrão – ainda continua a venda em algumas livrarias.
Trata-se da edição lançada em 2005 e que inclui mais de 500 páginas de texto
anteriormente eliminado e trechos inéditos que King acrescentou enquanto
refazia o manuscrito para outra geração de leitores.
Acredito que a diferença gritante, entre as versões pocket e standard
deverá ser o preço, além daquelas letrinhas minúsculas maledetas . Enquanto o
“livrão” custa R$ 99,90 – uma maneira disfarçada de cobrar R$ 100,00 – o
livrinho com as tais letras miseráveis - que será lançado em abril - deverá ter
um valor módico para caber no bolso da galera (rs).
04 – O Talismã
(Lançamento: Abril)
Pocket de O Talisma já em pré-venda |
Taí mais uma edição de bolso do King!! Caraca! A Suma de
Letras (um dos selos da editora Objetiva) abriu as comportas dos pockets! Vou
ser sincero. Não gosto muito dos chamados livrinhos. Tudo bem que é mais
barato. Tudo bem que cabe no bolso e na bolsa. Tudo bem que o seu formato é um
baita sucesso nos states. Tudo bem e tudo bem e mais tudo bem; mas eu não gosto
pô!!! Acho um saco. Aquelas letrinhas
que judiam das nossas pupilas são um p... castigo. Mas vá lá; fazer o que né?
“O Talismã” foi publicado originalmente em 1983 e lançado no
Brasil dois anos depois pela editora Franscisco Alves, mas a edição mais famosa
e que vendeu horrores por aqui é a de 2007 publicada pela Objetiva com 505
páginas na versão standard e não no famigerado pocket.
Em "O Talismã", Stephen
King convida o leitor a embarcar numa aventura com todos os ingredientes das
histórias que o tornou o mestre do horror e da fantasia contemporâneo. Jack
Sawyer, um garoto de 12 anos, está preste a iniciar uma jornada fantástica: a
empolgante e assustadora busca de um talismã. Jack sabe que correrá vários
riscos e que sua coragem e resistência física serão testadas a cada segundo. Ele
dará tudo de si, pois de seu sucesso depende a vida de sua mãe... Para atingir
sua meta, Jack terá de lutar contra um inimigo furioso e cruel que está
disposto a fazer qualquer coisa para destruí-lo e atravessar não apenas os
Estados Unidos de costa a costa, mas também os Territórios, uma região
assombrosa e ameaçadora.
Enredo interessante não é mesmo? Se
vocês forem como eu, que sofre de ojeriza pelos pockets, podem desembolsar
aproximadamente R$ 70,00 e adquirir o digamos... livro no tamanho normal de “O
Talismã”. Agora, se a galera não faz diferença quanto a tamanho, pode esperar a
chegada da versão pocket que, inclusive já está em pré-venda em algumas
livrarias virtuais. A previsão é de que a edição de bolso de “O Talismã” chegue
nas mãos dos leitores em 22 de abril.
Decidam...
05 – O Vento através da Fechadura (Lançamento: Junho)
Pelo amor de Deus! Chega desse
lance de pockets! Vamos falar escrever sobre l-i-v-r-o, de fato. Tudo
bem... tudo bem... me desculpem aqueles leitores que são adeptos dos livrinhos
de bolso; mas é que eu prefiro manter distância (rs).
Mas vamos ao que interessa. Buemba!
Buemba! Stephen King resolveu lançar o oitavo volume da “super-saga” ‘A Torre
Negra’. Pêra aí! Pode parar tudo! Como assim, oitavo se a saga foi concluída no
sétimo volume mêo!! Gente. Calma aí; eu explico. È que o nosso ousado mestre do
terror, talvez após um sopro de inspiração, resolveu escrever um livro que
preenchesse alguns vazios da trama existentes entre os livros ‘Mago’ e ‘Lobos
de Calla’, respectivamente quarto e quinto volumes de ‘A Torre Negra’.
Cara! Só mesmo um gênio como King
poderia ter um insight desses. Escrever um livro que não seqüenciasse o
anterior da saga, mas sim, aqueles escritos bem antes. Grande King!!
O livro foi lançado em abril do ano
passado nos states e agora – nada mais justo – chegou a vez do Brasil. “O Vento
através da Fechadura”, oitavo e – tudo indica – último volume da saga “A Torre
Negra” aterrissa no País verde e amareloi em junho deste ano. E o melhor: em
brochura, maior que o tamanho standard e não no famigerado estilo anão...
Êpa.... Desculpas novamente....
Bem pessoal, mas tai! O importante
é que uma das sagas mais famosas da literatura mundial e que demorou vinte e
três anos para ser concluída terá mais um livro. E Zefini!
06 – Novembro de 63 (Lançamento: Novembro)
A Suma de Letras não tem nada de
boba né? Deu o golpe, certinho (rs). Deixou pra lançar na ‘terrinha’, um dos
livros mais aguardados de King – talvez, superando em expectativa até mesmo
“Sob a Redoma” – no mês de novembro. Mas o que isso tem de diferente ou
especial?? É simples. Novembro é título do livro que tem como trama principal o
assassinato do presidente americano JFK que, como vocês sabem, aconteceu em
novembro.
É claro que não vou escrever ‘tudo
de novo’ sobre o livro, mesmo porque já publiquei vários posts sobre esse
lançamento. Aos interessados que desejarem conhecer um pouco mais sobre o
enredo da história, recomendo esse post aqui.
Ah! Antes que me esqueça... estou
contando nos meus 20 dedos – 10 das mãos e outros 10 dos pés – a chegada da
obra nas livrarias. Com certeza, serei um dos primeiros a adquiri-la.
07 – Pesadelos e Paisagens Noturnas (Lançamento: Novembro)
Prá você que se arrepiou com os
contos: “O Piloto da Noite”, “A Dentadura Mecânica”, “O Dedo Semovente” e
“Sabe, Eles Tem uma Orquestra do Diabo”; a boa nova é que a “Suma de Letras”
também optou por relançar o famoso livro de contos de King, publicado
originalmente em 1993, “Pesdadelos e Paisagens Noturnas.
Só uma dica e sem spoilers. O conto
“Sabe, Eles Tem uma Orquestra do Barulho é antológico. Disparado o melhor do
livro.
Prá variar, “Pesadelos e Paisagens
Noturnas” será lançado na versão pocket.
Fico por aqui.
PS: Vai aqui um puxão de orelhas na Suma de Letras. Vários dos
livros relançados nesse ano ainda podem ser encontrados facilmente nas
livrarias e nos sebos. Portanto, sei lá... fica meio estranho... Acho que perde
um pouco aquele ‘lance’ de novidade. O leitor acaba adquirindo o livro com
aquele sorrisinho torto. – “Vou comprar porque sou fã do King, mas só por
isso”. Geralmente são essas palavras de frustração que saem da boca da maioria
dos leitores. Enquanto isso, fico por aqui sonhando – acho que delirando,
caberia melhor - com os meus botões o dia em que poderei publicar o seguinte
post no blog: “Fãs de King já podem comemorar! Depois de décadas de espera vem
aí os relançamentos antológicos: A Hora do Lobisomem, A Metade Negra, Trocas
Macabras, Os Livros de Bachman (sem a Furia, cuja publicação foi proibida pelo
autor), Cão Raivoso, Angústia e Depois da Meia Noite”.
Estas sim, obras que valem a pena
serem chamadas de ‘relançamentos verdadeiros’.
24 março 2013
“O Massacre da Serra Elétrica: Arquivos Sangrentos” será lançado em abril
Quando “ O Exorcista” foi lançado em 1973, a maioria
dos cinéfilos tinha certeza de que nenhuma outra produção do gênero terror conseguiria
repetir o êxito da história sobre aquela criança possuída pelo demônio. Pensei
que nenhuma cena superaria a “virada” de
cabeça de 360 graus sobre o próprio pescoço de uma menina endemoniada com a
expressão toda distorcida. Então, um ano depois (1974) o diretor Tobe Hooper lançaria “O Massacre da Serra Elétrica”. E pronto;
e lá iriam todas as minhas convicções de pré-adolescente para o lixo. Após
assistir o filme com o coração na mão, a Regan possuída sairia do meu
imaginário para ceder espaço para o homicida Leatherface.
O calafrio provocado por um serial killer com
problemas mentais que matava as suas vítimas com uma moto-serra e depois
retirava a pele para se vestir com o estranho “souvenir” era muito maior do as
vomitadas de gosma verde e “giradas de
cabeça” de Regan. Tão maior que após quase 40 anos, ainda não consigo rever o
filme de Hooper. Sei lá; me chamem do que quiser: covarde, medroso, poltrão;
mas a verdade é que não consigo... Pô!!
Pois é, os tais quase 40 anos ainda não conseguiram
amenizar o incômodo e a sensação de mal estar que o filme provoca. Acredito que
muitos de vocês que estão lendo esse post pensam como eu; e tem na figura de Leatherface
o motivo de seu principal medo “interior-adolescente”.
Bem galera, a boa notícia para aqueles que se “deliciaram”
(deliciaram??!!) ou melhor tremeram de medo com o filme de Hooper é que a
editora Darkside, especializada em livros de terror e suspense, acabou de
lançar neste mês de março, o livro “ O Massacre da Serra Elétrica: Arquivos
Sangrentos”, inaugurando a “Coleção Dissecando: Clássicos de Terror”.
Ed Gein: o Leatherface real |
Pera aí gente! Para os mais apressadinhos que estão
pensando se tratar de uma simples adaptação do roteiro cinematográfico, de
1974, para as páginas, já adianto que não tem nada a ver. A obra escrita pelo
inglês Stefan Jaworzyn vai muito mais além. É algo profundo mesmo! Diferente,
fugindo dos padrões convencionais e que, por isso, certamente irá agradar
tantos cinéfilos quanto leitores. O livro é uma verdadeira enciclopédia de
informações e curiosidades sobre a obra de Hooper. “O Massacre da Serra
Elétrica: Arquivos Sangrentos” conta a história da produção do filme, além de
reunir diversas entrevistas com o elenco, abordando a repercussão na
época.
O livro reúne ainda histórias dos bastidores dos
filmes da série, perfis do diretor e do psicopata que inspirou o longa,
críticas da época, além dos relatórios que recomendavam a censura do filme,
tudo amplamente ilustrado com fotografias raras e inéditas.
As lendas urbanas criadas pelos filmes da série, ao
longo dos anos, também estão incluídas na obra literária de Jaworzyn que já foi
editor do fanzine de horror Shock Xpress (1985-1990), que
deu origem à série de livros homônimos, além de fundador do festival de filmes
de horror Shock Around the Clock.
Talvez, muitos de vocês estejam questionando nesse
momento se uma película de baixo orçamento, com atores desconhecidos e ainda
por cima sem a devida e merecida atenção do estúdio que aceitou filmá-la
merecia um livro tão aclamado como esse. Eu respondo: “Merecia e muito”.
Livro capa dura edição limitada |
Apesar de desacreditado pelos próprios produtores
que destinaram uma verdadeira merreca para a produção do filme, “O Massacre da
Serra Elétrica” levou verdadeiro pânico
aos jovens da época, com Leatherface inundando o imaginário das pessoas com ao mais
terríveis pesadelos.
O filme de Hooper causou uma revolução após o seu
lançamento, abalando todas as estruturas, fugindo completamente do
convencional. Nenhum outro filme do gênero havia conseguido chegar tão fundo no
que se refere ao medo visceral. Imagine bem; no meio do puritanismo
cinematográfico do início dos anos 70, no que se referia à cenas de violência
explícita, surge um roteiro que tem como personagem principal um homicida com deficiência
mental que mutila as suas vítimas com uma moto-serra!!! Para romper de vez as
convenções, esse homicida ainda arranca a pele de suas vítimas para se vestir e
fazer uma máscara. Mais ainda... tem uma família de canibais tão desequilibrada
quanto ele que saboreia alguns filés extraídos das pobres vítimas. E para
finalizar... as cenas do serial killer “partindo” as suas presas humanas ao meio com a tal
serra elétrica são mostradas quase que explicitamente!! Nunca esqueço a cena em
que Leatherface pendura um cadáver num gancho de açougue para extrair a sua
pele. Arghhhh!!!
Cara! Um filme com essas características não poderia
passar despercebido naqueles tempos. Explodiu tudo! Resultado: a censura caiu matando em cima e proibiu a
exibição do filme em vários países, o que só serviu para aumentar ainda mais a
curiosidade dos cinéfilos que faziam filas monstruosas nos cinemas onde a
produção estava liberada.
Tobe Hooper demonstrou toda a sua genialidade ao dar
ao filme um clima realista, quase documental. Percebemos isso logo no início da
história quando uma voz em off faz um resumo do drama vivido pelo grupo de
jovens que numa tarde de final de semana resolvem “pegar” uma das estradas do Texas
para viajar, sem saber que passariam a viver o maior pesadelo de suas vidas ao
cair nas garras de uma família de canibais.
“O Massacre da Serra Elétrica” foi inspirado no
psicopata Ed Gein, talvez o mais famoso sociopata sexual do século XX. Em
16 de novembro de 1957, os policiais
encontraram na fazenda de Ed
Gein, um conjunto de relíquias macabras que entraria para a história da
criminologia e psiquiatria. Eles encontraram em sua fazenda, dentre outros
artefatos: 9 máscaras feitas de pele humana; tigelas de sopa feitas do topo
cerrado de crânios humanos;
10 cabeças de mulheres
com o topo cerrado; cadeiras revestidas e forradas de pele humana; 9 vaginas em
uma caixa (a da sua mãe estava pintada de prata); 1 cinto feito de mamilos
femininos; 1 pucha-cortina feito de lábios humanos; 1 caixa com narizes; 1
abajur feito de pele humana; 1 caixa de aveia contendo pedaços de cérebros; sutiã
e outras “peças” de roupas feitos de pele humana; órgãos e vísceras humanas
dentro da geladeira; crânios enfeitando sua cama e outras souvenires macabros.
Ed Gein – que tinha um
pouco de deficiência mental - nunca disse quantas pessoas matou. Confessou apenas
dois assassinatos, mesmo assim após ser torturado pelo xerife responsável pelo
caso. A maioria dos pedaços e restos de corpos encontrados em sua fazenda eram
de cadáveres que ele havia desenterrado no cemitério local. Nunca ao certo se
soube quantas pessoas ele realmente assassinou.
Além de Ed Gein, o filme
também teve como inspiração um crime ocorrido um ano antes no
Texas e que chocou a sociedade norte-americana, dando origem a uma série de
lendas urbanas.
Ator Gunnar Hansen que viveu Leatherface no filme de 1974 |
O livro conta ainda como aconteceu a escolha do ator
que viria interpretar Leatherface. É evidente que não vou revelar aqui como
Gunnar Hansen ganhou o papel e como ele se preparou para encarnar o personagem.
Deixo isso para as páginas da obra de Jaworzyn.
E como já citei no começo desse post, “O Massacre da
Serra Elétrica”: Arquivos Sangrentos” brinda, também, os seus leitores com um
arquivo de fotos inéditas dos bastidores do filme e também de fatos
epersonagens que inspiraram a obra.
Ah! Pera aí. Acho que deixei o melhor para o final. Depois
de “O Massacre da Serra Elétrica” virão outros ‘arquivos sangrentos’. Explico
melhor. É que a editora Darkside pretende dar sequencia ao projeto que consiste
no lançamento de livros que contenham todas as curiosidades sobre famosas
produções de terror, escancarando as portas dos bastidores desses filmes. Um
verdadeiro “Making of literário”. Tudo indica que o próximo da lista será “A
Morte do Demônio” (The Evil Dare) de Sam Raimi.
E aí gostaram? Então reserve já o seu exemplar que
já está em pré-venda nas principais livrarias virtuais. Faça isso logo porque a
edição de luxo capa dura é limitada. “O Massacre da Serra Elétrica”: Arquivos
Sangrentos” deve ser lançado oficialmente no próximo dia 15 de abril.
Inté!
20 março 2013
Micro
Antes de começar escrever sobre esse thriller tecnológico
de Michael Crichton e Richard Preston, gostaria de contar algo que aconteceu
comigo e que talvez tenha alguma relação com o romance que acabei de ler.
Aproximadamente uma semana antes de encarar “Micro” fui
convidado para o churrasco de aniversário de um amigo meu. Durante a festa, um
‘sádico infeliz’ me chamou: “Môra!! – Etchaaa apelidinho triste esse!! – vem
aqui ver um negócio, corre cara!!” Pois é, do jeito que o tal sádico me chamou
– aliás, só saquei que o sujeito era um sádico, de fato, depois da cena
chocante que me mostrou – pensei que alguém estava passando mal e precisando de
cuidados médicos. Mas ao chegar no local do “acidente” o que é que eu vejo?
Vai! Diz aí mêo! O que é que eu vejo!! PQP!! O que aquele disgramado duma figa
– pra não falar d-e-s-g-r-a-ç-a-d-o!!!! – ‘fio’
de uma ..... me mostrou? O cara %*&¨%$#@* teve a capacidade de
mostrar com um sorriso prazeroso, o ataque de uma aranha (grandinha e esquisita)
à uma ‘moscona’ enorme presa e indefesa numa teia!!! Ecaaaa! A tal aranha vinha
com as suas mandíbulas que mais se pareciam tesouras de jardineiro mais afiadas
do que navalha.
Esse sádico que nem por isso deixa de ser um sujeito
legal... grande amigo (rs), talvez tenha se interessado pelos tamanhos
cavalares da aranha e do inseto e por isso me chamou pra presenciar a cena,
como se eu fosse o juiz responsável pela luta desigual. Credita!!! Eu juiz de
um ‘UFC’ de insetos!! Ahahaha!
Bem, na verdade, aquela cena acabou comigo. Pode parecer
mentira, mas cheguei a ter um ‘mini-pesadelo’ na noite seguinte. Bem, dois dias
depois, fuçando na Net, vejo nos sites das livrarias virtuais o novo livro de
Michael Crichton, “Micro”. Não pensei duas vezes, fechei o pedido na hora.
Êpa! Pêra um pouquinho! Como explicar o meu desejo por essa
obra, se eu não suportei ver uma aranha deglutir uma mosca?!! Calma gente; eu
explico. Os motivos foram dois. Vamos começar com o menos importante. Bem, pela
maioria dos comentários que havia visto nas redes sociais, acreditei que o
enredo principal da história estaria ligado a nanotecnologia, ‘a exemplo de
“Presa”, uma das melhores obras de Crichton que já li em minha vida. Jamais
pensava que a história teria um festival de animais peçonhentos gigantescos
atacando seres humanos menores do que um grão de areia!. Vamos agora, ao
segundo motivo. Este mais importante. A obra em questão se trata de um livro
póstumo do meu ídolo. Portanto, que venham as aranhas, vespas, centopéias e o
escambau a quatro! Que venham com trinta, quarenta, cinqüenta ou cem metros de
altura! Eu coloco os meus medinhos, medões, toque e retoques dentro de uma
sacola e encaro as páginas. Afinal de contas, estou me referindo a Michael
Crichton. O cara... a lenda... Ihh.... desculpe a empolgação, é que o sujeito é
fera.
Olha galera, mas apesar de estar com um tesão incrível pelo
livro, confesso que tive de dominar todos os meus medos de aranhas, vespas,
gafanhotos e outros “bichinhos” para ler as 411 páginas do romance. E quer
saber de uma coisa?? Valeu à pena!! Uhauuu!! E como valeu! Pode acreditar: li
“Micro” em três dias, apesar de estar entupido de serviço. Varava madrugadas,
lia nos intervalos do meu trabalho, no trânsito, no consultório médico, no
toalete; enfim, nos mais diferentes lugares. O enredo desenvolvido por Crichton
e concluído por Preston é uma verdadeira montanha russa que impede o leitor de
desviar os olhos das páginas. Imagine uma história com aventura, intrigas,
traições e romance, temperada com ficção científica da melhor qualidade.
“Micro” é tudo isso e um pouco mais.
Há rumores de que Crichton teria escrito apenas 73% da obra
antes de morrer. O restante da história teria sido completado por Preston.
Ocorre que para o leitor é como se Crichton tivesse escrito todo o livro, o que
deixa evidente o talento e competência de Preston que já havia provado que, de
fato, é o “cara”, quando escreveu em 1994 “The Hot Zone”, um thriller de não
ficção sobre um surto do vírus Ebola num laboratório especializado no estudo de
primatas, localizado em
Virginia. Este fato chamou a atenção do mundo em 1989 e
mobilizou as autoridades médicas e sanitárias de vários países. “The Hot Zone”,
lançado no Brasil pelo Rocco, é uma leitura obrigatória para aqueles que gostam
de obras de qualidade escritas em estilo jornalístico.
Quando soube que Preston havia sido escolhido pelos
herdeiros de Crichton para concluir a sua obra póstuma, encostei a cabeça no
travesseiro, dormi e sonhei com os anjos, pois tinha certeza que seria uma
mistura de qualidade.
O enredo estilo montanha-russa de “Micro” descreve a
aventura de sete promissores estudantes, cada um deles, graduado em determinado
campo da ciência (aracnologia, entomologia, bioquímica, envenenamento, etc) que acabam sendo convidados por Eric Jensen, irmão mais
velho de um deles, a iniciarem um
estágio na empresa da qual é sócio: a NaniGen, especializada na fabricação de
micro-robôs. Chegando nesse conglomerado empresarial, eles descobrem que a
pesquisa da NaniGen vai muito mais além. Na realidade, eles conseguiram dominar
a tecnologia da miniaturização, conseguindo reduzir seres humanos e máquinas à
proporções microscópicas. O objetivo da NaniGen
é enviar grupos de pesquisadores com equipamentos de última geração ao chamado
micro-mundo habitado por insetos,
bactérias e outros animaizinhos nada legais para recolher amostras que podem
ser utilizadas na fabricação de medicamentos que futuramente poderão acabar com
moléstias incuráveis. Com o avançar das
páginas, os leitores vão chegando a conclusão de que na verdade as intenções da
empresa são bem diferentes e nada
altruistas. Pelo contrário; a exploração
do micro-mundo é um disfarce para despitar o seu verdadeiro objetivo. É
evidente né ‘migo’ que não vou revelar
qual objetivo néee....
Quando Éric é assassinado pelo seu sócio
inescrupuloso, Vin Drake, por ter descoberto as verdadeiras intenções da
NaniGen, seu irmão Peter Jensen se torna um alvo em potencial. Resultado:
ele e seus amigos são miniaturizados, pelo vilão, e enviados ao chamado
micro-mundo. Pronto! A partir daí,
prepare o seu coração para as emoções. E que emoções! Os nossos sete
protagonistas micro-humanos são, literalmente, abandonados em uma vasta floresta tropical na
grande ilha do Havaí de Oahu, ficando à mercê
de um “Mundo Perdido” . Os jovens
cientistas encontram uma natrureza hostil e a cada instante deparam com
perigos intensos e surpreendentes.
Armados apenas com o conhecimento do mundo natural, de repente, são obrigados a
enfrentar predadores terríveis que até há poucos instantes não passavam de
simples insetos ou bichinhos inofensivos. Eles tem que vencer esses obstáculos
para tentar impedir que Vin Drake coloque em prática o seu plano
diabólico.
Gostaria de alertar os
leitores com estômagos mais fracos que
existem trechos que realmente causam náuseas, mas daquelas náuseas instantaneas
em que o vômito vem logo a seguir (rs).
Um deles é o ataque de uma vespa que
após ferroar e paralisar a sua vítima humana com veneno, carrega-a ainda viva para dentro do ninho para que sirva
de alimento para... digamos... os seus filhotinhos. Outra passagem “braba” é o ataque organizado das formigas
cabeçudas, uma das espécies carnívoras
mais predadoras do mundo. A sua
forma de atacar é semelhante ao dos velociraptores em “O Parque dos
Dinossauros”, também de Crichton. Elas são extremamente inteligentes e... letais.
Mas nada se compara a dois momentos por demais asquerosos. O primeiro deles
quando uma vespa parasitária pega de supresa um dos cientistas dormindo num
pequeno galho de uma árvores e simplesmente.... confunde o seu braço com uma
larva. Sente só o drama: “ Ele ouviu uma aproximação ruidosa que planou por
cima como um helicóptero... Era uma vespa... Ela desceu.... tocou suavemente a
antena em seu braço esquerdo e sentiu a textura macia e o gosto da pele... Era
uma pele branca e macia como uma lagarta... Então, de repente, a vespa”.... Aii
Aii Aii!!! Mãêeeeeeeeeee!!! Quero lembrar disso não!!! E quero lembrar menos ainda do trecho em que
os caras já ‘mortos’ de fome no micro-mundo – no desespero – resolveram matar
um...... (pontinhos) e provar a carne esbranquiçada e gosmenta do ...
(pontinhos novamente). Ecaaaaaaaaaa!!! Ah! E comeram ainda os bifes crus e
disseram que: - “bem, até que é saboroso”. Ecaaaaaa novamente!!!
Cara! Chega vai! Enfim, “Micro” é isso aí. Perto do final do
livro, há revelações surpreendentes que mudam de maneira quase que total o
contexto da história.
E se esses poucos trechos que descrevi no post já serviram
para acelerar o seu coração ou então causar náuseas, espere só quando ler os
demais, principalmente o ataque de um micro-robô que por engano entra na sala
de miniaturização e recupera o seu tamanho normal. Bem... melhor esquecer.
Inté e boa leitura!
15 março 2013
A Estrada da Noite
Não sei ao certo se já ‘falei’ em alguns dos posts
que escrevi neste blog sobre o meu medo primitivo. E não venha me dizer que
você é o tal “Mister Coragem” e que por isso não tem tempo de ficar guardando
aqueles medinhos bobos em alguma gaveta de sua memória. Cara! Não adianta negar,
todos nós temos esse tipo de medo. Sei lá, ele pode vir representado na forma
de uma barata voadora, um rato, uma vespa, um sapo cascudo e barrigudo ou então
determinada cena de um filme que entrou na sua cabeça e volta e meia insiste em
sair dos recônditos de sua memória para atormentá-lo.
Craddock McDermontt!! Pronto! Citei na lata! Essa
peste é a causa do meu medo interior. O véinhu do paletó assombrado, como
aprendi a chamá-lo, supera outros medos primitivos potentes, tais como o
Reverendo Kane do filme Poltergeist, aquele pastor idoso com uma cara macabra
que atazana a vida da família daquela menininha que, por sua vez, acaba sendo
‘puxada’ para o além - putz! Taí outro
veinhu do cão! – a ‘Regan-aranha’ de “O Exorcista”, na cena da escadaria; o
vovô-fantasma do episódio “O Cemitério” de “A Galeria do Terror” que sai da
sepultura depois de morto e começava se mexer nuns quadros pendurados na parede
de uma mansão. Pera aí? Vovô-fantasma? Caraca! Taí mais um véinhu do além!
Estão vendo só como eles me perseguem...
Gente, o Craddock de “A Estrada da Noite”, livraço
de terror escrito por Joe Hill, filho do mestre Stephen King é a soma de todos
esses medos primitivos. Bata somarmos o Reverendo Kane, a Regan-aranha e o vovô
da sepultura que teremos- quer dizer, terei, já que esse medos são meus - como
resultado o tal Craddock McDermontt.
Craddock, literalmente, arrepia na história. O
fantasma só pensa em vingança e é capaz de tudo para atingir os seus objetivos.
Para que você entenda melhor quem é esse velhinho endemoniado vou fazer uma
breve sinopse da obra de Hill.
A história tem como protagonista o cinquentão Jude
Coyne: uma verdadeira lenda do rock que tem vários gostos excêntricos, como por
exemplo, colecionar objetos macabros. Coyne tem um livro de receitas de
canibais, uma confissão de uma bruxa de 300 anos atrás, um laço usado num
enforcamento, uma fita com cenas reais de assassinato. Dessa maneira, quando
fica sabendo de um estranho leilão na internet, ele não pensa duas vezes antes
de fazer uma oferta. Ah! O anuncio? Esse aqui oh: “Vou ‘vender’ o fantasma do meu padrasto pelo lance mais
alto...”
Por 1.000 dólares, o roqueiro se torna o feliz
proprietário do paletó de um morto, supostamente assombrado pelo espírito do
antigo dono, ninguém menos do que Craddock. A partir daí, a vida do roqueiro se
transforma num verdadeiro inferno, pois a presença de Craddock – apesar de ser
um fantasma – passa a ser real e ameaçadora, invadindo a intimidade de Coyne, levando
o cara as raias da loucura.
No momento em que o cantor recebe o paletó do
velhinho maléfico numa caixa, dobradinho e bonitinho, o leitor já percebe que a
partir daí virá chumbo grosso.
A coisa é braba! O espírito de Craddock parece estar
em todos os lugares, à espreita, balançando na mão cadavérica uma lâmina
reluzente que é uma verdadeira sentença de morte. O roqueiro logo descobre que
o fantasma não entrou em sua vida por acaso e só sairá dela depois de se
vingar.
Enquanto você lê esse post, não se engane pensando o
seguinte: -“ Ai... coitadinho do Judas, caiu numa arapuca sem saber. Que dó...”
Bem, só para esclarecer esse detalhe, já alerto que quem caiu na arapuca foi
você, já que Coyne não é nenhum santo. O cara usou uma ‘ galáxia’ de mulheres e
depois descartou todas elas; traiu amigos, incluindo os integrantes de sua
banda, é sarcástico ao máximo, tem mania de grandeza... acho que já chega né?
Mas acontece que o personagem, apesar de ser um crápula acaba conquistando o
leitor e conforme as páginas vão sendo viradas, você se vê torcendo para que o
velho roqueiro excêntrico se livre da sua maldição. O leitor descobre que toda
a excentricidade e o caráter não muito correto do artista é uma carapaça que
ele utiliza para se proteger de seus próprios fantasmas, como por exemplo uma
infância sofrida por causa do pai violento. Conforme Craddock vai arrastando a
vida de Coyne para um abismo sem fim, percebemos que ele começa a mudar as suas
atitudes e a mostrar o digamos... seu lado mais humano. Ehehehe... aliás, é
sempre assim né galera. Muitas vezes deixamos para mostrar o nosso lado
cordeirinho somente quando estamos por baixo e precisando de uma ajudazinha.
Bem, comecei a escrever sobre a personalidade de
Coyne e acabei desviando o foco do assunto principal. Estava fazendo uma breve
sinopse da história para que o leitor conhecesse melhor a relação Craddock e
Coyne. Ok; parei no momento em que ‘falava’ que o fantasma não havia entrado na
vida de Coyne por acaso. Vamos lá, retomando...
O “veinhu do paletó assombrado é padrasto de uma fã que cometeu suicídio
depois de ser abandonada por Jude!
Mas antes de começar a tacar pedras e cuspir no
cara, gritando: - “Bem feito desgraçado! Tomara que esse véinhu mardito e
também desgraçado como tu lhe coma o bucho!!!” Saiba que no desenrolar das
páginas, Joe Hill dá um verdadeiro golpe de mestre e mostra porque é filho de
Stephen King. Na verdade o suicídio da garota tem outro motivo, bem mais grave.
Uma revelação que surpreende o leitor, deixando-o com as calças nas mãos e com
aquela velha expressão de Ooooh!!! A causa do suicídio da fã está diretamente
ligado.... Acho que vou segurar a minha língua. Afinal de contas, eu seria um
calhorda se revelasse esse segredo. E com isso, parte do impacto da obra de
Hill perderia o sentido.
Craddock McDermontt se mostra um espírito vingativo,
impiedoso e maléfico ao extremo. O fantasma é pura maldade, capaz de atos
atrozes para se vingar. Numa corrida desesperada para salvar a sua vida, Jude
Coyne faz as malas e cai na estrada com a sua jovem namorada gótica Marybeth.
Durante a perseguição implacável do fantasma, o astro do rock é obrigado a
enfrentar seu passado em busca de uma saída que o tire dessa enrascada.
Todas as aparições de Craddock durante a história,
de fato, provocam calafrios; mas daqueles que trazem como brinde um mal-estar
danado. Tem um trecho do livro em que Judas e sua namorada estão na estrada, no
mustang do cantor, fugindo do fantasma quando de repente eles vêem surgir do
nada uma caminhonete velha com um vulto de paletó no volante. Arghhhhh!!! Cara!
Depois disso, juro que me borro inteiro quando estou dirigindo à noite e me
deparo com alguma caminhonete mal conservada....
Craddock tem o poder de hipnotizar as pessoas e
fazer com que elas se envolvam em situações perigosas e até mesmo cometerem
suicídio. Durante a leitura, você também descobrirá as origens nada “santinhas”
de Craddock que teve um passado negro.
O final da história é bem interessante e acredito
que irá agradar os leitores. Portanto, tai galera! Mãos à obra e coragem! Estão
prontos para encarar o véiunhu do paletó assombrado?
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