Existem finais de livros que ficam guardados em nossa
memória por toda a vida. Nós podemos ficar velhos, e diga-se, muito velhos, e
mesmo assim aquele final sempre fará parte das nossas recordações. O “The End”
de Mentirosos da escritora americana
E.Lockhart, lançado pelo selo Seguinte da editora Companhia das Letras, é desse
tipo. Será que é vergonha dizer que um homem chorou após ter lido um livro ou
assistido um filme? Não, não é. Estas lágrimas significam que temos sentimentos
e já conseguiumos ultrapassar a barreira dos preconceitos bobos e machistas de
que “homem que é homem não chora”. Mas, acredito que até mesmo aqueles se dizem
tão ‘machos’, se lerem Mentirosos,
não irão resistir aquele final ‘fodástico’ e, com certeza, derramarão,
escondidos, algumas lágrimas.
Posso dizer que já me emocionei com muitos livros e
com certeza irei me emocionar com vários outros que ainda lerei, mas até agora,
somente Marina, de Carlos Ruiz Zafón
e Mentirosos de Lockhart conseguiram
seduzir as donas lágrimas do garoto, aqui.
Além do final emocionante de Mentirosos, se preparem, também, para uma virada avassaladora na
história, daquelas viradas que tiram o chão do leitor. A tal virada acontece no
último capítulo intitulado ‘Verdade’. Posso garantir que é algo bombástico. É a
partir daí que todos os esclarecimentos chegam à tona. Mesmo a autora, em
alguns trechos da trama, dando algumas pistas sobre esse final surpresa, tenho
quase certeza de que os leitores nem imagem o que o último capítulo lhes reserva.
É algo... sei lá, que não passa na cabeça de nenhum leitor. E quando você
descobre a verdade, o seu queixo cai.
Conheço alguns amigos que estão lendo a obra de
Lockhart, exclusivamente, por causa de seu final inesperado. Se você também está
agindo ou pretende agir dessa maneira, ansioso apenas em saber o que acontece
com os personagens principais nas últimas páginas, certamente acabará deixando
de degustar o restante do enredo que é muito bom.
A autora vai desvendando aos poucos o dia a dia de uma
tradicional família americana chamada Sinclair que se julga perfeita, mas a
realidade é bem diferente. A cada virar de página, o leitor vai descobrindo um
segredinho infame dessa família ‘perfeita’, alguns engraçados e outros nem
tantos. Paralelamente a isso, temos o enredo lindamente executado sobre um
grupo de três primos e um amigo, inseparáveis, que se auto proclamam os
mentirosos.
Na trama desenvolvida por Lockhart, os Sinclair são
uma família rica e renomada, que se recusa a admitir que está em decadência e
se agarra a todo custo às tradições. Assim, todo ano eles passam as férias de
verão numa ilha particular. Cadence — neta primogênita e principal herdeira —,
seus primos Johnny e Mirren e o amigo Gat são inseparáveis desde pequenos, e
juntos formam um grupo chamado Mentirosos. Cadence admira Gat por suas
convicções políticas e, conforme os anos passam, a amizade com aquele garoto
intenso evolui para algo mais. Mas tudo desmorona durante o verão de seus
quinze anos, quando Cadence sofre um estranho acidente do qual não se recorda.
Ela passa os próximos dois anos em um período conturbado, com amnésia,
depressão, fortes dores de cabeça e muitos analgésicos. Toda a família a trata
com extremo cuidado e se recusa a dar mais detalhes sobre o ocorrido… até que
Cadence finalmente volta à ilha para juntar as lembranças do que realmente
aconteceu. E quando descobre... então que vem a surpresa impactante.
O meu conselho é que vocês leiam o livro não pensando
apenas no seu ‘final’, mas que também sintam o sabor de todas 270 páginas, já
que a história no seu todo – como já disse acima – é por demais prazerosa.
Quanto ao final... Cara, que aperto no coração.
Boa leitura galera.
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