30 abril 2022

Spoiler: o inimigo mortal dos blogueiros literários iniciantes

Ontem comecei a ler os primeiros posts que escrevi no blog lá em meados de 2011 quando tudo começou. Fui lendo, fui lendo, cheguei em 2012 e continuei observando o meu estilo de redação e fui ficando com a boca aberta, cada vez mais aberta, cada vez mais escancarada e cheia de dentes e mais escancarada ainda (rs). Bem deixando as brincadeiras de lado, a verdade é que fiquei admirado com a quantidade de spoilers que eu liberava nas postagens. 

E aqui, aproveito para fazer um ‘mea culpa’ porque eram muitos, mas muitos spoilers. Tantos que fui obrigado a colocar um aviso no início dos textos alertando para as revelações fora de hora. Algo do tipo: “Cuidado spoilers! Leia por conta e risco” (rs). Não exatamente isso, mas quase isso.

Quando li a resenha que fiz do livro Médico de Homens e de Almas da Taylor Caldwell fiquei assustado com a minha escrita. Cara o que foi aquilo?!! O texto tinha spoilers fatais; o mesmo aconteceu com a saga Harry Potter” e por aí afora.

Mas o tempo foi me ensinado e hoje, confesso, que esses erros me fizeram crescer e muito, pois aprendi que jamais devemos escrever uma resenha ou opinar sobre determinada obra na empolgação. A empolgação faz com que a sua redação seja espontânea, original e consequentemente gostosa de se ler, mas por outro lado, essa mesma empolgação anula os nossos freios redacionais e então pimba!!! Lá vem o mar de spoilers. Gostamos tanto da obra que vamos contando, contando, contando e... quando percebemos falamos escrevemos mais do que deveríamos.

Alguns leitores do blog podem estar se perguntando: - O Jam é louco?! Está tornando público os seus erros, as suas falhas com relação ao blog. Sim, estou. Amo a blogosfera literária. Vocês não imaginam como eu adoro ficar navegando por blogs do gênero. Eles me ajudam muito na escolha de livros. Por isso, torço cada vez mais para que surjam novos sítios do gênero, mas com qualidade e acima de tudo honestos. Honestos? Como assim, honestos? Explico: blogs que façam resenhas verdadeiras, apesar das pressões de algumas maledettas parcerias com editoras, mas isso é um outro assunto que já explorei algumas vezes (ver aqui e aqui). Hoje quero falar somente sobre a qualidade do texto, dando um “toque” para você que me lê agora e está com planos de iniciar um blog que “fale” sobre livros. E quando digo “qualidade” não estou me referindo ao seu estilo de escrita não estou querendo ‘dizer’ que o blogueiro deve ser um profundo conhecedor da língua portuguesa, um mestre nessa disciplina, não. Basta ter um conhecimento básico da nossa língua para escrever um texto agradável. Acredito que o fundamental seja a sua criatividade e originalidade no momento de criar uma postagem. E para isso, o cuidado em evitar spoilers é muito importante porque eles podem matar o melhor dos textos que o blogueiro escreva. Então encare essa postagem como um conselho. Fiquem à vontade para segui-lo ou não, mas... para o sucesso do seu blog e para que você não leve as mesmas pancadas que eu, incluindo alguns comentários pesados mas merecidos, eu o aconselharia que levasse em consideração os conselhos dessa postagem.

O termo spoiler se tornou uma gíria muito conhecida no mundo todo e se refere ao verbo em inglês “to spoil”, que significa estragar. Revelar quaisquer informações a respeito de um livro, filme ou série pode ser considerado um spoiler, pois quebra a experiência singular de sentir a emoção daquele conteúdo pela primeira vez.

Conheço algumas pessoas que soltam spoilers por pura maldade. Havia um sujeito, com esse péssimo hábito, que trabalhou comigo. O infeliz sentia prazer em revelar detalhes de livros ou filmes somente para ver a sensação de decepção ou raiva estampada nos rostos das pessoas. Se esse cara tivesse um blog, certamente, a sua empreitada teria vida curta, muito curta, talvez de dias, nem semanas.

Também conheço algumas pessoas que liberam spoilers por ingenuidade. Elas ficam tão empolgadas com os livros, filmes ou séries que leram ou assistiram que ao expressar a sua satisfação acabam revelando trechos importantes da obra. Estas pessoas, se tivessem um blog, à exemplo do primeiro caso, também o enterrariam em pouco tempo.

Hoje, o Livros e Opinião só não entrou para essa triste estatística graças as cobranças, mas honestos que recebi e também por causa de alguns amigos que me alertaram sobre a maneira como escrevia, digamos meio que... errática (rs). Agradeço aos comentários e também aos amigos.

Espero, através desse texto, ter ajudado aqueles que estão planejando ter o seu blog literário e ansiosos para colocar no papel as suas impressões sobre os livros fodásticos que acabaram de ler. Cuidado com a empolgação excessiva.

Inté!

 

26 abril 2022

Cinco filmes famosos baseados em livros desconhecidos

Perdi as contas das vezes que assisti “Duro de Matar” na época do VHS. Isso lá em meados dos anos 80, período em que devolver fitas para as locadoras sem rebobinar valia multa para o usuário. Assisti os cinco filmes da série, mas confesso que o primeiro foi aquele que mais marcou a minha vida de cinéfilo. Tanto é verdade que ao saber que o filme havia sido baseado em um romance de Roderick Thorp chamado Nothing Lasts Forever, não perdi tempo e saí a caça do livro. Descobri um exemplar, com a capa do filme, num sebo na cidade onde moro. Não pensei duas vezes, comprei na hora.

Tudo bem, depois de algum tempo – já na época dos DVD’s, não dos Blu-Rays , ainda – ao assistir “Dança com Lobos” do genial Kevin Costner vem outra surpresa: a produção cinematográfica que papou o Oscar de “Melhor Filme”  em 1991 – à exemplo de “Duro de Matar” – também foi baseado em uma obra literária.

Cara, pirei! Como um verdadeiro ‘devorador de livros’ que sou, muito mais do que filmes, a euforia bateu forte. Fiquei muito feliz em saber que dois grandes filmes vieram, na realidade, das páginas de um livro.

Selecionei seis grandes sucessos do cinema, os quais jamais pensava tinham tido os seus roteiros adaptados dos livros. É aquela rara história do filme que ficou mais conhecido do que o livro, mesmo esse livro tendo uma qualidade fantástica. Vamos a nossa lista!

01 – Dança com Lobos (Michael Blake)

Filme: Dança com Lobos (1990)

Abro a nossa top list com esse filmaço de 1990 que papou sete Oscars no ano seguinte. “Dança com Lobos” foi indicado em 12 categorias, das quais levou sete: Melhor Filme, Melhor Diretor (Kevin Costner), Melhor Fotografia, Melhor Montagem, Melhor Trilha Sonora (John Barry, Melhores Efeitos Sonoros e adivinhem... Melhor Roteiro Adaptado.

O livro foi escrito por Michael Blake em 1988 e publicado no mesmo ano no Brasil pela editora Rocco. O romance chegou por aqui sem muito alarde e passou quase despercebido, só despertando o interesse dos leitores, dois anos depois graças ao tremendo sucesso do filme. Uma pena porque aqueles que leram o livro adoraram e o acharam tão interessante quanto a produção dos cinemas.

Hoje, a obra de Blake entrou para a relação das quase extintas, sendo considerada raríssima, prova disso é que existem apenas dois exemplares no portal Estante Virtual que reúne a maioria dos sebos do País.

Tanto livro quanto filme contam a história de John Dunbar, um oficial de cavalaria que se destaca como herói na Guerra Civil Americana e, por isto, recebe o privilégio de escolher onde quer servir. Ele escolhe um posto longínquo e solitário, na fronteira. Ali estabelece amizade com um grupo de índios Sioux - Lakota, sacrificando a sua carreira e os laços com o exército estadunidense em favor da sua ligação com este povo, que o adota.

02 – Revelação (Michael Crichton)

Filme: Assédio Sexual (1994)

Apesar de já terem passado duas décadas e meia, ainda me lembro do estardalhaço que esse filme dirigido por Barry Levinson provocou nos países onde foi exibido, incluindo o Brasil. 

Na época em que o filme foi lançado, dezembro de 1994, o tema “assédio sexual” ainda era um tabu, ou seja, existia, mas muitas poucas vítimas optavam por fazer a denúncia já que em muitos países ainda não havia uma lei que criminalizasse essa conduta. No Brasil, vale lembrar, que a criminalização da prática de assédio sexual só foi introduzida no Código Penal em 2021, seis anos depois do filme. Portanto, imagine uma produção cinematográfica e também um livro abordando um tema como já disse acima, tabu. E mais: obras que rompessem com os paradigmas daquela época: onde a vítima sempre era a mulher.

O autor do livro, Michael Crichton que também foi o responsável pela adaptação do roteiro para os cinemas mandou esses padrões da época às favas. Em sua história, a vítima é um homem e quem pratica o assédio - e diga-se, um assédio sexual ferrenho - é uma mulher. O clima ficou mais apimentado ainda, graças ao cartaz promocional do filme que traz os atores Michael Douglas e Demi Moore numa cena mais do que do caliente.

Quando foi lançado nas telonas, o filme bombou e despertou o interesse dos cinfélios. Mais do que isso, criou várias rodas de discussões nos meios de comunicação envolvendo juristas e especialistas no tema.

À exemplo de Dança com Lobos, o livro Revelação passou despercebido no Brasil por culpa do filme polêmico. A obra literária lançada um ano antes do estouro da produção cinematográfica tem um enredo bem mais aprofundado do que o filme. A vida dos personagens é explorada em detalhes por Crichton o que deixa o enredo muito mais interessante, mas nem por isso, o filme é ruim, gostei de ambos.

03 – Ben-Hur: Uma História dos Tempos de Cristo (Lew Wallace)

Filmes: Ben-Hur (1959) e o remake (2016)

Assisti esse clássico dos cinemas “milhares” de vezes e nessas “milhares” de vezes jamais imaginava que a história havia sido adaptada de um livro publicado em 1880! Ben-Hur: Uma História dos Tempos de Cristo esteve entre os best-sellers mais vendidos de sua época, mas com o passar de décadas a sua popularidade foi se diluindo, “culpa” do filme épico Ben-Hur lançado nos cinemas brasileiros em 1960, um ano depois de entrar em cartaz nos Estados Unidos. Desde então, a grande maioria se lembra apenas da produção cinematográfica de quase 62 anos atrás que, inclusive, não se compara com o remake de 2016 que teve Rodrigo Santoro no papel de Jesus Cristo.  

O filme de 1959 foi indicado para doze Oscars e venceu um recorde de onze: Melhor Filme, Melhor Diretor (William Wyler), Melhor Ator (Charlton Heston), Melhor Ator Coadjuvante (Hugh Griffith), Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia em Cor, Melhor Figurino em Cor, Melhores Efeitos Especiais, Melhor Edição, Melhor Música  e Melhor Gravação de Som. 

Apenas dois filmes desde então conseguiram igualar esse feito: “Titanic” em 1998 e “O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei” em 2004. A única categoria em que Ben-Hur não venceu foi Melhor Roteiro Adaptado. O filme teve o maior orçamento e os maiores cenários construídos na história do cinema até então.

Aproveitando o “oba-oba” envolvendo o lançamento do remake de 2016, a editora Gutemberg relançou o livro de Wallace naquele ano dando assim, uma oportunidade de ouro para que os leitores pudessem apreciar uma belíssima história publicada originalmente há 140 anos.

Livro e filme contam a história de um personagem fictício chamado Judá Ben-Hur, que é contemporâneo de Jesus Cristo. Ele é um nobre judeu, condenado às galés. Revoltado, ele jura vingança contra os romanos e seu ex-amigo Messala que o traiu. Mas seu encontro com um carpinteiro de Nazaré o conduz a um caminho diferente.

04 – Jumanji (Chris Van Allsburg)

Filmes: Jumanji (1995), Jumanji: Bem-Vindo à Selva (2017) e Jumanji: Próxima Fase ou Jumanji 2 (2019)

Não assisti, ainda, aos dois filmes com Dwayne Johnson, o “The Rock” exibidos em 2017 e 2019. Por outro lado, lembro e muito bem da produção de 1995 com o saudoso Robin Williams. Cara, me diverti muito. Aventura, suspense e humor na dose certa. Os dois filmes com “The Rock” tiveram um desempenho melhor nas bilheterias.

Quando assisti “Jumanji”, pela primeira vez, no cinema tinha a convicção de que não havia um livro nessa história. Na minha cabeça, era o filme e só. Algum tempo depois quando tornei a assisti-lo em DVD continuei com a minha convicção que só viria cair, recentemente, quando soube que a produção cinematográfica, na realidade, era oriunda de um livro infantil, escrito e ilustrado, publicado em 1982.

A história descreve um jogo de tabuleiro com temática da natureza, onde animais reais e outros elementos aparecem magicamente no mundo real assim que um jogador joga os dados.

O filme de 1995 com Robin Williams foi dirigido por Joe Johnston e gastou em sua produção 65 milhões de dólares, com um retorno de US$ 262 milhões em todo o mundo. Recebeu críticas mistas, alguns gostaram, outros nem tanto.

Vinte e dois anos depois, teríamos Jumanji, novamente, nas telonas, desta vez com Dwayne “The Rock” no papel que foi de Robin Williams no passado e por incrível que pareça “Jumanji: Bem-Vindo à Selva” acabou fazendo mais sucesso do que a produção original de 1995 o que lhe rendeu uma continuação, dois anos depois, chamada no Brasil de “Jumanji: Próxima Fase” ou “Jumanji 2”.

Fiquei sabendo posteriormente que o livro de Van Allsburg fez muito sucesso, nos anos 80, entre as crianças e os adolescentes; sucesso que acabou originando três filmes, além de uma série animada produzida de 1996 a 1999.

05 – Desejo de Matar (Brian Garfield)

Filmes: Desejo de Matar (1974), Desejo de Matar 2 (1982), Desejo de Matar 3 (1985), Desejo de Matar 4 (1987), Desejo de Matar 5 (1994) e Desejo de Matar (remake de 2018 com Bruce Willis)

Lulu é fã do Charles Bronson. Tão fã que assistiu aos cinco filmes da série Desejo de Matar, menos o último com o Bruce Willis. Quando perguntei o motivo de não ter assistido ao remake, ela respondeu: “Prá quê? A cereja do bolo já não está no bolo”. Hahahaha! Se o Charles Bronson estive vivo, eu sentiria ciúmes (rs). À exemplo de Lulu, muitas pessoas espalhadas por esse mundão de Deus adoraram as peripécias do icônico Charles “Cara de Pedra” Bronson sem saber que a história que viam nas telas era oriunda de  um livro.

Brian Garfield escreveu Desejo de Matar em 1972 e para variar, a sua publicação não despertou muito interesse dos leitores. Dois anos depois veio o filme baseado na obra literária o que contribuiu ainda mais para que ela fosse abafada.

Foi há ‘uns’ cinco ou seis anos que descobri que os filmes, principalmente o de 1974, haviam sido baseados num livro. Por sorte tenho essa raridade em minha estante.

Garfield conta a história de Paul Benjamin (no filme, o nome do personagem foi alterado para Paul Kersey), um pacato e obeso arquiteto de Nova York que decide sair passando fogo na bandidagem depois que sua família é violentamente atacada por um bando de marginais. A mulher de Benjamin é espancada e morta. Quanto a filha, após sofrer nas mãos dos criminosos, não suporta tanta brutalidade e acaba ficando em estado catatônico para sempre, sendo internada num manicômio. Isto é demais para Benjamin que percebendo a ineficiência da polícia que não consegue descobrir os autores do crime, resolve fazer justiça com as próprias mãos.

Mas a sua justiça é distinta. Ele não sai em busca de vingança contra os homens diretamente responsáveis pelo crime; pelo contrário, Benjamin nunca os encontra. Furioso com o fato de os cidadãos honestos serem prisioneiros numa sociedade dominada pelos marginais, o outrora pacato arquiteto torna-se um justiceiro que mete bala em todo e qualquer bandido que encontre pela frente, punindo o crime em geral.

Taí galera! Que tal lermos esses cinco livros e depois encaramos uma maratona com os cinco filmes que saíram de suas páginas.

Vamos nessa!

22 abril 2022

O inocente

Os livros de Harlan Coben são verdadeiras montanhas russas, pelo menos os que eu li. Juro que não conheço nenhum outro autor capaz de trabalhar com tantos plot twists num único enredo. Cara isso é muito difícil! Talvez, seja por isso que a maioria dos escritores, mesmo os mais diferenciados, optem por incluir em suas narrativas poucas reviravoltas. Acredito que criar, desenvolver e finalizar um plot twist é muito complexo. Não basta apenas mudar o enredo abruptamente a seu bel prazer. Não! Essa mudança deve ter o mínimo de coerência com o contexto da história ou então com determinada situação que o personagem esteja vivendo, caso contrário ao invés de causar impacto no leitor, irá deixa-lo confuso.

Pera lá José Antônio; um plot twist, pra ser sincero, não tem nada a ver com coerência! Cara, tem sim! Caso contrário, como já disse escrevi acima, vai causar uma confusão do escambau na cabeça do leitor. Repito: talvez seja por isso, que a maioria dos escritores preferem podar de seus enredos esse recurso narrativo ou então, inseri-lo em doses homeopáticas.

No caso de Coben, a conversa é outra. Ele usa e abusa das reviravoltas em seus thrillers policiais e de suspense. São três, quatro, cinco, seis e por aí afora. Para a alegria de seus ávidos leitores, o número de twists é altamente generoso e todos eles surpreendentes. Taí, porque para mim para mim, Harlan Coben é considerado um verdadeiro mestre em utilizar essa ferramenta em suas narrativas.

Em O Inocente não é diferente. Ele pinta e borda com as suas reviravoltas. Fui surpreendido com cada um dos plot twists que fazem parte da história. Ele vai deixando várias pontas soltas no decorrer da narrativa e quando essas pontas vão sendo amarradas, o leitor vai surtando porque o que ele imaginava estava muito longe daquilo que passava na cabeça de Coben. Por consequência, cada ponta amarrada em O Inocente era um choque de 11 mil volts que o leitor levava.

Em vários momentos da história, eu imaginava que determinado fato iria acontecer; depois eu tinha certeza de que iria acontecer, na sequencia eu começava a duvidar de que tal fato fosse mesmo acontecer; depois a minha certeza era de que não iria mais acontecer; para no final, ver esse fato acontecer. Uma loucura só.

O Inocente narra a história de Matt Hunter que nove anos depois de um trágico acidente que o fez passar quatro anos na prisão, começa a reconstruir a sua vida. Tudo começa a entrar nos trilhos quando consegue um bom emprego, uma mulher amorosa e, em breve, seu primeiro filho. Mas a ilusão acaba quando Olívia, sua esposa, recebe um vídeo chocante e inexplicável que começa a despedaçar a sua vida pela segunda vez.

Para piorar, ele começa a ser perseguido por um homem misterioso. Em pouco tempo, o perseguidor é encontrado morto e uma freira querida por todos também é assassinada. Quando as evidências apontam para Matt, ele e Olívia são forçados a desafiar a lei em uma tentativa desesperada de salvar seu futuro juntos.

Apesar do livro não ter curado a minha ressaca literária que já dura muito tempo, confesso que amei a narrativa. Muito boa, de fato.

Recomendo.

18 abril 2022

Dia Nacional do Livro Infantil: 10 obras incríveis para despertar o interesse pela leitura nas crianças

Hoje, 18 de abril, comemoramos o “Dia Nacional do Livro Infantil” e também “Dia de Monteiro Lobato”. A data ou melhor, as datas, lembram da importância dos pais em incentivarem o processo de leitura em seus filhos menores para que eles criem esse hábito quando se tornarem adultos. 

Não há como negar que a leitura é algo muito importante na vida do ser humano. Ler estimula a criatividade, trabalha a imaginação, exercita a memória, contribui com o crescimento do vocabulário e a melhora na escrita, além de outros benefícios. Por isso, estimular o interesse por livros

é, além de uma forma de cuidado, atenção e carinho, uma importante atitude que contribui para fomentar o hábito da leitura na criança.

Inúmeros estudos já comprovaram que o hábito da leitura oferece muitos benefícios, tanto para o corpo quanto para a mente. Entre eles, além daqueles que já citei acima, melhora o funcionamento do cérebro, contribui para a construção do senso crítico e, como diz a máxima popular, permite uma viagem ao mundo sem que o leitor saia do lugar. Agora me diga uma coisa: qual pai não vai querer todos esses benefícios para os seus pequenos?

Mas infelizmente, muitos ainda preferem que os seus filhos fiquem horas e horas na frente de uma tela de TV ou celular se divertindo com jogos eletrônicos. É triste ver aqueles pais que incentivam essas atitudes em seus filhos, ainda crianças pequenas. Depois quando essa criança começa a encontrar dificuldades na escola, tirando notas baixas, não tendo nenhum interesse em ler e consequentemente com um vocabulário “curto”, chegam as cobranças por parte desses próprios pais. Quem são os verdadeiros culpados nesse contexto? Oras, não outros, senão os pais!

Mas felizmente, ainda temos pais conscientes da importância da leitura na vida de seus filhos. Pais que lêem uma história , todas as noites, antes da criança dormir; pais que tem o hábito de levar os seus filhos em visitas à livrarias ou bienais. Ufaaa! Ainda bem.

Muita gente pergunta porque o “Dia Nacional do Livro Infantil” é comemorado em 18 de abril. Simples: o motivo é que nessa data, em 1882, nascia o escritor Monteiro Lobato, considerado o pai da literatura infantil brasileira. Portanto, é uma data que celebra esse tipo de literatura e homenageia esse escritor, autor não só de textos para crianças, apesar de ser mais conhecido por eles.

No post de hoje, para marcar o “Dia Internacional do Livro Infantil” selecionei 10 obras incríveis para incentivar a leitura na galera pequena. Vamos a elas.

01 – Bem lá no alto (Susanne Straßer)

Os livros da escritora alemã Susanne Straßer são perfeitos porque despertam a curiosidade da criança prendendo e muito a sua atenção. Os pequenos não veem a hora de saber o que acontecerá no final da narrativa.  Bem lá no alto não foge dessa regra.

A obra lançada em 2016 pela editora Companhia das Letrinhas continua sendo muito vendida e fazendo o maior sucesso entre os pais de crianças de dois a três anos. O livro cativa o pequeno leitor, desenvolvendo a imaginação para resolução de problemas e o senso de trabalho em equipe.

Bem lá no alto tem uma linguagem facilitada, através de frases curtas e repetitivas, além de desenhos simples e de cores suaves, sem muita informação nas páginas fazendo com que a criança pequena ame a história.

A autora fala de um urso que avista um bolo. Ele parece muito apetitoso. Mas, puxa, está bem lá no alto... Como o urso vai conseguir pegá-lo? O livro é direcionado para crianças bem pequenas em que se mostra o quanto é bom poder contar com a ajuda dos amigos e de acontecimentos inesperados.

Detalhes da obra

Editora: ‎Companhia das Letrinhas

Ano: 2016

Capa: Dura

Páginas: 32

Idade de leitura: Bebê – 11 anos

02 – Menina bonita do laço de fita (Ana Maria Machado)

Neste livro, uma linda menina negra desperta a admiração de um coelho branco, que deseja ter uma filha tão pretinha quanto ela. Cada vez que ele lhe pergunta qual o segredo de sua cor, ela inventa uma história. O coelho segue todos os “conselhos” da menina, mas continua branco.

Entre as respostas engraçadas da menina, o coelho finalmente entende que a cor vem da genética: a mãe, a avó e, assim, vai seguindo a genealogia até perder de vista os parentes... Então, o coelho trata logo de arrumar uma coelha pretinha para poder procriar e ter muitos filhotes de muitas e diferentes cores: branco bem branco, branco meio cinza, branco malhado de preto, preto malhado de branco e até uma bem pretinha, que será afilhada da menina.

O livro aproveita a tradição oral, numa fala coloquial e familiar que pode ser facilmente absorvida pelas crianças que, mesmo não alfabetizadas, se divertirão ouvindo essa homenagem à beleza negra. Uma obra muito elogiada por educadores.

Detalhes da obra

Editora: ‎Ática

Ano: 2019

Capa: comum

Páginas: 24

Idade de leitura: 6 – 8 anos

03 – O menino maluquinho (Ziraldo)

Em 24 de outubro de 1980, o escritor e cartunista brasileiro Ziraldo Alves Pinto apresentava ao mundo O Menino Maluquinho no mesmo dia do seu aniversário. Desde o seu lançamento, a obra se tornou um marco na literatura infantil nacional, vendeu quatro milhões de exemplares em mais de dez países e sendo adaptada para o cinema, a TV, o teatro e histórias em quadrinhos.

O livro conta a história de um menino que vive com uma panela na cabeça, tem fogo no rabo, vento nos pés e o olho maior que a barriga. Na companhia de amigos como Julieta, Bocão e Sugiro, Maluquinho vive grandes aventuras em passagens que debatem temas como o afeto, a relação com a família e os amigos, o papel da infância e as perdas que fazem parte da vida.

O personagem criado por Ziraldo ensinar lições fundamentais sobre amor, amizade e alegria a pessoas de diferentes idades, gêneros, classes sociais e lugares do mundo.

Detalhes da obra

Editora: ‎Melhoramentos

Ano: 2008

Capa: comum

Páginas: 112

Idade de leitura: 8 – 10 anos

04 – Histórias da Preta (Heloisa Pires Lima)

Histórias da Preta reúnem informações históricas, reflexão intelectual, estímulos ao exercício da cidadania e historinhas propriamente ditas (tiradas da mitologia africana, por exemplo). 

O livro fala de um povo que veio para o Brasil à força. Homens, mulheres e crianças escravizadas, distantes de suas terras, foram obrigadas a exercer todo tipo de trabalho. Perderam toda a liberdade, sofreram muito. No entanto, sobreviveram à escravidão e acabaram fazendo do Brasil sua segunda casa.

Como é ser negro neste país? Faz diferença ou tanto faz? Heloisa Pires Lima fala sobre a população negra no Brasil, com a experiência de quem já foi alvo de racismo.

A obra recebeu os prêmios Adolfo Aizen e José Cabassa pela União Brasileira de Escritores (UBE, 1999), além do selo Altamente Recomendável pela Fundação Nacional do Livro Infanto Juvenil,FNLIJ 1998, categoria informativo. Também foi selecionado para o Brazilian Book Magazine para na Feira do Livro de Bolonha (1999).

Detalhes da obra

Editora: ‎Companhia das Letrinhas

Ano: 1998

Capa: comum

Páginas: 64

Idade de leitura: 9 – 11 anos

05 – Mil e uma estrelas (Marilda Castanha)

O livro de Marilda Castanha trabalha o medo do escuro, comum nas crianças, de uma maneira bem lúdica. Com auxílio de um texto poético, o livro ajuda as crianças a lidar com os sentimentos, algo essencial nessa faixa etária, quando começam a se expressar de forma mais clara.

A personagem principal do livro é uma menininha apaixonada por histórias e estrelas que topa, certa noite, com o céu pelado, sem estrela alguma. Quem estaria por trás desse sumiço? Talvez o Ogro Gigante, único ser capaz de alcançar a Lua. E não é que chegando à gruta do monstro a menininha encontra mesmo as estrelas? Dá então uma de valente e ordena a devolução. Mas o ogro, apesar de gigante, é covarde: tem medo do escuro. Compadecida, a menina arruma então uma maneira de acalmar o amigo, povoando de histórias seu céu interior.

Detalhes da obra

Editora: ‎SM

Ano: 2015

Capa: comum

Páginas: 48

Idade de leitura: 6 – 7 anos

06 – O segredo da plataforma 13 (Eva Ibbotson)

Livros que contam com magia e suspense costumam despertar a voracidade dos pequenos leitores a partir dos seus oito anos. O segredo da plataforma 13 se enquadra nessa categoria. 

Na história, debaixo da Plataforma 13, na estação de trens Encruzilhada dos Reis, existe uma porta secreta que leva a uma ilha mágica. A porta se abre a cada nove anos. E quando isso acontecer, quatro figuras misteriosas vão pisar nas ruas de Londres. Um mago, uma fada e uma jovem bruxa têm a missão de encontrar o príncipe de seu reino, roubado quando bebê, nove anos antes. Mas o príncipe transformou-se num horrível menino rico, chamado Raimundo Trottle, que não entende nada de mágica e está determinado a não ser resgatado. O segredo da Plataforma 13, de Eva Ibbotson, é considerado uma obra-prima da literatura infanto-juvenil.

Detalhes da obra

Editora: Rocco

Ano: 2002

Capa: comum

Páginas: 160

Idade de leitura: 8 – 9 anos

07 - Turma da Mônica - Lendas Brasileiras por Maurício de Sousa Maurício de Sousa)

Nas minhas zapeadas pelas redes sociais me deparei com a opinião de um pai chamado Edvaldo que avaliou essa obra de Maurício de Sousa. A sua avaliação me chamou muito a atenção porque deixa evidente a importância do livro até mesmo para crianças bem pequenas. 

Ele disse que sua filha tinha menos de dois anos quando ele comprou Turma da Mônica - Lendas Brasileiras por Maurício de Sousa

e começou a ler para ela. Na sua opinião, é impressionante como a filha lembra até hoje dos personagens e o corrige quando ele faz alguma citação errada (por querer) de alguma lenda.  Na opinião de Edvaldo, a obra deveria ser obrigatória nas creches, escolas e abrigos infantis.

O livro reúne algumas das lendas mais conhecidas, que as crianças adoram. O diferencial é que todas elas são representadas pelos graciosos personagens da Turma da Monica.

A editora Girassol caprichou, colocando no mercado uma edição em capa dura, inteiramente ilustrada; super-luxuosa.

Detalhes da obra

Editora: Girassol

Ano: 2009

Capa: Dura

Páginas: 208

Idade de leitura: 6 anos acima

08 – Por favor, obrigado, desculpe (Becky Bloom e Pascal Biet)

Ler este livro com os filhos pequenos é uma ótima oportunidade para os pais os ajudarem em sua sociabilidade, incentivando-os a serem crianças polidas e educadas. O livro de Becky Bloom e Pascal Bie ensina que não basta se desculpar e falar palavras educadas, e sim ter atitudes educadas também.

A narrativa expõe a amizade entre Leopoldo e Dudu. Com a ajuda de Leopoldo, o atrapalhado Dudu aprende a se comportar em diversos lugares e ocasiões: no parque, no restaurante, na casa de um amigo, na cidade, em casa.

Leopoldo ensina a Dudu que se deve lavar as mãos antes de comer, não deixar os brinquedos espalhados, a cumprimentar as pessoas e muito mais. A ilustração tem vários detalhes e os personagens são animais, o que prende a atenção da criança.

Detalhes da obra

Editora: Brinque-Book

Ano: 2003

Capa: Comum

Páginas: 36

Idade de leitura: 3 - 5 anos

09 – Reinações de Narizinho (Monteiro Lobato)

E como não poderia deixar de ser, fecho essa top list com duas obras de Monteiro Lobato, considerado o pai da literatura infantil no Brasil. Cara, seria uma ojeriza deixa-lo fora dessa lista. Bem, vamos primeiramente com esse livro fantástico, amado tanto pelos pais quanto pelos filhos: Reinações de Narizinho.

Lobato, sabia da importância de renovar o imaginário atrelado às suas histórias. Por isso, o autor-editor escolhia a dedo os ilustradores da época, fazendo de cada um deles um novo parceiro a cada reedição de suas obras que empreendeu durante sua vida. Reinações de Narizinho da editora Globinho segue essa tendência. Lançada em abril de 2016 o livro tem um projeto gráfico inovador desenvolvido pelo premiado ilustrador Eloar Guazzelli.

Com o texto integral, prefácio de Ruth Rocha, e nota biográfica de Luciana Sandroni, Reinações de Narizinho agrada não só as crianças como também os pais, apresentando uma nova cara para personagens conhecidíssimos do público, como Narizinho, Emília, Pedrinho, Dona Benta, Marquês de Rabicó e Visconde de Sabugosa.

A escolha de Reinações de Narizinho para começar as reedições das obras de Lobato pela Globinho não é aleatória. O clássico reúne onze histórias nas quais o famoso autor nascido em Taubaté apresenta as primeiras aventuras no Sítio do Picapau Amarelo em uma saborosa mistura de realidade e fantasia, trazendo à cena, além do riquíssimo universo lobatiano, personagens clássicos da literatura infantil mundial, como Cinderela, Branca de Neve e Gato Félix.

Detalhes da obra

Editora: Globinho

Ano: 2016

Capa: Comum

Páginas: 424 páginas

Idade de leitura: 10 anos e acima

10 - Monteiro Lobato em Quadrinhos - Dom Quixote das crianças (Monteiro Lobato e André Simas)

O livro é uma excelente maneira de introduzir as crianças à história de um livro clássico, de grande importância na literatura mundial.

As incríveis aventuras do cavaleiro andante Dom Quixote de La Mancha personagem imortal criado pelo escritor espanhol Miguel de Cervantes ganha uma versão especial em histórias em quadrinhos.

Este livro é uma adaptação da obra de Monteiro Lobato, Dom Quixote das Crianças, lançada em 1936 e baseada no clássico da literatura mundial de Miguel de Cervantes.

Quem conta a história é Dona Benta, que diverte a Turma do Sítio com as trapalhadas do cavaleiro. Mas não é só o personagem que vive suas confusões. Emília, claro, não podia deixar de aprontar e faz com que o Visconde participe da sua brincadeira. Para completar, a boneca decide mudar o fim da história, dando um toque todo seu ao final da narrativa.

Detalhes da obra

Editora: Globinho

Ano: 2007

Capa: Comum

Páginas: 64 páginas

Idade de leitura: 9 anos e acima

Espero que essa lista possa ajudar os pais a selecionarem alguns livros para os seus filhos, criando o prazer pela leitura e deixando, pelo menos um pouco de lado, a fissura por games, celulares e jogos eletrônicos. Com certeza, vocês não irão se arrepender no futuro.

Valeu!

14 abril 2022

10 livros que todo médico e apaixonados por medicina devem ler

Há pouco tempo, estive numa cidade vizinha para fazer um checkup, saber como andava a minha saúde. É meu amigo... quando a gente já está com um pé na terceira idade, temos que ficar ainda mais cuidadosos. Aliás, o nosso corpo é como um carro que tem que passar por revisões periódicas, principalmente quando ele vai envelhecendo, aumentando a sua quilometragem.

‘Entonce’, quando cheguei no consultório do meu cardiologista, vi sobre a sua mesa o livro O Físico. Como ele percebeu que eu não tirava os olhos da obra de Noah Gordon, acabou me perguntando - já emendando uma resposta à sua própria pergunta: “Já leu? Pode ler é fantástico, uma leitura incrível”! - Na mesma hora já começamos uma prosa breve, mas muito gostosa, sobre livros interessantes na área da medicina.

Depois desse papo, meio que por acaso, tive um insight: “Puxa vida! Bem que eu poderia escrever um post sobre livros lidos e adorados por médicos”. Pimba! Nasceu, então, a postagem que vocês estão lendo agora.

Resolvi fazer uma lista de obras literárias que todo médico, estudante de medicina e porque não, de pessoas que atuam em outras áreas profissionais mas tem uma quedinha indomável por livros do gênero. Quero frisar que o meu médico, Dr. Célio me ajudou muito na elaboração dessa lista, mesmo sem saber que estava me ajudando (rsss).

Preparados? Então vejam aí.

01 – O Físico (Noah Gordon)

Vou abrir a nossa lista com o livro preferido do meu médico e que estava “repousando” tranquilamente sobre a sua mesa. O Físico foi um grande sucesso nas livrarias e nos cinemas. Ainda não li a obra do jornalista inglês Noah Gordon publicado originalmente em 1986, mas assisti ao filme homônimo baseado na narrativa. Aliás, o filme de 2013 com Ben Kingsley e Tom Payne é fantástico. Gostei tanto que agora pretendo comprar o livro.

Gordon narra a epopeia de Rob J. Cole, um jovem aprendiz de médico na Idade Média que decide lutar contra os obstáculos para estudar Medicina durante uma época difícil, em que a Igreja não permitia a dissecação de humanos para estudo, por exemplo.

Então, ele resolve ir até a Pérsia, no mundo árabe, com o objetivo de estudar na gloriosa escola de medicina de Ispahan com o famoso polímata persa, Ibn Sina. Com isso, ele dá início a uma viagem épica – recheada de perigos e aventuras - com destino à Pérsia visando concretizar o seu sonho.

O Físico é o primeiro livro de uma trilogia que ainda conta com Xamã e A escolha da Dra. Cole.

02 – Médico de homens e de almas (Taylor Caldwell)

Taylor Caldwell levou 46 anos para escrever Médico de homens e de almas, mas todo esse período valeu à pena já que o livro se transformou num fenômeno de vendas através dos tempos, entrando para a lista das obras mais importantes dos últimos 100 anos.

A narrativa explora a história de vida do apostolo São Lucas que foi um médico de coração generoso, bem instruído e autor de um dos evangelhos e também do Livro dos Atos dos Apóstolos. Lendas antigas o descrevem como uma pessoa fora do comum, a quem são atribuídos milagres e prodígios antes mesmo de sua conversão ao cristianismo.

Em Médico de homens e de almas, Caldwell combina estas duas imagens de um dos mais importantes ícones da igreja cristã primitiva, caracterizado pela constante preocupação com o sofrimento de enfermos, oprimidos e pobres.

Lucano, ou Lucas, foi o único apóstolo que não era judeu, nunca viu Cristo, e tudo o que está escrito em seu Evangelho foi adquirido por meio de pesquisas e dos testemunhos da mãe de Cristo, dos discípulos e dos apóstolos. Como já escrevi no início, Lucas foi, antes de tudo, um grande médico, e quase todos os acontecimentos narrados neste livro são autênticos - o cenário do início da vida de São Lucas, a idade adulta e sua busca, bem como fatos relacionados à sua família.

03 – Sob Pressão – A rotina de guerra de um médico brasileiro (Márcio Maranhão)

Na minha humilde opinião, todos os médicos – independentes de sua especialização – deveriam ler essa biografia do médico Márcio Maranhão. 

A obra que traz o depoimento desse cirurgião torácico para a jornalista Karla Maranhão. Triste, comovente e corajoso, o relato expõe a nu uma realidade que se assemelha a muitas encontradas pelos médicos no falido sistema de saúde pública no Brasil afora.

Depois de 15 anos de trabalho em hospitais municipais e estaduais do Rio de Janeiro, Márcio Maranhão viu seu idealismo juvenil pela profissão escorrer pelos dedos. O Hospital Souza Aguiar, onde trabalhou por vários anos é o maior do município do Rio para emergências e o clima reinante por lá é do tipo “pega pra capá”. Para que os leitores tenham uma vaga ideia da rotina estressante daquele hospital, basta dizer que ele é chamado pelo médico de “Inferno de Dante”.

Sob pressão é um depoimento perturbador. Neste livro, o cirurgião também revê sua formação profissional, a fase inicial dos plantões, o caso de amor com a medicina ainda aflorado e o vício na adrenalina do combate, quando operou em CTIs despreparadas e até em enfermarias e corredores, desafiando a precariedade das emergências — procurando salvar pessoas e a si mesmo.

04 – A Fabulosa história do hospital: da idade média aos dias de hoje (Jean-Noel Fabiani)

Neste livro, Jean-Noël Fabiani – renomado cirurgião francês e um dos maiores especialistas em história da medicina – descortina um dos mais incríveis legados da humanidade: a evolução dos hospitais e da medicina, num relato repleto de humor e erudição. Em A fabulosa história do hospital: da Idade Média aos dias de hoje os leitores ficarão sabendo que as primeiras cirurgias eram realizadas por barbeiros que usavam métodos “arrepiantes”. 

O livro mostra ainda como se deu a invenção do estetoscópio; a importância da decisão da rainha Vitória de dar à luz sem dor sob efeito do clorofórmio e, segundo alguns, contrariando a Bíblia; o nascimento da medicina humanitária com a Cruz Vermelha e os Médicos Sem Fronteiras; o fortuito papel do acaso na invenção do Viagra, e muito mais. 

05 – A arte perdida de curar (Bernard Lown)

A medicina jamais teve a capacidade de fazer tanto pelo homem como hoje. No entanto, as pessoas nunca estiveram tão desencantadas com seus médicos. A questão é que a maioria desses profissnais perdeu a arte de curar, que vai além da capacidade do diagnóstico e da mobilização dos recursos tecnológicos. 

A chave dessa arte perdida está na relação médico-paciente. Este provocativo livro de um dos mais renomados médicos do mundo mostra a face humana da medicina, em que a arte de curar é tão importante quanto as mais avançadas tecnologias médicas.

O cardiologista americano, Bernard Low, que faleceu no início de 2021, traz em seu livro a proposta de repensar a relação médico-paciente, colocando-se no lugar do outro e tendo mais cuidado com o tratamento que é oferecido. É importante perceber a responsabilidade não só de administrar remédios ou fazer procedimentos, como do impacto das palavras na vida dos pacientes.

Cara... e cá entre nós, existem muitos médicos que tratam os seus pacientes como animais, aliás, piores do que animais. O engraçado é que mesmo agindo dessa forma, eles ainda vivem perguntando porque os seus consultórios estão sempre vazios.

Espero que esse livro consiga mudar a mentalidade de muitos “médicos” que não respeitam os seus pacientes.

06 – Por um fio (Drauzio Varella)

Livro escrito pelo famoso médico brasileiro, Dr. Drauzio Varella. Ele especializou-se em oncologia numa época em que o câncer era visto com tanto horror que nem sequer se pronunciava essa palavra – dizia-se “aquela doença” – e desde então convive cotidianamente com doentes graves.  

Por um fio relata algumas das experiências do autor na Oncologia Clínica. Seu cuidado em contar as histórias acumuladas nos seus 30 anos na área torna o livro muito leve, mas ao mesmo tempo emocionante.

Em Por um fio, está de volta o narrador sensível e cuidadoso de Estação Carandiru – outro sucesso do autor -, que, contando histórias reais, reflete sobre o impacto da perspectiva da morte no comportamento de pacientes e seus familiares.

De um lado, a reação dos que se descobrem doentes, que vai da surpresa à revolta, do desespero ao silêncio e à aceitação. Do outro, a atitude dos parentes, que varia da dedicação incondicional à pura mesquinharia, da solidariedade ao abandono. Varella conta ainda episódios surpreendentes de mudança de vida, como se a visão da morte fosse quase uma libertação, um divisor de águas que confere novo sentido ao porvir.

07 - Medicina dos horrores: a história de Joseph Lister, o homem que revolucionou o apavorante mundo das cirurgias do século XIX (Lindsey Fizharris)

Biografia do médico cirurgião inglês do séc. XIX Joseph Lister que desenvolveu métodos antissépticos que aplicados em cirurgias e no tratamento de pacientes em hospitais reduziram em muito a taxa de mortalidade.

E em meio a vívidas narrativas de hospitais cheios de sujeira, salas de cirurgia em forma de anfiteatros sem qualquer limpeza, instrumentos cirúrgicos usados em operações seguidamente sem qualquer limpeza e o médico cirurgião usando roupas fedidas com sangue e pus secos tanto na sala de cirurgia como na visita aos pacientes, surge o homem que colocou a medicina com médicos em impecáveis jalecos brancos e o horror a germes, aumentando em muito a expectativa de vida dos pacientes.

Em Medicina dos horrores, a historiadora Lindsey Fitzharris narra como era o chocante mundo da cirurgia do século XIX antes da chegada de Lister. A autora evoca os primeiros anfiteatros de operações — lugares abafados onde os procedimentos eram feitos diante de plateias lotadas — e cirurgiões pioneiros, cujo ofício era saudado não pela precisão, mas pela velocidade e força bruta, uma vez que não havia anestesia. Trabalhando sem luvas e sem qualquer cuidado com a higiene básica, esses profissionais, alheios à existência de micro-organismos, ficavam perplexos com as infecções pós-operatórias, o que mantinha as taxas de mortalidade implacavelmente elevadas.

É nesse cenário, em que se considerava mais provável um homem sobreviver à guerra do que ao hospital, que emerge a figura do jovem médico Joseph Lister que revolucionaria a história da medicina.

08 - O Imperador de todos os males: uma biografia do câncer (Siddhartha Murkhejee)

Este livro rendeu ao cancerologista Siddhartha Murkhejee o Prêmio Pullitzer de 2011. Em sua obra, ele traça uma “biografia” profundamente humana do câncer. Ele narra em detalhes as etapas do processo cheio de idas e vindas da pesquisa da doença, as promessas de vitórias e as recaídas, as radicalizações temerárias de tratamentos como a mastectomia e a quimioterapia, e a importância tardia dada à prevenção, que levou a avanços como o exame de Papanicolau e o combate ao fumo. 

Em linguagem acessível, Mukherjee revela os notáveis resultados da recente pesquisa genética, que desvendam o mecanismo íntimo da doença e vão sendo paulatinamente incorporados ao tratamento.

O livro tem passagens emocionantes, como as da descoberta da radiação, da quimioterapia e da constatação da ineficácia das cirurgias radicais e desfiguradoras do Dr. William Halsted. Ele também explicita o papel do imponderável, da sorte e do andar de olhos vendados pelos caminhos que levam a cura e remissão das várias formas da doença.

Tudo isso numa linguagem que tem a precisão do cientista e a paixão do biógrafo que não esconde sua admiração por um mal capaz de assumir muitas formas e que está à nossa frente na corrida pela imortalidade.

09 – O futuro da humanidade (Augusto Cury)

Neste seu primeiro romance, o psiquiatra Augusto Cury, narra a trajetória de Marco Polo, um jovem estudante de medicina que ao entrar na faculdade cheio de sonhos e expectativas, fica chocado ao encontrar, em sua primeira aula de anatomia, a triste cena de corpos sem identificação, estendidos sobre um mármore liso e branco. 

Este jovem calouro de medicina se indigna a ponto de não conseguir aceitar a frieza de coração com que os seus professores se referiam aos corpos estendidos no meio da sala, dizendo que ali, em sala de aula, a identidade não importava mais, e que aqueles corpos não possuíam nome, portanto poderiam ser feito deles o que quisessem, eram apenas mendigos ou indigentes encontrados mortos na rua sem identidade.

Irritado com a situação, Marco Polo se revolta e sai à procura de informações sobre esses personagens aparentemente sem passado e agora sem vida, e nessa jornada ele acaba encontrando o excêntrico Falcão, um mendigo que apesar da aparência, conhece a fundo a mente humana. Mesmo na difícil situação em que vive, com seus sonhos frustrados, futuro desfeito e esperanças totalmente perdidas, Falcão recupera a sua alegria inata ao conviver com este jovem sonhador.

A obra se propõe a provocar uma reflexão sobre a sociedade e o rumo da vida das pessoas. Marco Polo desafia profissionais renomados para provar que os pacientes com problemas mentais precisam de menos remédio e mais respeito e dedicação. Ao apostar no diálogo e na Psicologia, provoca uma grande reviravolta entre as pessoas com as quais convive.

Acredito que todos os psiquiatras deveriam ler esse livro de Augusto Cury. Pensando bem, não só os psiquiatras, mas todos os médicos de especialidades diferentes. Com certeza, a relação médico-paciente melhoraria bastante.

10 – História das epidemias (Stefan Cunha Ujbvari)

Da Antiguidade até os dias de hoje, as epidemias assombram o ser humano. Chegam sorrateiras e se instalam causando pânico e destruição. A desinformação impera e, não raro, demora-se a descobrir como a doença se propaga e o que fazer para dominá-la. A famosa peste negra matou cerca de um terço da população europeia na Idade Média. De lá para cá, muita coisa mudou. Se por um lado a Medicina evoluiu, por outro, vivemos cada vez mais aglomerados em grandes cidades, viajando muito mais pelo planeta, o que torna a situação mais dramática e difícil de controlar. 

O infectologista Stefan Cunha Ujvari trata, neste livro das epidemias e pandemias mais marcantes da nossa história. Como a humanidade conviveu com essas doenças? Qual a importância das primeiras vacinas e como elas surgiram? Partindo da Grécia Antiga e chegando até os nossos dias, o livro aborda doenças como peste negra, sífilis, gripe, ebola. Dedica um capítulo para a covid-19 e mostra por que, afinal, essa doença parou o mundo. Conta ainda a história de como a espécie humana resistiu aos ataques dos micro-organismos que habitam a Terra há quatro bilhões de anos. O autor faz um relato das principais epidemias que nos afligiram desde que inventamos a agricultura, criamos os primeiros aglomerados humanos e a necessidade irresistível de visitar terras estranhas atrás de bens de consumo, conquistas territoriais ou movidos pelo espírito aventureiro. Nesses deslocamentos incessantes causados por interesses comerciais, para fugir da fome ou pelas numerosas guerras que se repetiram uma seguida a outra, o homem levou com ele germes virulentos que se disseminaram nas comunidades visitadas. Nelas, a presença de indivíduos suscetíveis, num mundo sem saneamento básico, criou as condições para a propagação de epidemias como a da peste, varíola, cólera, hanseníase, tuberculose e muitas outras com altos índices de letalidade.

O autor Stefan Cunha Ujvari explica como viviam as sociedades quando surgiam cada uma das epidemias que descreve.

Um livro muito útil para médicos epidemiologistas e também para os leitores em geral que gostam do tema.

Taí galera, espero que tenham gostado.

Inté!

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