30 abril 2022
Spoiler: o inimigo mortal dos blogueiros literários iniciantes
Ontem comecei a ler os primeiros posts que escrevi no
blog lá em meados de 2011 quando tudo começou. Fui lendo, fui lendo, cheguei em
2012 e continuei observando o meu estilo de redação e fui ficando com a boca
aberta, cada vez mais aberta, cada vez mais escancarada e cheia de dentes e
mais escancarada ainda (rs). Bem deixando as brincadeiras de lado, a verdade é
que fiquei admirado com a quantidade de spoilers que eu liberava nas postagens.
E aqui, aproveito para fazer um ‘mea culpa’ porque
eram muitos, mas muitos spoilers. Tantos que fui obrigado a colocar um aviso no
início dos textos alertando para as revelações fora de hora. Algo do tipo:
“Cuidado spoilers! Leia por conta e risco” (rs). Não exatamente isso, mas quase
isso.
Quando li a resenha que fiz do livro Médico de Homens e de Almas da Taylor
Caldwell fiquei assustado com a minha escrita. Cara o que foi aquilo?!! O texto
tinha spoilers fatais; o mesmo aconteceu com a saga Harry Potter” e por aí
afora.
Mas o tempo foi me ensinado e hoje, confesso, que
esses erros me fizeram crescer e muito, pois aprendi que jamais devemos
escrever uma resenha ou opinar sobre determinada obra na empolgação. A
empolgação faz com que a sua redação seja espontânea, original e
consequentemente gostosa de se ler, mas por outro lado, essa mesma empolgação
anula os nossos freios redacionais e então pimba!!! Lá vem o mar de spoilers.
Gostamos tanto da obra que vamos contando, contando, contando e... quando
percebemos falamos escrevemos mais do que deveríamos.
Alguns leitores do blog podem estar se perguntando: -
O Jam é louco?! Está tornando público os seus erros, as suas falhas com relação
ao blog. Sim, estou. Amo a blogosfera literária. Vocês não imaginam como eu adoro
ficar navegando por blogs do gênero. Eles me ajudam muito na escolha de livros.
Por isso, torço cada vez mais para que surjam novos sítios do gênero, mas com
qualidade e acima de tudo honestos. Honestos? Como assim, honestos? Explico:
blogs que façam resenhas verdadeiras, apesar das pressões de algumas maledettas
parcerias com editoras, mas isso é um outro assunto que já explorei algumas
vezes (ver aqui e aqui). Hoje quero falar somente sobre a qualidade do
texto, dando um “toque” para você que me lê agora e está com planos de iniciar
um blog que “fale” sobre livros. E quando digo “qualidade” não estou me
referindo ao seu estilo de escrita não estou querendo ‘dizer’ que o blogueiro
deve ser um profundo conhecedor da língua portuguesa, um mestre nessa
disciplina, não. Basta ter um conhecimento básico da nossa língua para escrever
um texto agradável. Acredito que o fundamental seja a sua criatividade e
originalidade no momento de criar uma postagem. E para isso, o cuidado em
evitar spoilers é muito importante porque eles podem matar o melhor dos textos
que o blogueiro escreva. Então encare essa postagem como um conselho. Fiquem à
vontade para segui-lo ou não, mas... para o sucesso do seu blog e para que você
não leve as mesmas pancadas que eu, incluindo alguns comentários pesados mas
merecidos, eu o aconselharia que levasse em consideração os conselhos dessa
postagem.
O termo spoiler se tornou uma gíria muito conhecida no
mundo todo e se refere ao verbo em inglês “to spoil”, que significa estragar.
Revelar quaisquer informações a respeito de um livro, filme ou série pode ser
considerado um spoiler, pois quebra a experiência singular de sentir a emoção
daquele conteúdo pela primeira vez.
Conheço algumas pessoas que soltam spoilers por pura
maldade. Havia um sujeito, com esse péssimo hábito, que trabalhou comigo. O
infeliz sentia prazer em revelar detalhes de livros ou filmes somente para ver
a sensação de decepção ou raiva estampada nos rostos das pessoas. Se esse cara
tivesse um blog, certamente, a sua empreitada teria vida curta, muito curta,
talvez de dias, nem semanas.
Também conheço algumas pessoas que liberam spoilers
por ingenuidade. Elas ficam tão empolgadas com os livros, filmes ou séries que
leram ou assistiram que ao expressar a sua satisfação acabam revelando trechos
importantes da obra. Estas pessoas, se tivessem um blog, à exemplo do primeiro
caso, também o enterrariam em pouco tempo.
Hoje, o Livros e Opinião só não entrou para essa
triste estatística graças as cobranças, mas honestos que recebi e também por causa
de alguns amigos que me alertaram sobre a maneira como escrevia, digamos meio
que... errática (rs). Agradeço aos comentários e também aos amigos.
Espero, através desse texto, ter ajudado aqueles que
estão planejando ter o seu blog literário e ansiosos para colocar no papel as
suas impressões sobre os livros fodásticos que acabaram de ler. Cuidado com a
empolgação excessiva.
Inté!
26 abril 2022
Cinco filmes famosos baseados em livros desconhecidos
Perdi as contas das vezes que assisti “Duro de Matar”
na época do VHS. Isso lá em meados dos anos 80, período em que devolver fitas
para as locadoras sem rebobinar valia multa para o usuário. Assisti os cinco
filmes da série, mas confesso que o primeiro foi aquele que mais marcou a minha
vida de cinéfilo. Tanto é verdade que ao saber que o filme havia sido baseado
em um romance de Roderick Thorp chamado Nothing
Lasts Forever, não perdi tempo e saí a caça do livro. Descobri um exemplar,
com a capa do filme, num sebo na cidade onde moro. Não pensei duas vezes, comprei
na hora.
Tudo bem, depois de algum tempo – já na época dos
DVD’s, não dos Blu-Rays , ainda – ao assistir “Dança com Lobos” do genial Kevin
Costner vem outra surpresa: a produção cinematográfica que papou o Oscar de
“Melhor Filme” em 1991 – à exemplo de
“Duro de Matar” – também foi baseado em uma obra literária.
Cara, pirei! Como um verdadeiro ‘devorador de livros’
que sou, muito mais do que filmes, a euforia bateu forte. Fiquei muito feliz em
saber que dois grandes filmes vieram, na realidade, das páginas de um livro.
Selecionei seis grandes sucessos do cinema, os quais jamais
pensava tinham tido os seus roteiros adaptados dos livros. É aquela rara
história do filme que ficou mais conhecido do que o livro, mesmo esse livro
tendo uma qualidade fantástica. Vamos a nossa lista!
01
– Dança com Lobos (Michael Blake)
Filme:
Dança com Lobos (1990)
Abro a nossa top list com esse filmaço de 1990 que papou
sete Oscars no ano seguinte. “Dança com Lobos” foi indicado em 12 categorias,
das quais levou sete: Melhor Filme, Melhor Diretor (Kevin Costner), Melhor
Fotografia, Melhor Montagem, Melhor Trilha Sonora (John Barry, Melhores Efeitos
Sonoros e adivinhem... Melhor Roteiro Adaptado.
O livro foi escrito por Michael Blake em 1988 e
publicado no mesmo ano no Brasil pela editora Rocco. O romance chegou por aqui
sem muito alarde e passou quase despercebido, só despertando o interesse dos
leitores, dois anos depois graças ao tremendo sucesso do filme. Uma pena porque
aqueles que leram o livro adoraram e o acharam tão interessante quanto a
produção dos cinemas.
Hoje, a obra de Blake entrou para a relação das quase
extintas, sendo considerada raríssima, prova disso é que existem apenas dois
exemplares no portal Estante Virtual que reúne a maioria dos sebos do País.
Tanto livro quanto filme contam a história de John
Dunbar, um oficial de cavalaria que se destaca como herói na Guerra Civil
Americana e, por isto, recebe o privilégio de escolher onde quer servir. Ele
escolhe um posto longínquo e solitário, na fronteira. Ali estabelece amizade
com um grupo de índios Sioux - Lakota, sacrificando a sua carreira e os laços
com o exército estadunidense em favor da sua ligação com este povo, que o
adota.
02
– Revelação (Michael Crichton)
Filme:
Assédio Sexual (1994)
Apesar de já terem passado duas décadas e meia, ainda
me lembro do estardalhaço que esse filme dirigido por Barry Levinson provocou
nos países onde foi exibido, incluindo o Brasil.
Na época em que o filme foi lançado, dezembro de 1994,
o tema “assédio sexual” ainda era um tabu, ou seja, existia, mas muitas poucas
vítimas optavam por fazer a denúncia já que em muitos países ainda não havia
uma lei que criminalizasse essa conduta. No Brasil, vale lembrar, que a
criminalização da prática de assédio sexual só foi introduzida no Código Penal
em 2021, seis anos depois do filme. Portanto, imagine uma produção
cinematográfica e também um livro abordando um tema como já disse acima, tabu.
E mais: obras que rompessem com os paradigmas daquela época: onde a vítima sempre
era a mulher.
O autor do livro, Michael Crichton que também foi o
responsável pela adaptação do roteiro para os cinemas mandou esses padrões da
época às favas. Em sua história, a vítima é um homem e quem pratica o assédio -
e diga-se, um assédio sexual ferrenho - é uma mulher. O clima ficou mais
apimentado ainda, graças ao cartaz promocional do filme que traz os atores
Michael Douglas e Demi Moore numa cena mais do que do caliente.
Quando foi lançado nas telonas, o filme bombou
e despertou o interesse dos cinfélios. Mais do que isso, criou várias rodas de
discussões nos meios de comunicação envolvendo juristas e especialistas no
tema.
À exemplo de Dança
com Lobos, o livro Revelação
passou despercebido no Brasil por culpa do filme polêmico. A obra literária
lançada um ano antes do estouro da produção cinematográfica tem um enredo bem
mais aprofundado do que o filme. A vida dos personagens é explorada em detalhes
por Crichton o que deixa o enredo muito mais interessante, mas nem por isso, o
filme é ruim, gostei de ambos.
03
– Ben-Hur: Uma História dos Tempos de Cristo (Lew Wallace)
Filmes:
Ben-Hur (1959) e o remake (2016)
Assisti esse clássico dos cinemas “milhares” de vezes
e nessas “milhares” de vezes jamais imaginava que a história havia sido
adaptada de um livro publicado em 1880! Ben-Hur:
Uma História dos Tempos de Cristo esteve entre os best-sellers mais
vendidos de sua época, mas com o passar de décadas a sua popularidade foi se
diluindo, “culpa” do filme épico Ben-Hur lançado nos cinemas brasileiros em
1960, um ano depois de entrar em cartaz nos Estados Unidos. Desde então, a
grande maioria se lembra apenas da produção cinematográfica de quase 62 anos
atrás que, inclusive, não se compara com o remake de 2016 que teve Rodrigo
Santoro no papel de Jesus Cristo.
O filme de 1959 foi indicado para doze Oscars e venceu um recorde de onze: Melhor Filme, Melhor Diretor (William Wyler), Melhor Ator (Charlton Heston), Melhor Ator Coadjuvante (Hugh Griffith), Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia em Cor, Melhor Figurino em Cor, Melhores Efeitos Especiais, Melhor Edição, Melhor Música e Melhor Gravação de Som.
Apenas dois filmes desde então conseguiram igualar
esse feito: “Titanic” em 1998 e “O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei” em 2004.
A única categoria em que Ben-Hur não venceu foi Melhor Roteiro Adaptado. O
filme teve o maior orçamento e os maiores cenários construídos na história do
cinema até então.
Aproveitando o “oba-oba” envolvendo o lançamento do
remake de 2016, a editora Gutemberg relançou o livro de Wallace naquele ano
dando assim, uma oportunidade de ouro para que os leitores pudessem apreciar
uma belíssima história publicada originalmente há 140 anos.
Livro e filme contam a história de um personagem
fictício chamado Judá Ben-Hur, que é contemporâneo de Jesus Cristo. Ele é um
nobre judeu, condenado às galés. Revoltado, ele jura vingança contra os romanos
e seu ex-amigo Messala que o traiu. Mas seu encontro com um carpinteiro de
Nazaré o conduz a um caminho diferente.
04
– Jumanji (Chris Van Allsburg)
Filmes:
Jumanji (1995), Jumanji: Bem-Vindo à Selva (2017) e Jumanji: Próxima Fase ou
Jumanji 2 (2019)
Não assisti, ainda, aos dois filmes com Dwayne Johnson,
o “The Rock” exibidos em 2017 e 2019. Por outro lado, lembro e muito bem da
produção de 1995 com o saudoso Robin Williams. Cara, me diverti muito.
Aventura, suspense e humor na dose certa. Os dois filmes com “The Rock” tiveram
um desempenho melhor nas bilheterias.
Quando assisti “Jumanji”, pela primeira vez, no cinema
tinha a convicção de que não havia um livro nessa história. Na minha cabeça,
era o filme e só. Algum tempo depois quando tornei a assisti-lo em DVD
continuei com a minha convicção que só viria cair, recentemente, quando soube
que a produção cinematográfica, na realidade, era oriunda de um livro infantil,
escrito e ilustrado, publicado em 1982.
A história descreve um jogo de tabuleiro com temática
da natureza, onde animais reais e outros elementos aparecem magicamente no
mundo real assim que um jogador joga os dados.
O filme de 1995 com Robin Williams foi dirigido por
Joe Johnston e gastou em sua produção 65 milhões de dólares, com um retorno de
US$ 262 milhões em todo o mundo. Recebeu críticas mistas, alguns gostaram,
outros nem tanto.
Vinte e dois anos depois, teríamos Jumanji, novamente,
nas telonas, desta vez com Dwayne “The Rock” no papel que foi de Robin Williams
no passado e por incrível que pareça “Jumanji: Bem-Vindo à Selva” acabou
fazendo mais sucesso do que a produção original de 1995 o que lhe rendeu uma
continuação, dois anos depois, chamada no Brasil de “Jumanji: Próxima Fase” ou
“Jumanji 2”.
Fiquei sabendo posteriormente que o livro de Van
Allsburg fez muito sucesso, nos anos 80, entre as crianças e os adolescentes;
sucesso que acabou originando três filmes, além de uma série animada produzida
de 1996 a 1999.
05
– Desejo de Matar (Brian Garfield)
Filmes:
Desejo de Matar (1974), Desejo de Matar 2 (1982), Desejo de Matar 3 (1985),
Desejo de Matar 4 (1987), Desejo de Matar 5 (1994) e Desejo de Matar (remake de
2018 com Bruce Willis)
Lulu é fã do Charles Bronson. Tão fã que assistiu aos
cinco filmes da série Desejo de Matar, menos o último com o Bruce Willis.
Quando perguntei o motivo de não ter assistido ao remake, ela respondeu: “Prá
quê? A cereja do bolo já não está no bolo”. Hahahaha! Se o Charles Bronson
estive vivo, eu sentiria ciúmes (rs). À exemplo de Lulu, muitas pessoas
espalhadas por esse mundão de Deus adoraram as peripécias do icônico Charles
“Cara de Pedra” Bronson sem saber que a história que viam nas telas era oriunda
de um livro.
Brian Garfield escreveu Desejo de Matar em 1972 e para variar, a sua publicação não
despertou muito interesse dos leitores. Dois anos depois veio o filme baseado
na obra literária o que contribuiu ainda mais para que ela fosse abafada.
Foi há ‘uns’ cinco ou seis anos que descobri que os
filmes, principalmente o de 1974, haviam sido baseados num livro. Por sorte
tenho essa raridade em minha estante.
Garfield conta a história de Paul Benjamin (no filme,
o nome do personagem foi alterado para Paul Kersey), um pacato e obeso
arquiteto de Nova York que decide sair passando fogo na bandidagem depois que
sua família é violentamente atacada por um bando de marginais. A mulher de
Benjamin é espancada e morta. Quanto a filha, após sofrer nas mãos dos
criminosos, não suporta tanta brutalidade e acaba ficando em estado catatônico
para sempre, sendo internada num manicômio. Isto é demais para Benjamin que percebendo
a ineficiência da polícia que não consegue descobrir os autores do crime,
resolve fazer justiça com as próprias mãos.
Mas a sua justiça é distinta. Ele não sai em busca de
vingança contra os homens diretamente responsáveis pelo crime; pelo contrário,
Benjamin nunca os encontra. Furioso com o fato de os cidadãos honestos serem
prisioneiros numa sociedade dominada pelos marginais, o outrora pacato
arquiteto torna-se um justiceiro que mete bala em todo e qualquer bandido que
encontre pela frente, punindo o crime em geral.
Taí galera! Que tal lermos esses cinco livros e depois
encaramos uma maratona com os cinco filmes que saíram de suas páginas.
Vamos nessa!
22 abril 2022
O inocente
Os livros de Harlan Coben são verdadeiras montanhas
russas, pelo menos os que eu li. Juro que não conheço nenhum outro autor capaz
de trabalhar com tantos plot twists num único enredo. Cara isso é muito
difícil! Talvez, seja por isso que a maioria dos escritores, mesmo os mais
diferenciados, optem por incluir em suas narrativas poucas reviravoltas. Acredito
que criar, desenvolver e finalizar um plot twist é muito complexo. Não basta
apenas mudar o enredo abruptamente a seu bel prazer. Não! Essa mudança deve ter
o mínimo de coerência com o contexto da história ou então com determinada
situação que o personagem esteja vivendo, caso contrário ao invés de causar
impacto no leitor, irá deixa-lo confuso.
Pera lá José Antônio; um plot twist, pra ser sincero,
não tem nada a ver com coerência! Cara, tem sim! Caso contrário, como já disse
escrevi acima, vai causar uma confusão do escambau na cabeça do leitor. Repito:
talvez seja por isso, que a maioria dos escritores preferem podar de seus
enredos esse recurso narrativo ou então, inseri-lo em doses homeopáticas.
No caso de Coben, a conversa é outra. Ele usa e abusa
das reviravoltas em seus thrillers policiais e de suspense. São três, quatro,
cinco, seis e por aí afora. Para a alegria de seus ávidos leitores, o número de
twists é altamente generoso e todos eles surpreendentes. Taí, porque para mim para
mim, Harlan Coben é considerado um verdadeiro mestre em utilizar essa
ferramenta em suas narrativas.
Em O Inocente
não é diferente. Ele pinta e borda com as suas reviravoltas. Fui surpreendido
com cada um dos plot twists que fazem parte da história. Ele vai deixando
várias pontas soltas no decorrer da narrativa e quando essas pontas vão sendo
amarradas, o leitor vai surtando porque o que ele imaginava estava muito longe
daquilo que passava na cabeça de Coben. Por consequência, cada ponta amarrada
em O Inocente era um choque de 11 mil
volts que o leitor levava.
Em vários momentos da história, eu imaginava
que determinado fato iria acontecer; depois eu tinha certeza de que iria
acontecer, na sequencia eu começava a duvidar de que tal fato fosse
mesmo acontecer; depois a minha certeza era de que não iria mais acontecer;
para no final, ver esse fato acontecer. Uma loucura só.
O
Inocente narra a história de Matt Hunter que nove anos depois
de um trágico acidente que o fez passar quatro anos na prisão, começa a
reconstruir a sua vida. Tudo começa a entrar nos trilhos quando consegue um bom
emprego, uma mulher amorosa e, em breve, seu primeiro filho. Mas a ilusão acaba
quando Olívia, sua esposa, recebe um vídeo chocante e inexplicável que começa a
despedaçar a sua vida pela segunda vez.
Para piorar, ele começa a ser perseguido por um homem
misterioso. Em pouco tempo, o perseguidor é encontrado morto e uma freira
querida por todos também é assassinada. Quando as evidências apontam para Matt,
ele e Olívia são forçados a desafiar a lei em uma tentativa desesperada de
salvar seu futuro juntos.
Apesar do livro não ter curado a minha ressaca
literária que já dura muito tempo, confesso que amei a narrativa. Muito boa, de
fato.
Recomendo.
18 abril 2022
Dia Nacional do Livro Infantil: 10 obras incríveis para despertar o interesse pela leitura nas crianças
Hoje, 18 de abril, comemoramos o “Dia Nacional do
Livro Infantil” e também “Dia de Monteiro Lobato”. A data ou melhor, as datas,
lembram da importância dos pais em incentivarem o processo de leitura em seus
filhos menores para que eles criem esse hábito quando se tornarem adultos.
Não há como negar que a leitura é algo muito
importante na vida do ser humano. Ler estimula a criatividade, trabalha a imaginação,
exercita a memória, contribui com o crescimento do vocabulário e a melhora na
escrita, além de outros benefícios. Por isso, estimular o interesse por livros
é, além de uma forma de cuidado, atenção e carinho,
uma importante atitude que contribui para fomentar o hábito da leitura na
criança.
Inúmeros estudos já comprovaram que o hábito da
leitura oferece muitos benefícios, tanto para o corpo quanto para a mente.
Entre eles, além daqueles que já citei acima, melhora o funcionamento do
cérebro, contribui para a construção do senso crítico e, como diz a máxima
popular, permite uma viagem ao mundo sem que o leitor saia do lugar. Agora me
diga uma coisa: qual pai não vai querer todos esses benefícios para os seus
pequenos?
Mas infelizmente, muitos ainda preferem que os seus
filhos fiquem horas e horas na frente de uma tela de TV ou celular se
divertindo com jogos eletrônicos. É triste ver aqueles pais que incentivam essas
atitudes em seus filhos, ainda crianças pequenas. Depois quando essa criança
começa a encontrar dificuldades na escola, tirando notas baixas, não tendo
nenhum interesse em ler e consequentemente com um vocabulário “curto”, chegam
as cobranças por parte desses próprios pais. Quem são os verdadeiros culpados
nesse contexto? Oras, não outros, senão os pais!
Mas felizmente, ainda temos pais conscientes da
importância da leitura na vida de seus filhos. Pais que lêem uma história ,
todas as noites, antes da criança dormir; pais que tem o hábito de levar os
seus filhos em visitas à livrarias ou bienais. Ufaaa! Ainda bem.
Muita gente pergunta porque o “Dia Nacional do Livro
Infantil” é comemorado em 18 de abril. Simples: o motivo é que nessa data, em
1882, nascia o escritor Monteiro Lobato, considerado o pai da literatura
infantil brasileira. Portanto, é uma data que celebra esse tipo de literatura e
homenageia esse escritor, autor não só de textos para crianças, apesar de ser
mais conhecido por eles.
No post de hoje, para marcar o “Dia Internacional do
Livro Infantil” selecionei 10 obras incríveis para incentivar a leitura na
galera pequena. Vamos a elas.
01
– Bem lá no alto (Susanne Straßer)
Os livros da escritora alemã Susanne Straßer são
perfeitos porque despertam a curiosidade da criança prendendo e muito a sua
atenção. Os pequenos não veem a hora de saber o que acontecerá no final da
narrativa. Bem lá no alto não foge dessa regra.
A obra lançada em 2016 pela editora Companhia das
Letrinhas continua sendo muito vendida e fazendo o maior sucesso entre os pais
de crianças de dois a três anos. O livro cativa o pequeno leitor, desenvolvendo
a imaginação para resolução de problemas e o senso de trabalho em equipe.
Bem
lá no alto tem uma linguagem facilitada, através de frases
curtas e repetitivas, além de desenhos simples e de cores suaves, sem muita informação
nas páginas fazendo com que a criança pequena ame a história.
A autora fala de um urso que avista um bolo. Ele
parece muito apetitoso. Mas, puxa, está bem lá no alto... Como o urso vai
conseguir pegá-lo? O livro é direcionado para crianças bem pequenas em que se
mostra o quanto é bom poder contar com a ajuda dos amigos e de acontecimentos
inesperados.
Detalhes
da obra
Editora:
Companhia das Letrinhas
Ano:
2016
Capa:
Dura
Páginas:
32
Idade
de leitura: Bebê – 11 anos
02
– Menina bonita do laço de fita (Ana Maria Machado)
Neste livro, uma linda menina negra desperta a
admiração de um coelho branco, que deseja ter uma filha tão pretinha quanto
ela. Cada vez que ele lhe pergunta qual o segredo de sua cor, ela inventa uma
história. O coelho segue todos os “conselhos” da menina, mas continua branco.
Entre as respostas engraçadas da menina, o coelho
finalmente entende que a cor vem da genética: a mãe, a avó e, assim, vai
seguindo a genealogia até perder de vista os parentes... Então, o coelho trata
logo de arrumar uma coelha pretinha para poder procriar e ter muitos filhotes
de muitas e diferentes cores: branco bem branco, branco meio cinza, branco
malhado de preto, preto malhado de branco e até uma bem pretinha, que será
afilhada da menina.
O livro aproveita a tradição oral, numa fala coloquial
e familiar que pode ser facilmente absorvida pelas crianças que, mesmo não
alfabetizadas, se divertirão ouvindo essa homenagem à beleza negra. Uma obra
muito elogiada por educadores.
Detalhes
da obra
Editora:
Ática
Ano:
2019
Capa:
comum
Páginas:
24
Idade
de leitura: 6 – 8 anos
03
– O menino maluquinho (Ziraldo)
Em 24 de outubro de 1980, o escritor e cartunista
brasileiro Ziraldo Alves Pinto apresentava ao mundo O Menino Maluquinho no mesmo dia do seu aniversário. Desde o seu
lançamento, a obra se tornou um marco na literatura infantil nacional, vendeu
quatro milhões de exemplares em mais de dez países e sendo adaptada para o
cinema, a TV, o teatro e histórias em quadrinhos.
O livro conta a história de um menino que vive com uma
panela na cabeça, tem fogo no rabo, vento nos pés e o olho maior que a barriga.
Na companhia de amigos como Julieta, Bocão e Sugiro, Maluquinho vive grandes
aventuras em passagens que debatem temas como o afeto, a relação com a família
e os amigos, o papel da infância e as perdas que fazem parte da vida.
O personagem criado por Ziraldo ensinar lições
fundamentais sobre amor, amizade e alegria a pessoas de diferentes idades,
gêneros, classes sociais e lugares do mundo.
Detalhes
da obra
Editora:
Melhoramentos
Ano:
2008
Capa:
comum
Páginas:
112
Idade
de leitura: 8 – 10 anos
04
– Histórias da Preta (Heloisa Pires Lima)
Histórias
da Preta reúnem informações históricas, reflexão intelectual,
estímulos ao exercício da cidadania e historinhas propriamente ditas (tiradas
da mitologia africana, por exemplo).
O livro fala de um povo que veio para o Brasil à
força. Homens, mulheres e crianças escravizadas, distantes de suas terras,
foram obrigadas a exercer todo tipo de trabalho. Perderam toda a liberdade,
sofreram muito. No entanto, sobreviveram à escravidão e acabaram fazendo do
Brasil sua segunda casa.
Como é ser negro neste país? Faz diferença ou tanto
faz? Heloisa Pires Lima fala sobre a população negra no Brasil, com a
experiência de quem já foi alvo de racismo.
A obra recebeu os prêmios Adolfo Aizen e José Cabassa
pela União Brasileira de Escritores (UBE, 1999), além do selo Altamente
Recomendável pela Fundação Nacional do Livro Infanto Juvenil,FNLIJ 1998,
categoria informativo. Também foi selecionado para o Brazilian Book Magazine
para na Feira do Livro de Bolonha (1999).
Detalhes
da obra
Editora:
Companhia das Letrinhas
Ano:
1998
Capa:
comum
Páginas:
64
Idade
de leitura: 9 – 11 anos
05
– Mil e uma estrelas (Marilda Castanha)
O livro de Marilda Castanha trabalha o medo do escuro,
comum nas crianças, de uma maneira bem lúdica. Com auxílio de um texto poético,
o livro ajuda as crianças a lidar com os sentimentos, algo essencial nessa
faixa etária, quando começam a se expressar de forma mais clara.
A personagem principal do livro é uma menininha
apaixonada por histórias e estrelas que topa, certa noite, com o céu pelado,
sem estrela alguma. Quem estaria por trás desse sumiço? Talvez o Ogro Gigante,
único ser capaz de alcançar a Lua. E não é que chegando à gruta do monstro a
menininha encontra mesmo as estrelas? Dá então uma de valente e ordena a
devolução. Mas o ogro, apesar de gigante, é covarde: tem medo do escuro.
Compadecida, a menina arruma então uma maneira de acalmar o amigo, povoando de
histórias seu céu interior.
Detalhes
da obra
Editora:
SM
Ano:
2015
Capa:
comum
Páginas:
48
Idade
de leitura: 6 – 7 anos
06
– O segredo da plataforma 13 (Eva Ibbotson)
Livros que contam com magia e suspense costumam
despertar a voracidade dos pequenos leitores a partir dos seus oito anos. O segredo da plataforma 13 se enquadra
nessa categoria.
Na história, debaixo da Plataforma 13, na estação de
trens Encruzilhada dos Reis, existe uma porta secreta que leva a uma ilha
mágica. A porta se abre a cada nove anos. E quando isso acontecer, quatro
figuras misteriosas vão pisar nas ruas de Londres. Um mago, uma fada e uma
jovem bruxa têm a missão de encontrar o príncipe de seu reino, roubado quando
bebê, nove anos antes. Mas o príncipe transformou-se num horrível menino rico,
chamado Raimundo Trottle, que não entende nada de mágica e está determinado a
não ser resgatado. O segredo da
Plataforma 13, de Eva Ibbotson, é considerado uma obra-prima da literatura
infanto-juvenil.
Detalhes
da obra
Editora:
Rocco
Ano:
2002
Capa:
comum
Páginas:
160
Idade
de leitura: 8 – 9 anos
07
- Turma da Mônica - Lendas Brasileiras por Maurício de Sousa Maurício de Sousa)
Nas minhas zapeadas pelas redes sociais me deparei com
a opinião de um pai chamado Edvaldo que avaliou essa obra de Maurício de Sousa.
A sua avaliação me chamou muito a atenção porque deixa evidente a importância
do livro até mesmo para crianças bem pequenas.
Ele disse que sua filha tinha menos de dois anos
quando ele comprou Turma da Mônica -
Lendas Brasileiras por Maurício de Sousa
e começou a ler para ela. Na sua opinião, é impressionante
como a filha lembra até hoje dos personagens e o corrige quando ele faz alguma
citação errada (por querer) de alguma lenda. Na opinião de Edvaldo, a obra deveria ser obrigatória
nas creches, escolas e abrigos infantis.
O livro reúne algumas das lendas mais conhecidas, que
as crianças adoram. O diferencial é que todas elas são representadas pelos
graciosos personagens da Turma da Monica.
A editora Girassol caprichou, colocando no mercado uma
edição em capa dura, inteiramente ilustrada; super-luxuosa.
Detalhes
da obra
Editora:
Girassol
Ano:
2009
Capa:
Dura
Páginas:
208
Idade
de leitura: 6 anos acima
08
– Por favor, obrigado, desculpe (Becky Bloom e Pascal Biet)
Ler este livro com os filhos pequenos é uma ótima
oportunidade para os pais os ajudarem em sua sociabilidade, incentivando-os a
serem crianças polidas e educadas. O livro de Becky Bloom e Pascal Bie ensina
que não basta se desculpar e falar palavras educadas, e sim ter atitudes
educadas também.
A narrativa expõe a amizade entre Leopoldo e Dudu. Com
a ajuda de Leopoldo, o atrapalhado Dudu aprende a se comportar em diversos
lugares e ocasiões: no parque, no restaurante, na casa de um amigo, na cidade,
em casa.
Leopoldo ensina a Dudu que se deve lavar as mãos antes
de comer, não deixar os brinquedos espalhados, a cumprimentar as pessoas e
muito mais. A ilustração tem vários detalhes e os personagens são animais, o
que prende a atenção da criança.
Detalhes
da obra
Editora:
Brinque-Book
Ano:
2003
Capa:
Comum
Páginas:
36
Idade
de leitura: 3 - 5 anos
09
– Reinações de Narizinho (Monteiro Lobato)
E como não poderia deixar de ser, fecho essa top list
com duas obras de Monteiro Lobato, considerado o pai da literatura infantil no
Brasil. Cara, seria uma ojeriza deixa-lo fora dessa lista. Bem, vamos
primeiramente com esse livro fantástico, amado tanto pelos pais quanto pelos
filhos: Reinações de Narizinho.
Lobato, sabia da importância de renovar o imaginário
atrelado às suas histórias. Por isso, o autor-editor escolhia a dedo os
ilustradores da época, fazendo de cada um deles um novo parceiro a cada
reedição de suas obras que empreendeu durante sua vida. Reinações de Narizinho da editora Globinho segue essa tendência.
Lançada em abril de 2016 o livro tem um projeto gráfico inovador desenvolvido
pelo premiado ilustrador Eloar Guazzelli.
Com o texto integral, prefácio de Ruth Rocha, e nota
biográfica de Luciana Sandroni, Reinações
de Narizinho agrada não só as crianças como também os pais, apresentando
uma nova cara para personagens conhecidíssimos do público, como Narizinho,
Emília, Pedrinho, Dona Benta, Marquês de Rabicó e Visconde de Sabugosa.
A escolha de Reinações de Narizinho para começar as
reedições das obras de Lobato pela Globinho não é aleatória. O clássico reúne
onze histórias nas quais o famoso autor nascido em Taubaté apresenta as primeiras
aventuras no Sítio do Picapau Amarelo em uma saborosa mistura de realidade e
fantasia, trazendo à cena, além do riquíssimo universo lobatiano, personagens
clássicos da literatura infantil mundial, como Cinderela, Branca de Neve e Gato
Félix.
Detalhes
da obra
Editora:
Globinho
Ano:
2016
Capa:
Comum
Páginas:
424 páginas
Idade
de leitura: 10 anos e acima
10
- Monteiro Lobato em Quadrinhos - Dom Quixote das crianças (Monteiro Lobato e
André Simas)
O livro é uma excelente maneira de introduzir as crianças
à história de um livro clássico, de grande importância na literatura mundial.
As incríveis aventuras do cavaleiro andante Dom
Quixote de La Mancha personagem imortal criado pelo escritor espanhol Miguel de
Cervantes ganha uma versão especial em histórias em quadrinhos.
Este livro é uma adaptação da obra de Monteiro Lobato,
Dom Quixote das Crianças, lançada em
1936 e baseada no clássico da literatura mundial de Miguel de Cervantes.
Quem conta a história é Dona Benta, que diverte a
Turma do Sítio com as trapalhadas do cavaleiro. Mas não é só o personagem que
vive suas confusões. Emília, claro, não podia deixar de aprontar e faz com que
o Visconde participe da sua brincadeira. Para completar, a boneca decide mudar
o fim da história, dando um toque todo seu ao final da narrativa.
Detalhes
da obra
Editora:
Globinho
Ano:
2007
Capa:
Comum
Páginas:
64 páginas
Idade
de leitura: 9 anos e acima
Espero que essa lista possa ajudar os pais a
selecionarem alguns livros para os seus filhos, criando o prazer pela leitura e
deixando, pelo menos um pouco de lado, a fissura por games, celulares e jogos
eletrônicos. Com certeza, vocês não irão se arrepender no futuro.
Valeu!
14 abril 2022
10 livros que todo médico e apaixonados por medicina devem ler
Há pouco tempo, estive numa cidade vizinha para fazer
um checkup, saber como andava a minha saúde. É meu amigo... quando a gente já
está com um pé na terceira idade, temos que ficar ainda mais cuidadosos. Aliás,
o nosso corpo é como um carro que tem que passar por revisões periódicas,
principalmente quando ele vai envelhecendo, aumentando a sua quilometragem.
‘Entonce’, quando cheguei no consultório do meu
cardiologista, vi sobre a sua mesa o livro O
Físico. Como ele percebeu que eu não tirava os olhos da obra de Noah Gordon,
acabou me perguntando - já emendando uma resposta à sua própria pergunta: “Já
leu? Pode ler é fantástico, uma leitura incrível”! - Na mesma hora já começamos
uma prosa breve, mas muito gostosa, sobre livros interessantes na área da
medicina.
Depois desse papo, meio que por acaso, tive um
insight: “Puxa vida! Bem que eu poderia escrever um post sobre livros lidos e
adorados por médicos”. Pimba! Nasceu, então, a postagem que vocês estão lendo
agora.
Resolvi fazer uma lista de obras literárias que todo
médico, estudante de medicina e porque não, de pessoas que atuam em outras
áreas profissionais mas tem uma quedinha indomável por livros do gênero. Quero
frisar que o meu médico, Dr. Célio me ajudou muito na elaboração dessa lista,
mesmo sem saber que estava me ajudando (rsss).
Preparados? Então vejam aí.
01
– O Físico (Noah Gordon)
Vou abrir a nossa lista com o livro preferido do meu
médico e que estava “repousando” tranquilamente sobre a sua mesa. O Físico foi um grande sucesso nas
livrarias e nos cinemas. Ainda não li a obra do jornalista inglês Noah Gordon
publicado originalmente em 1986, mas assisti ao filme homônimo baseado na
narrativa. Aliás, o filme de 2013 com Ben Kingsley e Tom Payne é fantástico.
Gostei tanto que agora pretendo comprar o livro.
Gordon narra a epopeia de Rob J. Cole, um jovem aprendiz
de médico na Idade Média que decide lutar contra os obstáculos para estudar
Medicina durante uma época difícil, em que a Igreja não permitia a dissecação
de humanos para estudo, por exemplo.
Então, ele resolve ir até a Pérsia, no mundo árabe, com
o objetivo de estudar na gloriosa escola de medicina de Ispahan com o famoso
polímata persa, Ibn Sina. Com isso, ele dá início a uma viagem épica – recheada
de perigos e aventuras - com destino à Pérsia visando concretizar o seu sonho.
O
Físico é o primeiro livro de uma trilogia que ainda conta
com Xamã e A escolha da Dra. Cole.
02
– Médico de homens e de almas (Taylor Caldwell)
Taylor Caldwell levou 46 anos para escrever Médico de homens e de almas, mas todo
esse período valeu à pena já que o livro se transformou num fenômeno de vendas
através dos tempos, entrando para a lista das obras mais importantes dos
últimos 100 anos.
A narrativa explora a história de vida do apostolo São
Lucas que foi um médico de coração generoso, bem instruído e autor de um dos
evangelhos e também do Livro dos Atos dos Apóstolos. Lendas antigas o descrevem
como uma pessoa fora do comum, a quem são atribuídos milagres e prodígios antes
mesmo de sua conversão ao cristianismo.
Em Médico de
homens e de almas, Caldwell combina estas duas imagens de um dos mais
importantes ícones da igreja cristã primitiva, caracterizado pela constante
preocupação com o sofrimento de enfermos, oprimidos e pobres.
Lucano, ou Lucas, foi o único apóstolo que não era
judeu, nunca viu Cristo, e tudo o que está escrito em seu Evangelho foi
adquirido por meio de pesquisas e dos testemunhos da mãe de Cristo, dos
discípulos e dos apóstolos. Como já escrevi no início, Lucas foi, antes de
tudo, um grande médico, e quase todos os acontecimentos narrados neste livro
são autênticos - o cenário do início da vida de São Lucas, a idade adulta e sua
busca, bem como fatos relacionados à sua família.
03
– Sob Pressão – A rotina de guerra de um médico brasileiro (Márcio Maranhão)
Na minha humilde opinião, todos os médicos –
independentes de sua especialização – deveriam ler essa biografia do médico
Márcio Maranhão.
A obra que traz o depoimento desse cirurgião torácico
para a jornalista Karla Maranhão. Triste, comovente e corajoso, o relato expõe
a nu uma realidade que se assemelha a muitas encontradas pelos médicos no
falido sistema de saúde pública no Brasil afora.
Depois de 15 anos de trabalho em hospitais municipais
e estaduais do Rio de Janeiro, Márcio Maranhão viu seu idealismo juvenil pela
profissão escorrer pelos dedos. O Hospital Souza Aguiar, onde trabalhou por
vários anos é o maior do município do Rio para emergências e o clima reinante
por lá é do tipo “pega pra capá”. Para que os leitores tenham uma vaga ideia da
rotina estressante daquele hospital, basta dizer que ele é chamado pelo médico
de “Inferno de Dante”.
Sob
pressão é um depoimento perturbador. Neste livro, o cirurgião
também revê sua formação profissional, a fase inicial dos plantões, o caso de
amor com a medicina ainda aflorado e o vício na adrenalina do combate, quando
operou em CTIs despreparadas e até em enfermarias e corredores, desafiando a
precariedade das emergências — procurando salvar pessoas e a si mesmo.
04
– A Fabulosa história do hospital: da idade média aos dias de hoje (Jean-Noel
Fabiani)
Neste livro, Jean-Noël Fabiani – renomado cirurgião francês e um dos maiores especialistas em história da medicina – descortina um dos mais incríveis legados da humanidade: a evolução dos hospitais e da medicina, num relato repleto de humor e erudição. Em A fabulosa história do hospital: da Idade Média aos dias de hoje os leitores ficarão sabendo que as primeiras cirurgias eram realizadas por barbeiros que usavam métodos “arrepiantes”.
O livro mostra ainda como se deu a invenção do
estetoscópio; a importância da decisão da rainha Vitória de dar à luz sem dor
sob efeito do clorofórmio e, segundo alguns, contrariando a Bíblia; o
nascimento da medicina humanitária com a Cruz Vermelha e os Médicos Sem
Fronteiras; o fortuito papel do acaso na invenção do Viagra, e muito mais.
05
– A arte perdida de curar (Bernard Lown)
A medicina jamais teve a capacidade de fazer tanto
pelo homem como hoje. No entanto, as pessoas nunca estiveram tão desencantadas
com seus médicos. A questão é que a maioria desses profissnais perdeu a arte de
curar, que vai além da capacidade do diagnóstico e da mobilização dos recursos
tecnológicos.
A chave dessa arte perdida está na relação
médico-paciente. Este provocativo livro de um dos mais renomados médicos do
mundo mostra a face humana da medicina, em que a arte de curar é tão importante
quanto as mais avançadas tecnologias médicas.
O cardiologista americano, Bernard Low, que faleceu no
início de 2021, traz em seu livro a proposta de repensar a relação
médico-paciente, colocando-se no lugar do outro e tendo mais cuidado com o
tratamento que é oferecido. É importante perceber a responsabilidade não só de
administrar remédios ou fazer procedimentos, como do impacto das palavras na
vida dos pacientes.
Cara... e cá entre nós, existem muitos médicos que
tratam os seus pacientes como animais, aliás, piores do que animais. O
engraçado é que mesmo agindo dessa forma, eles ainda vivem perguntando porque
os seus consultórios estão sempre vazios.
Espero que esse livro consiga mudar a mentalidade de
muitos “médicos” que não respeitam os seus pacientes.
06
– Por um fio (Drauzio Varella)
Livro escrito pelo famoso médico brasileiro, Dr. Drauzio
Varella. Ele especializou-se em oncologia numa época em que o câncer era visto
com tanto horror que nem sequer se pronunciava essa palavra – dizia-se “aquela
doença” – e desde então convive cotidianamente com doentes graves.
Por
um fio relata algumas das experiências do autor na Oncologia
Clínica. Seu cuidado em contar as histórias acumuladas nos seus 30 anos na área
torna o livro muito leve, mas ao mesmo tempo emocionante.
Em Por um fio,
está de volta o narrador sensível e cuidadoso de Estação Carandiru – outro sucesso do autor -, que, contando
histórias reais, reflete sobre o impacto da perspectiva da morte no
comportamento de pacientes e seus familiares.
De um lado, a reação dos que se descobrem doentes, que
vai da surpresa à revolta, do desespero ao silêncio e à aceitação. Do outro, a
atitude dos parentes, que varia da dedicação incondicional à pura mesquinharia,
da solidariedade ao abandono. Varella conta ainda episódios surpreendentes de
mudança de vida, como se a visão da morte fosse quase uma libertação, um
divisor de águas que confere novo sentido ao porvir.
07
- Medicina dos horrores: a história de Joseph Lister, o homem que revolucionou o
apavorante mundo das cirurgias do século XIX (Lindsey Fizharris)
Biografia do médico cirurgião inglês do séc. XIX
Joseph Lister que desenvolveu métodos antissépticos que aplicados em cirurgias
e no tratamento de pacientes em hospitais reduziram em muito a taxa de
mortalidade.
E em meio a vívidas narrativas de hospitais cheios de
sujeira, salas de cirurgia em forma de anfiteatros sem qualquer limpeza,
instrumentos cirúrgicos usados em operações seguidamente sem qualquer limpeza e
o médico cirurgião usando roupas fedidas com sangue e pus secos tanto na sala
de cirurgia como na visita aos pacientes, surge o homem que colocou a medicina
com médicos em impecáveis jalecos brancos e o horror a germes, aumentando em
muito a expectativa de vida dos pacientes.
Em Medicina dos
horrores, a historiadora Lindsey Fitzharris narra como era o chocante mundo
da cirurgia do século XIX antes da chegada de Lister. A autora evoca os
primeiros anfiteatros de operações — lugares abafados onde os procedimentos
eram feitos diante de plateias lotadas — e cirurgiões pioneiros, cujo ofício
era saudado não pela precisão, mas pela velocidade e força bruta, uma vez que
não havia anestesia. Trabalhando sem luvas e sem qualquer cuidado com a higiene
básica, esses profissionais, alheios à existência de micro-organismos, ficavam
perplexos com as infecções pós-operatórias, o que mantinha as taxas de
mortalidade implacavelmente elevadas.
É nesse cenário, em que se considerava mais provável
um homem sobreviver à guerra do que ao hospital, que emerge a figura do jovem
médico Joseph Lister que revolucionaria a história da medicina.
08
- O Imperador de todos os males: uma biografia do câncer (Siddhartha Murkhejee)
Este livro rendeu ao cancerologista Siddhartha
Murkhejee o Prêmio Pullitzer de 2011. Em sua obra, ele traça uma “biografia”
profundamente humana do câncer. Ele narra em detalhes as etapas do processo
cheio de idas e vindas da pesquisa da doença, as promessas de vitórias e as
recaídas, as radicalizações temerárias de tratamentos como a mastectomia e a
quimioterapia, e a importância tardia dada à prevenção, que levou a avanços
como o exame de Papanicolau e o combate ao fumo.
Em linguagem acessível, Mukherjee revela os notáveis
resultados da recente pesquisa genética, que desvendam o mecanismo íntimo da
doença e vão sendo paulatinamente incorporados ao tratamento.
O livro tem passagens emocionantes, como as da
descoberta da radiação, da quimioterapia e da constatação da ineficácia das
cirurgias radicais e desfiguradoras do Dr. William Halsted. Ele também
explicita o papel do imponderável, da sorte e do andar de olhos vendados pelos
caminhos que levam a cura e remissão das várias formas da doença.
Tudo isso numa linguagem que tem a precisão do
cientista e a paixão do biógrafo que não esconde sua admiração por um mal capaz
de assumir muitas formas e que está à nossa frente na corrida pela imortalidade.
09
– O futuro da humanidade (Augusto Cury)
Neste seu primeiro romance, o psiquiatra Augusto Cury,
narra a trajetória de Marco Polo, um jovem estudante de medicina que ao entrar
na faculdade cheio de sonhos e expectativas, fica chocado ao encontrar, em sua
primeira aula de anatomia, a triste cena de corpos sem identificação,
estendidos sobre um mármore liso e branco.
Este jovem calouro de medicina se indigna a ponto de
não conseguir aceitar a frieza de coração com que os seus professores se
referiam aos corpos estendidos no meio da sala, dizendo que ali, em sala de
aula, a identidade não importava mais, e que aqueles corpos não possuíam nome,
portanto poderiam ser feito deles o que quisessem, eram apenas mendigos ou
indigentes encontrados mortos na rua sem identidade.
Irritado com a situação, Marco Polo se revolta e sai à
procura de informações sobre esses personagens aparentemente sem passado e
agora sem vida, e nessa jornada ele acaba encontrando o excêntrico Falcão, um
mendigo que apesar da aparência, conhece a fundo a mente humana. Mesmo na
difícil situação em que vive, com seus sonhos frustrados, futuro desfeito e
esperanças totalmente perdidas, Falcão recupera a sua alegria inata ao conviver
com este jovem sonhador.
A obra se propõe a provocar uma reflexão sobre a
sociedade e o rumo da vida das pessoas. Marco Polo desafia profissionais
renomados para provar que os pacientes com problemas mentais precisam de menos
remédio e mais respeito e dedicação. Ao apostar no diálogo e na Psicologia,
provoca uma grande reviravolta entre as pessoas com as quais convive.
Acredito que todos os psiquiatras deveriam ler esse
livro de Augusto Cury. Pensando bem, não só os psiquiatras, mas todos os
médicos de especialidades diferentes. Com certeza, a relação médico-paciente
melhoraria bastante.
10
– História das epidemias (Stefan Cunha Ujbvari)
Da Antiguidade até os dias de hoje, as epidemias
assombram o ser humano. Chegam sorrateiras e se instalam causando pânico e
destruição. A desinformação impera e, não raro, demora-se a descobrir como a
doença se propaga e o que fazer para dominá-la. A famosa peste negra matou
cerca de um terço da população europeia na Idade Média. De lá para cá, muita
coisa mudou. Se por um lado a Medicina evoluiu, por outro, vivemos cada vez
mais aglomerados em grandes cidades, viajando muito mais pelo planeta, o que
torna a situação mais dramática e difícil de controlar.
O infectologista Stefan Cunha Ujvari trata, neste
livro das epidemias e pandemias mais marcantes da nossa história. Como a
humanidade conviveu com essas doenças? Qual a importância das primeiras vacinas
e como elas surgiram? Partindo da Grécia Antiga e chegando até os nossos dias,
o livro aborda doenças como peste negra, sífilis, gripe, ebola. Dedica um
capítulo para a covid-19 e mostra por que, afinal, essa doença parou o mundo.
Conta ainda a história de como a espécie humana resistiu aos ataques dos
micro-organismos que habitam a Terra há quatro bilhões de anos. O autor faz um
relato das principais epidemias que nos afligiram desde que inventamos a
agricultura, criamos os primeiros aglomerados humanos e a necessidade
irresistível de visitar terras estranhas atrás de bens de consumo, conquistas
territoriais ou movidos pelo espírito aventureiro. Nesses deslocamentos
incessantes causados por interesses comerciais, para fugir da fome ou pelas
numerosas guerras que se repetiram uma seguida a outra, o homem levou com ele
germes virulentos que se disseminaram nas comunidades visitadas. Nelas, a
presença de indivíduos suscetíveis, num mundo sem saneamento básico, criou as
condições para a propagação de epidemias como a da peste, varíola, cólera,
hanseníase, tuberculose e muitas outras com altos índices de letalidade.
O autor Stefan Cunha Ujvari explica como viviam as
sociedades quando surgiam cada uma das epidemias que descreve.
Um livro muito útil para médicos epidemiologistas e
também para os leitores em geral que gostam do tema.
Taí galera, espero que tenham gostado.
Inté!