30 abril 2011

Brigitte Montfort, um ícone da cultura pop dos anos 70 que “caiu” no esquecimento



Hoje resolvi homenagear uma mulher que povoou os sonhos e desejos de muitos adolescentes dos anos 60 e 70; inclusive os meus. O que você faria se qualquer dia desses, num encontro casual, “topasse” com uma morena de olhos azuis, pele dourada, cabelos compridos, negros, corpo escultural e aparentando ter pouco mais de 27 anos? Já pensou? Pois é, eu cansei de me encontrar com essa beldade, quase todos os dias, nas páginas de um livro de bolso da coleção ZZ7, da Editora Monterrey. Estou me referindo a estonteante Brigitte Montford, codinome “Baby”, espiã da CIA e apesar da pouca idade, considerada a agente secreta mais perigosa do mundo. Ela é perita no manejo de vários tipos de armas, desde as mais simples, incluindo sua pequena pistola com cabo de madrepérola que traz amarrada na coxa com uma fita, até o mais bélico dos armamentos; fala fluentemente vários idiomas; é especialista no combate corpo a corpo dominando várias técnicas de luta, desde o karatê até a capoeira; além de pilotar qualquer tipo de aeronave.
A famosa personagem – carro chefe de vendas da Editora Monterrey – foi criada pelo escritor espanhol Antonio Vera Ramirez que optou por assinar as suas histórias com o pseudônimo de Lou Carrigan. Lembro-me que na minha adolescência, o meu irmão comprava uma batelada de livros de bolso da Monterrey (que estavam em moda naquela época), desde faroeste até espionagem. Mas o que mais me interessava era a criação de Lou Carrigan, ou seja, a sedutora Brigitte Montford.
Cara! Pode acreditar, eu era obrigado a ler alguns desses livros escondido ou então com a mão na frente da capa para que os meus pais não vissem. Naquela época comprar uma revista Playboy era uma “Missão Impossível”, por causa do preço e também pela dificuldade em encontrar o produto. Dessa maneira, nossos pais pensavam que estávamos “contrabandeando” uma versão genérica da Playboy por causa de algumas capas picantes onde “Baby” aparecia quase nua. Mas na realidade, não tinha nada a ver porque  não se tratavam de histórias pornográficas, mas sim da mais pura espionagem.
E já que toquei no assunto capa; ok, vou dar uma pincelada no tema. As capas das histórias de Brigitte Monfort eram produzidas por um dos maiores ilustradores brasileiros do século XX: José Luiz Benício.
Com certeza se não fossem os traços de Benício; o texto de Lou Carrigan não despertaria tanto interesse. As capas das edições eram mais viciantes do que Coca-Cola! A partir do momento que eu batia os olhos na figura  da espiã da CIA estampada na capa do livro de bolso, não tinha jeito! A cada página lida, imaginava aquele “ser estonteante” correndo, lutando, enfrentando perigos e... amando. Era engraçado porque tinha o hábito de ler três ou quatro páginas e depois dar uma olhadinha na capa, e assim ia repetindo esse ritual até o término da leitura. Por aí já dá para imaginar o poder que as ilustrações criadas por Benício tinha sobre nós, pequenos leitores daquela época.
A Editora Monterrey chegou a publicar 500 exemplares da série ZZ7 tendo à frente a espiã “Baby”. Os livros fizeram tanto sucesso nos anos 60 e 70 que tiveram uma reedição.
O nascimento de Baby
Uma pergunta comum feita pelos muitos fás de Brigitte Montfort é como nasceu a famosa espiã. Pois bem, a origem de “Baby” remonta o final dos anos 40, quando o jornalista e compositor brasileiro, David Nasser criou a personagem “Giselle – A Espiã Nua que Abalou Paris”. Nasser começou a escrever as histórias de Giselle para o jornal carioca Diário da Noite que vinha enfrentando uma séria crise financeira correndo o risco de encerrar as suas atividades. Giselle imediatamente caiu no gosto popular e devido ao sucesso de suas histórias, o Diário da Noite acabou afastando o fantasma do fechamento.
Reza a lenda que apesar da popularidade de “Giselle – A Espiã Nua que Abalou Paris”, Nasser ainda não tinha recebido nenhum dinheiro pela sua criação, estando com o seu salário atrasado há muito tempo. Foi então que ele teve uma idéia original para receber o lhe era de direito: assassinar a sua personagem, encerrando assim a história. Nasser teria feito essa ameaça ao dono do jornal, dizendo que se não recebesse, os nazistas iriam matar Giselle fuzilada. A ameaça surtiu o efeito esperado e o escritor recebeu na hora os seus vencimentos em atraso, mas com uma condição: a de que ele não ceifasse a vida da heroína. Depois do sucesso no jornal, as histórias da “Espiã Nua que Abalou Paris” passaram a ser publicadas em livros de bolso, no começo dos anos 50, repetindo o sucesso do jornal Diário da Noite.

Giselle - A espiã nua que abalou Paris
Ao contrário de Brigitte Montfort, Giselle não empunhava armas para conseguir o seu intento. Ela usava o seu belo corpo para roubar informações dos alemães que poderiam ser muito importantes para o chamado bloco da Resistência. Giselle ia para a cama com os mais perigosos líderes nazistas e, muitas vezes, tinha de suportar taras e perversões horríveis, colocando a sua vida em risco a cada capítulo, tudo com o objetivo de conseguir preciosas informações. Por várias vezes, ela esteve perto de ser descoberta e fuzilada, mas sempre acabava sendo salva, de última hora, por algum oficial da Gestapo que tinha sucumbido, no passado, aos seus dotes físicos.
A criação de David Nasser fez tanto sucesso que a Editora Monterrey acabou comprando os direitos da personagem e relançando os seus livros em 1964. E novamente, Giselle estouraria em vendagens, enchendo os cofres da Monterrey. Nesta época, o gênio brasileiro das ilustrações, José Luiz Benício, já emprestava o seu talento para as capas da “Espiã Nua que Abalou Paris”.
Percebendo o sucesso de vendas da espiã que tinha como “carma” ir para a cama com os nazistas e sofrer em suas mãos, os editores da Monterrey decidiram lançar uma nova série tendo como personagem principal nada mais nada menos do que a filha de Giselle. Para escrever o enredo das tramas foi convidado o desconhecido escritor espanhol, Antônio Vera Ramirez, que por sua vez, adotou o pseudônimo de Lou Carrigan. Nascia assim, Brigitte Montfort, a espiã que se tornaria um verdadeiro ícone da cultura pop dos anos 70. A “veia” central do enredo era bem simples: ao descobrir que a mãe era uma espiã à serviço do mundo livre, “Baby” passaria também a seguir o seu exemplo, ingressando na CIA e se tornando a sua agente mais famosa e letal.

José Luís Benício, o criador da imagem de Brigitte Montfort

Porquê o esquecimento?
Pelo o que eu pesquisei na net, a Editora Monterrey chegou a publicar cerca de 500 livros da série ZZ7 tendo Brigitte Montford como protagonista. E tudo indica que novamente encheu os bolsos com a grana oriunda das vendagens. Mas acredito que os homens da Monterrey não foram tão bons administradores, pois a editora simplesmente desapareceu do mapa.
Pêra aí pessoal! Calma! Não precisam ficar nervosos porque mesmo com a editora fora do mapa, vocês poderão encontrar os livros Pockets de “Baby” e também de sua mãe Giselle em vários sebos e por preços módicos.
Para encerrar esse post eu só queria entender algo. Como uma série de livros que tinham uma tiragem fenomenal e uma personagem que se tornou, na época, um ícone da nossa cultura pop, caiu quase que no esquecimento total? Fato mais estranho ainda diz respeito a grande massa de leitores de Brigitte Montfort que optaram por ficar na clandestinidade.
Ah! Em tempo! Só a título de registro, quero lembrar que a imagem da personagem Brigitte Montfort que ilustrou as capas de seus livros foi inspirada em uma modelo brasileira chamada Maria de Fátima Lins.
Até a próxima!


28 abril 2011

Histórias sombrias da mitologia grega


                    


Apesar da mitologia grega ser povoada de deuses e heróis, raramente encontramos uma obra individualizada sobre esses mesmos deuses e heróis. É muito difícil descobrirmos um livro que discorra somente sobre a vida de Aquiles ou Ajax ou Agamenon ou ainda Cadmo ou quem sabe Hércules. A maioria dos livros conhecidos procura abordar a mitologia grega num todo, optando em não dar espaço para um único protagonista. Essas obras dão preferência para os combates que se tornaram verdadeiras epopéias, como a Guerra de Tróia ou então a Odisséia, envolvendo centenas de deuses, heróis e semi-deuses. Aliás, até mesmo Odisséia que é inteiramente dedicada a Ulisses omite alguns fatos de sua infância ou então de como ele veio se tornar um rei poderoso; tudo para poder explorar melhorar as suas agruras após a batalha de Tróia, em seu regresso à Ítaca, sua terra natal. Por sua vez, a Guerra de Tróia, que aparece em todos os livros e enciclopédias direcionados a mitologia grega, narra as aventuras de vários heróis mas deixa de lado detalhes importantes sobre as suas vidas.
Quem já leu “O Livro de Ouro da Mitologia”, obra que considero referência no assunto, sabe do que estou “falando”, ou melhor, sobre o que escrevendo (rs). No livro, informações sobre Aquiles são pouquíssimas; com relação a Médéia, também; além de capítulos curtos dedicados à três ou mais deuses ou heróis, como é o caso do capítulo 20 que inclui as histórias de Teseu, Dédalo, Castor e Pólux. Então você me pergunta: “O livro é ruim?” De maneira nenhuma! Pelo contrário, é excelente! Ele nos dá uma noção geral sobre mitologia grega, apenas não trata os personagens de maneira individualizada, e quando o faz, omite várias características.
Então, após ler o “Livro de Ouro da Mitologia”, me interessei pela vida de alguns heróis, entre eles, Aquiles. Fiquei com uma vontade enorme de saber se ele lutou outras batalhas antes da famosa Guerra de Tróia, e também como foi a sua infância, o seu treinamento até se tornar um dos mais importantes heróis de toda a mitologia grega. Na época não encontrei nenhum livro que preenchesse a minha curiosidade, mas na semana passada tive uma grata surpresa. Estava “vasculhando na net quando dei de cara com uma coleção intitulada: “Histórias Sombrias da Mitologia Grega”. E mais: um dos volumes era inteiramente dedicado ao grande guerreiro Aquiles. Cara! Que sorte a minha! Nem pensei duas vezes: arrisquei comprar o tal livro... e adorei. É muito bom e me deu informações detalhadas sobre a vida desse trágico personagem que conheci somente através da Guerra de Tróia.
Neste livro e também nos demais da coleção, a vida dos respectivos personagens são contextualizadas em forma de romance tornando a leitura muito mais fluida e agradável.
A obra escrita por Mano Gentil explica detalhadamente o episódio em que a mãe de Aquiles o mergulha, ainda recém nascido, no fogo para torná-lo invulnerável, mas como ela o segurou pelo calcanhar, aquele ponto do corpo do menino deixou de ser banhado tornando-se vulnerável.
Após um minucioso trabalho de pesquisa, o autor conseguiu explorar um assunto que nunca vi ser tratado em outros livros sobre mitologia: os primeiros amores de Aquiles e como eles influenciaram a sua vida. O leitor vai descobrir também que o herói lutou outras batalhas, além de Tróia, tornando-se um guerreiro temido e respeitado.
À exemplo dos outros volumes da série, o livro “Os Combates de Aquiles” traz um glossário explicando vários termos encontrados na história, além de informações importantes sobre a origem do herói.
Li, quer dizer, destrinchei as 120 páginas sobre o mito Aquiles em apenas um dia. Como estava fazendo um final de semana atípico com aquela chuvinha gostosa convidando à leitura, já aproveitei e emendei mais um volume da série, desta vez: “Orfeu Encantador”. E posso dizer que é tão especial quanto “Os Combates de Aquiles”.
Eu conhecia a história do mito Orfeu de forma superficial, mas o livro de Guy Jimenez pertencente à série “Histórias Sombrias da Mitologia Grega” me deu todos os subsídios necessários para se aprofundar na vida dramática
do herói.
No livro ficamos sabendo que Orfeu, ainda menino, foi presenteado com uma lira pelos deuses. Desse instrumento, o pequeno Orfeu passou a tirar notas melodiosas e mágicas vindo a se transformar num músico célebre em todo mundo antigo. Tão famoso que chegou a ser convidado para integrar o “time” dos principais heróis gregos que embarcaram no navio Argos em busca do velocino de ouro na Cólquida. Estes heróis ficaram conhecidos na mitologia grega como os argonautas, tendo à frente o valente Jasão.
Os argonautas viveram inúmeras aventuras e enfrentaram muitos perigos até conquistarem o velocino de ouro. Foi graças ao canto de Orfeu que eles conseguiram passar incólumes pelas perigosas sereias. Vale lembrar que o músico aprendeu a sua arte com o deus da música Apolo e seu canto era tão divino que ele conseguiu anular a hipnose das sereias com a sua música e salvou todos os argonautas do naufrágio. Em “Orfeu Encantador”, o autor Guy Gimenez narra em detalhes essa façanha do lendário músico.
Mas a maior prova de Orfeu e que o tornou um dos heróis mais famosos da mitologia grega aconteceu após o seu retorno da expedição com Jasão e os Argonautas. Ele se apaixonou por uma ninfa de beleza rara, chamada Eurídice e após um período de feliz convivência, os dois se casaram. O amor que Orfeu sentia por Eurídice era infinito, incomparável, mas no dia do noivado, porém, Eurídice foi picada por uma serpente e veio a morrer. Após entrar em desespero, Orfeu desceu aos Infernos - reino do temido deus Hades, de onde ninguém retorna - para trazer Eurídice de volta à vida.
Com sua arte, Orfeu conseguiu comover até mesmo Hades, que contrariando toda lógica, acabou permitindo que o jovem herói levasse sua amada de volta, passando pelo diabólico cão Cérbero e o barqueiro Caronte, mas com a condição de que no caminho, aconteça o que for,  ele nunca olhe para trás. Mas, o amor de Orfeu por Eurídice é tão grande que ele não consegue resistir e temendo pela segurança de sua amada, ele acaba olhando para trás para confirmar se ela o está seguindo, então... bem, o final da história, como muitos sabem, é dos mais trágicos.
À exemplo dos outros volumes da coleção, “Orfeu Encantador”  traz um mapa da Grécia antiga, uma árvore genealógica das personagens, um glossário e um apêndice sobre a origem do mito e as várias interpretações que recebeu, além de apresentar as obras de arte inspiradas por ele, inclusive algumas realizadas no Brasil.
Histórias Sombrias da Mitologia Grega é uma coleção direcionada ao público jovem, mas nada impede que os adultos já velhinhos se deliciem com a sua leitura. E o exemplo maior é esse blogueiro que já está perto do cinqüentenário.
Além de “Os Combates de Aquiles” e “Orfeu Encantador”, a série “Histórias Sombrias da Mitologia Grega” da editora Companhia das Letras trás ainda a história completa de outros dois mitos fechando, assim, a coleção de quatro livros. Estou falando de Medeia e Antígona. Confira abaixo o resumo desses dois livros segundo informações do site Companhia das Letras. Vou me eximir de comentar esses dois volumes porque ainda não os li. Seguem os resumos da editora:
 Medéia, A Feiticeira
Para recuperar o trono do reino de Iolco, o grego Jasão tem uma tarefa: conquistar uma relíquia preciosa - o tosão de ouro - na distante Cólquida. Mas Eetes, rei do lugar, só permitirá que ele leve o tosão se vencer alguns desafios. Apaixonada pelo jovem, Medeia, a filha do rei, o ajuda a cumprir sua tarefa. É então considerada traidora, e tem de abandonar a terra natal fugindo com Jasão para a Grécia.
Anos mais tarde, para ganhar prestígio, Jasão aceita se casar com Glauce, a filha do rei Creonte. Medeia é obrigada a partir, sozinha: os dois filhos que teve com Jasão devem ficar com o pai. A feiticeira é tomada pela loucura, e, para se vingar, usa seus conhecimentos mágicos e arquiteta um terrível plano de vingança.
Antígona, A Rebelde
Depois da morte de Édipo, seu pai, Antígona regressa à sua terra natal, a cidade de Tebas. Mas essa viagem só traz preocupações à jovem: amaldiçoados por Édipo, seus irmãos Polinice e Eteocle se desentenderam e estão prestes a entrar em guerra.
Antígona tenta dissuadi-los, mas não consegue impedir o confronto. Polinice se sente traído por Eteocle, a quem acusa de roubar o trono de Tebas. O desfecho da guerra não pode ser mais trágico: os irmãos acabam por matar um ao outro.
Creonte, o novo rei da cidade, proíbe que se enterre Polinice, pois o considera um traidor. Mas Antígona não pretende deixar o irmão sem sepultura. A quem ela deverá obedecer? À lei da cidade ou à voz de sua consciência?
Em grande parte inspirada na tragédia escrita por Sófocles em 441 a.C., esta narrativa em prosa apresenta uma das mais notáveis heroínas da Antiguidade clássica.
Bem é isso aí. Espero que tenham gostado. Ah! Em tempo! Você deve estar se perguntando porque os editores da Companhia das Letras escolheram um título tão fúnebre para essa coleção de livros, ou seja: “HISTÓRIAS SOMBRIAS da mitologia grega. É que todos os heróis abordados na coleção – Aquiles, Orfeu, Medeia e Antígona – tiveram destinos bastante trágicos.
E aí galera? Prontos para mais essa viagem?

24 abril 2011

A Casa Infernal

Após escrever sobre “Os 10 maiores vilões da literatura de terror”, alguns amigos que leram o post me perguntaram:  “Quem é esse tal Emeric Belasco? Então, eu respondi: “Por acaso, você já leu “A Casa Infernal”? Para que a pessoa entenda porque esse personagem é considerado um dos mais malignos e perversos da literatura de terror, é essencial que leia o livro de Richard Matheson, o mesmo autor de “Eu Sou a Lenda”. Veja bem; eu disse ler o livro e não assistir ao filme. A obra literária é muito mais completa e densa do que o filme “A Casa da Noite Eterna” – diga-se de passagem – brilhantemente dirigido por John Hough em 1973.
O Emeric Belasco do livro é assustador. Só mesmo lendo para compreender. “A Casa Infernal”, foi escrita em 1971 e é lição  obrigatória para os fãs do gênero.
O clima criado pelo autor é angustiante e quando comecei a ler não consegui parar. Devorei página por página, e como o livro da Editora Novo Século é relativamente pequeno, apenas 254 páginas, em letras grandes, terminei em um final de semana.
A história gira em torno de uma mansão mal assombrada pelo fantasma do terrível Emeric Belasco. Se as casas mal assombradas fossem montanhas, a “Mansão Belasco”, como ficou conhecida, seria considerada o Monte Everest das casas mal assombradas. Há 40 anos, ela se mantém imponente, desfiando todos aqueles que tentam decifrar os seus segredos. Nesse período houve duas tentativas de investigá-la, uma em 1931 e outra em 1940. Ambas foram desastrosas. Oito dos mais renomados pesquisadores de fenômenos paranormais do mundo envolvidos nessas tentativas foram mortos, cometeram suicídio ou enlouqueceram. Apenas um conseguiu sobreviver e o terror que presenciou foi tão grande que até hoje sofre os efeitos do desastre do passado. Esse sobrevivente, Benjamin Franklin Fischer, participou da equipe que tentou desvendar os mistérios da casa em 1940. Na época, ele era uma criança prodígio, com apenas 15 anos, considerado o maior médium sensitivo do mundo. Devido a sua fama, acabou sendo um dos convidados para a excursão à mansão macabra. Todos morreram, só ele sobreviveu.
Para que o leitor tenha uma noção da malignidade de Emeric Belasco, basta dizer que Fisher – considerado há 4 décadas uma criança destemida, tendo conseguido desvendar segredos de várias casas mal assombradas - foi encontrado caído na varanda da frente da mansão encolhido como um feto, tremendo de medo e pavor. Quando as equipes médicas o colocaram na maca, ele começou a gritar e vomitar sangue, com os músculos rijos como pedra. Ficou em coma por três meses. Mais tarde, especialistas definiram o medo como a causa desses sintomas.
Outra prova do “poder de fogo” de Belasco é que ele conseguiu trucidar uma equipe formada pelos cinco maiores pesquisadores de fenômenos psíquicos do mundo e que já tinham enfrentando e desvendados os mais aterrorizantes mistérios. A mesma equipe da qual Benjamin Fischer fez parte em 1940.
Cena do filme "A Casa da Noite Eterna", baseado no romance
de Richard Matheson
Matheson descreve com detalhes o que aconteceu com os cinco paranormais. Uma médium auto-confiante que achava que podia, sozinha, solucionar o mistério da casa infernal acabou cortando a garganta com as próprias mãos; um professor cético que teve um derrame, após sofrer uma experiência tão terrível na mansão que foi incapaz de relatá-la; um paranormal famoso que enlouqueceu na mansão após presenciar fenômenos que ultrapassavam os limites da razão. Ele acabou indo parar num hospício, onde permanece trancado. E por aí afora.
Passados 40 anos dos desastres envolvendo os dois grupos de pesquisadores, um milionário excêntrico resolve comprar a mansão e contratar novos cientistas e paranormais, incluindo Fischer que sobreviveu a catástrofe de 1940, para fazer mais uma tentativa de descobrir os mistérios do local. Eles terão o prazo de uma semana para solucionar o segredo e se conseguirem ganharão 100 mil dólares. À princípio, Fischer reluta em fazer parte do novo times de pesquisadores”, mas depois o dinheiro fala mais alto e ele decide aceitar a proposta.
Matheson dá ênfase nas divergências enfrentadas pelo grupo de quatro pessoas que aceitaram o desafio de enfrentar a casa. Fischer, agora com mais de 40 anos, é um médium fracassado e com os poderes bloqueados pelo medo. Ele é menosprezado pelo líder da equipe, Dr. Lionel Barret que o julga fraco e incapaz e faz de tudo para dispensá-lo do grupo. Cético e autoconfiante, Dr. Barret não acredita em fantasmas ou espíritos que vagam assombrando a mansão. Para ele, tudo não passa de fenômenos paranormais que podem ser perfeitamente explicados, sendo que pretende provar essa teoria. A jovem médium psíquica, Florence Tanner, uma das mais respeitadas em sua área diverge totalmente de Barret. Para ela, o que, realmente, assombra a mansão é o espírito de Emeric Belasco que precisa ser confrontado e expulso. E completando o time, temos a insegura Edith, mulher e assistente do Dr. Barret. É esta equipe – a terceira – que irá enfrentar a Mansão Belasco. 
Momento em que a equipe de paranormais chega à Mansão Belasco
Os conflitos vividos pelos quatro pesquisadores por causa da divergência de idéias são descritos com perfeição por Matheson e prende a atenção do leitor. É inevitável que você acabe se simpatizando com um ou alguns do grupo e torcendo o nariz para outros.
Mas o “bicho pega”, de fato, quando Emeric Belasco entra em cena desafiando os seus quatro antagonistas. Eis as perguntas que eu deixo no ar para aqueles que ainda não leram o livro: “Como o inseguro Fischer, agora com os nervos em frangalhos, irá se comportar enfrentando a casa Infernal pela segunda vez?”. “Será que o Dr. Barret conseguirá manter o seu auto-controle e confiança diante dos eventos que enlouqueceram seus antigos companheiros de profissão e que ousaram desafiar Belasco?”. Terá Florence um destino diferente da outra médium que há 40 anos se matou cortando a garganta com as mãos?”. E a frágil e insegura Edith que vive à sombra do marido, como se comportará?”. Quem já leu o livro, sabe que o final é diferente de tudo aquilo que nós possamos imaginar. Quando o segredo de Belasco é descoberto, o leitor literalmente fica de queixo caído, demorando alguns segundos para se recompor, porque todos os conceitos assimilados durante a leitura da história caem por terra. Com isso, Matheson provou que é um dos gênios da literatura de terror.
E não venha me dizer que não vai ler o livro porque já assistiu ao filme “A Casa da Noite Eterna”. Apesar da produção cinematográfica ter sido muito fiel ao livro de Matheson, não dá pra comparar. O livro descreve de maneira completa eventos que no filme passam muito rapidamente, como o ataque sofrido por Florence pelo gato possuído pelo espírito de Belasco, ou então, a descrição completa dos fatos macabros e chocantes que ocorreram na Casa Infernal na época em que Belasco era vivo e que deram origem a sua fama de mal assombrada.
Enfim, a leitura de “A Casa Infernal”, como já disse é obrigatória para você que aprecia uma boa história de terror. Mas leia preparado, porque os calafrios virão.
Inté! 

22 abril 2011

Livros de Stephen King terão remakes no cinema e na tv

E os admiradores de Stephen King não negaram fogo; pelo contrário, mandaram ver nos comentários do post “Os 10 Maiores Vilões da Literatura de Terror” e também na análise do livro “Tripulação de Esqueletos”. Fiquei hiper feliz da vida com a participação da galera assumidamente fã do grande mestre do terror, porque à exemplo desse pessoal, eu também gosto muito do cara. Aliás, acho que essa simpatia fica mais do que evidente meu blog, onde já comentei dois livros de King (Tripulação de Esqueletos e A Coisa), além de selecionar três vilões de sua criação e outro de seu filho Joe Hill para galeria dos “10 maiores Vilões da Literatura”.
Apesar dos críticos malharem a maioria das adaptações dos seus livros para as telas, com certeza, Stephen King, é o menos culpado. É triste ver roteiristas e diretores incompetentes transformando o contexto de suas histórias num verdadeiro “samba do crioulo doido”. Só não eximo o escritor de culpa total – por isso, escrevi acima “é o menos culpado” - porque King, certamente tinha noção de quem seria o roteirista que faria a adaptação de seus romances ou contos para a TV ou cinema. Por isso, talvez, ele poderia ter escolhido melhor. Mas quem sou eu para fazer esse tipo de questionamento. Ele deve ter tido os seus motivos.
O importante é que entre tantas tranqueiras criadas, moídas e trituradas por roteiristas e diretores que fariam inveja a Leatherface, ainda surgiram algumas obras primas, poucas, mas surgiram. Entre essas jóias raras podemos citar “It – Uma Obra Prima do Medo”, “O Iluminado”, “Um Sonho de Liberdade”, “A Espera de Um Milagre”, “Conta Comigo” e poucas outras; o que me faz acreditar que a partir do momento que o estúdio responsável pela filmagem contrate uma equipe competente, o resultado nas telas será o mesmo das páginas, ou seja: sucesso!
Falando por mim, fico sempre na expectativa quando vejo ou ouço que uma obra de Stephen King será adaptada para o cinema ou TV. E confesso que é com essa mesma expectativa que estou aguardando a chegada de uma verdadeira enxurrada de trabalhos do mestre do terror moderno no cinema. Pelo jeito, 2011 e 2012 ficarão conhecidos como os anos “The King” (rss). Gente! Serão nada mais, nada menos do que seis adaptações das páginas para as telas. Desse total teremos duas inéditas: “A Torre Negra” e “A Longa Marcha”. Quanto às outras serão todas readaptações de obras que um dia já passaram no cinema ou no conforto da sua sala de TV, mas com uma nova roupagem e o que é fundamental: novos diretores e roteiristas. Evidentemente, os fãs do “Mestre King” estão curiosos para conhecer alguns detalhes dessas obras. Para suprir essa curiosidade – inclusive, a minha – nas horas de folga e madrugadas insones – nesta semana em que não postei nada, passei pesquisando alguma coisa sobre o assunto. E tenho boas novas.
Pelo que eu vi, a grande expectativa da crítica especializada e também do público é com relação ao lançamento de três longas-metragens e duas minisséries de televisão baseados na saga literária “A Torre Negra”. Mas pra ser sincero, a minha expectativa é para o lançamento nas telonas do filme “A Longa Marcha”, baseado num conto raríssimo de King, muito difícil de se encontrar aqui no Brasil.
Mas como a maioria prevalece, vou escrever primeiramente sobre a adaptação da saga “A Torre Negra”, depois despejo no post as informações sobre a “A Longa Marcha” e as demais obras “kingnianas” que estarão aterrissando nos cinemas e na TV neste ano e também nos vindouros.
01 - A Torre Negra
Nas “rodas de literatura” com os amigos,  criei o hábito de dizer que “A Torre Negra” é o “Fausto” de Stephen King. Falo isso de uma maneira descontraída porque Goethe demorou 30 anos para concluir Fausto, considerado o seu maior trabalho e que se tornou uma obra prima aclamada em todo o mundo. King também demorou mais de 30 anos para concluir os sete livros que compõem a saga do pistoleiro Roland e que é considerada pelos seus leitores e pelo próprio escritor como a grande obra prima de toda a sua carreira. E vou mais além, acredito que a crítica especializada (que as vezes fala tanta bobagem sobre as obras de King) é unânime em afirmar que os sete livros da saga são especiais, sem nenhum ponto que mereça crítica. Tipo: a obra perfeita.

Com tantas credenciais seria uma questão de tempo que algum estúdio famoso comprasse os direitos de exibição. E foi o que a Universal fez. Abocanhou toda a história do enigmático pistoleiro que passa toda a sua vida procurando pela Torre Negra e se transforma na última esperança para salvar toda a civilização. O estúdio não deu brecha para que nenhum outro concorrente ficasse com as sobras da “Torre”. A Universal estará produzindo três filmes longas-metragens, além de uma série para a TV baseada na obra. Quer mais? A Torre Negra também será transformada em jogo de videogame que será lançado simultaneamente ao filme.
Javier Bardem que provavelmente estará vivendo
nas telas o pistoleiro Roland
A direção do longa estará à cargo de Ron Howard, sujeito competente que dirigiu o sucesso elogiado pela crítica: “Uma Mente Brilhante”. O ator principal que viverá o pistoleiro Roland também já foi escolhido: Javier Bardem, vencedor de um Oscar pela sua atuação em “Onde os fracos não tem vez”. A Universal garantiu que o primeiro filme baseado no livro “O Pistoleiro” estréia em maio de 2013, enquanto que o primeiro episódio de televisão chegará nos meses posteriores ao filme. Resta saber agora, qual canal de TV estará comprando – ou quem sabe, já comprou – os direitos de exibição na tela pequena.
A “Torre Negra” é a história de Roland, descendente da linhagem dos Eld, os reis do Mundo Médio – uma dimensão ameaçada pela queda da torre que dá nome ao livro. É nesta torre que está o centro de todas as dimensões existentes. Roland, o último pistoleiro deste mundo, é o único que pode impedir a queda da Torre. Ele, juntamente com o seu ka-tet, um grupo de pessoas que o pistoleiro encontra em sua jornada, todos unidos pelo destino.
02 - Dança da Morte

Livro da Editora Objetiva que contém
o texto completo com mais de 900
páginas

Se a Universal adquiriu os direitos de filmagem de “A Torre Negra”, a Warner Bross e a CBS Films não ficaram para trás e conseguiram fechar negócio com os representantes de Stephen King para produzirem o longa “Dança da Morte”. Li o livro no ano início do ano passado. Comprei a edição da Objetiva lançada em 2005 e que correspondente ao texto publicado em 1990, considerado mais completo do que o original escrito em 1978. Quando peguei o livro nas mãos e vi as suas 944 páginas, exclamei: Jesus! Mas depois me lembrei de outro livro: “A Coisa”, com, praticamente, o mesmo número de páginas, o qual se transformou numa de minhas obras preferidas de King. Então, assumi o risco de ler “Dança da Morte” e posso garantir que não me decepcionei. A história que gira em torno de um vírus letal que, acidentalmente, escapa de um laboratório militar e dizima cerca de 80 por cento da população mundial, é muito boa e prende a atenção do leitor que passa a devorar as mais de 900 páginas sem nem mesmo perceber.
O clima de tensão vivido por dois grupos de sobreviventes que optam por seguir caminhos diferentes é “amarrado” com perfeição por Stephen King. Um dos grupos sonha com o vilão Randall Flagg, um homem misterioso e demoníaco e os outros sobreviventes sonham com Mãe Abgail, uma mulher negra que se transforma na grande líder do grupo. A disputa entre os integrantes dos dois bandos é uma preliminar para o enfrentamento entre o bem e o mal, representados na obra por Mãe Abgail e Randall Flagg, respectivamente.
Ainda não há uma previsão para a data de lançamento do filme. O que se sabe é que ele virá; para o deleite dos fãs de King.
03 – Cemitério Maldito
Outro estúdio da pesada decidiu investir nas adaptações ou readapdações das obras de Stephen King para o cinema. A Paramount será responsável pela produção do remake de “Cemitério Maldito” que originalmente foi lançado em 1989 nos cinemas. Na época, a produção faturou US$ 57 milhões nas bilheterias, tendo gasto em seu orçamento apenas US$ 11,5 milhões.
Ainda não li o livro publicado em 1983, mas assisti o filme há 22 anos e ainda hoje me lembro de algumas cenas que me provocaram arrepios. Por exemplo: a cena do gato que é enterrado num cemitério e depois resolve voltar para dar mais um passeio por esse mundo é gelar e regelar a espinha. No filme, uma família que se muda para uma pequena cidade do estado do Maine, nos EUA, e encontra um cemitério de animais próximo de um misterioso sepulcro indígena. A partir daí, coisas estranhas começam a acontecer no local.  O roteiro está sendo escrito por Matthew Greenberg, o mesmo que adaptou um outro conto de King: 1408 que também virou produção cinematográfica.
Olha o gatinho do Cemitério Maldito dando as caras por aqui
Uma curiosidade: Há algum tempo surgiu o comentário de que George Clooney poderia ser um dos protagonistas do remake. Depois, nada mais se falou sobre o assunto. O roteiro de “Cemitério Maldito” teria sido entregue para o estúdio que já estaria se preparando para entrar na fase de testes para escolha do elenco.
04 – A Coisa
O macabro palhaço Pennywise da série de TV, A Coisa,
lançada em 1990
O diabólico Pennywise ou Parcimonioso que me fez ter ojeriza de palhaços também está na lista do festival de remakes de filmes baseados em obras de Stephen King. O filme produzido para TV em 1990, baseado no livro “A Coisa” terá o seu remake desta vez para o cinema. Os comentários de bastidores são os de que a produção será lançada no início de 2012 com status de blockbuster. Confesso que estou curioso para saber quem viverá o palhaço Pennywise no cinema e também quem serão os atores que interpretarão os sete amigos que se unem para enfrentar a diabólica criatura  que tem o poder de se transformar em qualquer coisa que o medo das pessoas permitir; desde uma múmia, um lobisomem, uma aranha gigante ou qualquer outro monstro. Estou louco, também, para saber quem viverá o personagem Richie, que no livro, quando adulto, se torna um comediante bem sucedido. Quando li “A Coisa”, achei Richie o personagem mais rico dos sete amigos. Definitivamente fantástico! Ele tem um senso de único de humor capaz de fazer piadas mesmo quando a situação está crítica, perto de fugir do controle.
05 – Chamas da Vingança
Drew Barrymore
Em 1980, King lançaria o livro “A Incendiária” que quatro anos depois ganharia uma adaptação para o cinema com o nome de “Chamas da Vingança”. Vários fãs do mestre do terror torceram o nariz para o livro e nem chegaram a ler, pois acreditaram que seria uma cópia de “Carrie, A Estranha”, o que não é. O livro não pode ser considerado um dos melhores da carreira de King, mas também não chega a decepcionar. Nele, o escritor conta a história de um casal que foi usado numa experiência secreta quando eram adolescentes. Eles acabam se casando e tendo uma filhinha chamada Charlene (“Charlie”) que herda os genes modificados dos pais, nascendo com o dom da pirocinesia, que significa poder atear fogo em tudo que desejar. Pai, mãe e filha passam a ser perseguidos por uma seita que pretende utilizar os poderes da menina para o mal. Durante a fuga, a mãe de Charlie morre, só restando, assim, o seu pai. Agora, os dois tem que fugir dos criminosos enviados pela seita para capturá-los ou então eliminá-los.
Livro que deu origem ao filme
“Chamas da Vingança” passou nos cinemas em 1984 e trouxe no papel de Charlie, a então atriz mirim com nove anos, Drew Barrymore, que havia encantado um mundo inteiro, há dois anos atrás, como a menina que teve contato com E.T no filme de Steven Spielberg.
O remake de “Chamas da Vingança” vem sendo preparado pela Universal Pictures e o produtor será o conhecido Dino de Laurentis.
06 - A Longa Marcha
Deixei o meu favorito para o final. “A Longa Marcha” é um conto que faz parte da obra “Os Livros de Bachamn” que reúne os quatro primeiros contos escritos por King sob o pseudônimo de Richard Bachman. São eles: “A Fúria”, “A Longa Marcha”, “A Auto-Estrada” e “O Sobrevivente”. Trata-se de um livro raríssimo, pois deixou de ser editado. Além do mais, o escritor pediu para que a editora recolhesse os livros excedentes por causa do conto “A Fúria” que narra a história de um garoto problemático que sai de casa armado, invade uma escola e mantém professores e alunos como reféns. Após os acontecimentos que ocorreram na Europa onde garotos portando rifles dispararam a esmo em várias vítimas, o escritor chamou a sua obra de maldita e pediu que o conto fosse riscado de sua vida, proibindo novas publicações. É por isso, que “Os Livros de Bachman” podem ser considerados uma verdadeira jóia rara. E para deixar, ainda, os fãs chupando os dedos, a edição rara da Francisco Alves, ainda tem uma introdução onde King explica porque adotou o pseudônimo Richard Bachman para escrever algumas de suas obras. E é dessa jóia que teremos mais um conto de Stephen King adaptado para os cinemas: “A Longa Marcha”.
Disse no início do post, que esta é uma das minhas histórias favoritas escritas pelo mestre do terror. Um conto surrealista muito tenso que faz as pessoas roerem as unhas.  Acredito que será possível produzir um filme com baixo orçamento com amplas possibilidades de estourar nas bilheterias. O contexto da história permite isso.
“A Longa Marcha” é o nome de um evento esportivo que consiste numa maratona de resistência de onde participam 100 rapazes. O detalhe macabro: não há chegada. Cada jovem terá de manter uma velocidade média de quatro milhas por hora. Os competidores que reduzirem esse ritmo, passando a correr mais devagar receberão três avisos. No quarto aviso serão eliminados com um tiro de rifle na cabeça. O último competidor que resistir à prova é considerado o vencedor e pode escolher como prêmio o que desejar. Esta competição macabra é transmitida para todo o mundo, atingindo índices de audiência altíssimos.
Os direitos cinematográficos do livro foram adquiridos pelo conhecido diretor Frank Darabont que já dirigiu várias adaptações para o cinema de livros e contos de Stephen King, entre os quais: “O Nevoeiro”,  “Um Sonho de Liberdade” e “A Espera de Um Milagre”. Quer dizer, o cara já provou que é bom e sempre acerta a mão quando dirige filmes baseados em livros do mestre.
Ainda não há uma previsão para o início das filmagens de “A Longa Marcha”, mas que o filme sai das páginas do livro para a telona, sai!!
Com tantos filmes prometidos para estrear no cinema ou na TV fico pensando quanto, Stephen King irá lucra. Com toda a certeza, ele irá encher os bolsos... novamente (rss)

17 abril 2011

O Inimigo de Deus (As Crônicas de Artur)

(Contém spoilers) Falar o que de “O Inimigo de Deus”, 2º volume da já lendária trilogia “As Crônicas de Artur, de Bernard Cornwell? Brilhante? Fenomenal? Estupenda? Extraordinária? Qualquer um desses adjetivos serviria perfeitamente, mas prefiro ficar com outro: mágica. Nos dicionários de língua portuguesa algumas definições para mágico podem ser: “aquilo que causa admiração”, “encanto” e “maravilhoso”. E “O Inimigo de Deus” é tudo isso e muito mais. Tanto, que estou relendo os três livros que compõem as crônicas arturianas escritas por Cornwell.
O que fez a trilogia composta por “O Rei do Inverno”, “O Inimigo de Deus” e “Excalibur” se tornar – como já disse no início – “lendária” foram os elementos reais em que se baseia a obra. Cornwell escreveu os livros  após anos e anos de estudos, analisando descobertas arqueológicas e outros documentos do século VI d.C que muitos pesquisadores julgavam extintos. Estas valiosas informações lhe possibilitaram compor um Artur bem mais próximo da realidade, além de retratar com perfeição a Grã Bretanha do século VI que vivia sendo atacada pelos saxões.
Por isso, se você está esperando encontrar lindos castelos com torres altíssimas, donzelas inocentes, cavaleiros galantes, monstros míticos, espada mágica, dama do lago e um Merlin com poderes sobrenaturais, aconselho a dispensa da leitura da conhecida trilogia. Cornwell procurou ser o menos sonhador possível, desmistificando muitas lendas, afirmando inclusive, que Artur nunca foi rei, apenas um guerreiro que jurou fidelidade a um rei de verdade, no caso, Mordred, neto do Pendragon Uther. Mas isso não macula as suas virtudes do herói, porque graças a sua sabedoria e coragem, Artur acabou governando – indiretamente - todo o reino britânico conhecido, na época, por Dumnonia.
Achei “O Inimigo de Deus” melhor ainda do que “O Rei do Inverno”. Juro que cheguei a chorar em algumas partes do livro por causa da sua carga de dramaticidade. Se eu tenho o coração mole? Não sei. Talvez sim. Mas chorei mesmo quando Derfel – o narrador da história, além de conselheiro e melhor amigo de Artur – conheceu a sua mãe Erce, a qual vinha procurando a tanto tempo e depois de lhe dar um abraço emocionado jurou que seria para sempre o seu filho. É nessa parte da história que Erce faz uma revelação surpreendente para Derfel, dizendo quem é o seu pai. Fiquei ainda mais emocionado quando Dian, uma das três filhas de Derfel foi cruelmente assassinada na frente do pai, sem que ele nada pudesse fazer. E senti na pele o sofrimento de Artur ao ver Guinevere...Bem deixe-me parar por aqui, senão, vou acabar revelando através desses spoilers os momentos mais marcantes do livro.
Minha empolgação ao contar essas passagens é para que vocês entendam como o segundo livro da trilogia é dramático ao extremo, mas isso, não quer dizer que o autor se esqueceu das famosas cenas de batalhas. Pelo contrário, os confrontos entre os guerreiros de Artur e os saxões continuam mais cruéis do que nunca. E Cornwell, diga-se de passagem, é mestre em descrever cenas de combates medievais. Derfel continua orientando seus lanceiros a formarem as tão famosas paredes de escudos que já rendeu um post nesse blog. E por fim, Artur e a sua espada excalibur, acompanhado de seus famosos cavaleiros, ainda espalham terror nas batalhas, por mais difíceis que sejam. Mas devo admitir que as situações dramáticas são o ponto forte de “O Inimigo de Deus”.
Artur, Derfel, Merlin, Guinevere e Ceinwyn enfrentam momentos difíceis no contexto da história e muitas vezes, usam esses mesmos momentos como alavancas para se reerguerem. Por exemplo, Artur. Após sofrer uma grande traição, todos seus amigos e guerreiros pensaram que ele iria sucumbir, desmoronar e até mesmo perder a vontade de viver. Mas eis, que Artur usa esse momento difícil em sua vida para se reerguer, e de uma maneira que poucos esperavam. O Artur pacífico e capaz de perdoar os seus inimigos para conseguir a paz, se transforma num guerreiro impiedoso com os adversários, riscando a palavra perdão de seu dicionário. Exemplo disso é o momento em que ele renega o próprio filho que havia passado a apoiar Lancelot – que promoveu uma rebelião para usurpar o trono da Dumnonia – e ainda por cima, como lição, decepa-lhe uma das mãos com a espada excalibur. O novo Artur passa também a punir os traidores com a morte, de uma maneira fria e impassível ou então os sujeita as piores humilhações.
Merlin é outro personagem que também sofre uma queda enorme, mas  como uma Fênix  consegue ressurgir das cinzas ainda mais forte. “O Rei do Inverno” mostrou um Merlin todo poderoso, irreverente e com uma confiança inexorável. Auto-estima que ainda persiste no início da história do segundo livro das Crônica de Artur quando o druída em companhia de uns poucos homens, entre eles Derfel, sai em busca do caldeirão mágico de Clyddno Eiddyn, o último dos 13 tesouros dos deuses britânicos. Ninguém ousava desafiar Merllin, absolutamente ninguém. O druida era respeitado até mesmo pelos piores adversários. Em “O Inimigo de Deus”, ele sofre uma grande humilhação, sendo a primeira vez que alguém ousou afrontá-lo e ainda por cima escarnecê-lo na frente de outras pessoas, e da pior maneira possível. Se existisse bullying naquela época poderia dizer que o grande Merlin passou por esse processo. Um bullying medieval (rsss). Mas, à exemplo de Artur, quando todos pensavam que o velho mago estava acabado por causa da humilhação sofrida, eis que ele reaparece ainda mais forte e ereto do que antes e com a mesma auto-confiança.
São esses momentos de superação que fazem com que o leitor se apegue ainda mais aos personagens da história, passando a sofrer e também a se alegrar com eles.
A metamorfose drástica sofrida por Nimue, sacerdotisa de Merlin é outro tópico que merece ser lembrado no romance. No primeiro livro da trilogia, vimos uma Nimue contida, centrada e de uma beleza rara e exótica (mesmo tendo perdido um olho) que chegou a “virar” a cabeça de Derfel. O guerreiro e amigo de Artur queria fugir com a sacerdotisa que o entorpeceu de amor. Agora, no segundo livro da trilogia, a outrora bela Nimue vai sofrendo uma transformação que deixa os leitores perplexos. Este impacto fica evidente nas próprias palavras de Derfel: ...“a beleza intrigante que possuía um dia estava escondida sob a sujeira e feridas, e sob a massa de cabelos pretos e embolados, tão grudada de sujeira que até mesmo os camponeses que vinham em busca de suas adivinhações ou curas costumavam se encolher com o fedor”. Derfel finaliza dando o golpe de misericórdia: ...“ até eu, ligado à ela por juramento e que um dia fora seu amante, mal suportava estar perto dela.”
Estas são apenas algumas das muitas e muitas situações dramáticas vividas pelos personagens de  “O Inimigo de Deus”. E tudo isso regado há muitas batalhas, algumas antológicas como o enfrentamento dos guerreiros de Artur contra o exército liderados por Aele, o temível e mais importante chefe saxão.
Agora vou reler “Excalibur”, o livro que encerra a trilogia das Crônicas de Artur. Vou começar a leitura – melhor dizendo, a releitura – logo após enviar esse post ao blog e confesso que estou ansioso, pois o livro promete muitas emoções como a batalha do Mynyd Baddon, o duelo entre Artur e Mordred, a tentativa de Nimue em convocar os esquecidos deuses que um dia governaram a Britânia, a luta de Derfel para salvar a amada Ceinwyn de uma maldição e por aí afora. Enfim, uma verdadeira montanha russa de emoções.
Voltamos a falar sobre isso quando eu terminar “Excalibur”. Inté!

16 abril 2011

Jornada nas Estrelas: O Retorno do Capitão Kirk

Mesmo não sendo um trekkie, um dos livros que dei o sangue para adquirir, suplantando várias dificuldades e barreiras, foi “Jornada nas Estrelas – O Retorno do Capitão Kirk”, escrito por William Shatner, o famoso capitão Kirk da não menos famosa USS Enterprise.
Encontrar o livro foi uma epopéia! Naquela época, há mais de 8 anos, não tínhamos a facilidade de ter milhares de sebos interligados num único portal da internet, fora isso, as livrarias on line tradicionais desconheciam o produto, o que obrigou o aventureiro aqui, a sair como um louco caçando o livro do capitão nos sebos de várias cidades. E diga-se sem resultado. Nessa altura do campeonato, encontrar o livro se tornou uma questão de honra (Eheeheheh). Foi então, que após ficar noites e noites vasculhando diversos sites na net, localizei um lojinha desconhecida e sem nenhuma referencia que vendia somente artigos trekkies. Mesmo correndo o risco de levar um golpe nas finanças, efetuei a compra e enviei o dinheiro ao endereço solicitado. E após uma semana, estava com o livro da Editora 67 nas mãos. Viva! Iahuuu! Comemorei muito, mas muito mesmo!
Você deve estar se perguntando: -“Porque tudo isso, se o cara não é um trekkie?”. Tudo bem, eu explico. Na realidade, o livro “O Retorno do Capitão Kirk” é a sequência do filme “Jornanda nas Estrelas – Generations”, lançado nos cinemas em 1994 e que reuniu pela primeira vez na história de toda a série, os dois capitães mais famosos da nave estelar USS Entreprise: Jean Luc Picard e James T. Kirk. Um evento antológico para qualquer um que tenha o mínimo de conhecimento sobre o universo trekker ou então que tenha assistido pelo menos dois ou três filmes da série clássica no cinema, além de alguns episódios da nova geração de heróis na TV, tendo à frente Picard, Riker, La Forge, Worf e companhia.
No filme “Generations”, o lendário capitão da Enterprise é morto após participar de uma ação de resgate na viagem inaugural da 3ª Enterprise. Detalhe: Kirk já tinha se aposentado e estava na nave – em sua viagem inaugural - apenas como convidado de honra; mas eis que surge essa emergência, e lá vai a nova Enterprise. Como não dispunha dos equipamentos necessários, a nave estelar recém inaugurada sofre uma grave avaria ao passar por um estranho cinturão de energia chamado Nexus. Kirk consegue salvar vários passageiros de uma das naves que fez o pedido de SOS, mas acaba morrendo. Decorridos 78 anos, Jean Luc Picard, capitão da Enterprise D, recorrerá a ajuda de Kirk que encontra-se vivo no cinturão de energia, para combater um perigoso cientista renegado.
Assisti ao filme Generations três vezes e amei. Afinal o encontro dos dois capitães foi considerado histórico há mais de uma década. E dois anos após o lançamento do filme, ou seja, em 1996, William Shatner lançaria o livro “O retorno do Capitão Kirk” contando a sequência do filme. Seria a segunda vez que Kirk e Picard se reuniriam. E pelo menos para mim, não importava se esse novo encontro iria acontecer no cinema ou nas páginas de uma obra literária. O que me interessava era conhecer o enredo da continuação de Generations e consequentemente presenciar novamente a união das duas maiores lendas da federação: Kirk e Picard. Foi por isso que saí à caça do referido livro. E posso garantir que valeu à pena. Com raríssimas exceções, a obra de Sathner é muito boa e principalmente bem escrita, fazendo com que o leitor tenha uma noção bem ampla do universo trekker, até mesmo para os marinheiros de primeira viagem, assim como eu.
Cena do filme Jornada nas Estrelas - Generations
No livro, os Borgs e os Romulanos se unem para destruir o seu inimigo comum: Jean Luc Picard. Para isso – graças a tecnologia Borg – eles conseguem trazer o katra do capitão James de T. Kirk de volta ao seu corpo, ressuscitando-o. A partir da daí, são implantado chips no cérebro de Kirk, que apagam todas as suas memórias e o condicionam a localizar e matar Picard. Mas o antigo e lendário capitão da Enterprise, é capturado a bordo da Deep Space Nine e com a ajuda dos seus velhos amigos Spock e Mcacoy, o implante responsável pelas suas falsas memórias é retirado, libertando-o assim, do domínio dos Borgs e Romulanos. Livre dos chips em seu cérebro, Kirk se une a tripulação da nova Enterprise comandada por Picard, indo atrás dos Borgs.. Em resumo é isso. Se Kirk morre novamente ou não, só lendo o livro. É claro que não vou ser tão espírito de porco para jogar um balde de água fria naquelas pessoas que ainda não conhecem a história e por isso pretendem comprar o livro de Shatner.
Um detalhe curioso e que vale à pena ser lembrado é que William Shatner logo após o sucesso de Generations nos cinemas, teria oferecido à Paramount o roteiro da sequência do filme que culminava com a volta do capitão Kirk., mas os produtores do estúdios não acreditando no sucesso da história teriam recusado a proposta, o que fez com o ator e escritor transformasse o seu roteiro no livro “O Retorno do Capitão Kirk”. Por outro lado, os chefões da Paramount decidiram investir apenas na nova geração da Enterprise, sem nenhuma interferência dos personagens da série clássica. Para eles, ficar reunindo novos e velhos tripulantes da Enterprise num único filme corria o risco de descaracterizar a fase  - na época - atual do seriado no cinema. Generations teria sido algo único. Resultado: com essa decisão, os produtores da Paramount, literalmente, arrebentaram a franquia de Jornada nas Estrelas. Os filmes seguintes ao antológico Genberations que foram: “Jornada nas Estrelas – Primeiro Contato”, “Insurreição” e Nemesis”, verdadeiras anomalias, “moeram” a franquia nos cinemas, colocando um ponto final na saga que só viria a se recuperar em 2009 graças aos gênios J.J. Abrams, Roberto Orcie Alex Kurtzman, respectivamente diretor e escritores de “Star Trek - O Filme”, que mostra as aventuras dos tripulantes da série clássica ainda jovens, recentemente recrutados para fazer parte da nave Enterprise.
Acredito que se o roteiro que Shatner utilizou em seu livro tivesse sido aceito pelos produtores da Paramount, talvez a franquia Jornada nas Estrelas no cinema contando com Picard, Riker, Data, Kirk, McCoy, Spock e companhia estivesse fazendo sucesso até nos dias de hoje. Mas... fazer o que. Agora só resta ler o livro. E que livro!

13 abril 2011

Tripulação de Esqueletos

Não sou de ficar impressionado por várias semanas por causa da leitura de um conto de terror. Dois ou três dias sim, não mais que isso. Não vou negar que após a leitura – dependendo do conto ou livro – fico com aquele friozinho característico na espinha e também com um pouco de receio de sair do quarto e ir ao banheiro descarregar a bexiga. Mas depois passa, esqueço. Ocorre que existe um conto, o qual não consegui tirar da cabeça, mesmo já tendo lido há mais de um ano.
Fiz essa pequena introdução -  atrasando até mesmo do assunto que irei abordar – para que os apreciadores da literatura de terror entendam a densidade do conto “Sobrevivente”, escrito pelo mestre do terror Stephen King. A história faz parte da coletânea de 22 contos do livro “Tripulação de Esqueletos” que será o tema desse post.
O livro foi lançado em 1985 e é tão bom que já está praticamente esgotado nas livrarias brasileiras. Vou dar uma dica para quem estiver lendo esse artigo na data de sua publicação. Hoje, só tinham cinco livros na rede de milhares de sebos que fazem parte da estante virtual (www.estantevirtual.com.br). Por isso, você que gosta do gênero terror e ainda não tem essa jóia rara, se apresse, pois corre o risco de ficar chupando os dedos.
Mas vamos ao que interessa: escrever sobre os contos preciosos do livro não menos precioso Tripulação de Esqueletos. Quebrando um pouco a regra vou começar perto do final, já que “Sobrevivente” é o 16º conto da coletânea e sem dúvida o melhor dos 22 que também são ótimos.
Nele, King fala de um famoso médico-cirurgião que é o único sobrevivente de um naufrágio e acaba indo parar numa ilha completamente deserta e estéril. Quando a fome aperta, o deixando quase louco, ele decide usar os seus dotes de cirurgião e tirar pedaços do próprio corpo para se alimentar. Primeiramente, ele retira as partes que julga não serem importante para a sua sobrevivência naquele momento, mas quando a chance da chegada de um grupo de resgate à ilha se torna cada vez mais improvável, o médico vai ampliando o seu leque de mutilações. King foi muito inteligente ao escrever esse conto na forma de diário. Isto significa que apesar do sujeito ir retirando partes de seu corpo para matar a fome, ele conseguiu sobreviver, já que resgistrou os fatos em um diário, mas como? O final é surpreendente. O escritor demonstrou através dessa história que realmente é o mestre do terror e suspense, pois conseguiu criar um enredo assustador, sem monstros, serial killers e outros seres bizarros.
Cartaz do filme O Nevoeiro, baseado na obra
de stephen King

O Nevoeiro
Um conto angustiante que, inclusive, chegou a ser adaptado para o cinema em 2008, recebendo muitos elogios da crítica especializada, o que convenhamos é muito raros nas obras cinematográficas adaptadas dos livros de King. Neste conto que abre o livro, um grupo de moradores de uma pequena cidade litorânea é obrigado a se refugiar no interior de um supermercado quando um estranho nevoeiro invade a pacata localidade. O nevoeiro traz junto consigo monstros horripilantes como aranhas mutantes, polvos gigantes, aves e animais pré-históricos, entre outros. Aqueles que tentam fugir do supermercado acabam sendo mortos e devorados pelos monstros. Li o conto e também fui ao cinema e posso garantir que o filme é  fiel ao livro, excetuando apenas o final. Achei o “The End” do filme muito mais dramático e inesperado.
Aqui há tigres
Este conto – extremamente curto, de apenas duas páginas - foi escrito por Stephen King quando ainda era estudante do ensino médio. Nele, um menino da terceira série pede para a professora lhe deixar ir ao banheiro, chegando lá, o garoto encontrará uma companhia nada agradável que mudará, de forma violenta, a sua vida e a rotina de toda a escola.
O Macaco
Um, aparentemente inofensivo, macaquinho de brinquedo carrega uma terrível maldição: toda vez que toca os címbalos, um ser muito próximo e ligado ao dono morre. Com muito custo, o jovem Hall Shelburn consegue dar um fim no brinquedo maldito. Anos depois quando pensava estar livre do problema, eis que o diabólico macaquinho juntamente com os seus címbalos reaparece na vida de Hall para atormentar os seus filhos. King finaliza o conto em forma de notícia. Muito criativo.
Caim Rebelado
Uma das primeiras histórias de Stephen King, escrita em 1968. Talvez, por causa das últimas tragédias que presenciamos através dos meios de comunicação de massa, envolvendo jovens assassinos que invadem escolas com arma nas mãos para provocar uma matança indiscriminada, achei esse conto muito perturbador. O autor narra a história de um jovem estudante de férias que da sacada de seu apartamento começa a descarregar o seu rifle nas pessoas que passam pelo campus da universidade. Dos 22 contos foi aquele que menos gostei, mas não posso negar que há mais de 40 anos, Stephen King já previa a possibilidade da ocorrência desse tipo de brutalidade envolvendo estudantes aparentemente pacíficos.
O atalho da Sra. Todd
A Sra. Todd é uma mulher que gosta de encontrar atalhos nas viagens que realiza. Isto se tornou uma verdadeira obsessão. Um dia em uma de suas viagens ela decide pegar um atalho estranho que vai levá-la para um mundo sobrenatural. A história é contada por um amigo da Sra. Todd. O conto é um pouco monótono, mas com um final surpreendente.
A Excursão
Conto futurista vivido em 2307, onde as viagens por teletransporte são comuns, mas as pessoas que desejam utilizar esse meio de locomoção precisam estar dormindo ou inconscientes. Agora faço aquela perguntinha básica: o que será que aconteceria se alguém não seguisse essa regrinha? Leiam o conto e vocês ficarão sabendo o que houve com uma pessoa descuidada. Adorei a história. Realmente te prende.
Festa de casamento
Alguns contos de “Tripulação de Esqueletos” fogem um pouco das histórias de horror convencionais, seguindo um estilo onde predomina o humor negro e a dramaticidade. É o caso de “Festa de Casamento”, onde uma banda é chamada para tocar no casamento da irmã de um poderoso gangster. Tudo vai bem... quer dizer, até o momento em que uma quadrilha rival invade o local promovendo um banho de sangue que é presenciado pelos convidados.
Paranóico: Um canto
Mais uma história curtíssima de King; menos de duas páginas e escrito no formato de poema. Um homem com a mente perturbada e que acredita estar sendo alvo de uma conspiração conta o seu delírio em prosa. Ele acha que vem sendo monitorado 24 horas por espiões do governo. Aos poucos – através desse poema – vamos entrando na mente transtornada do personagem e vivendo a sua loucura. Mas será loucura mesmo ou o pobre homem está sendo alvo de uma conspiração?
A Balsa
Cena do filme A Balsa, uma das história de Creepshow 2,
série que passou na TV nos anos 70

A minha geração deve se lembrar de duas séries que se tornaram antológicas na TV nos anos 70: Contos da Cripta e Creepshow. “A Balsa que considero um clássico da literatura de terror fez parte de Creepshow 2. Após saírem da faculdade, quatro jovens decidem matar o tempo nadando em um num local deserto. Chegando, observam que há uma balsa abandonada no meio do lago e resolvem nadar até ela. Então o terror começa. Um deles descobre que um ser monstruoso no formato de uma mancha está escondido embaixo da balsa. A partir daí, esse ser vai devorando um por um das suas quatro vítimas. Conseguirá escapar alguém?
O Processador de palavras dos deuses
Apesar de fugir completamente do gênero terror, gostei muito do conto, achei por muito engraçado. O tipo da leitura leve (Quem diria que eu falaria isso de Stephen King um dia. Leitura leve! Ehehehe... até parece piada). Um homem descobre um computador capaz de deletar coisas reais. Então, ele resolve usar a máquina para apagar definitivamente a sua mulher gorda e preguiçosa, bem como trazer a vida o seu sobrinho que morreu num acidente. Detalhe: foi o sobrinho que inventou o “processador de palavras mágico” antes de morrer.
O homem que não apertava mãos
Um misterioso jogador de pôquer enfrenta uma terrível maldição. Ele não pode apertar as mãos de ninguém, pois caso contrário algo muito ruim acontecerá. Um conto espetacular. Só lendo para conferir. O clima de ansiedade e mistério está presente em toda a história.
Um mundo de praias
Um grupo de astronautas é obrigado a fazer um pouso de emergência num estranho planeta. A falta de perspectiva de resgate acaba os enlouquecendo, menos um deles que acredita que o planeta não é tão ruim assim. Será?
A imagem do ceifeiro
Imagine você visitando um museu, quando de repente vê um misterioso espelho. Neste momento, alguém lhe diz que aquele objeto é amaldiçoado e se você olhar diretamente para ele e de repente enxergar uma sombra a sua esquerda, você desaparecerá para sempre. Você olharia? O personagem do conto de King, não deu ouvidos ao alerta e olhou...
Nona
Um jovem conhece uma estranha mulher que inexplicavelmente passa a despertar uma fúria assassina nele. Uma fúria tão grande que fará o rapaz matar todos que atravessarem a sua frente.
Para Owen
Conto escrito por King em 1985 e que não tem nada de terror. Ele escreve a história especialmente para o seu filho Owen.
O caminhão do tio Otto
Um neto conta a história do caminhão assombrado de seu avô. Há alguns anos o avô do garoto teria sido morto quando estava debaixo do caminhão e desde então, mortes misteriosas passaram a acontecer perto do veículo que ficou abandonado no mesmo local.
Entregas matinais
Um leiteiro vai fazendo a entrega dos litros nas residências e deixando juntamente com o produto alguns presentinhos diabólicos.
Carrão: uma história de lavanderia
Dois amigos completamente bêbados saem dirigindo pela estrada até que um deles resolve levar o carro para ser examinado por um mecânico. A história não teria nenhum imprevisto, se no final, o macabro leiteiro do conto anterior não aparecesse.
Vovó
Uma mulher de 83 anos, cega e doente, vive em casa com a filha e seus dois netos. Nenhum deles ainda ficou sozinho com a vovó, até o dia em que um dos garotos se machuca e a mãe é obrigada a ficar com o filho no hospital. Resultado: sobra para um dos meninos ficar em casa, sozinho, olhando a vovó. Será que a velhinha é tão inofensiva como aparenta?
Balada do projeto flexível.
Um editor conta para um jovem escritor como um outro escritor quase o levou a loucura ao contar sobre pequenos seres que habitavam em sua máquina de escrever.
O braço de mar
Uma mulher de 95 anos, com câncer, chamada Stella nunca teve a oportunidade de atravessar a ilha para a costa do estado do Maine. Agora pressentindo a morte, ela houve vozes de seu marido e de outros parentes já falecidos pedindo que ela cruze o “braço de mar”.
Tai os 22 contos de “Tripulação de Esqueletos”. Confiram todos eles porque vale à pena. Boa leitura e bons sustos!



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