29 dezembro 2012
10 atrizes perfeitas para o papel de Brigitte Montfort nos cinemas
Se você não é da minha geração esqueça esse post, pois com
certeza essa beldade de 28 anos, olhos azuis, cabelos negros e pele bronzeada,
considerada um dos maiores ícones da cultura pop dos anos 70, não passará de
uma estranha. Então, é melhor voltar a ter contato com as heroínas dos livros e
videogames contemporâneos. Coisas do tipo: Lara Croft, Temperance Brennan, Eve
Dallas, etc. Mas, desde já me perdoem.
Sem nenhuma ofensa da minha parte heimm... Estas agentes secretas, médicas
disfarçadas de investigadoras, policiais burrinhas que gostam de resolver tudo
no muque, além de outras mais, criadas e idealizadas por inúmeros escritores e
escritoras famosas não servem para limpar as sandálias de Brigitte Montfort: a
grande musa dos livrinhos pulp fiction da ZZ7.
A espiã número um da Cia: charmosa, letal, poliglota,
corajosa e milionária. Assim é “Baby”, como é conhecida a estonteante espiã.
Não ficarei escrevendo muito sobre ela porque vou acabar passando mal. Afinal
de contas não sou mais um adolescente e... o coração, sabe né, acaba
envelhecendo junto com o corpo. (rsss). Quem quiser conhecer melhor esse baita
mulherão, basta acessar aqui. Leiam esse post que fiz há algum tempo sobre
“Baby”; vale à pena.
Bem, voltaaaandooo.... Agora se você faz parte da minha
geração que cresceu lendo os livrinhos de bolso de Brigitte Montfort nos anos
70, com certeza irá curtir esse post. Desde já quero agradecer a
‘lindanara’,uma das leitoras desse blog. Foi através de um comentário seu que
surgiu a idéia de escrever esse texto. Ela disse que adoraria ver a espiã da
CIA nos cinemas. Cara ‘lindanara’, mas quem não gostaria??!! Todos que admiram
essa mulher, sonham um dia vê-la nas telas dos cinemas de todo o mundo. Anteontem,
fiquei pensando com os meus botões: “Se Hollywood fosse produzir um filme sobre
Brigitte Montfort quem seria a atriz ideal para vivê-la nas telonas?”
Uhauuu! Cara! Um filme da “Baby”! Só em pensar nessa
possibilidade entro em êxtase! Caraca! Esses produtores pé rapados de Hollywood
‘encampam’ tantas porcarias; bem que poderiam pensar na idéia de produzir um
filme sobre esse ícone dos anos 70 e que se tornou uma lenda, um verdadeiro
mito das fulp fiction. Pôxa vida! Prá quem já produziu porcarias homéricas como
“Salt”, com a Angelina Jolie e “Despertar de Um Pesadelo”, com Geena Davis, bem
que poderiam pensar com carinho num filme com Brigitte Montfort. Tenho certeza
de que com a atriz certa para o papel, a produção seria um grande sucesso.
Pensando nessa possibilidade – aliás, esperança é a última
que morre - resolvi escolher 10 atrizes que na minha opinião conseguiriam dar
conta do recado como a belíssima e perigosa agente “Baby”. Resta saber, qual
delas estaria mais preparada para encarar o desafio.
E para os internautas que lêem esse post agora? Qual
dessas 10 beldades seria a nossa Brigitte Montfort perfeita? Dêem uma espiada e tirem as suas dúvidas.
01 – Angelina Jolie
A atual mulher de Brad Pitt já está acostumada a viver personagens
que não sentem vergonha de segurar uma arma e sair atirando por aí, além de
distribuir porradas em homens metidos a valentões. E o curioso é que a moça dos
lábios carnudos faz tudo isso com muito charme, sem nenhuma truculência. Basta
conferir os filmes: “O Procurado” , “Salt” e “Sr. e Sra. Smith”. Acredito que
ela não teria nenhuma dificuldade em “vestir” a personalidade da charmosa e
letal espiã “Baby”.
02 – Cameron Diaz
O que vocês acham dessa loiraça de fechar o comércio?! -
“Pera aí o mêo!! Tá louco!! A ‘muié’ é loiruda e a ‘Baby’ tem os cabelos negros
como a noite! Acorda!” Se você, amigo internauta, fã ardoroso de Brigitte
Montfort deu essa exclamada, pode ficar mais tranqüilo, respira fundo e olhe
para a foto da atriz logo abaixo. E aí? Gostou? Tá mais calmo? Pois é cara,
depois que inventaram as tinturas de cabelo não existe mais esse negócio de
loira, morena ou ruiva.
E devo admitir que apesar do fator idade; Cameron tem 40
anos, enquanto a personagem criada por Lou Carrigan e desenhada pelo brasileiríssimo
José Luís Benício da Fonseca, apenas 28 anos; essa diferença de 12 anos é – cá
entre nós – imperceptível. A loiraça, loiruda ou morenaça Cameron Diaz tem o
jeitinho de “Baby”.
03 – Eva Mendes
Fiquei pasmo com essa foto de Eva Mendes. Outras fotos que
também mexeram comigo foram da Milla Javovich e Liv Tyler. Achei as duas juntamente
com Eva Mendes, pelo menos nessas poses, muito parecidas com a espiã nº 1 da
CIA.
Apesar de seus pais serem cubanos, Mendes nasceu em Miami,
Flórida e até agora não trabalhou em nenhum blockbuster, mas apenas em filmes
meia-bocas. Tudo bem, vai! Filmes com grande apelo comercial, mas... meia-bocas:
“Lenda Urbana 1 e 2”,
a série “Velozes e Furiosos”, “Motoqueiro Fantasma” e “Rede de Corrupção”. Por
isso, o meu receio é como ela se sairia em seu primeiro papel de protagonista,
encarando logo de cara um ícone da cultura pop dos anos 70 e com uma legião de
fãs espalhados pelo mundo. Mas que Eva Mendes é parecida com Baby, isso é.
04 – Evangeline Lilly
Famosa por sua participação no seriado de TV Lost, a atriz
canadense de 33 anos seria uma forte candidata. Não há como negar que ela tem
os traços da personagem desenhada por Benício. Lilly é uma atriz em ascensão no
competitivo mercado cinematográfico de Hollywood. Depois do sucesso de Lost foi
convidada para fazer um papel de destaque na mega-produção “O Hobbit”, de Peter
Jackson. Acho que estaria apta para viver a super-espiã nas telonas.
05 – Keira Knightley
Mais conhecida por sua atuação como Elizabeth Swann em “Piratas
do Caribe: O Baú da Morte”. Se o ‘fator’
idade fosse preponderante para a candidata conquistar o papel de
Brigitte Montfort no cinema, Kate Knightley seria a preferida entre as 10
postulantes, já que tem apenas 27 anos; um a menos do que Baby. Além disso, ela
tem os traços bem próximos do rosto de Montfort. Ficaria mais parecida ainda se
trocasse os castanhos de seus cabelos pelo negro total, uma das marcas de Baby.
Ah! Não se esquecendo das lentes de contato azuis. Imagine Knightley após essas
duas mudanças. E aí?? O que achou?
06 – Liv Tyler
Galera; vamos ser sinceros? Ok. Liv Tyler é uma das mulheres
mais bonitas do mundo; então, logicamente ela teria todas as condições e muito
mais para viver nas telas a espiã mais bonita do universo! Liv Tyler, a filha
do vocalista do Aerosmith é a “Baby” em pessoa. Preste
atenção nos cabelos, olhos e boca... Não preciso dizer ou escrever mais nada.
07 – Megan Fox
Para muitos, essa atriz e modelo, de apenas 26 anos,
descendente de franceses, irlandeses e índios é a preferida para viver a
super-espiã no cinema. A ex Mikaela Banes da franquia Transformers é tão bonita
que chega a ser estonteante e acredito que seria uma excelente Brigitte
Montfort. Bem, para quem já foi sondada para viver a “Mulher Maravilha” no cinema,
para Montfort seria apenas um pulinho.
08 – Milla Javovich
My God!! Olha prá ela! É a cara da Brigitte!! Tudo bem que
uma Brigitte com os cabelos mais curtinhos, mas vá lá né, isso é o de menos! E
que pose! Fiquei admirando essa foto um tempão. Quando a encontrei na Net -
enquanto preparava o post - fiquei boquiaberto. Falei prá mim mesmo: -
“Javovich está parecendo o clone de Baby”.
À exemplo de Angelina Jolie, a atriz ucraniana não teria
nenhuma dificuldade em interpretar a Nº 01 da CIA, já que está acostumada a
manejar vários tipos de armamentos diferentes. Basta assistir a série “Resident
Evil”. Sem dúvida nenhuma seria uma forte candidata ao papel de “Baby”.
09 – Minka Kelly
Se houvesse apenas duas atrizes disputando o papel de
Brigitte Montfort e se essas atrizes fossem Minka Kelly e Keira Knightley; os
produtores – após coçarem muito a cabeça – tomariam a seguinte decisão: - “Quer
saber de uma coisa: já que o filme terá uma hora de duração, cada uma delas
trabalha meia tempo.”
Observem as fotos das duas atrizes e vejam como são
semelhantes. Kelly teria uma desvantagem maior já que, até agora, não teve
nenhum papel de destaque no cinema. Ela é mais conhecida por sua atuação na série
de TV Fridat Night Lights e só.
10 – Sandra Garcia
E não é que na lista das 10 atrizes “Top” em condições de
viver a agente da CIA nas telonas temos uma brazuca! Sandra Garcia que começou
a sua carreira no programa Fantasia, do SBT, em 1998, é considerada a Brigitte
Montfort tupiniquim. Em setembro de 2008, a revista Playboy lançou uma edição
histórica para os fãs da espiã. O documentário “ O Encontro entre Benício e
Brigitte Montfort” mostrava uma entrevista com o ilustrador brasileiro que
desenhou as 500 capas dos livros da espiã que fez parte do imaginário masculino
de 1965 a
1995. A
entrevista veio acompanhada de um ensaio sensual com Brigitte Montfort na pele
de Sandra Garcia.
O documentário fez tanto sucesso, mas tanto sucesso que
catapultou a carreira de Sandra Garcia que começou a receber convites
‘adoidados’ para participar de campanhas publicitárias de marcas famosas e
consagradas, além de novelas no SBT e Bandeirantes.
Quem sabe, ela não teria alguma chance nessa disputa com
Javovich, Jolie, Fox, Tyler e Cia. Tudo é possível...
Espero que os fãs da nossa musa Brigitte Montfort tenha
apreciado o post. E fiquem a vontade para opinar e também colaborar com
sugestões.
Abraços!!
27 dezembro 2012
Noturno (Trilogia da Escuridão - Volume I)
Juro que entrei em pânico quando comecei a ler
vários posts nas redes sociais sobre “Noturno”. A maioria dos textos implodia a
história, os personagens e os autores. Cara! Fiquei desesperado porque havia
comprado numa cacetada só os dois primeiros livros da chamada “Trilogia da
Escuridão” de Guilherme Del Toro e Chuck Hogan. Numa das várias noites insones de
minha vida, fuçando nas lojas e sebos virtuais, vi dois livros sobre vampiros
que fugiam daquele arroz com feijão, ou seja, o vampirão metido a conquistador com aqueles dois
dentinhos pontiagudos, capa e um castelo abandonado como moradia ou então o
vampiro bonzinho que se apaixona por uma mortal que só falta fazer o pobre
coitado ficar de quatro por ela. Não queria nada disso, mesmo porque já havia
lido tudo isso. Queria algo diferente, que fugisse do convencional. Então
encontrei uma história bem interessante, onde as pessoas se transformavam em
vampiros por causa de um vírus. A partir do momento em que elas ficavam
contaminadas transmitiam o vírus não através de uma mordida com dois dentes
incisivos e salientes no pescoço alheio, mas por meio de uma ferroada com a
língua que na realidade era uma extensão direta de todo o sistema digestivo do
vampiro. Quando o infeliz colocava aquela língua de sapo horrorosa para fora, a
fim de “caçar” alguma pobre vítima, na realidade, o sanguessuga estava
projetando, juntamente com a língua: a garganta, estômago, intestino, enfim,
todo o seu sistema digestivo!! Arghhhhh! Que nojo!
Além da picada com essa língua imunda, o vírus
vampírico também entrava no corpo do hospedeiro através de qualquer orífico do
corpo. Quando um vampiro morria, o verme ficava ‘zanzando’ no chão, à espera,
para invadir o corpo da vítima pelo ouvido, boca, nariz, olhos ou qualquer
outro... digamos... buraquinho.
Essa breve resenha que li numa livraria virtual
começou a me seduzir. Depois que descobri os nomes dos autores, pronto! Me
entreguei de corpo e alma para a sedução dizendo: “me leva, vai; me leva!”
Gente! Afinal de contas quem havia escrito a
história eram dois monstros sagrados: o primeiro do cinema e o segundo da
literatura. Para quem não sabe, Del Toro é o pai de Hellboy, Blade e do
Labirinto do Fauno. Quanto a Hogan escreveu Princes of Thieves, eleito por
Stephen King como um dos dez melhores romances de 2004.
Pode parar! Nem pesquisei mais nada. Comprei de cara
“Noturno” e “A Queda”. Deixei os dois livrinhos guardadinhos na estante, à
espera daquele momento especial para devorá-los. Mas num belo dia, zapeando a
net, por acaso entrei em alguns blogs e pau! pau! pau! Era pancada pra todos os
lados. Del Toro, Hogan e sua rempa de personagens vinham sendo trucidados por
um grande número de blogueiros. No facebook não era diferente: mais pau e pau.
Caraca! As críticas eram em número bem maior do que os elogios; então entrei em
pânico por dois motivos: pela minha expectativa de ler os livros estar sendo
ruída terra abaixo como se recebesse um golpe na ponta do queixo aplicado pelo
Anderson Silva e também pelo prejuízo no meu já apertado orçamento mensal.
Afinal de contas, os dois livros, na época, não saíram tão baratos, assim.
Podem me chamar de influenciável, mas confesso que
as críticas me abateram. Por isso, perdi em parte o tesão de ler os dois
livros; quer dizer, até a semana passada, quando criei coragem e puxei – meio
enraivecido – da minha estante, o exemplar de “Noturno”. “Vem cá! Tomara que
você não me decepcione porque a minha grana ta curta e investi parte dela em
você!” E lá vou eu meio receoso para a minha sala de leitura, numa madrugada dessas
ler a obra de Del Toro e Hogan.
“Noturno” começa explicando a origem de um dos
personagens centrais da história: Abraham Setrakian. Desde a sua infância até o
momento em que consegue fugir de um campo de concentração nazista. É no prólogo,
também, que o leitor começa a entender a origem de um dos vampiros mestres
responsáveis pela propagação do vírus e que no futuro viria se tornar o maior
inimigo de Setrakian.
A história narrada num tom sombrio, de fato prende o
leitor. E foi o que aconteceu comigo. Após o prólogo de três páginas, meu
receio começou a se esvair, mas ainda tinha um restinho de dúvida que insistia
em ficar grudado em alguma parte do meu subconsciente. Prossegui a leitura e
quando cheguei nas partes seguintes: “O Início” e “O Pouso”, pronto, a coisa
pegou. A partir daí não consegui mais largar o livro. Cara! Não dava! A
história te prendia, amarrava, viciava. Juro que se tivesse uma caixa de rojões
em casa, iria correndo para o meio da rua
- mesmo de madrugada – para soltar um foguetório dos diachos! Viva!
Viva! Acertei na compra! Iahuuuu!!
Guillermo Del Toro e Chuck Hogan |
Gente! Os capítulos iniciais: “O Início” e “O Pouso”
são definitivamente aterrorizantes e cria o clima de tensão que irá predominar
durante toda a história.
Estes dois capítulos se resumem ao Boeing 777 da
Regis Airlines, vindo de Berlim, que aterrissa no aeroporto JFK com todas as
suas luzes apagadas e as janelas fechadas. Em outras palavras a aeronave fica
parecendo um ‘avião fantasma’.
Considerando a possibilidade de um ataque terrorista
biológico, o Centro de Controle de Doenças é acionado e o Dr. Eph Goodweather,
responsável pelo projeto Canário, assume a liderança das investigações. Ao
subir a bordo, o seu sangue gela com o que vê. É claro que não vou ser um
crápula à ponto de contar o que o médico infectologista presenciou quando abriu
a porta de emergência do avião, mas garanto que realmente é de gelar o sangue.
Quanto ao número excessivo de personagens que foi
muito criticado por alguns blogueiros; tudo bem, há de fato muitos personagens,
mas todos eles são interessantes, desde um roqueiro gótico muito louco chamado
Gabriel Bolivar; à advogada que quer processar todo mundo do vôo 777; passando
por uma dona de casa que depende do marido contaminado até para respirar. Ah!
Tem ainda um tal Gus, ladrãozinho barato que tem um papel importante na
história; além de Nora, a bióloga do projeto Canário que nutre uma paixão
secreta por Eph; Matt, um sujeito chato para caramba que se torna o namorado da
ex-mulher de Eph; Barnes, o alienado diretor do projeto Canário que insiste em fechar
os olhos para pandemia vampírica, não dando a atenção devida; etc. Todos eles
com um papel importante na trama.
Não há como ficar disperso com a corrida contra o
tempo de Eph, Nora, Setrakian e Vasily -
um caçador de ratos do subsolo de Nova York que também se junta a equipe – para
evitar a infestação de Nova York pelo vírus. Se nada for feito Manhattan será
destruída; depois, em um mês, os Estados Unidos; em dois meses, o mundo.
“Noturno” tem passagens pesadas e que requer
estômagos fortes, como o momento em que os nojentos vibriões vampíricos entram
na vagina de uma mulher, tomando todo o seu corpo. Para evitar a transformação
em vampira, ela decida cometer o suicídio da maneira mais dolorosa possível.
Del Toro e Hogan, prá variar, fazem questão de contar em detalhes como a
personagem põe fim à própria vida.
Olha, mas cá entre nós, nada é mais nojento do que aquela
língua gurgitando de sangue, que após a transformação, se torna parte do
sistema digestivo do vampiro.
E para finalizar não poderia deixar de falar do
eclipse solar que ocorre na história. É de “g-e-l-a-r” o sangue do leitor. A
melhor descrição do medo e mal-estar provocado pelo eclipse é narrado por uma
astronauta que do interior de um módulo espacial resolve fotografar o momento
em que a lua encobre o sol. “A tarefa de Thalia era tirar algumas fotos da
terra... A grande mancha negra formada pela sombra da lua parecia um trecho
morto na terra... toda aquela região do nosso planeta fora tragada por um vazio
negro” Vários personagens revelam os
seus medos durante o eclipse. A impressão que fica para o leitor é de que
aquele momento de escuridão total da terra em pleno dia jamais irá terminar!
Enfim, gostei tanto de “Noturno” que acabei
quebrando uma regra particular com relação à leitura de trilogias: a de jamais
ler os três livros na sequência. Eu não consigo fazer isso. Sei lá, tenho que
dar um tempo porque se não a história acaba ficando cansativa, enfadonha, por
melhor que seja. Mas com o primeiro volume da “Trilogia da Escuridão”,
simplesmente, não consegui fazer isso. Como já disse no início desse post, a
história é muito viciante para darmos um tempo após a leitura do primeiro
volume. Por isso, tão logo terminei “Noturno” já mergulhei de cabeça em “A
Queda”, e acho que farei o mesmo com o recém lançado “Noite Eterna” que fecha a
trilogia idealizada por Del Toro e escrita por Hogan.
Até a próxima!
23 dezembro 2012
Escritores malditos e suas obras também malditas
O escritor e ex-jornalista napolitano, Roberto
Saviano, foi a minha grande inspiração para escrever esse post. Sei que para a
maioria das pessoas, o termo ‘escritor maldito’ está relacionado aquele autor
que teve a sua obra ou os seus pensamentos censurados em sua época, mas após
dezenas ou trezenas de anos, essa mesma obra que foi considerada abominável no
seu tempo, acaba sendo descoberta e reconhecida pelos críticos e o público em
geral. Pronto! De censurada, a tal obra perto da excomunhão se transforma numa
obra prima. O sujeito que a escreveu junta, também, à sua alcunha de maldito um
novo termo: gênio.
Outro segmento considerável de leitores entende que ‘escritor
maldito’ é o fulano ou beltrano que choca toda uma sociedade com as suas
atitudes confrontando o ‘status quo’. Para esse rebelde o que vale é a arte e
ponto final. O resto que se dane. Na primeira categoria podemos destacar o polêmico (para a sua época) D.H. Lawrence,
criador de “O Amante de Lady Chatterley”, publicado clandestinamente em 1928,
na França e taxado de leviano, obsceno e até mesmo maldito pelo puritanismo francês
e inglês. Já o “rei dos ébrios”, o alemão Charles Bukowski que se mudou ainda criança para Los Angeles,
entra como uma luva no segundo exemplo:
do sujeito que choca a sociedade muito mais com as suas atitudes do que com o
que escreve. Sem afeto familiar, Bukowski se tornou um alcoólatra homérico
deixando as damas e os cavalheiros dos idos tempos escandalizados com as suas
atitudes.
Quanto a Saviano fez o caminho inverso desses dois
escritores e nem por isso deixou de ser considerado maldito e a sua obra mais
maldita ainda; pelo menos para ele. O autor de Gomorra” - lançado no Brasil em
2009 com o título de “Gomorra: A História Real de um Jornalista Infiltrado na
Violenta Máfia Napolitana” - não foi um
bad boy, alcoólatra, drogado, briguento ou revolucionário que escandalizou o
seu país com o nseu comportamento. A sua obra, não foi censurada por navegar
contra o estado atual das coisas de sua época, ou seja, há cinco anos atrás. Na
minha opinião, Saviano pode ser considerado um escritor maldito por ter tido a
coragem de romper um paradigma literário que nenhum outro autor teve ‘colhões’
para fazer. Ele escancarou para todo o mundo as portas da Máfia napolitana, uma
das mais violentas. Abriu o jogo, literalmente! Fez um Raio X da organização. O
livro bombou nas livrarias (no bom sentido, é claro), se tornando uma das obras
mais lidas e comentadas pelos quatro cantos do mundo. “Gomorra” transformou
Saviano num escritor milionário, mas para isso ele teve de pagar um preço muito
caro. Como foi jurado de morte pela máfia, acabou sendo obrigado a viver nas
sombras e com seguranças 24 horas por dia. Resumindo: a sua vida acabou aos 30
anos de idade, pouco depois do
lançamento de seu livro. Uma verdadeira maldição.
Inspirado pela história de Saviano, eu resolvi elaborar
esse post. Fiz uma relação de dez autores que fazem jus à alcunha malditos.
Vamos à eles!
01
– Salman Rushdie (Os Versos Satânicos)
Caso semelhante ao de Roberto Saviano, mas com um
pequeno diferencial. Enquanto o autor napolitano atacou a Máfia; Rushdie
estocou o islão. “Os Versos Satânicos”, lançado no Brasil em 1989, condenava o
Islão por perseguição contra várias religiões cristãs e hindus, causando uma
enorme controvérsia no mundo Islâmico.
A obra de Rushdie foi considerada ofensiva ao profeta Maomé;
o que fez o líder máximo do Irã, o
Aiatolá Khomeini (se lembram dele?) ordenar a execução do escritor
indiano. Isso mesmo, por causa de seu livro, por causa de sua coragem em
desmistificar uma organização ou instituição religiosa, o cara foi jurado de morte.
Rushdie é ou não é um papel carbono de Saviano?
Khomeini chamou “Os Versos Satânicos”
de ‘blasfêmia contra o islão’. O
líder do Irã viria, também, condenar o escritor pelo crime de apostasia, ou
seja, fomentar o abandono da fé islâmica,
o que de acordo com as leis de Maomé é
punível com a morte. Isto porque Rushdie comunicava através do romance que já
não acreditava no Islão.
Da mesma maneira que os chefões mafiosos ordenaram
aos seus clãs uma caçada impiedosa à
Saviano, colocando a sua cabeça à prêmio; Khomeini ordenou a todos os
"muçulmanos zelosos" o dever de tentar assassinar Rushdie. Devido a
este fato, o autor de “Os Versos Satânicos” foi forçado a viver no anonimato
por mais de 13 anos. Atualmente, Salman Rushdie vive a maior parte de seu tempo
em Nova York
(EUA). Em 1998, o Irã garantiu que a sentença de morte não seria cumprida. No
entanto, em 2005, o sucessor do aiatolá Khomeini disse que Rushdie poderia ser
morto impunemente. Será que ele vive tranqüilo?
02
– Marquês de Sade (Os 120 Dias de Sodoma)
Donatien Alphonse Francois de Sade, o Marquês de
Sade, passou os seus últimos dias encarcerado num hospício, solitário,
escrevendo com sangue e com as próprias fezes para substituir a pena que havia
sido tirada de suas mãos. Antes de ser preso, na juventude, tinha o hábito de
praticar atos repulsivos e dolorosos em suas parceiras de sexo, como por
exemplo, retalhar os seus corpos enquanto fazia amor. Esse ato lhe dava enorme
prazer na conjunção carnal.
Uggghhh!!! Apaga! Pode apagar tudo isso que acabei
de escrever acima! Essas atrocidades nunca fizeram parte da vida de Sade. Tudo
não passou da mais pura lenda. Não que o famoso Marquês fosse santo. Ele era um
devasso, um libertino, um mulherengo. Um baita de um tarado. Mas segundo os
historiadores, Sade não era muito diferente da maioria dos homens do século 18.
Naquela época a libertinagem era uma atitude normal entre os aristocratas. O
mito em torno do Marquês de Sade começou a surgiu logo com as suas primeiras
prisões. Depois de seu casamento, aos 23 anos, o rapaz foi denunciado por atos
de devassidão ultrajante por causa de orgias que organizou numa casa que havia
alugado para atividades extra-conjugais. Essa pisada na bola, irritou a família
de sua esposa e fez com que a sua sogra obtivesse uma ordem de prisão contra
ele. De nada adiantou esse corretivo. Após 15 dias de prisão, lá estava o jovem
marquês de volta as suas festas orgiásticas das brabas. Depois seria acusado
por quatro prostituas de sodomia, flagelação e ingestão forçada de
afrodisíacos, fato que quase as levou a morte. O rapaz tinha ainda o hábito de
fazer é...me desulpe o linguajar chulo, mas o termo correto seria esse mesmo:
‘suruba’ com mendigas que encontrava morando nas ruas da França. Todos esses
fatos serviram para criar uma lenda em torno do Marquês de Sade. Lenda que
ganhou ainda mais força quando ele começou a escrever os seus romances na
prisão. Os leitores daquela época entendiam que os personagens e as histórias
criadas por ele, eram na realidade algo autobiográfico. E assim, na cabeça das
pessoas, Sade acabou se transformando num verdadeiro monstro.
“Os 120 Dias de Sodoma” é considerada a sua obra máxima.
O texto foi dado como perdido e publicado apenas no início do século 20. O
romance inspirou "Salò" (1975), filme de Pier Paolo Pasolini
(1922-1975). O livro foi execrado no século 18 e teve a sua venda proibida.
Mesmo assim, muitas pessoas optavam em correr riscos para obter exemplares
clandestinos. Cara, o texto é violento. Aqueles que tiverem pensamentos mais
puritanos nem sonhem em pegar a obra nas mãos, pois se tornarão candidatos de
ponta à sofrerem um enfarto fulminante. Já os leitores mais liberais ou
libertinos (rs), com certeza irão adorar a escrita e o estilo de Sade. Ah! “Os
120 Dias de Sodoma” foi relançado há poucas semanas e pode ser encontrado
facilmente em qualquer livraria.
03 – Edgar Allan Poe (O Gato Preto)
Poe é um dos principais escritores malditos. Enquanto em sua época, os escritores de terror apelavam para monstros ou fantasmas para assustar os seus leitores; Poe buscava esse medo na mente humana. Seus personagens neuróticos, atormentados e cheios de fobias esquisitas provocavam calafrios nos leitores. Muitos acreditavam que esses personagens eram fruto de uma mente transtornada e doentia o que colaborou para aura de ‘maldito’ de Poe.
A morte do escritor aos 40 anos de idade foi cercada
de mistério – à exemplo de suas histórias. Menos de uma semana antes de
falecer, Poe foi encontrado pelas ruas de Baltimore em completado estado de delírio,
totalmente fora de si. Ninguém soube o que aconteceu. O mistério colaborou para
o surgimento de inúmeras lendas urbanas sobre a morte do escritor.
“O Gato Preto” é uma das obras mais doentias e
perversas de Poe, onde ele narra a história de um misterioso gato preto chamado
Plutão que passa a despertar um sentimento de ódio em seu dono. Essa raiva que
sente do animal faz com que o homem acabe enforcando o bichano. A partir daí,
ele passa a ser perseguido pelo fantasma do gato. Ao decidir adotar outro animal, com o tempo, descobre
que passa a sentir a mesma aversão. O
novo gato tem a marca da forca em sua pelagem. História bem neurótica, não
acham?
04
– Charles Bukowski (Crônica de um Amor Louco)
O hobby preferido desse contista e escritor de
origem alemã e criado nos Estados Unidos era escrever sobre prostitutas,
bêbados, mendigos e miseráveis. O sujeito vivia embriagado, se alimentava mal e
dormia em quartos imundos de pensões de quinta categoria. Ganhava menos de R$
200,00 pelos seus escritos, sendo explorado até a última gota pelos seus
editores.
Quando criança, Charles Bukowski era constantemente
espancado pelo seu pai por motivos fúteis. Na adolescência teve o seu rosto deformado
por um tipo raro de acne, tornando-se motivo de chacota na escola. Com tantos
problemas, o rapaz resolveu fugir de
casa e passar a viver em quartos de pensões. Neste período se entregou de corpo
e alma as suas duas paixões: álcool e livros.
Repulsa, nojo, ódio, paixão e melancolia. Esses
foram alguns sentimentos que inspiraram o autor alemão em sua obra, rejeitada
no início, mas idolatrada ao final. Exemplo disso foram “Crônica de Um Amor
Louco”, que passou de odiada e rejeitada na época de seu lançamento à amada e enaltecida,
alguns anos depois.
05
– Henry Miller (Trópico de Câncer)
Henry Miller, por muitos anos foi considerado um
escritor maldito. Seus livros foram taxados de obscenos e degradantes, sofrendo
uma censura rígida, só sendo adquiridos clandestinamente.
“Trópico de Câncer”- sua obra-prima – lançado em
1934, sofreu dificuldades de distribuição, sendo banido em alguns países sob a
acusação de pornografia. Depois dessa obra, ele continuou a escrever romances
que foram proibidos de serem vendidos nos Estados Unidos sob a acusação de
obscenidades. Miller já tinha ficado marcado como um escritor obsceno, um
pornógrafo, por causa de “Trópico de Câncer” que foi repudiado na década de 30.
O reconhecimento ao talento de Miller só aconteceria
30 anos depois do lançamento de “Trópico de Câncer”. Na década de 60, suas
obras que estavam censuradas foram liberadas e dessa forma, obteve grande
sucesso, ganhando até mesmo, um memorial na Califórnia, onde morou.
Algumas de suas obras mais famosas que causaram
grande impacto na sociedade, passando de malditas à adoradas foram “Sexus”,
“Nexus” e “Plexus” que compõem a trilogia da crucificação encarnada; além de “O
Mundo do Sexo”e “O Colosso de Marússia”.
Para que você tenha uma noção do poder de fogo de “O
Trópico de Câncer”, basta citar que o governo brasileiro proibiu a venda da
obra traduzida na década de 70, porém o livro continuou sendo vendido no País
no original em inglês.
06
– D.H. Lawrence (O Amante de Lady Chatterley)
Escritor britânico que ganhou o estigma de maldito
porque decidiu peitar as convenções estabelecidas e dar uma banana para o
puritanismo inglês do início da século XX. Lawrence foi perseguido pela
imprensa daquele período que taxou o seu livro mais famoso “O Amante de Lady
Chatterley” como o mais imundo da literatura inglesa. Nem preciso disser escrever
que essa obra foi expulsa a chibatadas das livrarias, se tornando uma
verdadeira maldição para o seu escritor que passou a ser rotulado de
pornógrafo.
O enredo desenvolvido por Lawrence explora
abertamente o amor e o sexo, rompendo as convenções sociais e as relações de
classe. O autor glorifica a alegria dos corpos durante o sexo ao narrar a
história de Constance Reid, uma bela mulher que se casa com o aristocrata
Clifford Chatterley, um oficial inglês. Logo após a lua-de-mel ele é chamado
para uma das frentes de batalha da Primeira Guerra e retorna inválido, numa
cadeira de rodas. Após a limitação física do marido, os desejos sexuais
arrebatadores de Lady Constance Chatterley são satisfeitos pelo amante, Oliver
Mellors, um dos empregados do solar dos Chatterley, tendo como cenário a
Inglaterra conservadora do início do século XX.
Hoje, “O Amante de Lady Chatterley” é tido como
obra-prima da literatura mundial, já tendo passado de mãos em mãos, de geração
para geração. Um livro inesquecível...
07
- Nelson Rodrigues (Álbum de Família)
Quem disse que o Brasil não iria emprestar um nome
para essa lista de escritores malditos? Vocês estavam pensando que apenas os
autores europeus e americanos tinham direito a essa aura? Que nada! Nós temos
um cara ‘trucão’ para competir com essa galera rebelde.
Estou me referindo ao mito Nelson Rodrigues, o cruel
expositor das fraquezas humanas. E certamente, por isso, a sua obra tenha
sofrido tanta censura por parte de governos ditadores e também dos leitores
mais puritanos. Afinal, quem é que fica à vontade quando os seus piores
defeitos são expostos de maneira nua e crua para a sociedade? E Nelson Rodrigues
era mestre nessa arte. Ele conseguia através de seus personagens, expor as
piores mazelas e os mais vergonhosos defeitos da sociedade brasileira. Com isso,
muitos puritanos se sentiam os próprios personagens do nosso escritor maldito,
como se fossem eles que estivessem ali nas páginas de um livro ou no palco de
um teatro.
Tanto os livros quanto as peças teatrais de Nelson Rodrigues eram ‘violentas’ nesse sentido. Um verdadeiro tapa ‘sem luvas de
pelicas’ na cara dos puritanos. Pra ser sincero, acho que um soco no rosto com
direito a todos os dentes quebrados e lábios partidos cairia melhor.
Cara, não deu outra! A sociedade hipócrita daquela
época juntamente com o governo milico caíram matando em cima de Rodrigues.
Nasceria assim, o nosso ‘boca maldita’... o nosso escritor maldito.
Em “Álbum de Família” a ‘coisa pega’, mesmo partindo
pelo lado freudiano, já que seria impossível uma família agir dessa maneira. Quando
foi lançada, a obra escandalizou grande parte dos brasileiros, aumentando a
fama de maldito do autor; mas atualmente é vista como um verdadeiro diamante
lapidado. Neste livro, Rodrigues mostra o cotidiano de uma família
aparentemente comum, formada pelo casal, os quatro filhos e a tia solteirona. A
normalidade do clã, porém, logo é desmistificado para o público. Não há uma
única personagem que não perca sua máscara em algum momento da peça. O incesto,
grande tabu da humanidade, aparece aqui como uma das personagens principais.
Glória, a filha, é apaixonada pelo pai; Edmundo, o filho, é apaixonado pela
mãe; Guilherme, o primogênito, castrou-se para não ameaçar a virgindade da
irmã, por quem ainda é apaixonado; Jonas, o pai... bem, Jonas, o pai... melhor
deixar pra lá (rs).
Taí! Esse é o nosso grande Nelson Rodrigues. Vale ou
não vale a fama de escritor maldito?
08
– Louis Ferdinand Destouches / L.F. Céline (Viagem ao Fim da Noite)
Só mesmo aquelas pessoas que colocam a arte acima de
qualquer coisa, independente de quem a faça, para admirarem o francês,
Louis-Ferdinand Destouches ou simplesmente L.F. Céline.
Que Deus o tenha, mas o sujeito era ‘podre’ em termos
de moral e atitudes o que lhe garantiu, com um pé nas costas, o título de o
‘mais maldito de todos os escritores malditos’; mas um maldito dito com toda a
raiva contida no peito, deixando de lado até mesmo a ortografia correta. Assim
ó: “Mardito!!”. De novo; mas agora com a boca escancarada – ao extremo - e
cheia de dentes (se ainda os tiver): “Marditoooooooo!!” Mas deixando o aspecto
moral de lado, o sujeito era bom no que fazia, ou seja, na elaboração de sua
arte. Bom não. Ele era ótimo, apesar dos seus escritos só terem recebido o
reconhecimento merecido décadas depois;
à exemplo de outros escritores malditos. Talvez, porque as pessoas, naquela
época, só levassem em conta as suas atitudes, passando assim, a desprezar a sua
arte.
O escritor francês desempenhava as suas atividades
jornalísticas na França quando a Alemanha nazista ocupou aquele país. Vocês pensavam
que os alemães eram cruéis com os judeus? Então veja só os textos que Céline
queria publicar: “É preciso matá-los todos, homens, mulheres, velhos e crianças,
o mais rapidamente possível”. Arghhhhh!! Vou parar por aqui com as atitudes do
francês. Por essa e por outras, ele foi rotulado com um festival de adjetivos
“elogiosos”: de nazista a racista; passando por mentiroso, impostor,
anti-semita e vingativo. Segundo a ótima reportagem de Edilson Pereira (aqui),
L.F. Céline era tão radical que considerava Hitler um frouxo pelas suas
atitudes anti-semitas!! Acho que ele queria um “negociozinho” mais quente,
digamos assim.
Mas com relação à sua arte, não podemos negar;
Céline era um gênio. A sua obra mais famosa foi “Viagem ao Fim da Noite” que é
um grande retrato da loucura de toda uma sociedade, e não apenas de um homem
só. O escritor francês revolucionou o romance tradicional com o seu vocabulário
ao mesmo tempo vulgar e científico.
09
– Ana Cristina César (A Teus Pés)
Hã... hã! Pensaram que essa lista só teria
“escritores”, não é?? Sinto dizer, escrever, mas se enganaram. Ana
Cristina César a rainha da poesia marginal também faz jus a essa relação. Ela
se matou em 1983, ao se atirar do sétimo andar do apartamento onde moravam os
seus pais. Ana Cristina já estava muito deprimida e por isso, contava com a assistência
constante - à domicílio - de um psicólogo. Inclusive esse profissional,
juntamente com a empregada da família, foi testemunha da tragédia. Deve ter
sido uma cena chocante, ver a escritora se encaminhar para a janela do edifício
de maneira tranqüila e despretensiosa e depois se atirar do sétimo andar.
O suicídio dessa poetisa ainda é cercado de
mistérios. Ao invés de bilhetes de despedida, ela deixou apenas poesias. Um
detalhe que poucos biógrafos sabem é que Ana Cristina tinha acabado de voltar
de uma viagem à Londres e estava muito deprimida, o que fez com que os seus familiares
procurassem um psicólogo para lhe dar assistência. Antes, de se atirar do
prédio onde morava, ela já havia tentado o suicídio se afogando no mar.
Podemos afirmar que Ana Cristina foi uma poetisa da
época do mimeógrafo... da época da ditadura, quando esses artistas eram
obrigados a procurar caminhos alternativos para distribuir as suas poesias, os
seus pensamentos livremente, sem interferência de militares, torturadores e
delatores. Naquele tempo, o mimeógrafo a álcool fazia sucesso, pois era através
dele que os pensamentos desses poetas e escritores marginais ganhavam vida,
chegando ao conhecimento de um grande número de pessoas.
Ana Cristina presenciou e viveu tudo isso, já que
era uma dessas escritoras marginais.
Acredito que pela morte prematura e misteriosa e
também por ter vivido com poetas marginais de seu tempo, Ana Cristina acabou
ganhando o rótulo de escritora maldita. Um rótulo que não tem nada a ver com as
suas obras que foram escritas num estilo bem cerebral, completamente diferente
daqueles enredos proibidos e loucos que escandalizaram tantas pessoas ao longo
de décadas passadas.
“A Teus Pés” foi o último livro escrito pela poetisa
carioca, um ano antes de seu suicídio. Misturando prosa e poesia e gêneros de prosa (carta e diário),
o livro possui poemas fragmentados, com uma linguagem íntima e confessional,
que relatam o cotidiano
de maneira construtiva e desconstrutiva.
10º
- Roberto Saviano (Gomorra)
Fecho esse post da mesma maneira que abri: escrevendo
sobre o autor que serviu de inspiração para o tema “Escritores malditos e suas
obras malditas”. E não poderia ser diferente, já que tenho uma grande admiração
por Saviano. Sua coragem e determinação em quebrar um tabu perigoso e mortal
que é a máfia merece todo o nosso respeito.
“Gomorra” pode ser considerado um ‘livro-denúncia’
sobre a Camorra, como é conhecida a máfia napolitana. O tráfico de drogas e a
extorsão são as atividades mais comuns desenvolvidas pela Camorra, passando
pela prostituição, tráfico de pessoas, jogo ilegal, ameaças e chantagens. E
Saviano – após uma pesquisa profunda – abriu as portas da máfia napolitana para
o mundo, revelando segredos que vinham sendo guardados a sete chaves; segredos
ligados à código de honra, administração das famílias, transações realizadas
pelos altos escalões e muito mais.
Saviano disse que escreveu Gomorra porque lhe era
impossível ficar calado. “Alguém tinha que fazer algo”, disse ele. De fato, ele
fez algo, só que a partir daí ficou jurado de morte pela máfia.
Depois dessa ameaça confirmada pelo governo
italiano, Saviano vive sob escolta permanente de cinco policiais, desde 13 de
outubro de 2006. Ele muda constantemente de endereço e não frequenta lugares
públicos, em virtude de ameaças de morte feitas pelos mafiosos. O escritor
deixou de ter residência fixa; não atende telefonemas; não recebe ninguém, a
não ser que essa pessoa tenha a sua vida inteiramente vasculhada por serviços
de inteligência da polícia; além de se comunicar esporadicamente com os seus
familiares, usando apenas SMS do celular. Em outras palavras: a vida do ex-jornalista
e escritor italiano foi para o espaço. Uma definição correta seria: “morto em
vida”.
Quer maldição pior do que essa? Se transformar num
escritor milionário, sem poder usufruir de toda essa grana. Não é permitido nem
mesmo, abrir a veneziana de uma janela, pois ele corre o risco de levar um tiro
na cabeça disparado por um assassino de aluguel da máfia.
Espero que tenham gostado do post. Inté galera!!
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