28 setembro 2018

A Cor Que Caiu do Céu


Como havia lido e gostado de  “O Caso de Charles Dexter”, aproveitei e já engatei um segundo livro de H.P. Lovecraft,  torcendo para que fosse tão bom quanto a obra citada acima. A torcida deu certo. “A Cor Que Caiu do Céu” é fantástico. Você não consegue desgrudar do livro, tanto é que o li em menos de dois dias, mesmo estando com a minha vida completamente atarefada e bagunçada. O enredo engendrado  por Lovecraft é muito bom e consegue te prender como uma teia de aranha.
Sabem aqueles livros que você vai lendo, vai lendo e aos poucos se desliga de tudo ao seu redor? “A Cor Que Caiu do Céu” tem esse poder. A história já começa tensa quando um representante de uma empresa de reservatórios  chega a uma pequena e misteriosa cidade com a intenção de construir uma represa. Ao descobrir fatos ao mesmo tempo pitorescos e macabros relacionados ao local, o sujeito se assusta e vai embora ‘voando’, abandonando até mesmo a idéia da obra.

25 setembro 2018

O Caso de Charles Dexter Ward


Às vezes milagres acontecem, inclusive milagres
literários. E foi um desses milagres maravilhosos que acabou me atingindo em cheio. Depois da grata surpresa, passei a crer que o meu anjo da guarda também é um grande devorador de livros.
Galera, vejam só se esse meu amiguinho de asas não gosta de ler... Há dois meses, recebi um telefonema de um amigo que estava se mudando para outra cidade. Ele me perguntou na lata: - Moreira, quer uns livros? – e na sequencia já emendou – Se for ocupar muito espaço em sua estante, eu despacho para a biblioteca municipal. - Imediatamente eu soltei um sonoro “Nãaaaaaaaaaaaaao!!!!” no telefone.
Quando fui até a sua casa para ver os tais livros, encontrei verdadeiras obras de arte, entre elas, vários Lovecraft, Crichton e King, entre outros. Cara, saí com a sacola cheia!
Entre os livros presenteados estavam: “O Caso de Charles Dexter Ward”, “A Cor Que Caiu do Céu” e “Horror em Dunwich”. Nem esquentei a cabeça por já ter gastado, no mês passado, mais de sessenta paus no livro “Os Melhores Contos de H.P. Lovecraft” da editora Hedra que por coincidência já traz em sua coletânea essas três histórias.

22 setembro 2018

Seis livros perigosos que prejudicaram a humanidade


Ao longo da história, muitos escritores equivocados escreveram obras que ao invés de contribuir para o aprimoramento da cultura ou então para o desenvolvimento da ciência, serviram apenas para espalhar o medo, a divisão e o ódio. Obras que pregavam a superioridade de uma raça sobre as demais, que incentivavam a matança de mulheres consideradas bruxas, que inspiravam as pessoas a cometerem atos desastrosos, e por aí afora.
Livros que não fizeram nenhum bem para a humanidade, pelo contrário, prejudicaram um grande número de pessoas que infelizmente, optaram por seguir a filosofia ensandecida pregada pelos seus autores.

18 setembro 2018

10 livros infantis para incentivar o hábito da leitura nas crianças


Como prometi no final do post “A importância dainfluência dos pais no hábito da leitura” estou publicando uma lista com 10 sugestões literárias que certamente irão contribuir para transformar os ‘baixinhos’ em grandes devoradores de livros.
Educadores e pedagogos infantis são unânimes em afirmar que ler para as crianças nos primeiros anos de vida é de extrema importância para o desenvolvimento delas. É nesta fase, chamada de primeira infância, quando  as estruturas cerebrais ainda estão sendo formadas, que as crianças começam a ganhar o gosto pela leitura. Portanto, os pais não devem ser relapsos. Fazer com que o filho ganhe gosto pela leitura é uma verdadeira missão e das mais importantes.
E vamos à nossa lista!

15 setembro 2018

Tenho um blog literário, mas também quero ter um canal no Youtube. Cuidado: pense bem antes de tomar essa decisão


Pois é... ás vezes baixa um espírito de hiperatividade em mim e então, apesar do pouco tempo disponível para desempenhar as minhas atividades, começo a planejar outras tarefas em minha vida. Depois de alguns dias, o tal espírito de hiperatividade se cansa e me abandona indo procurar, talvez, outras vítimas mais atraentes.
Por que estou escrevendo isto? Simples. Há poucos dias tive a idéia de criar um canal literário no YouTube. Cara, confesso que na hora me entusiasmei e muito! Comecei planejar poses e falas e fiz até um vídeo experimental. Fui dormir muito feliz com este novo projeto martelando em minha mente, mas no dia seguinte ao acordar, enquanto tomava uma ducha, comecei a pensar... a pensar e... “Pera aí! Cê ta loco cara?!”, exclamei. “Como não bastasse o blog, Twitter e Instagram, você ainda quer um canal?!! Novamente, a voz da minha consciência – a ‘Dona Razão’ que sempre aparece nos meus momentos insensatez para me puxar as minhas orelhas – sapecou uma segunda bronca: “Você pensa que só tem o blog em sua vida? E quanto aos seus afazeres profissionais? Os seus momentos de lazer? Os seus filmes, que você adora assistir? O tempo para a leitura dos seus livros?”. E continuou me detonando: “Vai Tigrão, segue em frente! Vá de encontro à felicidade, quero dizer à infelicidade”.
Depois dessa bronca, percebi o tamanho da minha maluquice e por isso, resolvi escrever esse post para alertar os blogueiros que, por acaso, venham ser possuídos pelo perigoso ‘espírito da hiperatividade literária nas redes sociais’.

12 setembro 2018

Jornalista de Goiânia lança “Sobreviventes do Césio-137” que desvenda os segredos do maior desastre radiológico da história

Jornalista Carla Lacerda

Há fatos que marcam a vida da gente. Podem passar anos ou décadas que eles ficam ali agarrados em nossos neurônios e volta e meia eles ressurgem trazendo recordações boas, ruins, tristes ou alegres. Um dos fatos que não consigo esquecer aconteceu há quase 31 anos. Na época, eu estava no auge dos meus 26 anos de idade e vivendo os loucos “Anos 80”: os melhores filmes, as melhores músicas, diabruras com os amigos, paqueras, zoações, enfim, uma verdadeira loucura e das boas, diga-se. Tudo teria sido um paraíso naquela época se não fosse um trágico acontecimento.
Estou me referindo ao acidente com o césio-137 em Goiânia.
O vazamento do material, em 1987, foi considerado o maior desastre radiológico da história e pode ter deixado até 80 vítimas fatais.
A tragédia teve início após dois catadores de lixo entrarem em contato com uma porção de cloreto de césio, o tal césio-137. O componente químico ficava dentro de um aparelho de tratamento de câncer, que estava em uma clínica abandonada na capital de
Yago Sales que colaborou na obra
Goiás. Foram necessários apenas 16 dias para que o “brilho da morte”, como a substância ficou popularmente conhecida, matasse quatro pessoas e contaminasse centenas.
Em apenas duas semanas, o césio-137 causou o maior desastre radiológico do mundo.
Até hoje, não entendo tanta irresponsabilidade. Cara! Como você desativa uma unidade de tratamento de câncer e esquece no local uma máquina velha de radioterapia?!! E foi justamente isso que aconteceu. Todos os aparelhos da clinica foram levados, menos a maldita máquina.
Este equipamento que usava cloreto de césio em pó como fonte de energia chamou a atenção de dois catadores de lixo. Pensando em ‘fazer dinheiro’, levaram a arma mortal para casa, desmontaram e após entrarem em contato com a cápsula de césio-137, decidiram vendê-la juntamente com o equipamento para o dono de um ferro velho que ao ver a cápsula brilhante, acreditou ter encontrado a verdadeira pedra filosofal. ‘Estourando’ de alegria resolveu chamar vários amigos, colegas e vizinhos para mostrar a sua descoberta. Pronto... Tava feito o estrago. O veneno mortal se espalhou e contaminou, praticamente, toda a cidade.
Acidente com o césio-137 causou medo, pânico e mortes em Goiânia
Quando o acidente do césio-137 completou 20 anos, a jornalista goiana Carla Lacerda lançou – pela primeira vez – o livro “Sobreviventes do Césio-137”. Agora, decorridos mais de 10 anos, ela decidiu – juntamente com outro jornalista, Yago Sales -  recontar a história de uma maneira mais completa, acrescentando muitas outras informações, além de novos depoimentos.
Esta 2ª edição de “Sobreviventes do Césio-137”, lançado em agosto,  questiona os dados sobre as mortes em decorrência do “acidente” com a substância radioativa. Falaram em seis, 12 e, em seguida, 15. 
Na minha opinião, o ponto alto da obra foi a atenção que os autores dispensaram ao relato das vítimas e de seus familiares que fizeram revelações surpreendentes , muitas delas contrariando os chamados relatos oficiais.
Nesta nova edição, ficamos sabendo como viviam as vítimas do acidente e o que sentiram durante esse período. Entre os depoimentos estão o de  Lucimar e Lucélia, irmãos da menina Leide das Neves, uma das vítimas mais célebres. Lacerda escutou, ainda, Wagner Mota que já faleceu e, por isso, o seu testemunho acabou tornando-se raríssimo. Além dessas, há várias outras entrevistas.
“Sobreviventes do Césio-137” pode ser encontrado no site da editora Nega Lilu pelo valor de R$ 40,00.
Sem dúvida, um grande livro, um grande lançamento.


09 setembro 2018

Os Frutos Dourados do Sol


Acabei de ler “Os Frutos Dourados do Sol” de Ray Bradbury e adorei. Quando os críticos dizem que o autor é considerado o rei dos contos de ficção científica não dá pra negar. Prova disso são obras como “Crônicas Marcianas”, “O Homem Ilustrado”, “Fahrenheit 451” e, claro, “Os Frutos Dourados do Sol”.  Curiosamente, a maioria dos contos desse último não tem nada a ver com ficção científica. São histórias comuns do nosso dia a dia, mas que nas mãos de Bradbury acabam se transformando em enredos incríveis. É por isso que vou mais além ao classificar o talento desse escritor, pois na minha opinião ele não pode ser considerado apenas o rei dos contos de ficção científica, mas também um dos reis das histórias de suspense, policial, terror e ainda de fatos corriqueiros que fazem parte da rotina de vida de qualquer cidadão comum.
Dos 22 contos do livro, apenas cinco tem o status de ficção científica, quanto aos demais passeiam pelos gêneros policiais, suspense, terror e algumas banalidades. Êpa, pêra aí!? Eu disse banalidades? Sim, banalidades. Mas, com um porém; esses tais fatos banais vistos pela ótica de Bradbury se transformam em verdadeiras obras primas.
Comprei “Os Frutos Dourados do Sol” por causa de um único conto: “Um Som do Trovão”. Apesar de saber que poderia encontrar essa história facilmente na internet, queria tê-la à moda antiga, ou seja, impressa num livro para que eu pudesse manuseá-lo e depois guardá-lo em minha estante. Quando descobri que “Um Som de Trovão” fazia parte da coletânea de “Os Frutos Dourados do Sol” não pestanejei e comprei o livro imediatamente.
A medida que fui lendo os contos, percebi que grande parte deles não tinha nada a ver com ficção científica, mas ao invés de ficar frustrado,  acabei sendo engolido por aqueles fatos fictícios transformados em histórias e que poderiam, perfeitamente, estarem acontecendo comigo ao invés dos personagens da história.
É evidente – como acontece com todos os livros de contos de qualquer autor - existem os bons e também aqueles bem fraquinhos, mas garanto que  a maioria deles são ótimos.
Vou listar aqui, os contos que mais me agradaram. Aqueles que eu devorei com avidez. Anotem:
01 – A sirene do nevoeiro
Conto narrado em primeira pessoa e com um leve toque de terror. Dois amigos que trabalham e moram num grande farol localizado numa baía presenciam algo extraordinário numa noite fria de novembro. Atraído pela luz e pela sirene que ecoa no mar, algo misterioso sempre visita o farol em determinada noite do ano e depois vai embora. Só que nesta madrugada, durante a sua vinda, este ser estranho resolve fazer algo diferente e assustador.
02 – O pedestre
Em menos de cinco páginas, Bradbury já arremata a história. Aliás, essa é uma das características do autor: contos curtos e com finais abertos ou impactantes. O enredo se desenrola num futuro distópico onde a rotina das pessoas é assistir as suas enormes televisões e depois entrar em seus poderosos carrões e trabalhar. E só. Um escritor não se enquadra nessa rotina, já que ao invés de se entregar a televisão e aos carros, prefere  caminhar todas as noites pelas ruas da cidade. Por isso, ele acaba se dando mal.
03 – As Frutas do fundo da fruteira
Não só o melhor conto do livro – juntamente com ‘Um Som de Trovão’ – como também um dos melhores contos que já linha em minha vida. Bradbury dá uma aula de como manter o leitor grudado na trama. Você, simplesmente, não consegue desgrudar os olhos da história. No conto narrado em primeira pessoa, o protagonista que acabou de matar uma pessoa na própria casa dessa pessoa, se vê obrigado a eliminar todas as provas que possam incriminá-lo. Desesperadamente, ele começa a limpar tudo o que possa ter tocado na casa da vítima com o objetivo de apagar as suas impressões digitais. A cada impressão digital apagada, a sua angustia vai aumentando. A limpeza pode continuar para sempre.
04 – O menino invisível
A solidão é a premissa desse conto. Uma bruxa fracassada – os seus feitiços deixaram de dar certo – que vive na solidão decide enganar um garoto para que ele fique sempre ao seu lado como companhia. Ela ganha a atenção do menino dizendo que tem o poder de torná-lo invisível e após jogar um feitiço no menino,  bem...  as coisas não saem como o planejado. Achei o final bem melancólico.
05 – A máquina de voar
O autor nos transporta para a China no distante ano de 400 AC, onde um homem consegue voar, após ter criado um engenho sofisticado e fora da realidade para aquela época. Quando o seu feito chega ao conhecimento do imperador, o leitor é surpreendido com a atitude do monarca que decide fazer algo surpreendente.
06 – O papagaio de papel dourado e o vento prateado
História com toques infantis e muito divertida, mas que ensina uma grande lição de vida no final. Ah! É o segundo conto do livro que tem a China antiga como pano de fundo. Duas cidades vizinhas competem entre si para saber qual é a mais poderosa. O termômetro desse poder é ‘medido’ pelo formato de suas muralhas. Quando um imperador muda a aparência da muralha de seu reino, imediatamente o seu rival tem a mesma atitude. Esta competição cega vai ensinar uma lição muito importante para os dois monarcas.
07 – O bordado
Conto curtíssimo de apenas quatro páginas que arrepia o leitor por causa de seu impacto final. Três senhoras idosas ficam na varanda de uma casa bordando e conversando sobre algo misterioso que irá acontecer dentro de pouco tempo e que poderá modificar as suas vidas e também de outras pessoas. Quando você descobre o que é... então, vem o impacto.
08 – O grande jogo entre brancos e pretos
O título já entrega o conto. Durante todos os anos é realizado um jogo de basebol entre os hóspedes brancos de um hotel e os empregados negros. Tudo vai bem antes do jogo, mas depois que o árbitro apita, o clima começa a piorar, descambando para o inevitável caminho do preconceito. Neste conto escrito em 1945, quando a discriminação racial ainda persistia em diversos segmentos da sociedade americana, Bradbury mostrou toda coragem ao deixar evidente a sua posição anti-racista.
09 – O lixeiro
O conta fala de um lixeiro que apesar de não ter grandes regalias na vida se considera feliz com o seu trabalho que dá certa estabilidade à sua família. Esta rotina tranqüila muda no momento em que ele recebe a noticia de que será obrigado a recolher com o seu caminhão de lixo os corpos das vitimas de uma bomba atômica.
10 – Um som de trovão
Encerro a lista com o conto que fez com que eu comprasse o livro. Demais! Que narrativa! O enredo fala de uma viagem no tempo e as suas conseqüências através da extrapolação do ‘efeito borboleta’. Na trama, uma empresa denominada Time Safari, Inc. assegura que pode levar pessoas de volta no tempo de modo que elas possam caçar animais pré-históricos, tais como  o Tyrannosaurus rex. A fim de evitar um paradoxo temporal, eles agem com muito cuidado para deixar o curso dos acontecimentos intacto, visto que mesmo uma alteração mínima pode causar mudanças gigantescas no futuro. Os viajantes só podem abater animais que iriam morrer em breve, e não podem sair de uma trilha demarcada, que flutua acima do solo. Nenhum objeto pode ser removido do passado, e a única recordação permitida é uma foto do caçador ao lado do monstro morto. Tudo vai bem até que um dos caçadores decide desrespeitar as normas.
Taí galera, livraço! Recomendo muito a leitura. A boa notícia é que a obra pode ser encontrada facilmente nos sebos a preços módicos.

06 setembro 2018

A importância da influência dos pais no hábito da leitura



Fico triste quando vejo um pai estimulando o seu filho pequeno – e quando digo pequeno, quero dizer criança, de fato - usar um celular ou videogame ao invés de sentar-se ao seu lado, abrir um livro e começar a contar uma história. Cada vez que presencio esta cena, constato a morte, aos poucos, de mais um futuro devorador de livros.
Infelizmente, isso está se tornando cada vez mais comum nos lares brasileiros. Um dia desses, um velho amigo me perguntou porque a nossa geração tinha um gosto maior pela leitura do que as gerações contemporâneas. Eu lhe respondi com um sorriso nostálgico: culpa da tecnologia. É evidente que o advento da internet - que conectou o planeta  diminuindo o tempo de propagação das informações, além de abrir um verdadeiro mundo de conhecimento num simples clicar de teclas – provocou uma grande revolução, de maneira positiva, no conhecimento das pessoas, mas por outro lado foi matando aos poucos a magia dos livros, das bibliotecas e principalmente da ‘contação’ de histórias aos filhos, por parte dos pais.


Hoje, crianças na tenra idade, sem pestanejar, optam por terem o seu canal no Youtube  - visando a divulgação de vários temas, menos livros. É difícil vermos uma criança ou pré-adolescente com um canal direcionado à leitura. A maioria dos youtubers literários já são adolescentes maduros ou então adultos. Os baixinhos preferem postar sobre minecrafts, jogos eletrônicos e até culinária. Quanto as obras literárias, nem pensar.
Na geração do meu ‘amigo inconformado’ e também na minha, a chegada da internet não passava de um sonho ou melhor, de um delírio. Por isso, quem dominava o cenário eram os vendedores de livros de porta em porta e também as bibliotecas. Resultado: tínhamos muito mais leitores jovens.
Mas acredito que a magia dos livros ainda pode ser resgatada pelos pais dos tempos modernos. Para isso, basta apenas um pouco mais de vontade e tempo. Que tal readquirir aquele velho hábito de abrir um livro e começar ler uma história para o seu filho antes dele dormir? Incluir na agenda visitas nas livrarias e bibliotecas? São atitudes simples, mas podem criar nos pequeninos o hábito pela leitura.
A Pastoral da Criança, um dos principais organismos de ação social do Brasil - fundado por Dom Paulo Evaristo Arns e sua irmã Zilda Arns - que tem como objetivo a promoção do desenvolvimento integral de crianças entre 0 e 6 anos de idade em seu ambiente familiar e em sua comunidade, vem afirmando há muito tempo que o hábito dos pais em contar histórias para os seus filhos é fundamental para despertar nas crianças o interesse pelo universo da literatura. E, cá entre nós, trata-se de uma atitude tão simples. Para isso, basta você escolher um livro infantojuvenil, criar um conto e até mesmo, narrar a história da família e as ações vividas no dia a dia.
Você que lê este post e tem filhos ainda crianças, saiba que as histórias, sejam elas de ficção ou não, são uma parte importante do desenvolvimento infantil e trazem uma série de benefícios, entre eles: ajudam a estimular a imaginação, a curiosidade, o desenvolvimento da linguagem, da escrita, minimizam a solidão, proporcionam relaxamento e ampliam as conexões cerebrais.
Jair Rangel dos Passos, coordenador da Pastoral da Criança na Diocese de Cachoeiro do Itapemirim (ES), é professor de língua portuguesa, literatura e um entusiasta das histórias. “É por meio das histórias que as crianças se transportam. Quando elas lêem um livro ou uma historinha, elas vivenciam aquele momento, se colocam dentro da história, se tornam um personagem e se emocionam. Nós, adultos, temos de ensinar as crianças a se transportarem para as histórias, é assim que elas vão criar gosto pela literatura. Eu por exemplo, sempre viajo para a China, para dentro da Bíblia, para o passado e o futuro, tudo por meio dos livros”.
Eu espero, de coração, que esse post faça com que os pais voltem a dar a merecida importância para o desenvolvimento da leitura de seus filhos.
À princípio, quando comecei escrever esse texto, a idéia era indicar cinco ou 10 livros essenciais para as crianças se apaixonarem pela leitura, mas então, fui escrevendo, escrevendo e... já viu né? Um texto que deveria ser curto, acabou extrapolando as linhas.
Prometo na próxima postagem, publicar essas sugestões livros.
Inté!



02 setembro 2018

Estou torcendo por um relançamento de “A Casa do Passado” de Algernon Blackwood


Existem livros que tem o poder de nos deixar tristes, muito tristes. Este sentimento não advém de seus enredos trágicos e lacrimosos, mas da ausência dessas obras nas livrarias ou então de seus preços astronômicos nos sebos. Um desses livros é “A Casa do Passado” de Algernon Blackwood.
Cara, você não imagina o meu peso de consciência. Há alguns, anos vi esse livro num sebo por um preço módico e dei a maior morgada de minha vida. Apesar de ter dado uma folheada rápida e me interessado pelos contos, não comprei. Putz! Se arrependimento matasse! Sabem aquela sensação FDP que a maioria de nós, leitores, temos de que um livro irá esperar pela nossa boa vontade o tempo que quisermos? Pois é, acho que foi isso que senti naquele dia.
Hoje, “A Casa do Passado” sumiu das livrarias e só pode ser encontrado nos sebos por valores explosivos, do tipo: R$ 150,00 ou R$ 180,00. Vale frisar que no Portal da Estante Virtual existem apenas três exemplares.
Mas por que o meu interesse tão exacerbado nessa obra? Primeiro: li a sinopse publicada pela editora e adorei. Segundo, e mais importante: o ‘pedigree’ fantástico de Algernon Blackwood. A história de vida do autor me cativou e deixou-me a com mais vontade ainda de ler as suas obras, principalmente “A Casa do Passado”
Segundo o jornalista e escritor Rui Castro, Blackwood já foi tão famoso quanto Bernard Shaw, E. G. Wells e Conan Doyle, mas depois caiu no ostracismo por décadas. Quando tinha 80 anos, foi convidado para ler um de seus contos na TV numa noite de Halloween e o sucesso foi tanto que ele ganhou um programa semanal e voltou à fama. 
O autor nasceu num pequeno vilarejo, próximo de Londres, em 1869, e é considerado
Algernon Blackwood
por muitos como um dos mais notáveis escritores de horror de todos os tempos.
Infelizmente, hoje ele não é tão lembrado quanto outros mestres de sua época. Para se ter uma idéia apenas uma ou duas de suas mais conhecidas estórias foram traduzidas para o português. Uma pena, pois, Blackwood deixou mais de 100 contos e estórias curtas que são verdadeiros clássicos da literatura fantástica.
Ele escreveu ao longo de sua carreira mais de 10 antologias de contos sobrenaturais, muitos dos quais encenados no palco ou transmitidos por rádio, além de diversos romances de sucesso.
Blackwood tinha um grande interesse em fantasmas. Prova disso é que vários de seus contos se dedicam a manifestações fantasmagóricas, tema que muito o fascinava. Amigos íntimos afirmam que ele acreditava no sobrenatural e frequentava círculos de discussão sobre o assunto como ouvinte e em algumas vezes como palestrante disposto a compartilhar suas teorias sobre o "mundo espectral". Ele fez parte de sociedades de estudo do sobrenatural como o Ghost Club e abordou o tema em seu romance "The Human Chord". Blackwood também integrou a renomada Hermetic Order of the Golden Dawn, a mais famosa Sociedade Mística do século XIX.
Um dos maiores fãs do autor era H.P. Lovecraft o que deixa evidente a sua importância para o desenvolvimento e popularidade do gênero.
Heloisa Seixas, tradutora e organizadora dos contos de A Casa do Passado
O meu desejo em conseguir o livro é tão grande que cheguei a entrar em contato – por email – com a jornalista e escritora Heloísa Seixas que foi a responsável por redescobrir Blackwood no Brasil. Foi ela também quem traduziu e organizou a coletânea de contos presentes em “A Casa do Passado”.
Heloísa foi muito educada e me atendeu com toda presteza. Disse-me que a obra, de fato, encontra-se esgotada e que ela, Heloísa, só tem um exemplar. “Se tivesse mais de um, com certeza, lhe daria com prazer”, me explicou.
Pois é, agora estou na expectativa de que alguma editora ou então a própria Record que lançou o livro há 17 anos, se sensibilize com ansiedade de milhares de leitores, incluindo este blogueiro, e promova um relançamento de “ A Casa do Passado”.
A obra, lançada em 2001, reúne 10 histórias de terror como 'Os salgueiros', sua obra-prima, 'O quarto ocupado', 'A Ala Norte' e 'A boneca', clássicos da literatura de horror. Os personagens dos contos de Blackwood vivem situações horripilantes, que não imaginaríamos nos nossos piores pesadelos. São pessoas comuns, subitamente envolvidas em histórias que fogem ao controle da lógica e do que pode ser explicado.
 O que chama a atenção na obra de Blackwood é a forma como ele trata os lugares onde se passam suas estórias. Ele privilegia as paisagens campestres e áreas rurais intocadas do mundo, lugares imersos em uma essência primordial. Florestas densas, pântanos ermos, rios estagnados, montanhas rochosas que nunca foram exploradas pelo homem e onde ele não é bem vindo. A paisagem desenhada pelo autor é quase um personagem atuante na trama, agindo como um organismo vivo que repudia a presença dos personagens. Blackwood não apenas descreve o ambiente, mas evoca uma sensação de ameaça, pois tudo é absolutamente escuro, sinistro, assombroso.
É isso aí galera! Torcendo para que relancem o livro ou para que os sebos tenham piedade, de nós leitores.
Fui!

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