31 maio 2023

Seis livros para entender e conviver com a esquizofrenia

A esquizofrenia é, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), a terceira causa de perda de qualidade de vida em pessoas entre 15 e 44 anos. O transtorno mental caracterizado pela perda de contato com a realidade, alucinações e falsas convicções atinge cerca de 1,6 milhão de pessoas no Brasil.

Segundo Ariel Lipman, médico psiquiatra e diretor da SIG - Residência Terapêutica, a esquizofrenia é um transtorno mental tão agressivo que não é classificado como leve, moderado ou grave. Segundo o médico, na grande maioria dos casos, trata-se de uma doença em que a pessoa não consegue dar conta da própria vida, necessitando por isso, da ajuda de familiares e em alguns casos, das chamadas ‘residências terapêuticas’ que são casas construídas para responder às necessidades de moradia de pessoas que possuem esse ou qualquer outro tipo de transtorno mental mais grave.

Vocês devem estar se perguntando, agora, se essa postagem tem algum motivo especial. Eu repondo que sim; tem. Eu e Lulu convivemos com uma pessoa muito querida e amada mas que infelizmente sofre com esse problema. Esta pessoa tem esquizofrenia paranoide que está associado a delírios e alucinações, que são os sintomas mais conhecidos da doença: Elas costumam ser desconfiadas, já que elas acabam perdendo a noção do que é real e do que não é. Nesses casos, os sintomas também incluem insônia, muita irritabilidade e até mesmo uma menor socialização nos ambientes de trabalho, escolares, etc.

Por causa da doença, mesmo sob tratamento, ela vive em isolamento social já que dificilmente sai de casa por causa dos sintomas que também a impossibilitam de desenvolver as suas atividades. Costumo dizer que para entender o sofrimento de alguém portador de esquizofrenia só sendo um psiquiatra, um familiar e claro, o próprio doente. Fora essas três pessoas, ninguém mais terá condições de mensurar o tormento desse paciente, mesmo durante os momentos em que não está em crise.

Taí galera, por conviver com alguém nessas condições decidi escrever esse post. Espero que esses seis livros possam ajudar os profissionais da saúde, da educação e principalmente os familiares que enfrentam uma situação semelhante a que eu e Lulu estamos vivendo.

Vamos nessa!

01 – Esquizofrenia (Dr. Edwin Fuller Torrey)

De repente, aquela pessoa com a qual você convive há anos apresenta alterações significativas de comportamento e começa a misturar a realidade com delírios e alucinações. Esquizofrenia é um livro que serve tanto para médicos quanto para leigos. A linguagem é acessível para os dois. Em geral, a esquizofrenia se manifesta no final da adolescência e no início da vida adulta. É uma doença crônica, para toda a vida, que trará uma série de desafios para o indivíduo, seus familiares e cuidadores.

Em Esquizofrenia, o conceituado psiquiatra e pesquisador Dr. Edwin Fuller Torrey, PhD em psiquiatria e clínico e pesquisador, especializado nesse tipo de distúrbio, descreve de maneira científica – e ao mesmo tempo compreensível para aqueles que não são profissionais de saúde – o conceito de esquizofrenia, os sintomas, as mudanças no comportamento, os impactos sobre o indivíduo e a família; bem como tratamentos, medicações, terapias e outros cuidados que ajudarão tanto o paciente quanto familiares e cuidadores a lidarem com a doença de forma mais adequada e preparada.

No caso dos profissionais de saúde, eles encontrarão neste livro, além de conceitos fundamentais para compreenderem a esquizofrenia, uma série de referências científicas para aprofundarem seus estudos e sua prática profissional em consultórios, clínicas e hospitais.

Em uma expressiva maioria dos casos, a esquizofrenia se manifesta na adolescência – por isso, professores e outros profissionais da educação que atuam no ambiente escolar poderão se beneficiar deste livro para atuarem como rede de apoio a pacientes e suas famílias. Isso pode se dar pela identificação dos primeiros sinais da doença, fator decisivo para a eficácia do tratamento, e também pelo fornecimento de apoio para que os jovens acometidos pela esquizofrenia sejam acolhidos nas escolas e instruídos adequadamente para serem capazes de desenvolver todo seu potencial e suas habilidades sociais.

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Editora: Autêntica

Lançamento:13 setembro 2022

Capa: brochura

Páginas: ‎576

Dimensões: 16 x 3 x 23 cm

02 – Os demônios de Henry (Patrick e Henry Cockburn)

Os sinais foram chegando aos poucos: comportamento excêntrico, ambientes em total desordem, objetos eletrônicos que, de uma hora para outra, pareciam ameaçadores. Mas o jornalista Patrick Cockburn só teve certeza de que seu filho Henry sofria uma grave doença mental quando foi informado pela mulher, em 2002, enquanto cobria a queda do regime Talibã, em Cabul, que o rapaz quase morrera ao se jogar de roupa em águas praticamente congeladas. 

Os demônios de Henry é o relato de uma família em busca do tratamento para a esquizofrenia. Patrick conta a história em detalhes: as quedas e melhoras, as muitas internações, a dificuldade em convencer o filho a tomar os medicamentos, enquanto para ele imaginação e realidade se misturavam até o ponto de ser impossível dissociar uma da outra.

Henry apresenta um surpreendente relato de quem está no meio desse doloroso processo, revelando a experiência solitária de viver em hospitais psiquiátricos, as vozes e visões que o convidam a vagar nu pelo campo ou viver nas ruas, as ondas de culpa sem explicação, as árvores e arbustos que falam.

Completando o relato, trechos do diário da mãe de Henry. Uma história assustadora e surpreendente, exibida pela BBC em uma série televisiva, que mostra um jovem lutando para regressar de sua viagem pela loucura e uma família aprendendo a lidar com essa situação inesperada e aterradora.

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Editora: ‎Zahar

Lançamento: 1 de outubro de 2011

Capa: brochura

Páginas: ‎208

Dimensões: 22.86 x 14.99 x 1.02 cm

03 – O desafio da esquizofrenia (Itiro Shirakawa, Ana Cristina Chaves e Jari Mari)

O livro surgiu a partir de um programa de Esquizofrenia (PROESQ), criado há mais de 15 anos pelo corpo clínico do Departamento de Psiquiatria da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo - EPM-UNIFESP. Trata-se de uma equipe multidisciplinar integrada por psiquiatras, psicólogos e terapeutas ocupacionais. A obra escrita por essa galera fez tanto sucesso que já se encontra em sua 3ª edição.

Como se sabe, a esquizofrenia é distúrbio que atinge 1% da população mundial. Compromete a relação interpessoal do indivíduo e sua capacidade de trabalhar. Torna-o quase sempre dependente, surgindo daí as evidentes restrições à sua vida. O impacto da esquizofrenia na vida de seu portador não se limita a si próprio, estende-se a sua família, o que ocasiona situações de preocupação e angústia para todos.

A experiência clínica tem demonstrado que o melhor modo de evitar ou retardar os seus efeitos é o reconhecimento precoce de seus sintomas e o tratamento incisivo dos surtos psicóticos. Compreende-se, assim, a importância do presente trabalho para todos os envolvidos com o diagnóstico e o tratamento de esquizofrenia.

O Desafio da Esquizofrenia, 3ª edição, apresenta 3 Editores, 21 Colaboradores, 5 partes, 19 capítulos, num total de 242 páginas. O livro tem como público-leitor Psiquiatras, Psicólogos, Terapeutas Ocupacionais, Residentes em Psiquiatria e Pós-graduandos em Psicologia e Terapia Ocupacional.

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Editora: Atheneu

Lançamento: 6 de novembro de 2015

Capa: brochura

Páginas: ‎250

Dimensões: 25 x 17.2 x 1.8 cm

04 – A equoterapia aplicada no tratamento da esquizofrenia (Sabrina Lombardi Martinez Breslau)

A equoterapia ainda é considerada um método de tratamento terapêutico relativamente novo, sendo oficializado no Brasil ainda em 1997 - e ganhando espaço. O mais comum é a ajuda no tratamento de pessoas com problemas motores, causados tanto por acidentes quanto por problemas congênitos.

Nestes casos, a utilização do cavalo ajuda o paciente a desenvolver seu equilíbrio e o controle postural, através do “andar do animal”, que é considerado tridimensional, ou seja, para frente e para trás, para os lados e para cima e para baixo.

Mas um dos tratamentos envolvendo a equoterapia ainda pouco divulgado é o da esquizofrenia. Segundo a autora do livro A Equoterapia Aplicada ao Tratamento da Esquizofrenia, a fisioterapeuta Sabrina Martinez, o método ajuda o paciente no seu autocontrole.

A autora co0omenta que com a equoterapia, o esquizofrênico consegue manter o controle da mente e os surtos ficam bem mais espaçados. Segundo ela, o envolvimento do paciente com o animal também cria uma relação de afeto, ajudando o quadro clínico neste tipo de tratamento psiquiátrico.

Assim, ela propõe em seu livro, uma metodologia para o desenvolvimento de um programa de equoterapia voltado ao tratamento do esquizofrênico.

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Editora: Idéias & Letras

Lançamento: 12 de novembro de 2012

Capa: brochura

Páginas: ‎80

Dimensões: 20.8 x 13.6 x 0.6 cm

05 – Manu e o povo que mora na mente (Maria das Graças Pires)

A obra Manu e o Povo que Mora na Mente (Editora Autografia) é uma combinação de ficção e não-ficção. Inspirado na vida de duas pessoas esquizofrênicas acompanhadas pela autora e filósofa Maria das Graças Pires, o livro conta a história de Manu, um jovem que convive com a doença.

A autora relata que Manu teve várias crises, mas conseguiu mudar. Com a ajuda da família e da equipe médica, ele passou a compreender as suas crises. “Quando nós conversávamos, frequentemente Manu dizia para mim ‘o povo da mente está chegando’. Mas a partir do momento que ele foi dominando essas criaturas, conseguiu ter uma vida normal”, conta Pires.

A história de Manu, que entrelaça drama e humor, é um alerta a todos os seguimentos da sociedade, quando se trata de rótulos, de tabus, de crenças, dentre outros.

A outra jovem que inspirou a autora a escrever o livro tinha surtos a cada vez que ficava frustrada. “Ela dizia que tinha uma pessoa, geralmente uma mulher, a vigiando e que queria lhe fazer mal. Eles ficam nesse meio-termo entre o que é real e o que é imaginário”, relata. De acordo com a autora, a realidade é aquilo que é acordado em uma cultura. Quando alguém sai desses padrões, causa-se um certo estranhamento.

A filósofa conta ainda que, durante o tempo em que trabalhou com esquizofrênicos, uma das maiores dificuldades que ela observou foi a falta de entendimento e acolhimento por parte de quem os rodeia. Ela conclui dizendo que Manu e o Povo que Mora na Mente veio para conscientizar e promover uma reflexão sobre tais questões.

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Editora: Autografia

Lançamento: 2018

Capa: brochura

Páginas: ‎48

Dimensões: 21 x 14 x 0.4

06 - Entendendo a Esquizofrenia: Como a Família Pode Ajudar no Tratamento? (Leonardo Figueiredo Palmeira)

Podemos afirmar sem medo de errar que é voz unanime entre os psiquiatras que a família tem fundamental importância não só para o tratamento da esquizofrenia, mas também para todos os transtornos mentais, no sentido de não agir com preconceito, incentivar o tratamento e sempre ir às consultas para tirar dúvidas a respeito do manejo do quadro com os remédios e horários; e por aí afora. 

Quanto mais próxima a família estiver do paciente, entendendo como a esquizofrenia se comporta e quais são os cuidados necessários no dia a dia, maiores serão as chances do tratamento ter resultados satisfatórios. Esta filosofia é a vertente principal do livro de Leonardo Figueiredo Palmeira que ainda tenta lançar uma luz para os seguintes questionamentos: ‘É possível se recuperar da esquizofrenia?’, ‘o que os pacientes que se recuperaram têm a nos ensinar?’

O livro também traz o depoimento de várias pessoas que tem esquizofrenia e o que fazem para conviver com o problema.

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Editora: Interciência

Lançamento: 28 de agosto de 2013

Capa: brochura

Páginas: ‎286

Dimensões: 22.86 x 16 x 1.27

Espero que essas seis obras possam ajudar todas aquelas pessoas que de uma forma ou outra convivem com essa situação.

 

27 maio 2023

Oito clássicos de terror que você precisa ter em sua estante

Existem enredos que apesar de terem sido escritos há muitos anos, até mesmo em outros séculos, acabaram rompendo as barreiras do tempo tornando-se assim, atemporais. Enredos que merecidamente ganharam o “carimbo” de clássicos.

Para um livro se tornar um clássico, ele precisa marcar a literatura, nacional ou mundial, de alguma forma. Seja pelo formato, linguagem, narrativa, história, entre outros fatores. Os clássicos lançam novos olhares sobre os livros que lemos e o mundo em que vivemos. Um livro clássico é um livro considerado exemplar, ou seja, uma obra a servir de inspiração para outras futuras obras literárias. E se ele tiver sido escrito em outra época, o título de “clássico” se torna mais merecido ainda porque apesar da linguagem, dos costumes, enfim do contexto em que foi escrito e que difere totalmente dos tempos atuais, essa obra tem o poder de encantar e conquistar gerações futuras.

Enfim galera, clássico é clássico e ponto final. Tenho vários clássicos da literatura de terror em minha estante e volta e meia lá estou eu relendo-os. E confesso que a cada novo contato com esses livros tenho novas emoções. São enredos, cujas releituras não cansam; pelo contrário, se tornam cada vez mais prazerosas como um bom vinho de uma safra antiga que a cada ano que passa fica cada vez melhor.

Nesta postagem selecionei oito obras clássicas do gênero terror que não podem faltar em suas estantes. Livros fantásticos que apesar da época em que foram escritos acabaram se tornando atemporais por causa da qualidade de seus enredos.

01 – Frankenstein (Mary Shelley)

Lançamento: 1818

A autora britânica Mary Shelley revolucionou a literatura europeia ao escrever Frankenstein, um terror gótico pioneiro em experimentar as fronteiras do horror com a ficção científica. O romance foi considerado um clássico do estilo gótico romântico, que influenciou muitos escritores do século XX.

A história do monstro concebido de forma desumana, movido unicamente pela ambição de um cientista, foi publicada originalmente em 1818 quando a autora tinha apenas 20 anos. Considero Frankenstein um dos três pilares da literatura de terror juntamente com Drácula (Bram Stoker) e O Estranho Caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde (Robert Louis Stevenson).

Shelley conta a saga vivida por um médico chamado Victor Frankenstein que após ser resgatado do gelo do Ártico, passa a relatar ao Capitão Walton sua vida e tragédia, ou seja, como ele descobriu o segredo para trazer carne morta à vida e como ele criou um monstro com pedaços de cadáveres e que mais tarde se rebelou contra ele passando a persegui-lo.

02 – O estranho caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde (Robert Louis Stevenson)

Lançamento: 1886

Lançado em 1886, o impacto do romance escrito por Robert Louis Stevenson foi tanto que se tornou parte do jargão inglês, com a expressão "Jekyll e Hyde" usada para indicar uma pessoa que agia de forma moralmente diferente dependendo da situação.

OEstranho Caso do Dr. Jekyll e Mr. Hyde – lançado por algumas editoras com o título de O médico e o monstro - foi um sucesso imediato e uma das obras mais vendidas do autor escocês. Adaptações teatrais começaram a ser encenadas em Londres um ano após o seu lançamento.

O aclamado autor de literatura de terror, Stephen King considerou a obra um dos três grandes clássicos do gênero, sendo os outros dois: Frankenstein (Mary Shelley) e Drácula (Bram Stoker).

O enredo aborda a vida de dois personagens distintos que moram na cidade de Londres: o respeitável Dr. Henry Jekyll e o misterioso Edward Hyde. Eles têm seus destinos unidos por uma peculiar amizade. Cabe a Gabriel Utterson, advogado e amigo de Jekyll, desvendar o motivo pelo qual o bondoso doutor se associou à violenta figura de Hyde.

O Estranho Caso do Dr. Jekyll e Mr. Hyde tem aterrorizado e intrigado as pessoas há mais de um século e influenciado a cultura e o imaginário popular até os dias de hoje.

03 – Drácula (Bram Stoker)

Lançamento: 1897

Drácula é todo escrito no formato de epístolas, diários, telegramas e memorandos. Quem escreve essas cartas são os próprios personagens, o que a torna a história mais densa, conferindo-lhe um certo clima de realidade. Cara, e como essas epístolas provocam medo, aliás muito medo. Algumas delas, inclusive, chegam a ser perturbadoras como por exemplo, os diários de Jonathan Harker e do capitão de um navio chamado Demeter. Leiam, depois me digam se estou certo. 

O romance publicado em 1897 se tornou a pedra fundamental dos enredos literários e cinematográficos sobre vampiros.

Aqueles que ainda ouçam duvidar da importância do livro escrito por Stoker, basta citar que ele já foi adaptado para o cinema mais de 30 vezes, e seus personagens fizeram inúmeras aparições em praticamente todas as mídias.

O Conde Drácula criado pelo autor é o primeiro personagem que vem à mente quando as pessoas discutem vampiros. Este clássico do gênero terror conseguiu reunir folclore, lenda, ficção vampírica e as convenções do romance gótico.

Sem dúvida nenhuma, um sucesso literário atemporal.

04 – A lenda do cavaleiro sem cabeça (Washington Irving)

Lançamento: 1820

A história é uma das mais antigas da ficção norte-americana. A partir da lenda de um homem decapitado montado em seu cavalo, tradicional referência no antigo folclore europeu, Irving estruturou a obra A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça considerada uma das primeiras histórias de fantasmas da literatura dos Estados Unidos.

Ainda que sua aparição inicial tenha acontecido no século XIX, há 202 anos, o cavaleiro sem cabeça criado por Irving gerou um grande impacto cultural que continua ecoando nas mídias artísticas, seja no cinema, teatro e na literatura. Dentre as variadas versões inspiradas no conto, evidenciam-se o filme mudo “The headless horseman” (1922), a animação da Disney “As aventuras de Ichabod e Sr. Sapo” (1949) e a adaptação cinematográfica de 1999, dirigida por Tim Burton.

No romance escrito por Irwing, o leitor encontra suspense, terror, intrigas e comicidade. E tudo isso, em pouco mais de 70 páginas com ilustrações.

05 – O exorcista (William Peter Blatty)

Lançamento: 1971

Não tem como deixar O Exorcista fora dessa lista. Tudo bem que o livro não foi escrito no século 18 ou 19, mas nem por isso deixou de influenciar as gerações dos anos 70, 80, 90 e 2000. Este clássico da literatura de terror vendeu 13 milhões de exemplares e conseguiu mudar a cultura pop para sempre.

O enredo escrito por Blatty deu origem ao maior filme de terror do século XX. Quatro décadas após chocar o mundo inteiro, o livro permanece uma metáfora moderna do combate entre o sagrado e o profano, em um dos romances mais macabros já escritos.

O mal assume várias formas. Seja com monstros, fantasmas ou demônios, tanto a literatura quanto o cinema sempre foram bem-sucedidos em representar a essência do nosso lado mais reprovável. O exorcista, no entanto, conseguiu superar qualquer outra obra do gênero. Inspirado no caso real do exorcismo de um adolescente, o escritor William Peter Blatty publicou em 1971 a perturbadora história de Chris MacNeil, uma atriz que sofre com inesperadas mudanças no comportamento da filha de 11 anos, Regan. Quando todos os esforços da ciência para descobrir o que há de errado com a menina falham e uma personalidade demoníaca parece vir à tona, Chris busca a ajuda da Igreja para tentar livrar a filha do que parece ser um raro caso de possessão. Cabe a Damien Karras, um padre da universidade de Georgetown, salvar a alma de Regan e ao mesmo tempo tentar restabelecer a própria fé, abalada desde a morte da mãe. Neste livro, Blatty conseguiu dar ao demônio a sua face mais revoltante: a corrupção de uma alma inocente. A menina Regan é, ao mesmo tempo, o mal e sua vítima. Ela recebe a pena e a revolta de leitores e espectadores em doses equivalentes e, mesmo quarenta anos depois, seu sofrimento e o abismo entre o que ela era e o que se torna continuam atormentando os leitores a cada página, a cada cena.

06 – A volta do parafuso (Henry James)

Lançamento: (1898)

A Volta do Parafuso lançada em 1898 foi publicada inicialmente no formato de folhetim, com edições semanais no jornal da revista Collier. A  obra do escritor britânico Henry James foi uma das precursoras do “terror de fantasmas”, além de ser classificada como uma das primeiras novelas, já que era curto demais para ser um romance e longo demais para um conto.

Foi adaptada diversas vezes, em programas de rádio, cinema e televisão, incluindo as talvez mais conhecidas, a peça da Broadway em 1950 e o filme de 1961, “Os Inocentes”, dirigido por Jack Clayton, com Deborah Kerr e Michael Redgrave. Sendo uma história de tamanha importância para a literatura de terror, não é de se espantar que muitas adaptações tenham sido feitas a partir ela.

Este clássico do terror conta a história de uma governanta que é contratada para cuidar de duas crianças em uma grande casa inglesa. Até que ela descobre que a casa é frequentada por fantasmas. O suspense aumenta quando a gvernanta começa a desconfiar que as crianças, de uma beleza mais que terrena e bondade absolutamente incomum, não só enxergam esses espíritos, como também convivem com eles.

07 – A assombração na casa da colina (Shirley Jackson)

Lançamento: 1959

A Assombração na Casa da Colina é considerada por leitores e críticos uma das melhores histórias de terror do século XX. Vista por mestres como Stephen King e Neil Gaiman como a rainha do terror, Shirley Jackson entrega um livro perturbador sobre a relação entre a loucura e o sobrenatural. 

A história segue um grupo de indivíduos que participam de um estudo paranormal de uma mansão supostamente mal-assombrada. O romance, que intercala fenômenos sobrenaturais com psicologia, tornou-se um exemplo respeitado pela crítica de história de casa mal-assombrada.

A Assombração na Casa da Colina foi transformada em dois longas-metragens e uma peça de teatro, além de servir de base para uma série da Netflix .

Durante sua carreira literária, com duração de mais de duas décadas, Jackson lançou seis livros, duas memórias e diversos contos. Infelizmente, ela veio a falecer cedo, aos 48 anos de idade.

08 – Histórias Extraordinárias (Edgard Allan Poe)

Lançamento: 1845

A maior prova de que Edgard Alan Poe se tornou um ícone da literatura de terror é que apesar de ser sido um homem do século 18, vive até hoje na mente da maioria dos leitores que são fãs do gênero. 

Nos últimos dois séculos, o nome de Edgar Allan Poe se tornou sinônimo de histórias de mistério, seja o suspense detetivesco (seu personagem Auguste Dupin inspirou a criação de ninguém menos que Sherlock Holmes), sejam as narrativas de teor sobrenatural, chegando a flertar em alguns textos com a ficção científica. Sua mente altamente inventiva perscrutou os limites da mente humana, as fronteiras entre a lucidez e a insanidade.

HistóriasExtraordinárias traz uma coletânea com catorze dos mais célebres textos do grande mestre da narrativa breve: A queda da casa de Usher, Os assassinatos da rua Morgue, O mistério de Marie Rogêt, A carta roubada, Enterrado vivo, O barril de Amontillado, O gato preto, O poço e o pêndulo, O retrato oval, A máscara da morte rubra, Berenice, Eleonora, Ligeia e Morella.

E isso aí galera? Gostaram de algum ou de alguns? Então, escolham o seu e boa leitura, acompanhada de bons calafrios.

21 maio 2023

A Grande Ilusão

Há livros cujos enredos te embaçam, enrolam, enfim, jogam os leitores num poço profundo de divagações. E quando a leitura já está um saco, desacelerando o nosso prazer, eis que nos últimos capítulos a história sofre aquele “boom” - como se estivesse numa UTI quase nas últimas e perto de sucumbir, de repente, recebe uma injeção de adrenalina voltando à vida. Deixando, ou melhor não deixando, a semântica de lado, acredito que essa é a melhor definição para A Grande Ilusão de Harlan Coben, obra que está bombando no Skoob, recebendo rasgados elogios, e que já vendeu mais de 75 milhões de exemplares em todo o mundo.

Logo no início, Coben joga no colo do leitor um plot fodástico com o poder de fisgar e prender a nossa atenção, mas com o virar das páginas esse plot vai se diluindo por causa das divagações do autor. A impressão que fica é que Coben tinha nas mãos um enredo excelente, mas... com o fôlego curto,  por isso precisava encher linguiça para que o livro não ficasse com um número de páginas abaixo do proposto. Juro que fiquei com essa impressão.

O detalhismo na descrição de várias cenas cansa o leitor. Por exemplo, as minucias na descrição de como se limpa uma arma ou então os diálogos com temas secundários e sem interesse entre alguns personagens. Tudo isso faz com que os leitores fiquem displicentes ao longo da leitura. Mas, então, vem aqueles capítulos finais que deixam a galera elétrica, não lendo mas devorando as páginas.

Explicando tudo isso na prática, basta dizer que demorei mais de uma semana para ler grande parte do livro – tipo, leitura a conta gotas – por outro lado, quando a história estava perto do final, eu não conseguia largar o livro por nada nesse mundo.

A Grande Ilusão narra a saga de Maya Stern, uma ex-piloto de operações especiais do exército americano que voltou recentemente da guerra. Um dia, ela vê uma imagem impensável capturada pela câmera escondida em sua casa: a filha de 2 anos brincando com Joe, seu falecido marido, brutalmente assassinado duas semanas antes.

Tentando manter a sanidade, Maya começa a investigar, mas todas as descobertas só levantam mais dúvidas. E é, justamente, a partir desse momento que começa a encheção de linguiça. As investigações de Maya, no início, são muito improdutivas e sem surpresas para os leitores. A ausência de plots twists, por menores que sejam, acabam empacando a história. Coben só começa a abrir a “torneira dos plot twists” nos últimos capítulos quando a personagem começa a desvendar os segredos desse mistério: estaria o seu marido morto, de fato, ou não?

Conforme os dias passam, Maya percebe que não sabe mais em quem confiar, até que se vê diante da mais importante pergunta: é possível acreditar em tudo o que vemos com os próprios olhos, mesmo quando é algo que desejamos desesperadamente?

Após vocês terem lido essa resenha, imagino que a pergunta que fica no ar é a seguinte: “Afinal, vale a pena a leitura de A Grande Ilusão? Sim, vale; mas desde que você tenha paciência com a enrolação que caracteriza grande parte da história. ‘Digo’ isso porque os capítulos finais são frenéticos e com um plot final incrível.

 

17 maio 2023

Apocalipse Z – A Ira dos Justos (Livro III)

Apoteótico. É dessa forma que defino os últimos capítulos de A Ira dos Anjos, livro que encerra a trilogia Apocalipse Zumbi do escritor espanhol Manel Loureiro. E bota apoteótico nisso! Cara, achei incríveis as descrições da batalha envolvendo os ‘Justos’ contra os ‘Milicianos’. Mas quem são os Justos? Quem são os ‘Milicianos’? Se eu responder, com certeza, darei spoilers e quebrarei o ‘climaço’ desse conflito que já entrou para a minha lista de batalhas literárias épicas.

A Ira dos Justos supera com quilômetros de vantagem os dois livros anteriores da saga – O princípio do fim e Os dias escuros. Um dia desses, certo amigo me perguntou o que eu achava da trilogia de Loureiro. Eu lhe respondi que via a saga numa curva ascendente ou seja, começou devagar em primeira marcha, depois passou para uma terceira e finalmente terminou a sua jornada em sexta marcha. Por isso mesmo, acredito que essa trilogia muito elogiada pelos leitores e que nasceu de um blog, quebrou um velho paradigma de histórias escritas em série. Explico melhor: geralmente, os livros intermediários ou finais de trilogias, quadrilogias ou sagas não conseguem manter o ritmo do primeiro livro, aquele que abre a narrativa. Com Apocalipse Zumbi foi diferente e o seu terceiro volume deu um banho nos dois primeiros livros.

Além da batalha épica que toma conta dos últimos capítulos, o enredo apresenta momentos de tensão que mexem com os nervos dos leitores. Uma das passagens mais tensas envolve o transporte de um grande grupo de pessoas condenadas num vagão de trem. Neste momento, explode uma rebelião mudando o destino do personagem central, conhecido apenas por “advogado”.

Outro trecho tenso envolve a luta do advogado pela sua sobrevivência no instante em que  está abandonado numa região inóspita quase entregue às baratas e ainda enfrentando um grave problema. Estes momentos de tensão e ação fazem com que você passe a devorar as páginas, não conseguindo largar o livro.

Quero destacar também os personagens carismáticos criados pelo autor espanhol. Além do trio de protagonistas, outros personagens também conseguem prender ao máximo a atenção dos leitores como é o caso do reverendo Greene e de seu misterioso joelho – sempre antes de acontecer uma tragédia, o reverendo sente dores no joelho. Se a tragédia for grande, a dor é excruciante; se for pequena, a dor é menor – do psicopata Malachy Grapes; do rebelde Carlos Mendonza, mais conhecido por ‘Gato Mendonça’, do coronel chinês Hong e, claro, do incrível gato Lúculo.

‘Entonce’, se no primeiro livro faltou personagens, em A Ira dos Justos, o autor abriu as comportas e liberou uma batelada deles para a nossa felicidade.

Neste terceiro livro que fecha a série que começou com uma pandemia que transformou a população em zumbis, a civilização não existe mais. Em todo o mundo não há mais internet, televisão, celulares, instituições e estados. Além disso, os alimentos são escassos e não há nada que lembre as pessoas de que elas são seres humanos. Nesse mundo, elas se dividem em pequenos grupos.

Ao chegarem a uma comunidade aparentemente segura, o advogado e seu inseparável gato Lúculo, Viktor Pritchenko e Lúcia estranham a nova forma de organização social, algo não está certo, mas então já é tarde demais.

Gostei muito da leitura.

11 maio 2023

10 livros de terror psicológico que merecem ser lidos

O chamado “terror psicológico” está cada vez mais na moda com um número cada vez maior de adeptos. São leitores que apreciam uma boa história que provoque medo, mas um medo sutil, daquele que brota da vulnerabilidade da mente humana. São histórias que nos fazem refletir sobre medos mais profundos e até mesmo imaginários sem a necessidade da escatologia ou então de monstros, mortos vivos, sangue e vísceras espalhadas pelo chão e paredes. Neste gênero literário nada desses artifícios é necessário para cutucar os nossos nervos e provocar calafrios. 

Muitas vezes o terror psicológico consegue um resultado até melhor, deixando os leitores com aquele medo ilusório de uma porta rangendo ou então da sensação de passos lhe seguindo enquanto você atravessa uma rua escura perto de um cemitério. Acho que é por aí.

Este tipo de obra costuma fazer muito sucesso, além de também receber adaptações para o cinema e séries. Com certeza muitos leitores do “Livros e Opinião” são fãs desse subgênero do terror. Por isso, na postagem de hoje selecionei dez livros com essas características para que os fãs do chamado “terror psicológico” possam se deliciar. Vamos a eles!

01 – A assombração da casa da colina (Shirley Jackson)

A Assombração da Casa da Colina é uma história de casa mal assombrada diferente porque os fantasmas da tal casa estão na mente das pessoas. Considerada a rainha do terror por mestres como Stephen King e Neil Gaiman, Shirley Jackson cria uma obra perturbadora sobre a relação entre a loucura e o sobrenatural.

A história se inicia quando Eleanor, uma jovem sozinha no mundo recebe um convite do Dr. Montague para passar um tempo na Casa da Colina, propriedade conhecida por aparições fantasmagóricas. O convite ainda é feito a Theodora e Luke, o herdeiro da mansão. Contudo, com o passar do tempo, os três se dão conta de que não se trata apenas de uma aventura entre amigos, já que a sanidade e a vida de todos estão em perigo.

A obra é avaliada com 4,4 de 5 estrelas e recebe muitos elogios em relação à história e à edição. O livro publicado pela editora Suma em 2018 possui 240 páginas. A versão em Kindle está disponível por cerca de R$ 34,90, já a edição em capa comum é vista a partir de R$ 45,50. Quanto a edição em capa dura parece que está esgotada, mas quem sabe com um pouco de sorte você ainda possa encontra-la em algum sebo. Taí escolham a sua edição – de acordo com o seu gosto – e divirtam-se. Ah! Em tempo: A obra inspirou a série da Netflix “A Maldição da Residência Hill”.

02 – Menina má (William March)

O livro de William March narra a história de Rhoda Penmark, uma garotinha adorável. Com oito anos é organizada, se arruma sozinha, tem uma linda covinha quando sorri e é uma aluna estudiosa e assídua na escola. É adorada por todos os vizinhos, que a mimam, lhe dão presentes, abraçam, sorriem e elogiam sua mãe pelo primor de criança que ela teve a sorte de ter.

Mas na realidade, Rhoda é uma excelente atriz, manipuladora, fria e calculista. Suas demonstrações de afeto são sempre calculadas, premeditadas, especialmente quando quer alguma coisa. Sua mãe quebra a cabeça, tentando entender a filha e suas atitudes, mas não imaginava que algo tão sério pudesse acontecer quanto o que houve num piquenique promovido pela escola onde a filha estudava.

A pergunta que fica no ar é a seguinte: “será a maldade uma espécie de semente que carregamos dentro de nós, capaz de brotar mesmo na mais adorável das crianças”? Há 68 anos, Menina má faria com que milhões de leitores discutissem apaixonadamente essa questão.

Em 2016 a DarkSide Books resolveu relançar a obra em capa dura e revestida de todo o luxo que já se tornou uma marca registrada daquela editora.

Publicado originalmente em 1954, Menina má se transformou quase imediatamente em um estrondoso sucesso. Polêmico, violento, assustador eram alguns adjetivos comuns para descrever o último e mais conhecido romance de William March.

03 – Assim na terra como embaixo dela (Ana Paula Maia)

Pelas opiniões que eu pude verificar nas redes sociais, quem leu adorou; melhor ‘dizendo’: amou. Cara, a obra da escritora e roteirista carioca Ana Paula Maia é só elogios; mas todo tipo: “rasgados” elogios.

Assim na Terra como Embaixo da Terra promete um enredo eletrizante e levanta questões sobre o sistema carcerário brasileiro. A história se passa em uma colônia penal, planejada para que nenhum preso fuja. O que muitos não sabem é que o local esconde um histórico tenebroso de tortura de escravos, além de assassinatos.

Com o passar dos anos, a colônia, que tinha o objetivo de ressocializar os presos, transformou-se em um campo de extermínio. Os poucos homens que ainda estão ali passam a viver um pesadelo quando o agente superior, Melquíades, começa a liberar alguns presos em noite de lua cheia e os caça como se fossem animais. Os presos, cada qual com sua história, estão sempre planejando a própria fuga, sem saber se vão acabar mortos pelos guardas ou pelo que os espera do lado de fora da Colônia.

Críticos e leitores classificam a obra como impactante e necessária, que nos leva a olhar para aqueles indivíduos a quem restam somente o trabalho que ninguém quer fazer e o desprezo da sociedade.

O livro lançado em 2017 pela editora Record já está em sua 5ª edição. E o tipo de enredo para se ler num único dia, numa taca só. Os motivos? Além de viciante, tem apenas 144 páginas.

04 – Terra amaldiçoada (Douglas Lobo)

Taí mais um autor brasileiro com uma obra do gênero terror psicológico muito elogiada. Terra amaldiçoada de Douglas Lobo é muito parecido com o livro de Ana Paula Maia já descrito acima. Ele é curto – somente 146 e enredo viciante. Os elogios nas redes sociais são muitos.

Em Terra amaldiçoada conhecemos o personagem Fabrício Machado que  demitido de seu emprego em São Paulo retorna a sua terra natal, no interior do Piauí. Ali, espera reavaliar sua vida para decidir o rumo a seguir. Logo, porém, ele descobre que o ambiente rural arcaico onde cresceu está em extinção. O progresso chegou, ameaçando sua fazenda, sua família e todo um modo de vida.

Quando uma série de assassinatos começa a ocorrer, Fabrício desconfia que uma presença sobrenatural assombra sua terra. Uma força aterrorizante que não cessará de matar até que se vingue do mundo que a criou.

Se você gosta de um bom terror psicológico, cheio de tensão e reviravoltas, e com um final surpreendente, Terra amaldiçoada é o livro certo. Lançado em 2015, trata-se de uma obra independente.

05 – O Estranho Caso do Dr. Jekyll e Mr. Hyde (Robert Louis Stevenson)

Escrever o que desse clássico? Um dos livros mais famosos do mundo. Leitura obrigatória para aqueles que curtem o gênero terror psicológico. 

O Estranho Caso do Dr. Jekyll e Mr. Hyde foi uma obra pioneira no século XIX ao abordar o Transtorno Dissociativo de Identidade conhecido popularmente como “Dupla Personalidade”. Esta condição mental em que um único indivíduo demonstra características de duas ou mais personalidades ou identidades distintas, cada uma com sua maneira de perceber e interagir com o meio, só passou a ser abordada em livros, novelas e filmes ‘uma légua’ de anos depois. Podemos dizer que Stevenson foi o grande desbravador do tema. Ele teve coragem suficiente para adapta-lo numa história de ficção em uma época não muito propícia para esse tipo de abordagem.

Em 1886, o impacto do romance escrito por Stevenson foi tanto que se tornou parte do jargão inglês, com a expressão "Jekyll e Hyde" usada para indicar uma pessoa que agia de forma moralmente diferente dependendo da situação. O Estranho Caso do Dr. Jekyll e Mr. Hyde foi um sucesso imediato e uma das obras mais vendidas do autor escocês.

Stevenson conta a história de um respeitado médico que desenvolve uma relação estranha com um homem sórdido, de aparência grotesca. Os amigos do médico começam a desconfiar de que ele seja vítima de chantagem. Empenhados em ajudar Dr. Jekyll, os seus amigos começam a investigar os vínculos entre os dois homens. Essa, no entanto, é apenas a dimensão superficial deste clássico do horror psicológico. Há algo que torna a história mais assustadora: a sua dimensão alegórica, que faz ver a maldade até mesmo no seio da bondade, e o monstruoso surgir da mais plácida aparência humana.

06 – Psicose (Robert Bloch)

Olha aí outro superclássico do gênero terror psicológico pintando em nossa lista. À exemplo de O Estranho Caso do Dr. Jekyll e Mr. Hyde, a obra de Robert Bloch conquistou multidões e se tornou num dos maiores clássicos do cinema em 1960 dirigido pelo antológico Alfred Hitchcock. A produção cinematográfica que teve nos papéis principais Anthony Perkins e Janet Leigh, a exemplo do livro lançado originalmente em 1959, entrou para a galeria das produções memoráveis.

Em 2013, a Darkside relançou Psicose em brochura e capa dura. As duas edições que bombaram em vendas ainda podem ser encontradas nas livrarias. O enredo foi inspirado livremente no caso do assassino de Wisconsin, Ed Gein. O protagonista Norman Bates, assim como Gein, era um assassino solitário com o hábito de se vestir como mulher e que vivia em uma localidade rural isolada, onde construiu um santuário para a sua mãe dominadora.

E importante frisar que o livro, junto com o filme de Hitchcock, tornou-se um ícone do horror, inspirando um número sem fim de imitações inferiores. Assim como a criação de Bloch, o esquizofrênico violento e travestido Bates, tornou-se um arquétipo do horror incorporado a cultura pop.

07 – Na escuridão da mente (Paul Tremblay)

Na escuridão da mente foi escrito por Paul Tremblay, professor de matemática durante o dia e escritor à noite. Traduzido para sete idiomas, a obra venceu os prêmios Bram Stoker Award (2015) e Massachusetts Book Award (2016). Em pouco tempo, tornou-se um grande sucesso de vendas no Brasil, encontrando-se atualmente, em sua terceira edição.

Em A escuridão da mente, a vida dos Barrett, uma família como qualquer outra, é virada do avesso quando Marjorie, de 14 anos, começa a demonstrar sinais de esquizofrenia aguda. Quando os médicos se mostram incapazes de deter os acessos bizarros e o declínio da sua sanidade, o lar se transforma em um circo de horrores, e os Barrett se veem recorrendo a um padre da região.

Acreditando que seja um caso de possessão demoníaca, padre Wanderly sugere um exorcismo e entra em contato com uma produtora que está ávida para documentar tudo aquilo. Com o pai de Marjorie desempregado e as dívidas se acumulando, a família hesitantemente aceita, sem imaginar que a possessão se tornaria um sucesso imediato... justamente devido à tragédia que dali irrompe.

Quinze anos depois, uma autora best-seller entrevista Merry, a irmã mais nova de Marjorie. Ao se recordar dos acontecimentos de sua infância, memórias dolorosas e segredos há muito enterrados entram em conflito com o que passou na televisão.

08 – O vilarejo (Raphael Montes)

O Vilarejo é um livro composto por 7 contos; cada conto vai abordar um pecado capital e cada um desses pecados possui o nome de um demônio que foi responsável por invocar esse pecado nos seres humanos.

O livro se inicia com um misterioso manuscrito antigo que é recebido por um rapaz que tenta decifrá-lo. As histórias narradas nesse manuscrito se passam em um vilarejo isolado do mundo, cujo os moradores estão passando fome e muito frio por causa do inverno.

Cada um dos sete contos do livro de Raphael Montes representa um pecado capital, todos eles cometidos pelos moradores desse vilarejo localizado num lugar distante.

As narrativas exploram as profundezas mais sombrias da alma dos habitantes desse local numa velha disputa entre o bem e o mal, a vida e a morte, a tentação e a salvação.

Apesar de serem sete narrativas diferentes, a medida em que o leitor vai lendo todos os contos, eles vão se transformando numa única história e com um final que “amarra” tudo, não deixando nenhuma ponta solta. Por isso, aconselho que – apesar de serem histórias independentes - os sete contos sejam lidos na sequência.

Cada um dos sete contos tem duas ilustrações, sendo uma no início e outra no final com detalhes atinentes à narrativa. Uhauuu!! Fantásticas! Parabéns Marcelo Damm.

09 – Misery: louca obsessão (Stephen King)

Acha que eu iria deixar o mestre do terror e suspense fora dessa lista? Nem pensar, né? Alguns críticos reputam Misery: Louca Obsessão como um dos melhores ou até mesmo o melhor livro de Stephen King. Li a obra e amei. Um baita livro de terror psicológico! O enredo de King, inclusive, se transformou num filme de grande sucesso em 1990 com Kathy Bates e James Caan. Trata-se uma história chocante sobre o impacto da ficção em uma mente obsessiva e a angústia do aprisionamento.

King narra a saga – e que saga! – do personagem Paul Sheldon, um escritor famoso, reconhecido por uma série de best-sellers protagonizados pela mesma personagem: Misery Chastain. Annie Wilkes é uma enfermeira aposentada, leitora voraz e obcecada pela história de Misery. Quando Paul sofre um acidente de carro em uma nevasca, ele é resgatado justamente por Annie, e esse encontro entre fã e autor é o ponto de partida de uma das tramas mais aterrorizantes de Stephen King.

Insatisfeita com o final do último livro da série, a fã isola o autor debilitado em um quarto em sua casa. Com torturas, ameaças e uma vigilância persistente, ela faz de tudo para obrigá-lo a reescrever a narrativa com o final que ela considera apropriado.

Annie Wilkes é considerada por muitos leitores e cinfélios como uma das vilãs mais assustadoras e complexas do universo King.

10 – O paciente (Jasper DeWitt)

Fecho a lista com esse livro do escritor americano Jasper DeWitt que se tornou uma verdadeira coqueluche entre os leitores desse gênero literário. 

O Paciente conta a história do jovem médico Parker H., um residente de psiquiatria que chega ao manicômio de New England e recebe o caso de Joe, um paciente que está no hospital desde os 6 anos e vive isolado do mundo por ser considerado uma ameaça.

Joe não tem um diagnóstico preciso, mas todos os que tentam tratá-lo se tornam loucos ou tiram a própria vida. O caso aguça o jovem médico, que consegue ir mais longe do que os outros profissionais anteriores, mas isso terá um preço para Parker.

O estilo narrativo remete à obra Frankenstein, da autora Mary Shelley (1797 - 1851), pois se desenrola através dos relatos do doutor Parker feitos em posts de um blog destinado aos médicos. A publicação é de 2021 pela editora Planeta Minotauro. Vale muito a leitura.

Taí galera! Espero que essa lista possa auxiliar todos os leitores que amam o gênero terror psicológico.

Inté!

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