30 agosto 2025
Oito livros infantis que encantaram as crianças dos anos 70 e 80; além... de mais uma divagação
Praticamente 10 dias sem postar nada, né galera? Foram
10 dias ‘complicated’ com alguns elementos propícios para formar a chamada
“tempestade perfeita”, aquele tipo de tempestade que enfrentamos em
determinados períodos das nossas vidas – algumas pessoas com mais frequência e
outras com menos. Pois é, a minha tempestade perfeita veio nesses dez dias
quando acumularam problemas de saúde e também no trabalho formando uma
conjunção de fatores que travaram os ponteiros do meu relógio.
Até pensei em parar com o blog, mas depois de uma
conversa com Lulu – sempre ela, né pessoal? – chegamos a conclusão que esse não
seria o melhor caminho a seguir. – O blog é a sua válvula de escape, justamente
nesses momentos. Ele não atrapalha, pelo contrário; ele ajuda e muito. Você
escreve sobre o que mais gosta e, isso, é o sol nos períodos de tempestade –
disse ela. – Além disso, pense nos seus seguidores; poucos mas fiéis, sempre
acompanhando as suas postagens - concluiu.
Obrigado Lulu, mais uma vez; você tinha toda a razão. Depois
desse papo, o hábito pela leitura e o ânimo para criar uma nova postagem foi
voltando aos poucos, bastando para isso, dar um tempo nos problemas, pegar um
livro e iniciar a sua leitura. Já a vontade de escrever retornou aos poucos,
como um carro antigo com o motor frio que reluta em pegar, mas quando pega,
consegue rodar centenas de quilômetros; o meu pegou. E cá estou eu.
Sempre tiramos lições das nossas “tempestades
perfeitas”; e a lição que eu e Lulu tiramos da nossa – principalmente da minha
tempestade – é que a nossa cruz é leve em comparação com as cruzes de outras
pessoas. Acho que é por aí... sempre vamos encontrar alguém com cruzes mais
pesadas do que as nossas (alguns até com cruzes de concreto - rs). Não vejo
isso como conformismo, mas como realidade.
Mais uma vez, obrigado Lulu e obrigado ao meu Deus
lindo e maravilhoso que sempre indica os melhores caminhos que devemos seguir
para deixarmos para trás as nossas tempestades.
Bem galera, na realidade pretendia fazer desse post
uma divagação, mas pensando melhor, vou aproveitar e engatar um assunto
literário porque acredito que a maioria dos nosso seguidores querem ler postagens
sobre livros e não sobre momentos de minha vida, afinal o “Livros e Opiniões” é
um blog literário.
Portanto, vamos lá. Na semana passada enquanto
organizava alguns livros antigos, acabei descobrindo vária preciosidades que
marcaram a minha infância. Obras que trouxeram uma nostalgia gostosa demais;
entre elas, A Horta do Juquinha e As Aventuras de Robson Crusoé. Elas foram
o ponto de partida para a produção desse post. Por “falar” nisso, vocês não
acham emocionante apresentar um livro novo para uma criança e ver seu
encantamento e envolvimento com a história? Agora imaginem encontrar um livro
que fez parte da sua infância, além de ter marcado várias gerações?!
Neste texto selecionei 8 livros infantis que marcaram
as gerações de leitores dos anos 70 e 80. Quem sabe você não tenha devorado
alguns deles na sua infância. Vamos a lista.
01
– A Horta do Juquinha (Renato Sêneca
Fleury)
Apesar de ter lido esse livro com oito ou nove anos,
até hoje o trago guardado em meu armário. A pequena obra do educador, pedagogo
e poeta Renato Sêneca Fleury, com certeza, contribuiu para criar em milhares de
crianças o gosto pela leitura.
No meu caso, foi graças à estória do pequeno Juquinha
e de sua famosa horta que descobri, precocemente, a magia dos livros. Apesar de
curto, apenas 28 páginas, o texto de Fleury consegue seduzir qualquer criança.
Além do mais, as ilustrações são fantásticas e tem o poder de mexer com o
subconsciente do leitor mirim, fazendo com que ele realize uma viagem no mundo
de Juquinha.
O enredo simples, mas que encantou milhares de
“adultos de hoje-crianças de ontem” conta a história de um garoto chamado
Juquinha que resolve fazer uma horta no seu quintal. Para isso capina, prepara
os canteiros, semeia, cuida e colhe hortaliças.
Fantástico! É muita nostalgia!
02
– Robson Crusoé (Daniel Defoe)
Lida por milhões de crianças e jovens, a história de
Robinson Crusoé é uma exaltação do espírito de aventura, e transmite uma visão
otimista do ser humano. Certamente, muitas crianças e jovens se encantaram com
o enredo escrito por Daniel Defoe. Eu fui um desses jovens.
Lí As Aventuras
de Robson Crusoé nos meus 10 ou 12 anos de idade e até hoje trago guardada
na mente essa recordação especial.
Defoe narra a saga do jovem marinheiro inglês Robinson
Crusoé, o único sobrevivente de um naufrágio. Ele consegue chegar a uma ilha
deserta do Caribe onde durante mais de 27 anos é obrigado a enfrentar as
dificuldades de uma existência primitiva.
O livro publicado originalmente em 1719 aborda numa
linguagem acessível temas como autossuficiência, fé e as relações de poder
entre colonizador e colonizado.
03
- Coleção Monteiro Lobato (Monteiro Lobato)
Tenho quase a certeza de que 9 em cada 10 leitores que
estiverem lendo esse post, quando crianças, já pegaram em mãos essa coleção de oito
livros em capa dura, tamanho A 4 e ricamente ilustrados, escrito por Monteiro
Lobato. Uma coleção, de fato, antológica.
A série literária com as aventuras contagiantes de
Emília, Pedrinho, Narizinho, Visconde de Sabugosa, Dona Benta e Cia foi lançada
nos anos 70 pela editora Brasiliense.
Monteiro Lobato criou um universo para a criança
enriquecida pelo folclore, buscou o nacionalismo na ação das personagens que
refletiam na brasilidade, na linguagem, comportamentos e na relação com a
natureza. Um de seus personagens que representa o mesmo ideal dos contadores de
história da antiguidade, por exemplo, Visconde de Sabugosa, que é o intelectual
contador de histórias.
Sem dúvida, Monteiro Lobato criou uma obra
diversificada, com personagens que unificam o universo ficcional. No Sítio do
Picapau Amarelo, vivem Dona Benta, Tia Nastácia, Tio Barnabé (personagens
adultos) que orientam as crianças (Pedrinho e Narizinho), bem como outras
criaturas fantásticas que vivem no sítio, como: Emília, Visconde de Sabugosa,
Quindim e Rabicó. Todos eles estão presentes nessa coleção marcante de oito
livros da editora brasiliense publicada originalmente em 1970.
04
– A Ilha Perdida (Maria José Dupré)
Muitas crianças e adolescentes dos anos 70 e 80
adquiriram o gosto pela leitura graças a uma coleção de livros lançada pela
Editora Ática, a Coleção Vaga-Lume.
Devorei várias histórias dessa série literária em minha infância quando estava
próximo de ingressar na minha puberdade.
Um dos livros da Vagalume
que marcou a minha infância e acredito que a infância de muitos leitores do
blog foi A Ilha Perdida da escritora
brasileira Maria José Dupré que também assinou algumas de suas obras como Sra.
Leandro Dupré.
Com uma narrativa envolvente e cheia de suspense, A
Ilha Perdida desperta no leitor a emoção das grandes expedições, incentivando o
gosto pela leitura e pelo espírito aventureiro. Além disso, o livro traz
reflexões importantes sobre a relação do ser humano com a natureza e a
necessidade de preservação ambiental.
Este clássico da literatura juvenil brasileira narra
as peripécias de Eduardo e Henrique, dois garotos em férias na casa do
padrinho, que resolvem explorar uma ilha e acabam descobrindo que ela é
habitada por um estranho eremita. A narrativa ágil, enfática na ação e no
suspense, fisga o leitor logo nas primeiras páginas. Lançado há mais de 40 anos.
05
– A Ilha do Tesouro (Robert Louis Stevenson)
O livro do escocês Robert Louis Stevenson é leitura
obrigatória para crianças e adolescentes há gerações. A Ilha do Tesouro foi outra obra que mercou a minha infância.
Publicado originalmente em fascículos, entre 1881 e
1882, na revista infantil Young Folks, A
Ilha do Tesouro é uma trama sobre piratas, viagens marítimas e mapas que
apontam fortunas escondidas. Sua primeira edição como livro ocorreu logo
depois, em novembro de 1883.
A obra foi responsável por popularizar o papagaio no
ombro, o “X” do mapa do tesouro, a perna de pau e as batalhas épicas nos navios
piratas. Sem dúvida, um dos maiores clássicos da literatura infantojuvenil, o
livro conquistou o imaginário popular e tornou-se um ícone da literatura
mundial, chegando a ser adaptado para o cinema.
Afinal, me respondam qual é a criança que não gosta de
um livro de aventura e de uma boa história de pirata?
06
– O Pequeno Príncipe (Antoine Saint-Exupery)
O
Pequeno Príncipe é uma novela elegantemente ilustrada
sobre um menino que parte em uma jornada para visitar outros planetas,
abordando temas que vão do amor e da solidão à amizade e à perda. A história
continua popular em todo o mundo, atraindo crianças e também adultos.
Em O Pequeno
Príncipe, o narrador da história é o próprio autor. Ele encontra um
príncipe loirinho no meio do Deserto do Saara, depois que seu avião tem um
piripaque e é obrigado a pousar. O moleque diz que vem de um planetinha do
tamanho de uma casa (e que para o aviador é o asteroide B612), com três vulcões
(dois ativos, ótimos para esquentar o almoço) e uma rosa que no começo é meio
metida, mas que depois acaba se tornando seu grande amor.
Enquanto o piloto tenta arrumar seu avião, o
Principezinho narra suas aventuras por outros planetas até chegar ao planeta
Terra. No nosso mundo, ele só conhece uma raposa muito sabida. Mas, no meio do
caminho, ele encontra um monte de habitantes doidos em cada um deles: um rei
mandão, um homem que se acha, um bêbado, um velho geógrafo, um homem de
negócios, um acendedor de lampião. Quando seu avião está quase pronto, o piloto
se dá conta de que não pode mais viver sem a amizade do Príncipe.
Um livro leve, inocente e emocionante que vem
encantando gerações de crianças e adultos desde 1943, ano de sua primeira
publicação.
07
– O Menino Maluquinho (Ziraldo)
Obviamente não poderia faltar o mestre Ziraldo nessa
lista. A história do O Menino Maluquinho
do escritor mineiro Ziraldo marcou época e atravessou gerações. Hoje, 45 anos
depois do lançamento do livro, ainda é lembrado como símbolo de identidade
nacional e retrato de muitas crianças espalhadas pelo país.
Lançado em 1980, teve 129 edições e vendeu quatro
milhões de exemplares. Além de duas adaptações para o cinema, versões para o
teatro, ópera e histórias em quadrinhos.
Maluquinho é um menino alegre, cheio de imaginação e
que adora aprontar e viver aventuras com os amigos. Uma de suas manias é usar
um panelão na cabeça, o que o diferencia dos demais. As histórias misturam um
humor por vezes ingênuo (ainda que com uma certa escatologia típica da
infância) com um certo gosto de nostalgia.
08
- As Aventuras de Hans Staden (Monteiro Lobato)
Fecho a nossa lista com mais um livro escrito por
Monteiro Lobato. As Aventuras de Hans
Staden, lançado pela Editora Brasiliense, em 1968, foi uma das obras do
icônico escritor de Taubaté que mais marcou a minha infância. Ele já havia
publicado em 1925 o livro Meu cativeiro
entre os selvagens do Brasil, escrito pelo europeu Hans Staden, relatando o
período em que havia sido prisioneiro dos índios tupinambás, no início do
século XVI. Lobato então lançou, em 1927, o livro “As aventuras de Hans
Staden”, versão do mesmo livro, só que as aventuras eram narradas por Dona
Benta para os seus netos.
Após o descobrimento do Brasil, muitos foram os
navegadores, viajantes e mercenários que aportaram por aqui. Mas poucos viveram
peripécias como as do aventureiro alemão Hans Staden (1525-1576), que, após
naufragar, viveu meses – sob a ameaça de ser devorado – entre os índios
tupinambás e testemunhou o costume da tribo de canibalizar os prisioneiros.
Neste livro de Monteiro Lobato publicado originalmente
em 1927, Dona Benta reconta esta que é uma das primeiríssimas aventuras
acontecidas em terras brasileiras – e deixa de queixo caído a turma do Sítio do
Picapau Amarelo.
A obra teve zilhões de edições, mas como já disse a
que mais marcou – pelo menos para mim - foi a publicada pela Brasiliense que
traz o desenho do personagem principal agarrado a um tronco no meio do mar.
Recordo que essa edição tinha a capa dura e cada capítulo trazia uma gravura
das peripécias de Staden.
Valeu galera! Por hoje é só.
21 agosto 2025
Antes de Partir
Gosto dos livros de Charlie Donlea, não em um todo, mas gosto. O que estou querendo explicar é que as vezes os plot twists secundários me agradam muito, enquanto o plot final me decepciona ou vice-versa; às vezes a história é fraca, mas por outro lado, as reviravoltas são fantásticas; e também, pode acontecer o contrário, as reviravoltas da obra são fracas mas o enredo e a composição dos personagens compensam essa falha. Enfim, de um modo geral, gosto sim de seus livros, com exceção de... Antes de Partir que me decepcionou. Dos livros que li do autor –A Garota do Lago, Não Confie em Ninguém, Procure nas Cinzas e Antes de Partir – esse último foi o mais fraco.
Achei a leitura maçante; a história não de se desenvolve,
ao contrário, se arrasta. Donlea embaça muito, criando situações desnecessárias
entre os personagens centrais Abby e Joel. Cada encontro que os dois tem é “recheado”
de muita enrolação. A interação entre Abby e sua irmã Maggie também não evolui.
Cada momento que as duas tinham eu já imaginava: “lá vem encheção de linguição”,
o que de fato acontecia.
Achei o mistério da carta que Ben (marido de Abby)
escreveu para a sua esposa antes do acidente apenas razoável, mas sem nenhum
impacto – mesmo sendo um motivo nobre, mas como plot twist de uma história, a
surpresa não foi nenhum pouco impactante.
Outro detalhe é que Donlea é um escritor respeitado
por criar plot twists incríveis, além de compor personagens com químicas
perfeitas. Mas desta vez, isso não aconteceu. Achei Abby e Joel personagens
mornos, além disso, a química entre os dois não funcionou. Quanto ao final...
muito estranho, juro que eu não esperava por aquele desfecho, o qual também não
gostei. Acreditava que Ben acabaria conseguindo voltar para casa e assim,
colocar o “mundo” de sua esposa de cabeça para baixo. Ficava imaginando comigo:
- Putz, como Abby vai contornar essa situação – mas então Don Lea acabou
optando por um final menos racional e mais... será que vou liberar spoiler??? Bom,
paciência, lá vai: um final mais espiritual. Com isso, no meu modo de ver, o
impacto também acabou se diluindo.
É importante frisar que Antes de Partir é um livro totalmente fora da curva na carreira literária
de Charlie Donlea que é conhecido por escrever thrillers policiais e de suspense.
Dessa vez, ele decidiu se enveredar pela senda do romance. Isso mesmo! Podem
acreditar, Antes de Partir é uma
história de amor completamente diferente do gênero que consagrou o criador do
megassucesso A Garota do Lago.
Em Antes de
Partir, o autor narra o drama de Abby Gamble que um ano após o avião em que
o seu marido viajava ter desaparecido no oceano Pacífico, ela ainda tenta
superar a dor da perda. O relacionamento entre ela e Ben era incondicional e
profundo, e se fortaleceu ainda mais ao terem de lidar com uma tragédia na
família anos atrás. Abby sabia que Ben iria querer que ela seguisse em frente.
Seu primeiro passo foi entrar de cabeça no trabalho, dedicando-se a sua empresa
de cosméticos... até que ela conhece Joel, um médico cujo passado é tão repleto
de cicatrizes quanto o dela.
Taí galera, mesmo não tendo apreciado a leitura,
espero, de coração, que gostem do livro. Afinal, nenhuma opinião carrega em si,
a aura da unanimidade.
16 agosto 2025
Seis antologias de ficção científica para combater a sua Depressão Pós Leitura
Se alguém me perguntasse se existe um antídoto para
ressaca literária, eu responderia: leia uma antologia de contos. Acredito que
por serem mais curtos, eles tornam a leitura fluida, porque cá entre nós: “após
levarmos uma bordoada nos neurônios por causa de um enredo que amamos ou
odiamos, a nossa cabeça não tem forças para encarar, logo depois, um enredo de
300 páginas ou mais. Temos que dar um refresco. É aí que entram os contos.
Além do mais, podemos ter sorte de encontrarmos
histórias tão boas quanto aquela que acabamos de ler ou então melhores do que a
bomba que nos levou a uma DPL (Depressão Pós Leitura).
Nesta postagem selecionei seis antologias de contos de
ficção científica muito elogiadas tanto por leitores quanto por críticos. Se
você aprecia o gênero, certamente, eles irão lhe proporcionar viagens
incríveis. E se você, também, estiver enfrentando uma DPL, garanto que essas
antologias farão com vocês melhore muito, ficando apto para encarar novos
romances.
E vamos para as nossas oito antologias de histórias
curtas de Sci-fi. Livraços hein galera; garanto.
01
– Sonhos Elétricos (Philip K. Dick)
Sonhos
Elétricos reúne 10 contos de Philip K. Dick que inspiraram a
série “Electric Dreams”, da Amazon Prime e que conquistou o público e a crítica.
Philip K. Dick é um dos nomes mais importantes da
ficção científica e um dos autores com mais textos adaptados para o cinema.
Suas obras inspiraram filmes como “Blade Runner”, “Minority Report”, “O
Vingador do Futuro”, “Agentes do Destino”, “O Pagamento”, entre outros.
Dick publicou seus primeiros contos no início dos anos
1950, e neles já se notava a natureza inquietante de toda a sua obra. Ao
questionar incessantemente o que está por trás das aparências e o que nos
define como seres humanos, o autor sobrepôs realidades, subverteu o tempo,
vislumbrou autômatos e mundos extraterrestres enquanto mergulhava a fundo na
mente humana.
Dessa perturbadora mistura nasceram textos incríveis e
cheios complexidade, que há décadas vêm inspirando o universo do cinema e da
tevê. Os textos publicados em Sonhos
Elétricos abordam realidades paralelas e distópicas, a relação entre homens
e máquinas, além de outras temáticas ao gosto desse mestre da ficção
científica. Um reflexo da maneira muito pessoal e desconfiada que Dick tinha de
ver o mundo.
02
– Mundos Apocalípticos (Vários autores)
A antologia selecionada por John Joseph Adams e que
reúne grandes “feras” da ficção científica reúne 22 histórias
pós-apocalípticas. São narrativas sobre o fim dos tempos, explorando o
científico, o psicológico e o filosófico do que é permanecer humano diante do
Armagedom.
A obra reúne autores consagrados do gênero tais como: Octavia
E. Butler (Kindred), Stephen King (O iluminado, It: a coisa), George R.R. Martin (As crônicas de gelo e fogo) e outros.
Fome, Morte, Guerra e Peste: os Quatro Cavaleiros do
Apocalipse, o presságio do Fim dos Dias. Esses são os pilares das histórias
contidas nesta coletânea. Desde “Blade Runner” a “Mad Max”, passando por Um Cântico para Leibowitz e “Black
Mirror”, escritores e roteiristas de todos os cantos se dedicaram a especular a
respeito do fim do mundo. Ao longo de muitos anos, imaginaram cenários
catastróficos, onde imperam o caos, o desespero e a calamidade. “Mundos
Apocalípticos” explora com perfeição esse gênero.
Sem dúvidas, Joseph Adams selecionou uma grande
seleção de histórias que remontam a 1973, mas também outras que foram
publicadas nos últimos cinco anos. Ele também oferece um índice super útil de
histórias e livros pós-apocalípticos para leitura adicional, caso os leitores comecem
a querer mais. Os destaques ficam para O
povo da areia e da escória de
Paolo Bacigalupi, Quando os Sysadmins dominaram
a terra de Cory Doctorow, Depois do
juizo final de Jerry Oltion, Inercia
de Nancy Kress, Sons da fala de
Octavia E. Butler e O Fim do Mundo como nós
o Conhecemos de Dale Bailey.
03
– Eu, Robô (Isaac Asimov)
Pensem num clássico da literatura de ficção
científica; mas pensem num dos maiores clássicos daqueles com capacidade para
abalar todas as estruturas do gênero. Ok, se você pensou no livro Eu, Robô de Isaac Asimov, pensou certo.
A obra foi publicada originalmente em 1950. O livro
serviu como base para o roteiro do filme homônimo de 2004, no qual Will Smith
interpretou o protagonista, um detetive chamado Del Spooner. Porém, a obra é
bastante diferente da história apresentada nas telonas.
Eu,
Robô
é um conjunto de nove contos que relatam a evolução dos autômatos através do
tempo. É neste livro que são apresentadas as célebres Três Leis da Robótica: os
princípios que regem o comportamento dos robôs e que mudaram definitivamente a
percepção que se tem sobre eles na própria ciência. A história inicia-se com
uma entrevista com a Dra. Susan Calvin, uma psicóloga roboticista da U.S Robots
& Mechanical. Ela é o fio condutor da obra, responsável por contar os
relatos de seu trabalho e também da evolução dos autômatos. Algumas histórias
são mais leves e emocionantes como Robbie,
o robô baba, outras, como Razão,
levam o leitor a refletir sobre religião e até sobre sua condição humana.
Eu,
Robô
é composto de 10 contos e traz um posfácio escrito pelo próprio autor sobre sua
história de amor com os robôs, tão comuns em sua obra.
04
- Os Melhores Contos de Ficção Científica Brasileira (Vários autores)
E quem disse que brasileiro não sabe escrever ficção
científica? Saibam que temos escritores incríveis de Sci-fi, não só
contemporâneos, mas também de décadas passadas. Aliás, a ficção científica faz
parte do cardápio dos escritores tupiniquins desde a época de Machado de Assis.
Verdade! O próprio Joaquim Maria Machado de Assis escreveu alguns contos
excelentes do gênero. Podemos conferir isso no livro Os Melhores Contos de Ficção Científica Brasileira lançado pela
editora Devir em 2008. Lembrando que a exemplo de Mundos Apocalípticos, essa coletânea de historietas com autores,
aqui da terrinha, foi lançada em dois volumes.
O volume 1 que muitos leitores acreditam ser o melhor
estão onze histórias, de Machado de Assis, o maior nome da literatura nacional,
até o desconhecido Ricardo Teixeira. São contos variados em tom e atmosfera,
que dão conta da diversidade temática e de estilos da ficção científica, e do
seu potencial para combinar-se com outras formas literárias. Apesar da
diversidade que marca a antologia, o medo da guerra atômica e do pós-holocausto
formam um certo núcleo temático, definindo um dos aspectos centrais da ficção
científica brasileira da década de 1960, no auge da Guerra Fria.
A ficção científica espacial também está presente,
assim como histórias de contatos com alienígenas, mostrando que nossos autores
não se furtaram a escrever uma Sci-fi mais característica. A postura pacifista,
a crítica ao consumismo, o comentário sobre o próprio ato da escrita e a sátira
dos clichês, a fusão com outras tradições brasileiras, estão presentes nos onze
contos da antologia.
05
– As Crônicas Marcianas (Ray Bradbury)
Taí outro clássico dos clássicos da ficção científica
mundial. A obra de Ray Bradbury foi publicada originalmente em 1950. A partir
daí vem ganhando sucessivas reedições deixando evidente o seu enorme sucesso
através dos tempos.
O tem central de As
Crônicas Marcianas é a colonização de Marte por humanos com problemas e
eventualmente vindos de uma Terra sob a iminência de ser devastada pela Guerra
Atômica. Há também conflitos entre aborígenes marcianos com os novos
colonizadores.
O estilo do livro varia de contos a novela episódica,
com histórias de Bradbury originariamente publicadas nos anos de 1940 em
revistas de ficção científica. A obra é similar em sua estrutura a outro livro
de contos de Bradbury, chamado O Homem Ilustrado que também usa uma história para ligar várias outras
entrelaçadas.
Os leitores vão encontrar de tudo um pouco. Por
exemplo, há algumas crônicas se passam em Marte e outras na Terra, em algumas o
sonho de partir, em outras o desejo de voltar e a espera e a capacidade do ser
humano de se superar e surpreender tanto pelo lado bom como pelo mal. Temos
alguns personagens que aparecem em mais de um conto, mas o protagonista da
história é o próprio planeta Marte.
06
– Realidades Adaptadas (Philip K. Dick)
Abrimos e também fechamos a nossa lista de Sci-fi com
o gênio Philip K. Dick. Realidades Adaptadas é uma edição inédita que apresenta ao grande público os contos
originais de Philip K. Dick que serviram de base a filmes como “O Vingador do
Futuro”, “Minority Report” e “O Pagamento”. Com certeza, poucos leram os contos
e novelas que deram origem a esses filmes, campeões de bilheteria.
Realidades
Adaptadas contém sete contos que, como escrevi acima, foram
adaptados para as telonas, abordando questões interessantes e instigantes, como
a ideia do tempo e da realidade, o livre-arbítrio, o bem e o mal.
Dick nunca chegou a ver nenhum dos filmes baseados em
sua obra. Ele faleceu três meses antes da estreia de “Blade Runner – O Caçador
de Androides”, que foi o primeiro de vários filmes inspirados em suas
histórias.
Entre os destaques da obra estão Lembramos para você a preço de atacado escrito em 1966 e que deu origem
ao filme “O Vingador do Futuro” (1990), O Relatório Minoritário de 1956 que
originou a produção cinematográfica com Tom Cruise chamada “Minority Report – A
Nova Lei” (2002) e O Homem Dourado
(1954) que foi parar nos cinemas em 2007 com o título: “O Vidente” tendo
Nicolas Cage e Jéssica Biel nos papéis principais.
Taí galera, escolham a sua antologia para combater
aquela horrível DLP.