16 novembro 2025
10 livros de aventura que foram adaptados para os cinemas
O gênero aventura não é assim tão popular para a
maioria dos leitores. Pelo menos é o que eu acho. Geralmente, nos comentários
dos devoradores de livros nas redes sociais, as opiniões que mais “bombam” em
visualizações e compartilhamentos estão relacionados às obras de suspense,
policiais, thrillers psicológicos, romance, ficção científica e com toda
certeza o ‘young adult – taí a explosão Colleen Hoover que não me deixa mentir.
Quanto ao gênero “aventura”, olha... é complicado. Ele quase não aparece nos comentários
desses leitores, além de muitas livrarias virtuais “boicotarem” essa
classificação nos menus de seus portais.
Mas galera, “falando” por mim; eu, simplesmente, amo
livros de aventura! Viajei muito com A
Marca do Zorro, O Destino do Poseidon
e tantos outros. Mais um detalhe que vale a pena acrescentar nesse texto é que
se os livros de aventura não fossem tão bons e tão populares, eles não
despertariam aos borbotões o interesse da indústria cinematográfica, principalmente da meca do cinema: Hollywood.
Por esses motivos tive a ideia de escrever um post
sobre os livros do gênero que deram ‘conta do recado’ e acabaram indo parar nos
cinemas.
Nas próximas postagens, também estarei escrevendo
sobre outros gêneros literários que renderam filmes excelentes nas telonas, mas
hoje, a hora e a vez pertencem aos livros de aventura. Vamos a eles!
01
– A Marca do Zorro (Johnston McCulley)
Filmes:
“A Marca do Zorro” (1920 e 1940), “Zorro” (1975), “A Máscara do Zorro” (1998),
além de outros.
Antes do herói mascarado “enfiado” numa roupa preta e
usando uma máscara da mesma cor ter estreado nas telonas dos cinemas na década
de 20, muitos cinéfilos não imaginavam que ele tinha saído, na realidade, das
páginas de um livro. Isto mesmo; antes de o Zorro arrastar multidões para as
salas dos cinemas, ele já tinha arrastado milhares de leitores para as
livrarias.
Os filmes “A Marca do Zorro” são baseados no livro de
Johnston McCulley. O mais famoso é o filme de 1920,
estrelado por Douglas Fairbanks, que foi uma adaptação da história
originalmente publicada em capítulos na revista All-Story Weekly com o título
de The Curse of Capistrano. O
romance, que introduziu o herói mascarado, foi republicado com o título A Marca do Zorro após o sucesso do
filme.
Depois do clássico com Fairbanks, a “Raposa” teve um
hiato de 20 anos nos cinemas, só voltando em 1940 com outro monstro sagrado de
Hollywood; ninguém menos do que Tyrone Power. Este remake repetiu o êxito do
filme original de 1920.
O livro de McCulley ainda teria fôlego para retornar
aos cinemas muitas outras vezes, em novas adaptações, entre as quais podemos
destacar “Zorro” (1975) com Alain Delon e “A Máscara do Zorro”(1998) que se tornou um clássico entre os fãs do
justiceiro e marcou a estreia do ator espanhol Antônio Banderas em uma produção
dos Estados Unidos.
Quanto ao livro, dispensa comentários. Livraço! Li e
adorei. Pura aventura e da melhor qualidade (confiram resenha aqui).
02
– Primeiro sangue (David Morrell)
Filmes:
“Rambo: Programado para Matar” (1982), “Rambo II: A Missão” (1985), “Rambo III”
(1988), “Rambo IV” (2008), Rambo Até o Fim” (2019).
O consagrado autor David Morrell escreveu Primeiro Sangue (resenhas do livro aqui e mais aqui) no ápice da Guerra do
Vietnã. O envolvimento militar americano direto no conflito só seria encerrado
formalmente em 15 de agosto de 1973. Isto significa que na época do lançamento da
obra, em 1972, os americanos ainda estavam com as suas tropas em território
vietnamita provocando uma série de manifestações por parte da sociedade e de
vários grupos sociais dos Estados Unidos.
Morrell aproveitou esse momento para lançar um livro
cujo personagem é o arquétipo do soldado americano lutando uma guerra que ele
não queria lutar. Aliás, o autor foi mais a fundo ao imaginar quais seriam as
consequências desse conflito na vida desses jovens; como seria a sua
reintegração na sociedade? Eles seriam aceitos ou rejeitados?
Morrell responde a todos esses questionamentos através
de John Rambo, personagem criado por ele em Primeiro
Sangue (Fisrt Blood).
O livro caiu como uma bomba na cena literária
estadunidense, tornando-se um best seller aclamado pela crítica especializada e
chegando a ser adotado como leitura obrigatória em várias universidades do
país.
A ideia para a adaptação cinematográfica existia desde
os anos 70, mas passou por várias mãos e roteiros diferentes antes do diretor
Ted Kotcheff comprar os direitos para a produtora Carolco Pictures e escalar
Sylvester Stallone no papel principal. Então, em 1982, depois de 10 anos do
lançamento do livro de Morrell, “Rambo” chegaria aos cinemas.
O enredo do livro é quilômetros de distância diferente
do enredo do primeiro filme e por isso, vale muito a sua leitura. Quanto as
outras sequências cinematográficas, esqueça; não tem absolutamente nada a ver
com a história desenvolvida por Morrell.
03
– Os três mosqueteiros (Alexandre Dumas)
Filmes:
“Os Três Mosqueteiros” (1921, 1948, 1973, 1993, 2011, além de outras)
Jura que você pensava que Os Três Mosqueteiros não iriam “aterrissar” por aqui? (rs). Não tem
nem como aventar essa possibilidade, né galera? Tanto o livro de Alexandre
Dumas quanto o filme de 1973 dirigido por Richard Lester são considerados
verdadeiros clássicos da literatura e dos cinemas.
Aliás, o filme de 1973, foi, talvez, a melhor e mais
fiel adaptação do livro de Dumas para o cinema, pois equilibra aventura,
romance, suspense e humor com maestria, além de trazer um elenco para lá de
estrelado comandados por um diretor ‘pra lá’ de capacitado: Richard Lester, que
se tornou célebre na década anterior ao comandar dois filmes dos Beatles.
O filme anterior dos Mosqueteiros (1948) também se
encontra, praticamente no mesmo patamar e não nega fogo. E como poderia negar
com um elenco formado só por titãs: Gene Kelly, Lana Turner, Vincent Price e
companhia? Quanto as outras adaptações, principalmente as mais recentes... My
God!! Esqueçam; por favor.
Aqueles que quiserem conferir o que achei do livro de
Dumas, incluindo a versão integral da história podem acessar aqui, aqui e novamente aqui.
04
– A tormenta: A história real de uma luta de homens
contra o mar (Sebastian Junger)
Filme:“Mar
em Fúria” (2000)
Em outubro de 1991, ocorria a "tempestade
perfeita", uma combinação de fatores tão rara que acontece apenas uma vez
por século. Com ondas do tamanho de prédios de dez andares e ventos a quase 200
km/h, poucas pessoas a viram e sobreviveram para contar história. Assim, os
tripulantes do Andrea Gail, um barco de pesca comercial, se viram bem no centro
deste gigantesco inferno em alto-mar.
Para quem ficou em dúvida, esta é a sinopse de “Mar em
Fúria”, um filme da década de 2000 que contou com um grande elenco. Na trama,
nomes como George Clooney, Mark Wahlberg e Diane Lane estiveram presentes, mas nem
mesmo eles foram capazes de evitar um grande desastre. O filme apesar dos
efeitos especiais de ultima geração (para aquela época) naufragou nas
bilheterias dos cinemas; ao contrário do livro de não ficção A Tormenta: A história real de uma luta de
homens contra o mar do jornalista Sebastian Junger que arrancou acalorados
elogios da crítica especializada, além de ter vendido “horrores”.
Junger inicia A
Tormenta nos apresentando a tripulação do Andrea Gail. Mais do que mostrar
algumas características desses pescadores, o autor brinda os seus leitores com
a rotina do dia a dia desses homens que entraram para a história de Gloucester,
cidade pesqueira localizada em Massachusetts, nos Estados Unidos.
Junger descreve ainda com riqueza de detalhes o
trabalho de salvamento das tripulações dos barcos atingidos pela “tempestade do
século” que atingiu Gloucester e outras cidades pesqueiras americanas no início
da década de 1990.
Ao tomar conhecimento que há barcos em alto mar
correndo risco de naufragar, a Guarda Aérea Americana envia os seus modernos
helicópteros de salvamento com paraquedistas de resgate, além de um jato
Falcon. Por sua vez, a Guarda Costeira envia escunas e navios especializados em
salvamento em situações críticas.
Enfim, o leitor fica sabendo em detalhes como foi a
operação de salvamento dos outros barcos atingidos pela tempestade perfeita. Cara...
que livro!
05
– Horas decisivas: A história real do mais ousado
resgate marítimo (Michael J. Tougias e Casey
Sherman)
Filme:
Horas Decisivas (2016)
Horas
decisivas: A história real do mais ousado resgate marítimo
narra a história verídica de um dos maiores resgates já feitos pela Guarda
Costeira dos Estados Unidos que aconteceu em fevereiro de 1952. Era uma noite
fria quando o petroleiro Pendleton partiu-se em dois durante uma gigantesca
tormenta na costa de Massachusetts. Casado recentemente e com a esposa doente e
acamada, Bernie Webber, marinheiro da guarda costeira, foi escalado para uma
missão quase impossível. Ele e mais três colegas – Richard Livesey, Ervin Maske
e Andy Fitzgerald – foram enviados em uma pequena lancha salva-vidas que
suportava apenas 12 pessoas contando com a tripulação. E sabem quantos
marinheiros eles conseguiram resgatar nessa pequena embarcação?! Trinte e dois!! Isto mesmo, trinta e dois!
Cara, nesse momento da narrativa não há leitor que não consiga se emocionar e
vibrar ao mesmo tempo.
A grande aceitação do livro de Michael J. Tougias e
Casey Sherman tanto pela crítica quanto pelos leitores fez com que a história
acabasse ganhando uma adaptação cinematográfica em 2016 com Chris Pine – o
Capitão Kirk dos filmes Jornada nas Estrelas produzidos por J.J. Abrams.
Apesar os críticos detonarem o filme; ele acabou indo
muito bem nas bilheterias. Prova de que palavra de crítico não quer dizer “palavra
final”.
06
– As Crônicas de Nárnia (C.S. Lewis)
Filmes:
“O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa” (2005), “Príncipe Caspian (2008) e “A
Viagem do Peregrino da Alvorada (2010)”
Se teve um filme que de fato encantou crianças, jovens,
adultos e idosos, esse filme, sem dúvida, foi “As Crônicas de Nárnia”, uma das
franquias mais encantadoras do cinema. Os longas foram baseados na obra
clássica de mesmo nome de C.S. Lewis, que conta com uma série de sete livros. E
se os filmes encantaram; os livros também tiveram essa aura especial.
Os leitores podem encontrar a saga escrita por Lewis
em vários formatos: box, volume único ou então, vendidos separadamente. Apesar
do primeiro dos sete volumes – O Leão, a
Feiticeira e o Guarda-Roupa – ter sido publicado originalmente em 1950, até
hoje, As Crônicas de Nárnia se faz
presente nas listas de mais vendidos das principais livrarias virtuais. A obra
é composta por sete livros – O Leão, a
Feiticeira e o Guarda-Roupa, Príncipe Caspian, A Viagem do Peregrino da Alvorada, A Cadeira de Prata, O Cavalo
e seu Menino, O Sobrinho do Mago
e A Última Batalha.
Os filmes produzidos até agora, seguiram o mesmo
caminho. O primeiro deles lançado em 2005, foi indicado a três categorias do
Oscar, tendo levado a estatueta de “Melhor Maquiagem” para a casa.
Na época em que chegou aos cinemas, o longa ficou
bastante popular entre as crianças e despertou um novo interesse pela leitura
para esse público.
Depois da estreia de “O Leão,
a Feiticeira e o Guarda-Roupa” foi a vez de “Príncipe Caspian” (2008)
conquistar crítica e pública. O último livro das Crônicas de Nárnia a ganhar
uma adaptação para os cinemas, até agora, foi A Viagem do Peregrino da Alvorada que estreou em 2010 nas salas
exibidoras do País.
A obra de C. S. Lewis foi traduzida para 47 idiomas e
já teve mais de 120 milhões de cópias vendidas.
07
– No coração do mar (Nathaniel Philbrick)
Filme:
No coração do mar (2014)
Taí mais um livro jornalístico que aborda todos os
detalhes de uma tragédia ocorrida no mar no século XIX. Em agosto de 1819, um baleeiro de nome Essex
deixou o porto de Nantucket, em Massachusetts (EUA), para caçar nos mares do
sul. A viagem comandada pelo capitão George Pollard, que então tinha 29 anos,
duraria dois anos e meio. No entanto, de acordo com o historiador Gilbert King,
já nos primeiros dias a aventura se provou amaldiçoada.
Pouco depois de
zarpar, o Essex foi atingido por uma tempestade que destruiu uma das velas do
joanete de proa, e por pouco não afundou. Meses mais tarde, um incêndio
criminoso em uma parada para reabastecimento quase matou boa parte da
tripulação. Por fim, o Essex encontrou, ao sul do Pacífico, seu maior inimigo:
uma baleia cachalote de mais de 20 metros de comprimento.
Após duas investidas do animal furioso, o navio foi a
pique. E para se salvarem, os vinte homens a bordo se dividiram entre três
botes de cerca de 6 metros cada um, tentando coletar o máximo de provisões que
conseguiam. Quando as provisões
acabaram, os sobreviventes não tiveram dúvidas e tomaram uma atitude extrema e
medonha: se alimentar de carne humana.
Toda essa saga é narrada em detalhes no livro do
historiador e jornalista americano Nathaniel Philbrick (veja resenha aqui). A história serviu de
inspiração para o filme “No Coração do Mar”, lançado em no final de 2014.
08
– Desejo de Matar (Brian Garfield)
Filmes:
Desejo de Matar (1974), Desejo de Matar 2 (1982), Desejo de Matar 3 (1985),
Desejo de Matar 4: Operação Crackdown (1987), Desejo de Matar 5 (1994) e um
remake de Desejo de Matar trazendo Bruce Willis no lugar de Charles Bronson
(2018).
“Desejo de Matar” que estreou nos cinemas em 1974 foi
um marco do subgênero de “filme de vigilante” que marcou os anos 70 juntamente
com outra pérola do gênero: “Perseguidor Implacável”. Marcou tanto a década de
1970 que acabou dando origem a uma série de cinco filmes, todos eles com
Charles Bronson, além de um remake com Bruce Willis. E por falar no saudoso
“cara de pedra” Charles Bronson é importante frisar que “Desejo de Matar”
transformou o ator – morto em 2002 aos 81 anos - num ícone dos filmes de ação
dos anos 70 e 80.
O que muitos cinéfilos desconhecem é que o conhecido
filme que marcou a geração dos anos 70 e 80 foi baseado em um livro. Isto
mesmo! A obra homônima escrita por Brian Garfield e publicado em 1972 (ver
resenha do livro aqui), foca no personagem Paul Benjamin - um pacato arquiteto
da cidade de Nova Iorque - que tem sua mulher morta e sua filha estuprada por
três bandidos e passa a agir como um "vigilante", perseguindo os
criminosos nas ruas à noite.
Livro e filme são bem parecidos já que os produtores
optaram por uma adaptação fiel da obra de Garfield, excetuando o nome do
personagem principal que foi trocado. Ah! A sua forma física também, já que
Paul Benjamin é um cara obeso no livro, enquanto o Paul Kersey de Bronson não
tem absolutamente nada de obeso.
09
– Sem Remorso
Filme:
Sem Remorso
O filme "Sem Remorso" é uma adaptação do
livro homônimo escrito por Tom Clancy e publicado em 1993. O enredo original aborda a
vida do personagem John Clark que faz parte do universo de Jack Ryan.
O filme lançado nos cinemas em 2021, estrelado por
Michael B. Jordan, foi modernizado e mudou parte da trama para ser lançado no
Prime Video, mas mantém a essência de uma busca por vingança e a revelação de
uma conspiração internacional.
O enredo da obra literária, publicada em 1993, e que tem
como contexto a Guerra do Vietnã, serve como uma história que mostra as origens
do personagem John Kelly que já apareceu em outros três livros do chamado
“Universo Ryan” criado pelo autor. São eles: A Soma de Todos os Medos, Perigo
Real e Imediato e O Cardeal do Kremlin. Os leitores
gostaram tanto desse personagem secundário dos livros de Jack Ryan que Clancy
decidiu escrever uma obra onde Kelly assumisse o protagonismo. E diga-se que Sem Remorso foi um baita sucesso tanto
de público quanto de crítica.
Ao contrário do filme que centra todas as suas
atenções em John Kelly, o livro conta com personagens muito interessantes que
dividem o protagonismo com o personagem principal. Entre os quais temos Sandra
"Sandy" O'Toole, viúva do Vietnã e enfermeira do Hospital Johns
Hopkins que cuidou de Kelly após o fuzileiro ter sofrido um atentado.
Pensei que o filme da Amazon Prime Video seria bom,
mas não; não é. Confuso, enrolado, chocho. Fiquei decepcionado porque após ter
lido o livro de Tom Clancy que serviu de inspiração para o filme, acreditei que
encontraria uma história que não fugisse tanto do enredo literario o qual
adorei. Mero engano, a produção cinematográfica da Paramount lançada em
streaming utiliza apenas 10 por cento da história original escrita por Clancy,
o resto é encheção de linguiça.
10
– O destino do Poseidon (Paul Gallico)
Filmes:
“O Destino do Poseidon” (1972) e Poseidon (2006)
Fecho a nossa lista com esse baita clássico literário
que rendeu dois filmes, o primeiro deles com Gene Hackman, um cânone dos filmes
de ação.
O Destino do Poseidon escrito por Paul Gallico e publicado originalmente
em 1969 conta a história de uma catástrofe em alto mar que prende o leitor da
primeira à última página.
No enredo criado por Gallico, o S.S. Poseidon, um
antigo e gigantesco transatlântico convertido em navio de cruzeiro,
transportando mais de 500 passageiros numa viagem de réveillon, é atingido por
uma gigantesca onda que acaba virando o navio de cabeça para baixo. No meio
dessa tragédia temos dois grupos de sobreviventes: um composto por pessoas
conformadas que preferem aguardar o salvamento no meio dos destroços e outro
grupo formado por aventureiros que decidem encarar uma viagem cheia de perigos
até o casco do navio que se encontra na superfície. O livro é sobre esses
aventureiros. Suas vitórias, derrotas, tristezas, alegrias, desentendimentos,
traições, provas de amizade e coragem, durante essa jornada suicida.
O filme de 1972, com Gene Hackman - no papel do
impagável Reverendo Scott - que lidera um grupo de sobreviventes que tenta
chegar ao casco do navio que emborcou se tornou um clássico que mesmo após 53
anos continua sendo cultuado pelos cinéfilos. Quanto ao remake de 2006 estrelado
por Kurt Russell e Josh Lucas passou despercebido; “culpa” do filmaço de 1972.
Taí galera! Divirtam-se bastante lendo e assistindo a esses
clássicos.
10 novembro 2025
Nunca Minta
Não posso negar que o plot twist que saiu da cabeça de
Freida McFadden em Nunca Minta é ‘trucão’;
daqueles que desmontam qualquer leitor. Mas... fora isso, o novo livro da
autora é pura enrolação. Pelo menos foi o que eu achei. Várias vezes cheguei a contar
as páginas que faltavam para chegar ao final do livro.
A história se resume a um jovem casal, recém-casados, Ethan
e Trícia, que devido ao mau tempo acabam sendo obrigados a ficar isolados numa
casa enorme que no passado pertenceu a uma psiquiatra famosa que foi
assassinada. Para matar o tempo, a mulher resolve ouvir, sem que o seu marido
saiba, algumas gravações das sessões que a psiquiatra fazia com os seus
pacientes – mais para a frente dou outros detalhes sobre o enredo. Quanto mais
ela ouve as gravações, mais ela desconfia de seu marido e... e... só. A
história trava nisso e nisso fica. Páginas vão sendo viradas e nada de novo.
As tramas paralelas, entre as quais envolvendo o desaparecimento
da conhecida psiquiatra; as histórias e os segredos de seus pacientes que vão
sendo revelados; as descobertas que Trícia faz de seu marido Ethan; além de
outras subtramas, por serem desinteressantes não prendem a atenção do leitor.
Mas então, perto do final, Freida solta a sua bomba e você se surpreende. Mas
para se surpreender com essa revelação bombástica – que eu reputo do mesmo
nível de um dos plots de O Massacre daFamília Hope de Riley Sager – você tem que ser persistente, aliás, muito
persistente.
Outro problema da obra é a chamada “quebra do clima
final”. Vou explicar. Isto acontece, geralmente após o plot twist final quando alguns
autores decidem alinhavar a sua história, explicando o que os personagens
fizeram depois da reviravolta no enredo. Coisas do tipo: “fulano se casou e foi
feliz”; fulana todos os dias passou a ver sua filha brincando ao por do sol!”
ou ainda “casaram-se e foram felizes para sempre”. Esses desfechos acabam “esfriando”
ou até mesmo “gelando” o impacto do plot twist. E, foi isso que percebi em Nunca Minta.
Como leitor que ama livros com reviravoltas surpreendentes,
acredito que esse artifício adotado por alguns autores só deve ser usado quando
necessário e com muito cuidado para não “matar” o plot twist.
Ainda ontem, conversando com um amigo leitor, eu disse
que se ele aturar as enrolações do enredo e conseguir chegar até o final da
história, com certeza, irá se surpreender.
Em Nunca Minta,
Trícia e Ethan estão recém-casados e decidem visitar um casarão antigo no meio
de uma floresta no estado de Nova York. No entanto, durante a viagem até a
mansão que pertenceu à Dra. Adrienne Hale – uma renomada psiquiatra que
desapareceu sem deixar vestígio três anos antes - uma nevasca terrível começa a
cair. Com isso, o casal fica preso na mansão abandonada. É nesse momento que
Trícia descobre as gravações das sessões dos pacientes da psiquiatra e começa a
ouvi-las.
Enfim galera, é isso aí.
05 novembro 2025
Enciclopédias e materiais escolares das escolas do primário e ginasial que fizeram de nós os grandes devoradores de livros que somos hoje
Hoje pela manhã, ‘bateu’ forte em meu coração, a
lembrança dos dias de estudante ginasial, bem anos 70, quando utilizava nas
pesquisas dos meus trabalhos escolares as inesquecíveis e antológicas
enciclopédias. Estas enciclopédias que ficavam nas bibliotecas das escolas por
onde passava me seduziam tanto, mas tanto, que ao chegar em casa, começa a
perturbar a minha mãe para que comprasse algumas coleções similares para que eu
pudesse desfrutar do prazer de lê-las na tranquilidade da sala de estar da casa
dos meus pais. Foram elas que também criaram em mim, o hábito de colecionar enciclopédias
que eram vendidas nas bancas em fascículos semanais.
Não sei porque, no dia de hoje, essas recordações
chegaram bombando em minha mente, mas não posso negar que está sendo
maravilhoso trazê-las à tona novamente.
Naquela época quando a Internet, Wikipédia e Google
não passavam de um sonho – aliás mais do que isso; não passavam de um devaneio
– nossas “armas” para montar um trabalho escolar que angariasse elogios de
nossos professores eram uma folha de papel almaço, lápis ou caneta
esferográfica, canetinhas coloridas, lápis-cor, cola, gravuras recortadas de
revistas e jornais, além de uma dessas famosas enciclopédia abertas e ali do
nosso lado.
As gravuras, a cola e as canetinhas coloridas e os
lápis-de-cor eram usados para fazer a capa do nosso trabalho, enquanto a
‘enciclopédia amiga’ emprestava o seu conteúdo para fazer o recheio desse
trabalho. Sem a sua ajuda seria impossível realizarmos esse procedimento tão
importante para conquistarmos boas notas. Elas eram as nossas fontes de
pesquisas que os estudantes de hoje encontram tão facilmente em ‘zilhões’ e
mais ‘zilhões’ de informações que estão distribuídas em outros ‘zilhões’ de
portais espalhados pela rede mundial de computadores.
Nesta postagem quero recordar as enciclopédias, livros
didáticos e demais materiais escolares que eram considerados indispensáveis
para os nossos estudos, principalmente no momento de fazermos um trabalho
escolar no capricho.
01
– Barsa
Abro esse post com a enciclopédia que todas as
bibliotecas escolares de respeito eram obrigadas a ter. Posso afirmar que a Barsa era considerada o cânone de todas
as enciclopédias dos 70 e início dos 80.
Para quem cresceu antes da chegada da internet e da
popularização dos computadores pessoais, ter status intelectual era ostentar
uma robusta coleção de livros de capa vermelha na estante da sala. Mas como a
maioria dos estudantes não podia desfrutar desse privilégio por questões
econômicas, as bibliotecas das escolas onde estudavam eram a salvação. Estes dezesseis
volumes, de A a Z contribuíram para a formação acadêmica de muitos estudantes
“setentistas” e “oitentistas”. Em tese, tudo o que havia de importante estava
ali. Em suas lombadas caprichadas, lia-se o nome que impunha respeito e pompa:
Enciclopédia Barsa.
A história dessa enciclopédia, que foi lançada poucos
dias antes do golpe militar de 1964 e teve sua última edição impressa
exatamente 50 anos depois, em 2014, envolveu grandes nomes da cultura
brasileira e, para famílias que se preocupavam enormemente com os estudos de
seus filhos, significou muita luta e, por vezes, endividamentos. Quanto aos
estabelecimentos de ensino do passado, nenhum diretor queria ‘pagar o mico’ de
não ter a Barsa na biblioteca da
escola da qual eram os responsáveis.
02
– Trópico: Enciclopédia Ilustradas em Cores
Publicado em 1957 pela Editora Martins, o Trópico foi uma obra que se destacou por
abranger uma vasta gama de temas, incluindo história, mitologia, biografias,
ciências e artes. Esta enciclopédia, composta por vários volumes, fez sucesso
entre estudantes e se tornou um clássico nas casas brasileiras, especialmente
durante a era das vendas porta a porta de livros.
É importante frisar que muitas escolas também faziam
questão de ter o Trópico em suas
bibliotecas. E para a minha felicidade, a escola ginasial onde estudei tinha
essa enciclopédia que me auxiliou muito. Como eu viajava com as informações
escritas numa linguagem fluida e as gravuras marcantes dessa enciclopédia.
Eu gostava tanto do Trópico, até bem mais do que a Barsa
que acabei fazendo a cabeça dos meus pais para que comprassem essa enciclopédia.
Por incrível que pareça ainda recordo de fragmentos de lembranças do momento em
que um vendedor de livros de porta em porta passou em casa e a minha mãe
decidiu comprar os seus 10 volumes com as famosas capas coloridas.
“História da Humanidade”, “História das Religiões”,
“Mitologia Grega”, “Mitologia Nórdica”, “Castro Alves”, “José Bonifácio”, “biografias de personagens famosos da nossa
história”, “História dos presidentes do Brasil”, etc e mais etc. Caraca, que
saudades dessa encioclopédia!
03
– Lello Universal
Na minha época de estudante o advento do dicionário online
ainda estava há milhares de anos luz. Se quiséssemos saber o significado de
alguma palavra desconhecida tínhamos de apelar para os saudosos dicionários
impressos.
Cara, os dicionários daquela época – anos 70 – eram
uma coisa de louco! No bom sentido, é claro. Com capas ‘xiquinuurtimu’ e
conteúdo recheado de gravuras, essas obras enchiam os olhos.
O Lello Universal foi um dos dicionários no formato de
enciclopédia que fez parte da minha vida de ginasiano e colegial. Um dos meus
passatempos preferidos era ficar folheando suas páginas a esmo. As gravuras do
Lello
me viciavam. Foi graças a ele que aprendi,
precocemente, o significado de muitos palavras, ganhando a oportunidade de ampliar,
desde cedo o meu vocabulário.
O curioso é que as gravuras dos quatro volumes do
Lello eram até simples – aliás, bem simplesinhas - mas não sei porque ‘cargas
d’água, elas me atraíam tanto.
Ainda me lembro na biblioteca da minha escola tinha
essa coleção que me ajudou muito na confecção de inúmeros trabalhos.
Se não me engano, o Lello foi publicado por uma
editora portuguesa nos anos 60 e teve várias edições com capas azuis, verdes e
por aí afora. O meu tinha a capa vermelha. Eu disse “tinha” porque não sei onde
os volumes foram parar.
04
– Papel almaço
Alguém por aí é da “Geração Almaço?”. Pois é, eu
sou. Naquela época, os trabalhos escolares eram realizados nas bibliotecas,
geralmente em grupos de alunos. Cada um desses alunos tinha uma função: aquele
ou aquela que era ‘dono’ de uma letra bonita ficava responsável por escrever o
trabalho. Quem sabia desenhar assumia a responsabilidade de montar a capa desse
trabalho. E no final, todos ajudavam a pesquisar. Eitcha saudades!
Tínhamos o papel almaço com pauta que usávamos para
escrever o texto e almaço sem capa que era utilizado para fazer a capa. Na hora
de compra-lo nas papelarias dos anos 70 e início dos 80, nada de sacolinhas
plásticas, os vendedores pegavam as folhas enrolavam, fazendo um canudo, acondicionando-as,
depois, em uma tira larga de papel de pão que também era usado para embrulhar
muitos materiais escolares vendidos naquela época. As tão populares sacolinhas
plásticas não desfrutavam da popularidade de hoje.
05
– Caixas com lápis de cor
Lápis de cor era considerado um item básico na lista
de compras escolares. Vocês se recordam da estampa de animais silvestres? Mas
quem tinha de 36 cores era invejado pelos outros alunos!
Cara, eu tive muita sorte nos anos 70 porque ganhei
uma caixa de lápis de cor com 36 cores e ainda por cima, da Faber-Castell!!
Lembro vagamente desse momento marcante na minha vida de aluno, ainda primário,
perto de ingressar no ginasial.
Quando o assunto era lápis de cor, havia ainda uma
outra marca chamada Labra-Cor que era considerada o primo-pobre da
Faber-Castell mas com uma saída até maior por causa dos preços mais
convidativos.
Estas caixas de lápis de cor, de fato, deixaram muitas
saudades.
Taí galera, espero que vocês tenham gostado. Seio que
na postagem de hoje fugiu um pouco da proposta do blog que é a de publicar
resenhas, listas e novidades literárias, mas por outro lado, não poderia deixar
de recordar momentos marcantes que vivemos em nossas escolas do Primário e do
Ginasial. Aliás, pensando bem, não estou fugindo tanto da proposta do “Livros e
Opinião” porque se não fossem essas escolas, seus professores e esses materiais
escolares dificilmente teríamos tornado os devoradores de livro que somos hoje.
Valeu!


















