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16 novembro 2025

10 livros de aventura que foram adaptados para os cinemas

O gênero aventura não é assim tão popular para a maioria dos leitores. Pelo menos é o que eu acho. Geralmente, nos comentários dos devoradores de livros nas redes sociais, as opiniões que mais “bombam” em visualizações e compartilhamentos estão relacionados às obras de suspense, policiais, thrillers psicológicos, romance, ficção científica e com toda certeza o ‘young adult – taí a explosão Colleen Hoover que não me deixa mentir. Quanto ao gênero “aventura”, olha... é complicado. Ele quase não aparece nos comentários desses leitores, além de muitas livrarias virtuais “boicotarem” essa classificação nos menus de seus portais.

Mas galera, “falando” por mim; eu, simplesmente, amo livros de aventura! Viajei muito com A Marca do Zorro, O Destino do Poseidon e tantos outros. Mais um detalhe que vale a pena acrescentar nesse texto é que se os livros de aventura não fossem tão bons e tão populares, eles não despertariam aos borbotões o interesse da indústria cinematográfica,  principalmente da meca do cinema: Hollywood.

Por esses motivos tive a ideia de escrever um post sobre os livros do gênero que deram ‘conta do recado’ e acabaram indo parar nos cinemas.

Nas próximas postagens, também estarei escrevendo sobre outros gêneros literários que renderam filmes excelentes nas telonas, mas hoje, a hora e a vez pertencem aos livros de aventura. Vamos a eles!

01 – A Marca do Zorro (Johnston McCulley)

Filmes: “A Marca do Zorro” (1920 e 1940), “Zorro” (1975), “A Máscara do Zorro” (1998), além de outros.

Antes do herói mascarado “enfiado” numa roupa preta e usando uma máscara da mesma cor ter estreado nas telonas dos cinemas na década de 20, muitos cinéfilos não imaginavam que ele tinha saído, na realidade, das páginas de um livro. Isto mesmo; antes de o Zorro arrastar multidões para as salas dos cinemas, ele já tinha arrastado milhares de leitores para as livrarias.

Os filmes “A Marca do Zorro” são baseados no livro de Johnston McCulley. O mais famoso é o filme de 1920, estrelado por Douglas Fairbanks, que foi uma adaptação da história originalmente publicada em capítulos na revista All-Story Weekly com o título de The Curse of Capistrano. O romance, que introduziu o herói mascarado, foi republicado com o título A Marca do Zorro após o sucesso do filme.

Depois do clássico com Fairbanks, a “Raposa” teve um hiato de 20 anos nos cinemas, só voltando em 1940 com outro monstro sagrado de Hollywood; ninguém menos do que Tyrone Power. Este remake repetiu o êxito do filme original de 1920.

O livro de McCulley ainda teria fôlego para retornar aos cinemas muitas outras vezes, em novas adaptações, entre as quais podemos destacar “Zorro” (1975) com Alain Delon e “A Máscara do Zorro”(1998)  que se tornou um clássico entre os fãs do justiceiro e marcou a estreia do ator espanhol Antônio Banderas em uma produção dos Estados Unidos.

Quanto ao livro, dispensa comentários. Livraço! Li e adorei. Pura aventura e da melhor qualidade (confiram resenha aqui).

02 – Primeiro sangue (David Morrell)

Filmes: “Rambo: Programado para Matar” (1982), “Rambo II: A Missão” (1985), “Rambo III” (1988), “Rambo IV” (2008), Rambo Até o Fim” (2019).

O consagrado autor David Morrell escreveu Primeiro Sangue (resenhas do livro aqui e mais aqui) no ápice da Guerra do Vietnã. O envolvimento militar americano direto no conflito só seria encerrado formalmente em 15 de agosto de 1973. Isto significa que na época do lançamento da obra, em 1972, os americanos ainda estavam com as suas tropas em território vietnamita provocando uma série de manifestações por parte da sociedade e de vários grupos sociais dos Estados Unidos.

Morrell aproveitou esse momento para lançar um livro cujo personagem é o arquétipo do soldado americano lutando uma guerra que ele não queria lutar. Aliás, o autor foi mais a fundo ao imaginar quais seriam as consequências desse conflito na vida desses jovens; como seria a sua reintegração na sociedade? Eles seriam aceitos ou rejeitados?

Morrell responde a todos esses questionamentos através de John Rambo, personagem criado por ele em Primeiro Sangue (Fisrt Blood).

O livro caiu como uma bomba na cena literária estadunidense, tornando-se um best seller aclamado pela crítica especializada e chegando a ser adotado como leitura obrigatória em várias universidades do país.

A ideia para a adaptação cinematográfica existia desde os anos 70, mas passou por várias mãos e roteiros diferentes antes do diretor Ted Kotcheff comprar os direitos para a produtora Carolco Pictures e escalar Sylvester Stallone no papel principal. Então, em 1982, depois de 10 anos do lançamento do livro de Morrell, “Rambo” chegaria aos cinemas.

O enredo do livro é quilômetros de distância diferente do enredo do primeiro filme e por isso, vale muito a sua leitura. Quanto as outras sequências cinematográficas, esqueça; não tem absolutamente nada a ver com a história desenvolvida por Morrell.

03 – Os três mosqueteiros (Alexandre Dumas)

Filmes: “Os Três Mosqueteiros” (1921, 1948, 1973, 1993, 2011, além de outras)

Jura que você pensava que Os Três Mosqueteiros não iriam “aterrissar” por aqui? (rs). Não tem nem como aventar essa possibilidade, né galera? Tanto o livro de Alexandre Dumas quanto o filme de 1973 dirigido por Richard Lester são considerados verdadeiros clássicos da literatura e dos cinemas.

Aliás, o filme de 1973, foi, talvez, a melhor e mais fiel adaptação do livro de Dumas para o cinema, pois equilibra aventura, romance, suspense e humor com maestria, além de trazer um elenco para lá de estrelado comandados por um diretor ‘pra lá’ de capacitado: Richard Lester, que se tornou célebre na década anterior ao comandar dois filmes dos Beatles.

O filme anterior dos Mosqueteiros (1948) também se encontra, praticamente no mesmo patamar e não nega fogo. E como poderia negar com um elenco formado só por titãs: Gene Kelly, Lana Turner, Vincent Price e companhia? Quanto as outras adaptações, principalmente as mais recentes... My God!! Esqueçam; por favor.

Aqueles que quiserem conferir o que achei do livro de Dumas, incluindo a versão integral da história podem acessar aqui, aqui e novamente aqui.

04 – A tormenta: A história real de uma luta de homens contra o mar (Sebastian Junger)

Filme:“Mar em Fúria” (2000)

Em outubro de 1991, ocorria a "tempestade perfeita", uma combinação de fatores tão rara que acontece apenas uma vez por século. Com ondas do tamanho de prédios de dez andares e ventos a quase 200 km/h, poucas pessoas a viram e sobreviveram para contar história. Assim, os tripulantes do Andrea Gail, um barco de pesca comercial, se viram bem no centro deste gigantesco inferno em alto-mar.

Para quem ficou em dúvida, esta é a sinopse de “Mar em Fúria”, um filme da década de 2000 que contou com um grande elenco. Na trama, nomes como George Clooney, Mark Wahlberg e Diane Lane estiveram presentes, mas nem mesmo eles foram capazes de evitar um grande desastre. O filme apesar dos efeitos especiais de ultima geração (para aquela época) naufragou nas bilheterias dos cinemas; ao contrário do livro de não ficção A Tormenta: A história real de uma luta de homens contra o mar do jornalista Sebastian Junger que arrancou acalorados elogios da crítica especializada, além de ter vendido “horrores”.

Junger inicia A Tormenta nos apresentando a tripulação do Andrea Gail. Mais do que mostrar algumas características desses pescadores, o autor brinda os seus leitores com a rotina do dia a dia desses homens que entraram para a história de Gloucester, cidade pesqueira localizada em Massachusetts, nos Estados Unidos.

Junger descreve ainda com riqueza de detalhes o trabalho de salvamento das tripulações dos barcos atingidos pela “tempestade do século” que atingiu Gloucester e outras cidades pesqueiras americanas no início da década de 1990.

Ao tomar conhecimento que há barcos em alto mar correndo risco de naufragar, a Guarda Aérea Americana envia os seus modernos helicópteros de salvamento com paraquedistas de resgate, além de um jato Falcon. Por sua vez, a Guarda Costeira envia escunas e navios especializados em salvamento em situações críticas.

Enfim, o leitor fica sabendo em detalhes como foi a operação de salvamento dos outros barcos atingidos pela tempestade perfeita. Cara... que livro! 

05 – Horas decisivas: A história real do mais ousado resgate marítimo (Michael J. Tougias e Casey Sherman)

Filme: Horas Decisivas (2016)

Horas decisivas: A história real do mais ousado resgate marítimo narra a história verídica de um dos maiores resgates já feitos pela Guarda Costeira dos Estados Unidos que aconteceu em fevereiro de 1952. Era uma noite fria quando o petroleiro Pendleton partiu-se em dois durante uma gigantesca tormenta na costa de Massachusetts. Casado recentemente e com a esposa doente e acamada, Bernie Webber, marinheiro da guarda costeira, foi escalado para uma missão quase impossível. Ele e mais três colegas – Richard Livesey, Ervin Maske e Andy Fitzgerald – foram enviados em uma pequena lancha salva-vidas que suportava apenas 12 pessoas contando com a tripulação. E sabem quantos marinheiros eles conseguiram resgatar nessa pequena embarcação?!  Trinte e dois!! Isto mesmo, trinta e dois! Cara, nesse momento da narrativa não há leitor que não consiga se emocionar e vibrar ao mesmo tempo.

A grande aceitação do livro de Michael J. Tougias e Casey Sherman tanto pela crítica quanto pelos leitores fez com que a história acabasse ganhando uma adaptação cinematográfica em 2016 com Chris Pine – o Capitão Kirk dos filmes Jornada nas Estrelas produzidos por J.J. Abrams.

Apesar os críticos detonarem o filme; ele acabou indo muito bem nas bilheterias. Prova de que palavra de crítico não quer dizer “palavra final”.

06 – As Crônicas de Nárnia (C.S. Lewis)

Filmes: “O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa” (2005), “Príncipe Caspian (2008) e “A Viagem do Peregrino da Alvorada (2010)”

Se teve um filme que de fato encantou crianças, jovens, adultos e idosos, esse filme, sem dúvida, foi “As Crônicas de Nárnia”, uma das franquias mais encantadoras do cinema. Os longas foram baseados na obra clássica de mesmo nome de C.S. Lewis, que conta com uma série de sete livros. E se os filmes encantaram; os livros também tiveram essa aura especial.

Os leitores podem encontrar a saga escrita por Lewis em vários formatos: box, volume único ou então, vendidos separadamente. Apesar do primeiro dos sete volumes – O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa – ter sido publicado originalmente em 1950, até hoje, As Crônicas de Nárnia se faz presente nas listas de mais vendidos das principais livrarias virtuais. A obra é composta por sete livros – O Leão, a Feiticeira e o Guarda-RoupaPríncipe Caspian, A Viagem do Peregrino da Alvorada, A Cadeira de Prata, O Cavalo e seu Menino, O Sobrinho do Mago e A Última Batalha.

Os filmes produzidos até agora, seguiram o mesmo caminho. O primeiro deles lançado em 2005, foi indicado a três categorias do Oscar, tendo levado a estatueta de “Melhor Maquiagem” para a casa.

Na época em que chegou aos cinemas, o longa ficou bastante popular entre as crianças e despertou um novo interesse pela leitura para esse público.

Depois da estreia de “O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa” foi a vez de “Príncipe Caspian” (2008) conquistar crítica e pública. O último livro das Crônicas de Nárnia a ganhar uma adaptação para os cinemas, até agora, foi A Viagem do Peregrino da Alvorada que estreou em 2010 nas salas exibidoras do País.

A obra de C. S. Lewis foi traduzida para 47 idiomas e já teve mais de 120 milhões de cópias vendidas.

07 – No coração do mar (Nathaniel Philbrick)

Filme: No coração do mar (2014)

Taí mais um livro jornalístico que aborda todos os detalhes de uma tragédia ocorrida no mar no século XIX.  Em agosto de 1819, um baleeiro de nome Essex deixou o porto de Nantucket, em Massachusetts (EUA), para caçar nos mares do sul. A viagem comandada pelo capitão George Pollard, que então tinha 29 anos, duraria dois anos e meio. No entanto, de acordo com o historiador Gilbert King, já nos primeiros dias a aventura se provou amaldiçoada.

 Pouco depois de zarpar, o Essex foi atingido por uma tempestade que destruiu uma das velas do joanete de proa, e por pouco não afundou. Meses mais tarde, um incêndio criminoso em uma parada para reabastecimento quase matou boa parte da tripulação. Por fim, o Essex encontrou, ao sul do Pacífico, seu maior inimigo: uma baleia cachalote de mais de 20 metros de comprimento.

Após duas investidas do animal furioso, o navio foi a pique. E para se salvarem, os vinte homens a bordo se dividiram entre três botes de cerca de 6 metros cada um, tentando coletar o máximo de provisões que conseguiam.  Quando as provisões acabaram, os sobreviventes não tiveram dúvidas e tomaram uma atitude extrema e medonha: se alimentar de carne humana.

Toda essa saga é narrada em detalhes no livro do historiador e jornalista americano Nathaniel Philbrick (veja resenha aqui). A história serviu de inspiração para o filme “No Coração do Mar”, lançado em no final de 2014.

08 – Desejo de Matar (Brian Garfield)

Filmes: Desejo de Matar (1974), Desejo de Matar 2 (1982), Desejo de Matar 3 (1985), Desejo de Matar 4: Operação Crackdown (1987), Desejo de Matar 5 (1994) e um remake de Desejo de Matar trazendo Bruce Willis no lugar de Charles Bronson (2018).

“Desejo de Matar” que estreou nos cinemas em 1974 foi um marco do subgênero de “filme de vigilante” que marcou os anos 70 juntamente com outra pérola do gênero: “Perseguidor Implacável”. Marcou tanto a década de 1970 que acabou dando origem a uma série de cinco filmes, todos eles com Charles Bronson, além de um remake com Bruce Willis. E por falar no saudoso “cara de pedra” Charles Bronson é importante frisar que “Desejo de Matar” transformou o ator – morto em 2002 aos 81 anos - num ícone dos filmes de ação dos anos 70 e 80.

O que muitos cinéfilos desconhecem é que o conhecido filme que marcou a geração dos anos 70 e 80 foi baseado em um livro. Isto mesmo! A obra homônima escrita por Brian Garfield e publicado em 1972 (ver resenha do livro aqui), foca no personagem Paul Benjamin - um pacato arquiteto da cidade de Nova Iorque - que tem sua mulher morta e sua filha estuprada por três bandidos e passa a agir como um "vigilante", perseguindo os criminosos nas ruas à noite.

Livro e filme são bem parecidos já que os produtores optaram por uma adaptação fiel da obra de Garfield, excetuando o nome do personagem principal que foi trocado. Ah! A sua forma física também, já que Paul Benjamin é um cara obeso no livro, enquanto o Paul Kersey de Bronson não tem absolutamente nada de obeso.

09 – Sem Remorso

Filme: Sem Remorso

O filme "Sem Remorso" é uma adaptação do livro homônimo escrito por Tom Clancy e publicado em 1993. O enredo original aborda a vida do personagem John Clark que faz parte do universo de Jack Ryan. 

O filme lançado nos cinemas em 2021, estrelado por Michael B. Jordan, foi modernizado e mudou parte da trama para ser lançado no Prime Video, mas mantém a essência de uma busca por vingança e a revelação de uma conspiração internacional.

O enredo da obra literária, publicada em 1993, e que tem como contexto a Guerra do Vietnã, serve como uma história que mostra as origens do personagem John Kelly que já apareceu em outros três livros do chamado “Universo Ryan” criado pelo autor. São eles: A Soma de Todos os Medos, Perigo Real e Imediato e O Cardeal do Kremlin. Os leitores gostaram tanto desse personagem secundário dos livros de Jack Ryan que Clancy decidiu escrever uma obra onde Kelly assumisse o protagonismo. E diga-se que Sem Remorso foi um baita sucesso tanto de público quanto de crítica.

Ao contrário do filme que centra todas as suas atenções em John Kelly, o livro conta com personagens muito interessantes que dividem o protagonismo com o personagem principal. Entre os quais temos Sandra "Sandy" O'Toole, viúva do Vietnã e enfermeira do Hospital Johns Hopkins que cuidou de Kelly após o fuzileiro ter sofrido um atentado.

Pensei que o filme da Amazon Prime Video seria bom, mas não; não é. Confuso, enrolado, chocho. Fiquei decepcionado porque após ter lido o livro de Tom Clancy que serviu de inspiração para o filme, acreditei que encontraria uma história que não fugisse tanto do enredo literario o qual adorei. Mero engano, a produção cinematográfica da Paramount lançada em streaming utiliza apenas 10 por cento da história original escrita por Clancy, o resto é encheção de linguiça.

10 – O destino do Poseidon (Paul Gallico)

Filmes: “O Destino do Poseidon” (1972) e Poseidon (2006)

Fecho a nossa lista com esse baita clássico literário que rendeu dois filmes, o primeiro deles com Gene Hackman, um cânone dos filmes de ação.

O Destino do Poseidon escrito por Paul Gallico e publicado originalmente em 1969 conta a história de uma catástrofe em alto mar que prende o leitor da primeira à última página.

No enredo criado por Gallico, o S.S. Poseidon, um antigo e gigantesco transatlântico convertido em navio de cruzeiro, transportando mais de 500 passageiros numa viagem de réveillon, é atingido por uma gigantesca onda que acaba virando o navio de cabeça para baixo. No meio dessa tragédia temos dois grupos de sobreviventes: um composto por pessoas conformadas que preferem aguardar o salvamento no meio dos destroços e outro grupo formado por aventureiros que decidem encarar uma viagem cheia de perigos até o casco do navio que se encontra na superfície. O livro é sobre esses aventureiros. Suas vitórias, derrotas, tristezas, alegrias, desentendimentos, traições, provas de amizade e coragem, durante essa jornada suicida.

O filme de 1972, com Gene Hackman - no papel do impagável Reverendo Scott - que lidera um grupo de sobreviventes que tenta chegar ao casco do navio que emborcou se tornou um clássico que mesmo após 53 anos continua sendo cultuado pelos cinéfilos. Quanto ao remake de 2006 estrelado por Kurt Russell e Josh Lucas passou despercebido; “culpa” do filmaço de 1972.

Taí galera! Divirtam-se bastante lendo e assistindo a esses clássicos.


10 novembro 2025

Nunca Minta

Não posso negar que o plot twist que saiu da cabeça de Freida McFadden em Nunca Minta é ‘trucão’; daqueles que desmontam qualquer leitor. Mas... fora isso, o novo livro da autora é pura enrolação. Pelo menos foi o que eu achei. Várias vezes cheguei a contar as páginas que faltavam para chegar ao final do livro. 

A história se resume a um jovem casal, recém-casados, Ethan e Trícia, que devido ao mau tempo acabam sendo obrigados a ficar isolados numa casa enorme que no passado pertenceu a uma psiquiatra famosa que foi assassinada. Para matar o tempo, a mulher resolve ouvir, sem que o seu marido saiba, algumas gravações das sessões que a psiquiatra fazia com os seus pacientes – mais para a frente dou outros detalhes sobre o enredo. Quanto mais ela ouve as gravações, mais ela desconfia de seu marido e... e... só. A história trava nisso e nisso fica. Páginas vão sendo viradas e nada de novo.

As tramas paralelas, entre as quais envolvendo o desaparecimento da conhecida psiquiatra; as histórias e os segredos de seus pacientes que vão sendo revelados; as descobertas que Trícia faz de seu marido Ethan; além de outras subtramas, por serem desinteressantes não prendem a atenção do leitor. Mas então, perto do final, Freida solta a sua bomba e você se surpreende. Mas para se surpreender com essa revelação bombástica – que eu reputo do mesmo nível de um dos plots de O Massacre daFamília Hope de Riley Sager – você tem que ser persistente, aliás, muito persistente.

Outro problema da obra é a chamada “quebra do clima final”. Vou explicar. Isto acontece, geralmente após o plot twist final quando alguns autores decidem alinhavar a sua história, explicando o que os personagens fizeram depois da reviravolta no enredo. Coisas do tipo: “fulano se casou e foi feliz”; fulana todos os dias passou a ver sua filha brincando ao por do sol!” ou ainda “casaram-se e foram felizes para sempre”. Esses desfechos acabam “esfriando” ou até mesmo “gelando” o impacto do plot twist. E, foi isso que percebi em Nunca Minta.

Como leitor que ama livros com reviravoltas surpreendentes, acredito que esse artifício adotado por alguns autores só deve ser usado quando necessário e com muito cuidado para não “matar” o plot twist.

Ainda ontem, conversando com um amigo leitor, eu disse que se ele aturar as enrolações do enredo e conseguir chegar até o final da história, com certeza, irá se surpreender.

Em Nunca Minta, Trícia e Ethan estão recém-casados e decidem visitar um casarão antigo no meio de uma floresta no estado de Nova York. No entanto, durante a viagem até a mansão que pertenceu à Dra. Adrienne Hale – uma renomada psiquiatra que desapareceu sem deixar vestígio três anos antes - uma nevasca terrível começa a cair. Com isso, o casal fica preso na mansão abandonada. É nesse momento que Trícia descobre as gravações das sessões dos pacientes da psiquiatra e começa a ouvi-las.

Enfim galera, é isso aí.

05 novembro 2025

Enciclopédias e materiais escolares das escolas do primário e ginasial que fizeram de nós os grandes devoradores de livros que somos hoje

Hoje pela manhã, ‘bateu’ forte em meu coração, a lembrança dos dias de estudante ginasial, bem anos 70, quando utilizava nas pesquisas dos meus trabalhos escolares as inesquecíveis e antológicas enciclopédias. Estas enciclopédias que ficavam nas bibliotecas das escolas por onde passava me seduziam tanto, mas tanto, que ao chegar em casa, começa a perturbar a minha mãe para que comprasse algumas coleções similares para que eu pudesse desfrutar do prazer de lê-las na tranquilidade da sala de estar da casa dos meus pais. Foram elas que também criaram em mim, o hábito de colecionar enciclopédias que eram vendidas nas bancas em fascículos semanais. 

Não sei porque, no dia de hoje, essas recordações chegaram bombando em minha mente, mas não posso negar que está sendo maravilhoso trazê-las à tona novamente.

Naquela época quando a Internet, Wikipédia e Google não passavam de um sonho – aliás mais do que isso; não passavam de um devaneio – nossas “armas” para montar um trabalho escolar que angariasse elogios de nossos professores eram uma folha de papel almaço, lápis ou caneta esferográfica, canetinhas coloridas, lápis-cor, cola, gravuras recortadas de revistas e jornais, além de uma dessas famosas enciclopédia abertas e ali do nosso lado.

As gravuras, a cola e as canetinhas coloridas e os lápis-de-cor eram usados para fazer a capa do nosso trabalho, enquanto a ‘enciclopédia amiga’ emprestava o seu conteúdo para fazer o recheio desse trabalho. Sem a sua ajuda seria impossível realizarmos esse procedimento tão importante para conquistarmos boas notas. Elas eram as nossas fontes de pesquisas que os estudantes de hoje encontram tão facilmente em ‘zilhões’ e mais ‘zilhões’ de informações que estão distribuídas em outros ‘zilhões’ de portais espalhados pela rede mundial de computadores.

Nesta postagem quero recordar as enciclopédias, livros didáticos e demais materiais escolares que eram considerados indispensáveis para os nossos estudos, principalmente no momento de fazermos um trabalho escolar no capricho.

01 – Barsa

Abro esse post com a enciclopédia que todas as bibliotecas escolares de respeito eram obrigadas a ter. Posso afirmar que a Barsa era considerada o cânone de todas as enciclopédias dos 70 e início dos 80.

Para quem cresceu antes da chegada da internet e da popularização dos computadores pessoais, ter status intelectual era ostentar uma robusta coleção de livros de capa vermelha na estante da sala. Mas como a maioria dos estudantes não podia desfrutar desse privilégio por questões econômicas, as bibliotecas das escolas onde estudavam eram a salvação. Estes dezesseis volumes, de A a Z contribuíram para a formação acadêmica de muitos estudantes “setentistas” e “oitentistas”. Em tese, tudo o que havia de importante estava ali. Em suas lombadas caprichadas, lia-se o nome que impunha respeito e pompa: Enciclopédia Barsa.

A história dessa enciclopédia, que foi lançada poucos dias antes do golpe militar de 1964 e teve sua última edição impressa exatamente 50 anos depois, em 2014, envolveu grandes nomes da cultura brasileira e, para famílias que se preocupavam enormemente com os estudos de seus filhos, significou muita luta e, por vezes, endividamentos. Quanto aos estabelecimentos de ensino do passado, nenhum diretor queria ‘pagar o mico’ de não ter a Barsa na biblioteca da escola da qual eram os responsáveis.

02 – Trópico: Enciclopédia Ilustradas em Cores

Publicado em 1957 pela Editora Martins, o Trópico foi uma obra que se destacou por abranger uma vasta gama de temas, incluindo história, mitologia, biografias, ciências e artes. Esta enciclopédia, composta por vários volumes, fez sucesso entre estudantes e se tornou um clássico nas casas brasileiras, especialmente durante a era das vendas porta a porta de livros.

É importante frisar que muitas escolas também faziam questão de ter o Trópico em suas bibliotecas. E para a minha felicidade, a escola ginasial onde estudei tinha essa enciclopédia que me auxiliou muito. Como eu viajava com as informações escritas numa linguagem fluida e as gravuras marcantes dessa enciclopédia.

Eu gostava tanto do Trópico, até bem mais do que a Barsa que acabei fazendo a cabeça dos meus pais para que comprassem essa enciclopédia. Por incrível que pareça ainda recordo de fragmentos de lembranças do momento em que um vendedor de livros de porta em porta passou em casa e a minha mãe decidiu comprar os seus 10 volumes com as famosas capas coloridas.

“História da Humanidade”, “História das Religiões”, “Mitologia Grega”, “Mitologia Nórdica”, “Castro Alves”, “José Bonifácio”,  “biografias de personagens famosos da nossa história”, “História dos presidentes do Brasil”, etc e mais etc. Caraca, que saudades dessa encioclopédia!

03 – Lello Universal

Na minha época de estudante o advento do dicionário online ainda estava há milhares de anos luz. Se quiséssemos saber o significado de alguma palavra desconhecida tínhamos de apelar para os saudosos dicionários impressos.

Cara, os dicionários daquela época – anos 70 – eram uma coisa de louco! No bom sentido, é claro. Com capas ‘xiquinuurtimu’ e conteúdo recheado de gravuras, essas obras enchiam os olhos.

O Lello Universal foi um dos dicionários no formato de enciclopédia que fez parte da minha vida de ginasiano e colegial. Um dos meus passatempos preferidos era ficar folheando suas páginas a esmo. As gravuras do Lello

me viciavam. Foi graças a ele que aprendi, precocemente, o significado de muitos palavras, ganhando a oportunidade de ampliar, desde cedo o meu vocabulário.

O curioso é que as gravuras dos quatro volumes do Lello eram até simples – aliás, bem simplesinhas - mas não sei porque ‘cargas d’água, elas me atraíam tanto.

Ainda me lembro na biblioteca da minha escola tinha essa coleção que me ajudou muito na confecção de inúmeros trabalhos.

Se não me engano, o Lello foi publicado por uma editora portuguesa nos anos 60 e teve várias edições com capas azuis, verdes e por aí afora. O meu tinha a capa vermelha. Eu disse “tinha” porque não sei onde os volumes foram parar.

04 – Papel almaço

Alguém por aí é da “Geração Almaço?”. Pois é, eu sou. Naquela época, os trabalhos escolares eram realizados nas bibliotecas, geralmente em grupos de alunos. Cada um desses alunos tinha uma função: aquele ou aquela que era ‘dono’ de uma letra bonita ficava responsável por escrever o trabalho. Quem sabia desenhar assumia a responsabilidade de montar a capa desse trabalho. E no final, todos ajudavam a pesquisar. Eitcha saudades!

Tínhamos o papel almaço com pauta que usávamos para escrever o texto e almaço sem capa que era utilizado para fazer a capa. Na hora de compra-lo nas papelarias dos anos 70 e início dos 80, nada de sacolinhas plásticas, os vendedores pegavam as folhas enrolavam, fazendo um canudo, acondicionando-as, depois, em uma tira larga de papel de pão que também era usado para embrulhar muitos materiais escolares vendidos naquela época. As tão populares sacolinhas plásticas não desfrutavam da popularidade de hoje.

05 – Caixas com lápis de cor

Lápis de cor era considerado um item básico na lista de compras escolares. Vocês se recordam da estampa de animais silvestres? Mas quem tinha de 36 cores era invejado pelos outros alunos!

Cara, eu tive muita sorte nos anos 70 porque ganhei uma caixa de lápis de cor com 36 cores e ainda por cima, da Faber-Castell!! Lembro vagamente desse momento marcante na minha vida de aluno, ainda primário, perto de ingressar no ginasial.

Quando o assunto era lápis de cor, havia ainda uma outra marca chamada Labra-Cor que era considerada o primo-pobre da Faber-Castell mas com uma saída até maior por causa dos preços mais convidativos.

Estas caixas de lápis de cor, de fato, deixaram muitas saudades.

Taí galera, espero que vocês tenham gostado. Seio que na postagem de hoje fugiu um pouco da proposta do blog que é a de publicar resenhas, listas e novidades literárias, mas por outro lado, não poderia deixar de recordar momentos marcantes que vivemos em nossas escolas do Primário e do Ginasial. Aliás, pensando bem, não estou fugindo tanto da proposta do “Livros e Opinião” porque se não fossem essas escolas, seus professores e esses materiais escolares dificilmente teríamos tornado os devoradores de livro que somos hoje.

Valeu!

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