30 maio 2015

Livro Acústico Editora inova no lançamento de audiolivros apostando no talento de autores novatos

No começo de maio recebi um e-mail de uma editora fundada em 2011, na cidade de Sete Lagoas, Minas Gerais,  que apresenta uma proposta louvável e que só merece elogios. Estou me referindo a “Livro Acústico Editora”, especializada em lançamentos de audiolivros.
O que me chamou a atenção e fez com que escrevesse esse post, foi a atitude dos responsáveis pela empresa em acreditar no potencial de escritores brasileiros desconhecidos que apesar de talentosos, levam injustas ‘batidas de porta na cara’ por parte das grandes editoras.
Pelo o que eu entendi sobre a filosofia de trabalho da Livro Acústico Editora, para lançar a sua obra, basta o autor ter talento, mesmo que seja inexperiente. Sabem de uma coisa? Fico pensando com os meus botões quantos livros excelentes deixaram de ser publicados pela falta de visão de alguns grandes editores que preferiram investir num escritor estrangeiro ‘muito desconhecido’ do que num escritor brasileiro apenas desconhecido.
Ao mesmo tempo em que estamos sendo bombardeados com verdadeiras bagaceiras homéricas (que para a nossa infelicidade ainda chegam sob a forma de sagas ou trilogias), enredos de qualidade produzidos por autores, aqui, da terrinha estão sendo rejeitados. E sabem quem rejeita essas obras, na maioria das vezes? Pasmem: são aqueles editores que escrevem mal e lêem pouco. Por isso, os parâmetros que eles utilizam para avaliar as possíveis edições são muito limitados.
Querem ter uma noção da gravidade desse contexto? Ok. Basta comparar o número abusivo de biografias ou auto-biografias de ex-BBB’s, cantores ou artistas famosos - que estão sendo ‘despejadas’ nas livrarias - com os parcos lançamentos de livros de jovens escritores brasileiros. Hoje, para alguns editores, uma estória de orgias e orgasmos que rolaram debaixo de um edredom da casa do BBB é mais interessante do que um romance de qualidade escrito por um baita de um autor desconhecido que precisa apenas de uma chance. Resultado:  muitos desses autores começam a publicar os seus ‘livros’ em e-books. Por isso eu grito e agradeço à todos os pulmões: “Graças à Deus que existem nessa hora o “Santo PDF” e “O Santo Kindle”!
Perceberam o motivo pelo qual achei louvável a iniciativa da Livro Acústico Editora? O seu editor poderia, muito bem, brigar pelos direitos de lançamento de histórias escritas por autores experientes e conhecidos, mas optaram por, também, oferecer uma oportunidade para um grande numero escritores novatos.
E longe de desprezar o sistema de livros em áudio, mas como eu desejaria que essa editora trabalhasse, também, com o velho e conhecido papel, mas se analisarmos com calma, veremos que os chamados livros acústicos ou áudio livros tem muitas vantagens (‘escutar’ o livro durante uma caminhada, uma folga no trabalho, num trânsito lento, etc). Além do mais, o segmento está em franco desenvolvimento no Brasil com várias empresas literárias optando por essa forma de ‘publicação’.
Frisando que a Livro Acústico Editora, nasceu em 2011 através de seu fundador Rômulo Cássio, locutor de Rádio FM há 22 anos, guia de turismo, empresário no setor de transporte de cargas e leitor voraz.
A editora não dispõe de um site, mas tem um blog e também facebook. Os interessados poderão conhecer melhor o seu trabalho acessando os links: www.livroacustico.blogspot.com.br ou www.facebook.com/livroacusticoQuanto aos autores desconhecidos que sonham tornar público os seus trabalhos, poderão enviar os textos para avaliação. Se a sua obra for aprovada, você poderá editá-la no formato audiolivro sem nenhum custo e ainda ganhar uma porcentagem dos direitos autorais.
Espero que a galera da Livro Acústico Editora cumpra a sua proposta.

Inté! 

28 maio 2015

O Planeta dos Macacos

Edição recente lançada pela editora Aleph
Quando assisti “O Planeta dos Macacos” (1968), aquele tremendo filmaço com Charlton Heston, juro que fiquei completamente atordoado com o final. Acho que vi o filme nos meados dos anos 70 quando me preparava para começar a curtir a minha adolescência. E apesar de já ter passado tantas décadas, até hoje aquele desfecho perturbador não sai da minha cabeça.
Por isso quando comecei a ler o livro de Pierre Boulle, que serviu de inspiração ao filme, fiquei meio ‘cabreiro’, ainda mais depois que li algumas críticas sobre a obra que apontavam o seu final, também, como algo inimaginável.
Pensei comigo: - “Caraca, será que é tudo isso o que estão falando”? Galera, posso garantir que é... e como é! Só o final já vale o livro inteiro. Capiche?
Mas falando escrevendo dessa maneira, a impressão que fica é que “O Planeta dos Macacos” se resume somente ao seu final e na realidade não é bem assim. O livro é ótimo e não seria nenhuma heresia afirmar que é muito superior ao filme com Roddy McDowal, Kim Hunter e o próprio Heston. A obra de Boulle é bem mais profunda e questionadora. Nela, diferentemente do filme, ficamos sabendo como os macacos conseguiram subjugar a raça humana, ou seja, como essa inversão de valores começou. O autor dá, inclusive, exemplos práticos dessa dominação num relato chocante de como tudo começou e... terminou. Boulle também aprofunda o relacionamento entre os seus personagens, principalmente o humano Ulysse e os símios Cornelius e Zira. Os diálogos envolvendo os três são impagáveis.
Outro detalhe que percebi foi o tom visceral do livro que faz todos os filmes da franquia parecerem verdadeiros contos de fadas, principalmente nos trechos onde Boulle descreve cruamente as experiências que os macacos realizam nos cérebros dos humanos. Algumas delas chegam a ser surreais devido ao grau de violência que chegam a impressionar o leitor.
Edição de 2008. Aquela que suei para localizar
Por todas essas nuances, “O Planeta dos Macacos” merece ser lido de ‘cabo a rabo’ de uma forma muito especial; de preferência num lugar tranqüilo sem que ninguém o incomode. Dessa forma, você irá sugar toda a essência saborosa do enredo, incluindo o seu dilacerante final.
Bem, pincelando um pouco sobre o enredo da obra para aqueles que ainda não leram ou então não assistiram ao filme de 1968: No ano de 2500, o professor Antelle, o físico Levain e o jornalista Ulysse Mérou resolvem deixar a Terra. Eles embarcam numa espaçonave cósmica, em direção ao sol vermelho Betelgeuse, na constelação de Órion. O destino encontra-se a 300 anos-luz e até atingi-lo passam-se, em nosso planeta, cerca de três séculos e meio, enquanto os viajantes, devido a dilatação do tempo, tem a sensação de passarem apenas dois anos. Finalmente, eles se surpreendem ao aterrissar em um planeta com cidades, casas, florestas, enfim, um planeta igual a Terra. Quer dizer, quase. Existe uma diferença: neste planeta, os macacos reinam e os homens vivem em estado selvagem, quando não estão enjaulados  e escravizados.
Tenso né?
É isso aí pessoal, podem ler sem medo de se decepcionar! Até há pouco tempo, o livro fazia parte do rol de obras esgotadas, mas agora numa atitude louvável da editora Aleph, ele voltou com tudo às livrarias e pode ser encontrado facilmente. Pena que não tive a mesma sorte há alguns anos quando pelejei para localizar um exemplar escondido e, diga-se de passagem, muito bem escondido num dos sebos da vida.
Inté!


23 maio 2015

Editora Poetisa lança o seu segundo livro direcionado ao público infantil. Depois de “A Bela e a Fera” chega a vez do clássico “O Coelho de Veludo”

Toda vez que verifico a caixa de mensagens eletrônicas do blog dou de cara com releases e mais releases promocionais de editoras ou escritores que promoveram o lançamento de seus livros. Todas as vezes, eles sugerem que eu comente a obra e pasmem: com base apenas no tal release promocional!
Ah, menos né! Mêo, é algo lógico: no chamado mundo literário é impossível comentar algo que você não leu! O que estão querendo é que eu faça merchandising de graça. Muita folga, não é?!
O mais correto seria enviar um livro ou uma cópia digital (‘se bem’ que eu prefira o livro) ao invés de um release com o texto pronto.
Quanto as obras literárias que ainda serão lançadas, sou muito ‘chato’ na escolha dos releases. Na sessão “O Que Vem Por Aí” do ‘Livros e Opinião” procuro ‘falar’ alguma coisinha sobre autores ou obras que eu tenha, pelo menos, o mínimo de afinidade ou então, cuja proposta tenha a melhor das boas intenções em melhorar ou estimular a leitura de diversas faixas etárias.
E olha, que mesmo sendo assim tão cheio de critérios e chatérrimo, às vezes acabo dançando e publicando resenhas de pré-lançamentos das quais me arrependo amargamente depois que leio o livro. Mas acredito que não será o caso desse post, mesmo porque conheço a história que será lançada e também o profissional que fará a tradução. O mesmo não posso dizer escrever sobre a editora que se chama Poetisa. Confesso que para mim é uma grande incógnita, o que é perfeitamente compreensível, já que a empresa editorial foi inaugurada no ano passado e publicou até agora, apenas um livro.
De acordo com o release que recebi, a Poetisa nasceu graças ao empenho de duas amigas - Cynthia Beatrice Costa, jornalista e tradutora e Juliana Lopes Bernardino, também jornalista, editora e estudante de Psicologia – que já se conheciam de longa data e logo de cara publicou a versão do clássico conto de fadas “A Bela e A Fera”.
Não li o conto - pelo pouco que sei parece que foi modificado e passou a ter em seu contexto uma fada madrinha  que não existia na história original – mas o que despertou a minha atenção foi a qualidade dos profissionais envolvidos no seu processo de criação. O ilustrador foi Laurent Cardon, francês radicado no Brasil há 18 anos, graduado na escola de animação Les Gobelins em Paris, uma das mais conceituadas, senão a mais conceituada daquele País. Conquistou vários prêmios como o de melhor livro para criança. Já, a tradutora, foi Marie-Hêlene Catherine Torres, professora de Literatura Francesa e de tradução na Universidade Federal de Santa Catarina, com publicações de artigos sobre tradução literária em revistas na França, no Canadá, na Bélgica e no Brasil.
E tudo indica que esta mesma qualidade deve fazer parte do próximo lançamento da Poetisa: a tradução do famoso conto infantil americano: “O Coelho de Veludo” de Margery Williams. A história é um verdadeiro clássico, publicado pela primeira vez há mais de 100 anos, sendo traduzido para diversas línguas. A obra narra as aventuras de um coelhinho de pelúcia que sonha se tornar de verdade. Até conseguir realizar o seu sonho (será que conseguirá?) ele passará por várias peripécias.
Desta vez, a tradução estará a cargo de Davi Gonçalves, doutorando da Pós-Graduação em Estudos da Tradução da Universidade Federal de São Carlos (UFSC). Estive pesquisando nas redes sociais e as opiniões quanto a competência desse profissional são unânimes o que me leva a acreditar que a Poetisa seja criteriosa no momento de escolher os tradutores e ilustradores que trabalharão em suas obras, pelo menos foi isso o que aconteceu até agora. Todos nós, leitores, esperamos que esse cuidado na elaboração estrutural de seus livros continue norteando as diretrizes da editora.
“O Coelho de Veludo” será lançado no dia 30 de maio em São Paulo e como já disse escrevi acima é considerado um clássico da literatura infantil norte-americana. Lançado em 1922, desde então vem sendo largamente adotado em escolas e lido por pais para embalar o sono de seus filhos pequenos. E agora, os próprios pequenos terão a oportunidade de ler a saga ilustrada do famoso coelho.
Confiram os detalhes técnicos da obra
Detalhes do livro
Título: O Coelho de Veludo
AutorMargery Williams
Tradutor: Davi Gonçalves
Ilustradora: Marcela Fehrenbach 
Ano2015
Número de páginas: 44
Formato20x20 cm
Preço: R$ 34,90


17 maio 2015

Sexta-Feira 13: Arquivos de Crystal Lake

Um dos filmes de terror que marcou a minha geração foi “Sexta-Feira 13”, o primeiro, de 1980, e não as bagaceiras posteriores – principalmente à partir da 4ª parte - que transformaram a franquia numa piada de mau gosto.  
Na minha opinião, o filme que deu origem a série é a pedra fundamental, incomparável e a anos-luz de distância dos outros. – “Ah! Mas o Jason nem aparece com a famosa máscara de hóquei. Não tem graça nenhuma!” Sei que muitos podem fazer tal afirmação, mas eu respondo com toda segurança que tem graça sim, porque  a produção do início dos anos 80 foi tão boa, mas tão boa que não precisou da ajuda de nenhum gigante homicida de quase dois metros de altura, escondido sob uma máscara do Detroit Red Wings, esfaqueando quem cruzasse o seu caminho. Cara, só a primeira parte já basta! Filmaço! Mas nós sabemos da gula por dólares da máquina Hollywoodiana, então ela resolveu transformar o filme numa franquia e deu no que deu: alguns bons e outros verdadeiras bombas homéricas. Posso até aceitar três filmes, mas 12?!
Portanto, quando a DarkSide anunciou que iria lançar um livro revelando todos os detalhes dos bastidores do primeiro filme... Mêo! Quase pirei! Fiquei contando nos dedos a chegada de “Sexta-Feira 13: Arquivos de Crystal Lake” nas livrarias. Afinal de contas, teria a oportunidade de conhecer  todos os segredos que rolaram atrás das câmeras do filme de terror que mais me intrigou, depois de “O Exorcista”, é claro.
Reservei a minha edição tão logo o livro foi colocado em pré-venda nas lojas virtuais e quando a belezura caiu em minhas mãos comecei a lê-lo simultaneamente com “Escuridão Total Sem Estrelas” de Stephen King.
Alguns acusam a DarkSide de tentar esconder um conteúdo fraco atrás de capas sedutoras capazes de atrair a atenção, até mesmo, de pessoas que tem ojeriza à leitura. Não concordo; pelo menos, com relação a “Serial Killers: Anatomia do Mal” e, agora, “Sexta-Feira 13: Arquivos de Crystal Lake” – os únicos que li da editora – não sei quanto aos demais.
No caso de Sexta-feira 13, tanto o conteúdo quando a arte são fantásticos. O leitor vai encontrar um verdadeiro legado sobre o filme:  como foi o seu planejamento e execução, além de entrevistas com atores, diretores, produtores e maquiadores. E por falar em maquiadores, o prefácio da obra foi escrito pela fera Tom Saviani, profissional responsável pela maquiagem e efeitos especiais do filme. Ele faz revelações surpreendentes sobre a composição do personagem Jason Voorhees. É evidente que não quero e nem vou estragar esse texto com spoilers, mas basta dizer que Saviani revela como o Jason “deveria ser e não foi”. Deu pra entender? Explicando melhor: à princípio, o personagem deveria ter outras características, muito diferentes, daquelas que aparecem no filme, mas após alguns palpites de Saviani, tudo foi mudado.
A pesar de serem mínimas as informações sobre Kevin Bacon – garotão na época – que quatro anos depois explodiria em todo o mundo com o mega-sucesso “Footloose: Ritmo Louco”, elas são bem interessantes. Vale lembrar que Sexta-Feira 13 foi um de seus primeiros papéis e que a morte de seu personagem foi a mais famosa de toda a saga, tendo muito impacto naquela época. Já, Sean S. Cunningham é quem mais aparece no livro; também, pudera, ele foi, ao lado de Saviani, um dos maiores responsáveis pelo sucesso do filme.
A gravação de Sexta-feira 13 durou 28 dias e neste período muitas coisas boas e outras ruins rolaram entre direção e elenco. Boa parte delas são reveladas no livro da DarkSide. O relacionamento entre os atores era bom ou ruim? O que eles faziam durante as filmagens? Tudo isso é esclarecido na obra.
Caramba, me empolguei tanto com o livro que acabei omitindo o seu autor. Ok; David Grove é escritor e jornalista... e pronto. Pronto, porque, não conheço nada sobre o cara. Parece-me que ele escreveu um livro sobre os bastidores do filme “Quarteto Fantástico” e também alguma relacionada a série “Scream Queens”. Mas, confesso, que mesmo com poucas credenciais, o seu trabalho em “Sexta-Feira 13: Arquivos de Crystal Lake” meu surpreendeu. Gostei do texto e também da forma como foram conduzidas as entrevistas. Bem ágeis e interessantes, de fato, prende a atenção dos leitores. O autor também foi honesto em sua abordagem, ao publicar tanto as críticas positivas quanto as negativas sobre o filme. Ele cita, por exemplo, que alguns críticos malharam Sexta-feira 13, logo após o seu lançamento, acusando o filme de ser uma cópia descarada de “Halloween”, que tinha acabado de fazer grande sucesso nos cinemas.
Outro ponto alto da obra são as fotos das filmagens e também dos bastidores: mais de 300, muitas inéditas.
Como sempre acontece com os lançamentos dos livros da “Coleção Dissecando” (O Massacre da Serra Elétrica e Evil Dead) a DarkSide lançou duas versões de “Sexta-Feira 13: Arquivos de Crystal Lake”: a clássica, no formato brochura e a limitada com capa dura.

Escolha a sua e ‘enterre-se’ na leitura.

14 maio 2015

Escuridão Total Sem Estrelas

“Escuridão Total Sem Estrelas” faz me lembrar do “Mirtinho”, um colega de infância que estudou comigo no período ginasial. Ele era um menino acanhadérrimo e o silêncio era o seu melhor amigo. Ele entrava na classe fala um oizinho mixuruca e envergonhado para o pessoal e ia se sentar no meio da sala de aula com a cabeça baixa para fazer as suas lições. Quando desejava pedir alguma coisa para os seus colegas, extrapolava na educação, tornando-se enfadonho.
Brigas ou confusões não faziam parte da sua história de vida. Quer dizer... até uma fatídica manhã quando ele foi humilhado por um incauto e egocêntrico aluno metido a brigão. O nome da besta e burra fera? Tinho, vulgo Tinhão. Besta porque queria brigar com todo mundo e burro porque foi mexer com o “desconhecido”. E esse desconhecido se chamava Mirtinho.
Apesar das décadas, me lembro do fato como se fosse hoje. Tinhão passou todas as aulas provocando a sua “vítima-algoz”, chamando-o de todos os apelidos mais humilhantes existentes naquela época. Não contente com o ‘bullying oral”, Tinhão apelou para os tapas na orelha e os chamados ‘coques’ na cabeça. Tudo isso quando os professores se encontravam de costas.
Mirtinho agüentou firme. No dia seguinte, começou tudo de novo, mas ele já estava preparado e então veio a vingança nua e crua. No início da aula, nossa vítima abriu uma caixa de sapatos e retirou de seu interior uma ratazana horriiiiiiivel que mais se parecia com um boi. De uma segunda caixinha, ele retirou uma aranha enorme com ‘cara’ de caranguejeira e finalmente do seu último compartimento secreto, libertou alguns baratões. Vejam bem, eu disse baratões e não baratas.
Mêo, foi muito rápido. Mirtinho jogou o seu “zoológico particular” na cara do Tinhão que ao ver aquilo batendo em seu rosto, peito, braço e etc, levou as duas mãos a garganta como querendo gritar, mas nessa hora a voz sumiu e o grito saiu ‘mudo’, acompanhado numa fisionomia do mais puro terror.
Ainda não satisfeito , Mirtinho soltou um sonoro: “Toma seu FDP!!!!!” – gritou ainda  outras coisas que é evidente não me lembro – e empurrou Tinhão da cadeira que ao cair parecia uma tora, já que estava catatônico por causa do choque.
Detalhezinho: Neste dia da vingança, a professora titular havia faltado e quem estava lecionando era o diretor da escola que adorava castigar alunos que desrespeitassem a sua aula. Moral da história: Tinhão nunca mais mexeu com ninguém e Mirtinho pegou gancho de vários dias, só não sendo expulso por causa de seu brilhante currículo ginasial.
Stephen King
Mas o que esta história tem a ver com a obra de Stephen King? Cara, tem tudo a ver! “Escuridão Total Sem Estrelas” é um livro sobre personagens pacatos e racionais, alguns até mesmo simplórios, que ao se depararem com situações extremas ou humilhantes são capazes de tomar atitudes chocantes.
Penso até que o fato envolvendo o meu colega de infância – que hoje, nem sei onde se encontra – e os seus adoráveis ‘bichinhos de estimação’ daria um ótimo conto pelas mãos de King. “Mirtinho” passou por momentos de escuridão total ao se deparar com o seu algoz e após tanta humilhação, tirou a pele de cordeiro e mostrou o seu “eu” secreto. Nas quatro histórias de “Escuridão Total Sem Estrelas”, os personagens agem da mesma maneira, deixando nós leitores, boquiabertos e até assustados com tais atitudes. Por isso, o livro é cru, realista e chocante.
Um detalhes é que, dessa vez, King não apelou para o sobrenatural – com exceção do conto “Extensão Justa” – optando por mostrar o lado mais humano de seus personagens.
O melhor conto do livro é “1922” que abre a coletânea. King arrebenta nesta história. Na minha opinião, um dos melhores contos já escritos pelo autor. O final inesperado é de derrubar o queixo. Cara, fiquei completamente pasmado porque jamais pensei que o destino do personagem principal seria aquele.
“O Gigante do Volante” também não decepciona. O enredo é cheio de reviravoltas. Muitos leitores criticaram o final da história, mas eu achei tão bom quanto “1922”. Para que você e tenda o final e o veja como algo impactante é necessário ‘sacar’ o lance do pato de pelúcia desbotado e sem um dos olhos que Tess Jean – a personagem principal – encontra perto do final do conto. O pato está intimamente ligado à vida de... bem leia o conto, é melhor, se não vou acabar ‘queimando-o’ com spoilers.
 www.stephenking.com.br
Ilustração do conto Um Bom Casamento
“Extensão Justa” é o tipo da história que vai deixando o leitor angustiado. Daquelas difíceis de ler, não porque seja ruim, mas por causa da carga negativa envolvendo os personagens. Um deles se parece com Jó: nasceu para sofrer, enquanto o outro, é hipócrita, insensível e egoísta. Se não fosse o seu final insosso, com certeza seria mais um ‘contaço’ de King, pena que o mestre não foi feliz na sua conclusão e com isso mijou, cag... e sentou em cima, fazendo o serviço – quer dizer, a porcaria – completa. Final horrível, sem surpresa nenhuma.
 “Um Bom Casamento” é razoável, ganha de “Extensão Justa” somente por causa do final maledeto desse último. Após uma revelação importante que acontece mais ou menos no meio do conto, a história acaba ficando previsível.
Vamos conferir um pequeno resumo dos quatro contos que compõem o livro.
01 – “1922”
Wilfred James vive com seu filho e sua esposa, Arlette James, em uma fazenda em Hemingford Home, Nebrasca. Enquanto Wilfred é o típico fazendeiro esperançoso, que planeja prosperar com suas terras, sua esposa, Arlette, é o tipo de mulher sonhadora que não consegue imaginar seu futuro ao lado das vacas e demais animais da fazenda. Arlette é dona de 100 acres, ao lado dos 80 do marido e ela planeja vender a sua parte para uma companhia que planeja instalar ali uma de suas fábricas de produtos alimentícios. Wilfred se vê pressionado pela esposa e acaba arquitetando um plano macabro que envolve mentiras e assassinato. Para isso, porém, ele precisará envenenar a mente de seu filho, de apenas 14 anos, para que possa ajudá-lo a levar a cabo seu plano macabro.
02 – O Gigante do Volante
 Após retornar de uma palestra por um atalho deserto, Tess, uma autora de livros de mistérios em os pneus do carro furados por pregos grudados a pedaços velhos de madeira. Ela acaba conseguindo a ajuda de um estranho, um “gigante” que se prontifica a trocar o pneu. Ocorre que o tal “gigante” acaba fazendo algo mais do que apenas trocar o pneu furado e com isso, a história de vida da pobre Tess muda radicalmente e ela é obrigada a mostrar o lado escuro de sua alma.
03 – Extensão Justa
Dave Streeter é um homem que está a beira da morte por causa de um câncer que vem consumindo a sua vida rapidamente. Certo dia, durante um passeio de final de tarde, ele conhece um vendedor misterioso, que ao invés de vender casas, utensílios eletrodomésticos ou ingressos para ver o jogo de futebol do seu time preferido, comercializa o que ele gosta de chamar de “extensões”. Para os que precisam de dinheiro, ele vende prolongamentos de crédito, para os que tem pênis pequeno, ele vende um prolongamento físico, para os que tem pouco tempo de vida, como Streeter, ele vende um prolongamento especial de vida, que ele promete durar pelo menos 15 anos ou mais. Porém, como na vida, esses prolongamentos também tem um preço, que Streeter irá pagar sem pestanejar.
04 – Um Bom Casamento
Darcy Anderson é uma dona de casa dedicada, com um casamento de sucesso que mantém ao longo de 27 anos. Certa noite, quando vai a garagem de sua casa buscar algumas pilhas para o controle remoto da TV, ela acaba descobrindo o esconderijo secreto do marido. Lá, Darcy descobre algo perturbador, o conteúdo de uma caixa misteriosa que vai mudar a sua vida para sempre.
Não poderia deixar de registrar nesse post, o “Posfácio” do livro, onde King explica de onde tirou inspiração para escrever os quatro  contos de “Escuridão Total Sem Estrelas”.
Fui!



13 maio 2015

Humorista Ronald Golias ganha biografia merecida

"Ô Cride, fala pra mãe...” O dono dessa frase que ficou imortalizada nos anais do humor brasileiro acaba de ganhar um livro contando a sua vida. “Ronald Golias: o gigante do humor”; este é o nome da biografia escrita por Luís Carlos Barbano, lançada no dia 9 de maio em São Carlos (SP), cidade natal do comediante.
Os personagens criados por Golias fazem com que eu me recorde dos meus pais que o adoravam, principalmente o Kid Tourão. Ele costumava dizer para minha mãe: - “Ô ‘Láza’ ta quase na hora de começar o programa do Cride”. E à exemplo dos meus velhos, acredito que muitos outros pais tinham em Golias o seu maior ídolo.
O cara era fera e já merecia uma biografia há muito tempo ou será que uma pessoa que atuou na TV durante cinqüenta anos e trabalhou nas quatro principais emissoras de TV do País – Globo (Superbronco), Record (Família Trapo), Bandeirantes (Bronco) e SBT (A Praça é Nossa, Escolinha do Golias e Meu Cunhado) – não merecia um livro contando detalhes de sua vida? Claro que sim!
Fico P. da Vida com essas biografias ‘maledetas’ de verdadeiros ‘Zé-Ninguém’, enquanto pessoas com uma história de vida de arrepiar todos os cabelos do corpo (no bom sentido – rs) acabam sendo preteridas. Caraca mêo! Basta o sujeito entrar no BBB que já é convidado para contar a sua vida num livro! Mas contar o quê? Falar o quê? Se a vida do (a) tal BBB é tão simplória no que se refere a conquistas, barreiras vencidas, lições de vida e etc e mais etc. Quantos desses ‘astros ou estrelas relâmpagos’ chegaram a agredir seus companheiros publicamente na TV, provocando baixarias vergonhosas e mesmo assim, ‘faturaram’ uma biografia?
Desculpem-me o desabafo, mas é que nos últimos anos, as publicações de biografias e autobiografias passaram a ser banalizadas por muitas editoras, causando revolta na maioria dos leitores desse gênero de livro.
Ainda bem que a editora RiMa foge desse contexto, pelo menos por enquanto. Prova disso é que ela teve a sensibilidade de publicar uma biografia de alto nível, apoiando totalmente a proposta de Barbano.
Autor da biografia, Luís Carlos Barbano
De acordo com os folders da editora “Ronald Golias: O Gigante do Humor”  acompanha a trajetória do humorista desde seu nascimento em São Carlos, em maio de 1929, até sua morte 76 anos depois, em São Paulo, é também um relato sobre a formatação da televisão no Brasil. Também pudera, o cara fez humor durante cinco décadas na TV!  
A Editora Rima informa ainda que o leitor será apresentado a diversos causos e curiosidades envolvendo a personalidade, a vida e a carreira de Golias. Conhecerá, por exemplo, detalhes de sua vida que levaram seu padrinho e mentor, Manoel de Nóbrega, às lágrimas ou seu lado espiritual e o grande vínculo com o médium Chico Xavier. Além de suas manias – como comprar dez vestidos exatamente iguais para a então esposa Lúcia – e do grande coração, que o fazia preterir um aumento salarial para que o restante da equipe pudesse ganhar mais.
“Ronald Golias: o gigante do humor” conta com depoimentos, dentre outros, do apresentador Carlos Alberto de Nóbrega, da filha do Golias, Paula, do irmão Arlindo, da ex-esposa Lúcia, da deputada Cidinha Campos, da atriz Fafy Siqueira e de amigos e conhecidos de sua terra natal. A capa foi criada pelo artista plástico Wilson José Peron, além da caricatura do humorista feita por Ziraldo e da ilustração produzida pelo artista gráfico Iéio (Sergio Luiz Roda) especialmente para a biografia.
Ah! Vocês devem querer saber alguns detalhes sobre o autor da obra.Ok, valos lá. Barbano é historiador e funcionário da Divisão de Manutenção e Operação da Prefeitura do Campus USP de São Carlos (PUSP-SC). Ele conheceu Golias quando tinha apenas 16 anos e era balconista de um armazém em São Carlos. Em uma de suas visitas à terra natal, o humorista entrou no armazém para comprar algo e... pronto: os caminhos de Barbano e Golias se cruzaram, dando início a uma sólida amizade.
Anotem os detalhes da obra
Título: Ronald: o gigante do humor
Autor: Luís Carlos Barbano
Editora: RiMa Editora
Preço: R$ 49,90
Páginas: 350
Formato: 17 x 24, brochura
Só não entendi porque as grandes livrarias virtuais ainda não colocaram o livro à venda. Vasculhei e não encontrei nada. Estranho. Mas fique tranqüilo, já que os interessados poderão adquirir “Ronald: o gigante do humor” diretamente no site da editora: www.rimaeditora.com.br


10 maio 2015

O Planeta dos Macacos e Jurassic Park voltam às livrarias pela editora Aleph

Livro de Boulle com novo layout lançado pela Aleph
Lembro, como se fosse hoje, da minha peregrinação para adquirir “O Planeta dos Macacos”. Também pudera, como sofri  para comprar o livro do francês Pierre Boulle. Todo santo dia, entrava nos sebos virtuais – acho que o portal da Estante Virtual estava começando a dar os seus primeiros passos naquele longínquo 2005 – e não encontrava nada. Com isso, a minha frustração ia aumentando cada vez mais. Queria tanto ler a história de Boulle que cheguei ao ponto de dar uma ‘balançada’ na hora de comprar “a última bolacha do pacote” que havia localizado num sebo escondido no fundo do baú. Detalhe: essa “última bolacha do pacote” estava traduzida no idioma dos nossos patrícios portugueses. Tudo bem que se trata de uma língua co-irmã, mas convenhamos: o português europeu tem algumas diferenças, digamos que ‘meio’ chatinhas que dificultam no momento de lermos um livro. Por exemplo, enquanto usamos gerúndio à vontade, eles esbanjam no infinitivo (“falando” x “a falar”); sem contar as palavras com significados diferentes para as duas línguas (Delegacia para nós, Esquadra para eles; Moleque para nós, Puto para eles e etc e mais etc). Pois é, a minha vontade de devorar as páginas de “O Planeta dos Macacos” era tão grande, mas tão grande, que por um triz quase compro uma edição lusitana.
Após muito tempo sofrendo, o Grande Homem lá de cima se apiedou de mim e fez com que caísse em minhas mãos do nada, uma edição Pocket Ouro de 2005 do livro. Agradeço aos céus por aquela madrugada insone zapeando na net, porque graças a “ela’ topei com uma edição de bolso perdida num sebo e por um preço minguadinho. Após soltar um “Iahuuuuuuuuuuuuuuu!!! que estava entalado há anos em minha garganta, efetuei a compra com as mãos tremendo de emoção.
O meu drama com “O Parque dos Dinossauros” (Jurassic Park) de Michael Crichton foi semelhante. Não encontrava o livro em lugar nenhum e para piorar, naqueles idos tempos, os fundadores do portal estante virtual nem sonhavam com um projeto daquela magnitude. Aliás, os sebos virtuais estavam engatinhando e mal saiam do chão. A salvação de todos nós, leitores inveterados, eram os livreiros que nos socorriam à distância pelo MSN. Mas, no meu caso, nem eles puderam ajudar, porque no final dos anos 90, a obra máxima de Crichton já estava esgotada nas livrarias.
Quando tudo parecia perdido, o cara de pau, aqui, jogou a sua vergonha e o seu amor próprio no lixo e começou a ‘publicar’ insistentemente nas salas de bate-papos  mensagens implorando pelo livro. Entonce, alguém deve ter se penalizado com a minha situação e se propôs a prestar auxílio. Resultado: recebi dessa boa alma o ‘presente’ pelo correio. Cara, que Iahuuuu gostoso ‘soltei’ quando peguei em minhas mãos o livraço de Crichton.
Nova capa de Jurassic Park 
Galera, achei importante contar essas duas experiências pessoais para que vocês entendam como, nós leitores, sofremos quando queremos ler um livro e não o encontramos. Por esse motivo, sempre fui contra a proposta de algumas editoras ficarem relançando obras que ainda podem ser encontradas facilmente no mercado, ao invés de adquirirem os direitos de de histórias raras ou esgotadas.
Então, de repente, chega a editora Aleph e muda todo esse conceito ou preconceito, tanto faz. De cara, eles colocaram no mercado neste mês de abril “O Planeta dos Macacos” e como não bastasse, prometeram para maio “Jurassic Park”.
Cara, só tenho que elogiar a atitude dos responsáveis pela editora que decidiram romper todos os paradigmas ao adotar a postura de colocar no mercado literário, obras raras, de fato.
Agora, falando escrevendo um pouco sobre os dois hiper relançamentos da Aleph, eles chegam numa boa hora, já que os livreiros que ainda dispunham das poucas edições em estoque, estavam ‘enfiando a faca’ até o cabo. Tanto O Planeta dos Macacos como O Parque dos Dinossauros estavam sendo vendidos em média de R$ 90,00 a R$ 180,00!!
Em abril quando a editora anunciou que iria relançar os livros de Boulle e Crichton, os preços nos sebos começaram a despencar e hoje, ambos podem ser adquiridos à preços módicos.
“O Planeta dos Macacos” é o livro que deu origem à franquia do cinema que começou em 1968 com Charlton Heston e continua até nos tempos atuais. A história fez tanto sucesso que além das telonas também virou seriado de televisão e desenho animado.
O livro - lançado originalmente em 1963 - que já está á venda conta com uma série de extras e projeto gráfico de Pedro Inoue, responsável por “laranja Mecânica – 50 anos” e “Uma Odisséia no Espaço”
A história de Boulle começa no espaço, onde um casal passa a lua de mel em uma espaçonave particular, prática que o autor previu como algo corriqueiro no futuro. O passeio é interrompido por uma garrafa carregada com um manuscrito, que aparece boiando e é capturada pelos viajantes. O texto é assinado pelo protagonista Ulysse, um jornalista que topa participar de uma viagem intergaláctica que levará três tripulantes a planetas distantes, nunca antes alcançados pelo homem. O trio aventureiro descobre um sistema muito parecido com a Terra, com oxigênio no ar e gravidade semelhante à nossa. Mas também se depara com o absurdo: ali, os homens são animais selvagens, sem fala ou consciência, capazes apenas de uivar, enquanto os macacos são seres pensantes e culturais.
Cena do filme "O Planeta do Macacos" lançado em 1968
Em um processo reverso, humanos são testados em laboratório por macacos, são objetos de lobotomia e de extirpações, além de se tornarem animais de estimação e de entretenimento em zoológico. Nesse ambiente, o protagonista se envolve com uma selvagem humana, Nova, por quem sente tanto desejo físico como frustração intelectual, e também com Zira, uma macaca cientista, com quem estabelece uma comunicação e para quem consegue provar que é um ser pensante. Apesar de o primeiro filme ser fiel à trama literária, as diferenças entre uma obra e outra são muitas, principalmente o final. Fica difícil saber qual é o desfecho mais impactante: do livro ou do filme.
Já na trama de “Jurassic Park” que também será relançado pela Aleph nos próximos dias, um grupo de cientistas desenvolve uma técnica para recuperar e clonar o DNA de várias espécies de dinossauros. Extintos há milhões de anos, os repteis pré-históricos são recriados em laboratório com o objetivo de se tornarem atração turística de um parque temático localizado em uma ilha remota a oeste do litoral da Costa Rica. Algo acaba dando errado e os animais furiosos e famintos saem caçando os habitantes  e visitantes da ilha.
Em 2012 escrevi um post resenhando “O Parque dos Dinossauros”, os leitores interessados poderão conferir aqui.
Bem, é isso aí galera. Só me resta parabenizar os editores da Aleph e torcer para que eles continuem criando tendências e não seguindo o ‘feijão com arroz’ tradicional de outras editoras.

E que venha “Jurassic Park”!

09 maio 2015

Livros de colorir para adultos viram uma febre em todo o País. “Jardim Secreto” e “Floresta Encantada” são os mais procurados

Os livros de colorir são a bola da vez! E se você pensa que eles são direcionados ao público infantil, está redondamente enganado. Desta vez quem está mergulhando de cabeça na onda são os adultos, entre eles: delegados, médicos, juízes, promotores, políticos, padres, pastores, etc e mais etc. Acho que até a presidente Dilma dá as suas pintadinhas de páginas para desestressar, já que o negócio está tenso na economia brasileira.
Enfim, esses livros se tornaram uma verdadeira coqueluche, aqui, na terrinha.
O título “Jardim Secreto”, com figuras de flores e folhas, está entre os mais desejados no País e no mês passado chegou a ficar em falta na maioria das livrarias. Um exemplo da popularidade da obra de 96 páginas idealizada pela ilustradora escocesa  Johanna Basford é que a Livraria Saraiva no Distrito Federal recebeu 100 exemplares e todos foram vendidos em poucas horas. Acredita? Verdade!
E sem dúvida nenhuma, “Jardim Secreto” é o livro mais famoso do gênero, pelo menos, até agora. Suas páginas contam com elaborados desenhos a nanquim de flores, folhas, árvores e pássaros. Tudo isso esperando para receber cores.
“Jardim Secreto” foi lançado em 2013 e até agora, já vendeu mais de 1,4 milhão de exemplares em 22 idiomas. E o público-alvo como já disse são os adultos que gostam de colorir livros.
Conheço algumas pessoas que chegaram a comprar três ou mais livros para experimentar variações diferentes de cores, enquanto outras optam pela formação de grupos que se reúnem durante a semana com uma finalidade específica: colorir desenhos.
Tive a oportunidade de ver os traços de “Jardim Secreto”, já que tenho um colega viciado nessa nova onda, e confesso que mesmo não sendo adepto da novidade, achei o livro encantador. Os traços das páginas são tão bonitos que exercem uma certa magia em seus observadores, despertando o antigo desejo de infância de apanhar uma caixa de lápis ou canetas de cor  e começar pintar e pintar, dando vida aqueles ‘riscos’ magnificamente desenhados.
Pois é... E a, hoje, conhecida ilustradora escocesa que não é nada boba, ao ver o sucesso de seu “Jardim Secreto” decidiu lançar, logo em seguida, “Floresta Encantada” que segue o mesmo caminho.
Os leitores que ‘fuçarem’ mais à fundo na ‘net’ irão encontrar vários outros livros de colorir, mas nenhum com a riqueza de detalhes da ilustradora Johanna Basford, por isso, a recomendação aos interessados é que comprem “Jardim Secreto” ou “Floresta Encantada”, e não qualquer outro.
Pois é, essa moda pegou, de fato, entre os brasileiros. Descobri que existe até perfil no Instagram que reúne imagens já coloridas como inspiração para que os leitores preencham seus próprios desenhos?
“Jardim Secreto” e “Floresta Encantada” foram lançados pela editora Sextante e estão à venda em praticamente todas as livrarias brasileiras à preços bem camararadas.
Quer um conselho? Compre logo, antes que se esgote novamente.

06 maio 2015

10 super-heróis brasileiros fodásticos das histórias em quadrinhos

Muitos brasileiros que curtem histórias em quadrinhos ficaram tão bitolados nos super-heróis da Terra do Tio Sam que se esqueceram completamente dos nossos super-heróis brazucas. Aliás, alguns, de tão bitolados, mal sabem que o Brasil também produz personagens com poderes equivalentes ou até mais interessantes do que vários figurões da Marvel ou da DC Comics.
Cara, a literatura brasileira em quadrinhos, do gênero super-heróis, é muito rica e só difere da Marvel e DC por causa da bilionária estrutura de marketing e distribuição. E nós, leitores, quase sempre somos engolidos por essa estrutura e acabamos nos esquecendo de tantas coisas boas produzidas aqui, na terrinha, e que só não vão para frente por falta de investimento e patrocinadores.
Nossos super-heróis são do cacete galera! Se eles tem o Capitão América”, nós temos o Capitão R.E.D; se eles arrebentam com a Mulher Maravilha, nós arrebentamos com a Velta; se eles tem super força e voam com Superman; nós voamos e envergamos aço com o Capitão Sete.
Por isso, neste post gostaria de prestar uma homenagem aos roteiristas, desenhistas e editoras independentes que lutam para promover os seus super-heróis. Ainda ontem, quando tive o insight de escrever esse post, cheguei a conclusão de que os verdadeiros super-heróis brasileiros são as pessoas que ficam atrás dos quadrinhos, ou seja, os roteiristas, desenhistas e editores independentes. Eles merecem todo o nosso respeito porque além de enfrentar o preconceito de que super-herói tupiniquim só serve para piada, ainda tem que lutar pela sobrevivência dentro de um contexto dominado por duas gigantes: Marvel e Comics.
Selecionei dez super-heróis brasileiros considerados os “bambans” do momento. Sei que é difícil encontrar nas bancas revistas em quadrinhos que abordem as aventuras dessa “tchurma”, mas vale à pena vasculhar em sebos, na internet e nas redes sociais atrás de alguma publicação perdida. Acredito que o “Santo Google” será de grande importância nessa hora. Não custa nada digitar à esmo palavras ou frases com os nomes dessa galera-super. Com certeza irão aparecer dezenas de links que lhe encaminharão para algum texto em pdf com o historio do brazucão ou então, endereços indicando onde se encontram as tão sumidas revistinhas em quadrinhos. Ao final do post deixarei alguns links onde vocês poderão encontrar algumas ‘cositas’, mas o meu conselho é fuçar e fuçar na internet e nas redes sociais. Lembre-se daquele ditado popular: “Os perseverantes sempre prosperam”.
E vamos com os nossos super-heróis brazucaços!
01 – Capitão 7
Oh! Oh! Oh! Adivinhe se não iria abrir essa relação com ele: o “pai” dos super-heróis brasileiros. O Capitão 7 surgiu no início dos anos 50 e pode ser considerado o primeiro super-herói brasileiro dos quadrinhos. Os outros só dariam as caras quase uma década depois quando pequenos editores brasileiros em parceria com desenhistas locais – aproveitando a onda de sucesso dos heróis da Marvel da Ebal -  resolveram também criar seus clones. Mas o Capitão 7 nasceu bem antes dessa onda. Ele é oriundo da TV e só viria fazer parte da galeria dos super-personagens dos quadrinhos bem depois. Ele nasceu na TV Record de São Paulo e foi exibido ao vivo pela primeira vez em 1954 . Foi criado pelo ator e boxeador Ayres Campos, que também o interpretava. O Capitão tinha como assistente a então garota-propaganda da Record, Idalia de Oliveira. Contava com sua nave, onde observava as atitudes dos demais humanos na Terra. Quando encontrava alguém em apuros, descia da nave, vestia seu capacete e sua inconfundível roupa, com um "sete" atravessado por um relâmpago no peitoral. O número sete era por causa do canal. Assim, todos associavam o Capitão Sete, como o "herói da Record", "herói do 7".
O brazucão fez tanto sucesso na TV que acabou ganhando um gibi próprio que teve início em 1959 pela editora Continental/Outubro. Os quadrinhos eram desenhados por Jayme Cortez, Júlio Shimamoto, Getúlio Delphin, Juarez Odilon, entre outros artistas. Os roteiros das histórias eram desenvolvidos por Helena Fonseca, Hélio Porto e Gedeone Malagola.
E o sucesso do Capitão Sete não parou por aí. Ele teve vários produtos licenciados nos anos 50 e 60 como lancheiras, bonequinhos, etc.
Os poderes do Capitão Sete eram idênticos aos do Superman. Ele podia voar e se mover com grande velocidade. Também possuía super-força, sendo praticamente invulnerável. Seus poderes , no entanto, funcionavam completamente apenas enquanto estava usando seu uniforme especial, que Carlos (alter-ego do Capitão) mantinha guardado em uma caixa de fósforos enquanto mantém a sua identidade civil.
02 – Raio Negro
Raio Negro foi criado no final de 1964 pelo roteirista, desenhista e editor de quadrinhos Gedeone Malagola, cuja origem lembra um pouquinho o Lanterna Verde. O uniforme  do herói se assemelha ao do Ciclope dos X-Men (na década de 60). Mas, segundo Gedeone, o visor usado pelo Raio Negro não tem nada a ver com o visor do líder dos X-Men.
O desenhista brasileiro se inspirou no Lanterna Verde para criar o seu herói tupiniquim, mas com uma diferença: enquanto o americano Hal Jordan (identidade do Lanterna Verde) era um aviador civil, o brasileiro Roberto Salles (o Raio Negro) era um piloto militar da Força Aérea Brasileira (FAB).
A biografia do herói é bem interessante. Certo dia, o tenente Roberto Salles é enviado da base da FAB ao espaço numa missão secreta em vôo orbital, onde acaba sendo capturado por um disco voador. No interior da nave está um ser agonizante chamado Lid, oriundo do planeta Saturno. Vale lembrar que a nave havia sido atingida por um meteoro. Roberto Salles, então, recebe instruções do alienígena e consegue desviar a nave e chegar até Saturno. Naquele planeta, recebe como recompensa de Lid – por ter salvado a sua vida – um anel de luz negra feito com a energia magnética de Saturno que lhe dá super poderes como super velocidade, força sobre-humana, capacidade para voar, além de raios de energia que saem de seu anel. O tenente da FAB, finalmente volta á Terra, prometendo usar o anel somente para fazer o bem, assumindo uma nova identidade para combater os criminosos.
Seu arquiinimigo é o Capitão Op-Ort, cujo nome verdadeiro é Duarte Rodrigues, cientista especializado em robótica e que foi afastado das Forças Armadas por desequilíbrio mental.
Nos anos 60, Malagola roteirizou e desenhou Raio Negro em 24 aventuras, sendo publicadas também em almanaque e na revista “Edições GEP” (estrelada pelos X-Men).
Em 1982 a editora Grafipar, de Curitiba, que só trabalha com quadrinhos brasileiros, decidiu ‘ressuscitar’ o herói de preto. Dessa maneira, foi lançada uma coletânea de algumas histórias da década de 60. Mas com a falência da Grafipar, as histórias foram suspensas.
Anos mais tarde, uma nova tentativa foi feita, desta vez pela editora ICEA, mas também fracassou. Em 1998, o brazucão daria as caras novamente, mas na revista “Metal Pesado”, especialista em quadrinho brasileiro, que publicaria apenas uma aventura do “Raio”
Finalmente, em 2006, o ‘dito cujo’ participaria da sexta edição da Revista do Herói onde se encontra com outros supe-heróis brasileiros. Bem... nos anos seguintes, Raio Negro não deu mais as caras.
03 – Velta
Tudo bem que a Mulher Maravilha é um mulherão, daquelas de derrubar queixo, orelha, nariz, enfim, a cara toda, mas cá entre nós, a Velta não fica atrás. Olha só a estampa da ‘fera’ aí do lado. Viu? Não estou falando escrevendo a verdade? E não é só na beleza que ambas concorrem ‘pau a pau’. Nos super-poderes, também. Talvez, a Mulher Maravilha leve uma pequena vantagem, mas a nossa Velta é fod.. (desculpem o entusiasmo – rs).
A personagem que pode ser considerada a musa das histórias em quadrinhos brasileiras foi criada pelo artista gráfico e quadrinhista paraibano, Emir Ribeiro, em 1973 e continua sendo publicada até nos dias de hoje. Taí galera! Velta conseguiu resistir ao tempo e principalmente a avalanche de super-heróis e heroínas americanas. Também com essa baita estampa!
A heróina ‘viajou’ por todos os tipos de publicações, primeiro em jornais, depois em revistas e fanzines e, finalmente, em álbuns luxuosos. Ah! Pasmem: as suas histórias foram publicadas até mesmo em livros!
Agora, detalhando um pouco a nossa beldade verde e amarela; Velta é o alter ego de
uma adolescente de Belo Horizonte chamada Kátia Maria Lins. Ao ajudar um extra-terrestre a se recuperar da gravidade da Terra, Kátia acaba recebendo parte dos super-poderes do ET, sendo alterada geneticamente. A partir de então, sempre que quer, ela se transforma numa loira gigantesca de olhos azuis com dois metros de altura e total resistência a fatores como o calor e doenças. Sua marca registradas são os raios luminosos e explosivos que dispara de suas mãos.
Velta foge um pouco dos padrões dos super-heróis ‘certinhos’, do tipo ‘bom moço e boa moça’, já que ela combate o crime por outros motivos: por exibicionismo ou simplesmente para ganhar dinheiro. Nadica de defender personalidades famosas ou então os mais fracos ou oprimidos; ela tinha suas próprias prioridades, embora sua índole sempre pendesse para o bem.
04 – Judoka
O gibi “O Judoka” foi publicado entre 1969 e 1973 pela editora Ebal e inicialmente quem estrelava os quadrinhos não era Carlos da Silva, mas um tal “Mestre Judoca”, personagem desenvolvido pela Charlton Comics (atualmente DC Comics), porém a revista original não emplacou e acabou sendo cancelada nos Estados Unidos logo na sexta edição. Ocorre que os responsáveis pela Ebal foram com a cara do Mestre Judoca e acreditavam que as histórias do herói gringo poderiam continuar emplacando por aqui, tanto é que, apesar dos quadrinhos terem sido um fracasso nos states, no Brasil, eles faziam sucesso.
Dessa forma, a Ebal resolveu dar sequência nas aventuras do “Judomaster” ou “Mestre Judoca”, mas por questões contratuais, foi obrigada a criar uma versão brasileira do herói. Pronto! Nascia assim, o nosso Judoka com histórias escritas por Pedro Anísio e a arte desenvolvida pelo jovem desenhista Eduardo Baron. Tanto Anísio quanto Baron que eram grandes amigos dos donos da Ebal não se recusaram em atender o pedido da alta cúpula da editora.
Em outubro de 1969 chegaria as bancas o número 7 da revista “O Judoka”, marcando a estréia do personagem genuinamente brazuca. Na realidade o herói se chama Carlos, um jovem praticante de judô, que tem como mestre o sábio Minamoto. Ele e sua namorada, Lucia, decidem usar suas habilidades marciais contra o crime. Ambos vestem uma máscara e um quimono estilizado com as cores verde e branco.
Em 2013 escrevi um post inteiramente dedicado ao Judoka onde dou informações detalhadas sobre a sua origem. Aqueles que quiserem saber mais sobre a ‘fera’, basta acessar aqui.
05 – Quebra-Queixo
Quebra-Queixo é um policial que faz parte de um esquadrão da polícia chamado “Força Zero”. Digamos que esse esquadrão seja um daqueles que vivem na moita. Entenderam? Quando ‘o negócio esquenta’, os comandantes, generais ou seja lá o quer for, chamam os brutamontes da Força Zero para quebrar algumas pernas, costelas, braços e é claro, queixos. O maioral desse esquadrão é o pavio-curto Quebra-Queixo que nunca leva desaforo pra casa. O anti-herói durão e de paciência curta com o auxílio de seus amigos da Força Zero combatem o crime na caótica mega-megalópole de Nova Fronteira, uma cidade onde o caos provocado por perigosas e sanguinárias gangues prevalece.
Quebra-Queixo foi criado em 1983 e tem como poderes super-força e resistência sobre-humana. Seu autor, Marcelo Campos, nasceu em Três Lagoas e já desenhou vários super-heróis para o mercado americano, além da execução de trabalhos para editoras nacionais, como as revistas da Xuxa, Sérgio Mallandro, Faustão, entre outros.
As aventuras do anti-herói continuam sendo publicadas nas mais variadas formas e conquistando leitores em todo o país com suas histórias repletas de violência e bom humor. As revistas e gibis do Quebra-Queixo podem ser facilmente encontradas nas bancas e livrarias.
06 – Papo Amarelo
Pode ser que eu esteja errado, mas na minha humilde opinião, Papo-Amarelo é o herói que mais se identifica com o nosso País.
Idealizado pelo cartunista Moacir Torres que também é o responsável pela criação da ‘Turma da Gabi’, o “Papo” nasceu no finalzinho de 2013, cujo financiamento foi possível graças à Lei Rouanet pelas mãos da produtora OPA Cultural.
Para que a galera entenda a importância desse super-herói em termos didáticos, basta dizer que a sua história em quadrinhos chegou a ser distribuída nas escolas da Rede Pública de Indaiatuba, litoral de São Paulo.
O nosso protagonista é um herói ecológico que tem como missão salvar os animais dos traficantes e proteger a natureza e as populações ribeirinhas que dependem da pesca e da coleta. Papo-Amarelo representa a antítese daquilo que os ecologistas mais desprezam: a devastação da região amazônica pelo homem inconseqüente.
Em março de 2015 foi lançada a sua revista em quadrinhos impressa. O ‘Herói Ecológico’ como ficou conhecido tem suas aventuras ambientadas na Amazônia. A publicação de 20 páginas em preto e branco, editada pela Universo Editora e EMT, é vendida em eventos promocionais de HQs brasileiras e livrarias especializadas.
Papo Amarelo é muito inteligente e perspicaz, capaz de rastrear e descobrir esconderijos de criminosos através de pistas ínfimas. Além disso tem força, velocidade e habilidades desenvolvidas de combate corpo a corpo. Antes de se tornar o herói ecológico, ele era o capitão Chico, de apenas 22 anos, paraense e  um dos policiais florestais designados a proteger os ribeirinhos e as florestas do Matogrosso e da Amazônia.
Certo dia, o capitão Chico presenciou a morte de um amigo, brutalmente assassinado por caçadores de jacarés que estavam agindo no Pantanal. Ele, então, persegue e mata os bandidos. Depois disso, ele faz uma promessa de sempre proteger a fauna, a flora e a população ribeirinha dos chamados ‘invasores-predadores’. Capitão Chico inspira-se nos heróis dos gibis de sua infância e confecciona uma roupa toda verde e bem diferente, para impossibilitar o seu reconhecimento junto aos caçadores, madeireiros e garimpeiros ilegais da região. A partir daquele instante, a natureza, os animais das florestas brasileiras ganharam um importante aliado.
Para enfrentar seus inimigos, Papo Amarelo utiliza somente os punhos, os pés e a mente, armas essas que são mais eficazes que qualquer arma de fogo. Assim, surge aquele que se tornaria uma lenda viva entre os índios e ribeirinhos da Amazônia e Matogrosso.
07 – Meteoro
Meteoro é uma criação do monstro sagrado dos quadrinhos brasileiros, Roberto Guedes que é editor, tradutor e autor dos livros “A Era dos Super-Heróis Brasileiros” e “Quando Surgem os Super-Heróis”.
Publicado pela primeira vez em 1992, Meteoro protagonizou diversas revistas no decorrer desses 23 anos. Há aproximadamente quatro anos, Guedes decidiu reformular a sua criação, apagando características antigas e criando novidades. Com isso, Meteoro ganhou uma nova identidade secreta e uma origem reformulada que certamente agradou aos seus fãs, já que a HQs continua sendo publicada normalmente.
O personagem é o mais bem sucedido entre os heróis criados por Guedes em diversos fanzines.
O ‘antigo’ Meteoro que surgiu no início dos anos 90 era um adolescente chamado Ric Marinetti que morava com os avós, já que era desprezado pelo pai Cesar Marinetti. Ric ainda carregava um caminhão de concreto por uma garota estonteante que estudava em sua escola. Mas Ronei Moraes, um playboy arrogante ao extremo, também era apaixonado pela tal garota estonteante.
As coisas começam a melhorar na vida de Ric quando certo dia um meteorito cai no jardim de sua casa jogado por alienígenas que tinham a intenção de destruir a Terra. Pra variar, Ric toca no metorito, por curiosidade e imediatamente ganha super-poderes como força, velocidade e capacidade de voar. Dessa forma, nascia um dos mais populares heróis canarinhos.
Após as mudanças no personagem promovidas por Guedes, ele deixou de se chamar Ric Marinetti e tornou-se Roger Mandari. O seu uniforme também foi alterado. Quanto ao meteorito que lhe conferiu poderes especiais no passado, esqueça. Dessa vez, a história conta que o garoto adquiriu seus poderes através de uma entidade misteriosa para se tornar o “Campeão do Bem”.
08 – Crânio
Olha só, mais um super-herói que tem a Amazônia como área de atuação. Criado por Francenildo Sena em 1988, Haran era um príncipe do planeta Stron, mas ao ser acusado, injustamente, pelo seu irmão da morte do pai, acabou sendo banido para o planeta terra, não sem antes, ter sofrido uma lavagem cerebral.
A cápsula que transportava Haran acabou caindo na floresta Amazônica, no Brasil. O alienígena é descoberto pelos militares e passa a ser perseguido pelas forças armadas do governo brasileiro que o considera um perigo para o planeta. Como Haran consegue escapar de todas as investidas do exército, ele passa a ser conhecido por “Crânio”.
O Crânio pode lançar raios pelas mãos e pelos olhos, além de voar. Esses poderes são considerados dons naturais de todos os stronianos, mas na atmosfera terrestre são ampliados centenas de vezes, tal qual acontece com o kriptoniano Superman.
Crânio continua fazendo muito sucesso e hoje, tem vários fanzines com suas histórias, além de participar de crossovers em revistas de outros super-heróis como o Lagarto Negro.
09 – Lagarto Negro
E por falar nele... Bem, o Lagarto Negro que surgiu nos quadrinhos em 1988 tem algumas peculiaridades, entre as quais, uma bem estranha: a sua identidade secreta que nunca foi revelada!! Esta opção de seu criador, Gabriel Rocha, levou os inúmeros fãs do personagem à loucura, pois a medida que o herói ia ‘caindo’ no gosto popular com as suas aventuras, os leitores queriam saber quem era o cara que se escondia atrás daquela roupa negra. Interessante, não acham?
O Lagarto Negro não tem super-poderes. Ele é um sujeito normal com treinamento em guerrilha urbana que prefere fazer uso de armas não letais, como o seu inseparável nunchaku. A roupa negra cobre qualquer aspecto que possa revelar alguma pista sobre a verdadeira identidade do herói mascarado.
A única pista sobre o cara que se esconde atrás da máscara é que antes de ser o Lagarto Negro, ele trabalhou como instrutor do batalhão de operações especiais da Polícia Federal. Fez especialização em guerrilha urbana e antiterrorismo em Israel. Ele pensa que a disciplina conduz à força, odeia corrupção policial e é torcedor do América Futebol Clube do Rio de Janeiro. Em determinado momento de sua vida, ele descobre um esquema de corrupção dentro de seu trabalho e acaba batendo de frente com os corruptos. Resultado: é incriminado pela própria corporação por algo que não fez.
Para escapar de uma prisão injusta, ele foge e simula a própria morte. Neste momento, o policial é recrutado por uma organização não governamental para trabalhar como agente especial no combate ao crime organizado e a corrupção na várias esferas do governo.
Rocha escolheu como cenário para as aventuras de seu personagem, a cidade do Rio de Janeiro. Não a cidade glamourosa dos maravilhosos pontos turísticos, mas a cidade do submundo do crime.
10 – Capitão R.E.D
Olha aí o nosso Capitão América! E ele não conta com nenhuma ajuda de super soro e escudo de adamantium ou vibtanium. O Capitão R.E.D enfrenta os seus inimigos no muque ou seja, com a sua própria força sem o auxílio de alguma poçãozinha que lhe confira super-poderes.
O personagem é uma criação do escritor, roteirista e publicitário Elenildo Lopes que começou a desenhar quadrinhos ainda na adolescência. A revista que apresentou o Capitão R.E.D para galera foi lançada em 2012 pelo selo independente “Meu Herói”.
Segundo Lopes, a inspiração para a composição do personagem foi o Capitão Nascimento do filme Tropa de Elite e brilhantemente vivido pelo ator Wagner Moura.
O Capitão R.E.D é um super-soldado que combate o crime e a corrupção num Rio de Janeiro futurista onde o crime organizado tomou conta do estado e de outras instituições.
Ellano é um militar modificado e criado para a organização R.E.D – Distrito de Risco e Emergência de onde ele leva o nome. Graças a alta tecnologia dessa organização, ele usa uma unidade-armadura de ataque e defesa, além de um super escudo feitos de um material chamado de D.I.N, uma composição dos materiais mais resistentes que existem no mundo todo. Como não bastasse, ele possui um canhão que leva no braço direito que dispara lasers, mas nada de super-poderes como o soldado queridinho do Tio Sam. Como já disse, o nosso capitão resolve as suas ‘pendengas’ sem nenhum sorinho da força.
Ah! Vale à pena citar uma curiosidade: enquanto o Capitão América transporta o seu escudo preso nas costas, o Capitão R.E.D coloca o seu acoplado no peito.
Enfim, capitão R.E.D. é o cara e que cara!
Pra finalizar o post deixo os links, onde vocês poderão encontrar mais informações sobre essa galera e suas HQs.
01 – Capitão R.E.D: www.capitaored.com.br
02 – Papo Amarelo: www.papo-amarelo.blogspot.com.br
03 – Velta: www.emirribeiro.com.br
10 – Lagarto Negro: http://www.lagartonegro.com.br/



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