O que dizer de uma obra que foi premiada pela Academia
Brasileira de Letras? Éramos Seis da escritora, nascida em Botucatu, Maria José
Dupré, lançada em 1943, é divinamente encantadora e mereceu, com certeza, o
prêmio “Raul Pompéia” entregue pela Academia Brasileira de Letras na categoria
de “Melhor Romance”.
Tive muita sorte em ter encontrado num sebo, o livro
com a capa original – a mesma lançada em 1943. Trata-se da 14ª edição publicada
pela Saraiva em 1960. Considero essa edição uma verdadeira joia rara porque
conta com o prefácio escrito por ninguém mais do que Monteiro Lobato. E posso
dizer com toda sinceridade que é um verdadeiro manjar dos deuses ler o
comentário do criador do emblemático Sitio do Pica Pau Amarelo. Ele opina de
maneira sincera sobre a história escrita por Dupré e também de outros livros
escritos por verdadeiras lendas da nossa literatura como Machado de Assis,
Joaquim Manoel de Macedo, etc. Lobato diz em sua introdução que custou a ler os
originais de Éramos Seis por não acreditar que a obra fosse tão especial, e só
fez isso após muita insistência de um dos editores do livro, considerado um
grande amigo, que praticamente o obrigou a ler o enredo da escritora botucatuense
E vejam só: Lobato gostou tanto do que leu, mas tanto,
que pediu para fazer o prefácio da obra. É mole? Portanto, se discordar da
Academia Brasileira de Letras já era difícil, agora discordar da Academia e
também do icônico escritor de Taubaté ficou praticamente impossível.
Éramos Seis me conquistou, mergulhei de corpo e alma
na emocionante história de Dona Lola e acabei relendo o livro em menos de três
dias. Digo relendo porque já o havia lido na minha adolescência, e nessa época
Dona Lola se tornou uma das minhas heroínas. A sua história ao lado de seu marido Júlio que criaram,
com muito sacrifício, os seus quatro filhos: Carlos, Alfredo, Julinho e Maria
Isabel marcou a minha adolescência e continua mexendo com os meus sentimentos
durante a fase adulta.
Dupré narra a vida de
dona Lola desde a infância das crianças quando ela e Júlio suaram muito para
conseguir recursos com o objetivo de educar os seus filhos. A escritora passa a relatar,
depois, a fase adulta Carlos, Alfredo, Julinho e Maria Isabel e então chegam as pancadas, uma atrás
da outra, mas a nossa heroína aguenta firme os dissabores e ao invés de se
entregar as decepções e aos problemas, ela levanta a cabeça e segue em frente.
Não há como se
emocionar com as perdas que a personagem vai sofrendo ao longo do romance. Como
me apaixonei por essa bondosa mulher que apesar da onda de sofrimentos ao longo
de sua vida, jamais desanimou. Ela sempre procurava manter o seu bom humor que
se refletia na esperança de dias melhores. Como já disse, la foi uma das minhas
heroínas; aliás continua sendo.
Quanto a novela homônima
que está passando na Rede Globo no horário das 18 horas, é muito diferente do
romance de Dupré. Posso dizer que os personagens do livro foram totalmente
modificados na novela, bem como a sua trama original. Por isso usar a desculpa
de que não irá ler o livro porque já está assistindo a novela será uma baita
burrice.
Apesar das novela da
Globo ter caído no agrado tanto da crítica quanto do publico, o livro de Dupre
é muito melhor.
Uma obra literária imperdível.
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