Éramos Seis

02 março 2020

O que dizer de uma obra que foi premiada pela Academia Brasileira de Letras? Éramos Seis da escritora, nascida em Botucatu, Maria José Dupré, lançada em 1943, é divinamente encantadora e mereceu, com certeza, o prêmio “Raul Pompéia” entregue pela Academia Brasileira de Letras na categoria de “Melhor Romance”.
Tive muita sorte em ter encontrado num sebo, o livro com a capa original – a mesma lançada em 1943. Trata-se da 14ª edição publicada pela Saraiva em 1960. Considero essa edição uma verdadeira joia rara porque conta com o prefácio escrito por ninguém mais do que Monteiro Lobato. E posso dizer com toda sinceridade que é um verdadeiro manjar dos deuses ler o comentário do criador do emblemático Sitio do Pica Pau Amarelo. Ele opina de maneira sincera sobre a história escrita por Dupré e também de outros livros escritos por verdadeiras lendas da nossa literatura como Machado de Assis, Joaquim Manoel de Macedo, etc. Lobato diz em sua introdução que custou a ler os originais de Éramos Seis por não acreditar que a obra fosse tão especial, e só fez isso após muita insistência de um dos editores do livro, considerado um grande amigo, que praticamente o obrigou a ler o enredo da escritora botucatuense
E vejam só: Lobato gostou tanto do que leu, mas tanto, que pediu para fazer o prefácio da obra. É mole? Portanto, se discordar da Academia Brasileira de Letras já era difícil, agora discordar da Academia e também do icônico escritor de Taubaté ficou praticamente impossível.
Éramos Seis me conquistou, mergulhei de corpo e alma na emocionante história de Dona Lola e acabei relendo o livro em menos de três dias. Digo relendo porque já o havia lido na minha adolescência, e nessa época Dona Lola se tornou uma das minhas heroínas. A sua história ao lado de seu marido Júlio que criaram, com muito sacrifício, os seus quatro filhos: Carlos, Alfredo, Julinho e Maria Isabel marcou a minha adolescência e continua mexendo com os meus sentimentos durante a fase adulta.
Dupré narra a vida de dona Lola desde a infância das crianças quando ela e Júlio suaram muito para conseguir recursos com o objetivo de educar os seus filhos. A escritora passa a relatar, depois, a fase adulta Carlos, Alfredo, Julinho e Maria Isabel e então chegam as pancadas, uma atrás da outra, mas a nossa heroína aguenta firme os dissabores e ao invés de se entregar as decepções e aos problemas, ela levanta a cabeça e segue em frente.
Não há como se emocionar com as perdas que a personagem vai sofrendo ao longo do romance. Como me apaixonei por essa bondosa mulher que apesar da onda de sofrimentos ao longo de sua vida, jamais desanimou. Ela sempre procurava manter o seu bom humor que se refletia na esperança de dias melhores. Como já disse, la foi uma das minhas heroínas; aliás continua sendo.
Quanto a novela homônima que está passando na Rede Globo no horário das 18 horas, é muito diferente do romance de Dupré. Posso dizer que os personagens do livro foram totalmente modificados na novela, bem como a sua trama original. Por isso usar a desculpa de que não irá ler o livro porque já está assistindo a novela será uma baita burrice.
Apesar das novela da Globo ter caído no agrado tanto da crítica quanto do publico, o livro de Dupre é muito melhor.
Uma obra literária imperdível.

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