Classifico os livros de
romance – sejam eles de ação, terror, suspense, drama, thrillers, ficção
científica ou de amor - em duas categorias: aqueles podem ser relidos várias
vezes e aqueles que ficam apenas na primeira marcha engatada, ou seja, leu,
gostou ou “engoliu” e depois... morreu; sem nenhum risco de cair numa “Depressão
Pós-Livro”, conhecida por nós leitores como DPL.
Os livros que nos
convidam para uma releitura estão num outro patamar, numa outra dimensão. Os
seus personagens são tão carismáticos, sejam eles vilões ou “do bem”, que mais
se parecem com seres humanos normais. Por isso, após termos convivido com esses
personagens e suas aventuras nas páginas de um livro; após algum tempo
começamos a sentir uma baita saudade dessa galera que saiu da mente
privilegiada de algum escritor. Uma saudade tão grande onde não há outra
solução senão ir até a estante, apanhar aquela obra e relê-la.
Os personagens de A Sombra do Vento tem esse dom. Vou mais
além, os personagens de toda a saga O
Cemitério do Livros Esquecidos conseguem fazer com que os leitores os
enxerguem como personagens reais. Agora some-se à esses personagens tão bem
elaborados um enredo fantástico que consegue unir aventura, romance, suspense e
drama; tudo isso regado com um tempero especial de intrigas e reviravoltas
inesperadas. Pois é, esse é o resultado de toda a saga e consequentemente de A Sombra do Vento.
Senti muito a morte do
escritor espanhol Carlos Ruiz Zafon, da mesma forma que senti a partida
definitiva de Michael Crichton porque entendi que a partir dessas duas perdas nunca
mais iriamos ter histórias como O
Cemitério dos Livros Esquecidos e romances de thrillers tecnológico de
qualidade, respectivamente.
Aqueles que acompanham o
“Livros e Opinião” nas redes sociais sabem que estou relendo pela segunda vez
toda a saga de Zafón. A primeira vez, optei por ler os quatro livros
respeitando a sua ordem de publicação – A
Sombra do Vento (2001), O Jogo do
Anjo (2008), O Prisioneiro do Céu
(2011) e O Labirinto dos Espíritos
(2016). Agora, decidi relê-los seguindo a ordem cronológica da história – O Jogo do Anjo, A Sombra do Vento, O
Prisioneiro do Céu e O Labirinto dos
Espíritos – se bem que Zafón explicou em várias entrevistas que os livros
da quadrilogia podem ser lidos em qualquer ordem pois trata-se de “um labirinto
com quatro portas de entrada e um único destino”.
Da mesma forma que amei
reler O Jogo do Anjo (confira aqui)
também amei reler A Sombra do Vento e
O Prisioneiro do Céu mas esse último
é assunto para uma outra postagem.
E em O Jogo do Anjo, os personagens David Martin e Isabella te
conquistam logo nas primeiras páginas; em A
Sombra do Vento, esta empatia se repete com Daniel Sempere, Julián Carax,
Fermín Romero e Bea Aguillar.
A história de A Sombra do Vento começa na Barcelona de
1945. Em resumo - para não estragar o enredo com spoillers, o que seria uma baita
maldade - narra a saga de Daniel Sempere dos seus 11 anos até o início da fase
adulta. No dia de seu aniversário, ao completar 11 anos, ele é levado pelo pai a
um misterioso lugar no coração histórico da cidade, o Cemitério dos Livros
Esquecidos. O lugar, conhecido por poucos na cidade, é uma biblioteca secreta e
labiríntica que funciona como depósito para obras abandonadas pelo mundo, à
espera de que alguém as descubra. É lá que Daniel encontra um exemplar de A Sombra do Vento, de um escritor também
barcelonês chamado Julián Carax.
Daniel fascina-se tanto
pelo livro que decide buscar mais informações sobre o autor. E cada descoberta
feita por Daniel faz com que o leitor fique ainda mais preso na história não
conseguindo largar o livro de maneira alguma. As reviravoltas então... nem se
fale. Cara, amei a história de Julián Carax, amei esse personagem: fiquei
triste e também feliz, enfim torci muito por ele. Da mesma maneira que torci por
Daniel Sempere, já que as suas histórias se cruzam.
Para finalizar, só posso
dizer para aqueles que ainda não leram A
Sombra do Vento que não sabem o que estão perdendo. E para aqueles que
ainda não releram... poxa, porque ainda não?! Já passou da hora de se
reencontrarem com esses personagens tão maravilhosos.
Inté!
2 comentários
Boa noite
ResponderExcluirComo vai?
Quanto ao post acima - Nunca li Zafón.
Já faz um bom tempo que me deparei com as obras dele. e engraçado porque mesmo sem saber nada, comecei a comprar. somente vendo títulos, capas, sinopses, pensei comigo - isso deve ser bom. E fui comprando, sempre que um título ficava em oferta eu aproveitava. E só me falta um - não sei porque o danado nunca baixa de preço - está sempre lá nos 52 reais ou mais ( os outros consegui nas promoções por 32 reais e até menos). E nesse tempo li um pouco sobre a obra e o autor e só achei elogios.
E aí vai me perguntar - POR QUE NÃO LEU AINDA? - Não sei. Mas várias vezes pensei em começar. Até por coincidência quando você escreveu aquele post em que falava de sua vontade de reler, eu estava pensando em começar a ler.
O que sei. Que este ano que começa vou comprar o livro que falta e que vou começar a ler a obra. Talvez lá pelo outono. Não sei o motivo mas os livros de Zafón pra mim tem cara de outono. De quando o Sol não se põe mais tanto a oeste, quando a luminosidade da tardinha fica com um aspecto bem peculiar e lindo, onde os dias são amenos e as noites esfriam um pouco. Acho que lerei no outono por que pra mim os livros do cara tem muito de outono. se estou certo só ao ler descobrirei.
Mas de uma coisa tenho certeza, vou gostar muito dos livros.
Abraço
Feliz Ano Novo!
Amigo Atas, que bom "revê-lo"! E você e os familiares estão bem? Também desejo um feliz ano novo. Tenho certeza que você irá amar a quadrilogia "O Cemitério dos Livros Esquecidos". Zafón escrevia muuuito!! Uma pena, ele ter nos deixado. Tenho vários posts no blog sobre esse tema, inclusive num deles, falo sobre as duas formas de você ler a saga: na ordem cronológica ou de publicação dos livros. Mas garanto que independente da maneira que você leia, o prazer será o mesmo.
ExcluirUm grande abraço meu amigo!