Estou tentando encontrar uma definição para A Garota do Lago, livro de estreia de Charlie Donlea, mas confesso que está difícil. O enredo é ruim? Não. A narrativa flui? Sim. A obra agrada num todo? Não. É galera... tá difícil. Bem, mas vamos lá; vou tentar. Desculpem-me os leitores mais puritanos do blog, mas a melhor definição que encontrei para A Garota do Lago faz uma analogia com o ato sexual. A narrativa pode ser comparada com o momento íntimo de um casal onde as preliminares do sexo transcorrem às mil maravilhas, mas quando chegada a hora da consumação do ato, alguma engrenagem dentro desse contexto acaba falhando – ou por parte do homem, ou por parte da mulher, ou ainda por parte de ambos. O livro de Donlea, à grosso modo, se encaixa perfeitamente nessa conjuntura.
Vejam, a narrativa começa muito bem e à medida que avança, ela se torna cada vez mais fluida ganhando a simpatia do leitor. Isto se deve em grande parte ao carisma dos personagens centrais que foram perfeitamente elaborados. Por sua vez, o plot da história fisga os leitores que ao virar das páginas vão ficando cada vez mais curiosos e, principalmente, impacientes para saber quem matou a estudante de Direito, Becca Eckersley.
O autor joga em nossa cara um monte de opções. Suspeitos não faltam: desde o namorado da jovem ao garoto iludido que acabou levando um fora, passando ainda pela amiga de Becca, ao seu antigo e pegajoso namorado, à um professor, um médico e até pelo pai de Becca. Ah! Ficou faltando ainda a funcionária da principal estalagem da cidade e um senador – patrão do namorado de Becca – que concorria ao cargo de presidente dos Estados Unidos.
Somado a isso, ainda tinham os supostos plot twists do romance tão anunciados e propalados pelos leitores nas redes sociais, incluindo o Skoob. Cara, juro que não aguentei e acabei indo babando devorar a história. Estava amando a fluidez do texto, mesmo sem os tão aclamados plot twists que deveriam aparecer no meio da narrativa. Na realidade, eles simplesmente não existem. Mas ok, o texto ágil de Donlea compensava a falta dessas reviravoltas – aqui vai um adendo, a narrativa tinha algumas surpresas e não reviravoltas, o que é bem diferente – por isso, fiquei no aguardo do grande twist final que... não veio. Pior, fiquei com a impressão de um final apressado, podado, escrito de qualquer maneira. Sei lá, como se autor estivesse com pressa de terminar a história. Fico pensando se o seu editor não telefonou gritando em sua orelha: Ô Chralie termina logo essa história que nós já estamos com prazo esgotado! Acaba logo isso aí!” – Então, no desespero, ele acabou “matando” a sua narrativa.
Não sei se fui claro em minha analogia que citei no início da postagem. Quis dizer que o livro começa bem, continua bem, mas no final da uma grande broxada.
Já nas últimas páginas, antes do final, percebi que o autor não conseguiria dar uma conclusão, pelo menos adequada, aos personagens principais. E o meu desespero, enquanto lia, ia aumentando cada vez mais, porque percebia que a narrativa estava caminhando para um final sem o tão aguardado plot twist, o que acabou se confirmando.
Para dizer a verdade, eu já havia descoberto quem era o assassino de Becca um pouco depois da metade do livro. Fiquei P. da Vida com aquele final chocho. Na minha cabeça, imaginava uma reviravolta envolvendo a jornalista investigativa que cuidava do caso e que havia passado por uma situação quase semelhante a enfrentada por Beca, mas Kelsey Castle também teve um “The End” pra lá de chocho.
Resumidamente, A Garota do Lago aborda um crime brutal cometido na pequena cidade de Summit Lake. Duas semanas atrás, a estudante de direito, Becca Eckersley foi brutalmente assassinada na casa de férias de seus pais. Filha de um poderoso advogado, Becca estava no auge de sua vida. Atraída instintivamente pela notícia, a repórter Kelsey Castle vai até a cidade para investigar o caso.
Enfim, é isso.
Se não fossem as páginas finais chochas, além da ausência de plot twists, A Garota do Lago tinha tudo para ser um livraço, mas...
2 comentários
Olá, Jam.
ResponderExcluirJá li centenas de livros e, tanto quanto me recordo, esse é o único em que o autor "trapaceou" na narrativa. E não me refiro "àquilo" que supostamente acontece com o(a) aquele(a) personagem no meio do livro, mas sim ao seguinte:
ALERTA DE SPOILER:
No início do livro, a chegada do(a) assassino(a) à casa de Becca é bastante breve, ela logo é assassinada. Porém, quando esse trecho é novamente narrado ao final, há uma conversa e um desenvolvimento muito mais longos antes de ocorrer o crime. Foi má-fé do autor fazer isso.
Por isso, o livro me decepcionou muito, e não procurei por outras obras do autor. Talvez, como você sugeriu no post, Donlea tenha concluído o livro às pressas e, dessa forma, acabou matando a narrativa.
P.S.: parabéns pelo novo layout do blog, Jam! Ficou muito bom!
Olá Tex,
ExcluirBem observado, também teve esse detalhe logo no início da narrativa. Verdade; nós, leitores, levamos um drible do autor. De mau gosto, mas levamos (rs)
Bom, novamente, contar com os seus comentários.
Abraços!