Mulheres de médicos

13 junho 2024

Gostei tanto de Médicos em Perigo de Frank G. Slaughter que resolvi ler Mulheres de Médicos do mesmo autor. O livro chegou até mim junto com muitos outros num lote de obras literárias que ganhei de um colega dos tempos de universidade. Lembrando que este lote chegou até as minhas mãos também nos tempos de universidade. 

O Marcos César gostava muito de livros de ficção científica do Ray Bradbury e certo dia, há ‘muuuuitos’ anos, me deu uma caixa com várias obras de ficção, a maioria de Bradbury, mas entre elas haviam alguns livros de Slaughter, entre os quais Mulheres de Médicos, ou seja, um estranho no ninho.

Li alguns do Bradbury, entre os quais F de Foguete e E de Espaço (aliás, estou em dívida com essas duas resenhas) e há algumas semanas, enquanto (adivinhem... limpava as minhas estantes) vi num cantinho onde coloco alguns livros, cujos enredos não me despertam muito o interesse, Mulheres de Médicos. Percebi que o autor era o mesmo que havia escrito Médicos em Perigo e assim, decidi dar uma chance para a história, mas após concluir a leitura cheguei a conclusão que o seu conteúdo não supera e... nem empata com Médicos em Perigo. Não estou querendo dizer que o livro é ruim, nada disso; mas apenas que se trata de uma história razoável, mediana. Daquelas que você engata uma primeira marcha na leitura e segue; podendo até mesmo “puxar” uma segunda, mas nem pensar numa terceira, quarta e muito menos numa quinta marcha. E já que estou fazendo uma analogia com marchas de veículo, posso afirmar que a leitura de Mulheres de Médicos também se encontra numa distância considerável do ponto morto, onde o carro fica parado, apenas com o motor funcionando.

A história não tem plot twists interessantes nem uma história que prende por completo a atenção dos leitores como Médicos em Perigo, mas o seu enredo é fluido e algumas situações conseguem fazer com que os leitores não desviem o foco do enredo.

Comecei a ler o livro pensando se tratar de um suspense, mas depois, enquanto avançava na leitura fui descobrindo que se tratava de um drama com pitadas consideráveis de romance e bem caliente. No enredo, a esposa de um médico muito conceituado que trabalha num tranquilo, mas conceituado hospital, trai o seu marido com outros médicos casados que também trabalham nesse hospital. Para não estragar a história com spoilers, vou dizer apenas que o médico traído descobre a infidelidade de sua mulher e esse escândalo acaba transformando a melancólica e monótona comunidade médica e universitária num verdadeiro caldeirão de inquietações.

Já alerto que a história tem muitas explicações técnicas envolvendo a rotina de um hospital como cirurgias, exames e o dia a dia de médicos e enfermeiros que são descritos em detalhes. Para aqueles leitores que gostam, sem dúvida, será um prato cheio. Por outro lado, o enredo com um grande número de personagens pode deixar a leitura confusa em algumas partes, mas nada que atrapalhe. Talvez, incomode; mas atrapalhar, não.

Para quem não sabe, Frank G. Slaughter é o pseudônimo de C.V. Terry que além de romancista também foi um médico americano. Nem preciso explicar o porquê de seus livros que venderam mais que 60 milhões de cópias, abordem apenas temas ligados à área médica.

Mulheres de Médicos foi publicado originalmente em 1967, mas de lá pra cá ganhou várias reedições através da Record, Nova Cultural e a mais recente lançada pela BestSellers em 1985.

Aqueles que quiserem arriscar a leitura encontrarão o livro por preços módicos nos sebos.

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