10 livros de ficção científica que li e adorei

23 novembro 2019

Gosto muito de ficção científica, tanto nas telonas quanto nas páginas. E quer saber o que dói? É ter a certeza de que o seu autor preferido do gênero jamais irá escrever um livro novamente porque morreu. Pois é, imagine como eu fiquei quando recebi a notícia da morte de Michael Crichton em 2008. Como eu adorava os enredos do cara! Tanto é que cheguei a escrever um post especial, apenas com as suas obras (ver aqui).
Fiquei muito triste em saber que ele jamais voltaria a escrever um novo livro. Foi um baita baque. Depois de sua morte passei a me interessar por outros gêneros literários como por exemplo: terror e suspense. Foi nesses últimos dez anos que aprendi a admirar também Stephen King que, digamos... substituiu essa lacuna deixada por Crichton.
Acredito que foi através dos livros do idealizador de “Jurassic Park” que aprendi a gostar de ficção científica, gênero que continuo lendo, mas menos do que antes.
Ontem, observando a minha estante comecei a ‘viajar’ com os vários livros de sci-fi que adquiri no decorrer da minha vida de leitor inveterado. Histórias fantásticas que me deixaram tenso, curioso, surpreso e emocionado. ‘Entonce’ pintou aquele insight: “Que tal escrever um post sobre os livros de sci-fi que você leu e mais gostou?”. E assim, cá estou eu mandando ver no meu editor de textos cercado de 10 joias raras que li e que, agora, pretendo indica-las para a tchurma que segue esse espaço.
Vamos a elas!
 01 – Presa (Michael Crichton)
Há mais de oito anos eu publiquei no blog a minha segunda postagem. Tinha acabado de ler “Presa” de Michael Crichton e fiquei tão impressionado que tão logo finalizei a leitura já comecei a escrever a resenha. O enredo de Crichton é fantástico. Uma companhia do governo contrata um grupo de renomados cientistas para trabalhar num projeto de nanotecnologia criando micro-robôs invisíveis à olho nu, com objetivos militares e comerciais. Quando essa nuvem de nanopartículas sai do controle de seus criadores, ela deixa um rastro de morte, além de sitiar o laboratório da empresa que está localizado no meio do deserto. 
A partir daí começa a luta para tentar conter os micro-robôs assassinos, que passam a se reproduzir e agir por conta própria.
Apesar de ser considerado um dos livros menos conhecidos e divulgados de Crichton, a sua história é viciante. Amei!
02 – Guerra do Velho (John Scalzi)
O livro de John Scalzi  me provocou uma das maiores ressacas literárias no gênero ficção científica. Livraço! “Guerra do Velho” trata de temas comuns, mas ao mesmo tempo polêmicos que fazem parte do nosso dia a dia, como militarismo, ética, envelhecimento e amor.
No futuro, finalmente a humanidade chegou à era das viagens interestelares. A má notícia é que há poucos planetas habitáveis disponíveis – e muitos alienígenas lutando por eles. Para proteger a Terra e também conquistar novos territórios, os humanos precisarão de tecnologias inovadoras, além de um exército disposto a arriscar tudo. Esse exército, conhecido como Forças Coloniais de Defesa (FCD), não apenas mantém a guerra longe dos terráqueos e colonos, como também evita que eles saibam demais sobre a situação do universo. Mas, para se alistar, é necessário ter mais de 75 anos. John Perry acaba aceitando esse desafio, após a morte de sua esposa, mesmo tendo apenas uma vaga idéia do que pode esperar.
Achei esse personagem fodástico. Prestem atenção também em Jane Sagan. Esta dupla me conquistou; tanto é que não pensei duas vezes na hora de comprar “As Brigadas Fantasma”, sequência de “Guerra do Velho”.
03 – Os Frutos Dourados do Sol (Ray Bradbury)
Dos 22 contos do livro, apenas cinco tem o status de ficção científica, quanto aos demais passeiam pelos gêneros policiais, suspense, terror e algumas banalidades. Êpa, pêra aí!? Eu disse banalidades? Sim, banalidades. Mas com um porém, esses tais fatos banais vistos pela ótica de Bradbury se transformam em verdadeiras obras primas.
Comprei “Os Frutos Dourados do Sol” por causa de um único conto: “Um Som do Trovão”. Apesar de saber que poderia encontrar essa história facilmente na internet, queria tê-la à moda antiga, ou seja, impressa para que eu pudesse manuseá-la e depois guardá-la em minha estante. Quando descobri que “Um Som de Trovão” fazia parte da coletânea de “Os Frutos Dourados do Sol” não pestanejei e comprei o livro imediatamente.
A medida que fui lendo os contos, percebi que grande parte deles não tinha nada a ver com ficção científica, mas ao invés de ficar frustrado, acabei engolido por aqueles fatos fictícios transformados em histórias e que poderiam, perfeitamente, acontecr comigo ao invés dos personagens da história.
04 – O Homem Invisível (H.G. Wells)
Nesta obra, H.G. Wells consegue convencer o leitor – até mesmo o mais cético - que é possível descobrir a fórmula da invisibilidade. Um ponto positivo do livro que despertou a minha atenção foi a plausibilidade. O autor apresenta teorias baseadas em princípios científicos que faz com que o leitor acredite ser possível ficar invisível.
Outro ponto positivo é alertar a comunidade científica dos perigos de tratar a ciência sem nenhuma responsabilidade. Um aviso que cabe bem nos dias atuais, onde vemos cientistas e pesquisadores brincando de “bancar” Deus, preocupados apenas em romper os limites imaginários da ciência, sem dar atenção as conseqüências de suas descobertas. O que importa para o personagem principal da obra de Wells é ser o primeiro a romper determinado paradigma científico, mesmo desconhecendo se terá o controle do resultado final de sua criação.
O Homem Invisível” é considerado um verdadeiro clássico da ficção científica.
05 – O Parque dos Dinossauros (Michael Crichton)
O livro é fantástico, e para não fugir da rotina, muito superior ao filme.
Diferente da produção cinematográfica de Steven Spielberg, filmada dois anos após o lançamento da obra escrita, em 1993, a obra literária é muito mais completa. Crichton recheia o seu texto com detalhes técnicos que foram inteiramente banidos do filme. Desde o processo de criação dos dinossauros por meio de manipulação genética até informações sobre as características dos animais pré-históricos.
O autor lembra também do perigo de se tentar adaptar ao ecossistema atual, animais que viveram há milênios num habitat completamente adverso do nosso. Ele faz um alerta para os perigos da manipulação genética desenvolvida de maneira irresponsável, pensando apenas em lucros fáceis.
Você deve pensar que um livro com tantos detalhes técnicos e científicos acabe se tornando uma leitura enfadonha e sem atrativos. Mero engano. “O Parque dos Dinossauros” tem muita ação e suspense, e em doses cavalares. Aliás, Crichton é mestre nesse tipo de enredo, ou seja, ele é capaz de “lotar” seus textos de informações científicas sem torná-lo cansativo.
06 – Tropas Estelares (Robert A. Heinlein)
Um livro fantástico e bem distinto do filme de Paul Verhoeven, no qual foi baseado e lançado nos cinemas brasileiros em 1998. A produção cinematográfica é uma porcaria e das bravas. Mudaram toda a estrutura do romance e transformaram o filme num verdadeiro escândalo para os fãs do livro.
Em “Tropas Estelares”, Heinlein mostra aos seus leitores o planeta Terra, em um futuro não muito distante, vivendo sob uma federação interplanetária, onde só exerce o direito de voto quem serve as Forças Armadas. A história mostra o treinamento e preparação de jovens soldados até que estoura a guerra contra os temíveis ‘Insetóides’, poderosos alienígenas aracnídeos que podem destruir o sonho terrestre de expansão no universo.
Apesar de ter sido publicado em 1959, o livro não perdeu a sua atualidade por causa dos temas polêmicos abordados em suas páginas. O treinamento militar dos personagens é mostrado com um realismo incrível. Por outro lado, quem opta por não integrar as Forças Armadas é visto – meio que disfarçadamente, mas é – como integrante de uma casta social desprovida de todo o interesse, digamos que limitada.
Alguns consideram a obra facista; outros, militarista, já os mais fanáticos chegaram a taxá-la de racista e por aí vai. 
Deixando as polêmicas de lado, eu gostei muito do livro.
07 – O Planeta dos Macacos (Pierre Boulle)
O Planeta dos Macacos” merece ser lido e relido de ‘cabo a rabo’ e de uma forma muito especial; de preferência num lugar tranqüilo sem que ninguém o incomode. Dessa forma, você irá sugar toda a essência saborosa do enredo, incluindo o seu dilacerante final. Aliás, estou impactado, até agora, com o “The End”.
Boulle conta a saga do professor Antelle, do físico Levain e do jornalista Ulysse Mérou que deixam deixar a Terra numa missão espacial considerada pioneira. Eles embarcam numa espaçonave cósmica, em direção ao sol vermelho Betelgeuse, na constelação de Órion. O destino encontra-se a 300 anos-luz e até atingi-lo passam-se, em nosso planeta, cerca de três séculos e meio, enquanto os viajantes, devido a dilatação do tempo, tem a sensação de passarem apenas dois anos. Finalmente, eles se surpreendem ao aterrissar em um planeta com cidades, casas, florestas, enfim, um planeta igual a Terra, mas habitado por macacos que tratam os humanos como animais de estimação.
Como disse acima, o final do romance é um verdadeiro choque, à exemplo do que foi o filme de Charlton Heston nos anos 70.
08 – Vende-se Este Futuro (Bruno Miquelino)
Beatriz Prata, a personagem criada pelo escritor paulista Bruno Miquelino já entrou para o rol das minhas personagens femininas fodásticas da literatura. Amei Beatriz e amei o livro. Lí em poucos dias; aliás, devorei.
Esta garota fantástica é a personagem principal do romance de ficção científica chamado “Vende-se este Futuro”, livro de estréia do autor, publicado pela editora Novo Século.
Beatriz é uma espécie de agente de viagens temporais. Explicando melhor: ela trabalha para uma agencia que promove viagens no tempo chamada Déja Vu que surgiu 2097 em São Paulo, numa época em que esse tipo de viagem era comum. A principal função da Déja Vu é transportar pessoas do passado para o futuro, para que elas adquiram outra identidade, longe dos holofotes, da polícia, de seus problemas, enfim, do que for. No futuro que elas escolhem, então lhes é concedida uma nova identidade e consequentemente uma nova vida.
No livro a protagonista só precisa levar o grande Charles Chaplin para o futuro, mas inúmeras coisas dão errado e ela se vê presa no início do século XX, sem ter como voltar para os tempos modernos.
09 – O Concorrente (Stephen King)
“O Concorrente” é um livro dinâmico e marcante. Uma estreia com chave de ouro de Stephen King na ficção científica, muito o diferente do gênero ao qual está acostumado: o terror.
Se o livro vale a pena ser lido e relido, o filme “ O Sobrevivente” (1987), com Arnold Schwarzenegger, merece ser esquecido. Diretor e roteirista transformaram a adaptação para as telas de “O Concorrente” num medíocre filme de ação, mais parecido com um Rambo meia boca, deixando a ficção científica num terceiro ou quarto plano. Todo aquele clima bizarro e doentio explorado por King/Bachmnan no livro foi esquecido.
Melhor ficar com as páginas. Utilizando-se de uma narrativa extremamente vigorosa e realista, King transporta o leitor para um mundo futurista, em 2025, dominado pelos meios de comunicação onde a televisão é a grande vedete. Ela invade os lares americanos saciando o desejo de sangue dos telespectadores através de uma rede de TV especialista em promover jogos onde o vencedor ganha como prêmio a vida e o perdedor, a morte. A impressão que temos, ao ler o livro, é que estamos retrocedendo à Roma dos gladiadores, mas à uma Roma do futuro.
Vale a pena lembrar que King escreveu esse livro com o seu famoso pseudônimo Richard Bachman.
10 – Viagem Fantástica (Isaac Asimov)
À princípio, pensei que o livro “Viagem Fantástica" havia servido de referência para a criação do megassucesso cinematográfico homônimo de 1966. Mero engano! Foi ao contrário! O roteiro do diretor Richard Fletcher, onde cinco cientistas são reduzidos a um tamanho microscópico para serem injetados na corrente sanguínea de paciente idoso com o objetivo de eliminar um coagulo em seu cérebro, foi que serviu como base para que Isaac Asimov fizesse a novelização do filme. E mesmo sabendo que livro baseado em filme é uma grande fria, resolvi arriscar a leitura. E posso garantir que gostei. Não sei se pelo fato de fazer muito tempo que já havia assistido ao filme  - e por isso mesmo, não me lembrava de cenas importantes - a obra de Asimov me fez viajar novamente.
Só por curiosidade, depois de ler o livro decidi assistir ao filme para fazer uma comparação. Conclusão: filme e livro são iguais; sem tirar e nem acrescentar nada. Com certeza, se tivesse lido as páginas de Asimov logo depois de ter assistido ao filme de Fletcher, a decepção seria grande porque “um é carbono do outro”, mas como demorei tanto tempo para adquirir o livro, apreciei demais a leitura.
Dessa maneira, recomendo o livro “Viagem Fantástica”, de Asimov, para aquelas pessoas que não assistiram ao filme ou então, que o assistiram há muito tempo e por isso, não se recordam direito da história.
Taí! Espero ter colaborado com os amantes da ficção científica, principalmente os leitores.

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