Gosto muito de ficção científica, tanto nas telonas
quanto nas páginas. E quer saber o que dói? É ter a certeza de que o seu autor
preferido do gênero jamais irá escrever um livro novamente porque morreu. Pois
é, imagine como eu fiquei quando recebi a notícia da morte de Michael Crichton
em 2008. Como eu adorava os enredos do cara! Tanto é que cheguei a escrever um
post especial, apenas com as suas obras (ver aqui).
Fiquei muito triste em saber que ele jamais voltaria
a escrever um novo livro. Foi um baita baque. Depois de sua morte passei a me
interessar por outros gêneros literários como por exemplo: terror e suspense.
Foi nesses últimos dez anos que aprendi a admirar também Stephen King que,
digamos... substituiu essa lacuna deixada por Crichton.
Acredito que foi através dos livros do idealizador
de “Jurassic Park” que aprendi a gostar de ficção científica, gênero que
continuo lendo, mas menos do que antes.
Ontem, observando a minha estante comecei a ‘viajar’
com os vários livros de sci-fi que adquiri no decorrer da minha vida de leitor
inveterado. Histórias fantásticas que me deixaram tenso, curioso, surpreso e
emocionado. ‘Entonce’ pintou aquele insight: “Que tal escrever um post sobre os
livros de sci-fi que você leu e mais gostou?”. E assim, cá estou eu mandando
ver no meu editor de textos cercado de 10 joias raras que li e que, agora,
pretendo indica-las para a tchurma que segue esse espaço.
Vamos a elas!
01 – Presa (Michael Crichton)
Há mais de oito anos eu publiquei no blog a minha
segunda postagem. Tinha acabado de ler “Presa” de Michael Crichton e fiquei tão
impressionado que tão logo finalizei a leitura já comecei a escrever a resenha.
O enredo de Crichton é fantástico. Uma companhia do governo contrata um grupo
de renomados cientistas para trabalhar num projeto de nanotecnologia criando
micro-robôs invisíveis à olho nu, com objetivos militares e comerciais. Quando
essa nuvem de nanopartículas sai do controle de seus criadores, ela deixa um
rastro de morte, além de sitiar o laboratório da empresa que está localizado no
meio do deserto.
A partir daí começa a luta para tentar conter os
micro-robôs assassinos, que passam a se reproduzir e agir por conta própria.
Apesar de ser considerado um dos livros menos
conhecidos e divulgados de Crichton, a sua história é viciante. Amei!
02
– Guerra do Velho (John Scalzi)
O livro de John Scalzi me provocou uma das maiores ressacas
literárias no gênero ficção científica. Livraço! “Guerra do Velho” trata
de temas comuns, mas ao mesmo tempo polêmicos que fazem parte do nosso dia a
dia, como militarismo, ética, envelhecimento e amor.
No futuro, finalmente a humanidade chegou à era das
viagens interestelares. A má notícia é que há poucos planetas habitáveis
disponíveis – e muitos alienígenas lutando por eles. Para proteger a Terra e
também conquistar novos territórios, os humanos precisarão de tecnologias
inovadoras, além de um exército disposto a arriscar tudo. Esse exército,
conhecido como Forças Coloniais de Defesa (FCD), não apenas mantém a guerra
longe dos terráqueos e colonos, como também evita que eles saibam demais sobre
a situação do universo. Mas, para se alistar, é necessário ter mais de 75 anos.
John Perry acaba aceitando esse desafio, após a morte de sua esposa, mesmo
tendo apenas uma vaga idéia do que pode esperar.
Achei esse personagem fodástico. Prestem atenção
também em Jane Sagan. Esta dupla me conquistou; tanto é que não pensei duas
vezes na hora de comprar “As Brigadas Fantasma”, sequência de “Guerra do Velho”.
03
– Os Frutos Dourados do Sol (Ray Bradbury)
Dos 22 contos do livro, apenas cinco tem o status de
ficção científica, quanto aos demais passeiam pelos gêneros policiais,
suspense, terror e algumas banalidades. Êpa, pêra aí!? Eu disse banalidades?
Sim, banalidades. Mas com um porém, esses tais fatos banais vistos pela ótica
de Bradbury se transformam em verdadeiras obras primas.
Comprei “Os Frutos Dourados do Sol” por causa de um
único conto: “Um Som do Trovão”. Apesar de saber que poderia encontrar essa
história facilmente na internet, queria tê-la à moda antiga, ou seja, impressa
para que eu pudesse manuseá-la e depois guardá-la em minha estante. Quando
descobri que “Um Som de Trovão” fazia parte da coletânea de “Os Frutos Dourados
do Sol” não pestanejei e comprei o livro imediatamente.
A medida que fui lendo os contos, percebi que grande
parte deles não tinha nada a ver com ficção científica, mas ao invés de ficar
frustrado, acabei engolido por aqueles fatos fictícios transformados em
histórias e que poderiam, perfeitamente, acontecr comigo ao invés dos
personagens da história.
04
– O Homem Invisível (H.G. Wells)
Nesta obra, H.G. Wells consegue convencer o leitor –
até mesmo o mais cético - que é possível descobrir a fórmula da invisibilidade.
Um ponto positivo do livro que despertou a minha atenção foi a plausibilidade.
O autor apresenta teorias baseadas em princípios científicos que faz com que o
leitor acredite ser possível ficar invisível.
Outro ponto positivo é alertar a comunidade
científica dos perigos de tratar a ciência sem nenhuma responsabilidade. Um
aviso que cabe bem nos dias atuais, onde vemos cientistas e pesquisadores
brincando de “bancar” Deus, preocupados apenas em romper os limites imaginários
da ciência, sem dar atenção as conseqüências de suas descobertas. O que importa
para o personagem principal da obra de Wells é ser o primeiro a romper
determinado paradigma científico, mesmo desconhecendo se terá o controle do
resultado final de sua criação.
“O Homem Invisível” é considerado um verdadeiro
clássico da ficção científica.
05
– O Parque dos Dinossauros (Michael Crichton)
O livro é fantástico, e para não fugir da rotina,
muito superior ao filme.
Diferente da produção cinematográfica de Steven
Spielberg, filmada dois anos após o lançamento da obra escrita, em 1993, a obra
literária é muito mais completa. Crichton recheia o seu texto com detalhes
técnicos que foram inteiramente banidos do filme. Desde o processo de criação
dos dinossauros por meio de manipulação genética até informações sobre as
características dos animais pré-históricos.
O autor lembra também do perigo de se tentar adaptar
ao ecossistema atual, animais que viveram há milênios num habitat
completamente adverso do nosso. Ele faz um alerta para os perigos da
manipulação genética desenvolvida de maneira irresponsável, pensando apenas em
lucros fáceis.
Você deve pensar que um livro com tantos detalhes
técnicos e científicos acabe se tornando uma leitura enfadonha e sem atrativos.
Mero engano. “O Parque dos Dinossauros” tem muita ação e suspense, e em doses
cavalares. Aliás, Crichton é mestre nesse tipo de enredo, ou seja, ele é capaz
de “lotar” seus textos de informações científicas sem torná-lo cansativo.
06
– Tropas Estelares (Robert A. Heinlein)
Um livro fantástico e bem distinto do filme de Paul
Verhoeven, no qual foi baseado e lançado nos cinemas brasileiros em 1998. A
produção cinematográfica é uma porcaria e das bravas. Mudaram toda a estrutura
do romance e transformaram o filme num verdadeiro escândalo para os fãs do
livro.
Em “Tropas Estelares”, Heinlein mostra aos seus
leitores o planeta Terra, em um futuro não muito distante, vivendo sob uma
federação interplanetária, onde só exerce o direito de voto quem serve as
Forças Armadas. A história mostra o treinamento e preparação de jovens soldados
até que estoura a guerra contra os temíveis ‘Insetóides’, poderosos alienígenas
aracnídeos que podem destruir o sonho terrestre de expansão no universo.
Apesar de ter sido publicado em 1959, o livro não
perdeu a sua atualidade por causa dos temas polêmicos abordados em suas páginas.
O treinamento militar dos personagens é mostrado com um realismo incrível. Por
outro lado, quem opta por não integrar as Forças Armadas é visto – meio que
disfarçadamente, mas é – como integrante de uma casta social desprovida de todo
o interesse, digamos que limitada.
Alguns consideram a obra facista; outros,
militarista, já os mais fanáticos chegaram a taxá-la de racista e por aí
vai.
Deixando as polêmicas de lado, eu gostei muito do
livro.
07
– O Planeta dos Macacos (Pierre Boulle)
“O Planeta dos Macacos” merece ser lido e relido de
‘cabo a rabo’ e de uma forma muito especial; de preferência num lugar tranqüilo
sem que ninguém o incomode. Dessa forma, você irá sugar toda a essência
saborosa do enredo, incluindo o seu dilacerante final. Aliás, estou impactado,
até agora, com o “The End”.
Boulle conta a saga do professor Antelle, do físico
Levain e do jornalista Ulysse Mérou que deixam deixar a Terra numa missão
espacial considerada pioneira. Eles embarcam numa espaçonave cósmica, em
direção ao sol vermelho Betelgeuse, na constelação de Órion. O destino
encontra-se a 300 anos-luz e até atingi-lo passam-se, em nosso planeta, cerca
de três séculos e meio, enquanto os viajantes, devido a dilatação do tempo, tem
a sensação de passarem apenas dois anos. Finalmente, eles se surpreendem ao
aterrissar em um planeta com cidades, casas, florestas, enfim, um planeta igual
a Terra, mas habitado por macacos que tratam os humanos como animais de
estimação.
Como disse acima, o final do romance é um verdadeiro
choque, à exemplo do que foi o filme de Charlton Heston nos anos 70.
08
– Vende-se Este Futuro (Bruno Miquelino)
Beatriz Prata, a personagem criada pelo escritor
paulista Bruno Miquelino já entrou para o rol das minhas personagens femininas
fodásticas da literatura. Amei Beatriz e amei o livro. Lí em poucos dias;
aliás, devorei.
Esta garota fantástica é a personagem principal do
romance de ficção científica chamado “Vende-se este Futuro”, livro de estréia do
autor, publicado pela editora Novo Século.
Beatriz é uma espécie de agente de viagens
temporais. Explicando melhor: ela trabalha para uma agencia que promove viagens
no tempo chamada Déja Vu que surgiu 2097 em São Paulo, numa época em que esse
tipo de viagem era comum. A principal função da Déja Vu é transportar pessoas
do passado para o futuro, para que elas adquiram outra identidade,
longe dos holofotes, da polícia, de seus problemas, enfim, do que for. No
futuro que elas escolhem, então lhes é concedida uma nova identidade e
consequentemente uma nova vida.
No livro a protagonista só precisa levar o grande
Charles Chaplin para o futuro, mas inúmeras coisas dão errado e ela se vê presa
no início do século XX, sem ter como voltar para os tempos modernos.
09
– O Concorrente (Stephen King)
“O Concorrente” é um livro dinâmico e marcante. Uma
estreia com chave de ouro de Stephen King na ficção científica, muito o
diferente do gênero ao qual está acostumado: o terror.
Se o livro vale a pena ser lido e relido, o filme “
O Sobrevivente” (1987), com Arnold Schwarzenegger,
merece ser esquecido. Diretor e roteirista transformaram a adaptação para as
telas de “O Concorrente” num medíocre filme de ação, mais parecido com um Rambo
meia boca, deixando a ficção científica num terceiro ou quarto plano. Todo
aquele clima bizarro e doentio explorado por King/Bachmnan no livro foi
esquecido.
Melhor ficar com as páginas. Utilizando-se de uma
narrativa extremamente vigorosa e realista, King transporta o leitor para um
mundo futurista, em 2025, dominado pelos meios de comunicação onde a televisão
é a grande vedete. Ela invade os lares americanos saciando o desejo de sangue
dos telespectadores através de uma rede de TV especialista em promover jogos
onde o vencedor ganha como prêmio a vida e o perdedor, a morte. A impressão que
temos, ao ler o livro, é que estamos retrocedendo à Roma dos gladiadores, mas à
uma Roma do futuro.
Vale a pena lembrar que King escreveu esse livro com
o seu famoso pseudônimo Richard Bachman.
10
– Viagem Fantástica (Isaac Asimov)
À princípio, pensei que o livro “Viagem Fantástica" havia servido de referência para a criação do megassucesso cinematográfico homônimo
de 1966. Mero engano! Foi ao contrário! O roteiro do diretor Richard Fletcher,
onde cinco cientistas são reduzidos a um tamanho microscópico para serem
injetados na corrente sanguínea de paciente idoso com o objetivo de eliminar um
coagulo em seu cérebro, foi que serviu como base para que Isaac Asimov fizesse
a novelização do filme. E mesmo sabendo que livro baseado em filme é uma grande
fria, resolvi arriscar a leitura. E posso garantir que gostei. Não sei se pelo
fato de fazer muito tempo que já havia assistido ao filme - e por isso mesmo, não me lembrava de cenas
importantes - a obra de Asimov me fez viajar novamente.
Só por curiosidade, depois de ler o livro decidi
assistir ao filme para fazer uma comparação. Conclusão: filme e livro são
iguais; sem tirar e nem acrescentar nada. Com certeza, se tivesse lido as
páginas de Asimov logo depois de ter assistido ao filme de Fletcher, a decepção
seria grande porque “um é carbono do outro”, mas como demorei tanto tempo para
adquirir o livro, apreciei demais a leitura.
Dessa maneira, recomendo o livro “Viagem
Fantástica”, de Asimov, para aquelas pessoas que não assistiram ao filme ou
então, que o assistiram há muito tempo e por isso, não se recordam direito da
história.
Taí! Espero ter colaborado com os amantes da ficção
científica, principalmente os leitores.
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