Júlio Verne e Monteiro Lobato fizeram parte da
minha infância. Quando ainda era criança, passava horas e mais horas na
biblioteca municipal da minha cidade escolhendo livros desses dois autores.
Agradeço aos meus pais e também as minhas professoras do ensino primário por
terem criado em mim o hábito pela leitura: meus pais comprando coleções de
livros infantis - alguns anos depois, as famosas enciclopédias - e as minhas
professoras, em especial dona Conceição e dona Cecília, que chegaram até me
presentear com algumas histórias adequadas a minha idade.
Os enredos criados por Júlio Verne marcaram tanto a
minha vida que apesar de décadas passadas, ainda hoje me recordo de detalhes
importantes de alguns livros. Talvez, a história que mais tenha marcado foi “A
Volta ao Mundo em 80 Dias” que li na minha infância. Gostei tanto que anos
depois acabei relendo e relendo novamente. Há aproximadamente cinco meses,
antes da cirurgia pela qual passei (ver aqui, aqui e aqui), me bateu uma vontade enorme de novamente
reler a saga de Mr. Phileas Fogg e seu criado francês que após uma aposta feita
com um grupo de amigos na década de 1800, decidem dar a volta ao mundo em 80
dias.
O livro é leve, divertido e educativo. Além dos
leitores se deliciarem com as aventuras de Fogg e seu criado, ainda ganham a
oportunidade de conhecer a história, a religião e a cultura dos lugares por onde
os dois aventureiros passam em sua viagem incrível que se desenrola na Europa, Índia, Ásia e
América.
Na minha opinião, os enredos escritos por Verne tem o
dom de agradar todas as faixas etárias: de crianças a adultos. É, evidente, que
cada uma dessas faixas etárias veem as histórias de formas diferentes, mas de
uma maneira ou de outra, elas impactam positivamente todas elas.
Reli, recentemente, “A Volta ao Mundo em 80 Dias” em
pouco tempo, acho que em apenas dois dias. Adorei. Me diverti muito e estava
precisando disso, já que a preocupação com a minha cirurgia que aconteceu no mês
de julho passado vinha me estressando muito (veja aqui). O livro de Verne ajudou demais a
diminuir esse estresse. Mergulhei naquela aventura louca e me esquecida de
tudo.
“A Volta ao Mundo em 80 Dias” conta a história de Phileas
Fogg, um senhor inglês, um tanto quanto solitário e sereno, que mora em Londres e
tem uma rotina inalterável: acorda sempre no mesmo horário, faz a barba, toma
café da manhã e parte para o Reform Club, onde passa o restante do
dia. À noite, reúne-se com os colegas para o tradicional jogo de cartas e para
comentar os assuntos do dia. À meia-noite, pontualmente, volta para casa.
Num desses encontros, acaba surgindo o assunto de um roubo
acontecido no Banco da Inglaterra, dias atrás. O ladrão havia levado 55 mil
libras da casa bancária e fugira sem deixar traços. Sentados à mesa, os
jogadores especulam a respeito do paradeiro do ladrão. Fogg, até então quieto,
comenta que o referido ladrão poderia estar em qualquer lugar, afinal, por
causa dos avanços tecnológicos da época, qualquer um seria capaz de dar uma
volta ao mundo em apenas 80 dias. Seus colegas dizem que tal façanha seria
impossível e que ele não estava levando em conta os imprevistos que a
empreitada traria consigo. Fogg permanece firme e, impassível, diz que ele
mesmo o faria. Travam então uma aposta de 20.000,00 libras e Fogg decide partir
imediatamente. Para vencer a aposta, ele teria que estar de volta em 21 de
dezembro de 1872. Então, ele e seu criado francês, Jean Passepartout, partem nesta
aventura, tresloucada para aquela época.
Em vários lugares onde param, os destemidos viajantes são obrigados a enfrentarem várias
dificuldades, algumas delas bem arriscadas, colocando em perigo as suas vidas.
O trecho em que um bando de índios ataca o trem onde Fogg e Passepartout se
encontram é impagável. Pura adrenalina, parece até que você está assistindo a
cena de um filme.
“A Volta ao Mundo em 80 Dias” fez tanto sucesso que
acabou inspirando vários filmes ao longo dos anos, sendo o de 1956, o mais
famoso de todos eles. Esta produção cinematográfica que contou com Davide Niven
e Cantinflas nos papéis principais ganhou cinco prêmios Oscar: melhor filme,
roteiro adaptado, montagem, fotografia e trilha sonora.
Uma leitura incrível, e não é para menos, já que “A
Volta ao Mundo em 80 Dias” é considerada uma das maiores obras da literatura
mundial.
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