O Planeta dos Macacos

28 maio 2015
Edição recente lançada pela editora Aleph
Quando assisti “O Planeta dos Macacos” (1968), aquele tremendo filmaço com Charlton Heston, juro que fiquei completamente atordoado com o final. Acho que vi o filme nos meados dos anos 70 quando me preparava para começar a curtir a minha adolescência. E apesar de já ter passado tantas décadas, até hoje aquele desfecho perturbador não sai da minha cabeça.
Por isso quando comecei a ler o livro de Pierre Boulle, que serviu de inspiração ao filme, fiquei meio ‘cabreiro’, ainda mais depois que li algumas críticas sobre a obra que apontavam o seu final, também, como algo inimaginável.
Pensei comigo: - “Caraca, será que é tudo isso o que estão falando”? Galera, posso garantir que é... e como é! Só o final já vale o livro inteiro. Capiche?
Mas falando escrevendo dessa maneira, a impressão que fica é que “O Planeta dos Macacos” se resume somente ao seu final e na realidade não é bem assim. O livro é ótimo e não seria nenhuma heresia afirmar que é muito superior ao filme com Roddy McDowal, Kim Hunter e o próprio Heston. A obra de Boulle é bem mais profunda e questionadora. Nela, diferentemente do filme, ficamos sabendo como os macacos conseguiram subjugar a raça humana, ou seja, como essa inversão de valores começou. O autor dá, inclusive, exemplos práticos dessa dominação num relato chocante de como tudo começou e... terminou. Boulle também aprofunda o relacionamento entre os seus personagens, principalmente o humano Ulysse e os símios Cornelius e Zira. Os diálogos envolvendo os três são impagáveis.
Outro detalhe que percebi foi o tom visceral do livro que faz todos os filmes da franquia parecerem verdadeiros contos de fadas, principalmente nos trechos onde Boulle descreve cruamente as experiências que os macacos realizam nos cérebros dos humanos. Algumas delas chegam a ser surreais devido ao grau de violência que chegam a impressionar o leitor.
Edição de 2008. Aquela que suei para localizar
Por todas essas nuances, “O Planeta dos Macacos” merece ser lido de ‘cabo a rabo’ de uma forma muito especial; de preferência num lugar tranqüilo sem que ninguém o incomode. Dessa forma, você irá sugar toda a essência saborosa do enredo, incluindo o seu dilacerante final.
Bem, pincelando um pouco sobre o enredo da obra para aqueles que ainda não leram ou então não assistiram ao filme de 1968: No ano de 2500, o professor Antelle, o físico Levain e o jornalista Ulysse Mérou resolvem deixar a Terra. Eles embarcam numa espaçonave cósmica, em direção ao sol vermelho Betelgeuse, na constelação de Órion. O destino encontra-se a 300 anos-luz e até atingi-lo passam-se, em nosso planeta, cerca de três séculos e meio, enquanto os viajantes, devido a dilatação do tempo, tem a sensação de passarem apenas dois anos. Finalmente, eles se surpreendem ao aterrissar em um planeta com cidades, casas, florestas, enfim, um planeta igual a Terra. Quer dizer, quase. Existe uma diferença: neste planeta, os macacos reinam e os homens vivem em estado selvagem, quando não estão enjaulados  e escravizados.
Tenso né?
É isso aí pessoal, podem ler sem medo de se decepcionar! Até há pouco tempo, o livro fazia parte do rol de obras esgotadas, mas agora numa atitude louvável da editora Aleph, ele voltou com tudo às livrarias e pode ser encontrado facilmente. Pena que não tive a mesma sorte há alguns anos quando pelejei para localizar um exemplar escondido e, diga-se de passagem, muito bem escondido num dos sebos da vida.
Inté!


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